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MATERIAL - FALÊNCIA

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TEMA: REQUERIMENTO DE FALÊNCIA POR TECEIROS
Quando requerida a falência por credor, sócio da sociedade devedora, inventariante etc., o empresário deve ser citado para responder no prazo de10 dias (art. 98, da LF). Sua resposta só pode consistir na contestação, já que a lei não prevê a reconvenção ou o reconhecimento da procedência do pedido.
	Se o pedido da falência baseia-se na impontualidade injustificada ou execução frustrada, o devedor pode depositar o valor em juízo acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, no prazo da resposta, trata-se do chamado depósito elisivo.
	Abrem-se quatro alternativas para a resposta do devedor:
a) Ele só contesta: se o juiz acolhe as razões de defesa, profere a sentença negando a falência e condena o autor da ação nas verbas de sucumbência e, eventualmente, em indenização por perdas e danos. Não as acolhendo, deve proferir sentença declaratória da falência.
b) O devedor contesta a ação e deposita o valor constante da petição inicial do credor: o juiz deve apreciar a contestação. Se acolher as razões de defesa, profere sentença negando a falência, condena o requerente nas verbas de sucumbência e eventuais perdas e danos, e determinada o levantamento do depósito efetuado pelo devedor. Se o juiz não acolher as razões de defesa, profere a sentença que nega a falência, condena o devedor ao pagamento da sucumbência e autoriza o requerente a levantar o depósito. Não há o reconhecimento da procedência do pedido de falência apenas porque o devedor efetuou o depósito do valor de sua dívida, devidamente corrigidos e acrescidos dos juros, juntamente com os honorários advocatícios.
c) O devedor só deposita: o juiz profere a sentença que nega a falência, determina ao devedor o pagamento da sucumbência e ao requerente o levantamento do depósito. Como o depósito está desacompanhado de contestação, tem o mesmo efeito do reconhecimento da procedência do pedido.
d) O devedor deixa transcorrer o prazo de 10 dias para contestar e não contesta e nem deposita: o juiz profere a sentença declaratória da falência, instaurando a execução concursal do patrimônio do devedor. 
No prazo da resposta como visto acima, o requerido poderá elidir a falência, depositando o valor da obrigação em atraso. A elisão pode acompanhar a defesa ou ser feita independentemente de resposta. No primeiro caso, tem nítido caráter de cautela, precavendo-se a devedora da hipótese de sua defesa não sensibilizar o magistrado, no segundo, equivale o depósito ao reconhecimento do pedido, em seu molde específico do direito falimentar.
Fato é que, uma vez efetuado o depósito, a decretação da falência está de todo afastada. Elidido o pedido de falência com o depósito judicial do reclamado, essa ação, mesmo para aqueles que não a consideram uma forma de execução individual, converte-se em inequívoca medida judicial de cobrança, já que a instauração do concurso universal dos credores está por completo impossibilitada.
*OBS: Embora a lei não o preveja expressamente, deve ser admitido o depósito elisivo também nos pedidos de credor fundados em ato de falência, já que ele afasta a legitimidade do requerente. Assegurado pelo depósito, o pagamento do crédito por ele titularizado, não tem interesse legítimo na instauração do concurso falimentar. 
TEMA: ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA
	Para a administração da massa falida, atribuiu a lei determinadas funções a três agentes: o juiz, o representante do Ministério Público e os órgãos da falência, sendo estes últimos agentes específicos do processo falimentar são eles: ADMINSTRADOR JUDICIAL, ASSEMBLÉIA DE CREDORES e o COMITÊ DE CREDORES.
	Ao juiz compete presidir a administração da falência, monitorando as ações do administrador judicial. É o juiz, em última análise, o administrador da falência, cabendo-lhe autorizar a venda antecipada de bens (art. 113, da LF), o pagamento dos salários dos auxiliares do administrador judicial (art. 22, III, h, da LF), aprovar a prestação de contas do administrador judicial (art. 154, da LF), e outros atos definidos em lei, de conteúdo exclusivamente administrativo.
	O representante do Ministério Público intervém no feito, no exercício de suas funções constitucionais, de fiscal da lei. Em diversas oportunidades, no transcorrer dos vários procedimentos em que se desdobra a falência, prevê a lei a intervenção do representante do Ministério Público (arts. 8º, 9º, 30 e 132 da LF).
	O juiz e o representante do Ministério Público tem, nesse processo, funções de cunho administrativo ao lado de suas funções próprias institucionais.
	Os órgãos da falência são três: Administrador Judicial, Assembleia de Credores e o Comitê de Credores.	
	A escolha do administrador judicial cabe ao juiz e deve ser profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou, ainda, pessoa jurídica especializada (art. 21, da LF). 
	A função do administrador é indelegável, mas ele poderá contratar profissionais para auxiliá-lo, solicitando, previamente, a aprovação do juiz, inclusive quanto aos seus salários. Quando se trata de advogado, deve-se distinguir entre o contratado para a defesa dos interesses da massa e o contratado para a representação processual do próprio administrador judicial, porque somente os honorários do primeiro podem ser pagos pela massa falida.
	O administrador judicial pode deixar suas funções por substituição ou destituição. No primeiro caso, não há nenhuma sanção que seja aplicada a ele, mas apenas uma providência prevista em lei, tendo em vista a melhor administração da falência. Já a destituição é uma sanção ao administrador judicial que não cumpriu a contento com suas obrigações ou tem interesses conflitantes com os da massa. Um administrador judicial substituído, em determinadas hipóteses, pode voltar a ser nomeado administrador judicial em outra falência; já uma pessoa destituída do cargo judicial não poderá mais ser escolhida par a mesma função em qualquer outra falência nos 5 anos seguintes (art. 30, da LF). 
	São causas para a substituição a renúncia motivada, morte, incapacidade civil ou falência; são causas da destituição a inobservância de prazo legal ou o interesse conflitante com a massa. 
	Quando ocorre a recusa da nomeação ou a falta de compromisso no prazo de lei, o juiz deve nomear outra pessoa para o cargo de administrador judicial.
	O administrador judicial responde civilmente por má administração ou por infração à lei. Até o encerramento do processo falimentar, somente a massa tem legitimidade ativa para responsabilizá-lo, após evidentemente, a sua substituição ou destituição.
	Durante esse prazo, o credor não pode, individualmente, acionar o administrador judicial, cabendo-lhe apenas, requerer a sua destituição. Mas, uma vez encerrado o processo de falência, qualquer credor prejudicado por má administração ou infração à lei poderá promover a responsabilização do administrador judicial, desde que tenha requerido, no momento oportuno, a sua destituição, condição para sua legitimação ao pedido de indenização.
	Dentre os atos processuais de responsabilidade do administrador judicial, devem ser destacados quatro de importância para o desenvolvimento do processo falimentar:
a) Verificação dos créditos: disciplinada nos arts. 7º a 20 da LF, a verificação dos créditos na falência é feita pelo administrador judicial, cabendo ao juiz decidir apenas as impugnações apresentadas pelos credores ou interessados.
b) Relatório inicial: previsto no art. 22, II, e, da LF, este ato deve examinar as causas e circunstâncias que acarretam a falência, bem como apresentar uma análise do comportamento do falido com vistas a eventual caracterização de crime falimentar, por ele ou outra pessoa, antes ou depois da decretação da falência. O relatório é apresentado nos 40 dias seguintes à assinatura do termo de compromisso.
c) Contas mensais: o administrador judicial deve, até o décimo dia de cada mês, apresentar ao juiz para juntar aos autos a prestação de contas relativa ao período mensal anterior.Nela deve estar especificada com clareza a receita e despesa da massa falida (art. 22, III, p).
d) Relatório final: previsto no art. 155, da LF, deve ser elaborado pelo administrador judicial no prazo de 10 dias contados do término da liquidação e do julgamento de suas contas. Contém o valor do ativo e do produto de sua realização, bem como o do passivo e dos pagamentos feitos, e, senão foram totalmente extintas as obrigações do falido, o saldo cabível a cada credor, especificando justificadamente as responsabilidades com que continua o falido. Este relatório final é o documento básico para a extração das certidões judiciais representativas do crédito remanescente perante o empresário falido.
O Administrador Judicial deve prestar contas de sua administração em três hipóteses: ordinariamente, a cada mês e ao término da liquidação e, extraordinariamente, quando deixa as suas funções, seja por substituição, seja por destituição. A prestação de contas será autuada em separado e julgada após aviso aos credores e ao falido, para eventual impugnação no prazo de 10 dias, e oitiva, em 5 dias, do Ministério Público. Havendo impugnação, ouve-se a respeito o administrador judicial. Em seguida, as contas são julgadas pelo juiz. Tendo ocorrido êxito na impugnação, o juiz pode, na sentença decretar a indisponibilidade ou o sequestro de bens do administrador judicial, para garantia da indenização da massa.
A assembleia de credores, na falência, tem competência para (art. 35,II, da LF):
a) Aprovar a constituição do comitê de credores e eleger os seus membros;
b) Adotar modalidades extraordinárias de realização do ativo do falido;
c) Deliberar sobre assuntos de interesse geral dos credores.
É o órgão integrado por todos os credores da massa falida.
O comitê de credores é composto por um representante dos credores trabalhistas, um dos titulares de direitos reais de garantia e privilégios especiais e um dos demais (cada qual com dois suplentes) eleitos pela assembleia. Sua função mais importante é a de fiscalizar o administrador judicial (art. 27, I, a). 
TEMA: DA UNIVERSALIDADE DO JUÍZO FALIMENTAR.
Quanto a Universalidade do juízo falimentar, dispõe o Art. 76 que; “O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo”.
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo”.
O Juízo da falência é universal, ou seja, todas as ações referentes aos bens, interesses e negócios da massa falida serão processadas e julgadas pelo juízo perante o qual tramita o processo de execução concursal por falência. É a chamada aptidão atrativa do juízo falimentar, ao qual conferiu a lei competência para conhecer e julgar todas as medidas judiciais de conteúdo patrimonial referentes ao falido ou à massa falida.
Se, por exemplo, ocorrer acidente de trânsito envolvendo veículo pertencente a uma companhia, por culpa do motorista empregado desta, e, em seguida, for declarada a sua falência, a ação de indenização a ser promovida pelo proprietário do outro veículo correrá perante o juízo universal da falência, não se aplicando a regra do art. 53, V, do Novo CPC, dispondo que: “é competente o foro de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves”
Porém, em 05 hipóteses, contudo, abrem-se exceções ao princípio da universalidade do juízo falimentar:
a) Ações não reguladas pela Lei de Falências em que a massa falida for autora ou litisconsorte ativa; no exemplo acima, se o culpado pelo acidente não o foi o motorista do veículo da sociedade empresária ou do empresário individual, a massa falida será titular do direito de indenização e deverá demandar o responsável pelo dano perante o juízo competente, nos termos da regra do Código de Processo Civil;
b) Ações que demandam quantia ilíquida, independentemente da posição da massa falida na relação processual, também não são atraídas pelo juízo universal da falência, caso já estivessem em tramitação ao tempo da decretação desta (LF, art. 6º, § 1º); nesse caso, elas continuam se processando no juízo ao qual haviam sido distribuídas; imagine que o culpado pelo acidente de trânsito era o motorista empregado da sociedade empresária ou do empresário individual e que a ação de indenização proposta pela vítima já corria quando foi decretada a falência da demandada; como se trata de ação referente a quantia ilíquida, o juízo falimentar não terá força atrativa;
c) Reclamações trabalhistas, para as quais é competente a Justiça do Trabalho, em razão de norma constitucional (CF, art. 114);
d) As execuções tributárias, que, segundo o disposto no art. 187 do CTN, nem a habilitação na falência; a mesma regra excludente da universalidade aplica-se aos créditos não tributários inscritos na dívida ativa, segundo a Lei n. 6.830/80;
e) Ações de conhecimento de que é parte ou interessada a União, entidade autárquica ou empresa pública federal, hipótese em que a competência é da Justiça Federal (CF, art. 109, I); se aquele acidente de trânsito envolvesse um veículo da sociedade empresária ou do empresário posteriormente declarado falido e, imagine-se, um pertencente à Caixa Econômica Federal (empresa pública sob controle da União), a ação de indenização teria curso perante a justiça federal, seja proposta pela massa falida ou contra ela. Atenção! Claro está que a competência para o processo da falência não se desloca para a Justiça Federal, em nenhuma circunstância, nem mesmo se a União tiver interesse na cobrança de um crédito e, a despeito da garantia do art. 187 do CTN, resolva habilitá-lo no processo falimentar. É ação de conhecimento referente a obrigação ilíquida de que seja parte a massa falida, de um lado, e a União, entidade autárquica ou empresa pública federal, de outro, que não se encontra sujeita à universalidade do juízo falimentar. 
· OBS: CREDORES FICAIS
Dentre as classes dos credores da falida, há os créditos públicos, isto é, os disciplinados pelo direito público. São créditos titularizados pelo Estado ou por ente ao qual a lei estende as garantias e prerrogativas deste. 
Engloba, assim os créditos fiscais (do Estado e seus desmembramentos) e os parafiscais (dos entes aos quais foram estendidos as garantias e prerrogativas do Estado).
Dividem-se os créditos fiscais em TRIBUTÁRIOS e NÃO TRIBUTÁRIOS, isto é, os direitos creditícios titularizados pelo estado podem recorrer de inadimplemento pelo falido de obrigação relativa a tributo (impostos, taxas, contribuições) ou relacionada a qualquer outra causa (p.ex: indenização por acidente de trânsito, descumprimento de contrato de fornecimento de bens ou serviços, prejuízos derivados da má execução de obra etc.).
Os créditos fiscais podem ser inscritos na dívida ativa, nos termos da Lei n. 6.830/80 (Lei das Execuções Fiscais). A União, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios e as autarquias (fundacionais ou corporativas) podem inscrever na dívida ativa qualquer crédito que titularizem, tributários ou não tributários.
Desta forma, uma vez inscrito na dívida ativa, pode-se promover a execução contra o contribuinte que não pagou o imposto (crédito fiscal tributário) e contra o motorista responsável pelo acidente de trânsito que danificou veículo do Estado (crédito fiscal não tributário). 
É importante ressaltar que para fins de classificação do crédito na falência, contudo, o administrador judicial deve atentar para uma sutil nuança do direito positivo. Quando o TRIBUTO (crédito fiscal tributário) não é pago no vencimento, a Administração Pública, não tem outra alternativa senão inscrever o correspondente crédito fiscal na dívida ativa (CTN,art. 201). Trata-se de ato administrativo vinculado. Os créditos contra a falida de natureza tributária, sempre estarão inscritos na dívida ativa E DEVERÃO SER PAGOS PELO ADMINISTRADOR JUDICIAL logo após os trabalhista e os credores com garantia real (CTN, art. 186, §2º, I). 
Quanto aos créditos fiscais NÃO TRIBUTÁRIOS, por sua vez, o Poder Público pode optar por inscrevê-los ou não na dívida ativa. Definir a melhor forma de cobrá-los é ato discricionário. Em relação a estes o Administrador Judicial deve guiar-se por critério estritamente formal: quando inscrito na dívida ativa, o crédito não tributário do estado tem a mesma classificação do tributário (Lei n. 6.830/80, art. 4º, § 4º) e deve ser pago igualmente após os trabalhistas e equiparados e os credores com garantia real, mas, quando não está inscrito, sua classificação correta é a dos quirografários, devendo o administrador judicial processar o pagamento junto com os dos demais credores dessa categoria. 
Os CRÉDITOS PARAFISCAIS são as contribuições para entidades privadas que desempenham serviço de interesse social, como o Serviço Social do Comércio – Sesc, o Serviço Nacional da Indústria – Senai e assemelhados, ou para programa social administrado por órgão do governo, como o Programa de Integração Social – PIS. Se o falido era devedor dessas contribuições, o administrador judicial deverá realizar o pagamento junto com os créditos fiscais.

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