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28/10/2017 1 EPILEPSIA & TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO Prof.ª Dr.ª Camila Rosa de Oliveira Faculdade Meridional – IMED Escola de Saúde | Curso de Psicologia Neuropsicologia EPILEPSIA 28/10/2017 2 Epilepsia • Níveis conceituais para compreensão de epilepsia (Palmini & Zanonato, 2008) Epilepsia Sintoma Mecanismo Doença cerebral Tendência à recorrência da crise Sintoma • A definição de epilepsia passa pelo entendimento do sintoma “crise epiléptica” o Expressão clínica, ou o sintoma, de uma alteração súbita da eletricidade cerebral e se caracterizam por manifestações motoras, sensoriais, cognitivas e autonômicas, ou por uma sequência delas (Palmini & Zanonato, 2008) 28/10/2017 3 (Palmini & Zanonato, 2008) Motoras Movimentos do rosto, da cabeça ou dos membros durante uma crise Sensoriais Sensações súbitas de dormência ou modificações da visão Cognitivas Episódios súbitos de sentir-se desconectado do ambiente, confuso, ter uma ilusão, não conseguir falar ou não entender o que é dito Autonômicas Sentir que algo sobe do estômago para a garganta, começar a salivar, ter uma taquicardia Manifestações Mecanismo • A crise epiléptica ocorre porque em alguma região do cérebro houve um súbito e excessivo aumento da atividade elétrica, que envolveu um grupo significativo de neurônios • Essa região pode ser bem localizada ou pode ser difusa, envolvendo ambos os hemisférios cerebrais (Palmini & Zanonato, 2008) 28/10/2017 4 Doença cerebral • Deve haver algum tipo de insulto ao cérebro que faz com que os neurônios de uma região localizada (ou difusa) estejam vulneráveis e propensos a um aumento súbito e excessivo de sua atividade elétrica, gerando crise epiléptica • Esse insulto ao cérebro, que leva os neurônios a funcionarem mal eletricamente, é a causa da epilepsia (Palmini & Zanonato, 2008) Tendência à recorrência das crises • É possível que algumas pessoas possam apresentar crise epiléptica aguda/provocada o Uso de determinado medicamento o Abstinência alcoólica • No entanto, uma vez corrigido o problema que provocou a crise, não existe o risco de recorrência • Portanto, esses pacientes não são considerados como portadores de epilepsia, mas sim como indivíduos que sofreram crise epiléptica provocada por uma alteração aguda, reversível (Palmini & Zanonato, 2008) 28/10/2017 5 Conceito de Epilepsia (Palmini & Zanonato, 2008) Um problema cerebral que se manifesta por crises epilépticas, geradas em função de um aumento súbito e excessivo da atividade elétrica de alguma(s) região(ões) do cérebro, causado por alguma doença que afeta neurônios e altera a sua atividade elétrica, sendo que essa alteração se mantém, criando uma tendência à recorrência das crises • A manifestação clínica de uma crise epiléptica depende de em qual ou em quais regiões corticais a atividade elétrica neuronal aumentou de forma súbita e excessiva • A expressão clínica das crises poderá espelhar o fenômeno da propagação das crises, que podem iniciar-se em uma região e espalhar-se para outras, com as quais estão conectadas (Palmini & Zanonato, 2008) 28/10/2017 6 A classificação das crises é feita de acordo com a área que deu origem à atividade epileptiforme • Generalizadas originam-se em algum ponto de uma rede neuronal e rapidamente se desenvolvem e se propagam em redes neuronais bilaterais • Focais originam em redes neuronais limitadas a um hemisfério cerebral, podendo ser restritas ou distribuídas de forma mais ampla A maioria das síndromes não tem uma causa comum • Genética defeito genético conhecido ou presumido • Estrutural/metabólica epilepsias cujas causas são identificáveis • Causa desconhecida (sem etiologia) (Fuentes et al., 2014) Tipos mais comuns de crises epilépticas (Palmini & Zanonato, 2008) Crises parciais complexas de origem no lobo temporal Crises parciais motoras Crises de ausência Crises mioclônicas Crises generalizadas tônico-clônicas Crises generalizadas tônicas e atônicas 28/10/2017 7 Crises parciais complexas de origem no lobo temporal • Geralmente iniciam-se por uma sensação subjetiva (aura) de um entre quatro tipos o Sensação visceral Caracterizada por uma sensação epigástrica que vai subindo por dentro, por salivação excessiva ou por taquicardia súbita o Ilusão de memória Sensação súbita de intensa familiaridade (déjà-vu) ou de total estranheza com o que está acontecendo (jamais-vu) o Medo súbito o Alucinações olfativas ou gustatórias O paciente descreve que subitamente sente um cheiro estranho ou um gosto estranho na boca (Palmini & Zanonato, 2008) Crises parciais complexas de origem no lobo temporal • Após uma dessas sensações iniciais (auras), o paciente para de fazer o que está fazendo, desliga-se do ambiente e sai do ar, ao menos parcialmente, ficando com o olhar parado • Junto com isso, iniciam-se movimentos automáticos, discretos, involuntários, nos quais ele mexe os lábios, a boca e/ou a língua, como se estivesse mastigando, lambendo-se, provando ou engolindo algo • Durante esses automatismos o paciente está desconectado, ao menos parcialmente, do ambiente e não se recorda disso depois da crise (Palmini & Zanonato, 2008) 28/10/2017 8 Crises parciais complexas de origem no lobo temporal • Essas crises iniciam-se com o aumento súbito da atividade elétrica em uma região profunda do lobo temporal o Amigdala identificação de ameaças, sua ativação excessiva pode levar ao medo súbito o Hipocampo e Córtex entorrinal processamento das memórias (déjà-vu e jamais-vu) • A partir daí, a atividade elétrica excessiva se espalha para o córtex temporal e frontal, reduzindo a inibição que existe sobre as áreas subcorticais que organizam os automatismos (Palmini & Zanonato, 2008) Crises parciais motoras • Manifestam-se por um ou mais tipos de movimentos o Se iniciam/propagam para o córtex motor primário Movimentos clônicos contrações rítmicas, repetidas – da língua, do canto da boca, da mão, dos dedos da mão, do pé e/ou dos dedos dos pés o Se iniciam/propagam para o córtex pré- motor Movimentos são mais amplos e tônicos, ou seja, há endurecimento da face, do braço ou da perna (Palmini & Zanonato, 2008) 28/10/2017 9 Crises parciais motoras • Às vezes, o que ocorre é um padrão de propagação em que as alterações elétricas estão localizadas no córtex motor primário, e, assim, a crise se inicia por contrações clônicas, mas à medida que as descargas propagam-se para o córtex pré-motor, desaparecem as contrações clônicas e aparecem as contrações tônicas intensas de toda uma extremidade (Palmini & Zanonato, 2008) Crises de ausência • Episódios muito breves, caracterizados por um súbito desligamento do ambiente entre 5 a 10 segundos • Durante os segundos decorridos, o paciente fica desconectado do ambiente, em geral com o olhar parado, mas às vezes com breves piscamentos ou outros pequenos movimentos em torno da face • A pessoa parece “estar distante”, porém refere pouca dificuldade para retomar o que estava fazendo • Diferentemente das crises parciais complexas, não há aura (Palmini & Zanonato, 2008) 28/10/2017 10 Crises generalizadas tônico-clônicas • Crises generalizadas, em que todo o corpo é acometido por uma contração tônica (fica endurecido, rígido), incluindo o Cordas vocais o que leva frequentemente a um grito ou som gutural o Musculatura ventilatória o que leva o paciente a ficar cianótico – ficar azulado o Músculos da mastigação o que leva morder a língua e fechar intensamente a boca (Palmini & Zanonato, 2008) Crises generalizadas tônico-clônicas • Após essa fase de contraçãogeneralizada (fase tônica), inicia- se uma fase clônica, em que os músculos se contraem e relaxam, ou seja, as contrações mantidas são substituídas por contrações clônicas • No final da crise, o nível de desgaste neuronal é muito intenso, e os pacientes muitas vezes ficam torporosos (ausência de resposta a estímulos) por vários minutos; em seguida pode vir uma intensa sonolência • Muitas vezes, a perda de controle do cérebro sobre o corpo que ocorre no final das crises faz com que o paciente se urine (Palmini & Zanonato, 2008) 28/10/2017 11 Crises generalizadas tônicas e atônicas • Crises que envolvem súbito aumento ou uma perda global do tônus muscular, frequentemente levando o paciente a quedas no solo • Envolvem uma súbita hiperexcitabilidade difusa do córtex cerebral que se propaga para estruturas do tronco cerebral que controlam o tônus muscular • Quedas súbitas, imediatas, ao solo, sem nenhum aviso, o que provoca, com frequência, lesões corporais (Palmini & Zanonato, 2008) Tratamento para vários distúrbios convulsivos Crises parciais Carbamazepina, valproato, gabapentina, lamotrigina, topiramato, fenitoína, levetiracetam, pregabalina, oxcarbamazepina, zonisamida, lacosamida Ausências Valproato, topiramato, lamotrigina, zonisamida, levetiracetam Mioclônicas Valproato, clonazepam, topiramato,, zonisamida, levetiracetam Tônicas Valproato, felbamato, clonazepam, topiramato,, zonisamida 28/10/2017 12 Primeiros socorros para crises epilépticas • Não restringir a pessoa • Remover objetos perigosos próximos da pessoa • Calmamente, fazer a pessoa sentar-se, orientando-a em situações perigosas. Usar força somente em caso de emergência, para proteger a pessoa de danos imediatos, como andar na frente de um veículo que se aproxima • Observar, mas não se aproximar de uma pessoa que aparente raiva ou que esteja agressiva • Permanecer com a pessoa até que ela esteja alerta TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO 28/10/2017 13 TCE • Jovens e idosos • Trânsito, quedas e agressões • Brasil: TCE decorrente de acidentes automobilísticos é uma das principais causas de morte em adultos jovens (sexo masculino) (Miotto, 2015) DATASUS (2011) • 547.468 internações decorrentes de causas externas • Quedas: 373.354 ocorrências • Motociclistas: 77.171 ocorrências • Pedestre: 37.577 ocorrências • Ocupante de automóvel: 17.053 ocorrências • Ciclistas: 9.291 ocorrências • Transporte aéreo: 110 ocorrências • Entre outros... • Taxa de mortalidade de 2,34% ao ano (Miotto, 2015) 28/10/2017 14 DEFINIÇÃO DO TCE • Agressão que gera lesão anatômica ou alteração funcional no cérebro, no couro cabeludo, nas meninges ou em seus vasos • Lesões cerebrais decorrentes pode ser classificadas como primárias ou secundárias (Miotto, 2015) LESÃO PRIMÁRIA • Associada diretamente ao trauma, resultado de forças mecânicas que produzem deformação no tecido durante o trauma • Podem ser lesões de vasos sanguíneos, neurônios e glia, de forma focal ou difusa • Ex.: ferimentos por arma, contusões, edemas, hematomas, contusão... (Miotto, 2015) 28/10/2017 15 LESÃO SECUNDÁRIA • De caráter extracraniano ou intracraniano, inicia-se depois do trauma ou como resultado de complicações das lesões primárias, pois o dano não cessa no momento do trauma • Resulta, por exemplo, de lesões isquêmicas ou hipóxicas, hipertensão intracraniana, edema cerebral, hidrocefalia e infecção (Miotto, 2015) 28/10/2017 16 DEFINIÇÃO DO QUADRO CLÍNICO • Escala de Coma de Glasgow (ECG) • Baseada na melhor resposta verbal, na abertura dos olhos e na melhor resposta motora do paciente • Escore máximo de 15 pontos • Resultados possibilitam definir as condutas médicas e assistenciais ao paciente (Miotto, 2015) DEFINIÇÃO DO QUADRO CLÍNICO CLASSIFICAÇÃO ECG E ALTERAÇÕES Mínima ECG = 15 (não há perda de consciência ou amnésia) Leve ECG = 14 (breve perda de consciência ou amnésia transitória) Moderada ECG = 9 a 13 (perda de consciência por período superior a 5 minutos ou déficit neurológico focal) Grave ECG = 5 a 8 Crítica ECG = 3 a 4 (Miotto, 2015) 28/10/2017 17 DEFINIÇÃO DO QUADRO CLÍNICO • É necessário avaliar a duração do quadro de amnésia pós- traumática (APT) ou o período de tempo entre o TCE e a recuperação das funções mnésticas para eventos diários • Pode durar minutos, horas, dias, semanas ou meses • Pacientes podem apresentar sequelas incapacitantes, como comprometimentos em áreas motoras, cognitivas e comportamentais (Miotto, 2015) DEFINIÇÃO DO QUADRO CLÍNICO DURAÇÃO DA APT GRAVIDADE DA LESÃO CEREBRAL Inferior a 5 minutos Muito leve 5 a 60 minutos Leve 1 a 24 horas Moderada 1 a 7 dias Grave 1 a 4 semanas Muito grave Superior a 4 semanas Extremamente grave (Miotto, 2015) 28/10/2017 18 • Alterações cognitivas estão relacionadas a vários fatores o Tipo de lesão (focal ou difusa) o Áreas cerebrais envolvidas o Gravidade do TCE (leve, moderado, grave) o Amnésia pós-traumática o Fatores individuais (idade e escolaridade) • Prejuízos cognitivos mais frequentes o Déficits de atenção o Velocidade de processamento de informações o Memória o Funções executivas (Miotto, 2015) (Miotto, 2015)
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