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RESENHA - A IMPORTÂNCIA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS NO PROCESSO PENAL

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
Resenha Crítica de Caso: Juiz não pode analisar de forma genérica argumentos da defesa preliminar
Camila de Souza Freitas
Trabalho da disciplina: Sistema Processual Penal
 Tutor: Prof. Milay Adria Ferreira Francisco
Porto Seguro, BA
2020
A IMPORTÂNCIA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS NO PROCESSO PENAL
Juiz não pode analisar de forma genérica argumentos da defesa preliminar. In Revista Consultor Jurídico. Novembro de 2014. Disponível em < http://www.conjur.com.br/2014-nov-25/juiz-nao-analisar-defesa-preliminar-forma-generica> Acesso em: 05 de fevereiro de 2020.
O artigo em questão aborda sobre o caso que ocorreu no estado do Espírito Santo, em que o Ministério Público apresentou uma denúncia contra alguns membros da Igreja Maranata, sendo a denúncia recebida e posteriormente os réus citados para apresentarem suas defesas. Ocorre que a defesa dos acusados apontaram que havia a presença de elementos como prescrição, incompetência, nulidades e atipicidades, entretanto, entendeu o juiz que a denúncia preenchia os requisitos legais e deu prosseguimento ao feito. 
Logo a defesa insatisfeita, impetrou Habeas Corpus no Tribunal de Justiça com a justificativa de que o juiz não havia abordado quaisquer dos elementos que haviam apresentado bem como não havia fundamentado a sua decisão. Todavia o TJ indeferiu o pedido de liminar, o que levou os advogados a recorrerem ao Superior Tribunal de Justiça, que anulou a decisão, com base em que a decisão que confirma o recebimento da denúncia, proferida após apresentação de defesa preliminar, não pode ser genérica, devendo conter um mínimo de fundamentação.
Assim, antes de analisar o artigo é mister esclarecer acerca das seguintes questões:
O Princípio da motivação das decisões judiciais é uma garantia expressamente prevista no art. 93, IX, da Constituição e 
[...] é fundamental para a avaliação do raciocínio desenvolvido na valoração da prova. Serve para o controle da eficácia do contraditório, e de que existe prova suficiente para derrubar a presunção de inocência. Só a fundamentação permite avaliar se a racionalidade da decisão predominou sobre o poder, principalmente se foram observadas as regras do devido processo penal. Trata-se de uma garantia fundamental e cuja eficácia e observância legitimam o poder contido no ato decisório. Isso porque, no sistema constitucional-democrático, o poder não está autolegitimado, não se basta por si próprio. Sua legitimação se dá pela estrita observância das regras do devido processo penal, entre elas o dever (garantia) da fundamentação dos atos decisórios. (JR. e ROSA, 2019, p. 01)
Desta forma, o princípio da motivação das decisões judiciais é uma cláusula pétrea que indica que as decisões dos órgãos do Poder Judiciário deverão ser fundamentadas sob pena de nulidade, devendo assim explicar o porquê da decisão, o que o levou a tal conclusão sobre a autoria e materialidade delitiva, garantindo então o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.
Diante do artigo apresentado nota-se, que o princípio da motivação das decisões é um verdadeiro princípio constitucional, que institui uma garantia fundamental aos cidadãos, com o objetivo de controlar a atividade dos magistrados, sendo essencial à administração da justiça em um Estado Democrático de Direito, entretanto, infelizmente a prática judiciária demonstra uma realidade bem distinta, como ocorreu no caso retratado no artigo, em que houve um manifesto desrespeito à garantia constitucional bem como à dignidade da pessoa humana já que muitas vezes o não cumprimento dessa cláusula pétrea acaba trazendo consequências irreparáveis ao acusado.
Portanto, passados os demais fatos apresentados, o caso ora resenhado traz grande contribuição para o estudo do princípio constitucional da motivação das decisões judiciais e a importância dele para o processo penal, indicando-se a leitura do caso as pessoas leigas ao assunto e aos curiosos operadores e estudantes de Direito que buscam entender melhor a problemática.
Referências:
JR., Aury Lopes; ROSA, Alexandre Morais da. Você sabe o que é fundamentação 'per relationem'?. Setembro de 2019. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2019-set-13/voce-sabe-fundamentacao-per-relationem > 05 de fevereiro de 2020.

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