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APOSTILA PROCESSO PENAL- RESUMIDA- E ATUALIZADA-2014-

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CURSO PROORDEM
POS GRADUAÇAO
Ementa:
 
Disciplina: Ordenam. Juríd. Processual Penal
Docente: Ana Cláudia Veloso Magalhães
1º)Do inquérito policial
1º.a)Conceito e Finalidade do inquérito policial (juízo inaugural de delibação)-apuração de autoria e materialidade
1º.b)Presidência do Inquérito Policial-pag. 15
1.c)Competência/atribuição-Diligências Investigatórias-art. 6º CPP (excelente programa para um bom Delegado)
1.d)Relatório e distribuição dos autos do Inquérito Policial
2º)Da ação penal
2.a)Prolegômenos-pag. 
2.b)Condições para o exercício do direito de ação-pag. 
2.c)Aperfeiçoamento da relação processual
2.d)
I-Ação penal de iniciativa pública condicionada à representação-pág 28
1º)Conceito
2º)Natureza Jurídica da Representação
3º)Direcionamento
4º)Informalidade
5º)Prazos
6º)Legitimidade para o oferecimento
7º)Retratação da representação
8º)Eficácia Objetiva da representação
II)Ação penal de iniciativa pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça-pág 38
1º)Natureza Jurídica
III)Ação penal de iniciativa privada subsidiária da Pública-artigo 29 do CPP e 5º, inciso LIX da CF/88-pág 38
IV)Ação penal de iniciativa pública incondicionada -pag. 43
1º)Princípios de regência
1.a)Inércia da jurisdição
1.b)Ne bis in idem
1.c)Intranscendência
1.d)Obrigatoriedade
1.e)Indisponibilidade
1.f)Divisibilidade e indivisibilidade
2º)Requisitos da peça acusatória
2.a)Exposição do fato criminoso
2.b)Identificação do imputado
2.c)Classificação do crime
2.d)Rol de testemunhas
2.e)Utilização do vernáculo
2.f)Subscrição pelo representante do órgão ministerial
3º)Prazos para o oferecimento da denúncia
4º)Denúncia alternativa
5º)Rejeição da Peça Acusatória
6º)Recebimento da proemial acusatória
V)Ação penal de iniciativa privada-pág 71 
1º)Prolegômenos
2º)Princípios de regência
2.a)Oportunidade e conveniência
2.b)Disponibilidade
I-Do perdão-artigos 51 usque 59 CPP
II-Da perempção-art.60 CPP
2.c)Indivisibilidade
2.d)Intranscendência
VI)Ação penal de iniciativa privada personalíssima-pág 92 
3º)Da Ação civil ex delicto-artigos 63 usque 68 CPP-pág 93
3.1)Conceito
3.2)Espécies
a)ação de execução, no juízo cível, da sentença penal condenatória – artigo 63 CPP
b)ação de conhecimento no juízo cível – artigo 64 CPP
3.3)Sistemas processuais
3.3.a)Da separação ou independência
3.3.b)Da solidariedade
3.3.c)Da livre escolha
3.3.d)Sistema brasileiro
3.4)Legitimidade
3.5)Questões importantes
a)indenização e sentença penal concessiva de perdão judicial
b)indenização e absolvição em sede de revisão criminal
c)indenização e sentença penal extintiva da punibilidade, de arquivamento do inquérito policial, de absolutória por falta de prova, por não constituir o fato infração penal e a que reconhece dirimente da culpabilidade.
d)indenização e prova da inexistência do fato ou de negativa de autoria
e)indenização e sentença penal absolutória por reconhecimento de legítima defesa e estado de necessidade
f)indenização e sentença penal absolutória imprópria
4º)Atos de comunicação: citação e da intimação
1)Citação
a)Conceito
b)Classificação
c)Efeitos
d)Formas de citação
e)Citação de militar
f)Citação de preso
g)Citação de funcionário público
h)Citação por deprecata
i)Citação por carta rogatória
j)Citação por carta de ordem
k)Citação por hora certa
l)Citação por edital
m)Conseqüências da citação por edital
2)Intimação
2.a)Conceito
2.b)Formas de intimação
2.c)Época das intimações e notificações
2.d)Revelia
5)Das Medidas Cautelares Prisionais
Capítulo I-Disposições Gerais (arts. 282 usque 300 CPP)
Capítulo II-Da Prisão Temporária-Lei Federal nº7.960/89
Capítulo III-Da Prisão em Flagrante (arts. 301 usque 310 CPP)-pag. 45
Capítulo IV-Da Prisão Preventiva (artigos 311 usque 316 do Sistema repressivo formal pátrio)-pg.76
Capítulo V-De Outras Modalidades de Prisão Não Processual (Prisão Disciplinar/Prisão decretada em face do retardamento de soltura no caso de concessão de habeas corpus/Prisões de natureza política)-pg.104
Capítulo VI-Da Liberdade Provisória com ou sem fiança(artigos 321 usque 350 do pergaminho adjetivo penal pátrio)-pg.107
Capítulo VII-Da Restituição da Liberdade artigo 283, §1º do pergaminho adjetivo penal pátrio
6)Dos Procedimentos Penais
Do procedimento comum-Instrução criminal-artigos 394 usque 405 do Pergaminho Processual Penal
Procedimento sumário-artigos 531 usque 538 do ordenamento jurídico processual brasileiro
13.a)Prolegômenos-processo e procedimento
13.b)Processo de Conhecimento
13.c)Processos em espécie
13.d)Procedimento comum-rito ordinário
1º)Prolegômenos
2º)Recebimento da denúncia ou queixa
3º)Citação
4º)Resposta à acusação
5º)Prazo
6º)Absolvição sumária-julgamento absolutório antecipado
7º)Providências preparatórias para a instrução probatória
8º)Audiência de instrução, debates e julgamento
9º)Inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa
10º)Ordem de inquirição das testemunhas
11º)Procedimento-Notificações e ausências
12º)Desistência do depoimento testemunhal
13º)Interrogatório
14º)Possibilidade de requerimento de diligências
15º)Alegações finais orais
16º)Alegações finais escritas
17º)Obrigatoriedade de apresentação das alegações finais
18º)Sentença
13.e)Procedimento comum-rito sumário
1º)Prolegômenos
2º)Recebimento da denúncia ou queixa
3º)Citação
4º)Resposta à acusação
5º)Prazo
6º)Absolvição sumária-julgamento absolutório antecipado
7º)Providências preparatórias para a instrução probatória
8º)Audiência de instrução, debates e julgamento
9º)Inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa
10º)Ordem de inquirição das testemunhas
11º)Procedimento-Notificações e ausências
12º)Desistência do depoimento testemunhal
13º)Interrogatório
14º)Alegações finais orais
15º)Alegações finais escritas
16º)Obrigatoriedade de apresentação das alegações finais
17º)Sentença
13.f)Procedimento comum-rito sumaríssimo–Leis Federais nº 9.099/95 e 10. 250/02
1º)Prolegômenos
2º)Conceito de infração de menor potencial ofensivo
3º)Competência
4º)Procedimento administrativo(ou policial)
5º)Procedimento preliminar
6º)Composição civil
7º)Transação penal
8º)Procedimento judicial-sumaríssimo
9º)Turmas recursais
10º)Suspensão condicional do processo
11º)Considerações gerais
12º)Aplicabilidade, requisitos e procedimento
13º)Revogação e expiração da suspensão condicional do processo
13.g)Procedimento Especial
I-Rito dos crimes da competência do Tribunal do Júri
1º)Prolegômenos
2º)Rito escalonado
3º)Judicium accusationis
4º)Competência e juízo de admissibilidade-procedimento da 1ª fase
5º)Pronúncia
5.a)Requisitos
5.b)Qualificadoras requisitos
5.c)Possibilidade de alteração da pronúncia após seu trânsito em julgado
6º)Impronúncia
7º)Absolvição sumária
8º)Desclassificação
13.g)Procedimento Especial
II-Rito dos crimes falimentares, falitários, falenciais
1º)Prolegômenos- Lei Federal nº 11.101/05
2º)Competência
3º)Ação penal e oferecimento da denúncia 
4º)Procedimento 
13.g)Procedimento Especial
III-Rito dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos
1º)Prolegômenos
2º)Notificação e defesa preliminar
13.g)Procedimento Especial
IV-Rito dos crimes contra a honra-calúnia, difamação e injúria
1º)Prolegômenos
2º)Procedimento
3º)Exceção de verdade
13.g)Procedimento Especial
V-Rito dos crimes contra a propriedade imaterial
1º)Prolegômenos-Condição de procedibilidade-Procedimento
13.g)Procedimento Especial
VI-Rito da Lei Federal nº 11.343/06-Tóxicos
1º)Prolegômenos
2º)Delito de uso de estupefacientes
3º)Procedimento dos crimes de tóxicos no juízo comum
Ordenamento Jurídico Processual Penal
Conhecer o passado é o 1º passo para a construção do futuro....
A estrutura do estado brasileiro é deficitária do nº de celas nos presídios, mas isso não é problema do magistrado, e sim de efetivação das garantias constitucionais.
DO INQUÉRITO POLICIAL
 (arts. 4º usque 23 do Ordenamento Jurídico Processual Penal)
1º.a)-Conceito de Inquérito Policial- apuração de autoria e materialidade:
A denominação inquérito policial, no Brasil, surgiu com a edição daLei nº 2.033 de 1871 (regulamentada pelo Decreto-lei 4.824 de 1871), encontrando-se no art. 42 daquele ato normativo a conceituação do instituto nos termos seguintes:
art. 42
“O inquérito policial consiste em todas as diligências necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instrumento escrito”.
É o inquérito um período pré-processual relevante e de natureza inquisitiva.
É o procedimento administrativo inquisitório e preparatório, consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para a apuração penal(materialidade) e de sua autoria, presidida pela autoridade policial à fim de fornecer elementos de informação para que o titular da ação penal ingresse em juízo.
Outras peças de informação
*Termo Circunstanciado de Ocorrência
*Auto de Apreensão ou Boletim de Ocorrência Circunstanciado
*Procedimento Policial em Sede da Lei Maria da Penha – Registro de ocorrência -Boletim de Ocorrência-Inquérito Policial
Termo Circunstanciado de Ocorrência-art. 77, § 1º da Lei Federal nº 9.099/95 - é um substituto do inquérito policial em sede de infração de menor potencial ofensivo (pena máxima igual ou inferior a 2 anos – art. 61 da Lei Federal 9.099/1995 e art. 2º da Lei Federal 10.259/2001)cumulado ou não com multa, submetido ou não a procedimento especial.
art. 77, § 1º da Lei Federal nº 9.099/95
“Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame de corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente”
Auto de Apreensão ou Boletim de Ocorrência Circunstanciado-art. 173, caput,e parágrafo único da Lei Federal nº 8.069/90 (ECA)
art. 173 ECA
“em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:
I-lavrar auto de apreensão, ouvidas as testemunhas e o adolescente”
(…)
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada”.
Procedimento Policial em Sede da Lei Maria da Penha – Registro de ocorrência e Boletim de Ocorrência --Inquérito Policial- art. 12, caput, da Lei Federal nº11.340/06
art. 12 Lei Maria da Penha
“Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência (boletim de ocorrência), deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal”
I-ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
II-colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III-remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV-determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
V-ouvir o agressor e as testemunhas;
VI-ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VII-remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1oO pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I-qualificação da ofendida e do agressor;
II-nome e idade dos dependentes;
III-descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
§ 2oA autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida”.
Finalidade do Inquérito Policial (juízo inaugural de delibação)
Finalidade precípua: apuração do crime e de sua autoria visando
a)a formação da convicção do representante do Ministério Público;
b)o fornecimento de elementos para que o titular da ação penal de iniciativa privada a promova em juízo
c)efetivação da colheita de provas urgentes (exame do cadáver do locus delicti), que podem desaparecer, após o cometimento do crime;
*para que seja deflagrada a instância criminal é mister a existência de um mínimo de elementos (justa causa), quanto à autoria e à materialidade;
*o inquérito igualmente tem o condão de auxiliar a Justiça Criminal a preservar inocentes de acusações injustas e temerárias, garantindo um juízo de delibação, inclusive para verificar-se se se trata de fato definido como crime e bem assim se aquele suspeito/investigado pode, após o indiciamento, ter instaurado em seu desproveito a persecutio criminis in judicio.
1.b)-Presidência do Inquérito Policial
(art. 144 CF/88, c/c art.4º CPP)
Órgãos Policiais
*Cabe, em regra, aos órgãos constituídos pelas polícias federal (polícia judiciária e investigativa) e civil (polícia judiciária e investigativa) conduzir as investigações necessárias, colhendo provas pré-constituídas e formar o inquérito, que servirão de base de sustentação a uma futura ação penal.
Até a edição da Constituição Federal de 1988, a polícia incumbida da tarefa investigatória era denominada Polícia Judiciária. Nome que empresta o CPP. No entanto, em sede do disposto no art. 144, § 4º da CF/88, a Polícia Civil é incumbida de elaborar o inquérito, enquanto a Polícia Judiciária é a destinada a cumprir as requisições dos Juízes e membros do Ministério Público (art. 13, inc. II, CPP). O uso, no entanto, já consagrou a denominação de Polícia Judiciária não só para a que elabora os inquéritos como a que efetiva as requisições de Juízes e Promotores.
Polícia Judiciária (não se cuida de atividade policial ostensiva, mas daquela que colabora com o representante do Ministério Público e do Poder Judiciário atendendo às requisições pelos mesmos apresentadas, daí o nomen juris de 'judiciária') e Polícia Investigativa (atua na coleta de provas para formar a opinio delicti ministerial à fim de que o Judiciário as avalie no futuro)
art. 144,§ 4º da CF/88
“A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I-polícia federal;
II-polícia rodoviária federal;
III-polícia ferroviária federal;
IV-polícias civis;
V-polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§1ºA polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
I-apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II-prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III-exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV-exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
§2º A polícia rodoviária federal (omissis)
§3º A polícia ferroviária federal(omissis)
§4º-às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§5º-às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil”.
Polícia Judiciária é a polícia que auxilia o Poder Judiciário no cumprimento de ordens suas ou aquela que atende às requisiçõesministeriais na forma do disposto no art. 13 CPP.
 Ex: cumprimento de mandado de busca e apreensão (art. 4º do CPP);
art. 4º CPP
“A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função”.
 Art.13 CPP
“Incumbirá ainda à autoridade policial:
I-fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos;
II-realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
III-cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias”;
 IV-representar acerca da prisão preventiva.
Polícia Investigativa é a polícia quando atua na apuração de infrações penais e de sua autoria (art.144, § 1º, inc. I, CF/88 – atua, a exemplo da polícia federal, visando apurar infrações penais em detrimento de bens, serviços e interesses da União, de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme);
1.c)Competência/atribuição-Diligências Investigatórias
art. 6º CPP (excelente programa para um bom Delegado)
a)o Delegado deve dirigir-se ao local do crime, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais.
Objetiva-se a preservação do local do crime e dos vestígios – exame pericial (delicta factis permanentis) (se oficial é um perito/ se não oficiais são dois peritos);
Exceção:Se se tratar de acidentes automobilísticos, aplicar-se-á o disposto no art. 1º e parágrafo único, da Lei Federal nº 5.970/73 que declina:
art. 1º e parágrafo único, da Lei Federal nº 5.970/73
“Em caso de acidente de trânsito,a autoridade ou agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim de ocorrência, nele consignando o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade”.
b)auto de apreensão dos objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais – arts. 11, 124, 175, CPP c/c art. 91, inc. II CP e 5º, inc. XI da CF/88. Instrumentos do crime são todos os objetos ou aparelhos usados pelo agente para flexionar os verbos-núcleo da norma penal incriminadora (armas, documentos falsos, cheques adulterados, facas) e os objetos de interesse da prova são todas as coisas que possuam utilidade para demonstrar ao juiz a realidade do ocorrido (livros contábeis, computadores, carro do indiciado ou da vítima contendo vestígios de violência).
c)colheita de todas as provas lícitas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
d)oitiva do ofendido. 
e)interrogatório do investigado – arts. 185 usque 194 CPP c/c art. 5º, inc. LXIII CF/88 (o direito constitucional ao silêncio não confere ao investigado/suspeito a prerrogativa de se furtar a fornecer os dados que o qualifiquem, sob pena de cometimento do crime de desobediência, já que todos estão obrigados a fornecer às autoridades a sua verdadeira identidade. O direito de quedar-se silente respeita ao interrogatório de mérito, quando indagado sobre a imputação)
É possível a condução coercitiva do suspeito, porém não se pode obrigá-lo a se submeter a exame pericial.
Distinções entre interrogatório judicial e em sede do inquérito policial:
interrogatório judicial
1º)último ato da instrução processual;
2º)autor, fato delituoso;
3º)existem perguntas diretas
4º)entrevista prévia com o defensor
interrogatório policial
1º)não é obrigatória a presença de advogado;
2º)inexiste ampla defesa;
3º)não tem contraditório.
f)reconhecimento de pessoas e acareações – arts. 226 usque 230 CPP. 
O investigado não é obrigado a praticar nenhum comportamento ativo que possa incriminá-lo (primado do nemo tenetur se detegere). 
O reconhecimento de pessoas pode ser obrigatório, já que existe comportamento ativo da vítima.
Art.6º CPP
“Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I-dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II-apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
III-colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
 IV-ouvir o ofendido;
V-ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
VI-proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII-determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII-ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX-averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter”.
g)a autoridade policial determinará, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias em sede dos delicta factis permanentis (infrações que deixam vestígios- também chamados delitos transeuntes) (artigo 6º, inciso VII, CPP)-arts. 158 usque 184 CPP.
h)o Delegado ordenará a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fará juntar aos autos sua folha de antecedentes (artigo 6º, inciso VIII, CPP)
i)in fine, a Autoridade Policial procederá à averiguação da vida pregressa do suspeito/investigado(artigo 6º, inciso IX, CPP)
1.d)Conclusão e distribuição do Inquérito Policial 
Relatório – arts. 10, 11 e 17 CPP
art.10 CPP
“(...)§1ºA autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§2ºNo relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas(...)”.
art.11 CPP
“(...)Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito(...)”.
Art.17 do OJPP
“(...)A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito(...)”.
Relatório
Concluídas todas as diligências e terminado o inquérito, deverá a Autoridade Policial elaborar um relatório, nos próprios autos, de tudo quanto houver apurado nas investigações.
Em sede do relatório a autoridade policial não deverá fazer apreciações sobre a culpabilidade ou antijuridicidade, tratando-se, in casu, de peça descritiva que evita emitir juízo de valor já que o Delegado deve limitar-se a historiar o que apurou nas investigações. 
A opinio delicti cabe ao titular da ação penal e não àquela autoridade que apenas apurou a autoria e a materialidade de conduta tida como criminosa. 
*Encaminhamento dos autos de inquérito ao Poder Judiciário. Via de regra, a Polícia Judiciária encaminha os autos do inquérito policial para o Poder Judiciário 
Em alguns Estados da Federação, entretanto, por força de portarias baixadas pelos Tribunais de Justiça, ou mesmo daquelas baixadas pelos magistrados em suas comarcas, os inquéritos policiais são remetidos diretamente ao representante do Ministério Público, sendo o crime de ação penal de iniciativa pública incondicionada ou condicionada à representação da vítima.
*sendo delito que enseja a propositura de ação penal de iniciativa privada os autos do inquérito policial permanecem na serventia, aguardandoa iniciativa do(a) ofendido(a).
O controle de arquivamento dos autos do inquérito policial e de peças de informação, no âmbito da ação penal de iniciativa pública incondicionada e condicionada à representação, é feito pelo Poder Judiciário. 
O Promotor de Justiça não tem o poder de deliberar, isoladamente, acerca do oferecimento ou não daquelas modalidades de actio e/ou sobre o arquivamento dos autos do inquérito policial. No mesmo diapasão, a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
*Em sendo ação penal de iniciativa pública (condicionada/incondicionada), a competência para ordenar ou não o arquivamento do procedimento inquisitorial será do magistrado, mediante requerimento do Ministério Público. 
Quando o juiz acolhe a manifestação do promotor ordenando o arquivamento dos autos do inquérito policial tem-se o instituto conhecido sob o nomen juris de arquivamento direto. 
A decisão judicial retro tem eficácia preclusiva típica de coisa julgada formal, impedindo que, em face do mesmo acervo probatório, possam emergir novas diligências ou rediscussão dos mesmos fatos. 
*Sendo o crime de ação penal de iniciativa privada o arquivamento do inquérito policial poderá ocorrer mediante postulação apresentada pela vítima ou por seu representante legal;
*O magistrado não pode determinar o arquivamento dos autos do inquérito policial ex officio.
1
2º-DA AÇÃO PENAL
 (arts. 24 usque 62 do Ordenamento Jurídico Processual Penal)
2.a)Prolegômenos
A)Consoante Nucci a ação penal pública inicia-se com o oferecimento da exordial acusatória. A privada com o oferecimento da queixa. 
Considera-se ajuizada a demanda quando o magistrado recebe a peça inaugural.
Aperfeiçoa-se, a partir daí, a relação processual, uma vez que o imputado é citado, passando a integrar necessariamente o feito. 
Ainda que acusado não o faça pessoalmente, valendo-se do seu direito ao silêncio e deixando de comparecer para ser interrogado, bem como não indicando advogado para patrocinar sua defesa, o juiz nomeará defensor dativo, preservando-se, em qualquer hipótese, o contraditório e a ampla defesa.
Para que ocorra legitimamente o recebimento da denúncia ou da queixa, é fundamental a verificação das condições da ação, vale dizer, se estão presentes os requisitos mínimos indispensáveis para a formação da relação processual que irá, após a colheita da prova, redundar na sentença, aplicando-se a lei penal ao caso concreto. 
Por vezes, inexiste razão para o ajuizamento da ação penal, muito embora o Judiciário jamais possa impedir o órgão acusatório (Ministério Público ou querelante, que é o ofendido) a apresentar seu pleito (oferecer denúncia ou queixa). 
E se inexistir motivo fundamentado para que o feito siga seu curso, uma vez que na esfera criminal é sempre um constrangimento grave ser acusado formalmente da prática de uma infração penal, deve o juiz rejeitar a denúncia ou queixa.
Seus parâmetros para impedir o ajuizamento da ação penal baseiam-se nas condições para o regular exercício do direito de ação, que são os requisitos exigidos pela lei para que o órgão acusatório, através da ação penal, obtenha do Poder Judiciário uma análise da imputação formulada na denúncia ou na queixa, proferindo decisão de mérito, acolhendo ou rechaçando a pretensão punitiva estatal 
Embora a classificação seja combatida por Lauria Tucci (Tucci, Rogério Lauria. Teoria do Direito Processual Penal: Jurisdição, Ação de Processo Penal – Estudo Sistemático. São Paulo: RT, 2002, p.97), as condições para o regular exercício do direito de ação podem ser aquelas exigidas, normalmente, para todo e qualquer tipo de ação penal, conhecidas, frequentemente, como genéricas são: 
*a)legitimatio ad causam(legitimidade para agir); 
*b)interesse processual;
*c)possibilidade jurídica do pedido.
E para alguns juristas: 
*d) a justa causa
A majoritária doutrina pátria ainda menciona as condições específicas para o regular exercício de agir. Específicas porque somente em determinados casos são exigidas pelo ordenamento jurídico (ex: representação do ofendido, laudo prévio na Lei Federal nº 11.343/2006, novas provas no caso do disposto no artigo 409 CPP, dentre outros).
Conteúdo da exordial acusatória (denúncia ou queixa)
O conteúdo da denúncia ou da queixa é uma imputação, ou seja, a atribuição a alguém da prática de um crime ou contravenção. 
Para que o juiz possa colher provas e decidir acerca da imputação - se correta ou incorreta, verdadeira ou falsa - torna-se indispensável que analise, previamente, os requisitos para o ajuizamento da ação penal.
São eles: 
a)legitimatio ad causam(legitimidade para agir); 
b)interesse processual e
c)possibilidade jurídica do pedido. 
d)justa causa (para alguns mestres nacionais)
O artigo 43 do Código de Processo Penal as previa, embora não o fizesse de maneira ordenada, nem tampouco as denominasse com nomenclatura adequada. 
A partir da promulgação da Lei Federal nº 11.719/2008 revogou-se o referido art. 43 e o seu conteúdo foi transferido, com alterações, para o artigo 395 do CPP. 
De maneira ampla, passou-se a prever, como causas para a rejeição da denúncia ou queixa, as seguintes: 
a)inépcia da denúncia ou queixa; 
b)ausência de pressuposto processual;
c)falta de condição para o exercício da ação penal;
d)ausência de justa causa para o exercício da ação penal
2.b)Condições para o exercício do direito de ação
1ª)Legitimatio ad causam(legitimidade para agir)
Para propor uma ação nos termos do mestre Buzaid, a pertinência subjetiva da mesma deve estar presente.
A ação apenas deve ser exercida pelo titular de uma situação jurídico-material. Somente as partes que têm interesse no conflito são legítimas: a que pode promover a ação e aquela em relação a que esta deve ser proposta. Daí as duas legitimações: ativa e passiva.
No processo penal, é a sociedade (representada pelo Ministério Público) que quer ver reintegrada a ordem jurídica violada com a prática do injusto penal pelo imputado, que, por sua vez, tem legitimidade para exercer seu direito constitucional ao contraditório e aos demais direitos consagrados na Carta da República, para não ser privado de sua liberdade de locomoção e seu status dignitatis.
Na esfera penal, tem-se a pretensão acusatória (exercida pelo representante do Ministério Público) e a pretensão libertária a que o imputado tem direito, ambas justapostas. Inexiste conflito. 
O Ministério Público não luta contra o acusado, mas pelo restabelecimento da ordem jurídica violada, exercendo o direito à tutela jurisdicional: ação penal.
1.a)-Legitimidade Ativa
Apenas em relação à legitimação ativa é que pode iniciar a ação penal, e, por outro lado, esta deve ser promovida em relação àquele que tem legitimação passiva, ou seja, em desproveito do genuíno autor da conduta tida como criminosa.
No sistema jurídico pátrio, parte legítima para promover a ação penal de iniciativa pública incondicionada ou condicionada é o representante do Ministério Público. Sua legitimação decorre do ordenamento constitucional e da legislação infra-constitucional e não em um interesse em conflito entre agressor e agredido.
Art. 129 CF/88
“São funções institucionais do Ministério Público:
I-promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei”.
Quando é perpetrada uma infração penal, o conflito de interesses se estabelece entre o Estado, titular do ius puniendi, e o infrator, titular do jus libertatis. 
Assim, os genuínos intervenientes processuais são: o Estado e o infrator. 
Quem deve, pois, propor a ação penal é o Estado, e este o faz por meio de um dos seus órgãos: o Ministério Público.
Todavia, em determinados casos, em face de razões de política criminal, o Estado concede ao ofendido o jus accusationis, o direito de acusar, de propor a actio.
 Nos casos de ação penal de iniciativa privada, apenas a vítima é que deve promovê-la. 
Por isso se diz que, nessas hipóteses, existe para o ofendido legitimatio ad causam extraordinária, porquanto, a verdadeira parte legítima adcausam é o Estado. 
O ofendido, nesses casos, é um substituto processual, já que ingressa em juízo em nome próprio para defender um interesse alheio. 
De notar-se que o interesse em penalizar o autor da conduta punível é sempre do Estado. Sempre. Inexoravelmente sempre!
O Código Penal e o de Processual Penal dividem os crimes, sob o aspecto da legitimidade, em duas categorias genéricas: 
*aqueles de ação penal de iniciativa pública - legitimado é o representante do Ministério Público e os
*de iniciativa privativa–legitimado é o particular (ofendido). Aqui ocorre a substituição processual. O ofendido age em nome próprio defendendo o direito alheio (da sociedade organizada que intenta a reintegração da ordem jurídica violada com a prática do injusto penal pelo imputado)
1.a)Legitimidade Passiva – pessoa física e jurídica
A ação penal tem de ser proposta em desfavor do autor do fato. 
Exemplo: 
no procedimento inquisitivo existe prova idônea de que o crime fora perpetrado por Mokiti Fifiti. O representante ministerial oferece a exordial acusatória em desfavor de Rolando Pela Escada Abaixo Jesus Caiu, testemunha naquele procedimento investigatório.
Neste caso, a denúncia não deveria ser recebida, pois manifesta a ilegitimidade da parte. Resta ausente uma das condições para o regular exercício do direito de agir. 
Impossível será adentrar-se ao meritum causae por ausência de uma das condições regulares que nos permitiria apreciar se o autor merece ou não a providência solicitada.
1.b)Legitimidade Passiva da pessoa jurídica–teoria da realidade – Otto Gierke
Antes da promulgação da Carta Magna de 1988 existia o entendimento majoritário na doutrina (ver Tornaghi, Hélio. A Relação Processual Penal. 2 ed., São Paulo: Saraiva, 1987, p.247) e em sede pretoriana quanto à impossibilidade de instaurar-se procedimento penal em desproveito de pessoa jurídica, isto é, quanto à possibilidade da mesma figurar no polo passivo da relação jurídico-processual penal.
A perplexidade supra ventilada encontra-se superada. A questão da possibilidade de poder ser a pessoa jurídica imputada em uma ação penal encontra abrigo no ordenamento jurídico constitucional e em uma série de atos normativos infraconstitucionais.
Note-se que o § 5º do artigo 173 da CF/88, adotando a Teoria da Realidade de Otto Gierke, aceita a responsabilidade penal dos entes societários. A saber:
Art. 173 CF/88
“Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 5º-A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.”
Como fora remetida à Lei Ordinária a incumbência de estabelecer os tipos e as consequentes sanções compatíveis com sua especial natureza veio a lume a Lei Federal nº 8.137/90 definindo os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo), e estabelecendo alguns tipos penais para as pessoas jurídicas.
No mesmo diapasão a tutela ao meio ambiente esculpida no artigo 225 do sistema normativo constitucional e bem assim a disciplina protetiva infraconstitucional transcrita na Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, impondo medidas administrativas e penais às condutas lesivas ao meio ambiente.
Art. 225 CF/88
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§3º-As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”
E o art. 3° da Lei 9.605/98 dispõe que “as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade".
Assim, induvidosa a possibilidade de responsabilidade penal da pessoa jurídica já que pode ser sujeito ativo de crime ambiental.
2º)Interesse processual-adequação-necessidade e utilidade
O direito de ação não se confunde com o direito material, também chamado de substancial. 
Com Buzaid: 
“Diz-que que há interesse processual se a parte sofre um prejuízo não propondo a ação, e daí resulta que, para evitar esse gravame, necessita, exatamente da intervenção dos órgãos jurisdicionais” (Do agravo de petição, São Paulo, Saraiva, 1956, p. 88).
Não pode ser confundido direito material com interesse processual. Um instituto jurídico é o bem da vida, outro, bem distinto, é a busca no Poder Judiciário da prestação jurisdicional que o Estado se obrigou a outorgar todas as vezes que o ordenamento fosse violado.
Quem confunde direito material com interesse processual adota a teoria concreta do direito de ação, já que para estes, ausente o interesse material também não haveria interesse processual.
Exemplo:
“quando do advento da realização de proposta de transação penal, aceita pelo autor do fato e homologada pelo juiz, nos termos do artigo 76 da Lei Federal nº 9.099/95, não há para o Ministério Público interesse processual para a propositura da ação penal.”
O interesse processual é intimamente relacionado ao princípio de que não há pena sem processo (nulla poena sine iudicio). 
Na medida em que o Estado assume o monopólio da administração da justiça, surge para todos a necessidade de se dirigir ao mesmo, requestando a providência jurisdicional que é devida.
 
O interesse processual passa a ser uma necessidade de ir à juízo para reclamar alguma providência jurisdicional que se entenda devida. A prática de uma infração penal faz surgir a pretensão acusatória que será exercida, via ação penal, se houver interesse processual, pois, havendo a prescrição desta pretensão, entende a doutrina, inexistirá o interesse processual.
Exemplo:
“como ingressar com uma ação, pedindo condenação, quando o Estado não tem mais interesse na solução do caso penal, já que não poderá mais aplicar a sanctio juris? Neste caso, a prescrição faz com que se perca o interesse processual.
A prescrição é mérito, porém, ocorrendo, atinge o interesse (necessidade) de se dirigir ao Judiciário para se reclamar qualquer providência.
Não há de se confundir prescrição (mérito) com interesse processual (condição para o exercício do direito de agir). Seria hilário se mesmo prescrito o crime houvesse necessidade de se dirigir ao Estado-juiz para que o mesmo declarasse a ocorrência da prescrição, declarando extinta a punibilidade.
Assim, ocorrendo a prescrição a ação penal não pode ser exercida e, se estiver em curso, deverá ser declarada extinta a punibilidade, já que a sanção penal, em um e em outro caso, não poderá ser aplicada.
Sob esse aspecto, no ordenamento jurídico processual penal haverá sempre interesse processual, uma vez que o Estado não consegue impor a pena senão através da implementação da relação processual que tramite de forma válida e regular.
Representa o interesse processual a plausibilidade do pedido. 
Neste diapasão o artigo 12 do CPP dispõe que o inquérito policial acompanhará a denúncia ou a queixa sempre que servir da base a uma ou a outra. E quando não servirá? Se o titular da ação penal tiver em mão outras peças que possam substituí-lo. Sem estas ou aquele, não se admite a propositura da ação penal. É preciso haja respaldo probatório para que o representante ministerial ou o ofendido possa exercer o direito de ação.
Assim, o interesse legítimo, ou processual descansa na idoneidade do pedido, ou, com Liebman, a pretensão deve ser apresentadacomo digna de ser julgada. O titular da ação deve formular um pedido idôneo, arrimado em elementos que convençam o magistrado da seriedade do que se pede, contratio sensu, o imputado poderá impetrar uma ordem de Habeas Corpus, forte no disposto no artigo 648, inciso I, do CPP, por falta de justa causa, ou seja, ante a ausência do interesse processual, que repousa na plausibilidade do pedido. E o pedido é plausível quando arrimado em provas mais ou menos idôneas.
Detecta-se, assim, o interesse processual do órgão acusatório quando houver necessidade, adequação e utilidade para a ação penal.
A necessidade de existência do devido processo legal para haver condenação e a consequente submissão de alguém a sanção penal é condição inerente a toda a ação penal. 
Logo, pode-se dizer que é presumido esse aspecto do interesse processual.
Quanto à adequação, deve-se destacar que o órgão acusatório precisa promover a a ação penal nos moldes procedimentais eleitos pelo ordenamento jurídico processual penal, bem como com supedâneo em prova pré-constituída.
 Sem o respeito a tais elementos, embora a narrativa feita na denúncia ou na queixa possa ser considerada juridicamente possível, não haverá interesse processual, tendo em vista ter sido desrespeitado o interesse-adequação.
Quanto ao interesse-utilidade, significa que a ação penal precisa apresentar-se útil para a realização da pretensão punitiva do Estado. 
Vislumbrando-se, por exemplo, a ocorrência de causa extintiva da punibilidade, é natural que o procedimento deixe de interessar ao Estado, que não mais possui pretensão de punir o autor da infração penal.
3º)Possibilidade jurídica do pedido
O autor da ação penal, deve requestar do Poder Judiciário uma providência que tenha existência no ordenamento jurídico nacional.
Deve o representante ministerial ou o querelante solicitar algo abstratamente admissível segundo as normas vigentes no sistema normativo repressivo.
Assim é defeso ao promotor de justiça propor uma ação em relação a alguém imputando-lhe a prática do crime de incesto, já que não previsto no Códex repressivo brasileiro. O pleito de condenação seria juridicamente impossível.
Encontra-se a possibilidade jurídica do pedido intimamente ligada ao princípio da legalidade estatuído no artigo 5º, inciso XXXIX da CF/88
“Artigo 5º, inciso XXXIX da CF/88(omissis)
não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
O fato narrado na proemial acusatória tem de ser típico (descrito em norma penal incriminadora) e o pedido ministerial deve ser admissível no direito.
1º Exemplo:
“inadmissível pedido de condenação para o fato do pai que mantém relações sexuais com sua filha, maior e capaz, por livre e espontânea vontade de ambos, portanto, sem violência e nem grave ameaça.
O fato pode nos agredir moral e socialmente; porém, trata-se de um indiferente penal.
Inexiste possibilidade jurídica para o pedido de condenação. Não há previsão legal para o crime de incesto.”
2º Exemplo:
“também, não obstante ter ocorrido um fato previsto em lei como crime (estelionato, receptação, furto, etc...), não há possibilidade jurídica de se pedir, nestes casos, pena de prisão perpétua, de morte, de trabalho forçado, de banimento ou cruel (artigo 5º, inciso XLVII da CF/88).
Portanto, a possibilidade jurídica refere-se tanto à infração (conduta descrita como ilícito penal) como à pena requerida pelo Ministério Público ou pelo ofendido. Pois é possível pedir condenação pela prática, em tese, de um crime de roubo, porém, não à pena de morte. Bem como é possível pedir condenação a pena privativa de liberdade, porém, não pela prática do incesto”.
Para os adeptos da teoria do direito abstrato de ação, esta somente será regularmente exercida se a lei previr, em tese, a providência requerida pelo autor.
Para os adeptos da teoria do direito concreto, a ação só existe se a lei previr, em tese, a providência jurisdicional pedida.
 Paulo Rangel adota a primeira posição e prescreve:
“Quando o Código de Processo Penal, em seus artigos 43 (revogado) c/c 395, I (este com redação da Lei 11.719/08), diz que a denúncia ou queixa será rejeitada quando for manifestamente inepta, deixa claro que a atipicidade do fato significa a impossibilidade jurídica do pedido. 
O que o penalista chama de atipicidade do fato, o processualista (pelo menos nós) chama de impossibilidade jurídica do pedido. Denúncia inepta é petição inicial que não narra o fato criminoso com todas as suas circunstâncias, ou, se narra o fato, não é ele criminoso.”
Para Nucci
 Possibilidade jurídica do pedido
Significa que o Estado tem possibilidade, em tese, de obter a condenação do imputado, motivo pelo qual é indispensável que a imputação diga respeito a um fato considerado criminoso. 
Demanda-se, assim que a imputação diga respeito a um fato típico, antijurídico e culpável. Se, à primeira vista, lendo o inquérito que acompanha a denúncia, não vislumbra o juiz qualquer desses elementos, deve rejeitar a peça acusatória. O pedido é juridicamente impossível, pois não se pode pedir a condenação de alguém por ter praticado conduta penalmente irrelevante.
Há tendência doutrinária no prisma de não mais considerar útil esse entendimento, ou seja, a possibilidade jurídica do pedido - tal como utilizado o conceito no processo civil - deveria ser deixada de lado no processo penal. 
A justificativa, dentre outras, é que o direito de punir do Estado fundamenta-se, precipuamente, no principio da legalidade ("não há crime sem lei que o defina, não há pena sem lei que a comine", conforme art. 5.°, XXXIX, CF/88), de modo que, nas palavras de Maria Thereza Rocha de Assis Moura, torna-se desnecessária "para o processo penal, a discussão acerca da possibilidade jurídica como condição da ação e sua identidade ou não com a tipicidade. Esta - não há como deixar de reconhecer - integra o juízo de legitimidade da acusação. 
E, uma vez ausente, possibilita o trancamento da ação penal por falta de justa causa" (justa causa para a ação penal- doutrina e jurisprudência, p. 188-189). 
Em síntese, seria mais um problema atinente à justa causa para a ação penal do que, propriamente, um tópico destacado e intitulado possibilidade jurídica do pedido.
Parece-nos válida essa afirmativa, reduzindo-se no princípio da legalidade o cerne da acusação legítima, embora não se possa perder de vista o caráter prático da consideração de existência dessa condição da ação penal. 
Afinal, o pedido formulado pelo órgão acusatório é sempre genérico, baseando-se na condenação do imputado, para que justa sanção penal lhe seja aplicada.
 Somente há possibilidade de se permitir o ajuizamento da ação penal, inicialmente, produzindo-se prova ao longo da instrução, caso o pedido seja juridicamente viável, significando dizer que o fato é, em tese, considerado crime.
 Havendo demonstração de que não se trata de infração penal, desrespeitado está o princípio da legalidade e é impossível o pedido feito.
Pode-se, também, dizer que, nessa hipótese, estaria o juiz produzindo um autêntico julgamento de mérito ( afastando a imputação formulada pela acusação), mas o que importa deduzir é a existência de estágios no processo penal – que não há no processo civil -, razão pela qual os institutos precisam ser adaptados a um e outro.
Para que haja ação penal, é fundamental existir, ao menos em tese e de acordo com uma demonstração prévia e provisória, uma infração penal.
Logicamente, nada impede que, diante do mecanismo existente de produção de prova pré-constituída (inquérito policial ou procedimento legal que o substitua) – para garantia do próprio indiciado - verifique o juiz que não há possibilidade para o pedido formulado, rejeitando desde logo a denúncia.
Invadiu o mérito, porque o primeiro estágio da persecução penal (investigação) trouxe provas suficientes da inviabilidade de realização do segundo estágio, isto é, do ajuizamento da ação, com todo o constrangimento que tal situação acarreta ao denunciado.
 A possibilidade jurídica do pedidoliga-se apenas à viabilidade de ajuizamento da ação penal para que, ao final, seja produzido um juízo de mérito pelo magistrado, não significando que não possa haver, desde logo, quando for possível, a antecipação dessa avaliação de mérito, encerrando-se de vez, a questão, quando as provas permitirem, no interesse do próprio indivíduo.
Acrescente-se, ainda, existir a possibilidade legal de, ultrapassada a fase de recebimento da denúncia ou queixa, o juiz absolver sumariamente o acusado, após a apresentação da defesa prévia, dentre outras, pela razão de que o fato narrado evidentemente não constituir crime (art. 397, III, CPP).
Por derradeiro, não nos parece correta a visão daqueles que pretendem, no requisito pertinente à possibilidade jurídica do pedido, circunscrever a narrativa do fato ao mero juízo de tipicidade. 
O Código de Processo Penal faz referência, no campo da absolvição sumária, ao fato narrado evidentemente não constituir crime (art. 397, III). Ora, para ser considerado como tal é indispensável a avaliação da tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
 Ausente um desses elementos o fato nitidamente não é crime. 
E, verificada tal situação, de pronto, assim que oferecida a peça acusatória, deve-se rejeitá-la.
Exemplificando:
caso o promotor apresente denúncia expondo fato que evidencie, desde logo, uma situação de legítima defesa, amparada pelas provas colhidas no inquérito, o magistrado está autorizado a concluir ser o pedido juridicamente impossível, uma vez que o Estado não possui pretensão de punir quem agiu licitamente.
A exceção fica por conta da possibilidade jurídica de aplicação de medida de segurança. Nesse caso, o órgão acusatório pode apresentar ao juiz denúncia onde narre fato praticado por pessoa mentalmente enferma - com insanidade já constatada no curso do inquérito policial- pedindo que, após o devido processo legal, garantindo ao imputado a ampla possibilidade de defesa, direito inerente à sua condição de ser humano, independentemente da sua sanidade, seja ele absolvido para a aplicação da medida de segurança cabível. 
O fato, embora não seja crime (falta o elemento culpabilidade), viabiliza a ação penal para que outro tipo de sanção seja aplicado.
O ideal seria que o Código de Processo Penal melhor dispusesse a respeito da decisão que aplica medida de segurança, pois, coma se encontra atualmente, verifica-se uma sentença denominada absolutória imprópria (art. 386, paragrafo único, III, CPP), quando, em verdade, poderia ser condenatória para o cumprimento de sanção penal de natureza diversa da pena.
 4º) a justa causa
Segundo Paulo Rangel
a doutrina abalizada do Professor Afrânio Silva Jardim coloca a justa causa como uma quarta condição da ação penal, definindo-a como sendo:
“suporte probatório mínimo que deve ter a ação penal relacionando-se com indícios de autoria, existência material de uma conduta típica e alguma prova de sua antijuridicidade e culpabilidade. Somente diante de todo este conjunto probatório é que, a nosso ver, se coloca o princípio da obrigatoriedade do exercício da ação penal pública” (Jardim, Afrânio Silva,. 11 ed., Direito Processual Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.97).
Se proposta uma ação penal sem justa causa, caberá habeas corpus nos termos do artigo 648, inciso I, do ordenamento jurídico processual penal, pois da decisão que recebe a denúncia não cabe recurso em sentido estrito, mas admite impugnação via ação autônoma de habeas corpus.
O inquérito policial deve dar ao MP suporte, base para que seja oferecida a exordial acusatória a fim de que uma imputação infundada, desconectada das infrações do IP.
É comum ser instaurado inquérito policial porque um policial, por exemplo, matou um meliante que cometia um crime de roubo, inclusive, com prisão em flagrante do agente da lei. Apurados os fatos, verifica-se que toda a ação do policial foi dentro dos limites da lei: uso de arma oficial; voz de prisão ao meliante; um único disparo; depoimento do lesado no crime de roubo; testemunhas que assistiram a ação do policial e presenciaram o “ladrão”, atirando contra o agente da lei, etc...
O MP não tem um mínimo de prova para sustentar a denúncia de que o policial praticou um fato ilícito, embora típico e culpável. Nesse sentido, deve o inquérito ser arquivado por ausência de justa causa e não por legítima defesa.
A reforma processual penal da Lei Federal nº 11.719/08 deu nova redação ao artigo 395 do ordenamento jurídico processual penal, incluindo a justa causa como uma das condições que autorizam o não recebimento da denúncia pelo magistrado, in verbis:
“Art. 395.A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I-for manifestamente inepta;
II-faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III-faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Parágrafo único.(Revogado)”.
Em verdade, trata-se de não recebimento da proemial acusatória, pois são questões processuais que estão elencadas na lei. Se for rejeição da exordial acusatória, a matéria será sempre de direito penal.
Ora, se a denúncia não for recebida, é porque o inquérito policial deveria ter sido arquivado. Logo, o artigo 395 deve ser visto a contrario sensu. Achamos um absurdo a autoridade policial prender em flagrante um agente da lei, nas circunstâncias acima citadas. Deve o MP postular, de imediato, a liberdade provisória e investigar em que circunstâncias ocorreram a morte do meliante. Se comprovar excesso no agir, denuncia-se pelo crime de homicídio e, se necessário for, postula-se a prisão preventiva.
Por mais singelo que possa parecer o tema (condições para o regular exercício da ação penal), o mesmo não foge da argúcia dos examinadores. Assim, quis saber o examinador do MP do VII Concurso, realizado em 14/5/1988 – prova específica.
Noções de justa causa segundo Nucci
Embora grande parte da doutrina venha confundindo a justa causa simplesmente com o interesse processual, correta é a lição de Maria Thereza Rocha de Assis Moura, sustentando que a justa causa, em verdade, espelha uma síntese das condições da ação.
Inexistindo uma delas, não há justa causa para a ação penal.
Sob esse prisma soa ilógica a atual disposição do art. 395 do CPP.
Deve-se rejeitar a denúncia ou a queixa se faltar condição para o exercício da ação penal (inciso II) ou faltar justa causa para o exercício da ação penal (inciso III). Ora, um inciso se subsume no (outro. 
Se faltar justa causa significa não haver alguma das condições para o exercício da ação penal. 
E, por outro prisma, inexistindo qualquer das condições para o exercício da ação penal, não há justa causa.
2.c)Aperfeiçoa-se, a partir daí, a relação processual, uma vez que o imputado é citado, passando a integrar necessariamente o procedimento.
 
Segundo o mestre Paulo Rangel (Direito Processual Penal, pg.278) inexiste subordinação das condições da ação ao direito material. Também consoante o mestre, para a concretização da análise do instituto em comento há de se observar o entendimento da condições no âmbito da teoria do direito de ação como concreto e abstrato.
1ª)adeptos do entendimento da ação como direito abstrato de invocar a tutela jurisdicional:
adotando a teoria do direito abstrato (adotada por Paulo Rangel) as condições são para o regular exercício do direito de agir e não para a sua existência, pois, independentemente de estarem presentes, o direito de ação existe. Ele lhes é anterior e prescrito no ordenamento jurídico constitucional (artigo 5º, inciso XXXV);
a colocação correta é de que as condições não são da ação e, sim, para o seu regular exercício, pois, independentemente de existirem (as condições), o autor tem o direito de ação. 
Aqueles que se filiam à teoria do direito de ação como ius abstrato dirão que as condições são para o regular exercício do direito de agir.
2ª)adeptos do entendimento da ação como direito concreto de invocar a tutela jurisdicional:
os que se filiam à teoria do direito concreto de ação dirão que as condições são de existência do direito de agir(direito material discutido).
2.d) I-Ação penal de iniciativa pública condicionada à representação
*Crime de injúria racial-artigo 140, § 3º CP.
*Crimes perpetrados em desfavor da honra de funcionários públicos (propter officium)-artigo 145, parágrafo único, do CP- Súmula 714 STF.
*Crimes de ameaça-artigo 147 CP.
*Crimes de lesão corporal leve e culposa-artigo 88 da Lei Federal nº 9.099/95 c/c artigo 129, caput e § 6º do CP.
*Crime de trânsito-artigo 291, caput, da Lei Federal nº 9.503/97.
*Crimes perpetrados em desfavor da liberdade sexual (estupro(art.213 CP);violação sexual mediante fraude(art. 215 CP); induzimento, mediante fraude à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal (art. 216 CP); assédio sexual (art. 216-A CP))previstos no ordenamento jurídico penal conforme redação outorgada pela da Lei Federal nº 12.015/09
Artigo 140 § 3o CP
“Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
Pena - reclusão de um a três anos e multa”. 
art. 145 do CP
“Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código”.
Súmula 714 STF
“É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções”
art. 147 do CP
“Ameaça
“Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação”.
artigo 129, caput e § 6º do CP
“Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
artigo 291, caput, da Lei Federal nº 9.503/97
“Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber”.
art. 225 do CP
“Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
crimes definidos nos Capítulos I e II do Título VI do CP
“*estupro(art.213);
*violação sexual mediante fraude(art. 215);
*induzimento, mediante fraude à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal (art. 216); 
*assédio sexual (art. 216-A); 
*estupro de vulnerável (art. 217-A); induzimento de menor de 14 anos a satisfação da lascívia de outrem (art. 218);
*satisfação da lascívia mediante a presença de criança ou adolescente (art. 218-A); 
*favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (art. 218-B)”
1º)Conceito
Representação é a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que possui interesse na persecução penal do fato delituoso.
Em relação à representação vige o primado da autonomia da vontade do ofendido.
2º)Natureza Jurídica da Representação
Regra:condição de procedibilidade em relação aos procedimentos que ainda serão iniciados.
Para os procedimentos que já estavam em curso, a representação seria uma condição de prosseguibilidade (artigo 91 da Lei Federal nº 9.099/95). Note-se que a Lei Federal nº 12.015/09 (que outorgou nova redação aos crimes perpetrados em desfavor da liberdade sexual no CP não exigiu tal condição de prosseguibilidade como fez a Lei Federal 9.099/95). 
artigo 88 da Lei Federal nº 9.099/95
“além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas”
artigo 91 da Lei Federal nº 9.099/95
“nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta (30) dias sob pena de decadência”.
Assim: para os feitos que ainda não iniciaram, a representação é uma condição de procedibilidade. Representação como condição de procedibilidade: é uma condição necessária para o exercício válido da relação processual. Neste caso a relação jurídico-processual ainda não teve início.
Representação como condição de prosseguibilidade: é uma condição necessária para que a relação procedimental possa continuar a se desenvolver da forma válida e regular. O feito encontra-se em tramitação.
Exemplo: 
antes da Lei Federal nº 9.099/95 entrar em vigor os crimes de lesão corporal leve e culposa eram iniciativa pública incondicionada. Neste caso a representação passou a ser considerada como condição de procedibilidade.
Depois que a Lei Federal nº 9.099/95 entrou em vigor os crimes de lesão corporal leve e culposa passaram a ser de iniciativa pública condicionada à representação. Aqui a representação passou a ser considerada como condição de prosseguibilidade.
3º)Direcionamento
Em conformidade com o disposto no artigo 39 do ordenamento jurídico processual penal poderá ser ao magistrado, ao representante ministerial ou ao Delegado de Polícia.
art.39 do CP
“O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial”.
4º)Informalidade
Desnecessários maiores formalismos na peça representativa
art.39, § 1º do CP
“§1ºA representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§2ºA representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§3ºOferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§4ºA representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito”.
5º)Prazo (lapso penal)
Assim como a queixa-crime, a representação está sujeita a um lapso decadencial de 06 meses.
Conta-se o dia do início, pois trata-se, in casu, de prazo penal.
6º)Legitimidade para o oferecimento da representação
a)maior de 18 anos;
b)ofendido(a) menor de 18 anos: seu representante legal(qualquer pessoa que de alguma forma seja responsável pelo menor)
Em caso de colidência de interesse, deve ser nomeado curador especial.
A decadência do direito de queixa/representação do responsável pelo menor, atinge o direito deste?
1ª corrente (Pacelli, LFG)
A decadência para o representante legal acarreta a extinção da punibilidade, mesmo que o menor não tenha completado 18 anos.
2ª corrente (Nucci, Capez)
Não há falar em decadência de um direito que não pode ser exercido
c)menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental sem representante legal: nomeia-se curador especial – artigo 33, CPP.
Art.33 do CPP
“Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal”.
d)vítima com 17 anos casada: 
1ªpossibilidade: nomeia-se curador especial
2ª possibilidade: aguarda que complete 18 anos
e)morte do(a) ofendido(a): sucessão processual (CADI -cônjuge-ascendente-descendente-irmão)
*esta é a ordem preferencial(CADI);
*prevalece a vontade de quem tem interesse na persecução penal;
*o prazo para o sucessor começa a fluir:
*se tomou conhecimento da autoria do crime, na mesma data que a vítima, seu prazo será o restante;
*se não tinha conhecimento da autoria, seu prazo será contado à partir do momento em que atingir esta ciência
7º)Retratação da representação –artigo 25 CPP
Só é possível até o oferecimento da denúncia.
art.25 do Pergaminho Processual Penal
“A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia”.
Obs 1: o artigo 16 da Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/06) elucida, verbatim:
 
art. 16 da Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/06) 
“Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público”.
Quando o legislador utiliza a expressão renúncia, o faz de maneira equivocada, pois não se aplica, antes sim, uma retratação. Esta retratação poderá ocorrer até o recebimento da exordial acusatória, em audiência designada com tal finalidade.
***ALTERAÇÃO
Por maioria de votos, vencido o presidente, ministro Cezar Peluso, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente, na sessão de hoje(09/02/2012), a Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI 4424) ajuizada pela Procuradoria-Geral da República(PGR) quanto aos artigos 12, inciso I; 16; e 41 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006)
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a ação direta para, dando interpretação conforme aos artigos 12, inciso I e 16, ambos da Lei nº 11.340/2006, assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão, pouco importando a extensão desta, praticada contra a mulher no ambiente doméstico(...)”
Assim, o STF entendeu que o crime de lesão corporal leve, quando praticado com violência doméstica e familiar contra a mulher, processa-se mediante ação penal de iniciativa pública incondicionada.
Obs 2: retratação da retratação da representação
É uma nova representação
É possível, mas desde que dentro do lapso decadencial.
8º)Eficácia objetiva da representação
Feita a representação em desfavor de apenas um dos co-autores, esta se estende aos demais. 
Porém, feita a representação em relação a um fato delituoso, não se estende aos demais delitos (STF HC 57200)
II-Ação penal de iniciativa pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça
1º)Natureza Jurídica-condição específica de procedibilidade. 
*Crime em desfavor da honra do Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro- artigo 141, inciso I, c/c artigo 145, parágrafo único, 1ª parte, CP
Disposições comuns
art. 141 do Pergaminho Penal brasileiro
 
“As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I -contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro”
art. 145 do CP
“Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código”.
a)Requisição é sinônimo de ordem?
-Não! Afinal o titular da iniciativa da ação penal é o representante ministerial.
b)Requisição tem prazo? Não encontra-se sujeita a prazo decadencial, no entanto, o crime praticado está sujeito à prescrição.
c)Cabe retratação da requisição?
1ª corrente:em conformidade com o entendimento dos Professores Paulo Rangel e Fernando Capez, não se admite retratação da requisição.
2ª corrente:o professor LFG admite a retratação da requisição, desde que feita antes do oferecimento da peça acusatória.
III-Ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública- art. 29 do CPP e artigo 5º, inciso LIX(59) da CF/88
Somente cabível em face da inércia do representante do Ministério Público
artigo 5º, inciso LIX(59) da CF/88
“será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”
art.29 CPP
“Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal”.
Art.46 CPP
“O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§1oQuando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
§2oO prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo”
a)cabe queixa subsidiária para todo e qualquer crime?
Somente se houver vítima individualizada. 
Exemplo:
*Arts. 81 e 82 da Lei Federal 8.078/90
“(...)A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo(...)”.
*artigos 184 e 187,§ 1º, da Lei Federal nº 11.101/05 (regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária.
“Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187,§ 1º, sem que o representante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses”.
Art. 187, § 1º da Lei Federal nº 11.101/05
“Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, o Ministério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura de inquérito policial.
§1º O prazo para oferecimento da denúncia regula-se pelo art. 46 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, salvo se o Ministério Público, estando o réu solto ou afiançado, decidir aguardar a apresentação da exposição circunstanciada de que trata o art. 186 desta Lei, devendo, em seguida, oferecer a denúncia em 15 (quinze) dias”.
b)poderes do representante ministerial na ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública
b.1)repudiar a queixa 
O Promotor de Justiça/Procurador da República pode repudiar a queixa e pedir o arquivamento?
Não! O Ministério Público ao repudiar a queixa, estará obrigado a oferecer a denúncia substitutiva
b.2)aditar a queixa, tanto para o acréscimo de dados secundários como para incluir co-autores e outros fatos delituosos.
b.3)se o querelante for negligente, o representante do Ministério Público reassume o polo ativo da ação penal (ação penal indireta)
III-Da ação penal de iniciativa pública incondicionada
1º)Princípios de Regência da ação penal de iniciativa pública incondicionada
1.a)Inércia da jurisdição
1.b)Ne bis in idem
1.c)Intranscendência
1.d)Obrigatoriedade1.e)Indisponibilidade
1.f)Divisibilidade e indivisibilidade
1.a)Inércia da Jurisdição-ne procedat iudex ex officio-ao magistrado não é dado iniciar o procedimento criminal de ofício, pois a iniciativa para a propositura da ação penal é atribuída ao representante do Ministério Público por expressa disposição constitucional (art. 129, inciso I, CF/88). 
O processo judicialiforme (o juiz dá início, ex officio) ocorria nos crimes culposos de lesão corporal, nos homicídios e nas contravenções penais
art. 129 da CF/88
“São funções institucionais do Ministério Público:
I-promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei”.
1.b)Ne bis in idem
Ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação (Convenção Americana do Direitos do Homem – artigo 8º, 4º). 
Para os tribunais pátrios, decisão absolutória ou declaratória extintiva da punibilidade, mesmo com vício de incompetência, por exemplo, é capaz de transitar em julgado e produzir efeitos, dentre eles o de impedir que o imputado seja novamente processado por um juiz competente pelos mesmos fatos (STF HC 86.606).
1.c)Intranscendência-art. 5º, inciso XLV(45) da CF/88
Ação Penal não pode passar da pessoa que perpetrou o delito, já que nenhuma pena passará da pessoa do condenado
 Art. 5º, inciso XLV(45) da CF/88
“XLV-nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”.
1.d)Obrigatoriedade (Legalidade Processual)
Presentes as condições para o regular exercício do direito de ação e havendo justa causa, o representante ministerial é obrigado a oferecer denúncia.
Exceções: 
a)Transação Penal (art. 76 da Lei Federal n 9.099/95)-princípio da obrigatoriedade mitigada ou da discricionariedade regrada;
Art. 76 da Lei Federal nº 9.099/95
“Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§2ºNão se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I-ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II-ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III-não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§3ºAceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§4ºAcolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§5ºDa sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§6ºA imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível”.
b)Acordo de Leniência-Brandura-Doçura (art. 35-C da Lei Federal n 8.884/94-Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências)-trata-se de espécie de colaboração premiada nos crimes perpetrados em desproveito da ordem econômica-financeira;
art. 35-C da Lei Federal n 8.884/94
 
“Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei nº 8.137, de 27 de novembro de 1990, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo”. 
c) Termo de Ajustamento de Conduta nos Crimes Ambientais (Lei Federal n 9.6.05/98);
d) Parcelamento do Débito Tributário (art. 9º da Lei Federal n 10.684/03) Altera a legislação tributária, dispõe sobre parcelamento de débitos junto à Secretaria da Receita Federal, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do Seguro Social e dá outras providências).
art. 9º da Lei Federal n 10.684/03
“É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento.
§1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
§2ºExtingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios”.
1.e)Indisponibilidade
Se o representante ministerial é obrigado a oferecer a exordial acusatória, não pode dispor da ação penal de iniciativa pública (artigos 42 e 576 CPP).
 Art.42 do CP
“O Ministério Público não poderá desistir da ação penal”.
Art.576 do ordenamento jurídico penal brasileiro
“O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto”.
Exceção: 
Suspensão condicional do processo cabível para penas mínimas iguais ou inferiores a um ano-artigo 89 da Lei Federal nº 9.099/95 
art. 89 da Lei Federal nº 9.099/95 
“Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§1ºAceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I-reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II-proibição de freqüentar determinados lugares;
III-proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV-comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
§2ºO Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§3ºA suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§4ºA suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§5ºExpirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§6ºNão correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§7ºSe o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos”.
*********
*********Para o STF, mesmo que a pena mínima cominada seja superior a um ano, será cabível a suspensão condicional do processo quando a pena de multa estiver cominada de maneira alternativa (artigo 5º, inciso II da Lei Federal nº 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária)
Artigo 5º, inciso II da Lei Federal nº 8.137/90
“Constitui crime da mesma natureza (contra a ordem econômica):
I-exigir exclusividade de propaganda, transmissão ou difusão de publicidade, em detrimento de concorrência;
II-subordinar a venda de bem

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