Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO GRANDE ABC JULIANO MACHADO LINO EFEITOS ECONÔMICOS DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 95, APÓS TRÊS ANOS DE SUA PROMULGAÇÃO São Bernardo do Campo 2019 Sumário 1 Introdução…………………....……………………………………….. 3 2 Fundamentação teórica……………………………………………….. 4 2.1 Teoria do crescimento das despesas públicas……....………................ 4 2.2 Correntes teóricas do crescimento das despesas públicas………….... 9 2.2.1 Public Choice……………………………………………………….. 10 2.2.2 Estudo de Niskanen…………………………………………………. 10 2.2.3 Giacomoni e linha econômica da burocracia………………………... 11 2.3 Regras fiscais…………………………………………………………12 3 Contexto histórico e diagnóstico das contas públicas na propositura da EC nº95…………………………………………………………….... 14 3.1 Argumentos favoráveis e contrários a EC nº95……………...……… 15 4. Estrutura normativa e sistemática de aplicabilidade da EC nº 95….. 16 4.1 Aplicabilidade da EC nº 95…………………………………………. 16 4.2 Metodologia da EC nº 95…………...………………………………. 17 4.3. Reflexos na autonomia dos demais Poderes………………………… 18 4.4 Reflexos no ciclo orçamentário da Lei de Orçamento Anual (LOA).. 18 4.5 Compensação de limites…………………………………………….. 19 4.6 Vedações criadas pela EC nº 95………………………………………19 4.6.1 Vedações Gerais…………………………………………………….. 19 4.6.2 Específica para o Poder Executivo………………………………….. 20 4.6.3 Contagiantes do Órgão para o Poder………………………………... 20 4.6.4 Vinculadas ao Órgão Autônomo……………………………………. 21 4.7 Casos especiais……………………………………………………… 21 4.8 Reflexos sobre demais dispositivos de metas fiscais……………….. 21 5 Análise dos Dados…………………………………………………... 21 6 Conclusão………………………………………………………….... 35 1 7 Referências Bibliográficas………………………………………….. 36 8 Apêndice 1…………………………………………………………... 38 Resumo O Brasil tem experimentado um conjunto de transformações constitucionais e legais, com reflexos na participação do Estado na Economia, isto é, nas finanças públicas. Dentre as mudanças recentes mais expressivas, destaca-se a Emenda Constitucional (EC) nº 95, também conhecida por Emenda do Teto dos Gastos Públicos. Essa EC trata da imposição de limites ao crescimento dos gastos do Governo Central, ou seja, do Governo Federal. Portanto, observa-se nela uma tentativa de conter a trajetória ascendente dos gastos governamentais para o curto e longo prazos, com impactos significativos sobre a Economia brasileira, uma vez que, tais gastos representam parcela relevante do PIB brasileiro. Assim, passados aproximadamente três anos de sua promulgação, já é possível verificar os seus reflexos sobre as finanças públicas e na Economia Nacional. Logo, este trabalho de monografia busca compreender os resultados alcançados até o momento pela EC nº 95 e suas projeções para os demais anos de sua vigência. Palavras-chave: Teto dos Gastos, EC nº 95, Resultado Primário, Dívida Pública, Finanças Públicas. 1. Introdução A Emenda Constitucional (EC) nº 95, conhecida por Emenda do Teto dos Gastos Públicos, foi promulgada em 15 de dezembro de 2016, sendo a sua vigência para os próximos vinte anos, ou seja, ela abrange o período de 2017 a 2036. Proposta sobre a ideologia do “não 2 há alternativa” , seu principal objetivo, ao instituir o Novo Regime Fiscal (NRF), é congelar 1 o orçamento primário em termos reais, pelo menos até o final de 2025. Em outras palavras, a EC nº 95 visa conter a trajetória ascendente das despesas primárias relativas a Pessoal, Saúde, Educação, Previdência, Programas Sociais e Investimentos, a partir de 2002, e agravada no biênio 2013-2014, conforme se observa no gráfico 1.1. Por conseguinte, deseja-se estabilizar a razão dívida/PIB, a qual saltou de 51,7% em 2013 para 67,5% em abril de 2016 , e ,assim, 2 solucionar a atual crise fiscal do Estado. Na verdade, imaginava-se que no curto prazo o NRF resultaria em menor necessidade de financiamento do setor público (NFSP) e, consequentemente, em maior superávit primário, com a expectativa de que posteriormente houvesse uma melhora nos demais agregados econômicos, dentre eles, a retomada do crescimento econômico, redução da taxa básica de juros, aumento do nível de investimentos e empregos. Outros argumentos utilizados para a aprovação da EC nº 95 referem-se ao progresso na distribuição de recursos no orçamento e estabilização do crescimento real da despesa pública acima da inflação, após 2008. 1 CARCANHOLO, 53. 2 EMI 0083/2016 3 Entretanto, nesses três primeiros anos pós EC nº 95, percebe-se no Brasil apenas a estabilização do déficit público, dada pela manutenção do nível de despesas, sem a considerável redução esperada do déficit no momento de sua propositura. Não se nota também nenhuma evolução significativa no crescimento do PIB, tão pouco na distribuição dos recursos orçamentários, capaz de viabilizar o investimento público, a diminuição do desemprego e, assim, o desenvolvimento econômico . Por outro lado, tem-se a queda na taxa 3 básica de juros e da inflação, aos menores níveis históricos. Porém, estas decorrem do alto nível de ociosidade da Economia nacional, combinada com a enorme liquidez externa dos países centrais. Apesar da queda na taxa básica de juros contribuir para melhora da estabilização da relação dívida/PIB, não tem sido suficiente para ampliar o nível de investimento e, à vista disso, dinamizar o PIB. Como trata-se de uma limitação fiscal para a realização de despesas, o Governo brasileiro optou por introduzi-la na Constituição Federal. Tal caminho tem como finalidade evitar qualquer mudança posterior a sua aprovação, visto que, o rito das Emendas Constitucionais é mais rígido do que os demais ritos legislativos. Outro aspecto a ser considerado é quanto ao tipo de regra fiscal adotada. Já que se refere a uma limitação fiscal voltada para despesas, esta tem características econômicas que resultam na maior contenção dos gastos discricionários, sendo o investimento público o mais afetado. 2. Fundamentação Teórica Para compreender a EC nº 95 e seus efeitos, torna-se necessário o estudo das teorias de crescimento das despesas públicas e das regras fiscais. Sendo assim, nos próximos tópicos serão apresentados as principais teorias e autores nesse campo da Economia. 3 As variáveis macroeconômicas de taxa de juros, desemprego, taxa de câmbio, PIB e seus correspondentes gráficos são apresentados neste trabalho para contextualizar o cenário econômico brasileiro atual com o apresentado na EMI 0083/2016. . 4 2.1 Teoria do crescimento das despesas públicas 4 Uma característica marcante do século XX é o crescimento das despesas públicas, sendo a mais antiga contribuição nesse campo de estudo atribuída ao economista alemão Adolf Wagner, por volta de 1880. Ele formulou a chamada Lei do Crescimento Incessante das Atividades Estatais, também conhecida por Lei de Wagner . Segundo essa lei, tem-se que: “À medida que cresce o nível de renda em países industrializados, o setor público cresce sempre a taxas mais elevadas, de tal forma que a participação relativa do governo na economia cresce com o próprio ritmo de crescimento econômico do país.”Torna-se evidente, que a Lei de Wagner não faz distinção entre os tipos de despesas públicas. Entre 1910 e 1960, Richard Bird buscou comprová-la, pesquisando o Reino Unido, Alemanha e Suécia. Em suas observações, Bird apontou três causas e justificativas determinantes para a evidência formulada por Wagner, as quais são apresentadas na tabela 2.1. Tabela 2.1 - Causas do crescimento despesas públicas para Richard Bird Causas Justificativas 1. Crescimento das funções administrativas e de segurança do Estado. O crescimento das despesas públicas com Segurança, Educação, Saúde e funções administrativas do Estado decorre da complexidade da vida moderna ,dada pela urbanização e industrialização, pois as cidades favorecem a difusão de novos padrões de comportamento, bem como a articulação de interesses reivindicatórios, por parte dos grupos sociais, junto ao governo. 4 GIACONOMI, 7 a 17 5 2. Crescentes demandas por maior bem estar social (saúde e educação). 3. Maior intervenção direta e indireta do governo no processo produtivo. Deriva-se do papel dinamizador do Estado no desenvolvimento econômico, especialmente no fornecimento de infraestrutura e na capacidade de neutralizar certos excessos monopolizadores do mercado. Outro estudioso da Lei de Wagner foi Gehard Colm. Na tabela 2.2, a seguir, um breve resumo de suas causas e justificativas . Tabela 2.2 - Causas do crescimento das despesas públicas segundo Gerhard Colm 1. Necessidade de Serviços Públicos. O governo aumenta seu raio de ação, conforme a existência de demanda por seus serviços. 2. Desejo de melhores serviços públicos 3. Os recursos disponíveis para utilização pelo governo O governo possui facilidades na geração de recursos e isso estimula a oferta de bens e serviços. 4. O custo dos serviços públicos Os serviços públicos são pouco suscetíveis ao emprego de fórmulas racionalizadoras, que visam a redução de seus custos. Na visão de Musgrave, Rostow e Herber , no tocante à Lei de Wagner, a magnitude 5 dos gastos públicos está relacionada aos estágios de desenvolvimento dos países. Em situações de baixo desenvolvimento, a participação do governo na Economia é relevante e produz maiores gastos públicos. Já nas circunstâncias de médio desenvolvimento, o governo atuaria de forma complementar à iniciativa privada. Desse modo, os gastos não seriam tão elevados nessa etapa de evolução. E, finalmente, para o período de alto desenvolvimento, os gastos públicos voltariam a crescer em razão dos fatores da Lei de Wagner (urbanização, 5 DE TONI, 73 6 mudanças demográficas e concentração da atividade econômica). A figura 2.1 exibe uma representação do crescimento dos gastos do governo, conforme o nível de desenvolvimento. Outra formulação para o crescimento das despesas públicas é atribuída a Peacok & Wiseman. Para eles , “o crescimento dos gastos governamentais é muito mais em função das possibilidades de obtenção de recursos, do que da expansão dos fatores de crescimento da demanda de serviços produzidos pelo governo” . Infere-se, portanto, que na visão de Peacok & Wiseman o crescimento do Estado está limitado pelas fontes de recursos. Figura 2.1 . Representação do crescimento dos gastos do governo conforme o nível de desenvolvimento, conforme a interpretação de Musgrave, rostow e Heber a Lei de Wagner. Peacok & Wiseman explicam o mecanismo de geração de recursos da seguinte forma: “ A demanda de bens e serviços públicos por parte dos indivíduos é anulada pela não disposição dos mesmos indivíduos em contribuir via sistema tributário para o financiamento dos encargos decorrentes desses bens e serviços.” Assim, para Peacok & Wiseman, no estado de normalidade e estabilidade econômica, os indivíduos resistem ao aumento de tributos e, somente nas situações de caráter excepcional, com o equilíbrio rompido, passam a reconhecer a importância da ação pública 7 naquele momento , não se opondo ao aumento da carga tributária. Em seguida, ao cessar a anormalidade, continuam aceitando os novos tributos em níveis superiores aos registrados antes da calamidade. Tal fato ficou conhecido por Efeito Translação de Peacok & Wiseman. Posteriormente, Musgrave & Musgrave identificaram que a razão entre os gastos totais e o produto nacional bruto (PNB) cresceu significamente nos dois conflitos mundiais. Logo após, esses níveis caíram, mas se mantiveram num patamar acima do registrado anteriormente, conforme dito acima. No Brasil, o Efeito Translação de Peacok & Wiseman foi estudado por Fernando Rezende, que o identificou em três momentos: I. crescimento da despesa pública decorrente da participação do País na Segunda Guerra Mundial; II. no governo Juscelino Kubistschek, em razão do programa desenvolvimentista; III. no período de 1965 a 1969, devido às políticas econômicas de combate à inflação e o crescimento econômico. Contudo, tanto Musgrave & Musgrave , quanto Rezende, não perceberam no Efeito Translação, a explicação definitiva para o crescimento das despesas públicas. Em resumo, o Efeito Translação ocorre nas situações de calamidade pública e só assim os governos conseguem elevar os gastos públicos. Nesse cenário, tributa-se o máximo permitido pela oferta de bens e serviços. Em outros períodos, ou seja, em épocas de estabilidade econômica, sempre haverá resistência por parte da população, em relação ao aumento de tributos. Outros teóricos do crescimento dos gastos do Estado foram Baer, Newfarmer e Trebat. Eles fizeram um importante questionamento, dado por: quais atribuições econômicas do governo têm crescido nos períodos caracterizados pelo Efeito Translação? A partir daí, foram identificadas três hipóteses sobre a alocação de recursos públicos. Na tabela 2.3, aponta-se as respectivas hipóteses: Tabela 2.3 - Hipóteses de Baer, Newfarmer e Trebat para o crescimento do Estado 8 1 O forte aparato econômico do governo é coadjuvante do mercado, cujas forças orientam o crescimento econômico. As empresas estatais surgem e se expandem em função de uma demanda não atendida pelo setor privado e o planejamento governamental tem como objetivo básico facilitar o aporte de poupança para os setores privados produtivos mais importantes. 2 A ação governamental está a serviço dos setores privados nacionais e estrangeiros. O setor público seria controlado pelo capital privado, que necessitaria do planejamento público e de investimentos de infraestrutura para os setores produtivos importantes. 3 A tecnologia se constitui em elemento novo e importante no processo de alocação de recursos. Atrás de uma retórica defesa de livre iniciativa, foram criadas condições para a expansão do Estado por meio da multiplicação das unidades descentralizadas: as estatais. A tecnoburocracia comandaria uma espécie de “ Estado dentro do Estado” Por fim, a tabela 2.4 traz um resumo das explicações e justificativas para o crescimento das despesas públicas. Tabela 2.4 - Explicações e justificativas para o crescimento das funções do Estado Explicação Justificativa O crescimento da renda per capita resulta no aumento de demanda por bense serviços públicos O crescimento da renda per capita gera aumento da demanda de bens públicos de consumo, reivindicações por programas culturais, lazer, saúde e educação superior. Mudanças tecnológicas Alguns saltos tecnológicos dão origem a um grande aumento dos gastos públicos. Exemplo: a invenção do motor combustão significou total revolução nos métodos de transporte, exigindo rodovias que são de competência do Estado. Mudanças populacionais Alterações na taxa de crescimento populacional refletem-se no gasto público. Exemplo: se a taxa de natalidade é alta, o Estado aumentará suas despesas com educação; se a expectativa de vida aumenta, crescem as despesas previdenciárias Os custos relativos dos serviços públicos As atividades estatais são pouco suscetíveis ao emprego de técnicas de racionalização e de novas tecnologias que visam à diminuição de custos. 9 Mudanças no alcance das transferências sociais Os benefícios sociais (atendimento médico hospitalar; diminuição do tempo de serviço para aposentadoria, incorporação de vantagens concedidas aos empregados em atividade) foram ampliados sem a devida fonte de financiamento. Efeito limite e finanças de guerra Fatores políticos e Sociais Novos grupos sociais que passam a ter representatividade e força política, gerando novas demandas por empreendimentos públicos. 2.2 - Correntes teóricas do crescimento das despesas públicas Na Economia, existem diversas correntes doutrinárias, as quais buscam compreender o crescimento das despesas públicas. Dentre elas, destacam-se as correntes neoclássicas, keynesianas e neo-institucionais. Para os neoclássicos, o Estado não deveria interferir nesse setor. Eles defendem a teoria do Estado-mínimo. De modo diverso, os keynesianistas entendem que deverá haver a intervenção do Estado na Economia, sempre que necessário, para se evitar recessões. Como decorrência das concepções neoclássica e keynesiana, o pensamento econômico nos países capitalistas, neste século, geralmente, tem visto a alocação de recursos pelo setor público como um processo cumpridor da racionalidade intrínseca do sistema de mercado. Essa corrente racionalista tem recebido críticas da corrente neo-institucionalistas, a qual afirma que a teoria keynesiana é estabelecida como se emanasse de déspotas benevolentes e oniscientes. Em síntese, os neo-institucionalistas censuram os neoclássicos e keynesianos, por não considerarem o interesse pessoal das decisões dos agentes. Dessa maneira, os neo-institucionalistas partem da premissa de que os agentes públicos também atuam como agentes econômicos e ,assim, estes buscam maximizar o retorno de suas decisões sobrepondo o interesse pessoal. Sendo assim, as decisões dos agentes políticos são viesadas e, por conseguinte, os seus resultados são capazes de gerar mais despesas públicas. Nesse caso, pode-se dar como exemplo o processo de reeleição, em que o político eleva os gastos públicos, na tentativa de manter-se no cargo. 10 2.2.1 - Public Choice Uma das correntes neo-institucionalistas de maior notoriedade é a “public choice”, também denominada de teoria da escolha pública. Ela considera como causa principal do crescimento das despesas públicas, a diversidade existente entre o processo político e o processo de mercado. Sob essa ótica, tem-se como exemplo, as classes de menor poder aquisitivo, as quais utilizam o processo político na busca de um incremento, mesmo indireto, de suas rendas. Na sequência, o agente eleito por essa classe procura aumentar as despesas públicas, com o objetivo de privilegiar ou agradar sua base política e, à vista disso, garantir a sua reeleição. Observa-se, assim, a busca pela maximização do retorno pessoal com impactos sobre o orçamento público, conforme tratado na seção anterior. 2.2.2 - Estudo de Niskanen Outro estudo importante da corrente neoinstitucionalista é o de William Niskanen . Este afirma que os burocratas (servidores públicos) configuram a organização produto/ produtora encarregada da provisão de bens e serviços a certa clientela, recebendo do setor patrocinador (os níveis políticos do Governo, inclusive Legislativo) determinado volume de recursos programados (o orçamento). Nesse modelo, o burocrata é um maximizador do orçamento, que buscará a todo custo majorar o seu salário independentemente do crescimento do PIB ou Efeito Translação. 2.2.3 - Giacomoni e linha econômica da burocracia De acordo com Giacomoni, não existem estudos na linha econômica da burocracia. Em um plano mais geral, estão os estudos de Bresser Pereira, o qual afirma que o modo de 11 produção capitalista (MPC) mais presente na Inglaterra está sendo substituído pelo modo de produção tecnoburocrático (MPT), sistema de dominante nas sociedades soviética e chinesa. Nas situações intermediárias, nos países em desenvolvimento e até mesmo nos desenvolvidos, encontram-se traços dos dois modos de produção. Esse sistema híbrido pode ser constatado no Brasil e apresenta as seguintes características constantes na tabela 2.5 abaixo. Tabela 2.5 - Características de um Sistema Híbrido (MPC para MPT) 1 O capital privado é dominante, mas é evidente a progressiva ocupação de espaços econômicos pelo capital estatal. 2 O mercado se responsabiliza pela formação de alguns preços, todavia, boa parte deles é fixada, seja por meio dos controles e da ação monopolista do Estado, ou pelos Oligopólios Privados. Exemplo: IPCA, em que uma parte é composta por preços controlados e a outra por preços não controlados. 3 Ao lado das classes burguesa e trabalhadora começa a surgir, de forma bem delineada, a classe tecnoburocrática, isto é, os técnicos das mais diversas áreas que, baseados no conhecimento (competência), ascendem ao comando das organizações privadas e públicas. 2.3 Regras fiscais As regras fiscais são mecanismos que visam garantir a sustentabilidade das finanças públicas. Para tanto, são usados limites numéricos, com a finalidade de corrigir distorções, bem como conter as pressões sobre os gastos públicos. Além disso, elas servem de parâmetro de comparação das finanças públicas entre países. . Em nosso País, há regras fiscais constitucionais e legais. Dentre as regras fiscais constitucionais destacam-se a Regra de Ouro, o Teto dos Gastos Públicos e a regra do § 5º do art. 195. A Regra de Ouro é considerada uma das mais importantes regras fiscais, pois proíbe o endividamento dos governos para financiar despesas correntes (salários, benefícios 12 previdenciários e assistenciais, funcionamento máquina pública, etc.). De acordo com essa regra, as operações de crédito não podem ser superiores às despesas de capital (investimentos públicos, inversões financeiras, amortização da dívida). Em relação ao Teto dos Gastos Públicos, este é recente no Brasil e trata-se de uma regra fiscal com foco na contenção da despesa do Governo Central. Quanto às regras fiscais legais, considera-se como exemplos, a meta de resultado primário presente na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), os limites de despesascom pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e os limites para dívida e contratação de operações de crédito das Resoluções do Senado Federal. Outra forma de se classificar as regras fiscais é de acordo com o seu objetivo, o que permitirá verificar a eficácia da regra fiscal sobre as finanças públicas. A tabela 2.6 descreve as regras fiscais vigentes no Brasil, conforme o objetivo econômico e sua base legal.. Tabela 2.6: Regras fiscais vigentes no Brasil 6 Regra Fiscal Descrição Objetivo Base Legal Regra de Ouro Proíbe a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital. Resultado art. 167, inc.III (CF) art. 32, §3º (LRF) Res. SF 48/2007 Teto dos Gastos Públicos * Define um limite para o montante das despesas primárias, equivalente ao do ano anterior, corrigido pela inflação. Esse limite é individualizado por Poder e Órgão Autônomo. Despesa arts. 106 a 114 (ADCT) Geração de despesas da Seguridade Social Veda a criação, majoração ou extensão de benefícios, ou serviços da Seguridade Social, sem correspondentes fontes de custeio. Despesa art. 195, § 5º (CF) Meta de resultado primário Fixa, anualmente, na LDO, a meta de resultado primário a ser perseguida no Exercício a que a lei se refere. Resultado art. 4º, § 1º (LRF) Geração de despesa obrigatória Não permite a criação ou aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado. sem a demonstração da origem dos recursos para seu custeio. Efeitos financeiros devem ser compensados Despesa art. 113, ADCT 6 Instituição Fiscal Independente, 2018. 13 por aumento permanente de receita, ou redução constante de despesa art. 17 LRF Renúncia de receitas Impede a concessão de renúncia de receita,quando não há demonstração de que o benefício não afetará as metas fiscais e também não apresentar medidas de compensação por aumento de receita Receita art. 113 (ADCT) art. 14 (LRF) Limite de despesas com pessoal Define limites para a despesa total com pessoal, em função da receita corrente líquida do ente. Os limites são fixados por esfera da federação e, em cada uma delas, por Poder e Órgão Autônomo. Despesa art. 169 (CF) art. 19 (LRF) Limite da dívida consolidada ** Determina limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Os limites são definidos pelo Senado Federal, mediante proposta do Presidente da República Dívida art. 52, VI (CF) art. 30, inc. I (LRF) Res. SF 40/2001 Limite da dívida mobiliária ** Estabelece limites globais para o montante da dívida mobiliária da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O limite da União é definido pelo Congresso Nacional, por proposta do Presidente da República. Os limites dos demais entes são definidos pelo Senado Federal, mediante proposta do Presidente da República. Dívida art. 48, XIV (CF) art. 52, inc.IX (CF) art. 30, inc I (LRF) art. 30, inc II (LRF) Res. SF 40/2001 Limite para operações de crédito Estipula limites globais para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Os limites são definidos pelo Senado Federal, mediante proposta do Presidente da República. Dívida art. 52, VII (CF) art. 30, I (LRF) Res. SF 48/2007 Res. SF 43/2001 Limites para concessão de garantia em operações de crédito Cria limites para concessão de garantia em operações de crédito externo e interno. Os limites são definidos pelo Senado Federal, mediante proposta do Presidente da República. Dívida art. 52, VIII (CF) art. 30, I (LRF) Res. SF 48/2007 *Somente para a União e vigente até 2036 ** Não instituído na União, nos demais entes está vigente 3. Contexto histórico e diagnóstico das contas públicas na propositura da EC nº95 14 Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, as despesas do Governo Central têm aumentado acima do PIB. Dentre os fatores responsáveis por esse crescimento, pode-se mencionar a maior urbanização do País e o caráter de Estado dirigente presente nesta Constituição. Desta maneira, decorreu-se a ampliação de políticas e os programas sociais, na tentativa de tornar o Brasil um Estado de Bem estar Social. No entanto, conforme se observa na figura do gráfico 3.1, foi durante o período de 2010 a 2015 que o crescimento das despesas públicas se assentou e ultrapassou o nível de receitas necessárias para mantê-los. Vários fatores contribuíram para essa distorção, dentre eles o prolongamento das políticas fiscais anticíclicas de combate a Crise Econômica Mundial de 2008 e o quadro recessivo que se instalou no Brasil no triênio 2014-2016. Diante desse quadro de desequilíbrio fiscal, o então Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, submeteu ao Presidente da República em exercício daquela época, Michel Temer, a Proposta de Emenda à Constituição nº 241 (PEC 241). Na Exposição de Motivos (EMI) nº 00083/2016 MF-MPDG, encontra-se o relato do diagnóstico fiscal e as razões para a propositura da EC. Ela destaca a evolução acelerada da relação dívida/PIB , que em 2013 era de aproximadamente 54%, chegou a 70% do PIB em 15 2016 , conforme se observa na figura do gráfico 3.2. Outro aspecto da EMI, mas não é objeto desta monografia, é a presença da ideologia do “não há alternativa” ¹. 3.1 Argumentos favoráveis e contrários a EC nº95 A EC nº 95 foi objeto de grande discussão nacional e aqui serão ressaltados os principais argumentos favoráveis e contrários à referida Emenda. Na avaliação daqueles que a defendem, haveria reequilíbrio das Contas Públicas e consequente redução das taxas de juros, com a retomada da confiança dos agentes públicos, promovendo assim uma aplicação mais eficiente dos recursos públicos. Ocorreria ainda a eliminação da tendência de crescimento real do gasto público, com a queda substancial em relação ao PIB, ou seja, tornando sustentável. Outro aspecto defendido pelos favoráveis a EC nº 95 refere-se a previsibilidade da política macroeconômica. Tudo isso iria contribuir para a geração de emprego e renda. Já na visão dos técnicos que se opõem à EC 95, esta provocaria a redução dos investimentos públicos e o desmonte do Estado, agravando a recessão e 16 tornando a prestação dos serviços públicos precária, o que afetaria diretamente as políticas sociais. Tais argumentos servem de norte para verificação dos resultados da EC nº 95. 4. Estrutura normativa e sistemática de aplicabilidade da EC nº 95 A EC nº 95 altera Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) para instituir o Novo Regime Fiscal (NRF), no âmbito dos Orçamentos Fiscais (OF) e da Seguridade Social (OSS) da União. Essa alteração está descrita nos artigos 106 a 114 do ADCT. Em linhas gerais, o NRF fixa limites individualizados para as despesas primárias dos Poderes e Órgãos Autônomos, integrantes daqueles orçamentos, pelo período de vinte exercícios financeiros. Logo, nesta seção tem-se a mecânica de funcionamento da EC nº 95, sendo seu principal destaque o limite de gastos instituído para Órgãos e Poderes. A análise do conteúdo normativo da EC nº 95 e sua sistemática de aplicabilidade é importante para a compreensão dos gastos atingidos pelo NRF.4.1 Aplicabilidade da EC nº 95 O art. 106, do ADCT, institui o NRF para as despesas primárias do OF e da OSS da União, pelo período de vinte exercícios financeiros. Logo, entende-se que o NRF não se aplica aos Estados e Municípios, nem às despesas financeiras. Da redação dos incisos I a IV, do art 107, constam os Poderes e Órgãos Autônomos que estão obrigados a cumprir e atender os limites da EC nº 95. Destaca-se a preocupação do Constituinte Reformador em tratar os limites dos gastos de forma individualizada, por Poder e Órgãos Autônomos. 17 Abaixo, a Tabela 4.1 apresenta a relação dos Poderes e Órgãos Autônomos onde a EC nº 95 é aplicada. Tabela 4.1 - Poderes e Órgãos da EC nº 95 Poder Órgão Autônomo Executivo todos os Órgãos Legislativo Câmara dos Deputados, Senado Federal e TCU Judiciário Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça Conselho Nacional de Justiça, Justiça do Trabalho, Justiça Federal, Justiça Militar da União, Justiça Eleitoral*, Justiça do Distrito Federal e Territórios Ministério Público da União e Conselho Nacional do Ministério Público Defensoria Pública da União 4.2 Metodologia da EC nº 95 Entre os § 1º e § 11º, do art. 107, encontram-se a metodologia de aplicabilidade da EC nº 95, tendo os seguintes destaques: a) 2017, corresponde ao ano 1 de aplicação da EC; b) A base de cálculo dos limites individuais corresponde à despesa primária paga, ou seja, o somatório dos Empenhos e Restos a Pagar (RP) pagos em 2016 vezes corrigidos por 7,2%; c) de 2018 a 2036, o limite de gastos corresponde ao limite do ano 1 (2017) corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano anterior; d) vedação da abertura de créditos orçamentários suplementares, ou especiais, que ampliem os limites individuais; e) despesas primárias que não estão incluídas na base de cálculo dos limites: 18 ● transferências constitucionais; ● créditos extraordinários; ● Fundeb; ● despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral; ● despesas com o aumento da participação acionária em empresas estatais independentes. 4.3. Reflexos na autonomia dos demais Poderes Em relação à autonomia orçamentária de cada Poder, ou Órgão Autônomo, esta permanece inalterada. Entretanto, os Poderes e Órgãos Autônomos devem respeitar os limites individuais expressos na LOA. Nesse aspecto, cita-se como exemplo o Poder Legislativo. Esse Poder possui competência para fixar as suas próprias remunerações, conforme previsto no inciso IV, do art 51 e no inciso XII, do art. 52, da CF. No entanto, essa liberdade não pode ultrapassar os valores dados pelos limites. Portanto, não se deve confundi-los com a autonomia orçamentária que cada Poder ou Órgão Autônomo possui para direcionar suas despesas orçamentárias. 4.4 Reflexos no ciclo orçamentário da Lei de Orçamento Anual (LOA) Na elaboração da LOA, a Mensagem Presidencial deve conter os valores de programação orçamentária, compatíveis com os limites individualizados. Em relação à execução do orçamento, os limites devem ser respeitados, sendo vedados quaisquer créditos orçamentários suplementares ou especiais, que extrapolem os limites individuais. 19 4.5 Compensação de limites Para os exercícios financeiros de 2017, 2018 e 2019, a EC nº 95 gerou-se um mecanismo de compensação entre o Poder Executivo e os demais Poderes. Trata-se de um artifício para acomodação das despesas dos demais Poderes, em razão de leis, estruturação de carreiras, ou outros atos anteriores à Emenda. Na hipótese de compensação, é preciso respeitar o teto de 25%, do limite do Poder Executivo. 4.6 Vedações criadas pela EC nº 95 A EC nº 95 criou um conjunto de vedações para as situações de descumprimento dos limites individuais, as quais podem ser classificadas da seguinte forma: 4.6.1 Vedações Gerais Nessa hipótese, todos os Poderes e Órgãos Autônomos são responsabilizados, ou seja, todos pagam o preço pelo descumprimento do limite individualizado. Abaixo, estão relacionados os principais itens que serão vedados: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração, exceto dos derivados de sentença judicial transitada em julgado, ou de determinação legal anterior à Emenda Constitucional; II - criação de cargo, emprego ou função, que resultem no aumento de despesa; 20 III - alteração de estrutura de carreira, que resulte em acréscimo de despesa; IV - admissão ou contratação de pessoal, exceto para cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios; V - realização de concurso público, exceto para as reposições de vacâncias VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abonos, verbas de representação ou benefícios VII - criação de despesa obrigatória; VIII - adoção de medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação, IX - proibição de correção anual dos salários. 4.6.2 Específica para o Poder Executivo No caso do Poder Executivo , a EC nº 95 elaborou vedações específicas, dadas abaixo: I - proibição de novas linhas de financiamento, remissão, renegociação, refinanciamento de dívidas, que ocasionem a ampliação dos subsídios e subvenções; II - proibição da concessão ou ampliação de renúncia de receitas. 4.6.3 Contagiantes do Órgão para o Poder Os itens I , III e VI, do tópico 4.6.1 apresentam as vedações aos fatores que podem contagiar a EC nº 95. 21 4.6.4 Vinculadas ao Órgão Autônomo Trata-se de aplicação somente aos Órgãos Autônomos, ou seja, são limitadas ao individual I proibição de concursos (limitada ao Órgão) ● ex: vacância de cargos públicos efetivos e vitalícios. 4.7 Casos especiais Na tabela 3.7, verifica-se os casos de aplicação especial da EC nº 95. 4.8 Reflexos sobre demais dispositivos de metas fiscais A EC nº 95 não revoga outros dispositivos constitucionais ,ou legais, sobre regras fiscais. Desta forma, a Regra de Ouro e a Lei de Responsabilidade Fiscal seguem inalteradas, mesmo com a instituição do Teto dos Gastos Públicos. 5. Análise dos Dados 22 Visto que a EC nº 95 foi proposta como instrumento para reverter, no horizonte de médio e longo prazo, o quadro de desequilíbrio fiscal e ,por conseguinte, desagregar a Economia da situação crítica de recessão em que se encontrava no triênio 2014-2016, recolocando-a na trajetória de crescimento, esta sessão será dividida em duas subseções. Na primeira, encontram-se os gráficos correspondentes à evolução das principais variáveis macroeconômicas. Estes têm a finalidade de confrontar o cenário Econômico brasileiro atual com as projeções da EMI nº 0083/2016. Na segunda subseção, os gráficos relacionados com os resultados fiscais antes e pós EC nº 95. 5.1 Cenário macroeconômico Nos gráficos 5.1.1, 5.1.2 e 5.13, tem-se o PIB real, a demanda agregada dessazonalizada e do nível de atividade econômica nacional. Neles se observa a recessão aguda do triênio 2014-2016. Destacam-se também nesses gráficos a queda na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), o baixonível de atividade econômica nacional e aumento significativo do desemprego a partir de 2014. Na sequência, diz-se da retomada do PIB para valores positivos e sua estabilização na ordem de 1,1% em 2019. Apesar da recuperação do PIB coincidir com o início da vigência da EC nº 95, nos períodos seguintes não se verifica a que,a o desemprego e nem tão pouco melhora na FBCF, ou seja, no nível de investimentos da economia. 23 Como a FBCF está diretamente relacionada com o nível de investimentos, tem-se que o seu baixo nível resulta numa maior inercialização da economia. 24 Assim, da análise desses três gráficos (5.1.1, 5.1.2 e 5.1.3), não se constata retomada acelerada do crescimento econômico presente na EMI nº 0083/2016 e, sim, uma estabilização da atividade econômica a níveis positivos, mas inferiores aos de 2014, combinada com alto nível de desemprego. A figura do Gráfico 5.1.4 apresenta a taxa básica de juros (SELIC). Percebe-se a sua significativa redução a partir de 2017, atingindo os menores níveis históricos em 2020. Tais resultados contribuíram de forma tímida para a queda nos juros nominais pagos pelo governo, conforme se observa no Gráfico 5.1.5. Além disso, essa queda na taxa básica de juros ainda não foi capaz de alavancar o PIB, a renda e o emprego, conforme apresentado nos gráficos 5.1.1, 5.1.2 e 5.1.3. 25 Um aspecto que deve ser considerado na análise de queda da taxa básica de juros (SELIC), mas que não é objeto deste estudo, refere-se a alta liquidez alta liquidez externa dada pelos bancos centrais dos países centrais com o fim de se evitar uma nova crise econômica mundial. 26 Em relação aos níveis de inflação, estes são apresentados nos gráficos das figuras 5.1.6 e 5.1.7. Dois aspectos se destacam quanto à inflação: primeiro , o IPCA-Geral tem registrado os menores valores históricos desde 2017; segundo, a inflação de Saúde e de Educação apresenta resultados superiores ao IPCA-Geral. Logo, como a EC nº 95 limita o crescimento dos gastos ao IPCA-Geral, no longo prazo, as despesas com Saúde e Educação serão comprimidas, ou seja, ficarão reduzidas e poderão resultar em gargalos ainda maiores para essas áreas. 27 5.2 Resultados Fiscais Esta subseção apresenta os principais resultados fiscais obtidos nos três anos subsequente a promulgação da EC nº 95, ou seja, de 2017 a 2019. Iniciando-se com o gráfico 5.2.1, tem-se os Resultados Fiscais do Governo em relação ao PIB. Observa-se que, mesmo após a promulgação da EC nº 95, as despesas do governo permanecem acima das receitas. Consequentemente, os Resultados Primário e Nominal continuam apresentando valores negativos. Em outras palavras, a EC nº 95 foi eficaz ao estabilizar o nível de despesa, porém, não o suficiente para inverter a posição relativa das curvas de Receita Líquida e Despesas Totais. Posto que, o Resultado Primário serve de âncora para a política fiscal, verifica-se que até 2014 o quadro era de superávit, enquanto o Resultado Nominal era deficitário em razão dos altos juros. A partir de meados de 2014, percebe-se a inversão na curva de Resultado Primário, dada pela crise fiscal instalada. Apesar da queda da taxa de juros nos últimos anos 28 (gráficos 5.14 e 5.1.5) não se constata melhora no Resultado Primário , o suficiente para torná-lo superavitário. 29 O gráfico 5.2.2 apresenta a evolução da Dívida Pública para os diversos níveis de governo, bem como a distância entre a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) e a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG). Nele se observa que a DBGG alcançou o patamar de 80% do PIB em meados de 2019 e, logo após, manifestou um ligeiro recuo. É possível ainda comparar neste gráfico, o peso de cada esfera de governo na DBGG. Isto significa que, enquanto a DLSP do Governo Federal apresentou crescimento significativo após 2014, nos demais governos ela se manteve estável. Dessa análise, pode-se extrair que a EC nº 95 é insuficiente para conter a elevação da dívida pública. Logo, tem-se uma contradição com as expectativas de queda da dívida pública dadas pela EC nº 95, pois esperava-se com a sua promulgação a reversão desses indicadores, mesmo que gradual. PAREI AQUI Quanto à distribuição das despesas primárias do Governo Federal, o gráfico da Figura 5.10 demonstra o crescimento de 7% das despesas do grupo Benefícios Previdenciários, a manutenção do nível de despesas com Pessoal e Encargos Sociais e a redução de 4% e 3% das despesas dos grupos Outras Despesas Obrigatórias e Despesas do Poder Executivo 30 Sujeitas a Programação Financeira, respectivamente. Assim, em relação às despesas primárias, os Benefícios Previdenciários têm crescido e avançado sobre as demais despesas. 31 As rubricas de Educação e Saúde encontram-se como subclasses do grupo Despesas do Poder Executivo Sujeitas a Programação Financeira. O gráfico da Figura 5.11 demonstra a evolução dessas rubricas . Nele, os dispêndios, tanto obrigatórios, quanto discricionários em Educação, sofreram quedas desde a promulgação da EC nº 95. Em contrapartida, as despesas discricionárias com Saúde apresentaram aumento antes da promulgação da EC º 95, o qual pode ser decorrente de uma correção vislumbrada pelo Governo com a perspectiva de aprovação da EC nº 95. A tabela 5.1 reúne as principais rubricas de despesas primárias do Governo Central por ordem crescente e percentual de participação na despesa total. Tabela 5.1: Distribuição percentual das rubricas de despesas primária em relação a despesa total do Governo central. . Valores constantes (-IPCA) acumulados por períodos de 12 meses Fonte: STN - site: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/resultado-do-tesouro-nacional Rubrica out/08 - set/09 out/09 - set/10 out/10 - set/11 out/11 - set/12 out/12 - set/13 out/13 - set/14 out/14 - set/15 out/15 - set/16 out/16 - set/17 out/17 - set/18 out/18 - set/19 1. Benefícios Previdenciários - Urbano 30,28 27,97 30,08 29,98 29,95 28,94 29,73 30,99 33,25 34,24 35,33 2. Pessoal e Encargos Sociais 26,57 23,77 25,37 23,32 22,31 21,24 21,68 19,83 22,04 21,99 22,39 3. Outras Despesas de Custeio 21,15 25,34 20,03 20,52 21,91 22,86 23,65 22,77 21,32 20,83 20,09 4. Benefícios Previdenciários - Rural 8,25 7,87 8,43 8,62 8,72 8,41 8,69 8,68 9,19 9,22 9,30 5. Saúde - despesa obrigatória 0,00 4,65 6,50 6,54 6,42 6,70 6,67 5,88 5,95 5,89 6,11 6. Benefícios de Prestação Continuada da LOAS/RMV 3,22 3,14 3,45 3,59 3,67 3,65 3,85 3,76 4,09 4,16 4,26 32 http://www.tesouro.fazenda.gov.br/resultado-do-tesouro-nacional 7. Abono e Seguro Desemprego 4,54 4,14 4,68 4,73 4,90 4,84 4,60 4,47 4,17 4,04 3,95 8. Outras Despesas de Capital 5,36 6,63 6,94 7,68 6,78 7,77 5,32 4,16 4,02 3,90 3,55 9. Bolsa Família - despesa obrigatória 0,00 1,48 2,21 2,46 2,68 2,49 2,54 2,17 2,23 2,21 2,26 10. Demais - despesa discricionária 0,00 8,52 3,48 4,57 4,23 4,73 3,74 3,29 2,88 2,32 2,12 11. Saúde - despesa discricionária 0,00 0,92 1,23 1,42 1,56 1,55 1,49 1,40 1,85 2,03 1,97 12. PAC 2,27 3,313,63 4,99 4,63 5,89 3,79 3,52 2,40 2,25 1,85 13. Educação - despesa discricionária 0,00 1,33 2,11 2,60 2,59 2,98 2,63 2,06 1,91 1,89 1,63 14. Sentenças Judiciais e Precatórios 0,31 0,30 0,31 0,35 0,03 0,37 0,49 0,83 1,50 1,04 1,10 15. Fundef/Fundeb - Complementação da União 0,86 0,73 1,16 1,24 1,14 1,07 1,21 0,98 1,09 1,02 1,07 16.Benefícios a servidores públicos - despesas obrigatórias 0,00 0,48 0,71 0,69 0,86 0,87 0,88 0,93 1,02 1,01 0,97 17. Defesa - despesa discricionária 0,00 0,96 1,53 1,48 1,62 1,55 1,08 1,00 0,95 1,07 0,92 18. Subsídios, Subvenções e Proagro 0,49 0,94 0,72 1,06 0,66 0,48 1,67 4,75 1,40 1,04 0,92 19. Legislativo/Judiciário/ MPU/DPU (Custeio e Capital) 1,00 0,91 0,97 1,01 0,95 0,95 1,09 0,96 0,93 0,98 0,89 20.Compensação ao RGPS pelas Desonerações da Folha 0,00 0,00 0,00 0,00 0,89 1,55 2,25 1,65 1,12 0,99 0,80 21.Transporte - despesa discricionária 0,00 1,34 2,17 1,66 1,31 1,62 0,97 0,95 0,78 0,86 0,69 33 22. Administração - despesa discricionária 0,00 0,62 0,72 0,55 0,62 0,62 0,46 0,41 0,43 0,57 0,48 23. Créditos Extraordinários (exceto PAC) 0,65 0,98 0,90 0,36 0,66 0,46 0,27 0,56 0,13 0,17 0,48 24. Educação - despesa obrigatória 0,00 0,52 0,68 0,71 0,70 0,74 0,50 0,48 0,48 0,51 0,46 25. Minha Casa Minha Vida 0,00 0,26 0,84 1,77 1,25 1,67 1,35 1,18 0,40 0,31 0,39 26. Complemento para o FGTS (LC nº 110/01) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,05 0,45 1,33 0,43 0,38 0,39 27. Demais - despesa obrigatória 0,00 0,14 0,18 0,23 0,14 0,26 0,19 0,13 0,13 0,31 0,28 28.Ciência e Tecnologia - despesa discricionária 0,00 0,43 0,61 0,57 0,58 0,55 0,52 0,38 0,37 0,33 0,27 29. Segurança Pública - despesa discricionária 0,00 0,26 0,28 0,25 0,27 0,25 0,20 0,18 0,24 0,25 0,24 30. Assistência Social - despesa discircionária 0,00 0,33 0,38 0,47 0,39 0,42 0,38 0,29 0,28 0,36 0,19 31. Impacto Primário do FIES 0,00 0,08 0,17 0,36 0,51 0,58 0,51 0,53 0,43 0,39 0,15 32. Fundo Constitucional DF (Custeio e Capital) 0,09 0,08 0,09 0,10 0,12 0,11 0,54 0,20 0,11 0,11 0,12 33. Transferências Multas ANEEL 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,06 0,03 0,11 0,07 0,07 34. Fabricação de Cédulas e Moedas 0,15 0,13 0,12 0,12 0,14 0,08 0,07 0,05 0,08 0,06 0,06 34 35. Benefícios de Legislação Especial e Indenizações 0,00 0,02 0,04 0,04 0,04 0,04 0,07 0,04 0,04 0,04 0,05 37. Lei Kandir e FEX 1,27 0,35 0,49 0,47 0,46 0,37 0,20 0,47 0,30 0,29 0,04 38.Transferências ANA 0,02 0,00 0,02 0,02 0,02 0,03 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 39. Anistiados 0,02 0,02 0,03 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,01 0,01 0,01 40. Financiamento de Campanha Eleitoral 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,13 0,00 41. Apoio Fin. EE/MM 0,17 0,33 0,00 0,00 0,16 0,15 0,00 0,23 0,00 0,00 0,00 42. Auxílio CDE 0,00 0,00 0,00 0,00 0,44 1,17 0,24 0,02 0,00 0,00 0,00 43. Convênios 0,01 0,03 0,04 0,06 0,05 0,03 0,02 0,02 0,02 0,01 0,00 44. Doações 0,02 0,01 0,00 0,00 0,02 0,03 0,02 0,04 0,02 0,00 0,00 45. FDA/FDNE 0,06 0,12 0,12 0,29 0,17 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 46. Reserva de Contingência 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 47. Ressarc. Est/Mun. Comb. Fósseis 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Como o nível de investimento do Governo Central contribui para o crescimento da Economia, observa-se no gráfico da figura 5.12 uma queda significativa do investimento total e, por Ministério, do Governo Central, no triênio 2014-2016. Após a EC nº 95, as despesas com investimento do Governo ainda continuam em declínio, porém, em menor grau. De qualquer forma, o nível de investimentos do Governo é o mais baixo dos últimos 10 anos. O gráfico da Figura 5.14(onde está esse gráfico? Está parecido com o 5.13) apresenta as participações das despesas sujeitas e não sujeitas ao Teto dos Gastos Públicos pelo critério do valor pago. Verifica-se, num primeiro momento pós EC nº 95, uma redução da despesa total para apuração do Resultado Primário. Na sequência , a despesa total demonstra uma pequena reação, enquanto as despesas sujeitas ao Teto dos Gastos Públicos têm perdido espaço sobre as despesas não sujeitas ao Teto dos Gastos. Já, num segundo momento, as despesas sujeitas aos Teto é que são mais afetadas 35 36 O gráfico da Figura 5.13 apresenta as participações das despesas sujeitas e não sujeitas ao Teto dos Gastos Públicos. Ocorre, no primeiro exercício financeiro da EC nº 95 uma redução de 0,60% na despesa total em relação ao PIB, sendo que as despesas não sujeitas ao Teto dos Gastos representaram 60% dessa redução. No exercício financeiro de 2018 , as despesas não sujeitas ao Teto dos Gastos reagem, enquanto as despesas sujeitas aos Teto seguem em queda. Por fim, na Tabela 5.2 encontram-se os resultados de limite e gastos efetuados por Órgãos e Poderes. Dividindo-se os gastos apurados pelos limites, observa-se que tanto os Órgãos quanto os Poderes têm respeitado tais limites. Tabela 5.2: Cumprimento das despesas por Poder e Órgão sujeitas ao Teto da EC 95/2016 Poder / Órgão Base 2016 Limite 2017 Apuradas 2017 Limite 2018 Apuradas 2018 Limite 2019 Apuradas até out/2019 1 Poder Executivo 1.168.261,10 1.252.375,90 1.202.884,20 1.289.947,20 1.229.250,90 1.346.575,80 1.047.817,74 2.1 Câmara dos Deputados 5.067,20 5.432,10 5.127,70 5.595,10 5.289,40 5.840,70 4.461,63 2.2 Senado Federal 3.729,90 3.998,50 3.899,60 4.118,40 3.993,00 4.299,20 3.413,51 2.3 Tribunal de Contas da União 1.752,50 1.878,70 1.823,30 1.935,10 1.868,00 2.020,00 1.601,42 2 Poder Legislativo 10.549,60 11.309,30 10.850,60 11.648,60 11.150,40 12.159,90 9.476,56 3.1 Supremo Tribunal Federal 540,50 579,40 569,90 596,80 598,30 623,00 537,02 3.2 Superior Tribunal de Justiça 1.271,80 1.363,40 1.265,20 1.404,30 1.357,30 1.465,90 1.130,74 3.3 Justiça Federal 9.302,70 9.972,50 10.030,00 10.271,70 10.446,50 10.722,60 8.808,06 3.4 Justiça Militar da União 457,60 490,50 463,40 505,20 507,30 527,40 415,06 3.5 Justiça Eleitoral 6.192,70 6.638,60 6.324,90 6.837,80 6.770,20 7.137,90 5.694,84 3.6 Justiça do Trabalho 15.844,60 16.985,40 17.530,10 17.495,00 18.479,70 18.263,00 15.345,29 3.7 Justiça do Distrito Federal e dos Territórios 2.244,40 2.406,00 2.413,10 2.478,20 2.469,70 2.587,00 2.098,30 37 3.8 Conselho Nacional de Justiça 165,30 177,20 118,20 182,50 159,70 190,60 123,25 3 Poder Judiciário 36.019,60 38.613,00 38.714,80 39.771,50 40.788,70 41.517,40 34.152,56 4. Defensoria Pública da União 459,70 492,80 524,80 507,60 515,50 529,90 421,17 5.1 Ministério Público da União 5.369,00 5.755,50 5.881,80 5.928,20 5.979,40 6.188,50 5.067,08 5.2 Conselho Nacional do Ministério Público 70,30 75,40 75,20 77,60 75,70 81,00 66,95 5.Ministério Público da União 5.439,30 5.830,90 5.957,00 6.005,80 6.055,10 6.269,50 5.134,03 6. Total 1.220.729,30 1.308.621,90 1.258.931,40 1.347.880,70 1.287.760,60 1.407.052,50 1.097.002,06 6. Conclusão A EC nº 95 caracteriza-se como uma regra fiscal voltada para contenção da despesa. Ela foi proposta como condição necessária para a crise fiscal brasileira, ou seja, defendida dentro da ideologia de “não há alternativa”. Ocorre que seus resultados para efeitos de redução da dívida pública e retorno do superávit fiscal ainda são muito tímidos. Logo, constata-se que ela demandará um período razoável para restabelecer o equilíbrio fiscal. Outros aspectos quanto aos efeitos da EC nº 95 dizem respeito às distorções geradas pela aplicação do IPCA-Geral para as funções funçõesde Educação e Saúde, uma vez que, tais áreas apresentam níveis de inflação superiores ao IPCA-Geral. Portanto, no decorrer dos próximos anos, essas funções terão seus gastos comprimidos, o que poderá resultar no desabastecimentos, ou gargalos nos serviços públicos ligados a essas funções. Dentre os seus aspectos positivos pode-se citar as regras para limitação de gastos por órgão e Poder. Nota-se que os órgãos e Poderes têm atendido os limites e regras impostos pela EC nº 95. Sendo assim, evita-se o crescimento descontrolado dos gastos nos órgãos e 38 poderes, principalmente em momentos de crise econômica, onde a experiência demonstra certo grau de descompromisso com os gastos públicos dos Poderes e órgãos externos ao Poder Executivo . Do ponto de vista econômico, a EC nº 95 não produziu os efeitos de crescimento do PIB e geração de renda apresentados em sua exposição de motivos( EMI 0083/2016 MF-MPDG). Sendo assim, julga-se necessária a criação de outras reformas, além da EC nº 95, dentre elas a tributária, para dinamizar a Economia. 7. Referências bibliográficas EMI nº0083/2016. Ministério da Fazenda. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Brasília, 15 de Julho de 2016. BRASIL. Emenda Constitucional nº 95, de 16 de dezembro de 2016. Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal. Brasília. BITTES TERRA, F. “Há tratamento além da camisa de força da PEC 241?” Jornal Valor Econômico. 20/10/2016. CARCANHOLO, HUGO I. P.; TARIK, TANURE; TEIXEIRA, ANDRÉ; MISSIO, FABRÍCIO J.(2017). Uma Perspectiva Crítica do novo Regime Fiscal para Dinâmica de Curto e Longo Prazo da Economia brasileira. DE TONI, JACKSON, A economia do setor público, 1º edição , Porto Alegre: Imprensa Livre, 2010. GIACOMONI, JAMES. Orçamento Público, 15º edição, São Paulo: Atlas, 2010. INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE. Relatório de Acompanhamento Fiscal, Tópico Especial: Regras Fiscais no Brasil, janeiro de 2018. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/536464/RAF12_JAN2018_pt06.pdf> IPEA, A Política Fiscal e o teto dos gastos públicos, 3º Trimestre de 2019. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/190926_nt_a_politica_fiscal _e_o_teto_dos_gastos_publicos.pdf> 39 https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/536464/RAF12_JAN2018_pt06.pdf http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/190926_nt_a_politica_fiscal_e_o_teto_dos_gastos_publicos.pdf http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/190926_nt_a_politica_fiscal_e_o_teto_dos_gastos_publicos.pdf MENEZES FILHO, N. “Governo deve desvincular gastos obrigatórios em educação e saúde? NÃO”. Jornal Folha de São Paulo. 11/06/2016 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/06/1780648-governo-deve-desvincular-gastos-ob rigatorios-em-educacao-e-saude-nao.shtml MENDES, M. J. A PEC 241 e a Saúde. Portal Monitor da Saúde. Novembro de 2016. Disponível em: http:monitordesaude.blogspot.com.br/ MENDLOVITZ, M. Análise dos Efeitos da PEC nº241 sobre a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino. Estudo Técnico. Câmara dos Deputados. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira. 11/2016 PACELLI, GIOVANNI. Noções de Economia do Setor Público, agosto de 2019. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=A0xTb9YyS-8&list=PLlPZmp4I-aePMzfRBslfwo3 G_hRwN0yZI&index=2> STN, Estatísticas Fiscais e Transparência, março de 2020. Disponível em: <https://www.tesourotransparente.gov.br/temas/estatisticas-fiscais-e-transparencia/resultado- do-tesouro-nacional-rtn> STN, Resultado do Tesouro Nacional, março de 2020. Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/resultado-do-tesouro-nacional VIEGAS ANDRADE, M. NORONHA, K. TURRA, C. M. A PEC dos gastos e o SUS. Revista Conjuntura Econômica. Volume 71 nº1. Janeiro de 2017. 40 http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/06/1780648-governo-deve-desvincular-gastos-obrigatorios-em-educacao-e-saude-nao.shtml http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/06/1780648-governo-deve-desvincular-gastos-obrigatorios-em-educacao-e-saude-nao.shtml https://www.youtube.com/watch?v=A0xTb9YyS-8&list=PLlPZmp4I-aePMzfRBslfwo3G_hRwN0yZI&index=2 https://www.youtube.com/watch?v=A0xTb9YyS-8&list=PLlPZmp4I-aePMzfRBslfwo3G_hRwN0yZI&index=2 https://www.tesourotransparente.gov.br/temas/estatisticas-fiscais-e-transparencia/resultado-do-tesouro-nacional-rtn https://www.tesourotransparente.gov.br/temas/estatisticas-fiscais-e-transparencia/resultado-do-tesouro-nacional-rtn http://www.tesouro.fazenda.gov.br/resultado-do-tesouro-nacional Apêndice 1 - Emenda Constitucional nº 95 Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Art. 1º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido dos seguintes arts. 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113 e 114: "Art. 106. Fica instituído o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará por vinte exercícios financeiros, nos termos dos arts. 107 a 114 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias." "Art. 107. Ficam estabelecidos, para cada exercício, limites individualizados para as despesas primárias: I - do Poder Executivo; II - do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça, da Justiça do Trabalho, da Justiça Federal, da Justiça Militar da União, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Distrito Federal e Territórios, no âmbito do Poder Judiciário; III - do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas da União, no âmbito do Poder Legislativo; IV - do Ministério Público da União e do Conselho Nacional do Ministério Público; e V - da Defensoria Pública da União. § 1º Cada um dos limites a que se refere o caput deste artigo equivalerá: I - para o exercício de 2017, à despesa primária paga no exercício de 2016, incluídos os restos a pagar pagos e demais operações que afetam o resultado primário, corrigida em 7,2% (sete inteiros e dois décimos por cento); e II - para os exercícios posteriores, ao valor do limite referente ao exercício imediatamente anterior, corrigido pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 41 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adct https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart106 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart107 Estatística, ou de outro índice que vier a substituí-lo, para o período de doze meses encerrado em junho do exercício anterior a que se refere a lei orçamentária. § 2º Os limites estabelecidos na forma do inciso IV do caput do art. 51, do inciso XIII do caput do art. 52, do § 1º do art. 99, do § 3º do art. 127 e do § 3º do art. 134 da Constituição Federal não poderão ser superiores aos estabelecidos nos termos deste artigo. § 3º A mensagem que encaminharo projeto de lei orçamentária demonstrará os valores máximos de programação compatíveis com os limites individualizados calculados na forma do § 1º deste artigo, observados os §§ 7º a 9º deste artigo. § 4º As despesas primárias autorizadas na lei orçamentária anual sujeitas aos limites de que trata este artigo não poderão exceder os valores máximos demonstrados nos termos do § 3º deste artigo. § 5º É vedada a abertura de crédito suplementar ou especial que amplie o montante total autorizado de despesa primária sujeita aos limites de que trata este artigo. § 6º Não se incluem na base de cálculo e nos limites estabelecidos neste artigo: I - transferências constitucionais estabelecidas no § 1º do art. 20, no inciso III do parágrafo único do art. 146, no § 5º do art. 153, no art. 157, nos incisos I e II do art. 158, no art. 159 e no § 6º do art. 212, as despesas referentes ao inciso XIV do caput do art. 21, todos da Constituição Federal, e as complementações de que tratam os incisos V e VII do caput do art. 60, deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; II - créditos extraordinários a que se refere o § 3º do art. 167 da Constituição Federal; III - despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral com a realização de eleições; e IV - despesas com aumento de capital de empresas estatais não dependentes. § 7º Nos três primeiros exercícios financeiros da vigência do Novo Regime Fiscal, o Poder Executivo poderá compensar com redução equivalente na sua despesa primária, consoante os valores estabelecidos no projeto de lei orçamentária encaminhado pelo Poder Executivo no respectivo exercício, o excesso de despesas primárias em relação aos limites de que tratam os incisos II a V do caput deste artigo. § 8º A compensação de que trata o § 7º deste artigo não excederá a 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento) do limite do Poder Executivo. § 9º Respeitado o somatório em cada um dos incisos de II a IV do caput deste artigo, a lei de diretrizes orçamentárias poderá dispor sobre a compensação entre os limites individualizados dos órgãos elencados em cada inciso. 42 § 10. Para fins de verificação do cumprimento dos limites de que trata este artigo, serão consideradas as despesas primárias pagas, incluídos os restos a pagar pagos e demais operações que afetam o resultado primário no exercício. § 11. O pagamento de restos a pagar inscritos até 31 de dezembro de 2015 poderá ser excluído da verificação do cumprimento dos limites de que trata este artigo, até o excesso de resultado primário dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social do exercício em relação à meta fixada na lei de diretrizes orçamentárias." "Art. 108. O Presidente da República poderá propor, a partir do décimo exercício da vigência do Novo Regime Fiscal, projeto de lei complementar para alteração do método de correção dos limites a que se refere o inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Parágrafo único. Será admitida apenas uma alteração do método de correção dos limites por mandato presidencial." "Art. 109. No caso de descumprimento de limite individualizado, aplicam-se, até o final do exercício de retorno das despesas aos respectivos limites, ao Poder Executivo ou a órgão elencado nos incisos II a V do caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias que o descumpriu, sem prejuízo de outras medidas, as seguintes vedações: I - concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de membros de Poder ou de órgão, de servidores e empregados públicos e militares, exceto dos derivados de sentença judicial transitada em julgado ou de determinação legal decorrente de atos anteriores à entrada em vigor desta Emenda Constitucional; II - criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa; III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; IV - admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios; V - realização de concurso público, exceto para as reposições de vacâncias previstas no inciso IV; VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abonos, verbas de representação ou benefícios de qualquer natureza em favor de membros de Poder, do Ministério Público ou da Defensoria Pública e de servidores e empregados públicos e militares; VII - criação de despesa obrigatória; e VIII - adoção de medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação, observada a preservação do poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º da Constituição Federal. 43 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart108 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart109 § 1º As vedações previstas nos incisos I, III e VI do caput, quando descumprido qualquer dos limites individualizados dos órgãos elencados nos incisos II, III e IV do caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, aplicam-se ao conjunto dos órgãos referidos em cada inciso. § 2º Adicionalmente ao disposto no caput, no caso de descumprimento do limite de que trata o inciso I do caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ficam vedadas: I - a criação ou expansão de programas e linhas de financiamento, bem como a remissão, renegociação ou refinanciamento de dívidas que impliquem ampliação das despesas com subsídios e subvenções; e II - a concessão ou a ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária. § 3º No caso de descumprimento de qualquer dos limites individualizados de que trata o caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, fica vedada a concessão da revisão geral prevista no inciso X do caput do art. 37 da Constituição Federal. § 4º As vedações previstas neste artigo aplicam-se também a proposições legislativas." "Art. 110. Na vigência do Novo Regime Fiscal, as aplicações mínimas em ações e serviços públicos de saúde e em manutenção e desenvolvimento do ensino equivalerão: I - no exercício de 2017, às aplicações mínimas calculadas nos termos do inciso I do § 2º do art. 198 e do caput do art. 212, da Constituição Federal; e II - nos exercícios posteriores, aos valores calculados para as aplicações mínimas do exercício imediatamente anterior, corrigidos na forma estabelecida pelo inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias." "Art. 111. A partir do exercício financeiro de 2018, até o último exercício de vigência do Novo Regime Fiscal, a aprovação e a execução previstas nos §§ 9º e 11 do art. 166 da Constituição Federal corresponderão ao montante de execução obrigatória para o exercício de 2017, corrigido na forma estabelecida pelo inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias." "Art. 112. As disposições introduzidas pelo Novo Regime Fiscal: I- não constituirão obrigação de pagamento futuro pela União ou direitos de outrem sobre o erário; e II - não revogam, dispensam ou suspendem o cumprimento de dispositivos constitucionais e legais que disponham sobre metas fiscais ou limites máximos de despesas." "Art. 113. A proposição legislativa que crie ou altere despesa obrigatória ou renúncia de receita deverá ser acompanhada da estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro." 44 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart110 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart111 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart112 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart113 "Art. 114. A tramitação de proposição elencada no caput do art. 59 da Constituição Federal, ressalvada a referida no seu inciso V, quando acarretar aumento de despesa ou renúncia de receita, será suspensa por até vinte dias, a requerimento de um quinto dos membros da Casa, nos termos regimentais, para análise de sua compatibilidade com o Novo Regime Fiscal." Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua promulgação. Art. 3º Fica revogado o art. 2º da Emenda Constitucional nº 86, de 17 de março de 2015. Brasília, em 15 de dezembro de 2016. Apêndice 2 - Artigos da Constituição Federal e do Ato da Disposições Constitucionais Transitórias relacionados com Ec nº 95 Art. 20. São bens da União: [...] § 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. Art. 21. Compete à União: [...] XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. [...] § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, 45 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#adctart114 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc86.htm#art2 adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: [...] IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: [...] XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. [...] § 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentária Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. [...] § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º . § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal Art. 146. Cabe à lei complementar: [...] Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: [...] 46 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm#art5lxxiv III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] § 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I. Art. 158. Pertencem aos Municípios: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II
Compartilhar