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220780CP_PROC_PENAL

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Prévia do material em texto

CARREIRAS POLICIAIS
Direito Processual 
Penal
Capítulos 1 ao 13
CARREIRAS POLICIAIS
Direito Processual Penal
Capítulo 1
 
 
Olá, aluno! 
Bem-vindo ao estudo para os concursos de Carreiras Policiais. Preparamos todo esse material 
para você não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, 
garantindo que você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma 
inteligente. 
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins de 
entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal, 
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento, 
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo 
sempre! 
Ademais, estamos constantemente perseguindo melhorias para trazer um conteúdo completo 
que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a estrutura do 
PDF Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar especificamente os 
assuntos que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada capítulo você tem a 
oportunidade de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto com a leitura de 
jurisprudência selecionada. 
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser 
aperfeiçoado! Portanto pedimos gentilmente que, caso tenha quaisquer sugestões ou 
comentários, entre em contato através do email pdf@cers.com.br. Sua opinião vale ouro para 
a gente! 
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se 
de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina. 
Faça bom uso do seu PDF Ad Verum! 
Bons estudos  
 
 
 
 
 
 
Recorrência da disciplina 
 Caro concurseiro, 
 A partir de uma análise minuciosa das últimas provas das carreiras de Agente, Escrivão 
e Investigador de Polícia, verificamos que a disciplina de Direito Processual Penal possui 
grande recorrência, apresentando enorme percentual de questões nas provas. Através destes 
dados, pudemos notar a seguinte porcentagem de cobrança dos temas, verificados no 
esquema abaixo: 
2% 1%
17%
2%
7%
5%
4%
2%
18%
25%
2%
1%
5% 1% 8%
Disposições constitucionais sobre processo penal
Teoria da norma processual
Atividade investigativa. Inquérito policial
Exceções
Ação enal
Ação penal pública
Ação penal privada
Dos recursos em geral
Teoria geral da prova
Prisão e medidas cautelares
Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor
Da graça, do indulto e da anistia
Juizado Especial Criminal
Dos processos especiais. Procedimento especial de funcionários públicos. Habeas corpus
Legislação extravagante
 
2 
 
 Essa matéria é um tanto quanto extensa e demonstra um dos pilares do concurso 
público tão almejado por você. Por isso, optamos por apresentar um estudo completo, 
atualizado e didático. A partir do nosso material, dos nossos comentários e de muito treino, 
temos certeza de que você estará muito mais próximo da realização do seu sonho. 
 No tópico seguinte traremos a divisão do nosso estudo, que será gradativo para uma 
melhor compreensão. Lembre-se de fazer revisões periodicamente a partir do nosso quadro 
sinótico, complementar o seu estudo com lei seca e jurisprudência, e treinar com questões. 
Vamos juntos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direito Processual Penal da seguinte forma: 
CAPÍTULOS 
Capítulo 1 – Noções introdutórias, sistemas processuais e princípios. 
Capítulo 2 – Lei processual no tempo, lei processual no espaço e aplicação da lei processual 
penal. 
Capítulo 3 – Inquérito policial, Investigação presidida pelo Ministério Público e outras formas 
de investigação criminal. 
Capítulo 4 – Ação penal. 
Capítulo 5 – Competências e sujeitos do processo. 
Capítulo 6 – Comunicação dos atos processuais. 
Capítulo 7 – Provas. 
Capítulo 8 – Prisões, medidas cautelares e liberdade provisória. 
Capítulo 9 – Procedimento comum ordinário, procedimento comum sumário, procedimento 
comum sumaríssimo, procedimentos especiais e Tribunal do Júri. 
Capítulo 10 – Sentença penal e nulidades. 
Capítulo 11 – Teoria geral dos recursos, recursos em espécie e ações autônomas de 
impugnação. 
Capítulo 12 – Execução penal, reabilitação, graça, indulto e anistia 
 
 
 
4 
SUMÁRIO 
DIREITO PROCESSUAL PENAL, Capítulo 1 .............................................................................................................. 6 
1. Noções Introdutórias ............................................................................................................................................... 6 
1.1 Introdução ................................................................................................................................................................ 6 
1.1.1 Conceito ........................................................................................................................................................ 7 
1.1.2 Competência legislativa ......................................................................................................................... 7 
1.1.3 Características ............................................................................................................................................. 7 
2. Sistemas Processuais Penais ................................................................................................................................. 8 
2.1 Sistema inquisitorial ............................................................................................................................................. 8 
2.2 Sistema acusatório ................................................................................................................................................ 8 
2.3 Sistema misto (sistema francês) ..................................................................................................................... 8 
3. Princípios Fundamentais do Processo Penal ............................................................................................... 11 
3.1 Princípio da presunção de inocência (ou da não culpabilidade) .................................................. 11 
3.1.1 Princípio do favor rei ........................................................................................................................................ 14 
3.2 Princípio do contraditório .............................................................................................................................. 15 
3.2.1 Tipos de contraditório ..................................................................................................................................... 16 
3.3 Princípio da ampla defesa .............................................................................................................................. 16 
3.4 Princípio da publicidade ................................................................................................................................. 21 
3.5 Princípio da busca da verdade ..................................................................................................................... 22 
3.6 Princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas ................................................................................ 23 
3.7 Princípio do juiz natural .................................................................................................................................. 24 
3.8 Princípio do nemo tenetur se detegere ................................................................................................... 24 
3.8.1 Desdobramentos do princípio nemo tenetur se detegere .............................................................. 26 
3.9 Princípio da proporcionalidade ....................................................................................................................30 
QUADRO SINÓTICO ...................................................................................................................................................... 33 
 
5 
QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................................................................................ 35 
GABARITO .......................................................................................................................................................................... 43 
LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 44 
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................. 45 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................................. 53 
 
 
 
 
6 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Capítulo 1 
1. Noções Introdutórias 
1.1 Introdução 
Com a prática de conduta prevista abstratamente como crime (fato típico, ilícito e 
culpável), surge o direito de punir do Estado, ius puniendi in concreto. Entretanto, o Estado 
não pode aplicar a pena automaticamente ao infrator, é preciso que seja instaurado um 
processo judicial para satisfazer a essa pretensão punitiva (nulla poena sine judicio). 
Pretensão punitiva: é poder do Estado de exigir de quem comete um delito a submissão à 
sanção penal. 
Como fica o devido processo legal com a transação penal nos casos de infrações de 
menor potencial ofensivo? A transação penal e os seus requisitos serão detalhados mais 
adiante no curso, mas é preciso saber que através desse instituto podem ser aplicadas penas 
restritivas de direitos e pena de multa ao sujeito antes do recebimento da denúncia. Mesmo 
quando a transação penal é admitida, não se trata de imposição direta da pena! Nesse caso, é 
utilizado para a resolução da causa uma forma não tradicional: a solução consensual, sempre 
mediante a supervisão do judiciário. 
A satisfação da pretensão punitiva através da persecução penal é uma atividade estatal 
juridicamente vinculada por padrões normativos que limitam o poder de punir do Estado. 
Portanto, podemos afirmar que o processo penal serve como instrumento para que o Estado 
aplique a devida sanção penal ao autor do fato delituoso, sem arbítrios ou coerções, devendo 
ser entendido como uma salvaguarda da liberdade do réu. 
Por que é preciso tanto rigor processual para aplicar uma pena? Lembre-se que aplicação 
do direito penal pode ser muito gravosa para o agente, resultando até mesmo na privação da 
 
7 
sua liberdade. Estamos diante do grande dilema do processo penal: o respeito necessário aos 
direitos fundamentais versus um sistema operante e eficiente no combate ao crime. Na busca 
do equilíbrio entre os extremos precisamos evitar o hipergarantismo e teorias como o Direito 
Penal do Inimigo ou como o Direito Penal da Lei e da Ordem. 
1.1.1 Conceito 
O Processo Penal é o conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação 
jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária e a 
estruturação dos órgãos da função jurisdicional. É ramo do direito público. 
1.1.2 Competência legislativa 
A competência para legislar sobre direito processual penal é privativa da União, podendo 
ser atribuída aos estados-membros a competência sobre questões específicas de direito local 
mediante lei complementar. Já em relação ao Direito Penitenciário, afeto à execução penal, a 
competência é concorrente entre os entes. 
1.1.3 Características 
 Autonomia 
 Não é submisso ao direito material, pois possui princípios e regras próprias. 
 Instrumentalidade 
É um meio para fazer atuar o direito penal material. 
 Normatividade 
É uma disciplina normativa, de caráter dogmático 
 
 
 
8 
2. Sistemas Processuais Penais 
2.1 Sistema inquisitorial 
O sistema processual inquisitivo surgiu com o Direito Canônico, na Europa, no século XIII. 
É caracterizado pela figura do juiz inquisidor, dotado de ampla iniciativa probatória na fase 
de investigação e na fase processual, acumula as funções de acusar, defender e julgar, 
comprometendo a sua imparcialidade e objetividade. O procedimento em regra é escrito e 
sigiloso, sem efetiva participação da defesa, pois o réu é considerado mero objeto da 
persecução penal sem direito ao contraditório. 
É incompatível com os direitos e garantias individuais, viola os princípios do Processo 
Penal, a Constituição Federal de 1988 e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
2.2 Sistema acusatório 
Ao contrário do sistema inquisitorial, o sistema acusatório se caracteriza por dividir os 
sujeitos processuais, colocando a acusação e a defesa no mesmo patamar de condições em 
relação ao juiz da causa que, agora, é imparcial (ne procedat judex ex officio). Com a divisão 
das funções de acusar, defender e julgar, o processo acusatório é actum trium personarum. 
O procedimento acusatório privilegia o princípio da presunção de inocência, pode ser 
escrito ou oral, em regra público e excepcionalmente com publicidade restrita ou especial. 
Adota o contraditório como garantia político-jurídica do cidadão, gerando igualdade entre as 
partes (non debet licere actori, quod reo non permittitur). 
Para preservar a imparcialidade, o julgador deve adotar uma postura passiva quanto à 
produção de provas no sistema acusatório, deixando a atividade probatória como encargo das 
partes. Entretanto, atualmente já se admite que o juiz excepcionalmente possua poderes 
instrutórios apenas durante a fase processual e de forma subsidiária à atuação das partes. 
2.3 Sistema misto (sistema francês) 
 
9 
Tem uma fase processual de instrução preliminar secreta, a cargo do juiz, seguindo o 
sistema inquisitivo; e outra fase processual pública, em que predomina o contraditório nos 
moldes do sistema acusatório. 
QUAL O SISTEMA PROCESSUAL ADOTADO NO BRASIL? Alguns doutrinadores apontam 
que o sistema processual penal brasileiro é misto porque o inquérito policial, que é inquisitivo 
por natureza, contamina o sistema acusatório. Esse entendimento, no entanto, é refutável visto 
que deve ser analisado apenas o processo para classificar o sistema em inquisitivo, acusatório 
ou misto, e o inquérito policial ocorre na fase pré-processual e ainda é dispensável. Ademais, 
o inquérito é presidido por autoridade administrativa e, para caracterizar o sistema misto, a 
fase de investigação deve ser presidida diretamente pelo juiz., que será o mesmo a presidir o 
julgamento. Definitivamente não é o caso do Brasil. 
Outros doutrinadores apontam a natureza mista do sistema brasileiro, mesmo 
desconsiderando a fase de inquérito, com fundamento em alguns poderes instrutórios 
exercidos pelo juiz. Entretanto, esses poderes de impulso processual não são suficientes para 
caracterizar o sistema misto, pois só podem ser exercidos de forma supletiva à atividade das 
partes e durante a fase processual. 
Ademais, a Constituição Federal de 1988 acolhe o sistema acusatório de forma explícita 
quando determina a legitimidade privativa do Ministério Público, órgão acusador, para propor 
a ação penal pública, garante o contraditório, a ampla defesa e a não presunção de 
culpabilidade. 
O sistema acusatório pode ser rígido (o juiz JAMAIS toma a iniciativa de provas) ou 
flexível (as partes produzem provas, mas o juiz tem o poder de complementá-las, de 
determinar perícias ou a oitiva de testemunhas não requeridas). 
 
10 
Portanto, podemos classificar o nosso sistema como acusatório não ortodoxo, flexível 
ou relativo, já que o juiz não é mero expectador no curso do processo penal, podendo, 
inclusive, determinar a realização de provas. 
 
 
11 
3. Princípios Fundamentais do ProcessoPenal1 
3.1 Princípio da presunção de inocência (ou da não 
culpabilidade) 
Todo acusado é presumido inocente até que se comprove sua culpabilidade. 
“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória” (art. 5º, LVII, da CF/88). Ou seja, o acusado só pode ser considerado culpado 
após o término do devido processo legal, durante o qual ele tenha se utilizado de todos os 
meios de provas possíveis para a sua defesa (ampla defesa) e tenha oportunidade de 
contestar todas as provas produzidas pela acusação (contraditório). 
Desse princípio podemos extrair quatro regras: 
a) Regra probatória: quem acusa tem o ônus de provar legalmente e judicialmente a 
culpabilidade do acusado. 
 
De acordo com o princípio da presunção de inocência, no processo penal não existe 
presunção de veracidade dos fatos narrados em função da revelia! Não existe CONFISSÃO 
FICTA no processo penal, nem quando o acusado não contesta os fatos descritos na peça 
acusatória. 
 
 
 
 
1 Vide questão 05 ao final do capítulo. 
 
12 
 
Jurisprudência relevante: em certas situações, como nos casos de receptação, o STJ 
exige da defesa o ônus da prova para a comprovação da regularidade da atuação do réu, que 
deve demonstrar a aquisição legítima do bem que é indicado como fruto de atividade ilícita. 
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmou no sentido que, no crime de 
receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do paciente, caberia à defesa 
apresentar prova acerca da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do 
disposto no art. 156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em inversão do 
ônus da prova (AgRg no HC 331.384/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, 
julgado em 22/08/2017, DJe 30/08/2017). 
 
b) Regra de tratamento: o acusado não pode ser tratado como condenado antes do 
trânsito em julgado final da sentença condenatória (CR, art. 5º, LVII). São exemplos de 
manifestação da regra de tratamento a vedação de prisões processuais automáticas ou 
obrigatórias e a impossibilidade de execução provisória ou antecipada da sanção. 
 
A execução provisória é aquela que ocorre quando o indivíduo é condenado por um 
crime, mas contra a decisão condenatória ainda cabe recurso, ou seja, o processo ainda não 
transitou em julgado. 
A doutrina que defende a impossibilidade da execução provisória da pena atenta que 
tal prática violaria o princípio constitucional da presunção de inocência; e a doutrina que 
 
13 
defende a possibilidade da execução provisória entende que, quando a decisão penal 
condenatória é mantida em 2ª instância e o réu interpõe Recurso Especial ou Recurso 
Extraordinário, ele deve aguardar o julgamento cumprindo a pena imposta, pois os recursos 
cabíveis não têm efeito suspensivo. 
Diversas vezes o STF modificou o seu entendimento sobre o assunto. Até fevereiro de 
2009, o Supremo aceitava a execução provisória da pena; no julgamento do HC 84078, em 
05/02/2009, o Tribunal mudou o seu posicionamento e passou a entender que não era mais 
possível o início do cumprimento de pena enquanto não transitasse em julgado a decisão 
condenatória, e esse entendimento vigorou até 2016; em fevereiro de 2016, o STF julgou o HC 
126292 voltou a entender que era possível a execução provisória da pena, estabelecendo que 
quando a sentença penal é confirmada em 2º grau, prolatada em processo que observou 
todas as garantias do indivíduo, exaure-se o princípio da presunção de não culpabilidade, 
destacando a importância de equilibrar o princípio da presunção de inocência com a 
efetividade da jurisdição; entretanto, ao apreciar e julgar as ADCs 43, 44 e 54 em novembro 
de 2019, o STF retomou a posição no sentido de que para o início do cumprimento da pena é 
necessário o esgotamento de todos os recursos disponíveis, proibindo a execução provisória 
da pena. 
Este último é o entendimento atual, que toma por base o art. 283 do CPP que dispõe: 
“ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em 
julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou 
prisão preventiva”, considerado plenamente compatível com a CF/88. Ademais, o argumento 
de que a aplicação do princípio da presunção de inocência nesse caso obstruiria as atividades 
investigatórias e persecutórias do Estado não prosperou, pois a repressão ao crime não pode 
transgredir a ordem jurídica e os direitos fundamentais do indivíduo investigado. Essa última 
decisão deve estabilizar a matéria, pois tem efeitos vinculantes e erga omnes já que foi 
proferida em sede de ADC. 
Mesmo com esse entendimento do STF, é possível que o réu seja preso enquanto 
aguarda o julgamento do recurso? SIM! A prisão do réu deve observar os requisitos da prisão 
 
14 
preventiva (art. 312 do CPP), não é um efeito automático da condenação, mas sim uma 
medida cautelar. 
 
c) Regra de julgamento ou valoração das provas; 
d) Excepcionalidade das medidas cautelares. 
3.1.1 Princípio do favor rei 
É um desdobramento do princípio da presunção de inocência, com as relevantes 
aplicações práticas: 1) na dúvida, o juiz deve decidir em favor do réu; 2) em caso de empate (o 
que costuma ocorrer no julgamento colegiado de HC), a decisão que prevalece é aquela em 
favor do réu. 
Portanto, existindo conflito entre o jus puniendi do Estado e o jus libertatis do acusado, 
deve prevalecer (na fase final de julgamento) o jus libertatis. Ou seja, na dúvida, absolve-se o 
imputado (in dubio pro reo). 
O princípio do favor rei e o princípio da presunção de inocência são corolários do 
princípio da igualdade das partes, pois procuram equilibrar a posição vulnerável do réu 
frente ao poder do Estado na persecução penal. 
O princípio do in dubio pro reo só incide até o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. No processo de revisão criminal, em caso de dúvidas, o juiz deve decidir em 
favor da sociedade e contra o réu. 
 
 
15 
3.2 Princípio do contraditório 
“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5º, 
LV, CF/88). 
Importante lembrar que o Contraditório é constituído pela garantia de ciência dos atos 
processuais pelas partes e a possibilidade de contraditar provas e argumentos elencados pela 
parte contrária no processo (audiatur et altera pars). 
O contraditório é o direito conferido a ambas as partes de ter ciência dos termos 
processuais com a possibilidade de contraditá-los. A garantia do contraditório na Constituição 
Federal estabelece um processo dialético, em que há fiscalização recíproca dos atos 
processuais pelas partes. Nesse contexto, ganha destaque as formas de comunicação 
processual – citação, intimação e notificação – e o enunciado da Súmula 707 do STF: “constitui 
nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto 
da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor”. 
Não se aplica o princípio do contraditório na fase de investigação preliminar, pois o 
art. 5º, LV, da CF/88 menciona que o contraditório deve ser observado em processo judicial ou 
administrativo, e o inquérito é considerado um procedimento administrativo, que visa colher 
elementos de informação para fundamentar possível ação penal. 
Por isso, as evidências colhidas em uma investigação preliminar, em regra, não são 
consideradas provas. Provas são elementos de convicção produzidos dialeticamente sob o 
manto do contraditório e da ampla defesa. Uma condenação não pode ser proferida com 
base exclusivamente em elementos colhidos na fase de inquérito, salvo quando se tratar de 
prova com valor judicial, como as provas cautelares, não repetíveise antecipadas, que serão 
estudadas adiante. 
 
16 
 
Do princípio do contraditório nasce o direito à participação, possibilidade de oferecer 
reação, se manifestar contra a pretensão da parte contrária. Mas a mera possibilidade não 
basta quando esse direito é interpretado à luz da isonomia na busca por igualdade substancial 
no processo. Portanto, para que tenhamos um contraditório efetivo e pleno, é preciso 
assegurar aos sujeitos do processo uma participação realmente igualitária considerando as 
suas desigualdades materiais, e essa missão de igualar os desiguais cabe ao julgador. 
O ordenamento jurídico impõe que o acusado, ainda que não tenha interesse em 
contraditar a acusação, tenha a assistência de uma defesa técnica (art. 261 do CPP). Entretanto, 
não basta a sua presença formal no processo, a exigência de um contraditório efetivo obriga 
o defensor a participar ativamente da atividade processual, fundamentando suas 
manifestações. 
3.2.1 Tipos de contraditório 
a) Contraditório direto ou imediato (contraditório para a prova) – é o contraditório 
praticado durante o ato de produção da prova contraditada, sempre na presença 
das partes e do juiz. EXEMPLO: prova testemunhal. 
b) Contraditório mediato ou diferido (contraditório sobre a prova)– é o 
contraditório adiado ou postergado, exercido depois da produção da prova. 
EXEMPLO: provas produzidas antecipadamente, não repetíveis, como na 
interceptação telefônica, em que o réu somente toma ciência da prova e de seu 
conteúdo depois que foi produzida, oportunidade na qual pode ser exercido o 
contraditório pela defesa. 
3.3 Princípio da ampla defesa 
Os princípios do contraditório e da ampla defesa são complementares, mas não se 
confundem. O princípio do contraditório torna defesa possível, enquanto o princípio da ampla 
defesa a torna plena, efetiva. O primeiro garante a informação e o segundo garante a reação 
da parte. Lembra que o contraditório é uma garantia que se destina a ambas as partes do 
processo? Pois bem, a ampla defesa se destina apenas ao réu. 
 
17 
A ampla defesa2 no processo penal se manifesta de duas formas: a defesa técnica 
(processual ou específica) e a autodefesa (material ou genérica), que são complementares. A 
primeira é realizada por advogado ou defensor público habilitado nos autos, enquanto a 
autodefesa é exercida pelo próprio acusado e ocorre em três contextos: direito ao 
interrogatório, direito de presença nos atos processuais e direito à capacidade postulatória 
autônoma. 
A autodefesa é um direito do réu, de exercício facultativo, ou seja, não causa prejuízo se 
ele não quiser exercê-la. Entretanto, uma vez exercida, obriga o magistrado a analisá-la e a se 
pronunciar sobre ela, sem prejuízo da defesa técnica, sob pena de nulidade absoluta. 
Para assegurar o exercício da autodefesa, em regra, o acusado deve ser citado 
pessoalmente para integrar a relação processual, sendo a citação por hora certa e a citação 
por edital medidas excepcionais. Atenção: se o réu estiver preso é dever do Estado saber a sua 
localização, não se aplicando a citação por edital. 
Súmula 351 do STF: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da 
federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”. 
Ainda, é necessário que o réu seja intimado dos os atos processuais para que possa 
acompanhá-los (salvo quando há revelia) e das decisões, para que exerça o seu direito de 
recorrer pessoalmente. 
Desdobramentos da autodefesa: 
c) Direito de audiência – é o direito que o acusado tem de expor pessoalmente a 
sua defesa ao juiz por meio do interrogatório. 
d) Direito de presença – é o direito que o acusado tem de, juntamente com o seu 
defensor, acompanhar os atos de instrução processual. 
Entretanto, o direito de presença do réu não é absoluto. Os direitos fundamentais das 
testemunhas e das vítimas à vida, segurança, intimidade e liberdade de declarar, devem 
sempre prosperar quando colidirem com o direito de presença do réu. Caso o direito de 
 
2 Vide questão 03 ao final do capítulo. 
 
18 
presença não possa ser exercido pelo réu, deve ser assegurada a presença de seu defensor e 
um canal de comunicação livre e reservada entre ele e o acusado. 
Art. 217 do CPP. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, 
temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que 
prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente 
na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na 
inquirição, com a presença do seu defensor. 
Como fica o deslocamento do réu preso para acompanhar atos processuais? O 
Supremo entende que o acusado, embora preso, tem o direito de comparecer aos atos 
processuais, principalmente os da fase de instrução, sob pena de nulidade absoluta. 
E se o ato de instrução for praticado em comarca diferente daquela em que o réu se 
encontra preso? Independentemente do local em que o réu está detido, ele deve ser 
requisitado para comparecer aos atos processuais. Entretanto, o Supremo entende que, 
especificamente no caso de realização de audiências deprecadas, a ausência do réu preso 
causa nulidade relativa do ato, devendo ser comprovada que a requisição seria oportuna e a 
presença de efetivo prejuízo ao direito de autodefesa do réu. 
a) Direito à capacidade postulatória autônoma – em alguns momentos do processo 
penal é concedida ao acusado capacidade postulatória autônoma, como para interpor 
recursos (art. 577, CPP), impetrar habeas corpus (art. 654, CPP), ajuizar revisão criminal 
(art. 623, CPP) e formular pedidos na fase de execução da pena (art. 195, LEP). 
No caso da capacidade postulatória autônoma, o réu tem o direito de dar o impulso 
inicial. Ou seja, para assegurar a ampla defesa, deve ser garantida a sua assistência técnica nas 
fases posteriores do processo. Por exemplo, o réu pode interpor apelação contra sentença 
condenatória, mas precisará de um defensor técnico para apresentar as razões do recurso. 
 
19 
De forma concorrente, o defensor também tem legitimidade para recorrer. Súmula 705, 
STF: “A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, 
não impede o conhecimento da apelação por este interposta”. Quando houver colisão da 
vontade de recorrer entre o advogado e o acusado, temos dois entendimentos: 1. Prevalece a 
vontade do advogado sobre a do acusado, sob o fundamento de que o defensor é mais 
preparado tecnicamente para saber a possibilidade ou não de obtenção de procedência; 2. 
Prevalece a vontade do acusado sobre a do advogado, já que ele é quem vai sofrer os efeitos 
da condenação, e o fato de não existir reformatio in pejus evitaria qualquer outro prejuízo 
com o recurso. Entre as teses, a doutrina majoritária entende que deve prevalecer a que for 
mais benéfica ao réu no caso concreto. 
 
Quanto à defesa técnica, destaca-se que também faz parte do princípio do contraditório 
e do princípio da ampla defesa o direito do réu de escolher o seu próprio advogado. 
Entretanto, precisamos ter em mente que a defesa técnica é indisponível e irrenunciável, ou 
seja, caso o réu se mantenha inerte quando intimado para indicar o seu patrocinador, o juiz 
deverá nomear um advogado dativo ou um defensor público. 
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado 
sem defensor. 
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, 
será sempre exercida através de manifestação fundamentada. 
Súmula 708 do STF: “É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos 
autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para 
constituir outro”. 
É claro que, se o réu for advogado, ele tem capacidade postulatória para exercer a sua 
própria defesa técnica, mas atenção: apesar do evidente conhecimento jurídico, juízes e 
 
20 
promotoresque forem réus em processos criminais não são dotados de capacidade 
postulatória para exercer a própria defesa técnica, pois os membros do MP e da magistratura 
são impedidos de exercer a advocacia. 
 
Caso não haja Defensoria Pública na comarca, o juiz deve nomear advogado dativo para 
ser o defensor do réu, com direito a honorários fixados pelo juiz, segundo tabela da OAB e 
pagos pelo Estado, sendo a recusa injustificada de patrocinar a causa considerada infração 
disciplinar. 
Para que se exerça a ampla defesa prevista na CF, não basta a presença formal de um 
defensor, é necessário que a sua atividade no processo para proteger os direitos do réu seja 
percebida e motivada. Por exemplo, no caso de um defensor que se manifesta com peças 
genéricas, que poderiam ser aplicadas em qualquer processo criminal, é possível falar em 
violação da ampla defesa por não existir defesa técnica plena e efetiva. Nesses casos, cabe ao 
Ministério Público e ao juiz a fiscalização da atividade do advogado para evitar uma possível 
nulidade do processo. 
Súmula 523 do STF: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, 
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. 
 
Evidentemente a defesa deve ser exercida sempre em favor do réu, mas isso não quer 
dizer que o defensor precisa sempre pedir a absolvição. No caso concreto, pode ser que o 
pedido de absolvição do acusado seja tecnicamente inviável, por exemplo, no caso do réu que 
 
21 
confessa. Entretanto, em situações como essa, cabe ao defensor procurar minimizar a sanção, 
por exemplo, pelo reconhecimento de causa de diminuição de pena. 
Por fim, é possível que o mesmo defensor patrocine dois ou mais acusados no mesmo 
processo penal, desde que as teses de defesa não colidam. 
3.4 Princípio da publicidade 
O princípio da publicidade processual permite a qualquer cidadão o acesso e a 
fiscalização dos atos jurisdicionais. É um dos elementos mais importantes do sistema 
acusatório, além de viabilizar o Estado Democrático de Direito. 
Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, 
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a 
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a 
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo 
não prejudique o interesse público à informação; 
Art. 5º, XXXIII, da CF: todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de 
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo 
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível 
à segurança da sociedade e do Estado; 
Art. 5º, LX, da CF: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a 
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
Como se observa nos dispositivos acima, a regra é que o processo tenha publicidade 
ampla (plena, popular, absoluta ou geral), ou seja, os atos processuais devem ser praticados 
diante das partes e abertos ao público. Por isso, qualquer cidadão pode, por exemplo, 
acompanhar audiência, consultar processos e obter certidões. 
Entretanto, a publicidade não é absoluta. Em algumas situações o processo terá uma 
publicidade restrita (interna, também conhecida como segredo de justiça), em que alguns 
atos ou todos eles serão realizados e publicados apenas para determinadas pessoas 
interessadas no feito e seus respectivos procuradores. Essa restrição ocorre quando o interesse 
público à informação colide com outros interesses importantes que acabam prevalecendo no 
caso concreto, como a intimidade da vítima de abuso sexual. 
 
22 
Decretado o sigilo judicial, somente a própria autoridade que o decretou poderá 
afastá-lo. Nesse contexto, o STF entende que as CPIs não possuem poder para quebrar o 
sigilo de processo mediante requisição (MS 27.483/DF). 
 
É importante ressaltar que as provas cautelares, mesmo aquelas produzidas no curso do 
processo, não implicam em publicidade, nem mesmo às partes e seus procuradores. Veja bem, 
qual seria o sentido de decretar uma interceptação telefônica se o investigado sabe que está 
sendo interceptado? Essa prática tornaria a medida inócua. 
3.5 Princípio da busca da verdade 
A verdade formal é aquela que as partes levam para os autos, enquanto a verdade 
material é o que de fato aconteceu. Durante muitos anos a doutrina ensinou que no direito 
civil, que geralmente discute direitos disponíveis, vigorava o princípio do dispositivo, segundo 
o qual as partes levam as provas ao processo, o magistrado ficava passivo, sem interferir na 
produção de provas, e julga o processo com base no que ali foi demonstrado, ou seja, 
segundo a verdade formal dos autos. Como no processo penal em regra discute-se a 
liberdade de locomoção do acusado, que é um direito indisponível, o juiz seria uma figura 
com poderes instrutórios e participação ativa na produção de provas em busca da verdade 
dos fatos, a verdade material, que também é conhecida como verdade substancial ou verdade 
real. 
Entretanto, a busca da verdade material como requisito para a realização da pretensão 
punitiva do Estado passou a ser justificativa para arbitrariedades, pois em nome da verdade 
tudo era válido. Atualmente a diferença entre verdade real e verdade formal não é mais aceita. 
Hoje o processo é visto como um meio para efetivar a justiça, independentemente de ser 
direito disponível ou indisponível. 
 
23 
Especificamente no processo penal, entendemos que é praticamente impossível 
encontrar uma verdade absoluta, por mais contundentes que sejam as provas. Portanto, o que 
se busca atualmente é a maior aproximação da certeza dos fatos, a busca pela verdade. Até 
mesmo porque a ação probatória é submetida à algumas restrições, como às provas ilícitas; à 
leitura de documentos ou exibição de objetos em plenário do júri se não tiverem sido 
juntados aos autos, com ciência da outra parte, até três úteis antes; ao depoimento de 
testemunha que tenham ciência do fato em razão da profissão, ofício, função ou ministério... 
Verdade consensual – a Lei 9.099/95 estabeleceu algumas medidas despenalizadoras 
que privilegiam a vontade consensual das partes: composição civil dos danos; transação penal; 
representação da vítima de lesão corporal leve e culposa; e suspensão condicional do 
processo. 
3.6 Princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas 
São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, da CF)3. 
Em um Estado Democrático de Direito, apesar da busca pela verdade material, a sua 
descoberta não pode ser feita de qualquer forma. Existem limitações aos meios de provas 
porque eles coexistem com outros direitos. 
Mesmo em prejuízo da verdade, para que tenhamos um processo justo e que respeita 
os direitos e garantias fundamentais, as provas obtidas de forma ilícita devem ser expurgadas 
do processo, sob pena de, aceitas, deslegitimar o sistema processual punitivo. Observe, não 
tem sentido um processo que visa punir a violação de direitos usar de outra violação para 
tanto. 
Aprofundaremos esse assunto no estudo das provas. 
 
3 Vide questões 04 e 10 ao final do capítulo. 
 
24 
3.7 Princípio do juiz natural 
O juiz natural é aquele constituído legalmente por regras taxativas de competência. A 
grosso modo, trata-se do direito do indivíduo de saber, antes de cometer uma conduta 
criminosa, a autoridade que irá processar e julgar o feito. 
O princípio do juiz natural contrapõe-se ao juízo de exceção, pois veda que um juiz seja 
designado especificamente e arbitrariamente para julgar um caso que já aconteceu, 
assegurando a imparcialidade do julgador e a sua independência. 
3.8 Princípio do nemo tenetur se detegere 
Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. 
Através do princípiodo nemo tenetur se detegere4, o ordenamento jurídico protege o 
indivíduo contra excessos do Estado na persecução penal, seja na fase investigatória ou na 
instrução processual, pois veda qualquer medida de coerção física ou moral para que o 
investigado confesse ou colabore em atos processuais que podem levar à sua condenação. 
O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-
lhe assegurada a assistência da família e de advogado (art. 5º, LXIII, da CF). 
Na nossa Constituição Federal, o princípio nemo tenetur se detegere está previsto 
expressamente como o direito do preso ao silêncio, mas a sua essência não se limita a isso. 
Muito mais amplo, esse princípio é uma forma de autodefesa passiva de qualquer indivíduo 
contra imputação de uma conduta criminosa. 
A partir de uma interpretação literal e apressada do texto legal podemos imaginar que o 
princípio só é destinado a tutelar a situação do indivíduo preso. Entretanto, o entendimento 
mais aceito pela doutrina é o de que o ordenamento jurídico garante o direito de não 
produzir provas contra si mesmo também ao indivíduo solto, sendo o titular do direito 
qualquer pessoa que possa se autoincriminar, seja ela suspeita, indiciada, acusada ou 
 
4 Vide questões 01, 08 e 09 ao final do capítulo. 
 
25 
condenada. 
Crime de falso testemunho e a autoincriminação: ao contrário do acusado, a 
testemunha tem o dever de falar a verdade, sob pena de incorrer no crime de falso 
testemunho. Entretanto, seria um abuso arrolar uma pessoa como testemunha, com obrigação 
de dizer sempre a verdade, para obrigá-la a se incriminar. Nesse contexto, o Supremo já 
decidiu que não configura crime de falso testemunho se o indivíduo na condição de 
testemunha não revela fatos que podem o incriminar. 
“Ofende o princípio da não-autoincriminação denúncia baseada unicamente em confissão 
feita por pessoa ouvida na “condição de testemunha”, quando não lhe tenha sido feita a 
advertência quanto ao direito de permanecer calada” (STF, 2ª Turma, RHC 122.279/RJ, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, J.12/08/2014, DJe 213 29/10/2014). 
 
É mesmo necessária a prévia advertência quanto ao direito ao silêncio? SIM! É uma 
garantia constitucional que, se desobedecida, torna ilícitas todas as provas obtidas a partir da 
declaração do investigado, inclusive as provas dela derivadas. Ademais, é necessário que a 
autoridade que adverte o indivíduo seja clara que o exercício do direito ao silêncio não trará 
nenhum prejuízo. 
Não é lícita a gravação clandestina de conversa informal de policiais com o preso 
quando o este último não consentiu com a gravação e não foi advertido do seu direito ao 
silêncio. 
A 2ª Turma do Supremo, ao julgar HC em 2010, enfrentou o seguinte caso: o acusado 
concedeu uma entrevista e narrou o modus operandi de dois homicídios que estavam sendo 
 
26 
imputados a ele. Entretanto, o acusado não foi previamente advertido do seu direito ao 
silêncio. A defesa alegou a dignidade constitucional expressa do direito ao silêncio, mas o 
Supremo entendeu que o dever de advertir os investigados dos seus direitos constitucionais é 
do Poder Público, concluindo não existir nulidade em usar a entrevista concedida 
espontaneamente pelo paciente como prova no processo penal. 
 
Assim, é assegurado a qualquer suspeito, indiciado, acusado ou condenado, solto ou preso, o 
direito de não produzir provas contra si mesmo e de que o exercício desse direito não poderá 
usado como prova pela acusação; não será valorado na formação de convicção do julgador; 
não será usado como fundamento para majorar a sua pena, para decretar prisão cautelar; 
jamais será extraída presunção em seu desfavor; não caracteriza crime de desobediência. 
 
3.8.1 Desdobramentos do princípio nemo tenetur se detegere 
Como já mencionado, o princípio do nemo tenetur se detegere não se limita ao direito 
ao silêncio. Vejamos agora quais são os seus mais importantes desdobramentos: 
 Direito ao silêncio: é o direito de não responder as perguntas da autoridade. É 
um direito constitucional do acusado, e sua prática não implica em nenhum 
prejuízo ao investigado; não significa confissão ficta; e não é falta de defesa – ao 
contrário, pode ser uma estratégia defensiva. 
 Direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal: previsto 
no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 14, §3º) e na Convenção 
Americana Sobre Direitos Humanos (art. 8º, §2º, g, e §3º). 
 Inexigibilidade de dizer a verdade: 
 
27 
Existe o direito de mentir? Alguns doutrinadores entendem que existe o direito de 
mentir porque não há tipificação do crime de perjúrio no nosso ordenamento jurídico. Por 
outro lado, outra parte da doutrina afirma que o princípio do nemo tenetur se detegere não 
abarcaria uma conduta antiética e imoral, usando o mesmo raciocínio que aplica à fuga do 
preso: a fuga também não é considerada crime, mas não podemos dizer que a fuga é um 
direito do preso! Se assim fosse, seria lícito fugir da prisão! 
Mas a fuga é prevista como falta grave (LEP, art. 50, II) e não existe punição para a 
mentira do investigado para não se incriminar, e agora? Podemos dizer que, como a verdade 
incriminadora não é exigida do investigado, a mentira é tolerada pelo ordenamento jurídico 
porque na prática não vai gerar nenhum prejuízo ao acusado. 
A mentira tolerada é a mentira defensiva. Temos que diferenciar a mentira defensiva da 
mentira agressiva, pois a esfera de proteção dos direitos do investigado que tolera a mentira 
acaba no limite em que ele passa a invadir a esfera de proteção dos direitos de outra pessoa. 
A mentira defensiva ocorre quando, por exemplo, o investigado inventa um álibi. 
Enquanto a mentira agressiva ocorre quando, por exemplo, o investigado imputa a conduta 
delituosa a terceiro inocente. Nesse caso, se a mentira do investigado deu causa à instauração 
de investigação policial, processo judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação 
de improbidade administrativa contra alguém que ele sabe ser inocente, o investigado que 
mentiu responderá por denunciação caluniosa. 
É possível reconhecer a incidência do princípio do nemo tenetur se detegere quando 
um segundo delito é cometido para encobrir o primeiro? Por exemplo, quando o agente 
comete fraude processual para ludibriar a perícia, ele responde pelo primeiro crime que está 
sendo periciado em concurso com a fraude processual, ou a fraude processual estaria 
amparada por uma excludente de ilicitude (exercício regular de direito – direito de não 
produzir prova contra si mesmo)? 
O princípio em análise não abarca situação como essa em que a produção da prova 
não depende de atuação direta do investigado. Se fosse assim, matar a testemunha de um 
crime que você praticou seria exercício regular de direito! Nesses casos o que há é um mero 
 
28 
temor de que a verdade seja revelada sobre o crime anterior, que depende de atividade de 
terceiro e não do sujeito investigado. 
A proteção do direito de não produzir provas contra si mesmo não abarca a prática de 
nova infração penal. Por isso, o Supremo entende que o princípio do nemo tenetur se 
detegere não abrange mentir sobre a identidade pessoal. O fato de o agente se identificar à 
autoridade com nome falso para esconder maus antecedentes não é direito ao silêncio, é 
crime de falsa identidade. Súmula 522, STJ: “a conduta de atribuir-se falsa identidade perante 
a autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”. 
 Direito de não praticar comportamento ativo autoincriminador: quando for 
necessária uma ação do investigado para a produção da prova é indispensável o 
seu consentimento. A sua recusa em participar não configura crime de 
desobediência, desacato, ou qualquer presunção prejudicial. Nesse contexto, o 
acusado não é obrigado a fornecer padrões vocais para perícia de verificaçãode 
interlocutor; material para exame grafotécnico (nada impede que a autoridade 
judicial determine a apreensão de documentos que possam suprir esse material); 
e configura constrangimento ilegal a prisão preventiva do indivíduo que se recusa 
a participar da reconstituição do crime. 
Atenção: o direito de não produzir provas contra si mesmo, que inclui o direito de não 
praticar comportamento ativo autoincriminador, não vigora quando o investigado é mero 
objeto de verificação. Por exemplo, no reconhecimento pessoal é possível a condução 
coercitiva do indivíduo mesmo que ele não queira participar. 
 Direito de não produzir provas invasivas autoincriminadoras: Exame de 
sangue, ginecológico, de urina, fecal, de saliva, de DNA usando fios de cabelo e a 
radiografia são exemplos de intervenções corporais que podem ser realizadas no 
processo para descobrir circunstâncias fáticas sobre as condições físicas e 
psíquicas do sujeito, ou objetos escondidos nele. A investigação pode ocorrer por 
meio das intervenções corporais, que são procedimentos realizados no corpo do 
investigado, e quando não forem invasivas, podem ser realizadas mesmo sem o 
consentimento do sujeito e com coação direta se for preciso. Ou seja, quando a 
prova for invasiva, é necessário o consentimento do sujeito para a sua realização; 
 
29 
mas quando a prova for não invasiva, mesmo que o sujeito se recuse a produzi-
la, ela ainda poderá ser feita. 
Olha que curioso: a constituição não estabeleceu reserva de jurisdição para determinar 
que sejam produzidas intervenções corporais. Portanto, as medidas podem ser determinadas 
pela autoridade policial, sem necessidade de prévia autorização judicial. 
Atenção: mesmo com consentimento do sujeito, não é possível submeter alguém a 
intervenção corporal que ofenda a dignidade da pessoa humana ou que coloque em risco a 
sua integridade física ou psíquica. Por exemplo, não pode submeter uma grávida a exame de 
raio-x. 
Caso do bafômetro: o art. 277 do Código de Trânsito Brasileiro dispõe que o condutor 
de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito, ou que for alvo de fiscalização de 
trânsito, poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por 
meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência 
de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. 
A infração administrativa por dirigir sob esse tipo de influência é prevista no art. 165 do 
CTB; pode ser demonstrada por meio de imagem, vídeo, sinais que indiquem a alteração da 
capacidade psicomotora ou qualquer outra prova admitida pelo direito; e tem como 
penalidade multa, recolhimento administrativo de documento de habilitação e retenção do 
veículo até a apresentação de condutor habilitado. Essas penalidades administrativas também 
são aplicáveis ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos que 
demonstrem a sua condição. 
Veja, no processo penal, por força do princípio da presunção de inocência não é 
permitido que o ônus da prova seja invertido quando o investigado se recusa a participar da 
produção de prova invasiva. Claro que no âmbito administrativo o sujeito também não é 
obrigado a produzir prova contra si mesmo, mas a sua recusa vai gerar a inversão do ônus da 
prova, ou seja, no caso do art. 165 do CTB, presume-se que o condutor estava sob influência 
de álcool ou outra substancia psicoativa que determine dependência, cabendo a ele 
comprovar que isso não é verdade. 
 
30 
Vale destacar que o grau de dosagem etílica não mais integra o tipo incriminador da 
embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) desde 2012, portanto, agora o delito pode ser 
provado não apenas com testes invasivos como o bafômetro, mas também por prova 
testemunhal ou exame de corpo de delito indireto ou supletivo. É pacífico o entendimento de 
que a recusa do condutor de realizar procedimentos invasivos como o bafômetro ou exame 
de sangue não configura crime de desobediência e criminalmente não pode ser interpretada 
desfavoravelmente ao investigado. 
3.9 Princípio da proporcionalidade 
Atenção: o princípio da proporcionalidade NÃO está previsto expressamente na CF. É 
um fundamento do princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF). 
Esse princípio tem importante incidência na atuação do Estado, pois toda atividade 
estatal deve ser dotada de razoabilidade, para tutelar os direitos fundamentais dos indivíduos, 
proibindo possíveis excessos e arbítrios do Poder Público. 
Para que o princípio da proporcionalidade seja aplicado de forma segura e legítima, 
deve seguir os pressupostos do princípio da legalidade processual, como pressuposto formal, 
e o princípio da justificação teleológica, como pressuposto material. 
A proporcionalidade deve observar o princípio da legalidade processual tendo em vista 
que, por ele, qualquer medida que restrinja direitos fundamentais deve ser prevista em lei 
escrita, estrita e prévia (nulla coactio sine lege), o que evita ações arbitrárias e ilegítimas do 
Estado com o pretexto de alcançar a proporcionalidade. 
Quando tratamos o princípio da justificação teleológica como pressuposto material da 
aplicação do princípio da proporcionalidade, significa que devemos legitimar a aplicação da 
medida através da sua necessidade em relação ao fim que pretendemos alcançar. 
Além dos pressupostos que a aplicação do princípio da legalidade deve observar para 
que seja considerada legítima, temos os seguintes requisitos do princípio da 
proporcionalidade: 
 
31 
Requisitos extrínsecos: judicialidade e motivação. Judicialidade é a exigência que os 
direitos fundamentais só sejam limitados por decisão de um juiz competente – cláusula de 
reserva de jurisdição5. Essa decisão judicial precisa ser motivada, também por se tratar de 
restrição a direito fundamental. Só com a motivação é que poderá ocorrer impugnação e 
fiscalização da atividade jurisdicional. 
Requisitos intrínsecos: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. 
Esses requisitos intrínsecos também são denominados de subprincípios da proporcionalidade, 
ou chamados de seus elementos. 
 Adequação: também chamado de princípio da idoneidade ou da 
conformidade. De acordo com o subprincípio da adequação, a medida que 
restringe direito fundamental é adequada quando for capaz de atingir o fim 
almejado. Não é adequado adotar uma medida restritiva de direitos 
fundamentais se ela não for apropriada para alcançar o resultado pretendido. 
Exemplos: a) se o objetivo é evitar a fuga do acusado, não é adequado 
decretar a proibição de entrar em contato com determinadas pessoas – essa 
medida seria qualitativamente inadequada; b) se uma prisão preventiva foi 
decretada para assegurar a conveniência da instrução criminal, quando a 
instrução for concluída a medida deve ser revogada – caso não seja, essa 
medida seria quantitativamente inadequada. Concluindo: notou que no 
requisito adequação existe uma relação de meio e fim? Pois é, resumindo, para 
saber se uma medida é adequada basta se perguntar no caso concreto se o 
meio escolhido contribui para o resultado pretendido. 
 Necessidade: também chamado de exigibilidade ou princípio da intervenção 
mínima, da menor ingerência possível, da alternativa menos gravosa, da 
subsidiariedade ou da proibição de excesso. De acordo com o subprincípio da 
necessidade, dentre todas as medidas que são adequadas ao caso, deve ser 
adotada aquela que seja menos gravosa, aquela que menos restrinja o direito 
fundamental. É pelo princípio da necessidade que os órgãos jurisdicionais 
 
5 Vide questão 06 ao final do capítulo. 
 
32 
precisam buscar medidas alternativas que, claro, sejam idôneas a alcançar o 
fim almejado. Por exemplo, se o fato pode ser provado por outro meio, não há 
justificativa para autorizar a interceptação telefônica e a sua consequente 
invasãode intimidade. 
 Proporcionalidade em sentido estrito: por esse subprincípio, impõe-se ao 
julgador uma ponderação entre o benefício e o ônus que a medida a ser 
adotada trará. Trata-se de uma relação de custo-benefício da medida – o 
gravame ao direito fundamental restringido guarda proporcionalidade com a 
importância do bem jurídico que com a medida será protegido? 
 
 
33 
 
 
 
QUADRO SINÓTICO 
 INTRODUÇÃO 
CONCEITO 
Conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação jurisdicional do 
Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária e a 
estruturação dos órgãos da função jurisdicional. É ramo do direito público. 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
Privativa da União, podendo ser atribuída aos estados-membros a competência 
sobre questões específicas de direito local mediante lei complementar. Já em 
relação ao Direito Penitenciário, afeto à execução penal, a competência é 
concorrente entre os entes. 
CARACTERÍSTICAS 
 Autonomia 
 Instrumentalidade 
 Normatividade 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
SISTEMA INQUISITORIAL 
Juiz inquisitor – apura, acusa e julga; secreto; sem contraditório; sem 
garantias para o acusado, que é um objeto de investigação, e não um sujeito 
de direitos. 
SISTEMA ACUSATÓRIO 
É o sistema adotado no Brasil. A acusação e a defesa são separadas do órgão 
julgador e estão no mesmo patamar de igualdade em relação ao juiz; 
presença do contraditório e da ampla defesa; princípio da inércia do juiz; 
oralidade e publicidade do processo; princípio da presunção de inocência; 
imparcialidade do julgador. 
SISTEMA MISTO 
Tem uma fase processual de instrução preliminar secreta, a cargo do juiz, 
seguindo o sistema inquisitivo; e outra fase processual pública, em que 
predomina o contraditório nos moldes do sistema acusatório. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL 
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE 
INOCÊNCIA 
Todo acusado é presumido inocente até que se comprove sua culpabilidade. 
 
34 
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO 
É a garantia de ciência dos atos processuais pelas partes e a possibilidade de 
contraditar provas e argumentos elencados pela parte contrária no processo. 
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA 
A ampla defesa no processo penal se manifesta de duas formas: a defesa 
técnica (processual ou específica) e a autodefesa (material ou genérica), que 
são complementares. A primeira é realizada por advogado ou defensor 
público habilitado nos autos, enquanto a autodefesa é exercida pelo próprio 
acusado e ocorre em três contextos: direito ao interrogatório, direito de 
presença nos atos processuais e direito à capacidade postulatória autônoma. 
PRINCÍPIO DA PUBICIDADE Permite a qualquer cidadão o acesso e a fiscalização dos atos jurisdicionais. 
PRINCÍPIO DA BUSCA DA 
VERDADE 
Maior aproximação da certeza dos fatos, a busca pela verdade. Até mesmo 
porque a ação probatória é submetida à algumas restrições, como às provas 
ilícitas. 
PRINCÍPIO DA 
INADMISSIBILIDADE DAS 
PROVAS ILÍCITAS 
Existem limitações aos meios de provas porque eles coexistem com outros 
direitos. 
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL 
O juiz natural é aquele constituído legalmente por regras taxativas de 
competência. É direito do indivíduo de saber, antes de cometer uma conduta 
criminosa, a autoridade que irá processar e julgar o feito. 
PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR 
SE DETEGERE 
Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. 
PRNCÍPIO DA 
PROPORCIONALIDADE 
Adequação + necessidade + proporcionalidade em sentido estrito. 
 
 
 
35 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
Questão 1 
(CESPE – 2018 – PC-MA – Escrivão de Polícia Civil) A disposição constitucional que assegura 
ao preso o direito ao silêncio consubstancia o princípio da 
A) Inexigibilidade de autoincriminação. 
B) Verdade real. 
C) Indisponibilidade. 
D) Oralidade 
E) Cooperação processual 
 
Comentário: 
Gabarito: Letra “A”. 
Essa questão diz respeito ao chamado princípio do nemo tenetur se detegere que 
estudamos nesse capítulo. 
De acordo com esse princípio, ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, 
consubstanciando assim a inexigibilidade de autoincriminação. 
 
Questão 2 
(FEPESE – 2017 – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil) Assinale a alternativa que indica 
corretamente o princípio processual penal, em que a autoridade policial tem o dever legal de 
instaurar o inquérito policial quando da ciência da prática de um crime que se apure mediante 
ação penal pública incondicionada. 
A) Princípio da oficialidade 
 
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B) Princípio da obrigatoriedade 
C) Princípio do delegado natural 
D) Princípio da indisponibilidade 
E) Princípio do impulso oficial 
 
Comentário: 
Gabarito: Letra “B”. 
Nesse caso, estamos diante do chamado princípio da obrigatoriedade, o que indica que 
estando presentes os permissivos legais, estão obrigados a atuar os órgãos incumbidos 
da persecução penal. Assim, sendo a persecução penal de ordem pública, não cabe ao 
delegado de polícia exercer juízo de conveniência. 
Não confunda: o princípio da oficialidade diz respeito ao fato de que a pretensão 
punitiva deve se fazer valer pelos órgãos públicos (inclusive pela autoridade policial), mas 
não diz respeito ao dever legal de instaurar o inquérito. Isso está relacionado ao princípio 
da obrigatoriedade. 
 
Questão 3 
(FEPESE – 2017 – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil) É correto afirmar sobre o princípio 
constitucional do contraditório e da ampla defesa. 
A) O contraditório é de observância obrigatória durante a investigação criminal. 
B) O contraditório obriga o magistrado a sempre ouvir o Ministério Público antes de 
proferir decisões contrárias ao acusado. 
C) Nos crimes dolosos contra a vida, é dispensada a observância dos princípios do 
contraditório e da ampla defesa. 
D) O princípio do contraditório é exclusivo da acusação, ao passo que o princípio da ampla 
defesa deve beneficiar a defesa do acusado. 
E) A ampla defesa assegura ao acusado a utilização dos meios e recursos inerentes 
durante o curso da ação penal. 
 
Comentário: 
 
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 Gabarito: Letra “E”. 
 Isso porque o contraditório é a possibilidade conferida à parte de se manifestar no 
processo e conhecer da versão da parte contrária. 
 Ele não é de observância obrigatória em sede policial, mas se manifesta com relação a 
ambas as partes. 
 A ampla defesa, de outro turno, é o direito de se defender (englobando a defesa 
técnica e a autodefesa). 
 Assim, temos que correta a letra “E”, pois a ampla defesa assegura, com efeito, a 
utilização dos meios e recursos inerentes durante o curso da ação penal. 
 
Questão 4 
(IBADE – 2017 – PC-AC – Escrivão de Polícia Civil) São inadmissíveis, por serem ilícitas, as 
provas que: 
A) Violam normas constitucionais, não recebendo o mesmo tratamento as que violam 
normas infraconstitucionais. 
B) Violam as normas constitucionais e legais, salvo se obtidas de boa fé pelo agente 
policial e forem imprescindíveis ao esclarecimento da autoria. 
C) Violam normas infraconstitucionais, não recebendo o mesmo tratamento as que violam 
as normas constitucionais por serem estas programáticas. 
D) Embora colhidas licitamente derivam das ilícitas. 
E) Violam a moral e os bons costumes. 
 
Comentário: 
Gabarito: Letra “D”. 
O item “D” diz respeito justamente à chamada “teoria dos frutos da árvore envenenada”, 
que dispõe que embora colhidas licitamente, são contaminadas as provas que derivam 
das ilícitas. 
 
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É importante frisar também que provas ilícitas são aquelas produzidas mediante violação 
de normas de direito material, enquanto as provas ilegítimas são aquelas obtidas 
mediante a violação de normas de caráter processual. 
 
Questão 5 
(FUNCAB – 2014 – PJC – MT – Investigador – Escrivão de Polícia) São princípios 
constitucionais do processo penal: 
A) Presunção de inocência, contraditório e verdade real. 
B) Devido processo, ampla defesa, verdade real e dispositivo.C) Juiz natural, presunção de inocência, ampla defesa e contraditório. 
D) Devido processo, presunção de inocência, ampla defesa, contraditório e verdade real. 
E) Devido processo, presunção de inocência, ampla defesa, contraditório e dispositivo. 
 
Comentário: 
Gabarito: Letra “C”. 
De todos os itens apresentados, o que traz apenas princípios constitucionais do processo 
legal é o item “C”. 
Vejamos. 
Princípio do juiz natural: artigo 5o, LIII, CF; 
Princípio da presunção de inocência: artigo 5o, LVII, CF; 
Princípio do contraditório e da ampla defesa: artigo 5o, LV, CF. 
 
Questão 6 
(FUNCAB – 2014 – PJC – MT – Investigador – Escrivão de Polícia) Sobre o princípio da 
reserva de jurisdição, assinale a alternativa correta. 
A) A autoridade policial pode ordenar buscas domiciliares uma vez que não se adotou, em 
nosso ordenamento, a cláusula de reserva de jurisdição. 
B) Segundo o princípio da reserva de jurisdição, sobre determinados temas, a autoridade 
judiciaria tem o monopólio da última palavra. 
 
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C) Vigora em nosso ordenamento a cláusula de reserva de jurisdição, de forma que a 
interceptação telefônica, as buscas domiciliares e a prisão só podem ser determinadas 
por autoridade judiciaria. 
D) Excepcionalmente, as CPIs, por possuírem poderes de investigação típicos da 
autoridade judiciária, podem ordenar buscas domiciliares. 
E) A ordem constitucional brasileira não adotou o princípio da reserva de jurisdição. 
 
Comentário: 
Gabarito: Letra “C”. 
Essa é uma questão que não foi bem redigida, mas também não foi anulada pela banca. 
Por isso, achamos importante trazê-la para o seu estudo. 
É fato que vigora em nosso ordenamento a cláusula de reserva de jurisdição, motivo pelo 
qual a interceptação telefônica e as buscas domiciliares. Entretanto, o item traz dúvida 
quanto à questão da prisão: a nosso ver, deveria ter sido especificado que a prisão 
preventiva deverá ser determinada pela autoridade judiciária, uma vez que há diversos 
tipos: a prisão em flagrante, inclusive, pode ser feita por qualquer do povo. 
 
Questão 7 
(CESPE – 2013 – PC-DF – Agente de Polícia) Considerando, por hipótese, que, devido ao fato 
de estar sendo investigado pela prática de latrocínio, José tenha contratado um advogado 
para acompanhar as investigações, julgue o item a seguir. 
Embora o inquérito policial seja um procedimento sigiloso, será assegurado ao advogado de 
José o acesso aos autos. 
( ) Certo 
( ) Errado. 
 
Comentário: 
Gabarito: Certo. 
 
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Mas, atente-se: o advogado tem o direito de acessar tudo o que estiver documentado e 
entranhado no Inquérito Policial, por isso que a questão se refere aos “autos” (Súmula 
Vinculante 14). 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de 
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
 
Questão 8 
(CESPE - 2013 – PC-DF – Escrivão de Polícia) Com base no que dispõe o Código de Processo 
Penal, julgue o item que se segue. 
A falta de advertência sobre o direito ao silêncio não conduz à anulação automática do 
interrogatório ou depoimento, devendo ser analisadas as demais circunstâncias do caso 
concreto para se verificar se houve ou não o constrangimento ilegal. 
( ) Certo 
( ) Errado. 
 
Comentário: 
Gabarito: Certo. 
Nesse caso, a banca requer um conhecimento jurisprudencial acerca do tema. 
Isso porque o STJ e o STF vêm decidindo no seguinte sentido: 
O STJ, acompanhando posicionamento consolidado no STF, firmou o entendimento de 
que eventual irregularidade na informação acerca do direito de permanecer em silêncio é 
causa de nulidade relativa, cujo reconhecimento DEPENDE da comprovação do 
prejuízo (RHC 67.730/PE, Rel. Ministro Jorge Mussi, DJe 04/05/2016). 
“A falta de advertência sobre o direito ao silêncio não conduz à anulação automática do 
interrogatório ou depoimento, restando mister observar as demais circunstâncias do caso 
concreto para se verificar se houve ou não o constrangimento ilegal." (STF. RHC 107.915, 
rel. min. Luiz Fux, julgamento em 25-10-2011, Primeira Turma, DJE de 16-11-2011.) 
 
 
 
 
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Questão 9 
(CESPE – 2013 – PC-BA – Investigador de Polícia) Julgue o item seguinte, considerando os 
dispositivos constitucionais e o processo penal. 
O direito ao silêncio consiste na garantia de o indiciado permanecer calado e de tal conduta 
não ser considerada confissão, cabendo ao delegado informá-lo desse direito durante sua 
oitiva no inquérito policial. 
( ) Certo 
( ) Errado. 
 
Comentário: 
Gabarito: Certo. 
É o que chamamos de defesa negativa. 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o 
acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de 
permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. (Redação 
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 
Questão 10 
(CESPE – 2012 – PC-AL – Escrivão de Polícia) O CPP não admite as provas ilícitas, 
determinando que devem ser desentranhadas do processo as obtidas com violação a normas 
constitucionais ou legais, inclusive as derivadas, salvo quando não evidenciado o nexo de 
causalidade entre umas e outras ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte 
independente. 
( ) Certo 
( ) Errado. 
 
Comentário: 
Gabarito: Certo, nos termos do artigo 157 do Código de Processo Penal: 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, 
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
 
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§1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
 
 
 
 
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GABARITO 
Questão 1 - A 
Questão 2 - B 
Questão 3 - E 
Questão 4 - D 
Questão 5 - C 
Questão 6 - C 
Questão 7 - CERTO 
Questão 8 - CERTO 
Questão 9 - CERTO 
Questão 10 - CERTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LEGISLAÇÃO COMPILADA 
Princípios Fundamentais do Processo Penal 
 Súmula 351, STF 
É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. 
 Súmula 523, STF 
No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver 
prejuízo para o réu. 
 Súmula 707, STF 
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da 
rejeição da denúncia, não a suprimindo a nomeação de defensor dativo. 
 Súmula 708, STF 
É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi 
previamente intimado para constituir outro. 
 Súmula 522, STJ 
A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada 
autodefesa. 
 
 
 
 
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JURISPRUDÊNCIA 
Princípios Fundamentais do Processo Penal 
 STF. 1ª Turma. HC 102.019/PB. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 17/08/2010, DJe 200 
21/10/2010 
Agravo regimental em habeas corpus. Inicial indeferida liminarmente, em razão do enunciado da Súmula nº 
691/STF. Recurso interposto pelo próprio paciente, que não detinha habilitação legal para tanto. Possibilidade. 
Precedentes. Opção legislativa de se excluir das atividades típicas de advocacia o manuseio do remédio 
constitucional (art. 1º, § 1º, da Lei nº 8.906/94). Ação de caráter constitucional penal e de procedimento especial, 
desprendida de rigor técnico e formal. Conhecimento do recurso. Julgamento de mérito do writ impetrado ao 
Superior Tribunal de Justiça. Prejudicialidade. Precedentes. (...) 2. O habeas corpus, por ser uma ação 
constitucional de caráter penal e de procedimento especial,desprendida de rigor técnico e formal, legitima todo 
aquele que, sofrendo ou vendo-se ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, dele 
se utiliza, em causa própria ou em favor de outrem (art. 654 do Código de Processo Penal). 3. Essa foi opção do 
legislador ao excluir da atividade típica de advocacia a impetração desse remédio constitucional (art. 1º, § 1º, da 
Lei 8.906/94). 4. Calcado nesta premissa, parafraseando o eminente Ministro Francisco Rezek, “quem tem 
legitimação para propor habeas corpus tem também legitimação para dele recorrer” (HC nº 73.455/DF, Segunda 
Turma, DJe de 7/3/97). 5. A Primeira Turma também já consignou que, “versando o processo sobre a ação 
constitucional de habeas corpus, tem-se a possibilidade de acompanhamento pelo leigo, que pode interpor 
recurso, sem a exigência de a peça mostrar-se subscrita por profissional da advocacia ” (HC nº 84.716/MG, 
Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 26/11/04). 6. Recurso conhecido; porém, prejudicado. 
 STF. Plenário. ADI 3.168/DF. Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 08/06/2006, DJe 72 02/08/2007 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. LEI 10.259/2001, ART. 10. 
DISPENSABILIDADE DE ADVOGADO NAS CAUSAS CÍVEIS. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRESENÇA DE ADVOGADO 
NAS CAUSAS CRIMINAIS. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI 9.099/1995. INTERPRETAÇÃO CONFORME A 
CONSTITUIÇÃO. É constitucional o art. 10 da Lei 10.259/2001, que faculta às partes a designação de 
representantes para a causa, advogados ou não, no âmbito dos juizados especiais federais. No que se refere aos 
processos de natureza cível, o Supremo Tribunal Federal já firmou o entendimento de que a imprescindibilidade 
de advogado é relativa, podendo, portanto, ser afastada pela lei em relação aos juizados especiais. Precedentes. 
Perante os juizados especiais federais, em processos de natureza cível, as partes podem comparecer 
 
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pessoalmente em juízo ou designar representante, advogado ou não, desde que a causa não ultrapasse o valor 
de sessenta salários mínimos (art. 3º da Lei 10.259/2001) e sem prejuízo da aplicação subsidiária integral dos 
parágrafos do art. 9º da Lei 9.099/1995. Já quanto aos processos de natureza criminal, em homenagem ao 
princípio da ampla defesa, é imperativo que o réu compareça ao processo devidamente acompanhado de 
profissional habilitado a oferecer-lhe defesa técnica de qualidade, ou seja, de advogado devidamente inscrito nos 
quadros da Ordem dos Advogados do Brasil ou defensor público. Aplicação subsidiária do art. 68, III, da Lei 
9.099/1995. Interpretação conforme, para excluir do âmbito de incidência do art. 10 da Lei 10.259/2001 os feitos 
de competência dos juizados especiais criminais da Justiça Federal. 
 STJ. RHC 22.034-ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/8/2010 
NULIDADE. DEFESAS COLIDENTES. DEFENSOR ÚNICO. Na impetração, afirma-se a nulidade da audiência de oitiva 
das testemunhas de acusação, em razão de os réus serem assistidos pelo mesmo advogado. Sucede que, antes 
de os acusados sustentarem versões antagônicas dos fatos, eles tinham o mesmo patrono, só depois a corré 
constituiu outro advogado. Porém, o novo advogado da corré não compareceu à audiência, tendo o juiz, então, 
designado seu antigo defensor e advogado do ora recorrente para sua defesa no ato. Note-se que o tribunal a 
quo reconheceu, no habeas corpus originário, a colidência das teses defensivas, porém entendeu que não houve 
demonstração do prejuízo. Para a Min. Relatora, trata-se de nulidade absoluta, visto que o reconhecimento da 
colidência de defesa dispensa a demonstração do prejuízo. Diante do exposto, a Turma deu provimento ao 
recurso, apenas para declarar a nulidade da audiência de oitiva das testemunhas de acusação, devendo o 
magistrado repeti-la, e, depois, abrir novo prazo para as alegações finais. Precedentes citados: HC 135.445-PE, 
DJe 7/12/2009, e HC 42.899-PE, DJ 7/11/2005. 
 STF. 2ª Turma. HC 94.601/CE. Rel. Min. Celso de Mello, j. 04/08/2009, DJe 171 10/09/2009 
“HABEAS CORPUS” – SÚMULA 691/STF - INAPLICABILIDADE AO CASO - OCORRÊNCIA DE SITUAÇÃO 
EXCEPCIONAL QUE AFASTA A RESTRIÇÃO SUMULAR – ESTRANGEIRO NÃO DOMICILIADO NO BRASIL – 
IRRELEVÂNCIA – CONDIÇÃO JURÍDICA QUE NÃO O DESQUALIFICA COMO SUJEITO DE DIREITOS E TITULAR DE 
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS – PLENITUDE DE ACESSO, EM CONSEQUÊNCIA, AOS INSTRUMENTOS 
PROCESSUAIS DE TUTELA DA LIBERDADE – NECESSIDADE DE RESPEITO, PELO PODER PÚBLICO, ÀS 
PRERROGATIVAS JURÍDICAS QUE COMPÕEM O PRÓPRIO ESTATUTO CONSTITUCIONAL DO DIREITO DE DEFESA – 
A GARANTIA CONSTITUCIONAL DO “DUE PROCESS OF LAW” COMO EXPRESSIVA LIMITAÇÃO À ATIVIDADE 
PERSECUTÓRIA DO ESTADO (INVESTIGAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL) – O CONTEÚDO MATERIAL DA 
CLÁUSULA DE GARANTIA DO “DUE PROCESS” – INTERROGATÓRIO JUDICIAL - NATUREZA JURÍDICA - MEIO DE 
DEFESA DO ACUSADO - POSSIBILIDADE DE QUALQUER DOS LITISCONSORTES PENAIS PASSIVOS FORMULAR 
REPERGUNTAS AOS DEMAIS CO-RÉUS, NOTADAMENTE SE AS DEFESAS DE TAIS ACUSADOS SE MOSTRAREM 
COLIDENTES – PRERROGATIVA JURÍDICA CUJA LEGITIMAÇÃO DECORRE DO POSTULADO CONSTITUCIONAL DA 
AMPLA DEFESA - PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (PLENO) – MAGISTÉRIO DA DOUTRINA. 
 
 STJ. 6ª Turma. REsp 346.677/RJ. Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJe 30/09/2002 
 
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(...) 1. O comparecimento do réu aos atos processuais, em princípio, é um direito e não um dever, sem embargo 
da possibilidade de sua condução coercitiva, caso necessário, por exemplo, para audiência de reconhecimento. 
Nem mesmo ao interrogatório estará obrigado a comparecer, mesmo porque as respostas às perguntas 
formuladas ficam ao seu alvedrio. 2. Já a presença do defensor à audiência de instrução é necessária e 
obrigatória, seja defensor constituído, defensor público, dativo ou nomeado para o ato. (...) 
 STJ. 5ª Turma. RMS 49.920/SP. Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 02/08/2016, DJe 
10/08/2016 
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. AÇÃO PENAL. SUPOSTO 
FORNECIMENTO E DIVULGAÇÃO, VIA INTERNET, DE IMAGENS PORNOGRÁFICAS E DE SEXO EXPLÍCITO 
ENVOLVENDO CRIANÇAS E ADOLESCENTES. INDICAÇÃO, NO SISTEMA ELETRÔNICO DA JUSTIÇA FEDERAL, DO 
NOME DE RÉU MAIOR DE IDADE E DA TIPIFICAÇÃO LEGAL DO DELITO DO QUAL É ACUSADO EM AÇÃO PENAL: 
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO À INTIMIDADE DO RÉU. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PUBLICIDADE DOS ATOS 
PROCESSUAIS. SEGREDO DE JUSTIÇA QUE SE ESTENDE APENAS A FASES DO PROCESSO E, EM SE TRATANDO DE 
DELITOS PREVISTOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA, À PROTEÇÃO DA INTIMIDADE DAS 
VÍTIMAS. EXEGESE DOS ARTS. 1º E 2º DA RESOLUÇÃO 121/2010, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. 1. 
Muito embora o delito de divulgação de pornografia infantil possa causar repulsa à sociedade, não constitui 
violação ao direito de intimidade do réu a indicação, no sítio eletrônico da Justiça Federal, do nome de acusado 
maior de idade e da tipificação do delito pelo qual responde em ação penal, ainda que o processo tramite sob 
segredo de justiça. 2. A CF, em seu art. 5º, XXXIII e LX, erigiu como regra a publicidade dos atos processuais, 
sendo o sigilo a exceção, visto que o interesse individual não pode se sobrepor ao interesse público. Tal norma é 
secundada pelo disposto no art. 792, caput, do CPP. A restrição da publicidade somente é admitida quando 
presentes razões autorizadoras, consistentes na violação da intimidade ou se o interesse público o determinar. 3. 
Nessa mesma esteira, a Quarta Turma desta Corte, examinando o direito ao esquecimento em leading case de 
repercussão social (REsp 1.334.097/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
28/05/2013, DJe 10/09/2013), reconheceu ser "evidente o legítimo interesse público em que seja dada 
publicidade da resposta estatal ao fenômeno criminal.". 4. Os dispositivos constantes nos arts. 1º e 2º da 
Resolução n. 121/2010 do CNJ, que definem os dados básicos dos processos judiciais

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