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Boletim de Acórdãos Publicados_2020_agosto

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1 
 
n. 30 
DJE de 
Agosto 
2020 
 2 
 
TE SE S E FUNDAMENTOS 
BOLE TIM DE ACÓRDÃOS PUBLICADOS 
Este Boletim contém resumos de decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal. 
Elaborado a partir de acórdãos publicados no mês de referência, e cujo julgamento tenha sido noticiado 
no Informativo STF, o periódico traz os principais fundamentos e conclusões dos julgados. 
A fidelidade deste trabalho ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja uma das metas almejadas, 
apenas poderá ser aferida pela leitura integral do inteiro teor publicado no Diário da Justiça Eletrônico. 
 
 
SUMÁRIO 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
AGENTES PÚBLICOS ......................................................................................................... 7 
CONCURSO PÚBLICO 
CLÁUSULA DE BARREIRA – REPERCUSSÃO GERAL 
AGENTES PÚBLICOS ........................................................................................................ 8 
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA 
TERCEIRIZAÇÃO 
AGENTES PÚBLICOS ......................................................................................................... 8 
SERVIDORES PÚBLICOS 
REGIME JURÍDICO 
AGENTES PÚBLICOS ........................................................................................................ 9 
SISTEMA REMUNERATÓRIO 
REVISÃO GERAL ANUAL 
AGENTES PÚBLICOS ....................................................................................................... 10 
SISTEMA REMUNERATÓRIO 
TETO REMUNERATÓRIO 
PODERES ADMINISTRATIVOS .......................................................................................... 12 
PODER DE POLÍCIA 
FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ............................................................................. 13 
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA 
DEVER DE INDENIZAR – REPERCUSSÃO GERAL 
 3 
DIREITO AMBIENTAL 
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ....................................................................... 14 
PRINCÍPIOS 
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 15 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
DIREITO À INFORMAÇÃO 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 16 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
DIREITO À NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 17 
DIREITOS SOCIAIS 
SALÁRIO-FAMÍLIA 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 17 
DIREITOS SOCIAIS 
REPOUSO SEMANAL REMUNERADO 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 18 
UNIÃO 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 18 
UNIÃO 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA – REPERCUSSÃO GERAL 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 19 
ESTADOS FEDERADOS 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 20 
ESTADOS FEDERADOS 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 21 
ESTADOS FEDERADOS 
PRINCÍPIO DA SIMETRIA 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 21 
MUNICÍPIOS 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
 4 
TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO .......................................................................................... 23 
FINANÇAS PÚBLICAS 
ORÇAMENTO 
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ........................................................................................ 24 
PODER JUDICIÁRIO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ........................................................................................ 26 
PODER JUDICIÁRIO 
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) 26 
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ......................................................................................... 27 
PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E JUÍZES FEDERAIS – REPERCUSSÃO GERAL 
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ......................................................................................... 29 
PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS 
ORDEM SOCIAL............................................................................................................. 30 
EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO 
EDUCAÇÃO – REPERCUSSÃO GERAL 
ORDEM SOCIAL............................................................................................................. 30 
EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO 
EDUCAÇÃO 
DIREITO INTERNACIONAL 
DIREITO PENAL INTERNACIONAL ..................................................................................... 33 
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM MATÉRIA PENAL 
EXTRADIÇÃO 
DIREITO PENAL 
PRINCÍPIOS E GARANTIAS PENAIS ................................................................................... 34 
PRINCÍPIOS E GARANTIAS PENAIS INTERNACIONAIS 
PROIBIÇÃO DE DUPLA PERSECUÇÃO PENAL 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................................................. 35 
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
CRIME DE DESOBEDIÊNCIA 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL .......................................................................................... 36 
LEI 8.666/1993 
ART. 89 
 5 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL .......................................................................................... 36 
LEI 11.343/2006 – DROGAS 
ART. 48 – PROCEDIMENTO PENAL 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS ....................................................................................... 38 
APOSENTADORIA 
APOSENTADORIA ESPECIAL – REPERCUSSÃO GERAL 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
PROCESSO EM GERAL .................................................................................................... 40 
PRINCÍPIOS E GARANTIAS PROCESSUAIS 
PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA – REPERCUSSÃO 
GERAL 
PROCESSO EM GERAL .................................................................................................... 40 
PROVA 
BUSCA E APREENSÃO 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA ....................................................................................... 42 
ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA FEDERAL 
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL 
TRIBUTOS .................................................................................................................... 43 
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS GERAIS – REPERCUSSÃO GERAL 
TRIBUTOS .................................................................................................................... 44 
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO 
TRIBUTOS .................................................................................................................... 45 
IMPOSTOS 
IMPOSTO DE RENDA - IR 
TRIBUTOS .................................................................................................................... 46 
IMPOSTOS 
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS 
E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E 
INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO (ICMS) – REPERCUSSÃO GERAL 
TRIBUTOS .................................................................................................................... 47 
IMPOSTOS 
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF) 
 6 
TRIBUTOS .................................................................................................................... 48 
IMPOSTOS 
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – IPVATRIBUTOS .................................................................................................................... 50 
IMPOSTOS 
IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE 
SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE 
COMUNICAÇÃO – ICMS 
TRIBUTOS .................................................................................................................... 51 
TAXAS 
TAXA JUDICIÁRIA 
 
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
7 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
AGENTES PÚBLICOS 
CONCURSO PÚBLICO 
CLÁUSULA DE BARREIRA – REPERCUSSÃO 
GERAL 
Sem previsão constitucional adequada e 
instituída por lei, não é legítima a cláusula de 
edital de concurso público que restrinja a 
participação de candidato pelo simples fato 
de responder a inquérito ou ação penal. 
Como regra geral, a existência de 
inquéritos ou processos penais em curso 
não autoriza a eliminação de candidatos em 
concursos públicos, o que pressupõe: a) 
condenação por órgão colegiado ou 
definitiva; e b) relação de incompatibilidade 
entre a natureza do crime em questão e as 
atribuições do cargo concretamente 
pretendido, a ser demonstrada de forma 
motivada por decisão da autoridade 
competente. 
Destaque-se que mesmo eventual 
condenação penal transitada em julgado 
não resulta necessariamente na perda do 
cargo público para o servidor que já é 
efetivo, como dispõe o art. 92 do Código 
Penal (CP)1. 
Nesse sentido, é excessiva a exigência de 
que a condenação tenha transitado em 
julgado. Na ausência de lei, parece 
perfeitamente razoável aplicar por analogia 
os critérios previstos para fins eleitorais na 
Lei Complementar 135/2010. Eles 
pressupõem não apenas o recebimento da 
denúncia e o transcurso de toda a instrução 
mas também uma condenação definitiva ou 
um juízo colegiado, de cognição exauriente, 
no sentido da condenação. Este último 
 
1 CP/1940: “Art. 92. São também efeitos da 
condenação: I – a perda de cargo, função pública 
ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena 
privativa de liberdade por tempo igual ou 
superior a um ano, nos crimes praticados com 
abuso de poder ou violação de dever para com a 
julgamento é feito por juízes mais 
experientes, em estágio avançado da 
carreira judiciária, e não poderá ser revisto 
pelos Tribunais Superiores, em recurso 
especial e extraordinário, quanto às suas 
premissas fáticas. 
Tais circunstâncias permitem a 
formulação de um juízo de reprovabilidade 
moral em relação ao candidato, e podem 
implicar sua eliminação do certame. Não 
entender assim implica restrição demasiada 
ao princípio da moralidade, sendo excessiva 
a invocação de um princípio afeto à seara 
penal, em toda a sua extensão, de modo a 
exigir o trânsito em julgado para a produção 
de efeitos relativos ao direito administrativo 
(acessibilidade aos cargos públicos). 
Além do aspecto relativo à fase 
processual (condenação por órgão 
colegiado ou definitiva), é preciso que haja 
pertinência entre a acusação e as 
atribuições do cargo em questão. Em outras 
palavras: nem todas as condenações 
criminais colegiadas ou definitivas devem 
implicar, automaticamente, a eliminação de 
candidatos de concursos, mas apenas 
aquelas que revelem, em razão da natureza 
do crime apurado, uma incompatibilidade 
com os pressupostos necessários ao 
exercício da função pública em questão. 
Nessa linha, o parágrafo único do art. 92 
do CP exige fundamentação específica para 
a determinação de perda do cargo, ao 
prever que tal efeito da condenação não é 
automático. Essa exigência deve ser 
entendida como um ônus argumentativo de 
demonstrar a incompatibilidade entre a 
condenação em questão e as atribuições do 
cargo concretamente exercido. O mesmo 
raciocínio pode ser utilizado na seleção de 
candidatos em concursos públicos. 
Administração Pública; b) quando for aplicada 
pena privativa de liberdade por tempo superior a 
4 (quatro) anos nos demais casos. (...) Parágrafo 
único – Os efeitos de que trata este artigo não 
são automáticos, devendo ser motivadamente 
declarados na sentença.” 
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
8 
 
Ademais, a lei pode instituir requisitos 
mais rigorosos para determinados cargos, 
em razão da relevância das atribuições 
envolvidas, como é o caso, por exemplo, das 
carreiras da magistratura, das funções 
essenciais à justiça e da segurança pública 
(CF, art. 144), sendo vedada, em qualquer 
caso, a valoração negativa de simples 
processo em andamento, salvo situações 
excepcionalíssimas e de indiscutível 
gravidade. 
Entretanto, essa orientação não se aplica 
a certames que já tenham sido realizados e 
não tenham sido objeto de impugnação até 
a data do presente julgamento. 
RE 560.900, rel. min. Roberto Barroso, DJE 
de 17-8-2020, repercussão geral, Tema 22. 
(Informativo 965, Plenário) 
___________________________________ 
AGENTES PÚBLICOS 
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA 
TERCEIRIZAÇÃO 
Admite-se a contratação de empresa de 
serviço temporário para terceirizar o 
desempenho de determinadas atividades 
dentro do serviço público, devendo a 
Administração observar todas as normas 
pertinentes à contratação de tais empresas. 
A utilização de serviço temporário pela 
Administração não pode configurar, jamais, 
burla à exigência de concurso público. No 
entanto, observada a legislação pertinente, 
o gestor deve, no exercício de sua 
competência, optar pela melhor forma de 
atender o interesse público e a eficiência 
administrativa, podendo contratar 
empresas de serviço temporário. 
A contratação de empresa que forneça 
serviço temporário não afasta a observância 
da Constituição Federal (CF). A terceirização 
da atividade não implica burla à regra do 
concurso público, na medida em que não 
implica a investidura em cargo ou emprego 
público. Sua utilização, no entanto, deve 
observar todos os princípios que regem a 
Administração Pública, não podendo ser 
desvirtuada. 
O concurso público é a única via de 
ingresso em cargo ou emprego público, e 
qualquer forma de utilização, pela 
Administração Pública, de serviço 
temporário para burlar a regra 
constitucional do concurso público 
permanece vedada. 
Portanto, essa modalidade de 
contratação não implica violação à regra do 
concurso público, uma vez que não permite 
a investidura em cargo ou emprego público. 
ADI 5.685, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 
21-8-2020. 
(Informativo 987, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
AGENTES PÚBLICOS 
SERVIDORES PÚBLICOS 
REGIME JURÍDICO 
A ausência de lei estadual instituidora de um 
único regime de servidores na 
Administração Direta, Autárquica e 
Fundacional no âmbito do ente federado, 
apesar de se mostrar como uma situação 
constitucionalmente indesejável, não possui 
o condão de censurar as normas que 
estipularem um ou outro regime enquanto 
perdurar essa situação de mora legislativa. 
Compete a cada ente federativo 
estipular, por meio de lei em sentido estrito, 
o regime jurídico de seus servidores, 
escolhendo entre o estatutário e o celetista, 
sendo que a Constituição Federal (CF) não 
excluiu a possibilidade de ser adotado o 
regime de emprego público (celetista) para 
as autarquias. 
O constituinte originário, ao dispor sobre 
“regime jurídico único”, constante do caput 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753483317
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=22&numeroTemaFinal=22&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo965.htm#Presun%C3%A7%C3%A3o%20de%20inoc%C3%AAncia%20e%20elimina%C3%A7%C3%A3o%20de%20concurso%20p%C3%BAblico%20%E2%80%93%204
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753557482
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo987.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuaisN. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
9 
 
do art. 39 da CF2, não pretendeu impor a 
adoção do regime estatutário aos servidores 
da Administração Pública Direta, das 
autarquias e das fundações públicas. A 
leitura de outros dispositivos constitucionais 
sugere o contrário3. 
Assim, quando se estabeleceu que 
servidores de autarquias devem afastar-se, 
ou verificar a compatibilidade de horário, de 
seus cargos, empregos ou funções, por 
ocasião de exercício de mandato eletivo, 
percebe-se que a CF possibilitou a existência 
do regime jurídico celetista dentro de uma 
estrutura autárquica. 
Caso a intenção do constituinte fosse 
estabelecer, dentro das autarquias, apenas 
o regime estatutário, não haveria motivo 
para incluir o termo “emprego”, referente a 
emprego público, no dispositivo em análise. 
Sabe-se que não há, no texto constitucional, 
a aplicação de palavras ou termos vazios. 
Assim, o caput do art. 39 da CF deve ser 
interpretado no sentido de que compete a 
cada ente federativo estipular, por meio de 
lei em sentido estrito, o regime jurídico de 
seus servidores, optando entre o regime 
estatutário ou o celetista. Busca-se, desse 
modo, evitar disparidades entre servidores 
que atuam em uma mesma realidade dentro 
de uma única estrutura federativa, 
sobretudo em razão dos postulados de 
igualdade, consagrados pela CF. 
 
2 CF/1988: “Art. 39. A União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios instituirão, no 
âmbito de sua competência, regime jurídico 
único e planos de carreira para os servidores da 
administração pública direta, das autarquias e 
das fundações públicas.” 
3 CF/1988: “Art. 38. Ao servidor público da 
administração direta, autárquica e fundacional, 
no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as 
seguintes disposições: I – tratando-se de 
mandato eletivo federal, estadual ou distrital, 
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; 
II – investido no mandato de Prefeito, será 
afastado do cargo, emprego ou função, sendo-
lhe facultado optar pela sua remuneração; III – 
investido no mandato de Vereador, havendo 
compatibilidade de horários, perceberá as 
vantagens de seu cargo, emprego ou função, 
Para que haja produção completa dos 
efeitos do art. 39 da CF, é indispensável a 
edição pelo ente federativo de norma 
específica que institua o regime jurídico de 
seus servidores. Entretanto, eventual mora 
legislativa estadual, mesmo que implique 
paralisação do efeito do caput do art. 39 da 
CF, não torna incompatível norma que adote 
o regime estatutário ou celetista. 
Situação diversa seria, por exemplo, lei 
estadual a estipular o regime estatutário no 
âmbito de empresas públicas ou sociedades 
de economia mista, o que esbarraria no 
efeito paralisante do art. 39 da CF. 
ADI 5.615, rel. min. Alexandre de Moraes, 
DJE de 6-7-2020. 
(Informativo 985, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
AGENTES PÚBLICOS 
SISTEMA REMUNERATÓRIO 
REVISÃO GERAL ANUAL 
É inconstitucional a lei estadual, de iniciativa 
do Poder Judiciário local, que, a pretexto de 
instituir reajuste ou aumento salarial de seus 
servidores, realiza revisão geral anual de 
vencimentos. 
O escopo da revisão geral anual, prevista 
no art. 37, X, da Constituição Federal (CF)4, é 
sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, 
e, não havendo compatibilidade, será aplicada a 
norma do inciso anterior; IV – em qualquer caso 
que exija o afastamento para o exercício de 
mandato eletivo, seu tempo de serviço será 
contado para todos os efeitos legais, exceto para 
promoção por merecimento; V – na hipótese de 
ser segurado de regime próprio de previdência 
social, permanecerá filiado a esse regime, no 
ente federativo de origem..” 
4 CF/1988: “Art. 37. A administração pública 
direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: (...) X – a remuneração dos servidores 
públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753175096
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
10 
 
garantir a recomposição do poder aquisitivo 
da moeda. 
Diversamente do reajuste de 
remuneração dos servidores públicos e dos 
subsídios de que trata o art. 39, § 4º, da CF5, 
que depende de lei específica, respeitada a 
iniciativa privativa em cada caso, a revisão 
geral anual segue regras bem claras: deve 
ser anual, sempre na mesma data e sem 
distinção de índices. Ademais, deve ser 
objeto de lei específica, de iniciativa 
privativa do chefe do Poder Executivo, como 
previsto no art. 61, § 1º, II, a, da CF6. 
Assim, não é dado ao Poder Judiciário 
substituir o chefe do Poder Executivo em 
processo legislativo de iniciativa de sua 
competência, ainda que constatada omissão 
de sua parte. 
ADI 3.538, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 
17-8-2020. 
(Informativo 987, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
 
 
39 somente poderão ser fixados ou alterados por 
lei específica, observada a iniciativa privativa em 
cada caso, assegurada revisão geral anual, 
sempre na mesma data e sem distinção de 
índices;” 
5 CF/1988: “Art. 39. A União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios instituirão, no 
âmbito de sua competência, regime jurídico 
único e planos de carreira para os servidores da 
administração pública direta, das autarquias e 
das fundações públicas. (...) § 4º O membro de 
Poder, o detentor de mandato eletivo, os 
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e 
Municipais serão remunerados exclusivamente 
por subsídio fixado em parcela única, vedado o 
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, 
abono, prêmio, verba de representação ou outra 
espécie remuneratória, obedecido, em qualquer 
caso, o disposto no art. 37, X e XI.” 
6 CF/1988: “Art. 61. A iniciativa das leis 
complementares e ordinárias cabe a qualquer 
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, 
do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao 
Presidente da República, ao Supremo Tribunal 
Federal, aos Tribunais Superiores, ao 
AGENTES PÚBLICOS 
SISTEMA REMUNERATÓRIO 
TETO REMUNERATÓRIO 
É possível que advogados públicos federais, 
submetidos a regime de subsídio, percebam 
verbas honorárias sucumbenciais, desde 
que observada a incidência do teto 
remuneratório. 
O art. 135 da Constituição Federal (CF)7, 
ao estabelecer, nos moldes do seu art. 39, § 
4º8, que a remuneração dos advogados 
públicos se dá mediante subsídio, é 
compatível com o regramento 
constitucional referente à Advocacia 
Pública, pois o recebimento de honorários 
advocatícios sucumbenciais pelos 
advogados públicos, devidamente previsto 
em lei, tem caráter remuneratório e de 
contraprestação de serviços realizados no 
curso do processo, sendo compreendido, 
portanto, como parcela remuneratória 
devida a advogados em razão do serviço 
prestado, que recebe tratamento 
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, 
na forma e nos casos previstos nesta 
Constituição. § 1º São de iniciativa privativa do 
Presidente da República as leis que: (...) II – 
disponham sobre: a) criação de cargos, funções 
ou empregos públicos na administração direta e 
autárquica ou aumento de sua remuneração;” 
7 CF/1988: “Art. 135. Os servidores 
integrantes das carreiras disciplinadas nas 
Seções II e III deste Capítulo serão remunerados 
na forma do art. 39, § 4º.” 
8 CF/1988: “Art. 39. A União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios instituirão, no 
âmbito de sua competência, regime jurídico 
único e planos de carreira para os servidores da 
administração pública direta, das autarquias e 
das fundações públicas. (...) § 4º O membro de 
Poder, o detentor de mandato eletivo, os 
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e 
Municipais serão remunerados exclusivamente 
por subsídio fixadoem parcela única, vedado o 
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, 
abono, prêmio, verba de representação ou outra 
espécie remuneratória, obedecido, em qualquer 
caso, o disposto no art. 37, X e XI.” 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753486536
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo987.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
11 
 
equivalente aos vencimentos e subsídios, 
sendo, inclusive, reconhecido seu caráter 
alimentar. 
Por sua vez, a Lei 8.906/1994, que dispõe 
sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem 
dos Advogados do Brasil, distingue três 
categorias de honorários. De acordo com 
seu art. 229, a prestação de serviço 
profissional assegura aos inscritos na OAB o 
direito: a) aos honorários convencionados; 
b) aos honorários fixados por arbitramento 
judicial; e c) aos honorários de sucumbência. 
Esses últimos se relacionam como dever da 
parte de suportar, uma vez derrotada na 
demanda, as consequências do resultado, 
sendo obrigada, via de regra, ao pagamento 
de todas as verbas sucumbenciais, entre as 
quais, os honorários advocatícios de 
sucumbência. 
Embora concebidos como consequência 
futura, incerta e variável, que, prevista em 
lei e imposta por sentença à parte vencida, 
decorre do resultado da análise dos pedidos 
levados a juízo, o pagamento de verbas 
honorárias de sucumbência vincula-se 
indissociavelmente à própria natureza e 
qualidade dos serviços efetivamente 
prestados pelo profissional da advocacia, 
assumindo, em razão disso, feição 
contraprestacional e remuneratória. 
O fato de os honorários sucumbenciais 
não serem devidos por alguém que se tenha 
beneficiado dos respectivos serviços 
profissionais não é suficiente para, por si só, 
descaracterizar essa natureza 
remuneratória. Não é por outro motivo, 
aliás, que tais verbas são fixadas entre 
percentuais limitadores de um mínimo e de 
um máximo, moduláveis precisamente em 
razão de determinados qualificativos 
imputáveis ao serviço objeto da 
contraprestação. 
 
9 Lei 8.906/1994: “Art. 22. A prestação de 
serviço profissional assegura aos inscritos na 
OAB o direito aos honorários convencionados, 
aos fixados por arbitramento judicial e aos de 
sucumbência.” 
Destaque-se, ainda, que a Emenda 
Constitucional (EC) 19/1998 não assentou 
qualquer objeção explícita à transposição 
dessa garantia profissional para o contexto 
da advocacia pública, cuja disciplina 
constitucional encontra-se junto com a 
advocacia privada no mesmo Título IV, 
Capítulo IV, da CF, distinguindo-se somente 
em termos de Seção, respectivamente II e III. 
A possibilidade de aplicação do 
dispositivo legal, a prever pagamento de 
honorários de sucumbência também à 
advocacia pública, está intimamente 
relacionada ao princípio da eficiência, 
consagrado constitucionalmente no art. 
3710, pois dependente da natureza e 
qualidade dos serviços efetivamente 
prestados. No modelo de remuneração por 
performance, em que se baseia a 
sistemática dos honorários advocatícios, 
quanto mais exitosa a atuação dos 
advogados públicos, mais se beneficia a 
Fazenda Pública e, por consequência, toda a 
coletividade. 
Por outro lado, ao contrário do que uma 
leitura isolada do art. 39, § 4º, da CF pudesse 
sugerir, o conceito de parcela única 
espelhado nesse dispositivo constitucional 
apenas repele o acréscimo injustificável de 
espécies remuneratórias ordinárias, devidas 
em decorrência do trabalho normal do 
servidor submetido a regime de subsídio, 
sem impedir, em linha de princípio, a 
percepção de outras verbas pecuniárias que 
tenham fundamento diverso, a exemplo das 
honorárias sucumbenciais, fundadas no fato 
objetivo do resultado da demanda. 
Portanto, a plena razoabilidade e, 
consequentemente, constitucionalidade 
encontram-se no contexto de transposição 
dessa peculiar sistemática de acréscimo 
pecuniário decorrente da eficiência de 
atuação institucional, devidamente 
10 CF/1988: “Art. 37. A administração pública 
direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:” 
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
12 
 
autorizado pelo texto original da CF e não 
proibido de forma expressa pela EC 
19/1998, própria do ofício da advocacia, 
para o âmbito do regime jurídico de direito 
público a que submetidos os advogados 
públicos. 
Observe-se, ainda, que, não bastasse 
atentar contra o próprio princípio da 
eficiência e as regras constitucionais 
estabelecidas para a advocacia pública, a 
mera supressão da verba sucumbencial dos 
advogados públicos, sem qualquer 
estabelecimento de uma regra de transição 
e de compensação remuneratória para a 
parcela única do subsídio, acarretaria 
inconstitucional redutibilidade nos 
vencimentos finais dos procuradores. 
Por outro lado, em relação à observância 
do teto remuneratório constitucional, 
previsto no artigo 37, XI, da CF11, pouco 
importa a discussão sobre a natureza 
jurídica da verba honorária sucumbencial, 
mas sim o fato de serem percebidas pelos 
advogados públicos como parcela 
remuneratória salarial e, 
consequentemente, estarem sujeitas ao 
limitador previsto constitucionalmente. 
A possibilidade de percepção de 
honorários sucumbenciais pelos advogados 
públicos, portanto, não se desvencilha por 
completo das imposições decorrentes do 
regime jurídico de direito público a que se 
submetem esses agentes públicos, pois são 
 
11 CF/1988: “Art. 37. (...) XI – a remuneração 
e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e 
empregos públicos da administração direta, 
autárquica e fundacional, dos membros de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores 
de mandato eletivo e dos demais agentes 
políticos e os proventos, pensões ou outra 
espécie remuneratória, percebidos 
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens 
pessoais ou de qualquer outra natureza, não 
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, 
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, 
aplicando-se como limite, nos Municípios, o 
subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito 
Federal, o subsídio mensal do Governador no 
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos 
valores percebidos por agentes públicos em 
função mesmo do exercício de cargo 
estritamente público. 
Por essa razão, nada obstante compatível 
com o regime de subsídio, sobretudo 
quando estruturado como um modelo de 
remuneração por performance, com vistas à 
eficiência do serviço público, a possibilidade 
de advogados públicos perceberem verbas 
honorárias sucumbenciais não afasta a 
incidência do teto remuneratório 
estabelecido pelo art. 37, XI, da CF. 
ADI 6.053, red. p/ o ac. min. Alexandre de 
Moraes, DJE de 30-7-2020. 
(Informativo 985, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
PODERES ADMINISTRATIVOS 
PODER DE POLÍCIA 
FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO 
São constitucionais a suspensão imediata do 
direito de dirigir e a apreensão do 
documento de habilitação [Código de 
Trânsito Brasileiro (CTB), artigo 218, III12] em 
caso de cometimento de infração 
classificada como gravíssima. 
Trata-se de providências administrativas 
de natureza acautelatória que objetivam 
assegurar a eficiência da fiscalização de 
trânsito em casos de flagrante de prática de 
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do 
Poder Legislativo e o subsídio dos 
Desembargadores do Tribunal de Justiça, 
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco 
centésimos por cento do subsídio mensal, em 
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável 
este limite aos membros do Ministério Público, 
aos Procuradores e aos Defensores Públicos;” 
12 CTB/1997: “Art. 218. Transitar em velocidade 
superior à máxima permitida para o local, medida por 
instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias 
detrânsito rápido, vias arteriais e demais vias: (...) III – 
quando a velocidade for superior à máxima em mais 
de 50% (cinquenta por cento): Infração – gravíssima; 
Penalidade – multa [3 (três) vezes], suspensão 
imediata do direito de dirigir e apreensão do 
documento de habilitação.” 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753355422
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
13 
 
ato classificado como de gravíssimo risco 
para a segurança pública. 
A leitura do art. 218, III, do CTB deve ser 
sistemática em relação ao diploma legal 
como um todo. A melhor interpretação do 
dispositivo permite concluir que a 
suspensão imediata do direito de dirigir será 
aplicada pela autoridade competente de 
maneira conforme ao procedimento 
previsto no art. 28113 e seguintes do CTB, 
asseguradas as garantias constitucionais 
inerentes ao devido processo legal. 
ADI 3.951, red. p/ o ac. min. Edson Fachin, 
DJE de 8-7-2020. 
(Informativo 985, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA 
DEVER DE INDENIZAR – REPERCUSSÃO GERAL 
O Estado responde subsidiariamente por 
danos materiais causados a candidatos em 
concurso público organizado por pessoa 
jurídica de direito privado [art. 37, § 6º, da 
Constituição Federal (CF)]14, quando os 
exames são cancelados por indícios de 
fraude. 
A responsabilidade civil do Estado 
subsome-se à teoria do risco administrativo, 
tanto para as condutas estatais comissivas 
quanto paras as omissivas, na forma do art. 
37, § 6º, da CF. 
Se comprovado o nexo de causalidade 
entre a conduta de um agente, nessa 
condição, e o dano sofrido por terceiro, 
 
13 CTB/1997: “Art. 281. A autoridade de trânsito, 
na esfera da competência estabelecida neste Código e 
dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do 
auto de infração e aplicará a penalidade cabível. 
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e 
seu registro julgado insubsistente: I – se considerado 
inconsistente ou irregular; II – se, no prazo máximo de 
trinta dias, não for expedida a notificação da 
autuação.” 
 
14 CF/1988: “Art. 37. A administração pública 
direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
respondem pelo ato tanto o Estado quanto 
a pessoa jurídica de direito privado 
prestadora de serviços públicos. Esta, de 
forma primária e objetiva, uma vez que 
apresenta personalidade jurídica, 
patrimônio e capacidade próprios. 
O cancelamento de provas de concurso 
público em virtude de indícios de fraude 
gera responsabilidade direta da entidade 
privada organizadora do certame de restituir 
aos candidatos as despesas com taxa de 
inscrição e deslocamento para cidades 
diversas daquelas em que mantenham 
domicílio. Ao Estado, cabe somente a 
responsabilidade subsidiária, no caso de a 
instituição organizadora do certame se 
tornar insolvente. 
Assim, o Estado responde apenas 
subsidiariamente pelos danos materiais, 
relativos a despesas como taxa de inscrição 
e deslocamento, causados em razão do 
cancelamento de exames para o provimento 
de cargos públicos por indícios de fraude. 
RE 662.405, rel. min. Luiz Fux, DJE de 13-8-
2020, repercussão geral, Tema 512. 
(Informativo 986, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
 
 
 
 
 
 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
(...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e 
as de direito privado prestadoras de serviços 
públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, 
assegurado o direito de regresso contra o 
responsável nos casos de dolo ou culpa.” 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753201739
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753445535
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4163004&numeroProcesso=662405&classeProcesso=RE&numeroTema=512
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo986.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
14 
 
DIREITO AMBIENTAL 
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
PRINCÍPIOS 
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO 
É vedada, no país, a entrada e registro de 
novos agrotóxicos, de modo tácito, sem a 
devida análise por parte das autoridades 
responsáveis e ausente a conclusão de 
estudos técnicos relacionados aos efeitos 
nocivos ao meio ambiente ou às 
consequências à saúde da população 
brasileira. 
O direito a um meio ambiente 
sustentável está imbricado com a ideia da 
dimensão ecológica da dignidade da pessoa 
humana. 
Nesse sentido, a aprovação tácita impede 
que sejam tomadas medidas com o fim de 
proteger o meio ambiente e a saúde de 
todos, e ofende o princípio da precaução15. 
Esse postulado significa que, para que o 
ambiente seja protegido, os Estados 
aplicarão, de acordo com as suas 
capacidades, medidas preventivas. Onde 
existam ameaças de riscos sérios ou 
irreversíveis, não será utilizada a falta de 
certeza científica total como razão para o 
adiamento de medidas eficazes, em termos 
de custo, para evitar a degradação 
ambiental. 
A Lei 7.802/1989, que regulamenta o 
emprego dos agrotóxicos no Brasil, 
estabelece diretriz incontornável no sentido 
de vedar o registro de agrotóxicos, seus 
componentes e afins, com relação aos quais 
o país não disponha de métodos para 
desativação de seus componentes, de modo 
a impedir que os resíduos remanescentes 
provoquem riscos ao meio ambiente e à 
saúde pública. 
 
15 CF/1988: Art. 225: “Todos têm direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público 
A aprovação tácita dessas substâncias, 
por decurso de prazo, viola não apenas os 
valores acima citados, como também 
afronta o princípio da proibição de 
retrocesso socioambiental. 
ADPF 656 MC, rel. min. Ricardo 
Lewandowski, DJE de 31-8-2020. 
(Informativo 989, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações.” 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753655549
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo989.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
15 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
DIREITO À INFORMAÇÃO 
Há indícios de inconstitucionalidade no art. 
6º-B da Lei 13.979/202016, incluído pelo art. 
1º da Medida Provisória 928/2020, o qual 
suspendia os prazos de resposta a pedidos 
de acesso à informação nos órgãos ou nas 
entidades da administração pública cujos 
servidores estivessem sujeitos a regime de 
quarentena, teletrabalho ou equivalentes. 
A Constituição Federal (CF) consagrou 
expressamente o princípio da publicidade17 e 
18 como um dos vetores imprescindíveis à 
administração pública e conferiu-lhe 
absoluta prioridade na gestão 
administrativa, garantindo a toda a 
sociedade pleno acesso às informações. 
À consagração constitucional de 
publicidade e transparência corresponde a 
obrigatoriedade do Estado em fornecer as 
 
16 Lei 13.979/2020: “Art. 6º-B Serão atendidos 
prioritariamente os pedidos de acesso à informação, 
de que trata a Lei 12.527, de 2011, relacionados com 
medidas de enfrentamento da emergência de saúde 
pública de que trata esta Lei. § 1º Ficarão suspensos 
os prazos de resposta a pedidos de acesso à 
informação nos órgãos ou nas entidades da 
administraçãopública cujos servidores estejam 
sujeitos a regime de quarentena, teletrabalho ou 
equivalentes e que, necessariamente, dependam de: I 
– acesso presencial de agentes públicos encarregados 
da resposta; ou II – agente público ou setor 
prioritariamente envolvido com as medidas de 
enfrentamento da situação de emergência de que 
trata esta Lei. § 2º Os pedidos de acesso à informação 
pendentes de resposta com fundamento no disposto 
no § 1º deverão ser reiterados no prazo de dez dias, 
contado da data em que for encerrado o prazo de 
reconhecimento de calamidade pública a que se 
refere o Decreto Legislativo 6, de 20 de março de 
2020. § 3º Não serão conhecidos os recursos 
interpostos contra negativa de resposta a pedido de 
informação negados com fundamento no disposto no 
§ 1º. § 4º Durante a vigência desta Lei, o meio legítimo 
de apresentação de pedido de acesso a informações 
de que trata o art. 10 da Lei 12.527, de 2011, será 
exclusivamente o sistema disponível na internet. § 5º 
informações solicitadas, sob pena de 
responsabilização política, civil e criminal, 
salvo nas hipóteses constitucionais de sigilo. 
O dispositivo impugnado não estabelece 
situações excepcionais e concretas 
impeditivas de acesso à informação, pelo 
contrário, transforma a regra constitucional 
de publicidade e transparência em exceção, 
invertendo a finalidade da proteção 
constitucional ao livre acesso de 
informações a toda a sociedade. 
Diante disso, foi suspensa, em sede de 
referendo de medida cautelar, a eficácia do 
art. 6º-B da Lei 13.979/2020, incluído pelo 
art. 1º da Medida Provisória 928/2020. 
ADI 6.347 Ref-MC, ADI 6.351 Ref-MC e ADI 
6.353 Ref-MC, rel. min. Alexandre de 
Moraes, DJE de 14-8-2019. 
(Informativo 975, Plenário) 
___________________________________ 
 
 
 
Fica suspenso o atendimento presencial a requerentes 
relativos aos pedidos de acesso à informação de que 
trata a Lei 12.527, de 2011.” 
17 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: (...) XXXIII – todos têm direito a receber dos 
órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão 
prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
(...) LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para 
assegurar o conhecimento de informações relativas à 
pessoa do impetrante, constantes de registros ou 
bancos de dados de entidades governamentais ou de 
caráter público; b) para a retificação de dados, quando 
não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou 
administrativo;” 
18 CF/1988: “Art. 37. A administração pública 
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência 
e, também, ao seguinte: (...)” 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753469020
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753468971
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753468888
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753468888
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo975.htm#Covid-19%20e%20pedidos%20de%20acesso%20%C3%A0%20informa%C3%A7%C3%A3o
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
16 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
DIREITO À NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO 
Inexiste obrigatoriedade ou sanção ao 
investigado pelo não comparecimento à 
comissão parlamentar de inquérito (CPI). 
Tal como ocorre em depoimentos 
prestados perante os órgãos do Poder 
Judiciário, é assegurado ao investigado o 
direito de não se incriminar perante as 
CPIs.19 
O direito ao silêncio, que assegura a não 
produção de prova contra si mesmo, 
constitui pedra angular do sistema de 
proteção dos direitos individuais e 
materializa uma das expressões do princípio 
da dignidade da pessoa humana. 
Na sua acepção originária, este princípio 
proíbe a utilização ou a transformação do 
homem em objeto de processos e ações 
estatais. O Estado está vinculado ao dever 
de respeito e proteção do indivíduo contra 
exposição a ofensas ou humilhações. 
O direito à não autoincriminação tem 
fundamento mais amplo do que o 
expressamente previsto no art. 5º, LXIII, da 
Constituição Federal (CF). Em verdade, ele é 
derivado da união de diversos enunciados 
constitucionais, dentre os quais o art. 1º, III20 
(dignidade humana), o art. 5º, LIV21 (devido 
processo legal), o art. 5º, LV22 (ampla 
 
19 HC 79.812, rel. min. Celso de Mello, P. 
20 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: (...) III – ninguém será submetido a tortura 
nem a tratamento desumano ou degradante;” 
21 CF/1988: “Art. 5º (...) LIV – ninguém será privado 
da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal;” 
22 CF/1988: “Art. 5º (...) LV – aos litigantes, em 
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes;” 
defesa), e o art. 5º, LVII23 (presunção de 
inocência).24 
Na doutrina, afirma-se que o princípio 
nemo tenetur se detegere passou a ser 
considerado direito do cidadão diante do 
poder estatal, limitando a atividade do 
Estado à busca da verdade no processo 
penal e, sobretudo, como medida de 
respeito à dignidade, e consolidando-se 
como direito fundamental no Estado de 
Direito.25 
O direito ao silêncio foi consagrado em 
tratados internacionais de direitos humanos 
dos quais o Brasil é signatário, que enunciam 
o direito do acusado de não depor contra si 
mesmo.26 
Assim, o “nemo tenetur se detegere 
determina que o sujeito passivo não pode 
sofrer nenhum prejuízo jurídico por omitir-
se de colaborar em uma atividade 
probatória da acusação ou por exercer seu 
direito de silêncio quando do 
interrogatório”.27 
De mais a mais, por sua qualidade de 
investigado, o paciente não pode ser 
convocado a comparecimento compulsório, 
menos ainda sob ameaça de 
responsabilização penal. 
Se o paciente não é obrigado a falar, não 
faz qualquer sentido que seja obrigado a 
comparecer ao ato, a menos que a finalidade 
seja registrar as perguntas que, de antemão, 
todos já sabem que não serão respondidas, 
ou servir de instrumento de 
23 CF/1988: “Art. 5º (...) LVII – ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória;” 
24 TROIS NETO, Paulo Mário C. Direito à não 
autoincriminação e direito ao silêncio. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2011. p. 104. 
25 QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não 
produzir prova contra si mesmo. São Paulo: Saraiva, 
2012. p. 478. 
26 Art. 14, 3, g, do Pacto Internacional sobre 
Direitos Civis e Políticos, em execução por força do 
Decreto 592/1992, e art. 8.2, g, do Pacto de São José 
da Costa Rica, em execução por força do Decreto 
678/1992. 
27 LOPES JR., Aury. Direito processual penal. São 
Paulo: Saraiva, 2017. p. 104. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=78158
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
17 
 
constrangimento e intimidação, como sói 
ocorrer nos interrogatórios havidos pelo 
País. 
É autêntica lawfare da acusação: 
registram-se as perguntas apenas tentar 
provocar prejuízo ao interrogado, por 
exercer seu direito ao silêncio.28 
Diante disso, o direito à não 
autoincriminação abrange a faculdade de 
comparecer ao ato, ocasião em que será 
assegurado ao investigado: a) o direito aosilêncio, ou seja, de não responder, às 
perguntas a ele direcionadas; b) o direito à 
assistência por advogado durante o ato; c) o 
direito de não ser submetido ao 
compromisso de dizer a verdade ou de 
subscrever termos com esse conteúdo; e d) 
o direito de não sofrer constrangimentos 
físicos ou morais decorrentes do exercício 
dos direitos anteriores. 
HC 171.438, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 
17-8-2020. 
(Informativo 942, 2ª Turma) 
___________________________________ 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
DIREITOS SOCIAIS 
SALÁRIO-FAMÍLIA 
A alteração de regência constitucional do 
salário-família29 e 30 não repercute nas 
relações jurídicas existentes na data em que 
promulgada a Emenda Constitucional 
20/1998. 
Situações consolidadas não podem ser 
atingidas, observada a garantia do direito 
 
28 ADPF 395, rel. min. Gilmar Mendes, P. 
29 CF/1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores 
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria 
de sua condição social: (...) XII – salário-família para os 
seus dependentes;” (redação original da Constituição) 
30 CF/1988: “Art. 7º (...) XII – salário-família pago 
em razão do dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei;” (Redação dada pela Emenda 
Constitucional n. 20, de 1998) 
31 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
adquirido31, porque oponíveis ao poder 
constituinte derivado32. 
Uma coisa é afirmar a alteração ou a 
supressão de certo regime jurídico, 
respeitada a razoabilidade. Algo diverso é 
colocar em segundo plano direitos 
adquiridos e, mais, situações subjetivas já 
reconhecidas. 
Diante disso, as novas regras instituídas 
são inaplicáveis a quem, na data da 
publicação da emenda (dezembro de 1998), 
já estava em gozo do benefício, quando 
inexistentes condicionantes ao 
recebimento. 
RE 657.989, rel. min. Marco Aurélio, DJE de 
17-8-2020, repercussão geral, Tema 543. 
(Informativo 987, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
DIREITOS SOCIAIS 
REPOUSO SEMANAL REMUNERADO 
É constitucional norma que autorize o 
trabalho aos domingos nas atividades do 
comércio em geral. 
A Constituição Federal (CF), apesar de 
encorajar o repouso semanal aos domingos, 
não exige que o descanso nele aconteça. A 
orientação do constituinte, obedecida pelo 
legislador, foi no sentido de o empregador 
assegurar ao trabalhador um dia de repouso 
em um período de sete dias (CF, art. 7º, 
XV33). 
“A Constituição não faz absoluta a opção 
pelo repouso aos domingos: o advérbio 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: (...) XXXVI – a lei não prejudicará o direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” 
32 CF/1988: “Art. 60. A Constituição poderá ser 
emendada mediante proposta: (...) § 4º Não será 
objeto de deliberação a proposta de emenda tendente 
a abolir: (...) IV – os direitos e garantias individuais.” 
33 CF/1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores 
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria 
de sua condição social: (...) XV – repouso semanal 
remunerado, preferencialmente aos domingos;” 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753486292
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo942.htm#CPI%20e%20comparecimento%20compuls%C3%B3rio
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=749901068
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art1
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753483774
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=543+++++++&numeroTemaFinal=543+++++++&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo987.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
18 
 
preferencialmente, que persiste, tem a 
função de modulá-la de modo a abrir 
margem à permissão do funcionamento aos 
domingos, de certas atividades, quando 
necessário.”34 
Ademais, a Justiça Trabalhista 
igualmente admite o trabalho aos domingos. 
O enunciado 146 da Súmula do Tribunal 
Superior do Trabalho (TST), por exemplo, 
explicita que “o trabalho prestado em 
domingos e feriados, não compensado, deve 
ser pago em dobro, sem prejuízo da 
remuneração relativa ao repouso semanal”. 
ADI 3.975 e ADI 4.027, rel. min. Gilmar 
Mendes, DJE de 6-7-2020. 
(Informativo 985, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
UNIÃO 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA 
É inconstitucional lei estadual que autorize e 
regule a transferência de recursos 
financeiros depositados em juízo para o 
Poder Executivo. 
A matéria relativa aos depósitos judiciais 
é de competência legislativa privativa da 
União, ainda que trate da utilização de 
disponibilidade financeira35 [Constituição 
Federal (CF), arts. 22, I, e 24, I36]. 
A transferência desses recursos para a 
Fazenda Pública ameaça a garantia de 
proveito futuro do objeto litigioso em favor 
da parte vitoriosa na ação judicial, o que diz 
respeito às garantias processuais de todos 
os jurisdicionados. Esse tema, afeto ao 
 
34 ADI 1.675 MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, P. 
35 Precedentes: ADI 5.476, rel. min. Edson Fachin, 
P; e ADI 4.114, rel. min. Luiz Fux, P. 
36 CF/1988: “Art. 22. Compete privativamente à 
União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, 
processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho; (...) Art. 24. Compete à União, 
aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: I – direito tributário, 
direito processual, é de competência 
privativa da União. 
Ademais, a utilização de recursos que, 
em algum momento, precisarão 
necessariamente ser devolvidos pelo Estado 
também importa em violação ao direito de 
propriedade (CF, art. 5º, caput37). 
Esses valores são depositados em juízo 
pelos litigantes, em razão de determinação 
legal ou de escolha do litigante, como forma 
de dar segurança aos valores em disputa. A 
custódia de patrimônio alheio pelo ente 
estatal não lhe permite desvirtuar a 
finalidade do liame jurídico, para fins de 
custear suas despesas públicas, caso 
contrário seria uma verdadeira 
expropriação, mesmo que temporária, dos 
direitos relativos à propriedade dos 
jurisdicionados38. 
Assim, foram declaradas 
inconstitucionais a Lei Complementar 
147/2003 do Estado do Rio de Janeiro e a Lei 
21.720/2015 do Estado de Minas Gerais. 
ADI 5.353, rel. min. Alexandre de Moraes, 
DJE de 6-7-2020. 
(Informativo 985, Plenário Virtual) 
ADI 5.072, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 
17-8-2020. 
(Informativo 987, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
UNIÃO 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA – 
REPERCUSSÃO GERAL 
A norma estadual que impõe à 
concessionária de geração de energia 
elétrica a promoção de investimentos, com 
financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;” 
37 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes:” 
38 Precedente: ADI 5.409, rel. min. Edson Fachin, P. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753175065
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753175066
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuaishttp://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=347205
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=751972002
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=751971999
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753175071
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753480662
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo987.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=751972001
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
19 
 
recursos identificados como parcela da 
receita que aufere, voltados à proteção e à 
preservação de mananciais hídricos é 
inconstitucional por configurar intervenção 
indevida do Estado no contrato de 
concessão da exploração do 
aproveitamento energético dos cursos de 
água, atividade de competência da União, 
conforme o art. 21, XII, b, da Constituição 
Federal (CF)39 . 
A lei estadual que cria obrigação para 
empresas concessionárias de serviços de 
abastecimento de água e de geração de 
energia elétrica, públicas ou privadas, a 
investir parte do valor total da receita 
operacional na proteção e na preservação 
ambiental da bacia hidrográfica em que 
ocorrer a exploração, ali apurada no 
exercício anterior ao do investimento, 
promove intervenção na relação de 
concessão estabelecida entre a empresa 
concessionária e a entidade concedente, no 
caso, a União. 
Ademais, a exigência decorrente do 
contrato de exploração dos recursos 
naturais não estabelecida a princípio pelo 
ente competente incrementa o custo do 
contrato administrativo pelo Estado-
membro, interferindo na relação contratual 
previamente acertada.40 
A exigência prevista na lei estadual 
também não se configura como parte de um 
sistema de controle e preservação 
ambiental, apta a fazer incidir a competência 
comum do Estado-membro. 
A competência comum, apontada como 
corolário a justificar a legitimidade da 
exigência da norma local, deve estar contida 
em um sistema federativo maior. Não deve, 
 
39 CF/1988: “Art. 21. Compete à União: (...) XII 
– explorar, diretamente ou mediante 
autorização, concessão ou permissão: (...) b) os 
serviços e instalações de energia elétrica e o 
aproveitamento energético dos cursos de água, 
em articulação com os Estados onde se situam os 
potenciais hidroenergéticos;” 
entretanto, ir de encontro ao sistema já 
estabelecido. 
Nesse sentido, o sistema de proteção 
ambiental, em especial com a definição de 
Áreas de Preservação Permanente criadas 
no entorno do reservatório d'água 
destinado à geração de energia, já encontra 
previsão no Código Florestal (Lei 
12.651/2012). 
O Supremo Tribunal Federal admite que 
normas locais, editadas sob o manto da 
competência comum, sejam válidas em face 
de disposição federal divergente, desde que 
congreguem elementos a justificarem 
peculiaridade local.41 
RE 827.538, red. p/ o ac. min. Luiz Fux, DJE 
de 22-7-2020, repercussão geral, Tema 774. 
 (Informativo 985, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
ESTADOS FEDERADOS 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE 
É inconstitucional a lei estadual que, ao 
proibir a caça: a) não excepciona aquela 
destinada a fins científicos; e b) exige que a 
caça para controle populacional de animais 
nocivos seja feita exclusivamente por órgãos 
públicos. 
A Constituição Federal (CF) fixou a 
competência concorrente da União, dos 
Estados e do Distrito Federal para legislar 
sobre florestas, caça, pesca, fauna, 
conservação da natureza, defesa do solo e 
dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle da poluição (art. 24, VI), 
cabendo à União estabelecer as normas 
gerais (art. 24, § 1º)42, para fins de 
40 Precedente: ADI 3.343, red. p/ o ac. min. 
Luiz Fux, P. 
41 Precedente: RE 586.224, rel. min. Luiz Fux, 
P. 
42 CF/1988: “Art. 24. Compete à União, aos 
Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: (...) § 1º No âmbito da 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753299483
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4607406&numeroProcesso=827538&classeProcesso=RE&numeroTema=774
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=629771
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=8399039
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
20 
 
padronização nacional, bem como aos 
Estados e ao Distrito Federal suplementar a 
legislação federal, consideradas as 
peculiaridades regionais. 
Com efeito, a Lei federal 5.197/1967, 
como regra geral, proíbe a perseguição, 
destruição, caça ou apanha de animais de 
qualquer espécie, em qualquer fase de seu 
desenvolvimento, que viva naturalmente 
fora do cativeiro, bem como seus ninhos, 
abrigos e criadouros naturais. O diploma 
autoriza, entretanto, mediante licença da 
autoridade competente, a destruição de 
animais nocivos à agricultura e à saúde 
pública, ou seja, a chamada de caça de 
controle. Permite, ainda, a coleta destinada 
a fins científicos. 
Se existe legislação nacional a autorizar 
as duas espécies de caça acima delimitadas 
(de controle e científica), não cabe a lei 
estadual criar restrição que implique maior 
risco ao meio ambiente, pois as referidas 
modalidades de coletas de animais, 
devidamente controladas, destinam-se ao 
reequilíbrio do ecossistema e à sua 
proteção. 
Nesse sentido, os Estados-membros são 
autorizados a legislar sobre matéria que 
envolva a caça, sempre considerando as 
peculiaridades regionais. Podem, e devem, 
definir onde, como, em que época e em que 
condições seria possível a atividade de caça, 
atendendo às suas singularidades e 
reforçando a proteção e a preservação do 
ecossistema local. 
A norma estadual deve, entretanto, 
submeter-se, em sua integralidade, às 
regras de repartição de competências 
legislativas, especialmente àquela cabível à 
União, a quem incumbe a definição de 
normas gerais para o estabelecimento de 
diretrizes nacionais a esse respeito. 
ADI 5.977, rel. min. Ricardo Lewandowski, 
DJE de 13-8-2020. 
(Informativo 986, Plenário Virtual) 
 
legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais.” 
___________________________________ 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
ESTADOS FEDERADOS 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE 
É constitucional a lei federal que autoriza os 
Estados-membros a legislar sobre as 
condições técnicas e requisitos de 
segurança, higiene e conforto dos veículos 
de aluguel destinados ao transporte 
individual ou coletivo de passageiros. 
Trata-se de possibilitar que o poder 
competente regule as condições técnicas e 
de segurança de acordo com as 
peculiaridades relativas a cada ente, por 
meio do estabelecimento de normas 
técnicas, de higiene, de conforto e de 
segurança a serem atendidas para a 
exploração da atividade de transporte 
individual ou coletivo de passageiros por 
veículos de aluguel. 
Desnecessária, pois, a utilização da via da 
lei complementar, uma vez que não se está 
a falar de competência legislativa sobre 
trânsito e transporte a ser exercida pelo 
Estado-membro. 
É constitucional a norma estadual que 
impõe limitação de idade para os veículos de 
aluguel. 
A hipótese é de exercício de poder de 
polícia administrativa sobre os serviços de 
transporte. Se, por um lado, compete à 
União organizar as diretrizes básicas sobre a 
política nacional de transporte, por outro, 
cabe ao Estado-membro dispor sobre o 
transporte estadual e intermunicipal, ao 
passo que ao Município incumbem as regras 
de interesse local. 
A natureza da norma é regulamentar, 
para disciplina de aspectos da segurança do 
transporte intermunicipalde pessoas como 
exercício do poder de polícia do Estado de 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753445538
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo986.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
21 
 
forma proporcional, em todas as suas 
dimensões. 
ADI 4.212, rel. min. Rosa Weber, DJE de 13-
8-2020. 
(Informativo 986, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
ESTADOS FEDERADOS 
PRINCÍPIO DA SIMETRIA 
Não pode a Constituição estadual, de forma 
discricionária, estender o chamado foro por 
prerrogativa de função àqueles que não 
abarcados pelo legislador federal. 
O art. 92 da Constituição Federal (CF)43, 
ao trazer os órgãos do Poder Judiciário, 
prevê, em regra, primeira e segunda 
instâncias como juízo natural para todos 
aqueles que devam ser processados. 
De forma excepcional, prevê 
determinadas prerrogativas de foro 
especificamente para autoridades federais, 
estaduais e municipais. Então, a partir dessa 
ótica, a Constituição trouxe como regra a 
cognição plena para a questão criminal – 
primeira e segunda instâncias – e, quando 
foi necessário, excepcionou expressamente 
as autoridades. 
Esse entendimento tem base não só no 
princípio do juiz natural, mas no princípio da 
igualdade, segundo o qual todos devem ser 
processados e julgados pelos mesmos 
órgãos jurisdicionais. 
 
43 CF/1988: “Art. 92. São órgãos do Poder 
Judiciário: I – o Supremo Tribunal Federal; I-A – o 
Conselho Nacional de Justiça; II – o Superior Tribunal 
de Justiça; II-A – o Tribunal Superior do Trabalho; III – 
os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV – 
os Tribunais e Juízes do Trabalho; V – os Tribunais e 
Juízes Eleitorais; VI – os Tribunais e Juízes Militares; VII 
– os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito 
Federal e Territórios. § 1º O Supremo Tribunal Federal, 
o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais 
Superiores têm sede na Capital Federal. § 2º O 
Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores 
têm jurisdição em todo o território nacional.” 
Entender diversamente, ou seja, que no 
exercício do seu poder de auto-organização, 
o Estado-membro, fundamentado no art. 
125, § 1º, da CF44, poderia estabelecer foro 
por prerrogativa de função para qualquer 
pessoa, tornaria exceção a regra igualitária 
de julgamento pela primeira e segunda 
instâncias. Essa conclusão, embora pudesse 
decorrer do federalismo, levaria à não 
simetria. 
Diante disso, foi declarada a 
inconstitucionalidade do art. 81, IV, da 
Constituição do Estado do Maranhão45, na 
parte que atribui foro criminal originário, 
perante o Tribunal de Justiça, aos 
procuradores de Estado, procuradores da 
Assembleia Legislativa, defensores públicos 
e delegados de polícia. 
ADI 2.553, red. p/ o ac. min. Alexandre de 
Moraes, DJE de 17-8-2020. 
(Informativo 940, Plenário) 
___________________________________ 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
MUNICÍPIOS 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
É inconstitucional a lei estadual que 
determina que os serviços de saneamento e 
de abastecimento de água devem ser 
prestados por pessoa jurídica de direito 
público ou sociedade de economia mista 
controlada pelo Estado-membro ou por 
Município. 
44 CF/1988: “Art. 125. Os Estados organizarão sua 
Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta 
Constituição. § 1º A competência dos tribunais será 
definida na Constituição do Estado, sendo a lei de 
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de 
Justiça.” 
45 Constituição do Estado do Maranhão: “Art. 81. 
Compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar, 
originariamente: IV – os Juízes do Tribunal de Alçada, 
Juízes de Direito, os membros do Ministério Público, 
das Procuradorias Gerais do Estado, da Assembleia 
Legislativa e da Defensoria Pública e os Delegados de 
Polícia, nos crimes comuns e de responsabilidade, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;” 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753445530
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo986.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753485650
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo940.htm#Prerrogativa%20de%20foro%20e%20autoridades%20estaduais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
22 
 
Na Constituição Federal (CF) é 
estabelecida a competência comum de 
todos os entes federativos para promover a 
melhoria das condições de saneamento 
básico, inclusive por intermédio do sistema 
único de saúde46 e 47. 
Nesse pacto federativo cooperativo para 
a implementação de políticas de 
saneamento básico, cabe à União o 
estabelecimento das diretrizes48. 
As diretrizes nacionais para o 
saneamento básico foram fixadas na Lei 
11.445/2007. Nessa lei estão os princípios a 
serem observados na prestação dos serviços 
de saneamento básico, como: 
universalização do acesso, integralidade, 
adequação à saúde pública, proteção do 
meio ambiente, disponibilidade, 
consideração das peculiaridades locais e 
regionais, desenvolvimento urbano e 
regional, eficiência, transparência, controle 
social e segurança. 
Por sua vez, o Decreto 7.217/2010, que 
regulamenta essa lei, disciplina que os 
serviços de saneamento básico podem ser 
prestados: a) por órgão da administração 
pública direta ou por autarquia, empresa 
pública ou sociedade de economia mista 
integrante da administração indireta; b) 
mediante concessão ou permissão 
precedida de licitação na modalidade 
concorrência pública; c) por gestão 
associada de serviços públicos, mediante 
contrato de programa autorizado por 
contrato de consórcio público ou por 
convênio de cooperação entre entes 
federados. 
 
46 CF/1988: “Art. 23. É competência comum 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: (...) IX – promover programas de 
construção de moradias e a melhoria das 
condições habitacionais e de saneamento 
básico”; 
47 CF/1988: “Art. 200. Ao sistema único de 
saúde compete, além de outras atribuições, nos 
termos da lei: (...) IV – participar da formulação 
da política e da execução das ações de 
saneamento básico”; 
Entretanto, compete aos Municípios, 
entes da federação responsáveis pela gestão 
dos assuntos de interesse local e pela edição 
de leis que digam respeito a esses temas, a 
titularidade dos serviços públicos de 
saneamento básico. A eles cabe escolher a 
forma da prestação desses serviços, se 
diretamente ou por delegação à iniciativa 
privada mediante prévia licitação49. 
O Município é, dentre todos os entes 
federativos, aquele que está mais próximo 
da população, cujas necessidades básicas 
conhece de perto, incumbindo-lhe, por essa 
precisa razão, prestar, em primeira mão, os 
serviços públicos essenciais, com destaque 
para a distribuição de água potável, sem 
prejuízo da eventual colaboração do Estado 
e da União. Nesse sentido, incumbe ao 
poder público, leia-se, ao poder concedente, 
a regulamentação dos serviços concedidos, 
não tendo, em consequência, o Estado-
membro, em se tratando de um serviço de 
caráter local, competência para regulá-lo, 
seja a que título for. 
Assim, usurpa a competência dos 
Municípios para legislar sobre saneamento 
básico, assunto de interesse local, a lei 
estadual que torna obrigatória a prestação 
de serviços de saneamento e abastecimento 
de água por pessoas jurídicas de direito 
público ou por sociedade de economia mista 
sob controle acionário e administrativo do 
poder público estadual ou municipal. 
48 CF/1988: “Art. 21. Compete à União: (...) XX 
– instituir diretrizes para o desenvolvimento 
urbano, inclusive habitação, saneamento básico 
e transportes urbanos;” 
49 CF/1988: “Art. 30. Compete aos 
Municípios: I – legislar sobre assuntos de 
interesse local; (...) V – organizar e prestar, 
diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, os serviços públicos de interesse 
local, incluído o de transportecoletivo, que tem 
caráter essencial;” 
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
23 
 
Ademais, a referida lei contraria o art. 
175 da CF50, no qual se atribui ao poder 
público a escolha da prestação de serviços 
públicos de forma direta ou sob regime de 
concessão ou permissão mediante prévia 
licitação. 
Retira-se dos Municípios, portanto, a 
possibilidade de planejamento e 
autoadministração. É obstruído o exercício 
da opção pela concessão dos serviços a 
empresas privadas, mediante prévia 
licitação e preenchimento dos critérios 
previstos em lei. Os Municípios perdem sua 
autonomia para, de maneira responsável e 
atendendo às peculiaridades locais, 
observando-se os princípios constitucionais 
que regem a administração pública, buscar 
pelo melhor serviço à população. 
ADI 4.454, rel. min. Cármen Lúcia, DJE de 25-
8-2020. 
(Informativo 988, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
 
 
 
 
 
50 CF/1988: “Art. 175. Incumbe ao Poder 
Público, na forma da lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, sempre 
através de licitação, a prestação de serviços 
públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – 
o regime das empresas concessionárias e 
permissionárias de serviços públicos, o caráter 
especial de seu contrato e de sua prorrogação, 
bem como as condições de caducidade, 
fiscalização e rescisão da concessão ou 
permissão; II – os direitos dos usuários; III – 
política tarifária; IV – a obrigação de manter 
serviço adequado.” 
51 CF/1988: “Art. 165 Leis de iniciativa do Poder 
Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as 
diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais. § 
1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, 
de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e 
metas da administração pública federal para as 
despesas de capital e outras delas decorrentes e para 
as relativas aos programas de duração continuada. § 
2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as 
TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO 
FINANÇAS PÚBLICAS 
ORÇAMENTO 
É inconstitucional a majoração do patamar 
mínimo de alocação de recursos destinados 
à educação em processos legislativos que 
excluam a participação do chefe do Poder 
Executivo. 
A gradação de percentual mínimo de 
recursos destinados à manutenção e ao 
desenvolvimento do ensino não pode 
acarretar restrição às competências 
constitucionais do Poder Executivo para a 
elaboração das propostas de leis 
orçamentárias e para a definição e 
concretização de políticas públicas 
igualmente importantes relacionadas a 
outros direitos fundamentais, tais como a 
saúde e a segurança pública [Constituição 
Federal (CF), art. 165, §§ 1º, 2º, 5º e 8º51]. 
Inclui-se, nas competências do chefe do 
Poder Executivo, a prerrogativa de participar 
das decisões relacionadas à destinação da 
receita do ente federativo que integra, 
competindo-lhe, em razão disso, a iniciativa 
dos diplomas legislativos orçamentários 
mediante os quais as questões políticas 
metas e prioridades da administração pública federal, 
incluindo as despesas de capital para o exercício 
financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei 
orçamentária anual, disporá sobre as alterações na 
legislação tributária e estabelecerá a política de 
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. 
(...) § 5º A lei orçamentária anual compreenderá: I – o 
orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus 
fundos, órgãos e entidades da administração direta e 
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas 
pelo Poder Público; II – o orçamento de investimento 
das empresas em que a União, direta ou 
indiretamente, detenha a maioria do capital social 
com direito a voto; III – o orçamento da seguridade 
social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela 
vinculados, da administração direta ou indireta, bem 
como os fundos e fundações instituídos e mantidos 
pelo Poder Público. (...) § 8º A lei orçamentária anual 
não conterá dispositivo estranho à previsão da receita 
e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a 
autorização para abertura de créditos suplementares 
e contratação de operações de crédito, ainda que por 
antecipação de receita, nos termos da lei.” 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753582488
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo988.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais
N. 30 AGOSTO DE 2020 
 
 
24 
 
acerca das prioridades do governo em 
exercício serão debatidas, definidas e 
executadas.52 
Assim, foi declarada a 
inconstitucionalidade do art. 245, caput, III e 
§ 3º, e do art. 246 da Constituição do Estado 
de Mato Grosso53. 
ADI 6.275, rel. min. Alexandre de Moraes, 
DJE de 19-8-2020. 
(Informativo 987, Plenário Virtual) 
___________________________________ 
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 
PODER JUDICIÁRIO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
É constitucional a competência das Turmas 
do Supremo Tribunal Federal (STF) para o 
julgamento de inquéritos e ações penais 
originárias contra deputados federais, 
senadores e ministros de Estado. 
A definição da competência das Turmas 
para julgamento dos referidos processos-
crime tem o intuito de racionalizar a 
prestação jurisdicional no âmbito penal, de 
modo a possibilitar o julgamento desses 
feitos em tempo razoável, o que representa 
medida legítima, constitucional e 
enquadrada no âmbito da competência 
 
52 Precedente: ADI 6.059, rel. min. Alexandre de 
Moraes, P. 
53 Constituição do Estado de Mato Grosso/1989: 
“Art. 245. O Estado aplicará anualmente o percentual 
estabelecido pelo Art. 212 da Constituição Federal, da 
receita resultante de impostos, inclusive a proveniente 
de transferências, na manutenção e desenvolvimento 
de educação escolar, devendo alcançar os 35% (trinta 
e cinco por cento) nos termos do inciso III. (…) III – a 
fim de atingir o percentual de 35%, o Estado 
acrescentará anualmente um mínimo de 0,5% nos 
exercícios financeiros de 2016 até 2035. (...) § 3º Nos 
casos de anistia fiscal ou incentivos fiscais de qualquer 
natureza, fica o Poder Público proibido de incluir os 
trinta e cinco por cento destinados à educação. (...) 
Art. 246. O Estado aplicará, anualmente, os seguinte 
percentuais da Receita Corrente Líquida do Estado de 
Mato Grosso na manutenção e desenvolvimento da 
Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, 
assim fracionados: I – no mínimo 2,0% da Receita 
atribuída pela Constituição Federal (CF) aos 
tribunais.54 
De acordo com essa regra, a definição 
das normas de funcionamento dos órgãos 
jurisdicionais dos tribunais constitui matéria 
interna corporis, de atribuição privativa do 
Poder Judiciário, não sendo passível de 
invalidação quando não demonstrada a 
violação a qualquer direito ou garantia 
fundamental. 
Com a fixação da competência das 
Turmas para esses casos, o STF pretendeu 
conciliar as diversas ações penais de 
competência da Corte com as garantias 
fundamentais da defesa e os princípios e 
valores constitucionais objetivos da duração 
razoável do processo e da eficiência na 
atuação jurisdicional. 
É uma das diretrizes programáticas do 
STF que o Plenário tenha competência para 
julgar os casos de repercussão geral e de 
maior impacto jurídico, político e social, bem 
como os processos de natureza objetiva. 
Nessa perspectiva, o Regimento Interno 
possibilita inclusive a remessa de processo 
das Turmas para o Plenário, por decisão do 
Relator ou da própria Turma, quando for 
considerada relevante a questão 
constitucional ou jurídica decidida, ou 
quando existir divergência entre as Turmas 
sobre a matéria discutida. 
Líquida para o exercício de 2013; II – no mínimo 2,1% 
da Receita Líquida para o exercício de 2014; III – no 
mínimo 2,2% da Receita Líquida para o exercício de 
2015; IV – no mínimo 2,3% da Receita Líquida para o 
exercício de 2016; V – no mínimo 2,4% da Receita 
Líquida para o exercício de 2017; VI – no mínimo 2,5% 
da Receita Líquida para o exercício de 2018 e 
posteriores. Parágrafo único.

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