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Abordagem Centrada na Pessoa

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Abordagem Centrada na Pessoa/Rogeriana
A abordagem centrada na pessoa/cliente de Carl Rogers é uma teoria e prática clínica na psicoterapia que veio para contrastar com as abordagens psicanalíticas e comportamentalistas. Afinal, ao contrário destas, o homem não é visto como determinado por fatores externos ou internos, mas ele se auto-determina, podendo reagir com seu poder criativo perante à vida. 
De acordo com Moreira (2010), existem diversas fases na Abordagem Centrada na Pessoa, que podem ser divididas em três fases referentes à psicoterapia e duas fases referentes à ACP propriamente dita. De acordo com John Wood, um dos colaboradores mais próximos de Rogers, os 30 primeiros anos de sua teoria são voltados para investigar o mundo subjetivo e interno da pessoa e os últimos 30 anos são mais focados nas interações sociais. 
O pensamento de Rogers ao longo de sua vida pode ser dividido então em 5 fases distintas, de acordo com alguns autores (o próprio Rogers não importou em classificar suas fases). 
1. Fase Não-diretiva (1940-1950)
2. Fase Reflexiva (1950-1957)
3. Fase Experiencial (1957-1970)
4. Fase Coletiva ou inter-humana (1970-1987)
5. Pós-rogeriana ou neorrogeriana (1987-atual)
Segundo Moreira (2010), cada fase possui uma particularidade, um foco diferente, mas nenhuma delas perde de vista a noção principal da Abordagem Rogeriana: a tendência atualizante do ser humano. Este conceito fala de uma tendência positiva existente em todos os seres humanos, de estarem em constante transformação e crescimento. 
Particularmente, a fase não-diretiva tem como foco principal a não-diretividade do processo terapêutico, ou seja, uma visão mais passiva do terapeuta, que deixa o método ser conduzido pelo próprio paciente. Essa fase sofreu diversas críticas e mais tarde, Rogers substituiu o termo “não-diretivo” por “centrado no paciente”. É o que ocorre na fase reflexiva, em que se estabelece as três atitudes fundamentais do terapeuta: empatia, congruência e aceitação positiva incondicional. Falaremos um pouco mais sobre essas atitudes ao final do texto. A última fase de psicoterapia é a fase experiencial, baseada principalmente na visão fenomenológica do paciente, em que o encontro entre terapeuta e cliente se torna o foco principal do processo, não mais a pessoa em si. A experiência intersubjetiva deste encontro adquira maior grau de importância do que o paciente. 
Entretanto, Rogers nunca abandona o nome dado à sua prática terapêutica: Abordagem Centrada na Pessoa, mais generalizada devido ao grande número de interesses demonstrado por ele ao longo da sua vida. Na sua fase coletiva ou inter-humana apresenta um interesse maior no coletivo e nas relações interpessoais, dando mais ênfase também ao aspecto transcendental, espiritual, holístico. 
A última fase, que dá início logo após a sua morte, é uma combinação de todos os pensamentos de Rogers. Existem vários psicólogos, pesquisadores e autores que seguem hoje a sua abordagem, mas cada qual em uma vertente. Moreira cita 9 vertentes da abordagem rogeriana hoje em várias partes do mundo: 1. clássica; 2. experiencial; 3. experiencial processual; 4. existencial-fenomenológica; 5. transcendental; 6. expressiva; 7. analítica; 8. comportamental-operacional; 9. curriculum centrado na pessoa.
Para se dar o processo de mudança do cliente, considera-se fundamental a relação terapêutica como lugar em que se expressa potencialmente a personalidade do paciente. Dentro desta relação terapêutica, tanto o terapeuta quanto o paciente adquirem importância, diferentemente do que é visto nas primeiras fases do pensamento de Rogers, em que o paciente era visto como o mais importante. 
Para atingir a congruência, ou seja, para alcançar o objetivo fundamental da terapia, que é estabelecer o acordo perdido entre a experiência total do ser e a experiência consciente do self, conforme Santos (2004), são necessárias três atitudes por parte do terapeuta: 1. a compreensão empática; 2. o olhar positivo incondicional; 3. a congruência.
A compreensão empática, pela visão de Rogers, é conseguir colocar-se no lugar do outro, sentir o que o outro sente, pensar o que o outro pensa, e só acontece quando existe uma disponibilidade para ouvir sem julgamentos, deixando de lado até o próprio eu por um momento. O olhar positivo incondicional busca aceitar o outro incondicionalmente, estando disposto a ouvir todas as experiências do outro e acolhê-lo na sua integralidade. A congruência ou autenticidade é um pré-requisito fundamental do terapeuta. Antes de levar o paciente a um estado de congruência, o próprio terapeuta precisa já se encontrar neste estado, em que consegue ser autêntico, ser ele mesmo, estando totalmente presente no momento da terapia. “A autenticidade do terapeuta é fundamental numa relação que é, deste modo, sobretudo humana.” (SANTOS, 2004, p. 23). 
A empatia pode ser considerada como uma das principais técnicas da Abordagem Rogeriana, sendo empregada como um processo, não um conceito. De acordo com Neres et al. (2019), a compreensão empática pode ser muito difícil de ser posta em prática porque presume a adoção por parte do terapeuta do ponto de vista de outra pessoa, o que só pode ser feito se o terapeuta estiver disposto a deixar de lado suas próprias crenças e pontos de vista. Com isso, conclui-se que esta não é uma habilidade que possa ser aprendida, e dessa forma, não são todos os que estão habilitados para esta abordagem. Pezzela (2003, p. 110) define empatia como sendo: 
Um instrumento natural, imediato, tipicamente humano através do qual se consegue colher e compreender os outros seres humanos, as suas vivências, os seus estados de alma, os sentimentos. Não é uma prática que se aprende ou aplica quando há necessidade, mas é co-natural ao ser humano.
Referências
NERES, Evna de Oliveira et al. A RELAÇÃO TERAPÊUTICA EMPÁTICA NA PERSPECTIVA HUMANISTA: UMA ANÁLISE NA ABORDAGEM ROGERIANA. Encontro de Extensão, Docência e Iniciação Científica (EEDIC), [S.l.], v. 4, n. 1, feb. 2019. ISSN 2446-6042. Disponível em: <http://publicacoesacademicas.unicatolicaquixada.edu.br/index.php/eedic/article/view/2645>. Acesso em: 10 Mai. 2019. 
SANTOS, Cecília Borja. ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA - RELAÇÃO TERAPÊUTICA E PROCESSO DE MUDANÇA. Revista do Serviço de Psiquiatria do Hospital Fernando Fonseca, v. 1, n. 2, p. 18-23, 2004. Disponível em: <https://revistas.rcaap.pt/psilogos/article/view/6071>. Acesso em: 10 Mai. 2019.
MOREIRA, Virginia. REVISITANDO AS FASES DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA. Revista Estudos de Psicologia, Campinas, v. 27, n. 4, p. 537-544, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n4/11.pdf>. Acesso em: 10 Mai. 2019.

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