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O Serviço Social no Capitalismo

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Prévia do material em texto

2015
O ServiçO SOcial nO 
capitaliSmO
Profª. Silvana Braz Wegrzynovski
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Profª. Silvana Braz Wegrzynovski
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
361.3 
W474s Wengrzynovski, Silvana Braz 
 O serviço social no capitalismo / Silvana Braz 
Wengrzynovski. Indaial : UNIASSELVI, 2015.
 
 267 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-871-1
 
 1. Serviço Social. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
apreSentaçãO
Caro acadêmico, a disciplina que se inicia agora aborda uma das 
questões mais controversas da profissão de Serviço Social: o capitalismo. 
Esse tema se torna assunto de profunda importância para o estudo da teoria 
e prática da formação do assistente social, e também na sua atuação como 
profissional, no contexto social, econômico, político e cultural em que está 
inserido.
Iniciaremos nossos estudos abrangendo a questão da expansão e 
crise do capitalismo e na configuração da modernidade e pós-modernidade, 
através do resgate histórico sobre as crises do capitalismo e a sua influência 
para o Serviço Social, bem como dos desafios que o profissional encontra 
diante deste sistema econômico.
Conforme o que mostra a história da nossa profissão, a mesma passou 
por momentos de reestruturação teórica, metodológica e prática. Diante disso, 
se faz necessário entender as transformações da sociedade no capitalismo 
contemporâneo, através da discussão sobre o que é o projeto societário do 
capital, de que forma tal projeto influencia nas políticas públicas e quais 
seriam as demandas dessas transformações na ordem mundial.
Ainda no que se refere às transformações societárias, se faz necessário 
estudar o Serviço Social na divisão técnica do trabalho, sendo esse um tema 
relacionado às transformações do mundo do trabalho. E, por último, serão 
apresentadas nesta unidade as organizações das categorias acadêmicas e 
profissionais e como se fazem presentes no sistema capitalista.
O presente caderno apresentará como o Serviço Social se organiza e 
atua no século XXI, buscando refletir sobre as transformações no mundo do 
trabalho, como de fato essas novas configurações do trabalho influenciaram 
no saber fazer da profissão.
Além de entendermos as transformações no mundo do trabalho, e 
como o Serviço Social se apresenta nas novas formas de enfrentamento da 
questão social, através do Estado e sociedade civil, será possibilitada ao 
acadêmico uma reflexão sobre qual é o papel do Estado, nessa fase atual de 
desenvolvimento capitalista.
 
E, por fim, serão estudados o Serviço Social e as políticas públicas 
contemporâneas, possibilitando o acesso a conhecimentos e críticas sobre a 
agenda das políticas sociais atuais no que diz respeito ao plano federal. 
IV
Esperamos que, com os conteúdos abordados nessa disciplina, sejam 
proporcionados a você, caro acadêmico, elementos para melhor conhecer o 
seu espaço de atuação como futuro profissional de Serviço Social, podendo 
identificar os seus interlocutores e os desafios propostos.
Comecemos, então, o nosso estudo.
 
Profa. Silvana Braz Wegrzynovski
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
V
VI
VII
SumáriO
UNIDADE 1 – A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO 
 DA PÓS-MODERNIDADE ....................................................................................... 1
TÓPICO 1 – AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MODELO CAPITALISTA ............... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 ENTENDENDO AS CRISES DO CAPITALISMO ........................................................................ 3
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 20
TÓPICO 2 – OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE À CRISE DO 
 CAPITALISMO ............................................................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 21
2 A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DIANTE DOS DESAFIOS E 
PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS ........................................................................................... 22
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 31
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 34
TÓPICO 3 – A CIÊNCIA MODERNA, A CRISE DOS PARADIGMAS E SUA RELAÇÃO 
 COM O SERVIÇO SOCIAL ........................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 35
2 AS EXPRESSÕES IDEOCULTURAIS DA CRISE DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEA 
 E SUA INFLUÊNCIA TEÓRICA-PRÁTICA PARA O SERVIÇO SOCIAL .............................. 36
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 49
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 51
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 52
TÓPICO 4 – OS DESAFIOS DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL 
 FRENTE AO PROJETODA MODERNIDADE, DA CRISE DO SISTEMA 
 CAPITALISTA E DA IDEOLOGIA PÓS-MODERNISMO .................................... 53
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 53
2 OS REFLEXOS DA MODERNIDADE E PÓS-MODERNIDADE PARA O SERVIÇO 
 SOCIAL PERANTE O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO .................................................................. 54
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 73
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 76
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 78
UNIDADE 2 – O SERVIÇO SOCIAL E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS NO 
 CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO .................................................................... 79
TÓPICO 1 – A DIVISÃO SOCIOTÉCNICA DA PROFISSÃO DE SERVIÇO SOCIAL NA 
 SOCIEDADE CAPITALISTA ........................................................................................ 81
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81
VIII
2 O SIGNIFICADO SÓCIO-HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL COMO 
 PROFISSÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ................................................................ 82
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 100
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 104
TÓPICO 2 – OS ESPAÇOS SÓCIO-OCUPACIONAIS DE INTERVENÇÃO 
 PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA ESFERA ESTATAL E 
 INSTÂNCIAS PÚBLICAS DE CONTROLE DEMOCRÁTICO ............................ 105
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 105
2 O SERVIÇO SOCIAL COMO TRABALHO ASSALARIADO E A SUA 
 TRAJETÓRIA EM ESPAÇOS DE ATUAÇÃO NAS ESFERAS PÚBLICAS ............................. 106
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 117
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 119
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 121
TÓPICO 3 – O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NAS 
 EMPRESAS PRIVADAS ................................................................................................. 123
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 123
2 O SERVIÇO SOCIAL COMO PROFISSÃO INSERIDA NAS EMPRESAS 
 CAPITALISTAS .......................................................................................................................................... 124
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 136
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 139
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 141
TÓPICO 4 – A ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NAS 
 ORGANIZAÇÕES DA CLASSE TRABALHADORA E NAS 
 ORGANIZAÇÕES PRIVADAS NÃO LUCRATIVAS ............................................... 143
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 143 
2 DESAFIOS, LIMITES E TENDÊNCIAS DO TRABALHO DOS ASSISTENTES 
 SOCIAIS NAS ORGANIZAÇÕES DA CLASSE TRABALHADORA ...................................... 144
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 151
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 154
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 155
UNIDADE 3 – O SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS 
 NO SÉCULO XXI ......................................................................................................... 157
TÓPICO 1 CONCEITUANDO AS POLÍTICAS PÚBLICAS ......................................................... 159
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 159
2 POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS, CICLOS E ANÁLISES NO MODELO 
 SISTÊMICO .......................................................................................................................................... 160
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 176
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 178
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 180
TÓPICO 2 – AS POLÍTICAS PÚBLICAS E OS SEUS CICLOS DE EFETIVAÇÃO .................. 181
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 181
2 ELABORAÇÃO E EFETIVAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO 
 CONTEXTO DO SISTEMA CAPITALISTA .................................................................................. 182
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 194
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 200
IX
TÓPICO 3 – AS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS E SUAS DIMENS ÕES 
 HISTÓRICAS ......................................................................................................................... 201
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 201
2 O ESTADO E AS CORRELAÇÕES HISTÓRICAS ENTRE AS DEMANDAS SOCIAIS ...... 201
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 221
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 224
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 226
TÓPICO – 4 AS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS CONTEMPORÂNEAS DOESTADO BRASILEIRO ................................................................................................. 227
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 227
2 POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS E CIDADANIA ........................................................... 228
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 251
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 254
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 257
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 259
ANOTAÇÕES .......................................................................................................................................... 267
X
1
UNIDADE 1
A EXPANSÃO E CRISE DO 
CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO 
DA PÓS-MODERNIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender a atual crise do capitalismo;
• analisar os desafios do serviço social frente à crise do capitalismo;
• discutir sobre o surgimento da pós-modernidade para as categorias teóri-
cas, políticas e culturais;
• conhecer os reflexos da modernidade e pós-modernidade para o serviço 
social.
A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos, sendo que ao final de cada 
um deles você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos 
apresentados.
TÓPICO 1 – AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES DO MODELO 
 CAPITALISTA
TÓPICO 2 – OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE À CRISE DO 
 CAPITALISMO
TÓPICO 3 – A CIÊNCIA MODERNA, A CRISE DOS PARADIGMAS E SUA 
 RELAÇÃO COM O SERVIÇO SOCIAL 
TÓPICO 4 – OS DESAFIOS DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO 
 SOCIAL FRENTE AO PROJETO DA MODERNIDADE, DA 
 CRISE DO SISTEMA CAPITALISTA E DA IDEOLOGIA 
 PÓS-MODERNISMO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO 
MODELO CAPITALISTA
1 INTRODUÇÃO
 A economia política descobre no trabalho o fundamento da atividade 
econômica, sendo que por meio desta a riqueza social é determinada, ou seja, o 
trabalho é a atividade onde o homem produz e reproduz a sua essência através de 
sua história.
Nesta unidade, o acadêmico poderá compreender determinados aspectos 
da crise do capitalismo na atualidade, conhecendo os fundamentos das questões 
sociais que envolvem a sociedade como um todo. 
Então vamos aos estudos...
2 ENTENDENDO AS CRISES DO CAPITALISMO
Para realizar um estudo sobre a atual crise do sistema capitalista, se 
faz necessário compreender conceitos fundamentais sobre capitalismo e as 
transformações que ocorreram no modelo de produção, desde o final da década 
de 70 do século XX, com ênfase nas mudanças sofridas na acumulação capitalista, 
bem como na organização do trabalho e no modo de viver dos trabalhadores.
Para muitos pensadores sociais, economistas e outros, a definição de 
capitalismo se dá, pela sua forma de organização global, como sendo o sistema 
econômico mundial, pois na sociedade contemporânea é o sistema econômico e 
social que prevalece, conforme será apresentado nesta unidade de estudo.
Desde o nascimento do capitalismo na Europa, durante o período do 
mercantilismo, surgiram defensores de uma “empresa livre” ou da “livre 
iniciativa” e/ou ainda “mercado livre”, pois nesse período havia muitas ressalvas 
à liberdade do comércio, sendo que as empresas não poderiam escolher o que 
produzir, nem para quem, e também não tinham a escolha de como produzir e/
ou para quem vender, sendo dificultadas pelas associações de profissões e pelo 
Estado que tinha como princípio o mercantilismo. Nascimento (2012, p. 51) afirma: 
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
4
“Muito se tem debatido o real sentido de livre empresa (ou como também pode ser 
chamada: livre iniciativa), no aspecto de se verificar se há total liberdade das forças 
do mercado (competição) ou mesmo se em proteção ao próprio consumidor final”. 
O livre mercado é uma das primeiras características do sistema capitalista, 
pois os donos das empresas, patrões, exigiam uma maior autonomia na produção 
e, com as suas propriedades, visavam a obtenção de lucros.
As crises do sistema capitalista são cíclicas e periódicas, oriundas dos 
problemas de acumulação do capital, sendo sempre econômicas e não culturais, 
religiosas, entre outras dimensões, porém se relacionam entre si e afetam 
diretamente o modo de produção.
Cada crise da economia é diferente uma da outra, devido aos momentos 
em que se desenvolvem. Atualmente estamos vivenciando uma crise globalizada, 
devido a vários fatores, como, por exemplo, a expansão do capital que atinge 
primeiramente os países centrais e depois os países periféricos.
 
O homem é o responsável pela construção contínua da história, sendo 
esse um movimento determinado pela estrutura econômica da sociedade, ou seja, 
imposta pelas condições materiais da vida. 
 
 FIGURA 1 – CRISE ATUAL
FONTE: Disponível em: <http://gracietesantana.blogspot.com.
br/2012/04/o-que-o-capitalismo-proporciona.html>. Acesso em: 17 nov. 
2014. 
TÓPICO 1 | AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MODELO CAPITALISTA
5
Marx e Engels, nos livros Manuscritos Econômico-Filosóficos (2002) e em A 
Ideologia Alemã (1986), afirmam que o trabalho é a ferramenta para as atividades 
da economia política, sendo esse o responsável pela produção da riqueza social. 
Compreende-se então, caro acadêmico, que o trabalho é desenvolvido 
pelo homem como sendo um instrumento capaz de produzir a sua essência, 
transformando o meio em que se vive, individualmente e/ou coletivamente.
O trabalho se torna um dos componentes condicionantes da história da 
sociedade na sua totalidade. “O processo de trabalho como o apresentou, em 
seus elementos simples e abstratos, é atividade orientada a um fim para produzir 
valores de uso, apropriação do natural para satisfazer as necessidades humanas 
[...]” (MARX,1985, p. 153).
A riqueza social, bens materiais, que são produzidos pela sociedade 
para a sua reprodução social, no modelo de produção capitalista, não possuem 
uma divisão igualitária, gerando as classes sociais antagônicas. O que ocorre 
é a apropriação desses bens, que são produzidos através do trabalho da classe 
operária, pelos donos dos meios de produção. 
Os bens materiais se concretizam através da força do trabalho do homem, 
e se valorizam através do que se chama de mercadoria.
Segundo Marx,
A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo, uma coisa, a qual, pelas 
suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. 
A natureza dessas necessidades, se elas se originam do estômago ou da 
fantasia, não altera nada na coisa. Aqui também não se trata de como a 
coisa satisfaz a necessidade humana, se imediatamente, como meio de 
subsistência, isto é, objeto de consumo, ou se diretamente, como meio 
de produção. (MARX, 1988, p. 45).
A mercadoria deve ser levada sempre em consideração por dois pontos 
de vista: o de quantidade ou qualidade. Todos os produtos, depois que se tornam 
mercadoria, passam a ter certos valores.
 Para Marx, a mercadoria é definida por dois fatores: Valor de Uso e Valor 
de Troca. 
[...] a existência [...] de cada elemento da riqueza material não existente 
na natureza, sempre teve de ser mediada por uma atividadeespecial 
produtiva, adequada ao seu fim, que assimila elementos específicos da 
natureza a necessidades humanas específicas. Como criador de valores 
de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de 
existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, 
eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem 
e natureza e, portanto, da vida humana (MARX, 1988, p. 50).
 
Sendo assim, o valor de uso depende da necessidade de utilidade de um 
determinado “bem”, para cada pessoa. O valor de troca pode ser medido, pois está 
baseado na propriedade de cada produto. 
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
6
 FIGURA 2 – MERCADORIA
FONTE: Disponível em: <http://www.sntpv.com.br/sindical/amercadoriaeseuvalor.php>. 
Acesso em: 20 nov. 2014.
 
O capital se expande pelo modelo de produção, pelo que se chama de 
apropriação da mais-valia, que é o valor total de trabalho empregado na produção 
de mercadoria, ou seja, é o trabalho excedente que não é pago. “Todo o sistema 
de produção capitalista repousa no fato de que o trabalhador vende sua força de 
trabalho como mercadoria” (MARX, 1985, p. 48).
O raciocínio lógico dos capitalistas seria sempre arrancar a mais-valia dos 
trabalhadores, assim acumulam capital para investir novamente na produção, 
consequentemente aumentando sua riqueza. Nesse sentido, a acumulação do 
capital estaria independente da vontade individual dos patrões, se tornaria 
inseparável à condição para sobreviver no mercado de produção.
Para Marx (1985), sempre haverá injustiça social neste modelo de sociedade 
capitalista, devido ao trabalhador produzir para seu patrão muito mais que o 
próprio valor que custa para a sociedade.
TÓPICO 1 | AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MODELO CAPITALISTA
7
 A “crise da sobreprodução”, defendida por Marx (1988), é gerada através 
da relação produtiva contrária que se desponta por meio da questão social, 
significando um grande leque de problemas sociais, que são resultados das 
contradições geradas pelo capital e trabalho.
 Porém, essa crise é decorrente quando os chamados empregadores, 
patrões e/ou donos do capital não conseguem vender seus produtos, e não 
conseguem os lucros esperados, ou então a partir do momento em que a produção 
não desempenha sua função de ascender lucros, causando o desemprego dos 
trabalhadores e o aumento da economia.
O autor Mészarós explica que as crises são próprias do modelo capitalista 
de produção.
 
No decurso do desenvolvimento histórico real, as três dimensões 
fundamentais do sistema capitalista — produção, consumo e circulação/
realização — tendem, durante um longo período de tempo, a reforçar-
se e a expandir-se reciprocamente, garantindo também a motivação 
interna necessária para a respectiva reprodução dinâmica a uma escala 
cada vez mais ampliada. Portanto, no início, os limites imediatos de 
cada uma são superados com êxito, graças precisamente à interação 
recíproca com as outras dimensões. (Por exemplo: o obstáculo imediato 
à produção é superado com êxito durante algum tempo através da 
expansão do consumo e vice-versa.) Deste modo, esses limites imediatos 
das dimensões fundamentais do capital, mencionados nas citações 
dos Grundrisse, aparecem na realidade como simples obstáculos a 
superar. Ao mesmo tempo, as contradições imediatas do conjunto são 
não apenas transferidas, mas diretamente utilizadas como alavancas 
para o crescimento exponencial nas aparências do ilimitado poder 
autopropulsivo do capital. (MÉSZARÓS, 2004).
 
Antes do surgimento da indústria capitalista existiam crises econômicas, 
que eram originadas das calamidades naturais, como as cheias, secas, doenças, 
epidemias e, entre outros fatores, até mesmo as guerras. Nessas situações não 
era disponibilizada alimentação e outros produtos para garantir e atender às 
necessidades imediatas, ou seja, crise de subprodução. 
Na sociedade fundamentada na economia capitalista existe uma contradição 
que acontece, as crises econômicas que são geradas pela superprodução. Marx 
(1848) afirmava que:
UNI
Você já deve estar se perguntando por que estudarmos os conceitos de trabalho, 
mercadoria, valor, mais-valia, nas crises do capitalismo. Então vamos seguir. 
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
8
Cada crise destrói regularmente não só uma grande massa de produtos 
já fabricados, mas também uma grande parte das próprias forças 
produtivas já desenvolvidas. Uma epidemia, que em qualquer outra 
época teria parecido um paradoxo, desaba sobre a sociedade - a epidemia 
da superprodução. Subitamente, a sociedade vê-se reconduzida a um 
estado de barbárie momentânea; dir-se-ia que a fome ou uma guerra de 
extermínio cortaram-lhe todos os meios de subsistência; a indústria e o 
comércio parecem aniquilados. E por quê? Porque a sociedade possui 
demasiada civilização, demasiados meios de subsistência, demasiada 
indústria, demasiado comércio. (MARX, 2007, p. 7).
 FIGURA 3 – SUPERPRODUÇÃO
Fonte: Disponível <https://historiaaraposo.files.wordpress.
com/2011/01/02.jpg>. Acessado em 18 nov. 2014.
O que se percebe é que as crises de consumo estão inseridas nos princípios 
do modo de produção capitalista, sendo elas cíclicas, e ocorrem de tempo em 
tempo, através da forma em que acumula e expande seu capital. 
O início de uma crise capitalista se dá por uma diminuição das atividades 
econômicas, ou seja, pelo desaquecimento da economia. Em seguida vem a fase 
de depressão, que é caracterizada pela diminuição das atividades econômicas, 
resultando em queda dos lucros, aumentando o índice de subemprego e 
desemprego, além da diminuição dos salários. Após afetar toda classe de produção, 
o capital começa uma nova fase de crescimento, que significa sua recuperação, até 
iniciar um novo ciclo.
 
Conforme Mota (2009, p. 53), “As crises expressam um desequilíbrio 
entre a produção e o consumo, comprometendo a realização do capital, ou seja, a 
transformação da mais-valia em lucro, processo que só se realiza mediante a venda 
das mercadorias capitalisticamente reduzidas”. 
O que ocorre é a produção de grande quantidade, mas que a população não 
tem como comprar. Vale lembrar que, na economia capitalista, interessa o valor 
de troca e não o valor de uso das mercadorias. A produção de mercadorias não 
necessita e não precisa atender às necessidades da classe trabalhadora, e sim as 
necessidades da classe burguesa, patrões, através do lucro, consequentemente, as 
crises econômicas.
Pode-se afirmar que existem duas causas fundamentais que geram as crises 
econômicas, que se relacionam e findam entre si. Uma se baseia na contradição 
TÓPICO 1 | AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MODELO CAPITALISTA
9
entre capital x trabalho, e a outra se baseia na anarquia da produção, que significa 
uma economia planificada.
Na relação capital x trabalho (patrão x trabalhador) existem interesses 
completamente diferentes, pois o que favorece economicamente uma classe 
desfavorece a outra. Os patrões precisam manter seu lucro e lutam por isso, já os 
trabalhadores lutam por melhores salários e ampliação dos direitos trabalhistas. 
 
A maioria dos consumidores das mercadorias são os próprios trabalhadores, 
que, com salários reduzidos, não conseguem acompanhar a oferta das mesmas 
em que são produzidas, e assim a produção fica além do consumo. Com a pouca 
aquisição de mercadorias, geram-se os estoques, diminuindo assim a produção.
Diante disso, conclui-se que o capitalista, ou seja, o patrão, precisa manter 
os lucros mantendo os salários baixos, acabando com o poder de aquisição para 
obtenção dos lucros e com isso causando o desemprego, que por sua vez diminui 
os salários, aumentando a ofertade mão de obra. 
FIGURA 4 – CAPITAL X TRABALHO
FONTE: Disponível em: <http://www.sntpv.com.br/sindical/oprocessodeproducao.php>. Acesso 
em: 19 nov. 2014.
IMPORTANT
E
CAPITAL X TRABALHO: Interesses contrários entre capitalistas e trabalhadores. O 
patrão luta por mais lucros e o trabalhador por salários mais justos.
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
10
Outra causa de uma crise econômica seria a anarquia da produção, onde a 
liberdade de interesse deveria causar uma harmonia no sistema capitalista e sua 
economia. Para Marx (1985), a anarquia de produção evidencia que o capitalismo 
não tem um sistema de organização centralizado, que mostre o caminho que 
a produção deve seguir, gerando assim uma produção sem planejamento e 
ocasionando as crises periódicas. As coisas acontecem completamente diferentes, 
veremos agora.
 Como vimos anteriormente, o interesse dos patrões será sempre acumular 
o lucro, acumulando assim seu capital, e para que isso aconteça procuram diminuir 
salários, ampliam a produção para aumentar as vendas. Sendo esse o interesse 
e planejamento individual de cada empresa durante o período de crescimento 
econômico.
Esse planejamento individual leva a uma concorrência entre as empresas, 
pois nenhuma respeita o interesse da outra, ocasionando muitas vezes, em algumas 
dessas empresas, um descontrole da produção. 
Esse descontrole de produção é resultado da grande produção e colocação 
dessas mercadorias no mercado, muito mais do que se precisa; e com o abusivo 
aumento da produção, algumas matérias-primas começam a faltar, fazendo com 
que o preço dessas mercadorias aumente, diminuindo assim o consumo. 
As crises do sistema capitalista não ocorrem naturalmente, são incoerências 
do modelo capitalista de produção, devido à sua própria contradição, à fabricação 
socializada e do acúmulo privado da riqueza por parte da minoria.
Netto e Braz (2006, p. 162) garantem que: “as crises são funcionais ao 
modelo de produção capitalista, constituindo num mecanismo que determina a 
restauração das condições de acumulação, sempre em níveis mais complexos e 
instáveis, assegurando assim a sua continuidade”. 
Os autores acima não acusam um esgotamento do sistema capitalista, e 
sim conduzem para uma discussão sobre as contradições que existem no modelo 
de produção capitalista, afetando fatores políticos e força nas relações entre as 
classes sociais. Com isso ocorre um processo de alterações no cerne da sociedade, 
conforme os objetivos das classes sociais e de suas forças políticas. 
UNI
O que se conclui é que, tanto pela relação trabalho x capital quanto pela anarquia 
da produção, se tem grandes estoques e queda da produção, resultando no desemprego e 
subemprego e baixos salários pela excessiva força de trabalho.
TÓPICO 1 | AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MODELO CAPITALISTA
11
Cada classe social, capitalistas (patrões) e trabalhadores, reage de maneira 
diferenciada às crises cíclicas da economia capitalista. Para a primeira classe 
significa que seu poder econômico está ameaçado, e para a outra classe, a dos 
trabalhadores, estes são afligidos, no que diz respeito à sua condição de trabalho, 
tanto materialmente como subjetivamente, através de reflexos como o desemprego, 
perdas salariais, crescimento do chamado exército de reserva de mão de obra, 
desarticulação das suas organizações e lutas de classes.
Segundo Mota (2009, p. 55),
Do ponto de vista objetivo, este movimento materializa-se na c r i a ç ã o 
de novas formas de produção de mercadorias, mediante a 
racionalização do trabalho vivo pelo uso da ciência e tecnologia, 
regido pela implantação de novos métodos de gestão do trabalho que 
permitem às firmas o aumento da produtividade e a redução dos custos 
de produção.
As chamadas curvas cíclicas das crises econômicas incidem em dinâmicas 
das afinidades sociais, ou seja, na restauração das relações sociais, através da 
intervenção do Estado. 
 FIGURA 5 – CRISES DO CAPITALIMO
Fonte: A autora
UNI
Os reflexos das crises são diferentes para a classe social dos trabalhadores e a dos patrões.
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
12
O Estado redefine sua estrutura de intervenção, através de novos 
mecanismos institucionais, como, por exemplo, a criação de novos sistemas de 
proteção social. Porém, o Estado intervém diretamente na política econômica, 
gerando uma relação contínua entre Estado, mercado e sociedade.
Nos países centrais, após a Segunda Guerra Mundial, até a década de 
70, houve uma fase de reconstrução, que foi marcada pelo desenvolvimento do 
capitalismo, com uma grande intervenção estatal. O modelo de produção fordista 
unificou as ações econômicas do modelo econômico keynesiano, resultando em 
um equilíbrio do modo de acumulação capitalista, compreendido como fordista-
keynesiano, segundo Harvey (1992, p. 121): 
(...) O Estado teve que assumir novos (keynesianos) papéis e construir 
novos poderes institucionais; o capital corporativo teve de ajustar as 
velas em certos aspectos para seguir com mais suavidade a trilha da 
lucratividade segura; e o trabalho organizado teve de assumir novos 
papéis e funções relativas ao desempenho nos mercados de trabalho e 
nos processos de produção. “O equilíbrio de poder tenso mas mesmo 
assim firme, que prevalecia entre o trabalho organizado, o grande 
capital corporativo e a nação-Estado, e que formou a base do poder da 
expansão do pós-guerra.
FIGURA 6 – TEMPOS MODERNOS
FONTE: Disponível em: <http://chapeudosol.wordpress.com/2010/09/18/marx-
em-tempos-modernos/>. Acesso em: 16 nov. 2014.
DICAS
Você, acadêmico(a), deve assistir ao filme: Tempos Modernos, de Charles Chaplin.
TÓPICO 1 | AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MODELO CAPITALISTA
13
Atualmente estamos vivenciando um processo de globalização da 
economia, que deixou de ser uma crise cíclica do capitalismo para se tornar um 
modelo estruturado e permanente, devido à forma como as dimensões capitalistas, 
produção, consumo e realização, se organizam pela acumulação entre si.
 FIGURA 7 – CONSUMO
FONTE: Disponível em: <http://www.debatesculturais.com.br/
reflexoes-sobre-o-capitalismo-putrefato/>. Acesso em: 25 nov. 
2014.
Para Mészarós (2004), a crise capitalista que está inserida no mundo, desde 
os anos 70, está fundamentada em algumas características, sendo elas:
 
1. Mais do que restringido a uma esfera particular (por exemplo, 
financeira, comercial ou de um ou outro ramo da produção, ou de um 
ou outro setor particular de trabalho, com a sua gama específica de 
capacidades e grau de produtividade etc.), o seu caráter é universal; 2. 
Mais do que limitado a uma série particular de países (como foram 
todas as mais importantes crises do passado, incluindo a “grande 
crise mundial” de 1929-1933), o seu alcance é realmente global (no 
sentido mais extremadamente literal do termo); 3. Mais do que restrita 
e cíclica, como foram todas as crises anteriores do capitalismo, a 
sua escala temporal é alargada, contínua — permanente, se se quiser 
— e 4. No que respeita à sua modalidade de desenvolvimento, defini-la 
como sub-reptícia poderia ser uma descrição adequada — em contraste 
com as erupções e desmoronamentos mais espetaculares do passado 
—, com a advertência de que não se excluem para o futuro nem mesmo 
as mais veementes e violentas convulsões, uma vez quebrada aquela 
complexa máquina hoje ativamente empenhada na “gestão” da crise e 
na transferência mais ou menos provisória das crescentes contradições. 
 
Diante disso, percebe-se que as crises geradas pelo sistema capitalista não 
possuem reflexos somente no setor econômico de um sistema, mas também no 
que se refere ao campo social e político, devido ao papelimpotente que o Estado 
assume diante dessa nova configuração do modelo de produção econômico. 
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
14
Para lanni (1992, p. 11), o significado de globalização é: “expressa um novo 
ciclo de expansão do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório 
de alcance mundial”.
No mundo todo, nas últimas décadas do século XX foram envolvidas 
pela globalização desde as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas, formas 
de governo, classes sociais, pessoas, culturas, enfim, todos os segmentos sociais. 
Aconteceram várias modificações em todos os setores, no que diz respeito à 
economia, houve a criação de novas tecnologias, facilitando a comunicação e o 
acesso às informações, os aparelhos e capitais se expandiram.
 
O processo de globalização está inserido não somente na internacionalização 
do capital, na relação de consumo e troca, como também nas expressões políticas 
e sociais.
 
Nesse contexto, a questão social se globaliza e passa a ter novas dimensões 
e características, como, por exemplo, o aumento dos índices de desemprego e 
subemprego, criando uma flexibilidade globalizada do capitalismo no mundo do 
trabalho, com o mínimo de garantia e proteção social.
Um exemplo são as empresas dos países asiáticos, que entram na 
concorrência do mercado mundial, com melhor desempenho de fabricação e com 
preços mais baixos, mas sempre com mão de obra informal, ou sem garantias 
trabalhistas.
Marx, em 1845, dizia:
No desenvolvimento das forças produtivas atinge-se um estádio no 
qual se produzem forças de produção e meios de intercâmbio que, sob 
as relações de produção vigentes, só causam desgraça, que já não são 
forças de produção, mas forças de destruição [...] Sob a propriedade 
privada, estas forças produtivas recebem um desenvolvimento apenas 
unilateral, tornam-se forças destrutivas para a maioria [...] Chegou-
se, portanto, a um ponto tal que os indivíduos têm de apropriar-se da 
totalidade existente das forças produtivas, não só para alcançarem a sua 
auto-ocupação, mas principalmente para assegurarem a sua existência. 
(MARX, 1845 apud MÉSZARÓS, 2004). 
IMPORTANT
E
 Caro acadêmico, é de fundamental importância estudar, conhecer, compreender 
e avaliar o novo modelo de produção capitalista, para intervir profissionalmente.
TÓPICO 1 | AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MODELO CAPITALISTA
15
A economia de mercado, com o modelo capitalista de globalização, assume 
o controle das relações sociais de produção entre as diversas nações, invadindo a 
particularidade de cada povo.
Analisando a figura abaixo, percebe-se que o ciclo dessa crise é estável, e 
se estabeleceu na sociedade mundial através da abertura da economia do capital, 
gerando uma maior competitividade de mercado.
 
FIGURA 8 – GLOBALIZAÇÃO
FONTE: A autora.
Para Ramalho (2012):
É inquestionável que a globalização trouxe avanços em vários segmentos 
da sociedade. Contudo, tais avanços permitiram a criação de uma 
ideologia dominante consolidada nas crenças do progresso prometido 
da globalização. Esta acabou por cinzelar o mundo e ter causado 
uma espécie de cegueira sobre as suas consequências, minimizando 
a importância de resposta aos problemas dela emergentes que se 
traduziram em disparidades na riqueza e no bem-estar, no desemprego 
estrutural, na insegurança humana, na degradação da natureza e no 
enfraquecimento dos Estados-nação. 
A globalização mundial, não só na dimensão econômica, mas em todas 
as outras, como por exemplo a social, política e cultural, afeta diretamente todas 
as relações sociais. O profissional de Serviço Social necessita criar instrumentos 
técnico-operativos para atuar diante dessa conjuntura.
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
16
CAPITALISMO: MAIS‑VALIA, MAIS CRISE E MAIS BARBÁRIE
A crise capitalista atual não nos conduzirá à superação da ordem burguesa. 
O capitalismo, por si só, sempre dará em mais capitalismo. A natureza da crise 
do capital que se aprofundou a partir de 2008 não é diferente, em sua essência, 
das crises que abateram o sistema em tantas outras vezes, tipificadas pelos traços 
constitutivos do estágio imperialista que se estruturou justamente a partir de 
outra grande e grave crise, a de 1873. Ela é movida pela natureza contraditória 
do desenvolvimento capitalista que, ao potencializar seu processo de reprodução 
ampliada (sua própria acumulação de capital), reproduz os fatores que exponenciam 
suas contradições e acionam crises que, desde as últimas décadas do século XX, 
têm maior duração e se exprimem em períodos menos espaçados (e sem ondas 
longas expansivas), alternando períodos (espasmódicos) de crescimento, auge, 
crise, recessão/depressão, retomada...
A contradição central (a produção social e a apropriação privada) e o 
caráter anárquico da produção potencializam e assentam o desdobramento das 
crises capitalistas, que podem se expressar na tendência de queda da taxa média de 
lucro e/ou na combinação superprodução de mercadorias/subconsumo das massas 
trabalhadoras. E é o aumento da população sobrante (do exército industrial de 
reserva) e a massa de capitais excedentes que encontra dificuldades para se valorizar 
(a superacumulação) que têm tornado o metabolismo social do capital ainda mais 
sedento e voraz na busca de novos espaços de acumulação e de valorização do valor. 
A análise de Mandel é formidável, porque é a que melhor aponta esses elementos 
como aqueles que comandam o capitalismo tardio, indicando as questões centrais 
para pensar o capitalismo contemporâneo, especialmente duas: o aumento da 
composição orgânica do capital e o problema da crescente prevalência do capital 
constante sobre a variável e, decorrente daí, a tendência de redução do trabalho 
vivo e o problema da relação criação/realização da mais‑valia.
Além desses fatores macroestruturais, a especificidade da crise atual, 
analisada com rigor por Mészáros, está assentada em duas características intrínsecas 
e que também se expressam na dinâmica estrutural do MPC contemporâneo: ela 
acentua o caráter destrutivo da produção capitalista, de modo que o metabolismo 
social comandado pelas forças do capital faz predominar, de maneira incomparável, 
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS
Para compreender um pouco mais, leia:
IAMAMOTO, Marilda Villela. Trabalho e Indivíduo Social, 3ª Edição. São Paulo: Cortez, 2008
TÓPICO 1 | AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MODELO CAPITALISTA
17
tendências altamente destruidoras da exploração da natureza que concorrem até 
mesmo para criar sérios obstáculos à própria reprodução da vida social; por outro 
lado, e correlatamente, esgotaram‑se os mecanismos estruturais (posto que os 
paliativos sempre hão de existir) de autorregulação do sistema sociometabólico 
do capital, uma vez que o caráter permanente da crise sobressai em detrimento da 
sua forma cíclica de se expressar, prevalente até os anos 1970. Mészáros caracteriza 
muito bem a crise adjetivando‑a, corretamente a meu ver, como uma rastejante.
Aqui, quero salientar duas observações: a primeira diz respeito à 
predominância de análises catastrofistas sobre a crise contemporânea. A sua 
forma a‑histórica de apreender a realidade só conduzirá a “saídas” igualmente 
a‑históricas que podem se expressar em promessas voluntaristas, como as que 
pululam nos países centrais tocadas pela “juventude indignada” dos setores 
pequeno‑burgueses das grandes cidades e pelos ecoambientalistas de todo tipo; 
ou em “soluções” fatalistas que podem dar tanto nas promessas que promovem 
a (improvável) ruptura abrupta com a ordem burguesa baseada em prognoses 
fantásticas sobre o futuro (e, evidentemente, numa equivocada análise do presente) 
ou, ao contrário, podem resultar no mais absoluto niilismo, inofensivo e inepto.Mesmo que não possamos debitar à teoria o rumo de algumas das 
expressões das lutas sociais, é certo que ela representa parte do esforço de autores 
que, ainda que não possam ser responsabilizados por seus rumos, mantêm notória 
influência nesse campo. São vários os exemplos que podemos colecionar, mesmo 
que partam de perspectivas teóricas diversas, que podem nos levar a caminhos 
diferentes: desde Kurz nos anos 1990, passando por Negri/Hardt na década de 
2000 e pelos diversos estudos que colocam o acento na questão ambiental (que é de 
fato uma questão relevante, mas não a central), como o que se faz notar dos textos 
de Boaventura Sousa Santos.
A segunda observação diz respeito às correntes que não entendem a 
natureza da crise contemporânea e que acabam compreendendo‑a como mais 
uma crise do capital, passível de solução, regulação ou medidas anticíclicas. Aqui 
aposta‑se na administração de uma dinâmica que é cada vez mais incontrolável e 
que já não mais comporta formas de autorregulação. Pior: aposta‑se no controle 
e na administração das consequências sociais do inadministrável sistema do 
capital. Vê‑se tal equívoco nas correntes que apostam numa terceira via tardia, 
nas saídas ditas neokeynesianas (que no Brasil têm atendido pelo nome de 
neodesenvolvimentismo que se expressa, na verdade, como um arremedo do 
modelo desenvolvimentista) ou, até mesmo, no sonho de uma reedição saudosa 
de um novo Welfare State.
O suposto neodesenvolvimentismo, quando comparado aos traços 
gerais das políticas desenvolvimentistas - que, de modo muito problemático e 
diferenciado, conhecemos ao longo do período 1930 e 1980 no Brasil através de 
algumas experiências implementadas -, está muito longe do modelo original. 
Segundo especialistas, quando comparada ao paradigma desenvolvimentista que 
se conheceu no século passado, a hipótese neodesenvolvimentista “se desmancha 
no ar”, e as razões são claríssimas, seja porque: “a) apresenta taxas de crescimento 
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
18
bem mais modestas; b) confere importância menor ao mercado interno, isto é, ao 
consumo das massas trabalhadoras; c) dispõe de menor capacidade de distribuir 
renda; d) aceita a antiga divisão internacional do trabalho, promovendo uma 
reativação, em condições históricas novas, da função primário‑exportadora do 
capitalismo brasileiro; e) é dirigida politicamente por uma fração burguesa, a qual 
denominamos burguesia interna, que perdeu toda a veleidade de agir como força 
anti-imperialista”.
Para além das muitas polêmicas que o tema suscita, uma definição 
empregada para explicar o que chamo de hipótese desenvolvimentista é 
esclarecedora: “[...] o neodesenvolvimentismo é o desenvolvimento possível 
dentro do modelo capitalista neoliberal [...]”. Ora, sabemos que o neoliberalismo 
se caracteriza justamente por políticas e medidas que obstam o desenvolvimento e 
o crescimento econômico, tornando muito difícil sustentar tal afirmação.
Ainda sobre a segunda observação: o entendimento do capitalismo 
contemporâneo parece ser levado para um beco sem saída, justamente porque 
mostram‑se inúteis as saídas de administrá‑la. Namora‑se o capital, imperando o 
possibilismo que procura agir nos espaços cada vez mais estreitos e restritos e que 
atua nas supostas brechas por dentro do Estado capitalista. O trabalho torna‑se 
parceiro do capital e seus representantes, os representantes do capitalismo nos 
governos. Busca‑se a hegemonia em comunhão com os interesses maiores do 
capital que faz do Estado e dos governos de plantão seus prepostos, consolidando 
aquilo que Francisco de Oliveira (2007) denominou de “hegemonia às avessas”, pela 
qual a esquerda exerce o poder para realizar o projeto do capital, por intermédio 
de meios políticos que rebaixam sobremaneira seus horizontes. Ela (a “hegemonia 
às avessas”) é recente entre nós e começou em 2003, mas é velha conhecida dos 
europeus cujos governos tocados por partidos socialistas desde os anos 1980 são 
os melhores exemplos. Recorde‑se dos casos francês (com Mitterrand), espanhol 
(com Gonzales) e português (com Soares).
FONTE: BRAZ, Marcelo. Capitalismo, crise e lutas de classes contemporâneas: questões e 
polêmicas. Serv. Soc. Soc. [online], n. 111, p. 468-492, 2012. ISSN 0101-6628. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-46282012000300005&script=sci_arttext>. Acesso 
em: 20 nov. 2014.
19
Neste tópico pudemos compreender as crises econômicas do sistema 
capitalista. Foram abordados os seguintes itens:
• Os conceitos fundamentais sobre o significado de capitalismo e as transformações 
que ocorreram no modelo de produção, desde o final da década de 70 do século 
XX.
• As mudanças sofridas na acumulação capitalista, como na organização do 
trabalho e no modo de viver dos trabalhadores no decorrer do processo histórico.
• As crises do sistema capitalista são cíclicas e periódicas, oriundas dos problemas 
de acumulação do capital, sendo sempre econômicas e não culturais, religiosas, 
entre outras dimensões, porém se relacionam entre si, devido ao fato de que a 
crise econômica vivenciada no mundo atual está relacionada com o modo de 
produção.
• O capital se expande pelo modelo de produção, pelo que se chama da apropriação 
da mais-valia, que é o valor total de trabalho empregado na produção de 
mercadoria, ou seja, é o trabalho excedente que não é pago. 
• Os bens materiais se concretizam através da força do trabalho do homem, e se 
valorizam através do que se chama de mercadoria.
• Cada classe social, capitalistas (patrões) e trabalhadores, reage de maneira 
diferenciada às crises cíclicas da economia capitalista.
• Nos países centrais, após a Segunda Guerra Mundial, até a década de 70, houve 
uma fase de reconstrução, que foi marcada pelo desenvolvimento do capitalismo, 
com uma grande intervenção estatal.
• O Estado redefine sua estrutura de intervenção através de novos mecanismos 
institucionais, como, por exemplo, a criação de novos sistemas de proteção 
social. Porém, o Estado intervém diretamente na política econômica, gerando 
uma relação contínua entre Estado, mercado e sociedade.
• Atualmente estamos vivenciando um processo de globalização da economia, 
que deixou de ser uma crise cíclica do capitalismo para se tornar um modelo 
estruturado e permanente.
• O processo de globalização do capitalismo está inserido não somente na 
internacionalização do capital, na relação de consumo e troca, como também 
nas expressões políticas e sociais.
RESUMO DO TÓPICO 1
20
1 Partindo da leitura complementar, comente sobre a crise do capital na 
atualidade. 
2 Indique três consequências da globalização da economia.
AUTOATIVIDADE
21
TÓPICO 2
OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE À 
CRISE DO CAPITALISMO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A história do Serviço Social está fundamentada em duas teses distintas uma 
da outra. Montaño (2002), na sua primeira afirmação sobre a origem da profissão, 
ressalta que a mesma foi oriunda do capitalismo na sociedade.
 
Na segunda tese ele defende a origem da profissão, sendo endogenista, 
ou seja, “profissionalização, organização e sistematização da caridade e da 
filantropia’’. (MONTAÑO, 1998, p. 16). 
O objeto de atuação historicamente considerado pelo Serviço Social é a luta 
de classes, e que tem influências centradas no sistema capitalista. Diante disso, 
esse tópico abordará como o Serviço Social tem se reportado diante dos desafios e 
perspectivas da crise do sistema capitalista atual.
 FIGURA 9 – DESAFIO PROFISSIONAL
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S0101-66282010000400003&script=sci_arttext>. 
Acesso em: 29 nov.2014.
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE22
2 A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO 
SOCIAL DIANTE DOS DESAFIOS E PERSPECTIVAS 
CONTEMPORÂNEAS
O cenário da crise contemporânea do sistema capitalista e da revolução 
tecnológica e industrial que estamos vivendo acende mudanças na sociedade em 
sua totalidade, em todas as dimensões: econômica, social, cultural e política, que 
disparam a disputa entre as classes sociais, concentrando a riqueza produzida e 
aumentando o empobrecimento da população.
Essa atual conjuntura afeta diretamente o mundo do trabalho, com o 
elevado número de desemprego e subempregos, emergindo diretamente em novas 
demandas para a atuação do Serviço Social.
Nessa nova ordem conjuntural, com a materialização da crise 
contemporânea e as mudanças do modelo de produção capitalista, ambas 
fundamentadas distintamente umas das outras, mas interligam mediante alguns 
fatores que devem ser considerados. 
A crise contemporânea está se efetuando em uma crise dinâmica, onde 
existe a acumulação do capital, onde a produção é maior que o consumo, onde 
o capitalismo se instaura sob o escudo da especulação econômica e financeira, 
gerando uma crise mundial, em que principalmente países subdesenvolvidos são 
obrigados a apelarem a órgãos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o 
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) para enfrentar 
as crises econômicas, gerando ainda mais desemprego e a miserabilidade da classe 
trabalhadora.
Já o segundo modelo de crise tem suas particularidades na expansão 
e reestruturação do capitalismo, que foi defendido como o modelo fordista/
keynesiano, visto no tópico anterior, mas que se configura na produção em grande 
escala, onde o trabalhador não sabe o valor total de sua força de trabalho. Mesmo 
diante das dificuldades dos trabalhadores a um salário digno, foi no modelo 
fordista que houve a negociação da jornada de oito horas diárias de trabalho, entre 
outros benefícios, mas em virtude da diminuição da carga horária houve também 
um aumento de trabalho, onde trabalhadores, para atingir as metas, precisaram 
acelerar o seu ritmo de produção.
Os desafios e as perspectivas da profissão do Serviço Social na crise 
contemporânea requerem, acima de tudo, refletir qual o comprometimento e 
limites que se tem com a sociedade na sua individualidade e totalidade, quais os 
novos espaços de atuação e trajetos que norteiam a atuação profissional e também 
resgatam os princípios éticos da profissão. 
TÓPICO 2 | OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE À CRISE DO CAPITALISMO
23
FIGURA 10 – DESAFIOS DO PROFISSIONAL
FONTE: Disponível em: <http://www.agronline.com.br/artigos/modelo-tecnico-
caminho-agonegocio->. Acesso em: 25 nov. 2014.
O Serviço Social, como profissão, sempre teve sua trajetória fundamentada 
no momento histórico em que atua, moldando e adaptando suas necessidades 
dentro das suas especificidades na intervenção prática, teórica e metodológica. 
Foi nos anos 1980 que o Serviço Social começou a ter uma relação com a 
teoria marxista, resultando em novos referenciais teórico-metodológicos de atuação 
para os profissionais, através de amplas reflexões da categoria e de pesquisas com 
produções teóricas.
A ruptura do Serviço Social com o modelo conservador teve visibilidade 
entre os anos de 1980 e 1990. Para as autoras Yazbeck, Martinelli e Raichelis (2008, 
p. 22), o Serviço Social tem sua evolução pautada, pois:
[...] a herança conservadora e antimoderna, constitutiva da gênese 
da profissão, atualiza-se e permanece presente nos tempos de hoje. 
Maturação que se expressa pela democratização da convivência de 
diferentes posicionamentos teórico-metodológicos e ideopolíticos no 
final da década.
Os avanços que a profissão teve são significativos no que conduz sua 
prática, foram oriundos da organização, pesquisas dos assistentes sociais, 
resultando em novos espaços ocupacionais para intervir junto à sociedade, porém, 
em muitos deles, como objetivos completamente contrários aos da profissão. Ainda 
Yazbek, Martinelli e Raichelis (2008, p. 15) afirmam: “[...] Maturação que ganhou 
visibilidade na sociedade brasileira pela intervenção dos assistentes sociais nos 
consideráveis avanços na proteção social, garantidos na Constituição Federal de 
1988 e expressos, por exemplo, no ECA, LOAS, no SUS”.
Ao iniciar uma reflexão acerca da importância da atuação do Serviço Social 
diante da realidade contemporânea, deve-se sempre levar em consideração fatores 
econômicos, sociais, culturais e políticos da realidade estudada. 
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
24
Conforme Iamamoto (2006, p. 67),
O Serviço Social teve conquistas rompendo com o conservadorismo, 
e tem sua atuação pautada para o fim da opressão de classe sobre 
as questões que dizem respeito à sobrevivência social e material dos 
setores majoritários da população trabalhadora.
Diante da história de atuação profissional do assistente social, pode-se 
conferir que este tem suas práticas voltadas para as relações sociais estabelecidas 
no contexto histórico.
Iamamoto (2006, p. 55) descreve que: 
O Serviço Social não atua apenas sobre a realidade, mas atua na realidade 
[...] a conjuntura não é o pano de fundo que emoldura o exercício 
profissional; ao contrário, são partes constitutivas da configuração do 
trabalho do Serviço Social, devendo ser apreendidas como tais. 
Para o profissional de Serviço Social entender e intervir em todas essas 
dimensões na atual conjuntura econômica em que a sociedade se encontra, 
necessita ter uma visão complexa para que possa, de forma teórico-prática, realizar 
suas atribuições como profissional, tanto nas políticas públicas, como também na 
elaboração de novas teorias profissionais. Assim, para Iamamoto (2006, p. 55-56), 
[...] o esforço está, portanto, em romper qualquer relação de exterioridade 
entre a profissão e a realidade, atribuindo-lhe a centralidade que deve 
ter no exercício profissional [...] e o reconhecimento das atividades de 
pesquisa e espírito indagativo como condições essenciais ao exercício 
profissional. 
 
 FIGURA 11 – O MUNDO CONTEMPORÂNEO
FONTE: Disponível em: <http://nusocial.wordpress.com/category/as-
formas-de-enfrentamento-da-questao-social-nas-decadas-de-30-e-40/>. 
Acesso em: 22 nov. 2014.
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Sobre mediação, Pontes (2000) coloca que é conjunto objetivo e ontológico 
que está efetivado na realidade, sendo estudada como um dos principais atores na 
dialética, devido ao fato de esta ser contabilizada como real, como princípios da 
racionalidade. 
Como a mediação atua diretamente na realidade, se torna um instrumento 
fundamental para o profissional de Serviço Social na sua prática teórico-
metodológica no cotidiano. Torna-se essencial para o “desvendamento dos 
fenômenos reais e a intervenção do assistente social” (PONTES, 2000, p. 43).
A profissão está regulamentada como sendo liberal, dispondo de certa 
autonomia no seu exercício profissional, mas o assistente social, como outro 
trabalhador, é um assalariado, pois vende sua força de trabalho especializada.
Para Iamamoto (2007), essa situação faz com que o assistente social tenha 
seu trabalho apropriado por empregadores, fazendo com que o profissional técnico 
não tenha muita autonomia nas suas ações. 
Os assistentes sociais precisam desenvolver ações propositivas, com metas 
de intervenções que busquem atender a demanda da população de usuários do 
Serviço Social. 
 
O desenvolvimento do modelo de produção que está enraizado no 
sistema capitalista gera o desequilíbrio social, através da desigualdade de classes 
e das expressões geradas pelas questões sociais, que configuram a realidade 
contemporânea e precisam ser compreendidas e analisadas criticamentepelo 
assistente social. 
IMPORTANT
E
Diante dessa afirmação da autora acima citada, o Serviço Social utiliza-se da 
mediação como instrumental técnico e operativo da sua intervenção teórico-prática.
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
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O profissional de Serviço Social deve estar em constante aprendizado com a 
realidade cotidiana, necessitando conhecer novas possibilidades de demanda e de 
intervenção, podendo intervir transformando-as através das instrumentalidades 
nos espaços onde o Serviço Social está presente. 
DICAS
Para aprofundar melhor seus estudos, não deixe de ler o livro indicado:
IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na 
Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 10ª. 
ed. São Paulo: Cortez, 2006.
Esta obra se refere a uma nova agenda de atuação do assistente 
social diante das questões voltadas para o trabalho e para a 
formação profissional.
IMPORTANT
E
A instrumentalidade é uma propriedade e/ou a capacidade que a profissão 
vai adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela possibilita que os profissionais 
objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. É por meio da instrumentalidade 
que os assistentes sociais modificam, transformam, alteram as condições objetivas e subjetivas 
e as relações interpessoais e sociais existentes num determinado nível da realidade social; o 
nível do cotidiano. (GUERRA, 2002, p. 53).
TÓPICO 2 | OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE À CRISE DO CAPITALISMO
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O diferencial da profissão está na forma que a mesma busca para a 
efetivação dos direitos sociais da população em que está intervindo, podendo ser 
nos diversos espaços ocupados na atuação profissional. O assistente social precisa 
ser um profissional propositivo e não apenas executor de tarefas cotidianas.
 
Atualmente o Serviço Social está inserido num contexto onde existem diversas 
expressões das questões sociais, pois elas vêm aumentando significativamente. 
Diante desse cenário, os assistentes sociais têm por foco principal, em seus desafios 
profissionais, a permanente capacitação, para então agir como ator protagonista na 
implementação de políticas sociais.
Esse agir profissional diante das políticas sociais necessita ser através 
de mecanismos multidisciplinares e interdisciplinares, formando equipes de 
profissionais que consigam olhar a realidade contextualizada de forma crítica, 
fazendo com que a população atendida participe desse processo. 
Para Iamamoto (2006, p. 20), essa relação:
[...] se caracteriza como um dos maiores desafios sociais vividos no 
presente, o de desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade 
e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e 
efetivar direitos, a partir das demandas emergentes no cotidiano. Enfim, 
ser um propositivo e não executivo. 
 
É importante que o Serviço Social analise todas as mudanças sociais, 
culturais, políticas e econômicas que estejam acontecendo em todo o mundo, 
com ênfase nos países vizinhos da América Latina. É preciso enfrentar os desafios 
impostos pela conjuntura atual, levando em consideração as dimensões que estão 
inclusas na sociedade, que são: as políticas, sociais, culturais e econômicas.
Na Constituição Federal de 1988 foram garantidos vários direitos sociais. 
O profissional assistente social precisa estar articulado com todos os segmentos da 
sociedade para que esses direitos sejam garantidos, podendo ser nos segmentos 
ligados às questões de gênero, raça, etnias, nos movimentos sociais e sindicais, 
entre tantos outros. 
O desafio é redescobrir alternativas e possibilidades para o trabalho 
profissional no cenário atual; traçar horizontes para formulação de 
propostas que façam frente à questão social e que sejam solidários com 
a vida daqueles que vivenciam, não só como vítimas, mas como sujeitos 
que lutam pela preservação e conquista de sua vida, da humanidade. 
(IAMAMOTO, 2006, p. 75).
 
Se resgatarmos a história do Serviço Social, podemos perceber que o 
mesmo esteve sempre na busca de novos objetos de estudos, através da construção 
e reconstrução deles. Diante disso, podemos citar o Movimento de Ruptura do 
Serviço Social, pois este representou um marco da história da profissão, com 
avanços significativos na busca da efetivação e legitimação da atuação do assistente 
social na sociedade.
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Muitos dos profissionais, nas suas práxis sociais, ainda estão com uma 
visão retrógrada, com práticas baseadas no imediatismo, fragmentando assim o 
que foi conquistado coletivamente por outros assistentes sociais no decorrer da 
história teórico-metodológica da profissão.
Guerra (2002), sobre esse assunto, afirma que:
Ao atribuir às teorias uma autonomia ante a prática, os agentes 
sociais perdem de vista a sua particularidade enquanto ser social, 
a particularidade está localizada nas faculdades subjetivas de que 
dispõem para superação da facticidade fenomênica posta nas/pelas 
suas relações sociais. De outro modo, ao se descurar da causalidade, 
das determinações universais do movimento histórico, da autonomia 
relativa da teoria perante a prática, as ações profissionais adquirem um 
caráter volitivo. (GUERRA, 2002, p. 184).
Ao relacionar o conceito de sujeito com o objeto, de teoria com a prática 
e até da natureza do pensamento, consequentemente percebe-se que todos são 
diferentes um do outro, o que ocorre é uma interlocução entre todos, promovendo 
assim a capacidade de mudanças nos fatos.
O princípio centralizador da profissão está na emancipação dos usuários 
do Serviço Social, através da garantia de direitos sociais, tendo como mecanismos 
as políticas públicas sociais, através de uma atuação teórica, crítica e reflexiva que 
se concretiza através do Projeto Ético-Político do Serviço Social.
O Projeto Ético-Político tem como objetivo nortear a prática da profissão, 
buscando efetivar a prática na busca da transformação e mudanças coletivas 
através da garantia dos direitos sociais. É importante defender esse projeto, pois 
a partir de então estará comprometido a atuar contra as mazelas da nova ordem 
social. Iamamoto (2007, p. 228) enfatiza:
[...] o trabalho profissional cotidiano passa a ser conduzido segundo 
dilemas universais, relativos à re-função do Estado e sua progressiva 
absorção pela sociedade civil que se encontra na raiz da construção 
da esfera pública – da produção e distribuição mais equitativa da 
riqueza, da luta pela ultrapassagem das desigualdades, pela formação e 
concretização dos direitos e da democracia. 
Nesse sentido, os profissionais buscam se fortalecer enquanto categoria 
profissional, na busca de uma nova sociedade, através de estratégias de intervenção 
para concretizá-lo.
Essa intervenção é um desafio para o Serviço Social na atual conjuntura 
econômica, que traz como consequência a precarização do mundo do trabalho, 
que resulta na flexibilidade, terceirização, subemprego, entre outros, que atingem 
diretamente a classe trabalhadora, afetando também as esferas estatais.
TÓPICO 2 | OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE À CRISE DO CAPITALISMO
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Com isso, o assistente social, na sua intervenção na contemporaneidade, 
deve estar pronto a assumir tarefas para enfrentar os desafios propostos, ampliando 
a compreensão das mudanças que estão acontecendo em todo o mundo.
FIGURA 12 – PRECARIZAÇÃO DO MUNDO DO TRABALHO
FONTE: Disponível em: <http://www.galizacig.gal/actualidade/200106/olhohistoria_as_
dimensoes_da_crise.htm>. Acesso em 25 nov. 2012.
Outro desafio que está imposto aos profissionais de Serviço Social é refletir 
sobre o norte que a profissão terá na atual crise da produção capitalista e os 
avanços das políticas de globalização. O assistente social deve sempre defenderum novo modelo de sociedade, onde a distribuição da riqueza deve ser igualitária, 
estimulando o desenvolvimento de novas políticas públicas, através de projetos e 
programas que garantam aos usuários do Serviço Social os seus direitos sociais.
Iamamoto (2006, p. 52) enfatiza o grande desafio para o assistente social na 
contemporaneidade: [...] “as estratégias, táticas e técnicas do trabalho profissional, 
em função das particularidades dos temas que são objetos de estudo e ação do 
assistente social”.
UNI
O assistente social deve ser um profissional flexível e disponível para as 
transformações que afetam o mundo do trabalho, mas sempre visando as mudanças sociais, 
sem deixar de lado o projeto ético-político da profissão.
UNIDADE 1 | A EXPANSÃO E CRISE DO CAPITALISMO NA CONFIGURAÇÃO DA PÓS-MODERNIDADE
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Diante dos desafios acima descritos, pode-se concluir que o Serviço Social, 
frente a qualquer projeto e/ou programa de intervenção, precisa estar organizado 
enquanto categoria profissional. Conforme Sant´Ana (1999, p. 73), o Serviço 
Social necessita realizar esforços para a “superação do hiato hoje existente entre a 
vanguarda profissional e a base da categoria”.
A profissão necessita resgatar a teoria social de Marx, pois a mesma 
prospera em uma análise crítica da realidade. Atualmente os profissionais não têm 
mais se reportado às teorias que fundamentam a prática e atuação profissional, 
como no caso da categoria relacionada ao trabalho.
DICAS
Acadêmico, complemente seus estudos lendo os 
livros:
NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e serviço social. 8. 
ed. São Paulo: Editora Cortez, 2011.
ESTEVÃO, Ana Maria R. O que é serviço Social?. São Paulo: 
Brasiliense, 2011.
TÓPICO 2 | OS DESAFIOS DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE À CRISE DO CAPITALISMO
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LEITURA COMPLEMENTAR
O SERVIÇO SOCIAL NA CENA CONTEMPORÂNEA
O Serviço Social brasileiro contemporâneo apresenta uma feição acadêmico-
profissional e social renovada, voltada à defesa do trabalho e dos trabalhadores, 
do amplo acesso à terra para a produção de meios de vida, ao compromisso com a 
afirmação da democracia, da liberdade, da igualdade e da justiça social no terreno 
da história. Nessa direção social, a luta pela afirmação dos direitos de cidadania, 
que reconheça as efetivas necessidades e interesses dos sujeitos sociais, é hoje 
fundamental como parte do processo de acumulação de forças em direção a uma 
forma de desenvolvimento social inclusiva para todos os indivíduos sociais.
Esse processo de renovação crítica do Serviço Social é fruto e expressão 
de um amplo movimento de lutas pela democratização da sociedade e do Estado 
no país, com forte presença das lutas operárias, que impulsionaram a crise da 
ditadura militar: a ditadura do grande capital (IANNI, 1981). Foi no contexto 
de ascensão dos movimentos políticos das classes sociais, das lutas em torno da 
elaboração e aprovação da Carta Constitucional de 1988 e da defesa do Estado de 
Direito, que a categoria de assistentes sociais foi sendo socialmente questionada 
pela prática política de diferentes segmentos da sociedade civil. E não ficou a 
reboque desses acontecimentos, impulsionando um processo de ruptura com o 
tradicionalismo profissional e seu ideário conservador. Tal processo condiciona, 
fundamentalmente, o horizonte de preocupações emergentes no âmbito do Serviço 
Social, exigindo novas respostas profissionais, o que derivou em significativas 
alterações nos campos do ensino, da pesquisa, da regulamentação da profissão e 
da organização político-corporativa dos assistentes sociais.
Nesse lapso de tempo, o Serviço Social brasileiro construiu um projeto 
profissional radicalmente inovador e crítico, com fundamentos históricos e teórico-
metodológicos hauridos na tradição marxista, apoiado em valores e princípios 
éticos radicalmente humanistas e nas particularidades da formação histórica do 
país. Ele adquire materialidade no conjunto das regulamentações profissionais: o 
Código de Ética do Assistente Social (1993), a Lei da Regulamentação da Profissão 
(1993) e as Diretrizes Curriculares norteadoras da formação acadêmica (ABESS/
CEDEPSS, 1996, 1997a, 1997b; MECSESU/CONESS/Comissão de Especialistas de 
Ensino em Serviço Social, 1999 MEC-SESU, 2001).
Os(as) assistentes sociais atuam nas manifestações mais contundentes da 
questão social, tal como se expressam na vida dos indivíduos sociais de distintos 
segmentos das classes subalternas em sua relação com o bloco do poder e nas 
iniciativas coletivas pela conquista, efetivação e ampliação dos direitos de cidadania 
e nas correspondentes políticas públicas. 
Os espaços ocupacionais do assistente social têm lugar no Estado – nas 
esferas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário –, em empresas privadas 
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capitalistas, em organizações da sociedade civil sem fins lucrativos e na assessoria 
a organizações e movimentos sociais. Esses distintos espaços são dotados 
de racionalidades e funções distintas na divisão social e técnica do trabalho, 
porquanto implicam relações sociais de natureza particular, capitaneadas por 
diferentes sujeitos sociais, que figuram como empregadores (o empresariado, o 
Estado, associações da sociedade civil e, especificamente, os trabalhadores). Elas 
condicionam o caráter do trabalho realizado (voltado ou não à lucratividade do 
capital), suas possibilidades e limites, assim como o significado social e efeitos na 
sociedade. Ora, as incidências do trabalho profissional na sociedade não dependem 
apenas da atuação isolada do assistente social, mas do conjunto das relações e 
condições sociais por meio das quais ele se realiza. 
Nesses espaços profissionais os(as) assistentes sociais atuam na sua 
formulação, planejamento e execução de políticas públicas, nas áreas de educação, 
saúde, previdência, assistência social, habitação, meio ambiente, entre outras, 
movidos pela perspectiva de defesa e ampliação dos direitos da população. Sua 
atuação ocorre ainda na esfera privada, principalmente no âmbito do repasse 
de serviços, benefícios e na organização de atividades vinculadas à produção, 
circulação e consumo de bens e serviços. Mas eles(as) também marcam presença 
em processos de organização e formação política de segmentos diferenciados de 
trabalhadores (CFESS, 15/05/2008).
Nesses espaços ocupacionais esses profissionais realizam assessorias, 
consultorias e supervisão técnica; contribuem na formulação, gestão e avaliação 
de políticas, programas e projetos sociais; atuam na instrução de processos 
sociais, sentenças e decisões, especialmente no campo sociojurídico; realizam 
estudos socioeconômicos e orientação social a indivíduos, grupos e famílias, 
predominantemente das classes subalternas; impulsionam a mobilização social 
desses segmentos e realizam práticas educativas; formulam e desenvolvem projetos 
de pesquisa e de atuação técnica, além de exercerem funções de magistério, direção 
e supervisão acadêmica.
Os assistentes sociais realizam assim uma ação de cunho socioeducativo 
na prestação de serviços sociais, viabilizando o acesso aos direitos e aos meios 
de exercê-los, contribuindo para que necessidades e interesses dos sujeitos sociais 
adquiram visibilidade na cena pública e possam ser reconhecidos, estimulando a 
organização dos diferentes segmentos dos trabalhadores na defesa e ampliação 
dos seus direitos, especialmente os direitos sociais. 
Afirma o compromisso com os direitos e interesses dos usuários, na defesa 
da qualidade dos serviços sociais.
FONTE: IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na cena contemporânea. In: Serviço Social: 
direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS; ABEPSS, 2009. p. 18-20. 
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:
• A fundamentação histórica

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