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44 Unidade II Unidade II 3 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) Agora, abordaremos as características e a estrutura do SFN, comentando, brevemente, sua história recente e a arquitetura das operações. O foco será centrado nas entidades responsáveis pelo controle e a regulação dos diferentes mercados (monetário, de crédito, cambial e de capitais). Apresentaremos as características de cada mercado e de suas específicas entidades normativas. Considerando que há entidades que atuam tanto no segmento normativo quanto no operativo e dada a estreita inter‑relação dos assuntos, serão mostrados tipos de operações a cargo das partes. O SFN é formado por um conjunto de instituições e de instrumentos financeiros cujo objetivo global é a transferência de recursos financeiros dos agentes econômicos superavitários (aqueles que têm sobra de recursos financeiros) para os deficitários (a quem faltam recursos financeiros). Poderíamos dizer que um dos maiores objetivos do SFN é a formulação e execução da política de moeda e do crédito, visando o progresso econômico e social do País. Cita Assaf Neto (2011, p. 38): Todo o processo do desenvolvimento de uma economia exige a participação crescente de capitais, que são identificados por meio da poupança disponível em poder dos agentes econômicos e direcionados para os setores produtivos, carentes de recursos, mediante intermediários e instrumentos financeiros. E é em função desse processo de distribuição de recursos no mercado que se evidencia a função econômica e social do sistema financeiro. O SFN foi estruturado principalmente pela Lei de Reforma Bancária (BRASIL, 1964) e pela Lei do Mercado de Capitais (BRASIL, 1965), cobrindo todas as instituições financeiras, sejam de capital público quanto privado, existentes no Brasil. Entre elas, destacam‑se as superavitárias, isto é, as que possuem recursos maiores do que suas necessidades financeiras; e as deficitárias, com situação inversa. Cabe ao SFN fazer a aproximação entre esses dois tipos de entidades/agentes econômicos. Seu órgão de maior autoridade é o Conselho Monetário Nacional (CMN), que rege todas as outras unidades do sistema. 45 MERCADO FUTURO I A tendência à concentração fez com que se identificasse a presença de conglomerados financeiros, que atuam em diversos segmentos dos mercados financeiros. Tal tendência tende a reduzir bastante a participação das entidades menores, independentes. Nos últimos anos, porém, tem ocorrido entrada nos mercados de empresas de menor porte, em início de atividades, quase sempre apoiadas maciçamente pelos novos avanços nas tecnologias da informação e comunicação. Menores custos, mais informalidade e muitas vezes relaxamento das exigências presentes em instituições tradicionais têm sido observados em instituições de qualquer segmento do mercado. Uma grande preocupação com essas experiências reside nas possibilidades de inadimplência dos clientes. E, em muitos casos, após conseguirem ser bem entendidas, interessa às autoridades efetuar sobre elas algum tipo de regulamentação e controle sobre suas atuações. Assim, cada vez mais é necessário o conhecimento dessa estrutura, considerando a grande complexidade da realidade econômica. Abreu e Silva (2017, p. 1) comentam, ao justificar a necessidade de intermediação das operações pelo SFN: Se operações financeiras com pessoas conhecidas já são complexas, imagine fazer um negócio financeiro com quem você nunca viu. Quais são as garantias? E os riscos assumidos? […] quantos negócios teríamos? Como as pessoas e as empresas se capitalizariam? Certamente a liquidez seria mínima. A seguir apresentamos os diagramas básicos da estrutura do SFN, contemplando os subsistemas normativo e operativo (ou de intermediação financeira). Si st em a Fi na nc ei ro N ac io na l ‑ S FN Banco do Brasil – BB Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES Instituições financeiras bancárias Instituições financeiras não bancárias Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo –SBPE Instituições auxiliares Instituições não financeiras Caixa Econômica Federal – CEF Conselho Monetário Nacional – CMN Banco Central do Brasil – Bacen Comissão de Valores Mobiliários – CVM Instituições especiais Comissões consultivas Su bs ist em a no rm at iv o Su bs ist em a de in te rm ed ia çã o Figura 6 – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) 46 Unidade II Su bs ist em a de in te rm ed ia çã o Instituições financeiras bancárias Sistema brasileiro de poupança e empréstimo –SBPE Instituições auxiliares Instituições não financeiras Instituições financeiras não bancárias Bancos comerciais Bancos múltiplos Caixas Econômicas Caixa Econômica Federal ‑ CEF Sociedades de crédito imobiliário Associações de poupança e empréstimos Bancos múltiplos Comissões consultivas ■Bolsas de valores ■Sociedades corretoras de valores mobiliários ■Sociedades distribuidoras de valores mobiliários ■Agentes autônomos de investimento ■Sociedades de fomento comercial — Factoring ■Seguradoras Bancos de investimento Bancos de desenvolvimento Sociedades de crédito, financiamento e investimento Sociedades de arrendamento mercantil Cooperativas de crédito Sociedades de crédito imobiliário Associações de poupança e empréstimo Figura 7 – Subsistema de intermediação do Sistema Financeiro Nacional (SFN) Lembrete O SFN do Brasil é formado por um conjunto de instituições voltadas para a gestão da política monetária do governo federal, que podem ou não ser financeiras. 3.1 Breve história do Sistema Financeiro Nacional (SFN) Podemos considerar como ponto de partida do nosso relato a criação, em 1808, do primeiro Banco do Brasil, coincidindo com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, incentivada pelo bloqueio imposto pelo imperador francês Napoleão Bonaparte à nossa metrópole, dada a identidade de interesses dessa última com a Inglaterra (vista como a principal oponente da França). Pinheiro (2007, p. 44) indica: “Como única instituição do gênero no país, ele [Banco do Brasil] passou a acumular, a partir de 1809, as funções de banco de depósitos, descontos e emissão [de moeda], gozando ainda do prestígio da venda dos produtos comercializados pela coroa”. 47 MERCADO FUTURO I Ainda nessa época, mais precisamente em 1831, foi constituída a primeira Caixa Econômica. Em seguida, em 1833, foi criado o segundo Banco do Brasil, que, todavia, não conseguiu subscrever a totalidade de suas ações. Em 1836, foi estabelecido o primeiro banco comercial privado no País: Banco do Ceará, durante o Império, foram criados outros bancos comerciais e o terceiro Banco do Brasil em 1852. Em 1861, houve a fundação da Caixa Econômica da Corte Real (a atual Caixa Econômica Federal ‑ CEF), através de decreto assinado por Dom Pedro II. Em 1863, surgiram os primeiros bancos estrangeiros: o London & Brazilian Bank e o The Brazilian and Portuguese Bank, sediados no Rio de Janeiro. Em 1906, ocorreu a fusão do Banco do Brasil com o Banco da República do Brasil, que deu origem ao atual Banco do Brasil (BB). O encilhamento, processo iniciado em 1889 que durou até 1891, determinou grave surto inflacionário. A contrarreforma começou em 1892 e perdurou até 1906, a qual, nos três primeiros anos, implementou um esforço de estabilização, relaxado nos dois anos seguintes. Em 1920, é criada a Inspetoria Geral dos Bancos, visando a fiscalização dessas instituições e das casas bancárias, e serviu de base à criação, posteriormente, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc). Em 1969, surgiu o Sistema Integrado Regional de Compensação (Sirc), possibilitando a integração de praças localizadas em uma mesma região. Na década de 1970, surgiu a Compensação de Recebimentos. Em 1983, a Compensação Nacional interligou todo o País. Em 1988, foi instituída a Compensação Eletrônica. No ano de 1942, assiste‑se à inauguração do Banco de Crédito daBorracha, hoje Banco da Amazônia S.A. (Basa), para o apoio financeiro da política do governo federal voltado ao desenvolvimento da Amazônia Legal. Também nesse ano, a Caixa de Mobilização e Fiscalização Bancária substituiu a Inspetoria Geral dos Bancos. Surge, em 1945, a Sumoc, visando o controle do mercado monetário, que recebeu do BB as funções da Carteira de Redesconto e da Carteira de Mobilização e Fiscalização Bancária. Em 1952, foi criado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), hoje Banco Nacional de Desenvolvimento e Social (BNDES), para financiar em longo prazo os empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do País. Ainda nesse ano, surgiu o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da região, combatendo os efeitos das constantes secas. No período entre 1959 a 1961, houve uma expansão dos bancos comerciais, fazendo com que ficasse cada vez mais difícil o controle das operações. Em 1964, foi oficializada a criação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Banco Nacional da Habitação (BNH). O CMN assumiu a função normativa, cabendo ao novo Banco Central do Brasil, criado no mesmo ano, substituir funções da Sumoc. 48 Unidade II Por isso, entende‑se que a evolução do SFN pode ser dividida em duas fases: antes e depois da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964 (BRASIL, 1964). No ano seguinte, foi regulamentado o mercado de capitais. Daí até o início da década de 1990, foram criadas diferentes instituições. Estabelecidos os chamados bancos múltiplos, a CEF tornou‑se uma empresa pública, e surgiram as caixas de liquidação Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), para títulos públicos; e Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), para instrumentos privados. Pinheiro (2007, p. 44) comenta que as décadas de 1970 e 1980 são marcadas pela reserva de mercado, com a proibição de cartas‑patentes (1970) e o sistema de pontos (1985). A partir dos anos 1980, verifica‑se a intensificação do papel dos bancos privados como financiadores do setor público (para todos os níveis da Federação), o que foi possível também pela redução da demanda por empréstimos dos demais agentes econômicos. Em 1987, foi permitida a constituição dos bancos múltiplos, englobando atividades antes segmentadas em diversas instituições financeiras. Isso fez com que ocorressem mudanças na estrutura das agências bancárias, que passaram a oferecer um maior leque de produtos financeiros. No início dos anos 1990, constatava‑se um grande número de instituições financeiras, tendo em vista o interesse no uso do floating, possibilitando altíssimos lucros com a chamada ciranda financeira. Nessa época, quanto maior a inflação, mais os depositantes transferiam o dinheiro nas agências bancárias, com o fito de ter ao menos parte da desvalorização dos recursos financeiros coberta pelos rendimentos em fundos de investimentos. Os bancos lucravam com a aplicação desses recursos, realizando mais lucros, dada a diferença entre os juros recebidos e os que pagavam aos correntistas pelas suas aplicações. A reportagem no jornal Folha de São Paulo, a seguir, comenta acerca do processo da ciranda financeira no Brasil, em que, notadamente, nos anos 1980, a dívida pública era peça decisiva. Mas […], mesmo com inflação baixa, foi uma enorme dificuldade do governo para reduzir o déficit público. E como a âncora cambial exigia juros altos (para atrair capitais externos), a ciranda ressurgiu. A emissão de títulos públicos passou a servir para financiar o déficit público e para oferecer um abrigo ao capital especulativo externo que aportava. Novamente, juros altos geraram uma hipertrofia da ciranda financeira centrada na dívida pública. Os bancos se tornaram intermediários cada vez mais concentrados no giro dessa dívida pública. No final de 1998, os títulos geravam 43% da receita dos bancos estrangeiros enquanto os empréstimos produtivos respondiam por apenas 17%. É um processo irracional, pois, se não ocorrer uma redução dos juros, haverá um crescimento da dívida pública muito mais rápido que a capacidade de o governo arrecadar impostos, cortar gastos ou privatizar para pagar aos que “investem” na ciranda. Se se chegar a esse ponto, ficará claro o sentido da “ciranda”. Como nas festas infantis, não há lugar para todos e o jogo prossegue se o disco toca. Mas, se a música parar, ao contrário dessas festas, haverá uma corrida em que muitos se machucarão (CIRANDA..., 1999). 49 MERCADO FUTURO I Hoje, mesmo com inflação baixa, a ciranda continua, como comentado pelo jornalista Celso Pinto (apud CIRANDA..., 1999) retornando à situação que gira em torno da dívida pública. No período de inflação alta e crônica, esses títulos indexados funcionavam como um lastro contra a perda de valor das aplicações financeiras. Com o tempo, a dívida pública não apenas cresceu, mas passou a ser “rolada” com juros ainda maiores para evitar que os investidores fugissem, buscando outras aplicações financeiras ou moeda estrangeira. Depois do Plano Real, esperava‑se que a dívida pública caísse e que os investidores optassem pela produção. Em 1995, é autorizada a criação do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). E, em 1996, foi criado o Comitê de Política Monetária (Copom), com o objetivo de estabelecer diretrizes da política monetária, definir a meta da taxa Selic e seu eventual viés e analisar o Relatório de Inflação. O Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999 (BRASIL, 1999), introduziu a sistemática de “Metas para a Inflação” como diretriz para a fixação do regime de política monetária. O ano de 2002 viu surgir o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), trazendo, entre outros, como novidade, a Transferência Eletrônica Disponível (TED), instrumento voltado à realização de transferência eletrônica de fundos entre os bancos, com liquidação sempre no mesmo dia. A partir de 2008, ressalta‑se a criação da Bolsa de Mercadorias & Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) e, depois, a junção dessa nova instituição com a Cetip, formando a atual B3. Com a estabilização macroeconômica, ocorreram várias mudanças no SFN. Era a hora dos bancos se acostumarem à nova era, inclusive pela eliminação dos ganhos com o float. Observação O float bancário caracteriza os ganhos dos bancos com a aplicação dos recursos financeiros livres, sem remuneração. Uma das inviabilidades passa a ser o número de agências por instituição, valendo, cada vez mais, em contrapartida, a qualidade dos serviços prestados pelo banco. Vai diminuindo também, de forma crescente, o deslocamento dos clientes às agências, favorecidos pelas novas tecnologias, ‑ como os caixas automáticos e a modalidade Internet Banking ‑, que permitem a realização da maioria das operações, ao menos as mais comuns, que podem ser generalizadas, independentemente do contato pessoal com os profissionais/gerentes do banco. Tudo isso caracteriza um forte movimento pela redução dos custos dos bancos e diminuição do número de agências. 50 Unidade II De forma a socorrer as instituições, dada a estabilização da economia e o fim da inflação, o governo criou o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), com medidas como: • Criação de incentivos fiscais para a incorporação de instituições financeiras. • Geração de dificuldades para a constituição de novas instituições financeiras. • Incentivos para processos de fusão, incorporação e transferência de controle acionário nas instituições financeiras. No bojo do Proer, foi implementado um conjunto de procedimentos para a fiscalização e a regulamentação do setor bancário, como: • Aumento do poder de intervenção do Banco Central. • Estabelecimento de responsabilidade penal dos controladores, ainda que não atuassem diretamente na administração das instituições financeiras. • Designação das responsabilidades das empresas de auditoria independente, em situações de anomaliasobservadas nas operações das instituições financeiras. • Alterações da legislação propiciando a abertura de dependências no exterior. O Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária (Proes) ‑ programa voltado à reestruturação das instituições financeiras do setor público ‑ acompanhou o Proer, mas com alcance junto às instituições financeiras do setor público. Desde a segunda metade dos anos 1990, ocorreram novas entradas de bancos estrangeiros no país. A propósito do Proer, é mencionado no site do Banco Central do Brasil (s.d.): Em vários países do mundo ocorre o processo de fusões de bancos. Há, nessas instituições, uma imperiosa necessidade de crescerem em tamanho como forma de concorrer com outras corporações participantes do cenário financeiro internacional. Enquanto no comércio a globalização da economia se dá de forma lenta e por meio dos blocos econômicos, o setor financeiro mundial já é uma aldeia global. Mas por que os países do mundo vivem essa necessidade? Basicamente pela grande transformação dos mercados financeiros, que retirou dos Estados Unidos o controle autônomo de suas moedas internas. A moeda hoje é um bem global. Segundo estimativas, US$ 11 trilhões trafegam incessantemente de um lado para outro do planeta em busca de bons lucros, não importa em qual idioma. O Brasil também está sujeito a esse redemoinho. É o efeito da globalização mexendo com a nossa realidade. Nosso país tem o maior e, provavelmente, o 51 MERCADO FUTURO I mais complexo sistema financeiro na América Latina, cujo desenvolvimento, nos últimos trinta anos, foi marcado pelo processo inflacionário. As reformas institucionais e as grandes mudanças legais e normativas nesse período foram determinadas em grande medida pelo processo de combate à inflação. O longo período de convivência com o processo inflacionário permitiu que ganhos proporcionados pelos passivos não remunerados, como os depósitos à vista e os recursos em trânsito, compensassem ineficiências administrativas e, até mesmo, concessões de crédito de liquidação duvidosa. Diante do novo quadro de estabilidade de preços, desejado pela sociedade brasileira após várias tentativas frustradas, verificou‑se uma total incapacidade de nossas instituições financeiras em promover espontaneamente os ajustes necessários para sua sobrevivência nesse novo ambiente econômico. Num universo com 265 bancos, com mais de 16 mil agências, 11 mil postos de atendimento adicionais (sem contar as caixas econômicas, com 1.800 agências […]), dezenas de bancos quebraram, gerando enormes custos financeiros e sociais. […] Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. A credibilidade é o aspecto de maior relevância para a indústria bancária. Uma corrida aos bancos pode ser resultante da perda de credibilidade de poucos, mas, certamente, em função do efeito dominó, provocará transtornos graves para todos, inclusive nos setores produtivos da economia. Por outro lado, a solução para problemas dos bancos, baseada nos regimes especiais de intervenção, liquidação e administração especial temporária, previstos em lei, resultam em custo social muito mais elevado do que a ação prévia das autoridades, ao promover a transferência de controle das instituições a outras mais eficientes. O conjunto composto pela Medida Provisória nº 1.179 e a Resolução nº 2.208, ambas de 3/11/95, implantou o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), que veio para ordenar a fusão e incorporação de bancos a partir de regras ditadas pelo Banco Central. Sua chegada, logo após a crise do Econômico, o 22º banco sob intervenção/liquidação desde o real, implantado em 1º/7/94, não deixa de ser, entretanto, uma forma do governo antecipar‑se a outros problemas, e facilitar o processo de ajuste do SFN. Com o Proer, os investimentos e a poupança da sociedade ficam assegurados. Há uma adesão incondicional ao mecanismo de proteção aos depositantes, introduzido pelas resoluções 2.197, de 31/8/95, e 2.211, de 16/11/95, do CMN, evitando que futuros problemas localizados possam afetar todo o sistema, com reflexos na sociedade brasileira (BANCO CENTRAL DO BRASIL, [s.d.]c). 52 Unidade II Pinheiro (2007, p. 46) comenta: “A participação estrangeira nos ativos dos 20 maiores bancos privados nacionais apresentou um aumento de quase 50 % só de 1997 para 1998. Toda essa movimentação levou a maior concentração do sistema, com a formação de grandes grupos, nacionais e estrangeiros”. 3.2 A intermediação financeira É por ela que se faz as transferências de recursos entre os agentes econômicos superavitários e os deficitários, patrocinando a realocação de recursos na economia. Vendedores Intermediário Compradores $ + juros $ + juros $ $ Figura 8 – A intermediação financeira A intermediação financeira subordina‑se à existência de bases institucionais adequadas para o bom funcionamento do sistema financeiro, compreendendo, também, eficiente sistema jurídico e respeito ao cumprimento dos contratos firmados entre os agentes econômicos. Pressupõe‑se a existência de agentes econômicos dispostos a trocar ativos monetários por financeiros, dados os riscos e retornos possíveis. Essa transferência contribui para que possam existir as condições adequadas à produção e ao consumo de bens e serviços. Entre os fatores que dificultam a intermediação financeira, podem ser mencionados: • Falta de garantia nas operações. • Volume de necessidades de capital. • Prazo das operações. • Vários desejos e circunstâncias específicas dos poupadores e investidores. Os agentes possuem interesses diferentes quanto a prazos, taxas, volumes etc., o que dificulta o fechamento direto da transação entre eles. É preciso que seja constituído um agente intermediário que sirva de ponte entre eles, cujo papel é desempenhado pelo mercado financeiro e de capitais. Os intermediários financeiros promovem a liquidez do mercado ao viabilizarem captações e aplicações financeiras. Os principais benefícios trazidos pelas funções desempenhadas por estes são: 53 MERCADO FUTURO I • Intermediação dos interesses dos agentes econômicos. • Redução do risco de não pagamento pelo devedor. • Redução do risco, devido à especialização. • Definição mais clara do preço do dinheiro. 3.3 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) São variadas as possibilidades de classificação das entidades que fazem parte do SFN. O quadro a seguir ilustra uma possível divisão básica do SFN: Quadro 1 Sistema Financeiro Nacional Mercado da moeda, crédito, capitais e câmbio Seguros, previdência complementar aberta, capitalização e resseguros Previdência complementar fechada (fundos de pensão) Adaptado de: Abreu, Silva (2017, p. 3). Abreu e Silva (2017) também apresentam uma classificação alternativa, subdividindo os conjuntos normativo e operativo, o que possibilita a identificação do segmento primordial de cada instituição. No normativo, além do órgão máximo, o CMN, as entidades distribuem‑se em: • Órgãos controladores e supervisores ‑ Banco Central, Comissão de Valores Mobiliarios (CVM), Superintendência de Seguros Privados (Susep) e Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). • Órgãos recursais como: conselhos de recursos do SFN e do Sistema Nacional de Seguros Privados, Previdência Aberta e Capitalização (CRSNS) e Previdência Complementar (CRPC). • Agentes especiais: Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Já o subsistema operativo é dividido em: • Agentes especiais Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que também atuam no lado normativo do SFN. • Instituições Monetárias: Caixa Econômica Federal (CEF), bancos comerciais e múltiplos, cooperativas de crédito e bancos cooperativos. 54 Unidade II • Sistema Brasileiro de Poupançae Empréstimo (SBPE): Caixa Econômica Federal (CEF), bancos múltiplos com carteira de crédito imobiliário, sociedades de crédito imobiliário (SCI) e associações de poupança e empréstimos (APE). Ainda Abreu e Silva (2017, p. 13) esclarecem: O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) é composto pelas instituições financeiras que captam, entre outros meios, através de cadernetas de poupança e possuem destinação básica desses recursos para financiamentos habitacionais, bem como as operações de financiamento efetuadas no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários: corretoras e distribuidoras (Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários – CTVM – e Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários – DTVM, respectivamente), Agentes Autônomos de Investimento (AAI), bolsas de valores e mercado de balcão organizados, bancos de investimento e bancos múltiplos com carteira de investimento. Observação As instituições componentes desse sistema sofrem fiscalização compartilhada, exercida pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O primeiro autoriza o seu funcionamento e, também, a atuação no mercado de câmbio. A autorização para a execução de suas atividades é concedida pela CVM. • Outras instituições financeiras. • Prestadores de serviços financeiros não regulamentados. • Sistemas de seguros privados e previdência. • Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Saiba mais Para obter informações detalhadas sobre cada uma das instituições que compõem os diferentes segmentos do SFN, consulte: ABREU, E.; SILVA, L. Sistema financeiro nacional. São Paulo: Forense, 2017. 55 MERCADO FUTURO I 3.4 Características do subsistema normativo As instituições que compõem esse subsistema são as que ditam e fiscalizam o cumprimento das normas, regras e procedimentos que devem ser seguidos pelas unidades operativas, isto é, aquelas que concretizam a intermediação financeira ante os agentes econômicos. Será observado que existem instituições que, conforme o caso, atuam tanto como normativas quanto operativas. Referimo‑nos ao BB e à CEF. O primeiro pelo fato de, há muito tempo, desempenhar funções típicas de Banco Central, e a CEF pela sua característica de instituição direcionada ao acolhimento e utilização e redirecionamento de poupanças populares, em segmentos como construção civil e saneamento básico. A ela também cabe a operacionalização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), cujos recursos foram transferidos do ex‑BNH (Banco Nacional da Habitação). Observação De acordo com o que foi apresentado sobre o SFN, pôde se notar as origens dessas duas organizações, comparativamente a outras unidades do sistema. Foi, assim, natural o seu envolvimento direto no suporte aos programas econômicos e sociais do governo. O BB ainda tem a seu cargo a realização de atividades que interessam ao SFN como um todo, como é o caso da organização e manutenção do sistema de compensação de cheques e outros papéis gerados nas entidades do sistema. Assim, mais correto é classificá‑las como instituições especiais, com um pé ora no lado normativo, ora no subsistema operativo do SFN. Outra instituição caracterizada como especial é o BNDES. O diagrama a seguir mostra, de forma geral, a constituição do subsistema normativo do SFN. Equivalente ao Poder Legislativo Responsável por normatizar e supervisionar o SFN Equivalente ao Poder Executivo Responsável por operar, respeitando a legislação vigente Equivalente ao Poder Judiciário Responsável por julgamento de recursos administrativos Subsistema normativo Subsistema operacional ou de intermediação Subsistema recursal Figura 9 – Constituição genérica do subsistema normativo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) 56 Unidade II O próximo esquema apresenta uma hierarquia da normatização do SFN: Congresso (Constituição e leis) Conselho monetário nacional (Resoluções) Comissão de valores mobiliários (instruções e deliberações) Banco Central do Brasil (circulares e cartas circulares) Entidades autorreguladoras (Normas emitidas pelas bolsas ou entidades de balcão organizado) Figura 10 – Hierarquia da normatização do Sistema Financeiro Nacional (SFN) A seguir, discorremos sobre as descrições das entidades que compõem o subsistema normativo. 3.5 Conselho Monetário Nacional (CMN) Trata‑se do órgão máximo do SFN, sendo composto de: • Ministro da Economia. • Presidente do Banco Central. • Secretário especial da Fazenda (subordinado ao próprio Ministério da Economia). Entre os seus objetivos, conforme a Lei nº 4.595 (BRASIL, 1964), encontram‑se: • Adaptar o volume de meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento. • Regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais. • Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamentos do País, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em moeda estrangeira. O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações econômicas entre um país e o resto do mundo durante um determinado intervalo [...]. Em economia aplicada, o balanço de pagamentos é normalmente utilizado para analisar o estado das finanças internacionais de um país, uma vez que um saldo negativo em um determinada conta significa que os pagamentos para o exterior superaram as receitas vindas do exterior naquele tipo de transação (LIMA, 2013, p. 165). 57 MERCADO FUTURO I Saiba mais Desde 2015, o Banco central sistematiza as informações do balanço de pagamentos de acordo com a mais nova edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI), o BPM 6. Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, acesse: BANCO CENTRAL DO BRASIL. Perguntas frequentes (FAQs) sobre a conversão de BPM5 para BPM6. [s.d.]. Disponível em: https://www.bcb.gov. br/ftp/infecon/faqbpm6p.pdf. Acesso em: 13 dez. 2019. • Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer públicas, quer privadas, tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do País, condições favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia nacional. • Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras. • Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e externa. 3.6 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) É o órgão responsável pela elaboração das diretrizes e normas da política do mercado de seguros privados. O mercado de seguros privados cobre os produtos financeiros relacionados com seguros, capitalização e previdência complementar aberta. As políticas do CNSP devem respeitar o que foi definido pelo CMN e, entre suas atribuições, podemos considerar: • Fixar as diretrizes e as normas da política de seguros privados. • Regular a constituição, a organização, o funcionamento e a fiscalização das entidades que exercem atividades relacionadas com os mercados de seguros privados. • Aplicar as penalidades no caso de execução indevida das atividades delegadas às entidades do setor. • Fixar as características gerais dos contratos de seguros, previdência privada aberta, capitalização e seguros. • Definir as diretrizes gerais das operações de resseguros. 58 Unidade II • Prescrever os critérios de constituição das sociedades seguradoras, de capitalização, entidades de previdência privada aberta e resseguradoras, com a fixação dos limites legais e técnicos de suas respectivas operações. • Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão de corretor em cada um dos segmentos. Sandroni (1999, p. 527) apresenta a seguinte definição de resseguro: “Contrato mediante o qual um segurador toma a seu cargo, total ou parcialmente, o risco de uma operação já coberta por outro segurador.Trata‑se, na realidade, de um seguro realizado por uma empresa seguradora”. 3.7 Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) Regula o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar (os fundos de pensão). Indicam, Abreu e Silva (2017, p. 28): Apesar do CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados) ser responsável por normatizar o mercado de previdência privada, as diretrizes de aplicação dos recursos garantidores dos planos administrados pelas entidades fechadas de previdência complementar são ditadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). 4 ENTIDADES SUPERVISORAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) As entidades supervisoras controlam o cumprimento pelos cidadãos e integrantes do SFN das regras definidas pelos órgãos normativos e reguladores. Suas funções consistem em supervisionar, fiscalizar e punir os agentes que contrariarem as normas e legislação emanada dos órgãos normativos. Enquadram‑se entre as unidades supervisoras do SFN: • Banco Central do Brasil (Bacen ou BCB). • Comissão de Valores Mobiliários (CVM). • Superintendência de Seguros Privados (Susep). • Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). 4.1 Banco Central do Brasil (Bacen ou BCB) É a principal entidade de supervisão do SFN, atuando, acima de tudo, no controle das atividades das entidades bancárias e não bancárias. É responsável pelo controle da execução de todas as normas e processos definidos pelo CMN e considerado o banco dos bancos. 59 MERCADO FUTURO I O Banco Central atua nos mercados de moeda, crédito, câmbio e de capitais e é o principal executor das orientações do CMN e, entre suas finalidades, destacamos: • Formulação, execução, acompanhamento e controle das políticas monetária, cambial, de crédito e de relações com o exterior. • Gestão do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e do que se relaciona com o meio circulante. • Organização, disciplina e fiscalização do SFN. Cabe também ao Banco Central fiscalizar o mercado de capitais, em conjunto com a CVM. De forma geral, entre os objetivos do Banco Central do Brasil, podemos considerar: • Manter as reservas internacionais do País em nível adequado. • Estimular a formação de poupança. • Zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro. • Zelar pela adequada liquidez da economia. Uma das atribuições principais do Banco Central é a fiscalização das instituições financeiras do subsistema operativo do SFN. Por executar atividades classificadas como comerciais, as sociedades de fomento (factorings) não são fiscalizadas pelo Banco Central. Finalmente, cabe acrescentar que há algumas funções de cunho normativo entre as que estão a cargo do Banco Central, como: • Regulamentação da execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis e de transferências de recursos entre as instituições do subsistema operativo. • Regulamentação e fiscalização do mercado de câmbio. Nas operações do chamado Mercado Aberto (ou Open Market), o Banco Central se vale dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, com os quais faz as operações de compra e venda no mercado secundário. O Mercado Aberto é definido por Sandroni (1999, p. 380) como: Mercado no qual o banco central de cada país regula o fluxo da moeda comprando e vendendo seus títulos (títulos de dívida pública). Quando há muito dinheiro em circulação, o banco central “enxuga” o mercado vendendo letras do Tesouro Nacional; quando ocorre o contrário, ele compra esses títulos. As operações são feitas por intermédio de instituições financeiras. 60 Unidade II O open opera com grande flexibilidade e sem limitações: vendedores e compradores não precisam estar presentes no mesmo recinto para que se efetivem as transações, em geral acertadas por telefone. Uma unidade de grande importância no contexto do Banco Central é o Comitê de Política Monetária (Copom), cujo objetivo mais popularizado é a fixação periódica da taxa básica de juros (Selic) e seu eventual viés. O Copom administra o sistema de metas para a inflação, introduzido no País a partir de 1999, quando foi feita a opção pelo câmbio flutuante (a taxa de câmbio passava a variar de acordo com as leis do mercado, isto é, da oferta e da demanda de divisas estrangeiras, notadamente, dos dólares norte‑americanos). Na verdade, o regime cambial brasileiro é o de flutuação suja ou administrada. Neste regime cambial a cotação da moeda nacional no mercado internacional varia de acordo com os movimentos do mercado, no entanto, o Banco Central do Brasil opera comprando ou vendendo dólares para evitar movimentos mais agudos tanto pela valorização quanto pela desvalorização. Se, em determinado ano, a inflação (medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA) superar a meta estabelecida pelo CMN, o presidente do Banco Central deve enviar carta aberta ao Ministro da Fazenda explicando as razões do não cumprimento da meta e as medidas necessárias para conduzir a inflação de volta à trajetória esperada e o tempo para que tais medidas surtam efeito. Saiba mais Dados históricos e informações mais detalhadas sobre o sistema de metas para a inflação podem ser obtidos consultando: BANCO CENTRAL DO BRASIL. Sistema de metas para a inflação. Brasília, [s.d.]f. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pt‑br/#!/n/SISMETAS. Acesso em: 25 out. 2018. Periodicamente, a cada 45 dias, o Copom se reúne para fixar a taxa de juros básica da economia (Selic). Esta serve de referência para a economia brasileira, sendo utilizada nos empréstimos feitos entre os bancos e também nas aplicações feitas por essas instituições bancárias em títulos públicos federais. Conforme citado no site Sua Pesquisa: [..] A Taxa Selic é um importante instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação. Quando está alta, ela favorece a queda da inflação, 61 MERCADO FUTURO I pois desestimula o consumo, já que os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Por outro lado, quando está baixa, ela favorece o consumo, pois tomar dinheiro emprestado ou fazer financiamentos fica mais barato, já que os juros cobrados nestas operações ficam menores. […] Quando a Taxa Selic está muito alta, o valor do dólar tende a diminuir no país. Isso ocorre, pois muitos investidores externos fazem aplicações no Brasil atreladas aos juros. Entrando e circulando mais dólares na economia brasileira, esta moeda se desvaloriza, enquanto o real ganha força. […] Como a alta da Selic encarece os financiamentos e aumenta os juros cobrados em cartões de crédito, fica mais caro comprar de forma parcelada. Logo, a Selic alta desestimula o consumo, reduzindo a venda de mercadorias e serviços. As empresas brasileiras e os consumidores acabam sendo prejudicados com este fator. […] Um cenário econômico com a Taxa Selic alta não é favorável para a Bolsa de Valores. Isso ocorre, pois com a queda no consumo, cai também a produção e o lucro das empresas que possuem ações na Bolsa. Neste cenário, muitos investidores preferem fazer aplicações financeiras em produtos atrelados a juros (fundos de renda fixa, por exemplo), deixando de investir em ações onde o risco é maior (TAXA..., 2019). Ao final de cada trimestre civil (março, junho, setembro e dezembro), o Copom publica o “Relatório de Inflação”, que analisa, em detalhes, a conjuntura econômica e financeira do País, bem como apresenta as projeções para a taxa de inflação. Saiba mais Para obter as versões publicadas do Relatório de Inflação, acesse: BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatórios: publicação completa. Brasília, [s.d.]e. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/?RI. Acesso em: 8 fev. 2019. 62 Unidade II 4.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) A CVM foi criada em 7 de dezembro de 1976 pela Lei nº 6.385/76 (BRASIL, 1976a), com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. No siteda CVM, é apresentado o mapa estratégico da entidade: Propósito Visão Zelar pelo funcionamento eficiente, pela integridade e pelo desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo o equilíbrio entre a iniciativa dos agentes e a efetiva proteção dos investidores Estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários Assegurar o funcionamento eficiente e regular do mercado Proteger os investidores Assegurar o acesso do público a informações tempestivas e de qualidade Condenar efetiva e tempestivamente os responsáveis por infrações Atuação célere, técnica e independente Produção de pesquisas, análises e conhecimento capazes de oferecer subsídios para a tomada de decisões Regulação em linha com as melhores práticas internacionais Atuação institucional proativa nos fóruns internacionais Supervisão de mercado eficiente e de maneira integrada com outros orgãos reguladores e autorreguladores Liderança na área de educação financeira Processos sancionadores céleres, eficientes e com o efeito pedagógico necessário à efetiva inibição de irregularidades Participação efetiva nas decisões estratégicas governamentais relacionadas ao mercado de capitais Ser reconhecida pela sociedade como uma instituição essencial, dotada de credibilidade e capaz de regular de maneira eficiente o funcionamento do mercado, proteger os investidores e contribuir positivamente para o desenvolvimento do país Resultados Processos Figura 11 – Mapa estratégico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Resumidamente, cabe à CVM, a normatização e o controle do mercado de valores mobiliários (ações, debêntures, comercial papers etc.). Entre suas funções básicas, estão: • Incentivar as aplicações no mercado acionário. • Estimular o funcionamento das bolsas de valores e atuação dos operadores do mercado acionário. • Assegurar a lisura nas operações de compra e venda de títulos mobiliários. • Proteger os investidores que atuam nos mercados mobiliários. Uma das grandes preocupações da CVM é o combate a insider information, quando os participantes do mercado financeiro obtêm informações privilegiadas sobre uma empresa e se aproveitam para lucrar no mercado financeiro. 63 MERCADO FUTURO I Essa ilegalidade tem determinado o processo e até a prisão de empresários e outros agentes internos às empresas. Saiba mais Em reportagem no jornal Valor Econômico, Lucas Marchesini aborda a criação de um grupo especial de estudos com o fito de implementar mecanismos de proteção a acionistas minoritários. Acesse: MARCHESINI, L. Fazenda e CVM criam grupo para aprimorar proteção a minoritários. Valor Econômico, São Paulo, 11 abr. 2018. Disponível em: http://www.valor.com.br/financas/5444375/fazenda‑e‑cvm‑criam‑grupo‑ para‑aprimorar‑protecao‑minoritarios. Acesso em: 8 fev. 2019. 4.3 Superintendência de Seguros Privados (Susep) É o órgão responsável pelo controle e a fiscalização dos mercados de seguros, previdência privada aberta, capitalização e resseguro que regula os mercados, obedecendo às diretrizes do CNSP. Ele fiscaliza a constituição, a organização, o funcionamento e a operação das sociedades seguradoras. Entre suas funções, também podemos listar: • Proteger a captação e poupança popular via operações de seguro, previdência aberta, de capitalização e resseguro. • Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores desses serviços/aplicações. • Promover o aperfeiçoamento das instituições e respectivos instrumentos operacionais. • Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição. • Zelar pela liquidez e solvência das entidades que integram os mercados sob sua supervisão. • Disciplinar e acompanhar os investimentos das entidades, notadamente os relacionados com formação e manutenção de provisões técnicas. 4.4 Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) Supervisiona as atividades dos chamados fundos de pensão, visando os pagamentos de benefícios aos seus participantes. Entre outras funções da Previc, podemos mencionar: • Autorizar a constituição e o funcionamento das entidades fechadas de previdência complementar, assim como a aplicação dos respectivos estatutos e regulamentos de planos de benefícios. 64 Unidade II • Autorizar as operações de fusão, cisão, incorporação etc. das entidades privadas de previdência complementar. • Acompanhar a celebração de convênios e termos de adesão por patrocinadores e instituidores. • Supervisionar os planos de benefícios e de reservas entre as entidades de previdência complementar. • Decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas de previdência complementar. • Promover a mediação e a conciliação entre entidades de previdência complementar e seus participantes. 4.5 Banco do Brasil (BB) Por executar, além de funções operativas, também as normativas, de suporte às políticas macroeconômicas do governo, o BB se enquadra entre as chamadas unidades especiais do SFN. O primeiro Banco do Brasil foi criado por Dom João VI, com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, sendo a instituição financeira mais antiga do País, e tinha o objetivo de financiar a abertura de empresas manufatureiras na época do Brasil colônia. De lá para cá, atravessou períodos de auge e turbulências, que, em certas ocasiões, demandaram o seu fechamento. No ano de 1851, o Banco do Brasil ressurge sob a direção do Visconde de Mauá, com o propósito de servir ao governo na concessão de linhas de crédito nas situações de extrema importância para o País; era responsável também por emitir a moeda nacional, cuja responsabilidade é, atualmente, do Banco Central. Com a reforma bancária de 1964, várias de suas funções foram transferidas para o Banco Central do Brasil, que é uma sociedade de economia mista, dado que, em seu capital, há recursos provenientes tanto do governo quanto das entidades do setor privado. O controle é da União, que possui a maioria das ações. Abreu e Silva (2017) informam que, segundo o Banco Central do Brasil, o BB é responsável pela administração de 20 % dos ativos do mercado financeiro, como demonstrado na posição consolidada em setembro de 2015. Atualmente é situado como um dos maiores bancos do País, medindo‑se pela quantidade de agências ou, ainda, em patrimônio e receita líquida. No lado normativo, cabe ao BB a execução da política de preços mínimos dos produtos agropastoris, de interesse para o suporte às atividades do setor agropecuário do País. Esclarece a Conab, em seu site: A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) é uma importante ferramenta para diminuir oscilações na renda dos produtores rurais e assegurar uma remuneração mínima, atuando como balizadora da oferta de alimentos, incentivando ou desestimulando a produção e garantindo a 65 MERCADO FUTURO I regularidade do abastecimento nacional. A Conab efetiva a PGPM junto ao produtor rural, tendo sob sua responsabilidade a execução dos instrumentos desta Política. […] No Plano Agrícola do Governo: a partir de análises de mercado, avaliação da oferta e da demanda nacional e internacional, planos de abastecimento, custos de produção, dentre outros fatores, a Conab produz a Proposta de Preços Mínimos, documento tomado como base técnica para a discussão e definição dos Preços Mínimos entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Ministério da Fazenda (MF), o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e o Conselho Monetário Nacional (CMN). Na normatização: a cada safra dos produtos amparados pela PGPM, são produzidos normativos que explicitam os detalhes de como cada produto agrícola será tratado nos instrumentos de política agrícola. Tais normativos, produzidos pela Conab, definem ágios e deságios, conforme a qualidade do produto, limites de aquisição, dentre outros. O conjunto desses normativos pode ser encontrado no Manual Operacional da Conab (MOC). No Planejamento da entrada em ação dos instrumentos: a Conab encaminhanotas técnicas ao Mapa, visando fornecer o suporte técnico às decisões daquele Ministério quanto à escolha dos instrumentos a serem utilizados, quando e onde utilizar. Na execução dos Instrumentos de Política Agrícola: abrangendo instrumentos para redução do excedente de produtos no mercado, retorno de estoques ao mercado, financiamentos e incentivo à comercialização (CONAB, 2017). Entre as funções de apoio que o BB tem a seu cargo, como executor de políticas governamentais, pode ser mencionado: • É o agente pagador e recebedor dos compromissos no exterior. • Executa os serviços de compensação de cheques e outros papéis entre os demais bancos, componentes do sistema. • Realiza, por sua própria conta, operações de compra e de venda de divisas (moedas estrangeiras) e, também, por delegação do Banco Central, conforme as determinações do CMN. 66 Unidade II Destacam‑se, também, no caso dessa instituição, a realização de joint ventures com empresas do setor privado da economia. Abreu e Silva (2017, p. 72) definem joint venture como “a união de duas ou mais empresas já existentes, com o objetivo de iniciar ou realizar uma atividade econômica comum, por um determinado período de tempo e, visando entre outras motivações, o lucro”. A sua presença nos agronegócios, financiando boa parte das exportações e na concessão de crédito com taxas de juros bem acessíveis às micro e pequenas empresas fornecendo capital de giro e opções de investimentos, fazem do BB a instituição mais procurada por pessoas que têm o interesse de estabelecer uma empresa particular. O banco atua de forma significativa também nas áreas da saúde, previdência, capitalização e seguros. Com a criação do Banco Popular do Brasil (BPB), a partir de 2003, que atende as pessoas de baixa renda, oferecendo uma conta‑corrente simplificada, empréstimos a juros reduzidos, cartões de débito, poupança e cartões de crédito. O banco também está presente em diversos segmentos culturais e artísticos, no esporte olímpico brasileiro, no vôlei de quadra e areia, futsal, entre outras modalidades esportivas, incentivando a participação e o crescimento do País em diversas áreas. Figura 12 – Logotipo do Banco do Brasil (BB) 4.6 Caixa Econômica Federal (CEF) Tal como o BB, a CEF desempenha funções típicas de banco no subsistema operativo, mas a ela é reservada, também, boa parte das tarefas de apoio às políticas do governo. Como indicado em seu site: Desde que foi criada, em 1861, a Caixa sempre buscou ser mais que apenas um banco, mas uma instituição realmente presente na vida de milhões de brasileiros. Ela é, por exemplo, o agente responsável 67 MERCADO FUTURO I pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pelo Programa de Integração Social (PIS) e pelo Seguro‑Desemprego, institutos tão presentes na vida do trabalhador formal. Aparece ainda no momento de ajudar a população, através dos programas sociais do governo, como o Bolsa Família – que beneficia […] milhões de brasileiros, FIES e Programa Minha Casa Minha Vida. Quando falamos que ela está presente sempre e em qualquer lugar é em qualquer lugar mesmo. Tanto é que é o único banco que tem duas agências‑barco – e está construindo a terceira – que levam acesso, desenvolvimento e cidadania para as populações ribeirinhas. Falando em acesso, desde 2004 a Caixa patrocina o esporte paralímpico e possui ainda […] funcionários treinados em libras. […] a Caixa reforçando o seu compromisso em ser um banco para todos os brasileiros, promovendo a inclusão e trabalhando sempre para atender com a mesma atenção e eficiência todos os cidadãos. A Caixa é uma empresa 100% pública, e que exerce um papel fundamental no desenvolvimento urbano e da justiça social do país, […] prioriza setores como habitação, saneamento básico, infraestrutura e prestação de serviços, contribuindo significativamente para melhorar a vida das pessoas, principalmente as de baixa renda. Além disso, ela apoia inúmeras atividades artísticas‑culturais, educacionais e desportivas, garantindo um lugar de destaque no dia a dia das pessoas, pois acredita que pode fazer o melhor pelo país e por cada um de seus habitantes. Para seus correntistas, a Caixa busca sempre oferecer os melhores serviços e opções de crédito, ajudando‑os a concretizar seus sonhos, acumulando conquistas e sucessos em parceria com o povo brasileiro. Só um banco com a tradição e conhecimento da Caixa para ser a poupança dos brasileiros há mais de 150 anos, e com muitos ainda por vir (CEF, [s.d.]). Figura 13 – Atual marca/logotipo de Caixa Econômica Federal (CEF) Acerca dos programas sociais patrocinados pela CEF, podemos mencionar, adicionalmente: • Bolsa‑família: transferência direta de renda a famílias em situação de pobreza e extrema pobreza em todo o País. 68 Unidade II • Minha Casa Minha Vida: financiamento de moradias para famílias de baixa renda. • Seguro‑desemprego: auxílio, por um tempo determinado, para o suporte ao desempregado. • Fundo de Financiamento Estudantil (FIES): financiamento da graduação em instituições particulares. • Farmácia Popular: visa ampliar o acesso da população aos medicamentos tidos como essenciais ao tratamento de doenças de maior incidência no Brasil. • Bolsa‑atleta: visa formar uma geração de atletas com potencial de representar o Brasil em eventos esportivos, garantindo a manutenção pessoal mínima para que possam se dedicar às práticas esportivas. • Administração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): quando instituído e durante um bom tempo, tais recursos eram administrados pelo ex‑BNH (Banco Nacional da Habitação). • Loterias com sorteios periódicos: enquadram‑se aqui as modalidades de loterias oficializadas pelo governo federal. 4.7 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) É uma empresa pública federal, subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Sua atuação se materializa na concessão de financiamentos federais, de médio e longo prazos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) foi criado em 20 de junho de 1952, pela Lei nº 1.628, durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1951‑1954). Entidade autárquica, com autonomia administrativa e personalidade jurídica própria, o BNDE inicialmente esteve sob a jurisdição do Ministério da Fazenda. A criação do BNDE foi precedida de um longo período de estudos sobre os problemas e as perspectivas da economia brasileira, a natureza das transformações estruturais que se deveria introduzir no sistema produtivo e o papel a ser reservado à iniciativa estatal e à iniciativa privada (nacional e estrangeira). Esse debate, que se estendeu da segunda metade da década de 1930 até o final da década de 1940, envolveu órgãos e instituições governamentais, notadamente os ministérios da Fazenda e das Relações Exteriores e o Conselho Federal de Comércio Exterior e também entidades privadas, como a Confederação Nacional da Indústria e a Fundação Getúlio Vargas. A pedido do governo brasileiro, duas missões americanas – a Missão Cooke (1942) e a Missão Abbink (1948) – igualmente contribuíram para o diagnóstico das causas do baixo nível de progresso da economia brasileira (FGV, 2017). 69 MERCADO FUTURO I Usualmente, o banco atua no mercado através de outros agentes financeiros (bancos comerciais, bancos de investimentos etc.), que intermedeiam as operações. Essas instituições são, também, responsáveis pelo acompanhamento da liquidação da dívida junto aos tomadores de crédito. O BNDES deve atuar por meio de diversas linhas de financiamentos direcionadas para os setores industrial e social, tendo em vista o desenvolvimento do Brasil. Como suas subsidiárias, cumpre mencionar: • Finame: cobre o financiamento de máquinas e equipamentos industriais de empresas brasileiras. • BNDESPAR: tem como principal objetivo a promoção da capitalização da empresa nacional, através de participações acionárias em seus capitais sociais. Nesse caso,em vez de liberar/conceder financiamentos, essa subsidiária adquire ações das empresas, aumentando os recursos próprios para o financiamento de seus investimentos. Uma vez consolidado o investimento, o banco coloca as ações à venda no mercado. O BNDESPAR também atua oferecendo garantia ao lançamento público de novas ações e aos financiamentos para o reforço da capitalização das empresas. Observação Assaf Neto (2011, p. 42) lembra que “o BNDES e suas subsidiárias integrais, BNDESPAR e Finame, formam o chamado Sistema BNDES. Os recursos para as operações do BNDES são provenientes do Programa de Integração Social (PIS), Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), além de dotações do orçamento da União e dos recursos captados no exterior. Somam‑se, também, os próprios recursos obtidos em função do retorno das próprias aplicações que tenham sido efetuadas junto ao mercado e a demais agentes financeiros. O BNDES teve intensa participação nos processos de privatizações conduzidos no País, notadamente, na segunda metade do século passado. Sobre esse assunto, Bobsin (2013, p. 6) indica que [...]o surgimento da corrente neoliberal, a crise verificada nos anos 1980 e as políticas implementadas pelo Estado brasileiro são os elementos que servem de pano de fundo para o início da privatização no Brasil. Esse processo teve a participação, desde o início, do BNDES. 70 Unidade II Saiba mais Para aprofundar‑se mais sobre a importância do BNDES como agente facilitador do processo de privatização ocorrido no Brasil durante os últimos anos, acesse o estudo: BOBSIN, V. O BNDES e o processo de privatização. Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Econômicas). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Ciências Econômicas, Porto Alegre, 2013. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/ handle/10183/79401/000901262.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 26 out. 2018. Ainda com relação ao BNDES, é preciso ressaltar os fundos a ele subordinados, que objetivam o financiamento das necessidades de longo prazo dos agentes da economia que não conseguem ser adequadamente supridas pelas propostas e oferecimentos de créditos de curto prazo. Informa o site: Para dar suporte às suas atividades, o BNDES demanda recursos adequados. As particularidades da oferta doméstica de crédito no país, concentrada no curto prazo, conduziram o governo à busca de soluções alternativas de captação de recursos para apoiar projetos de investimento de longo prazo, na forma de instituição de Fundos (BNDES, [s.d.]). Entre esses fundos, podemos mencionar: Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) Financia o seguro‑desemprego e o abono salarial, além de outros programas de desenvolvimento econômico realizados pelo BNDES. Assim, atua, com prioridade, no combate ao desemprego, com o fomento de novos empregos na economia. Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) Seu objetivo é o apoio aos investimentos realizados na economia, sejam eles públicos ou privados, e voltados ao crescimento da atividade econômica e ao desenvolvimento do País. 71 MERCADO FUTURO I Focam‑se as aplicações de recursos em ciência e tecnologia com recursos repassados à Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), ao suprimento de insumos básicos e bens de consumo e, também, para pequenas e médias empresas nacionais (o que é feito em conjunto com o BB). O objetivo da Finep é promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento público à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas. Saiba mais O poder executivo apresentou no último trimestre de 2019 uma série de mudanças importantes acerca do pacto federativo. O plano, composto de três propostas de emenda à Constituição Federal, está sendo chamado pelo governo de Plano Mais Brasil. Entre as propostas apresentadas está a PEC dos Fundos (PEC n. 186/2019) que pode alterar de forma significativa a criação e a manutenção de fundos no Brasil. Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, acesse: BRASIL. Instituição Fiscal Independente. A PEC Emergencial, a PEC dos Fundos e a PEC do Pacto Federativo. Brasília, nov. 2019. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/564438/CI_04.pdf. Acesso em: 13 dez. 2019. A Finep concede financiamentos reembolsáveis e não reembolsáveis, relacionados com: • pesquisa de laboratório e desenvolvimento de mercados para produtos inovadores; • incubação de empresas de base tecnológica; • estruturação e consolidação dos processos de pesquisas; • desenvolvimento de empresas já estabelecidas. Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL) Pretende fomentar o desenvolvimento de inovações tecnológicas e apoiar a capacitação dos trabalhadores, incentivando a criação e empregos. Pretende‑se o acesso a fontes de financiamentos de longo prazo para as pequenas e médias empresas nacionais, visando maior competitividade no setor de telecomunicações. 72 Unidade II Fundo de Garantia à Exportação Objetiva dar cobertura às garantias oferecidas pela União nas operações de seguro de crédito à exportação, o qual garante às empresas brasileiras suas exportações contra riscos comerciais, políticos e outros capazes de afetá‑las. Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade (FGPC) De natureza contábil, visa oferecer garantia parcial do risco das instituições financeiras, revelado nas operações de crédito que utilizam recursos das linhas de financiamento do BNDES, Fundo Garantidor para Investimento (FGI), assim definido no site do BNDES: O Fundo Garantidor para Investimento (FGI), constituído em 30 de junho de 2009 por meio de Decisão da Diretoria do BNDES, é um fundo de natureza privada administrado pelo Banco que visa facilitar a obtenção de crédito por micro, pequenas e médias empresas, além de empreendedores individuais e caminhoneiros autônomos, apoiando‑os, assim, em seu crescimento e modernização. O FGI atua garantindo financiamentos de repasse do BNDES para capital de giro, aquisição de máquinas e equipamentos nacionais, projetos de expansão de unidades produtivas, aquisição de softwares nacionais, produção voltada à exportação, entre outros. Entre os cotistas do Fundo estão a União Federal, o BNDES e instituições financeiras públicas e privadas (BNDES, [s.d.]). Fundo PIS‑Pasep Originou‑se da unificação dos fundos constituídos com recursos do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Desde 1974, as arrecadações relativas aos referidos programas figuram como fonte de recursos para o BNDES. O PIS‑Pasep é um fundo de natureza social, vinculado ao Ministério da Fazenda, e tem como objetivos: • Integrar o empregado na vida e no desenvolvimento das empresas. • Assegurar ao empregado e ao servidor público o usufruto de patrimônio individual progressivo. • Estimular a poupança e corrigir distorções na distribuição de renda. • Possibilitar a paralela utilização dos recursos acumulados em favor do desenvolvimento econômico‑social. 73 MERCADO FUTURO I Outra iniciativa do BNDES foi a criação do cartão BNDES, podem solicitá‑lo: • micro, pequenas e médias empresas (MPME); • microempreendedores individuais (MEI); • clubes, sindicatos e associações. Saiba mais Comemorando os 60 anos da constituição do BNDES, foi lançado um livro em que é relatada a trajetória do banco, demonstrando as múltiplas visões e experiências de pessoas que participaram e participam de sua história e que se refletem nesse período: PAIVA, M. de. BNDES: um banco de história e do futuro. São Paulo: Museu da Pessoa, 2012. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/ sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/livro/livro_BNDES_ um_banco_de_historia_e_do_futuro.pdf. Acesso em: 18 out. 2018. 4.8 Bancos de desenvolvimentoregionais – Amazônia e Nordeste Atuam também no incentivo aos investimentos e crescimento da economia o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Banco da Amazônia (Basa), em suas respectivas regiões. Os diferentes programas do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) cobrem as áreas: • agroindustrial; • agropecuária; • mineral; • industrial. Um dos objetivos de atuação dessas instituições é facilitar o crédito de longo prazo e o seu acesso a micro, pequenos e médios empresários e produtores do Nordeste e, também, às suas associações e cooperativas. No caso do Banco da Amazônia (Basa), objetiva‑se atender às necessidades de desenvolvimento e de proteção das condições ambientais da Amazônia, visando, por exemplo: 74 Unidade II • Concessão de financiamentos aos setores produtivos da região. • Ação integrada com as instituições oficiais que atuam naquela região. • Tratamento preferencial às atividades produtivas de menor porte, com o uso intensivo de matéria‑prima e mão de obra locais. • Fornecimento de alimentos básicos para o consumo da população. • Projetos de irrigação. • Uso de tecnologia compatível com a manutenção do meio ambiente. • Crédito acompanhado de assistência técnica. • Apoio à criação de novos centros, atividades e polos dinâmicos, notadamente em regiões interioranas, com o objetivo de fomentar a redução das disparidades intrarregionais de renda. A região Norte tem o apoio do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), enquanto a região Nordeste é apoiada pelo Fundo Constitucional do Nordeste (FNE). Há, também, o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro‑Oeste (FCO). Beneficiam‑se dos recursos dos fundos constitucionais: • Produtores rurais, pessoas físicas e jurídicas de direito privado e de capital nacional. • Firmas individuais, capital nacional ou mesmo estrangeiras. • Associações e cooperativas. Figura 14 – Banco da Amazônia (Basa) em Bacabal, Maranhão 75 MERCADO FUTURO I No apoio ao Nordeste e à Amazônia, devem ser citados também, respectivamente, os fundos Finam e Finor. Suas fontes de recursos são as parcelas dedutíveis do imposto de renda devido pelas pessoas jurídicas estabelecidas em todo o Brasil. Dentro do objetivo de geração e de manutenção da renda no País, foi criado o Programa Brasil Empreendedor (PBE), visando ao fortalecimento de micro e pequenas empresas. Esse programa é administrado por uma parceria entre bancos oficiais ‑ BB, CEF, Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco da Amazônia (Basa) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Figura 15 – Banco do Nordeste do Brasil (BNB) em Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte (Brasil) O Sebrae tem atuação nacional, conforme informa o site: O Sebrae faz parte de um sistema criado em 1972 – Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (Cebrae) vinculado ao Governo Federal. A partir de 1990, a entidade transformou‑se num serviço social autônomo, denominado Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae. Formalmente, trata‑se de uma entidade civil sem fins econômicos, criada pela Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, regulamentada pelo Decreto nº 99.570, de 9 de outubro de 1990, posteriormente, alterada pela Lei nº 8.154, de 28 de dezembro de 1990. O Sebrae‑SP é uma entidade que tem em seu conselho administrativo representantes da iniciativa privada e do setor público. Essa composição visa sintonizar as ações que buscam estimular e promover as empresas de micro e pequeno porte com as políticas de desenvolvimento econômico e social. 76 Unidade II Constitui‑se, portanto, numa instituição que prepara os micro e pequenos empresários para obterem as condições necessárias para crescer e acompanhar o ritmo de uma economia competitiva (SEBRAE, [s.d.]). Oferece benefícios aos empreendedores do setor informal, geradores de ocupação que desenvolvem atividades industriais, agroindustriais, comerciais e de prestação de serviços. 4.9 Secretaria do Tesouro Nacional (STN) Um dos seus principais objetivos é o aprimoramento das finanças públicas no Brasil, administrando e controlando as despesas e as receitas públicas. Assaf Neto (2011, p. 45) informa: A partir de 1993, a STN passou também a ser responsável pelo controle e a gestão de toda a dívida pública, interna e externa, mobiliária ou contratual, centralizando em uma única unidade governamental a responsabilidade pelo gerenciamento de todos os compromissos do governo federal. Essa atribuição do Tesouro Nacional foi reforçada posteriormente com a proibição do Banco Central em emitir títulos da dívida pública interna. O Tesouro Nacional emite títulos da dívida pública para financiar déficits orçamentários, e o Banco Central executa somente política monetária. Para integrar os sistemas de programação financeira, de execução orçamentária e de controle interno do Poder Executivo e o fornecimento de informações relevantes e confiáveis da administração pública, a STN desenvolveu o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). O Siafi tem a função de registrar, acompanhar e controlar a execução do orçamento, das finanças e do patrimônio da federação e consiste em um sistema de informações que conta com uma infraestrutura de terminais e estações de trabalho espalhadas por todo o território nacional. O sistema processa e controla a execução das peças orçamentárias: • financeira e patrimonial; • contábeis, dos órgãos da Administração Pública Direta Federal; • autárquicas, fundações e empresas públicas federais e das sociedades de economia mista; • contempladas no Orçamento Fiscal e/ou no Orçamento da Seguridade Social da União. 77 MERCADO FUTURO I O sistema Siafi é utilizado por várias entidades públicas federais, estaduais e municipais para padronizar o recebimento por meio da Conta Única do Governo Federal, que contempla as receitas dos órgãos que utilizam o sistema: taxas de água, energia elétrica, telefone, entre outras. O Siafi pode ser utilizado por instituições privadas, autorizadas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), via celebração de convênios ou termos de cooperação técnica firmados com a STN. Lembrete A STN é quem gerencia o conjunto de receitas à disposição do Estado brasileiro e é responsável pela administração e destinação dos recursos nacionais. 4.10 Subsistema recursal Citam Abreu e Silva (2017, p. 59): “A atividade punitiva no âmbito da regulação do SFN deve ser compreendida como instrumento de sinalização das condutas consideradas inadmissíveis aos agentes e instituições envolvidos”. Com a evolução do SFN, foram constituídos órgãos específicos para analisar e julgar recursos dessas punições: Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) Trata dos recursos dos mercados de moeda, crédito, câmbio e de capitais. Sua criação deveu‑se à sobrecarga de tarefas do CMN e à necessidade de representantes de entidades de classe participarem dos processos de recursos. As seguintes entidades compõem esse Conselho: • Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). • Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima). • Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). • Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban). Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros (CRSNSP) Trata dos recursos relacionados com os mercados de seguro, previdência aberta, capitalização e resseguro. De forma semelhante ao CRSFN, sua criação visou o alívio e melhor distribuição de responsabilidades do órgão máximo do seu subsistema, que é o CNSP. 78 Unidade II É de competência desse órgão julgar, em última instância administrativa, os recursos contra penalidades de natureza administrativa aplicadas pela Susep e o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). As entidades que compõem esse Conselho são as seguintes: • Federação Nacional das Empresas de Seguros Privadose de Capitalização (Fenaseg). • Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Capitalização (Fenacor). • Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). Câmara de Recursos da Previdência Complementar (CRPC) Trata dos recursos relacionados com a previdência fechada (isto e, com os fundos de pensão). É o órgão recursal que tem como responsabilidade apreciar e julgar, em última instância administrativa, recurso interposto conta decisão proferida pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Resumo Abordarmos o lado normativo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e o respectivo subsistema operativo, primeiro com as operações “tradicionais”, de renda fixa e variável e, depois, com os mercados especializados e os derivativos. Iniciamos definindo o que é e quais são as características fundamentais do SFN, mencionando que este é formado por um conjunto de instituições e de instrumentos financeiros, cujo objetivo global é a transferência de recursos financeiros dos agentes econômicos superavitários para os deficitários. Citamos, também, que seu objetivo máximo é a execução da política de moeda e do crédito, almejando atingir o progresso econômico e social do País. Em seguida, tratamos sucintamente da história do sistema cuja configuração básica foi definida pela Lei de Reforma Bancária (BRASIL, 1964) e pela Lei do Mercado de Capitais (BRASIL, 1965). Desde os primórdios do sistema, tem ocorrido com frequência um processo de concentração no sistema bancário e uma grande diversificação do mercado de capitais, em decorrência da constante introdução de novos produtos e de instituições, cada vez mais especializadas. 79 MERCADO FUTURO I Poderíamos compreender que, em verdade, tudo começou em 1808 com a criação do primeiro Banco do Brasil (BB), por Dom João VI. De qualquer forma, até os anos 1960, o que predominou foi a atuação da intermediação feita basicamente por bancos, dada a grande concentração no País das atividades primárias e rurais. A expansão da indústria e dos serviços conduziu à maior diversificação da economia, a partir dos anos 1960. Obviamente, também contaram as repercussões da explosão da globalização verificada a partir das últimas décadas do século passado. Apresentamos a estrutura geral do SFN, como a podemos concebê‑lo na atualidade, com base nas unidades normativas e regulatórias, a partir do Conselho Monetário Nacional (CMN), destacando o seu controle central; de órgãos reguladores e supervisores (Banco Central, CVM, Susep e Previc); de órgãos recursais (como os Conselhos de Recursos do SFN e do Sistema Nacional de Seguros Privados, Previdência Aberta e Capitalização – CRSNS – e Previdência Complementar – CRPC); e dos agentes especiais: Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O SFN é formado por um conjunto de instituições e de instrumentos financeiros cujo objetivo global é a transferência de recursos financeiros dos agentes econômicos superavitários para os deficitários. Estas são as que ditam e fiscalizam o cumprimento das normas, regras e procedimentos que devem ser seguidos pelas unidades operativas. Ainda, as entidades supervisoras controlam o cumprimento por cidadãos e integrantes do SFN quanto às regras definidas pelos órgãos normativos e reguladores. Abordamos, no caso de seguros e previdência, entidades como o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), até os específicos órgãos de supervisão desse subsistema, como a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), que têm a função de regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais. As políticas do CNSP devem respeitar o que foi definido pelo CMN e, entre suas atribuições, podemos considerar: fixar as diretrizes e as normas da política de seguros privados; fixar as características gerais dos contratos de seguros, previdência privada aberta, capitalização e seguros e definir as diretrizes gerais das operações de resseguros. 80 Unidade II Apesar do CNSP ser responsável por normatizar o mercado de previdência privada, as diretrizes de aplicação dos recursos garantidores dos planos administrados pelas entidades fechadas de previdência complementar são ditadas pelo CMN. Fizemos os comentários sobre o subsistema de distribuição de títulos e valores mobiliários, composto de corretoras e distribuidoras (CTVM e DTVM, respectivamente); agentes autônomos de investimento (AAI); bolsas de valores e mercado de balcão organizados; bancos de investimento e bancos múltiplos com carteira de investimento (BI). À medida que tratamos de unidades que também atuam no lado operativo do sistema, já abordamos as operações a eles relacionadas, muitas vezes, voltadas ao cumprimento das políticas macroeconômicas e à administração orçamentária do governo. Nesse caso, demos muito destaque, também, às características, objetivos e especificidades de atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As entidades supervisoras que controlam o cumprimento pelos cidadãos e integrantes do SFN, das regras definidas pelos órgãos normativos e reguladores, são: Banco Central do Brasil (Bacen ou BCB); Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Superintendência de Seguros Privados (Susep); e Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Depois, foi a vez de comentar sobre a STN (Secretaria do Tesouro Nacional) e sobre os variados subsistemas encarregados da análise das demandas de ressarcimentos de valores ou outras questões relacionadas com as operações financeiras do sistema, quando, então, explicamos que o Tesouro Nacional emite títulos da dívida pública para financiar déficits orçamentários, e o Banco Central executa somente política monetária. Para integrar os sistemas de programação financeira, de execução orçamentária e de controle interno do Poder Executivo e o fornecimento de informações relevantes e confiáveis da administração pública, a STN desenvolveu o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), que tem a função de registrar, acompanhar e controlar a execução do orçamento, das finanças e do patrimônio da federação e consiste em um sistema de informações que conta com uma infraestrutura de terminais e estações de trabalho espalhadas por todo o território nacional. Caberia, ainda, mencionar que o desenvolvimento e padronização da contabilidade do setor público é uma atividade atribuída à Secretaria do Tesouro Nacional. 81 MERCADO FUTURO I Exercícios Questão 1. O órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é o _____ que é composto de _____: A) SFH; composto dos presidentes da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do Banco Central do Brasil. B) Copom; composto de oito membros da diretoria colegiada do Banco Central, além do presidente da instituição. C) Secretaria do Tesouro Nacional; composto do presidente do Banco Central e pela Ministro da Economia. D) CMN; composto do Ministro da Economia, secretário especial da fazenda e pelo presidente do Banco Central. E) Receita Federal; composta de oito membros da diretoria colegiada do banco Central, além do seu presidente. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o sistema financeiro de habitação, criado em 1964 a fim de diminuir o déficit habitacional do país, não é autoridade máxima do SFN. Além disso, a composição dele não está corretamente descrita. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o Comitê de Política Monetária (Copom) não é a autoridade máxima do SFN, sua finalidade é, entre outras, definir a taxa básica de juros da economia. C) Alternativa incorreta. Justificativa: a Secretaria
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