Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CURSO MEGE Site para cadastro: www.mege.com.br Celular/Whatsapp: (99) 982622200 (Tim) Turma: 4ª Turma Regular de Advocacia Pública Material: Ponto 1 (Direito Financeiro) DIREITO FINANCEIRO PONTO 1 2 SUMÁRIO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ...................................................................................................3 Finanças públicas na Constituição de 1988. ...................................................................... 4 DOUTRINA ................................................................................................................................4 LEGISLAÇÃO E ENUNCIADOS DE SÚMULA ..............................................................................25 JURISPRUDÊNCIA ....................................................................................................................30 QUESTÕES PARA RESOLUÇÃO ................................................................................................34 QUESTÕES COMENTADAS ......................................................................................................34 Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais de direito financeiro (Lei nº 4.320/1964). Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. ............................................................................................................ 36 DOUTRINA ..............................................................................................................................36 LEGISLAÇÃO E ENUNCIADO DE SÚMULAS ..............................................................................81 JURISPRUDÊNCIA ....................................................................................................................92 QUESTÕES PARA RESOLUÇÃO ................................................................................................94 QUESTÕES COMENTADAS ......................................................................................................94 3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (Conforme Edital Mege) DIREITO FINANCEIRO David Pinheiro (prof.davidpinheiro) Advogado da União 1. Finanças públicas na Constituição de 1988. Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais de direito financeiro (Lei nº 4.320/1964). Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. https://www.instagram.com/prof.davidpinheiro/ 4 (conteúdo atualizado em 13-8-2019) Finanças públicas na Constituição de 1988. DOUTRINA Direito financeiro O Direito Financeiro no Brasil foi objeto de sistematização em 1964, mediante a edição da Lei nº 4.320/64, que delimitou o objeto desse ramo do direito, trazendo as primeiras normas gerais da matéria. Quais os debates anteriores? ➢ Constituição de 1824: questões atinentes à discriminação de rendas e à divisão da arrecadação tributária entre o Governo Geral e as Províncias; ➢ Temas centrais: relacionado com a necessidade de garantir receitas aos entes da Federação; ➢ Melhor obtenção de receitas por parte do Estado: meio de viabilizar e assegurar a autonomia política administrativa dos Entes políticos. Qual o quadro antes da Lei nº 4.320/64? Ausência de separação clara e didática entre Direito Financeiro e Direito Tributário. Dois anos depois, o Código Tributário Nacional (CTN) foi publicado, deixando-se clara a distinção entre: ➢ Exercício da tributação: Direito Tributário; ➢ Finanças públicas: Direito Financeiro. Seguindo essa linha de garantir autonomia ao Direito Financeiro em relação ao Direito Tributário, a CRFB/88 dispôs, em seu artigo 24, I que “compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I – direito tributário, financeiro (...)”. Quais as fontes do Direito Financeiro? Dividem-se em “primárias” (legislação e diplomas normativos que têm vigor de lei – inovam no Ordenamento Jurídico) e “secundárias” (demais estatutos regradores da conduta humana, porém com normatividade submetida à observância das disposições legais, podendo conter preceitos gerais e abstratos ou individuais e concretos – não inovam na ordem jurídica). 5 FONTES PRIMÁRIAS a) CRFB/88: há inúmeras previsões constitucionais sobre Direito Financeiro (arts. 70 a 75; 157 a 162; 163; 164; 165 a 169). ATENÇÃO! Memorizar tais dispositivos, já que “despencam” em provas. b) Leis Complementares: a própria CRFB dispõe que, em determinados casos sobre Direito Financeiro (arts. 163 e 165, §9º), a matéria submete-se à reserva de lei complementar. Com o advento da CRFB/88, tanto o Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66) quanto a Lei 4.320/64 foram recepcionados com status de Lei Complementar (ADI 1726). Já com a LRF (LC nº 101/2000), a disciplina das finanças públicas passou a ter maior controle e transparência. ATENÇÃO! Nem todas as matérias de Direito Financeiro reservadas à regulamentação por lei complementar foram abarcadas pela LRF e pela Lei 4.320/64. Cite-se como exemplo a lei complementar de que trata o art. 165, §9º, I da CF/88 que exige a regulamentação da vigência, dos prazos, da elaboração e da organização das leis orçamentárias. Enquanto não regulamentada a matéria, devem ser aplicados os prazos de vigência contidos no art. 35 do ADCT. c) Leis Ordinárias: os seus principais exemplos são a Lei do Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Lei Orçamentária Anual (LOA). d) Leis Delegadas: tais instrumentos normativos são de pouca valia e incidência na atividade financeira do Estado, tendo em vista as seguintes vedações constitucionais: ➢ Art. 68, § 1º, caput: proíbe a edição de leis delegadas sobre matérias reservadas à lei complementar; ➢ Art. 68, § 1º, inciso III: veda a delegação alusiva aos planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos; Logo, considerando que substancial parcela do Direito Financeiro é reservada à lei complementar e gira em torno de PPA, LDO e LOA, tem-se que as poucas matérias restantes podem, em tese, ser objeto de leis delegadas, desde que, por óbvio, observados os impedimentos constitucionais supracitados. e) Medida Provisória: a leitura associada do preceito normativo inserido no art. 62, § 1º, inciso II c/c (combinado com) o art. 62, § 1º, alínea “d”, ambos da CRFB/88, resulta na proibição de medidas provisórias sobre matérias reservadas à lei complementar e sobre matérias atinentes a PPA, LDO, LOA, créditos adicionais e suplementares, salvo nas hipóteses previstas no art. 167 § 3º (para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública). 6 Em assim sendo, é forçoso concluir que, por via de regra, não se admite medida provisória em sede de Direito Financeiro, exceto em relação ao conteúdo normativo do art. 167, § 3º da CRFB/88, dantes mencionado, o qual, aliás, traz situações inerentes à edição de “crédito extraordinário”. ATENÇÃO! ADI 4048 e ADI 4049: Em ambos os julgamentos foi analisada a mesma situação fático-jurídica, qual seja: “as medidas provisórias podem ser editadas em toda situação de relevância e urgência ou apenas nas estritas hipóteses declinadas no art. 167, § 3º da CRFB? Firmou-se, nas duas ocasiões, a tese de que só serão cabíveis medidas provisórias para as situações semelhantes às previstas no art. 167, § 3º da CRFB. Note, aluno MEGE, que a tese vitoriosa exarou interpretação conforme a Constituição para aceitar a edição de medidas provisória “apenas para atender a despesas imprevisíveis e urgentes”, como as (leia-se situações semelhantes) “de guerra, comoção interna ou calamidade pública”. FONTES SECUNDÁRIAS a) Decretos: como cediço, são atos de competência exclusiva da lavrado chefe do Poder Executivo, insuscetíveis de delegação e vocacionados a emprestar fiel execução às leis despidas de autoexecutoriedade. Em outras palavras, representam-se por atos decorrentes do Poder Regulamentar da Administração Pública, uma vez que tendentes a regulamentar uma lei, característica que os posicionam abaixo da lei, portanto, têm natureza jurídica de atos infralegais e inaptos a inovar na ordem jurídica. ATENÇÃO! Grosso modo, há uma subdivisão em decreto regulamentar (art. 84, IV da CRFB) e decreto autônomo (art. 84, VI da CRFB). Levando em conta que este só pode tratar de “organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos” e/ou “extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos”, não há espaço para se baixar decreto autônomo em matéria de Direito Financeiro. Por conseguinte, apenas será cabível o decreto regulamentar. b) Resoluções: são deliberações advenientes do Congresso Nacional ou, isoladamente, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, que não observam o devido processo legislativo (rito para a elaboração de leis), desse modo, por evidente, não ostentam natureza jurídica de lei, tampouco são submetidas à sanção presidencial, cuja promulgação promana (tem origem) da Mesa da Casa legislativa que as expedir. Tais particularidades, no entanto, não retiram a sua importância para o Direito Financeiro, notadamente no que tange às Resoluções do Senado Federal, mediante o exercício de sua competência privativa para tratar das matérias pormenorizadas no art. 52, incisos V, VI, VII, VIII, IX da CRFB. Sublinhe-se, ainda, as Resoluções 42 e 43/Senado Federal sobre a regulamentação do limite de endividamento dos Estados e Municípios. 7 Obs.: Para parte da doutrina, as resoluções do Senado Federal são atos normativos primários, pois têm fundamento direto na CF/88, não se limitando a regular um outro ato normativo primário. No caso das resoluções em matéria de Direito Financeiro, tratam de forma direta sobre matérias que a própria CF/88 lhes reservou, em especial referente a dívida pública dos entes. Desta forma, seriam formalmente primárias, por estarem inclusas no art. 59 da CF/88 e materialmente primárias, por inovarem no ordenamento jurídico. c) Atos normativos: são atos infralegais exarados por autoridades administrativas para o fito (objetivo) de complementar a lei ou o decreto, conferindo eficácia e adequação para as suas unidades administrativas. Não se pode perder de vista, por pertinente, a relevância das resoluções dos Tribunais de Contas, já que indicam, dentre outros, boas práticas de gestão administrativa, eficiência e transparência dos gastos públicos. d) Decisões administrativas: referem-se às decisões dos órgãos de controle interno (Controladorias, Procuradorias e afins) e externo (vide a expressiva atuação dos Tribunais de Contas neste particular) da Administração Pública. Todas elas servem de fontes orientadoras da atuação administrativa. e) Decisões judiciais – Judicialização das políticas públicas: é digna de nota a afirmação no sentido de que cresce a cada dia, de forma vertiginosa, o fenômeno da “judicialização das políticas públicas”, daí decorrendo verdadeira transmutação do orçamento aprovado pelo Poder Legislativo, este o qual, repise-se, detém natureza jurídica de lei. Impende elucidar, no ponto, que a temática subjacente (tema de fundo) é tratada rotineiramente no dia a dia dos Advogados Públicos de todas as esferas (federal, estadual, distrital e municipal). Não há réstia de dúvida de que o tema é palpitante e merece um preciso aprofundamento. Mege aprofundando: Judicialização de políticas públicas Quais os pressupostos da judicialização das políticas públicas? Nos termos do art. 2º da CF/88, são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Cuida-se, portanto, do princípio da separação dos poderes, que, diga-se de passo, ostenta índole de cláusula pétrea, a teor da regra insculpida no art. 60, § 4º, III da CRFB. Remonta a Montesquieu a lição de que cabe ao Legislativo legislar, Executivo executar e Judiciário julgar. Logo, não se pode perder de vista que, tomando como exemplo a política pública da saúde, o art. 196 da CRFB prevê que a sua garantida de prestação pelo Estado será realizada mediante políticas sociais e econômicas. Desse comando normativo, verificam-se duas atuações: (i) a do Legislativo (mediante lei, regulamentar a política e emitir autorização orçamentária) (ii) e a do Executivo (implementar a política pública de saúde). Consequentemente, não se vislumbra (percebe) uma atuação direta e imediata do Poder Judiciário neste particular. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) admite, excepcionalmente, a judicialização de políticas públicas, desde que observados os 8 seguintes requisitos (RE 440028/SP): (a) natureza constitucional da política reclamada; (b) manifesta omissão estatal ou prestação deficiente (vedação à proteção insuficiente), desde que não haja justificativa objetiva e razoável para o inadimplemento; (c) a política pública reclamada deve se revestir em direito fundamental. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por seu turno, também acolhe a “judicialização” e acrescenta um requisito: não houver comprovação objetiva (fática e não meramente jurídica) da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. “ADMINISTRATIVO. CONTROLE JUDICIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE EM CASOS EXCEPCIONAIS - DIREITO À SAÚDE. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. MANIFESTA NECESSIDADE. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA DE TODOS OS ENTES DO PODER PÚBLICO. NÃO OPONIBILIDADE DA RESERVA DO POSSÍVEL AO MÍNIMO EXISTENCIAL. NÃO HÁ OFENSA À SÚMULA 126/STJ. 1. Não podem os direitos sociais ficar condicionados à boa vontade do Administrador, sendo de suma importância que o Judiciário atue como órgão controlador da atividade administrativa. Seria uma distorção pensar que o princípio da separação dos poderes, originalmente concebido com o escopo de garantia dos direitos fundamentais, pudesse ser utilizado justamente como óbice à realização dos direitos sociais, igualmente importantes. 2. Tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a inclusão de determinada política pública nos planos orçamentários do ente político, mormente quando não houver comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal.” (STJ - AgRg no REsp: 1107511 RS 2008/0265338-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 21/11/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/12/2013) Noutro vértice, porém, a orientação institucional dos órgãos de representação judicial (Procuradorias) é de que a “judicialização das políticas públicas” implica grave ofensa ao princípio da harmonia e independência dos poderes (sinônimo do princípio da separação dos poderes). A propósito disso, segundo o STF, não há direito, valor ou princípio absoluto, notadamente em razão do princípio da unidade da constituição (inexistência de hierarquia entre princípios constitucionais). Com base nisso, caberá ao Estado formular as “escolhas trágicas” fundamentadas no princípio da reserva do possível. Aliás, já se disse com acerto que o reconhecimento de que todas as dimensões dos direitos fundamentais têm custos públicos empresta especial relevo ao tema da reserva do possível, pois a escassez dos recursos faz com que o Poder Público leve a cabo “escolhas alocativas”, é dizer: aferindo-se as necessidades públicas, consulta ao interesse público, que a formulação de políticas sociais e econômicas voltadas à implementação dos direitos sociais devem ser escolhas de quais demandas serão prestadas pelo Estado. Nesse viés é que surgem as “escolhas trágicas”, tendo em vista que a escolha da destinação de recursos9 para uma política e não para a outra leva em consideração o número de cidadãos atingidos pela política eleita, a eficácia do serviço a ser prestado, a maximização dos resultados etc. Doutrinariamente, importa consignar que CANOTILHO questiona a validade do princípio da universalidade para os direitos sociais (p. ex., saúde e educação), porquanto as necessidades são infinitas ao passo que os recursos são escassos. Quais os conceitos-chave sobre a judicialização das políticas públicas? Alguns conceitos foram tratados pela primeira vez (de forma mais aprofundada) pelo STF na Suspensão de Tutela Antecipada 175 e pela doutrina nacional na consubstancial obra de Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco (in Curso de Direito constitucional). Aliás, é nelas que se podem consultar os significados de “macrojustiça”, “microjustiça”, “minimum core approach” e “metodologia fuzzy”. Vejamos um a um: • Macrojustiça: realizada pelo Poder Executivo com fulcro na “justiça distributiva”, consiste em típicas opções políticas em vista do bem comum, tomando por base a amplitude global da política pública e os seus potenciais destinatários. • Microjustiça: realizada pelo Poder Judiciário, que está vocacionado apenas a solucionar o caso concreto (em regra, individual) a partir de sua visão míope da realidade lato sensu da política reclamada e à míngua (despida) de aferição acerca do prejuízo à política pública como um todo, resultante da efetivação dos provimentos judiciais. • Minimum core approach: é o mínimo existencial ou abordagem do núcleo mínimo, é dizer, trata-se do núcleo essencial (portanto, mínimo) que é intangível, devendo-se manter incólume (ileso) quando em contraste com a reserva do possível (ratio decidendi da ADPF 45). Sem a garantia desse núcleo essencial, esvazia-se o conteúdo normativo do direito e há inadimplemento do Poder Público no que toca ao respectivo mandamento constitucional. • Metodologia fuzzy: também conhecida como “fuzzismo”. Cuida-se de expressão cunhada por José Joaquim Gomes CANOTILHO para criticar o avanço desmedido do ativismo judicial, que se imiscuindo (substituindo) ao Poder Executivo, promove a seu talante (arbítrio) e de forma míope, a implementação dos direitos econômicos, sociais e culturais. Entretanto, tal atuação é marcada pela nota da “imprecisão metodológica”, uma vez que os juristas não sabem o que fazem e desconhecem os impactos de suas decisões no que tange à universalidade da política pública, máxime (especialmente) quando abordam complexos problemas dos direitos econômicos, sociais e culturais (cf. Metodología ‘Fuzzy’ y 10 ‘Camaleones Normativos’ en la Problemática Actual de los Derechos Económicos, Sociales y Culturales). Quais as premissas do Direito Financeiro? Segundo o famoso conceito de orçamento público talhado por Ricardo Lobo Torres, sobrelevam-se 2 (dois) pressupostos do Direito Financeiro: a) Recursos limitados: é ressabido que as necessidades públicas são infinitas, mas os recursos financeiros são escassos. Paralelamente a isso, não se pode negar que a satisfação daquelas passam pelo gerenciamento destes, visto que toda política social tem um custo. A partir dessa constatação, a doutrina germânica engendrou (produziu) a teoria da “reserva do possível”. Inicialmente, a referida teoria foi importada para o Brasil, sem os necessários temperamentos, de modo a conformá-la à realidade social brasileira. Hodiernamente, um pouco mais amadurecida, a “reserva do possível” continua sendo aplicada pelos Tribunais brasileiros, mas, essencialmente, desde que atendidas algumas condicionantes impostas pelo STF e pelo STJ, já tratadas em linhas anteriores. Relembre-se: ➢ diante de manifesta omissão estatal ou prestação deficiente, deve haver justificativa objetiva e razoável para o inadimplemento (STF, RE 440028/SP); ➢ não esvazie o núcleo intangível do direito fundamental, ou seja, desde que reste assegurado o mínimo existencial (STF, ADPF 45); ➢ houver comprovação objetiva (fática e não meramente jurídica) da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. (STJ, AgRg no REsp: 1107511-RS, 2ª Turma). b) Escolhas trágicas: já suficientemente abordado acima nos pressupostos da judicialização das políticas públicas. Quais as recentes conclusões do STF na temática “judicialização da saúde”? Inicialmente, devemos partir da premissa de que o STF trouxe à colação 2 (duas) conclusões alusivas à matéria ao concluir os julgamentos do (i) RE 657718/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgamento em 22.5.2019. (RE- 657718) e do (ii) RE 855178 ED/SE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 23.5.2019. (RE-855178). Por apreço à didática, vejamos, separadamente, cada decisum, com o enfrentamento de cada partícula de alicerce: (i) RE 657718/MG 11 1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. 2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial. 3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras);(ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão necessariamente ser propostas em face da União. “1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.” “Lei do SUS (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990) Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) (...) § 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de tecnologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o registro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)” Como se vê, é de clareza meridiana que a Lei do SUS fundamenta-se na tese das evidências científicas, para o fim de direcionar os processos de incorporação, exclusão ou alteração de novos medicamentos, logo, nos estritos termos legais, o Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais, tendo em vista que a ausência de “evidências científicas” obsta a sua disponibilização pelo Poder Público. Demais disso, o próprio STF ponderou que o registro é meio para garantir proteção à saúde pública, atestado de eficácia, segurança e qualidade dos fármacos comercializados no País, além de assegurar o devido controle de preços. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12401.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12401.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12401.htm#art1 12 Entendeu-se, portanto, que no caso de medicamentos experimentais, sem comprovação científica de eficácia e segurança e ainda em fase de pesquisas e testes, não há nenhuma hipótese em que o Poder Judiciário possa obrigar o Estado a fornecê-los. Isso não interfere, porém, com a dispensação desses fármacos no âmbito de programas de testes clínicos,acesso expandido ou de uso compassivo, sempre nos termos da regulamentação aplicável. “2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial.” Consoante descrito em linhas anteriores, a regra geral emana da norma insculpida no art. 19-Q, § 2º, inciso I da Lei do SUS, segundo a qual, repita-se, adota a tese das evidências científicas. Ocorre que não se pode perder de vista que inexiste regra, direito ou princípio absoluto, razão pela qual – muito embora se admita que a citada regra abrange a maioria das situações – tem-se, por certo, que existem algumas situações-limite, que dada a sua excepcionalidade intrínseca, a aplicação da encimada regra legal resultaria em verdadeira extirpação do direito à saúde e, quiçá, à vida do indivíduo. Assim, para tais situações excepcionais, a jurisprudência do STF, ancorada no “ativismo judicial”, construiu uma nova conformação jurídica, nos moldes a seguir delineados. “3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); (ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil.” Neste particular, impende revolver à premissa de que o Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. Doutra sorte, há situações em que a Anvisa demora em demasia para concluir o procedimento de registro de medicamentos com eficácia e segurança comprovadas e testes concluídos. Nesse sentido, há um critério objetivo para apurar essa mora irrazoável da Anvisa pertinente ao registro, a saber: são os prazos previstos no art. 2º da Lei 13.411/2016. “Art. 2º A Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976 , passa a vigorar acrescida do seguinte art. 17-A: “ Art. 17-A . Os prazos estabelecidos para a decisão final nos processos de registro e de alteração pós-registro de medicamento levarão em conta os seguintes critérios: I - complexidade técnica; II - benefícios clínicos, econômicos e sociais da utilização do medicamento objeto do requerimento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6360.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6360.htm#art17a 13 § 1º A aplicação dos critérios previstos no caput , de acordo com metodologia disposta em ato da Anvisa, determinará o enquadramento do medicamento sob avaliação nas seguintes categorias de precedência: I - prioritária; II - ordinária. § 2º Os prazos máximos para a decisão final nos processos de registro e de alteração pós-registro de medicamento serão, respectivamente: I - para a categoria prioritária, de cento e vinte dias e de sessenta dias, contados a partir da data do respectivo protocolo de priorização; II - para a categoria ordinária, de trezentos e sessenta e cinco dias e de cento e oitenta dias, contados a partir da data do respectivo protocolo de registro ou de alteração pós-registro. § 3º Exceto nos casos em que houver recurso contra decisão anterior, a decisão final nos processos de alteração pós-registro poderá ser tomada por aprovação condicional, presumida pela não manifestação contrária da Anvisa nos prazos definidos no § 2º. § 4º A aprovação condicional de que trata o § 3º só poderá ocorrer nas hipóteses de alteração pós-registro definidas em regulamento e será automaticamente revertida, a qualquer tempo, em caso de indeferimento da alteração pós-registro pela Anvisa. § 5º Os prazos mencionados no § 2º poderão ser prorrogados por até um terço do prazo original, uma única vez, mediante decisão fundamentada da Anvisa expedida em, no mínimo, quinze dias úteis antes do término do prazo original. § 6º As solicitações de esclarecimento ou de retificação pela Anvisa deverão ser consolidadas em um único pedido, exceto se forem necessárias para esclarecer ou retificar informações relativas a solicitação anteriormente atendida pela empresa requerente, e suspenderão a contagem dos prazos determinados neste artigo até que sejam atendidas. § 7º O descumprimento injustificado dos prazos previstos neste artigo implica apuração de responsabilidade funcional do servidor ou dos servidores que lhe derem causa, nos termos da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 . http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8112cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8112cons.htm 14 § 8º A Anvisa regulamentará o disposto neste artigo, em especial a especificação dos critérios de que trata o caput, com vistas ao enquadramento nas categorias de prioridade. § 9º Expirado o prazo de cento e oitenta dias contados do início da vigência deste artigo sem que tenha sido publicada a regulamentação prevista no § 8º, e enquanto a matéria permanecer não regulamentada, o prazo máximo para a decisão final será de trezentos e sessenta e cinco dias nos processos de registro e de cento e oitenta dias nos de alteração pós-registro.” De tal sorte, conclui-se que é possível, excepcionalmente, a concessão judicial alusiva a medicamento sem registro sanitário – desde que não seja em relação a medicamentos experimentais – e em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido, quando preenchidos três requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras)*; (ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. ATENÇÃO! No caso de doenças raras e ultrarraras, é possível, excepcionalmente, que o Estado forneça o medicamento independentemente do registro. Isso porque, nesses casos, muitas vezes o laboratório não tem interesse comercial em pedir o registro. “4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão necessariamente ser propostas em face da União.” Partindo-se do pressuposto básico de que exsurge a obrigação estatal com o advento da mora da agência, as ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão ser necessariamente, ou seja, obrigatoriamente, e não exclusivamente, propostas em face da União. (ii) RE 855178 ED/SE 1. Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde. 2 Diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro. “1. Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde.” 15 A referida competência comum advém do art. 23, II da CRFB, que assim prescreve: “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (omissis) II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;” Logo, em face dessa competência comum, o STF entendeu que daí ressoa a solidariedade dos entes federados no que atine às demandas prestacionais na área da saúde. Desse modo, por via de regra, o autor de uma demanda prestacional no âmbito da saúde poderá propor a sua ação indicando, a seu critério, as subjacentes hipóteses de sujeitos passivos: (i) União; (ii) Estado; (iii) Município; (iv) União e Estado; (v) União e Município; (vi) Estado e Município; (vii) União, Estado e Município. Caro #megeano, perceba que a conclusão também secoaduna com a premissa de que a União, obrigatoriamente, deverá compor o polo passivo das “ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa” (RE 657718/MG), uma vez que, especificamente nesse tipo de demanda na área da saúde, tem-se a “obrigatoriedade”, e não “exclusividade” de incluir a União no polo passivo da demanda. Em bom vernáculo, portanto, em sede de demandas que requeiram o fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa o autor pode incluir os seguintes sujeitos passivos em sua petição inicial: (i) União, Estado e Município; (ii) União e Estado; (iii) União e Município; (iv) União. Assim, em todos esses cenários, a União estará, “obrigatoriamente”, no polo passivo da demanda. 16 À guisa de conclusão, o #megeano deverá se atentar se o enunciado de questão objetiva/subjetiva/oral traça o cenário genérico de uma demanda prestacional no âmbito da saúde (RE 855178 ED/SE) ou se há a narrativa, especificamente, de uma demanda em que se requer o fornecimento de medicamento não registrado na Anvisa (RE 657718/MG). “2 Diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro.” Neste particular, a Lei do SUS traz a divisão de atribuições de cada ente federado, nos seguintes termos: “Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) compete: I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; II - participar na formulação e na implementação das políticas: a) de controle das agressões ao meio ambiente; b) de saneamento básico; e c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; III - definir e coordenar os sistemas: a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; b) de rede de laboratórios de saúde pública; c) de vigilância epidemiológica; e d) vigilância sanitária; IV - participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; V - participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador; VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica; VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; 17 VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano; IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional, bem como com entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde; X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência à saúde; XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde; XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua atuação institucional; XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assistência à saúde; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e municipal; XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais; XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal; XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995) Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do 18 controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação nacional. Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) compete: I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de saúde; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS); III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente ações e serviços de saúde; IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços: a) de vigilância epidemiológica; b) de vigilância sanitária; c) de alimentação e nutrição; e d) de saúde do trabalhador; V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana; VI - participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento básico; VII - participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de trabalho; VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadual e regional; X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua organização administrativa; XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações e serviços de saúde; 19 XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos e substâncias de consumo humano; XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete: I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção estadual; III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho; IV - executar serviços: a) de vigilância epidemiológica; b) vigilância sanitária; c) de alimentação e nutrição; d) de saneamento básico; e e) de saúde do trabalhador; V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a saúde; VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para controlá- las; VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; 20 X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde; XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de atuação. Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados e aos Municípios.” Pois bem, diante da divisão de atribuições, legalmente prevista, mediante a qual cada ente federado possui o seu âmbito preestabelecido de competência para o cumprimento de uma obrigação sanitária, o juiz deverá direcionar a determinação de cumprimento da decisão, conforme a repartição de competências prevista na Lei do SUS. Nesse vértice, caso um ente estatal cumpra a obrigação que, nos termos da Lei do SUS, seja incumbência de outro ente, o juiz da causa deverá determinar o correlativo ressarcimento. Assim, vejamos um exemplo prático para clarear o entendimento: Maristoscleudo pretendia obter do Poder Público uma prestação sanitária dada a gravidade de seu estado de saúde. Diante da urgência, ajuizou uma ação em face do Estado e do Município, mesmo sem saber ao certo de quem era a competência para satisfazer a sua pretensão. O juiz, em sede de provimento de urgência, determinou que o Município cumprisse a obrigação, o que, de pronto, restou atendido. Após as apresentações das contestações pelos 2 (dois) entes, o juiz entendeu que, legalmente, o cumprimento da obrigação sanitária deveria ter sido realizado pelo Estado, razão pela qual determinou ao Estado o ressarcimento dos valores disponibilizados pelo Município para o cumprimento da decisão judicial. Por conseguinte, o exemplo acima deixa claro o que o STF entendeu como adequado, o que, diga-se de passo, perfilha-se, mutatis mutandis, ao Enunciado 60 da II Jornada de Direito da Saúde: “Enunciado 60: A responsabilidade solidária dos entes da Federação não impede que o Juízo, ao deferir medida liminar ou definitiva, direcione inicialmente o seu cumprimento a um determinado ente, conforme as regras administrativas de repartição de competências, sem prejuízo do redirecionamento em caso de descumprimento.” Premissas da atividade financeira do Estado O Estado de Direito contemporâneo pode ser conceituado como uma organização engendrada em um âmbito de observância, aplicação e submissão a um ordenamento jurídico, com o fito de realizar o bem comum, a paz e a ordem social. Nesse viés, o seu objetivo se perfectibiliza no atendimento das “necessidades públicas” de sua sociedade, ou seja, na realização das necessidades individuais, coletivas e transindividuais de seu povo. 21 Entretanto, para fins de realização desse mister, ressoa óbvio que o Estado depende de recursos financeiros oriundos de seu próprio patrimônio ou do patrimônio dos seus cidadãos, o que, aliás, provém de múltiplas fontes de receitas públicas. Ocorre, porém, que os recursos são sabida e induvidosamente limitados e escassos, razão pela qual devem ser competentemente geridos, sob pena de não atendimento da finalidade estatal (atividade-fim), repise-se: atendimento das “necessidades públicas” dos membros de sua sociedade. A propósito, essa tarefa do Estado destinando as receitas públicas para atender as mencionadas “necessidades públicas” deve atender a regras, políticas e diretrizes impostas pelo ordenamento jurídico vigente (e cogente), elaborado e executado pelos correlativos Poderes Legislativo e Executivo. Assim, para regular essa relação Estado-cidadão, exsurge o Direito Financeiro, que fixará as regras e princípios para arrecadação, gestão e aplicação dos recursos públicos. Nessa tangente, portanto, a bússola da atividade financeira do Estado se direciona, como atividade-meio (função instrumental), à tarefa de consubstanciação/materialização da atividade-fim do Estado, consistente na obtenção de recursos financeiros aptos e suficientes para atender as “necessidades públicas”, mediante as atividades de arrecadação, gestão e aplicação desses recursos. Conceito de Direito Financeiro ESTADO Atividade-fim: atender às necessidades públicas de sua sociedade Atividade-meio: atividade financeira (arrecadação, gestão e aplicação dos recursos públicos) Obs.: na busca da atividade-fim, o Estado se vale de vários instrumentos (atividades-meio). Ex.: atividade financeira, atividade regulatória etc. 22 “O direito financeiro consiste no ramo do direito público que estuda as finanças do Estado em sua estreita relação com a atividade financeira. Ou seja, é o conjunto de regras e princípios que estuda a atividade financeira do Estado, compreendida esta como receita, despesa, orçamento e crédito públicos.” (LEITE, Harrison) “O direito financeiro visa à disciplinar a atividade financeira do Estado, estabelecendo regras relativas aos três pilares dessa atividade: orçamento, receita e despesa públicos.” (PISCITELLI, Tatiane) ATENÇÃO! Há divergência doutrinária em relação aos pilares do Direito financeiro, pois, para HARRISON LEITE são 4 (quatro) enquanto para TATHIANE PISCITELLI são 3 (três). Objeto Tratamento da atividade financeira do Estado, a partir de seus pilares (receita, orçamento, despesa, crédito públicos). Direito financeiro na CRFB/88 Estudaremos, neste ponto, a constitucionalização do Direito Financeiro, a repartição da competência legislativa e as normas gerais sobre finanças públicas. Os demais dispositivos constitucionais ínsitos ao Direito financeiro (arts. 70 a 75; 157 a 162; 165 a 169) serão versados juntamente com o seu respectivo tema. O que se entende por Constitucionalização do Direito Financeiro? Com o advento da CRFB de 1988, houve um intencional movimento de alçar a dispositivos constitucionais um sem-número de regras e princípios de variadas disciplinas do Direito, incluindo o Direito Financeiro. Portanto, a esse processo se intitula Constitucionalização do Direito Financeiro, que até então continha uma prevalência de normas previstas em lei (plano legal). Com isso, é forçoso concluir que temos uma verdadeira Constituição Financeira, porquanto a CRFB torna-se o primeiro e mais importante fundamento de validade das normas de Direito Financeiro, rompendo, por consectário, a então prevalência das normas legais sobre a matéria. A partir de 5 de outubro de 1988, destarte, inaugurou-se a nossa Constituição Financeira, já que passamos a ter uma constitucionalização de regras e princípios outrora previstos tão somente no plano legal. Constituições estaduais financeiras e leis orgânicas municipais financeiras? Existe isso mesmo? Claro que sim! Caro #megeano, cumpre registrar que dispor, mediante lei, sobre Direito financeiro e orçamento, insere-se na competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal, conforme a regra vazada no art. 24, incisos I e II da CRFB. Logo, em face do princípio da simetria, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem obedecer aos princípios (financeiros) consagrados na CRFB, conforme 23 preceitua o art. 11 do ADCT, entendimento este já chancelado pelo STF na ADI 568-MC, Rel. Celso de Melo, j. 20/09/1991. Nesse sentido, os Estados terão Constituições estaduais financeiras e o DF e os Municípios Leis Orgânicas financeiras, tendo em vista que deverão atender aos princípios insertos na Constituição financeira (CRFB). Como funciona o regramento da competência legislativa concorrente? Neste aspecto, os parágrafos do art. 24 da CRFB são autoexplicativos: “§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” Adite-se, a propósito,que a partir da “competência suplementar dos Estados”, estes, uma vez respeitadas as normas gerais da União, podem estabelecer normas específicas sobre Direito financeiro. Por derradeiro, é questão reiterada de concurso a afirmação no sentido de que a superveniência de lei federal sobre normas gerais tem o condão de suspender a eficácia da lei estadual ou distrital, no que lhe for contrária, não ocorrendo a sua revogação. Isso se justifica em virtude da adoção, pela CRFB/88, do federalismo de cooperação, no qual inexiste hierarquia entre os entes federados, mas sim repartição de competências, com base no princípio da preponderância do interesse (União: interesse nacional; Estados/DF: interesse regional; Municípios: interesse local). Qual a competência dos Municípios em Direito financeiro? Muito embora repouse importante celeuma doutrinária a respeito, em razão de os Municípios não estarem elencados expressamente no art. 24, incisos I e I da CRFB, a doutrina majoritária e o CESPE (CEBRASPE) consideram correta a assertiva de que compete aos Municípios legislar concorrentemente sobre Direito financeiro, com fulcro no art. 30, incisos I e II da CRFB. Desse modo, é isso que importa para a sua prova! Quais são as normas gerais sobre Finanças Públicas? Estão previstas nos arts. 163 e 164 da CRFB, senão vejamos. CAPÍTULO II DAS FINANÇAS PÚBLICAS 24 Seção I NORMAS GERAIS Art. 163. Lei complementar disporá sobre: I - finanças públicas; II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III - concessão de garantias pelas entidades públicas; IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central. § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. § 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. § 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Ao reservar à lei complementar a disposição sobre “finanças públicas”, a CRFB cria a chamada “reserva de lei complementar” para os assuntos compreendidos no conceito de finanças públicas: a saber: receitas, despesas, orçamento e crédito público. Já a dívida pública se relaciona com a questão dos entes públicos na qualidade de devedor. Neste particular, a lei complementar fixará o montante em que cada entidade federada poderá contrair de dívida, seja interna ou externamente. Além disso, o banco central foi alçado ao caráter de autoridade monetária do Brasil, tendo sido criado pela Lei 4.595/64, ostentando índole de autarquia federal, de 25 natureza especial, integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN). É muito importante que o aluno MEGE memorize esses pormenores constitucionais acerca do banco central, pois costumam ser corados em provas de concurso. As “disponibilidades de caixa” consistem em valores pertencentes aos entes federados, mas não comprometidos nem atrelados a fazer face a nenhuma despesa pública, ou seja, é dinheiro púbico ainda não afetado a fim específico. Com base nessa conclusão, o STF assentou em vários precedentes que o depósito de salário ou remuneração de servidor público em instituição financeira privada não desatende o disposto no § 3º do art. 164 da CRFB, pois o citado depósito não se inclui no conceito de “disponibilidade de caixa” (por todos, cita-se o AI 836.677-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, j. 3/4/2012). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALMEIDA, Ricardo Damasceno de; LISBOA, Marcelo Jucá. Direito Financeiro (Leis especiais para concursos, v. 13). Salvador: Juspodivm, 2017. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Julgados resumidos Dizer o direito 2012/2015. Manaus: Dizer o direito editora, 2016. LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. Salvador: Editora Juspodivm, 2019. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2016. PISCITELLI, Tathiane. Direito Financeiro Esquematizado. São Paulo: Editora Método, 2018. ABRAHAM, Marcus. Curso de Direito Financeiro Brasileiro. 4. ed. rev. atuali. e ampl. Rio de Janeiro, Forense, 2017. LEGISLAÇÃO E ENUNCIADOS DE SÚMULA ➢ Ler e marcar os seguintes dispositivos da CRFB: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II - orçamento; (...) Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 26 I – relativa a: (...) d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (...) Seção IX DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, deforma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; 27 VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. . § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; 28 II - idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior. § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento; II - dois terços pelo Congresso Nacional. § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. 29 Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros. Seção VI DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I. (...) Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos. Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos: I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III. Art. 161. Cabe à lei complementar: I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I; II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159, especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio sócio-econômico entre Estados e entre Municípios; III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas e da liberação das participações previstas nos arts. 157, 158 e 159. Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas referentes aos fundos de participação a que alude o inciso II. Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão numérica dos critérios de rateio. 30 Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discriminados por Estado e por Município; os dos Estados, por Município. CAPÍTULO II DAS FINANÇAS PÚBLICAS Seção I NORMAS GERAIS Art. 163. Lei complementar disporá sobre: I - finanças públicas; II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III - concessão de garantias pelas entidades públicas; IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; V - fiscalização financeira daadministração pública direta e indireta; VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central. § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. § 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. § 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. ➢ Não há súmulas sobre o ponto. JURISPRUDÊNCIA 31 INVASÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO: LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (STF, Plenário. ADI 5449, 10.3.2016 – Informativo 817) • DECISUM (Decisão): É inconstitucional lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal estipulados nos arts. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF – Lei complementar 101/200). • RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): A teor do art. 169 da CRFB/88, a despesa com pessoal da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder limites fixados em lei complementar. A par disso, é sabido que, no âmbito da competência legislativa concorrente, a União disporá sobre as normas gerais (art. 24, I da CRFB), as quais já estão traçadas na LRF, motivo que ensejou a declaração de inconstitucionalidade por usurpação de competência da União para tratar a respeito. INVASÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO: DEPÓSITOS JUDICIAIS (STF, Plenário. ADI 5409, 25.11.2015 – Informativo 809) • DECISUM (Decisão): É inconstitucional lei estadual que prevê a permissão de o Poder Executivo utilizar os valores constantes dos depósitos judiciais não apenas relacionados com os processos em que os Estados sejam parte, mas também oriundos de outros processos em que estejam litigando somente particulares. • RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Leis dessa natureza (obs.: o STF já declarou a inconstitucionalidade várias delas) são inconstitucionais por violarem o seguinte: (i) o princípio da separação dos poderes; (ii) a iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I da CRFB/88), e (iii) a Lei complementar federal 151/2015, que apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores que sejam objeto de depósitos vinculados a processos em que os entes federados sejam parte. DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS E VÍCIO DE INICIATIVA (STF, Plenário. ADI 2072/RS, 4.2.2015) • DECISUM (Decisão): É inconstitucional norma estadual que, mediante emenda parlamentar, ao tornar o governo estadual devedor principal de obrigações que agricultores daquele Estado-membro assumiram, inicialmente, com o governo Federal, altera a natureza do pacto originalmente firmado. • RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): A emenda parlamentar em questão dispõe sobre despesa orçamentária, afrontando a competência do Poder Executivo prevista nos arts. 84, XXIII e 165, III, ambos da CRFB, além de não se adequar a nenhuma das hipóteses admitidas de “emenda parlamentar ao projeto de lei relativo ao orçamento anual” (art. 166, §3º, CRFB). JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: ESTOQUE MÍNIMO DE MEDICAMENTOS (STF, 1ª Turma. RE 429903/RJ, 25.6.2014 – Informativo 752) 32 • DECISUM (Decisão): O Poder Executivo pode ser obrigado – por força de decisão do Poder Judiciário –, a manter estoque mínimo de determinado medicamento utilizado no combate a certa doença grave, para o fim de evitar (reiteradas) interrupções no tratamento. • RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Para o STF, inexiste ofensa ao princípio da separação dos poderes, uma vez que a decisão do Poder Judiciário não interfere nas metas e prioridades do Estado, pois sequer transmuta a gestão orçamentária. Logo, tendo-se comprovado a ilegalidade ou o abuso por parte da Administração Pública ao deixar “zerado” o estoque de medicamentos de um tratamento contínuo de doença grave, há apenas e tão somente controle judicial do serviço público, apto a manter a higidez do núcleo essencial do direito fundamental à saúde (mínimo existencial), justificativa que afasta a incidência da teoria da reserva do possível. JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: ACESSIBIDADE EM PRÉDIOS PÚBLICOS (STF, 1ª Turma. RE 440028/SP, 29/10/2013 – lnformativo 726). • DECISUM (Decisão): A CRFB/88 e a Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas com Deficiência asseguram o direito dos portadores de necessidades especiais ao acesso a prédios públicos, sendo dever da Administração Pública a adoção de providência que viabilizem tal direito de acessibilidade a prédios públicos. • RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que o Poder Executivo adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente dispostos como essenciais, desde que se limite a garantir o núcleo intangível do direito essencial (mínimo existencial), pois assim procedendo, estará zelando pelo princípio da harmonia e independência dos poderes, que foi talhado como meio de garantia de direitos, e não como escusa de responsabilidades. JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: REFORMA DE CADEIA PÚBLICA OU CONSTRUÇÃO DE NOVA UNIDADE PRISIONAL (STJ, 2ª Turma. REsp 1.389.952-MT, 3.6.2014 – lnformativo 543) • DECISUM (Decisão): Se forem constatadas inúmeras irregularidades em cadeia pública (ex.: superlotação, celas sem condições mínimas de salubridade para a permanência de detentos, especialmente em razão de defeitos estruturais, de ausência de ventilação, de iluminação e de instalações sanitárias adequadas, desrespeito à integridade física e moral dos prisioneiros, havendo, ainda, relatos de que as visitas íntimas seriam realizadas dentro das próprias celas e em grupos, outrossim que existiriam detentas acomodadas improvisadamente), a alegativa de ausência de previsão orçamentária não obsta que seja julgado procedente o pedido de Ação civil Pública (ACP) que, dentre outros, tenha por objeto determinar ao Estado que adote as providências administrativas e aloque as respectivas rubricas orçamentárias para fazer face à reforma ou à construção de unidade prisional, 33 notadamente quando inexistir comprovação objetiva da incapacidade econômico- financeira da pessoa estatal. • RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Não prospera a invocação da reserva do possível quando não houve comprovação objetiva (fática, e não meramente jurídica) da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal, já que prevalece a garantia do mínimo existencial dos presos. JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: OBRAS EMERGENCIAIS EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL (STF, Plenário. RE 592581/RS, 13.8.2015 – lnformativo 794) • DECISUM (Decisão): Admite-se ao Poder Judiciário determinar ao Poder Executivo o cumprimento de obrigação de fazer consistente em promover medidas tendentes à execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais. • RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Prevalece, na espécie, a garantia à integridade física e moral dos detentos (art. 5º, XLIX, CRFB) e o postulado da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB), não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível, tampouco o princípio da separação dos poderes. JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: SISTEMA CARCERÁRIO E ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL (STF, Plenário. ADPF 347 MC/DF, 9.9.2015 – lnformativo798) • DECISUM (Decisão): O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se constata a existência de um quadro de violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura. Portanto, apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de autoridades podem modificar a situação inconstitucional. Reconheceu-se que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos • RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Entendeu-se que as penas privativas de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas (vedadas pelo art. 5º, XLVII, alíneas “d” e “e”, CRFB). Outrossim, asseverou-se que a responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), em nível de União, de Estados-membros e de Distrito Federal. Aliás, a ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha estrutural", que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. Em assim sendo, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações, colimando (objetivando) resolver o problema e monitorar os resultados alcançados. 34 QUESTÕES PARA RESOLUÇÃO 1. (CESPE – PGE-PI/2014): A Lei nº 4.320/1964, apesar de ser lei ordinária, foi recepcionada pela CF com status de lei complementar, só podendo, hoje, ser alterada por lei dessa estatura. ( ) 2. (CESPE – PGE-PI/2014): Ao tratar da competência concorrente para legislar sobre orçamento, a CF não se referiu aos municípios, estando a doutrina majoritária posicionada no sentido de que, apesar de o constituinte ter silenciado a respeito, os municípios podem reivindicar tal competência. ( ) 3. (CESPE – TCE-PR/2016): A competência legislativa da União sobre direito financeiro limita-se ao estabelecimento de normas gerais. 4. (CESPE – PGE-BA/2014): O instrumento legislativo exigido pela CF, na esfera federal, para dispor sobre normas de finanças públicas é sempre a lei complementar. ( ) 5. (CESPE – PGE-BA/2014): Os estados podem legislar sobre direito financeiro e, sempre que o fizerem, estarão revogando qualquer norma preexistente, ainda que editada pela União. ( ) 6. (CESPE – PG-DF/2013): O Distrito Federal tem competência exclusiva para dispor sobre normas gerais de direito financeiro. ( ) 7. (CESPE – PG-DF/2013): Enquanto a Lei n.º 4.320/1964, que tem hoje status de lei complementar, dispõe sobre normas gerais sobre a elaboração do orçamento, a LRF procura estabelecer normas de finanças públicas para a responsabilidade na gestão fiscal. ( ) 8. (CESPE – Procurador do TC-DF/2013): Um estado brasileiro pretende reorganizar seu sistema de finanças públicas, para melhorar a eficiência do planejamento e do gasto público; para isso, deverá, entre outras ações, modificar o aparato jurídico que ordena a matéria. Entretanto, o referido estado não poderá editar norma geral dispondo sobre orçamentos, diretrizes orçamentárias e plano plurianual. ( ) 9. (CESPE – PGM/FORTALEZA – 2017): A adoção do federalismo cooperativo equilibrado pela CF visa à redução das desigualdades regionais. ( ) 10. (CESPE – PGM/FORTALEZA – 2017): No que diz respeito ao Direito Financeiro, a CF pode ser classificada como semirrígida, uma vez que restringe a regulação de certos temas de finanças públicas a lei complementar e deixa outros à disciplina de lei ordinária. ( ) QUESTÕES COMENTADAS 1. (CERTO) Justificativa: é conclusão da ADI 1726 associada ao princípio do paralelismo das formas, segundo o qual a alteração da lei deve se efetivar pelo mesmo instrumento que a originou ou outro de maior amplitude. À vista disso, uma lei ordinária só pode ser alterada por outra lei ordinária ou por uma lei complementar ao passo que uma lei complementar só pode ser modificada por outra lei complementar. Apesar de não existir hierarquia entre lei ordinária e 35 lei complementar (o que há é uma reserva de matérias a serem tratadas apenas por lei complementar), o quórum de aprovação da primeira é de maioria relativa enquanto da segunda é de maioria absoluta, razão pela qual torna a lei complementar de maior amplitude. Técnica de resolução da questão “PARECE, MAS NÃO É”: geralmente, o uso de expressões “absolutizadoras” (excluem as exceções. No enunciado, utilizou-se o termo “só”) torna a assertiva errada, visto que o Direito é conformado de inúmeras exceções. Todavia, não se trata de regra absoluta, já que existem, sim, raras assertivas que não admitem exceções. Portanto, a assertiva está CORRETA, apesar de parecer errada por conta da utilização do “só”. Por isso, o aluno MEGE deve ficar atento a tal detalhe. 2. (CERTO) Justificativa: Muito embora repouse importante celeuma doutrinária a respeito, em razão de os Municípios não estarem elencados expressamente no art. 24, incisos I e I da CRFB, a doutrina majoritária e o CESPE (CEBRASPE) consideram correta a assertiva de que compete aos Municípios legislar concorrentemente sobre Direito financeiro, com fulcro no art. 30, incisos I e II da CRFB. 3. (CERTO) Justificativa: art. 24, § 1º, CRFB. Nos casos de competência concorrente, a União editará normas gerais e os Estados podem suplementar a legislação nacional, que se limita às normas gerais. Técnica de resolução da questão “PRECEITO NORMATIVO, E NÃO TEXTO NORMATIVO”: diferentemente da maioria das bancas examinadoras, o CESPE (CEBRAPE) não cobra a literalidade da legislação, a qual é conhecida como texto normativo. Nesse sentido, a maior parte das bancas apenas faz o famoso “copia e cola” em relação ao texto normativo e cobra na prova. Porém, o estilo CESPE (CEBRASPE) de cobrança é prezar pela solidez do conhecimento do candidato, logo não cobrará a literalidade da lei ou da Constituição, e sim o seu preceito normativo, que nada mais é do que o conteúdo da norma. E qual o preceito normativo cobrado na questão? Quando se tratar de competência legislativa concorrente, a União só poderá dispor sobre normas gerais! 4. (CERTO) Justificativa: Art. 163, inciso I, CRFB (“Artigo 163. Lei complementar disporá sobre: I - finanças públicas. (...)” Técnica de resolução da questão “PARECE, MAS NÃO É”: geralmente, o uso de expressões “absolutizadoras” (excluem as exceções. No enunciado, utilizou-se o termo “sempre”) torna a assertiva errada, visto que o Direito é conformado de inúmeras exceções. Todavia, não se trata de regra absoluta, já que existem, sim, raras assertivas que não admitem exceções. Portanto, a assertiva está CORRETA, apesar de parecer errada por conta da utilização do “sempre”. Por isso, o aluno MEGE deve ficar atento a tal detalhe. 5. (ERRADO) Justificativa: não há hierarquia entre os entes federados, e sim repartição de competências (federalismos de cooperação), com base no princípio da preponderância do interesse (União: interesse nacional; Estados/DF: interesse regional; Municípios: interesse local). Por isso, inexiste revogação, no caso, já que a superveniência de lei da União sobre normas gerais resultará em suspensão da eficácia da lei estadual, no que lhe for contrária (art. 24, § 1º, CRFB). 6. (ERRADO) Justificativa: a competência legislativa para editar normas gerais 36 pertence à União (art. 24, § 1º, CRFB). Esse é o preceito normativo. 7. (CERTO) Justificativa: é exatamente a ementa de cada uma das leis citadas. 8. (CERTO) Justificativa: a competência legislativa para a edição de normas gerais de Direito financeiro e orçamento é da União (art. 24, incisos I e II c/c §1º, CRFB). É esse o preceito normativo! 9. (CERTO) Justificativa: A assertiva corresponde
Compartilhar