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Pesquisa em Serviço Social

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Educação a Distância
GRUPO
Caderno de Estudos
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL
 Prof. Fabrício André Tavares
UNIASSELVI
2011
NEAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Copyright  UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof. Fabrício André Tavares
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo Da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
 
363
T231p Tavares, Fabrício André
 Pesquisa em serviço social / Fabrício André Tavares
 Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2011.
 
 256 p. il. 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-367-9
 1. Serviço Social 2. Pesquisa
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
 
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Acadêmico(a)!
 Apresentamos a você a disciplina de Pesquisa em Serviço Social. Você, a partir de 
agora, estará em contato com todos os elementos que envolvem a questão da pesquisa. 
Iniciaremos discutindo os principais fundamentos desta, ampliando os conhecimentos em 
relação à pesquisa no âmbito social.
Daremos toda a atenção à relação da pesquisa com o Serviço Social, assim como da 
sua importância para a legitimação da profissão no mundo acadêmico.
Trataremos também da pesquisa como instrumento fundamental da prática profissional 
do Assistente Social, assim como os resultados que têm sido obtidos dela na contemporaneidade.
Por fim, possibilitaremos que você possa experienciar a elaboração de um projeto de 
pesquisa, o primeiro de muitos, que certamente farão parte de sua trajetória profissional.
Certamente, os conteúdos aqui apreendidos servirão de exímio significado para sua 
trajetória acadêmica, e posteriormente, profissional.
Bons estudos!
Prof. Fabrício André Tavares
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL iii
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL iv
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL v
SUMÁRIO
UNIDADE 1: A PESQUISA E SUAS PARTICULARIDADES ........................................... 1
TÓPICO 1: CIÊNCIA E A DESCOBERTA DA REALIDADE ............................................ 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 O QUE É CIÊNCIA? ....................................................................................................... 3
3 A IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA E DO SABER .............................................................. 5
4 A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS ............................................................................ 7
5 A CIÊNCIA COMO BASE PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ................ 8
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 15
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 17
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 18
TÓPICO 2: CONCEITO E FINALIDADES DA PESQUISA ............................................ 19
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 19
2 CONCEITOS DE PESQUISA ....................................................................................... 19
3 FINALIDADES DA PESQUISA .................................................................................... 22
4 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 23
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 29
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 33
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 34
TÓPICO 3: MÉTODOS NAS CIÊNCIAS SOCIAIS ......................................................... 35
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 35
2 COMPREENDENDO AS CIÊNCIAS SOCIAIS ............................................................ 35
3 O MÉTODO CIENTÍFICO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS .................................................. 36
4 MÉTODO DIALÉTICO HISTÓRICO PARA MARX ...................................................... 39
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 42
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 45
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 46
TÓPICO 4: A PESQUISA SOCIAL ................................................................................. 47
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 47
2 DEFINIÇÃO E FINALIDADE DA PESQUISA SOCIAL ............................................... 47
3 NÍVEIS DE PESQUISA SOCIAL .................................................................................. 49
4 O PAPEL DO PESQUISADOR NA PESQUISA SOCIAL ............................................ 53
5 ETAPAS METODOLÓGICAS DA PESQUISA SOCIAL .............................................. 55
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 58
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................. 61
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 62
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 63
UNIDADE 2: ELEMENTOS DA PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL ............................. 65
TÓPICO 1: PESQUISA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO SERVIÇO SOCIAL 67
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 67
2 RESGATE HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL E A RELAÇÃO COM A PESQUISA 67
2.1 DÉCADA DE 1980 ..................................................................................................... 69
2.2 DÉCADA DE 1990 ..................................................................................................... 70
3 IMPORTÂNCIA DA PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL ............................................. 73
4 PARTICULARIDADE DA PESQUISA PARA O SERVIÇO SOCIAL ........................... 75
5 RETORNO E ALCANCE SOCIAL DAS PESQUISAS NO SERVIÇO SOCIAL ........... 76
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 79
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 83
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 85
TÓPICO 2: ÉTICA E PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL .............................................. 87
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 87
2 CONCEITUANDO A ÉTICA .........................................................................................87
3 A ÉTICA E O SABER – ELEMENTOS DA BIOÉTICA ................................................ 88
4 SERVIÇO SOCIAL E A ÉTICA NA PESQUISA ........................................................... 90
5 CENTRALIDADE DOS SUJEITOS NAS PESQUISAS DO SERVIÇO SOCIAL ......... 92
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 96
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 104
TÓPICO 3: ÁREAS DE ABRANGÊNCIA DA PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL ...... 105
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 105
2 A ABEPSS .................................................................................................................. 105
3 A PESQUISA QUALIFICANDO A PRÁTICA PROFISSIONAL ................................. 107
4 A PESQUISA EM CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL .................. 109
5 A PESQUISA NA PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL ................................. 115
LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 117
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 123
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 125
TÓPICO 4: ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DO ASSISTENTE SOCIAL
 PESQUISADOR ......................................................................................... 127
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 127
2 CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE O ATO DE PESQUISAR ............... 127
3 TORNANDO-SE UM PESQUISADOR ....................................................................... 128
4 COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS NO ATO DE PESQUISAR ..................................... 129
5 PARTICIPAÇÃO EM NÚCLEOS DE ESTUDO E GRUPOS DE PESQUISA ............ 132
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 135
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 141
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL vi
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL vii
TÓPICO 5: ELEMENTOS DE UM PROJETO DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL 143
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 143
2 O PROJETO DE PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL ............................................... 143
3 ELEMENTOS DO PROJETO DE PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL ..................... 146
4 A COLETA DE DADOS DA PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL .............................. 149
5 MENSURANDO OS RESULTADOS DA PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL .......... 154
5.1 ANALISANDO OS DADOS ...................................................................................... 154
5.2 ELABORANDO O RELATÓRIO DA PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL ................ 155
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 157
RESUMO DO TÓPICO 5 ............................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 163
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 164
UNIDADE 3: PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL: PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E
 RESULTADOS ........................................................................................ 165
TÓPICO 1: RETOMANDO OS ELEMENTOS DO PROJETO DE PESQUISA ............ 167
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 167
2 PASSOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO ............................................. 167
3 O QUE É O PROBLEMA DE PESQUISA? ............................................................... 170
4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ................................................................................ 173
5 O QUE SE PRETENDE DESENVOLVER? OS OBJETIVOS .................................... 177
6 O QUE JÁ SEI SOBRE O TEMA? REVISÃO DE LITERATURA .............................. 180
7 COMO SE FARÁ O TRABALHO? METODOLOGIA ................................................. 186
8 QUANDO SERÁ DESENVOLVIDA CADA ETAPA DA PESQUISA? 
O CRONOGRAMA ........................................................................................................ 189
9 QUANTO E COM O QUE SE IRÁ GASTAR? O ORÇAMENTO E OS RECURSOS 190
10 ONDE FOI PESQUISADO? AS REFERÊNCIAS .................................................... 192
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 195
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 199
TÓPICO 2: CONSTRUINDO AS HIPÓTESES E DEFININDO O DELINEAMENTO
 DA PESQUISA ........................................................................................... 201
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 201
2 O QUE SÃO HIPÓTESES DE PESQUISA? .............................................................. 201
3 TIPOS DE HIPÓTESES ............................................................................................. 202
4 FORMULAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DAS HIPÓTESES DE PESQUISA ........... 204
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 208
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 210
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 211
TÓPICO 3: VARIÁVEIS E AMOSTRAGEM NA PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL .. 213
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 213
2 MENSURAÇÃO E ELABORAÇÃO DAS VARIÁVEIS NA PESQUISA SOCIAL ...... 213
3 PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA AMOSTRAGEM ............................................. 214
3.1 AMOSTRA ............................................................................................................... 215
4 TIPOS DE AMOSTRAGEM E TAMANHO DA AMOSTRA ........................................ 215
4.1 AMOSTRA PROBABILÍSTICA ................................................................................. 216
4.2 AMOSTRAS NÃO PROBABILÍSTICAS ................................................................... 217
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 221
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 224
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 225
TÓPICO 4: INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS E O TRABALHO 
DE CAMPO ................................................................................................................... 227
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................227
2 DEFININDO OS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................. 227
3 QUESTIONÁRIO, ENTREVISTA E OBSERVAÇÃO COMO INSTRUMENTOS
 DE COLETA DE DADOS ........................................................................................... 228
4 A COLETA DE DADOS .............................................................................................. 230
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 232
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 234
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 235
TÓPICO 5: ANÁLISE DOS DADOS E A ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO 
DA PESQUISA .............................................................................................................. 237
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 237
2 DEFININDO A ANÁLISE DE DADOS ........................................................................ 237
3 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS ....................................................... 238
4 ANÁLISE ESTATÍSTICA DE DADOS ........................................................................ 238
5 ANÁLISE QUALITATIVA ............................................................................................ 240
6 REDIGINDO O RELATÓRIO DE PESQUISA ............................................................ 242
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 243
RESUMO DO TÓPICO 5 ............................................................................................... 249
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 250
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 251
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 253
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL viii
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UNIDADE 1
A PESQUISA E SUAS 
PARTICULARIDADES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
	compreender o conceito de ciência;
	estabelecer uma relação entre ciência, conhecimento e saber;
	compreender o que é uma pesquisa e qual sua finalidade no meio 
acadêmico;
	analisar os diferentes métodos utilizados nas ciências sociais;
	conhecer os elementos que fazem parte de uma pesquisa na área 
social.
TÓPICO 1 – CIÊNCIA E A DESCOBERTA DA 
REALIDADE
TÓPICO 2 – CONCEITO E FINALIDADES DA 
PESQUISA
TÓPICO 3 – MÉTODOS NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
TÓPICO 4 – A PESQUISA SOCIAL
PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos e, ao final de cada 
um deles, você terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos 
realizando as atividades propostas.
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CIÊNCIA E A DESCOBERTA 
DA REALIDADE
1 INTRODUÇÃO
2 O QUE É CIÊNCIA?
TÓPICO 1
UNIDADE 1
Neste tópico estudaremos a Ciência, assim como a contribuição desta para a descoberta 
da realidade. Iniciaremos conceituando ciência, relacionando-a com o saber e a aquisição do 
conhecimento.
A busca pela compreensão do que é Ciência se dá por diversos autores, o que 
desencadeou o surgimento de ideias muito diversificadas para a mesma. Isso quer dizer que 
não é o aspecto definitivo que caracteriza a definição de Ciência e, sim, o fato de ser algo que 
se encontra em contínuo aprimoramento.
Conforme o Dicionário Aurélio (2010, p. 41), é possível descrever quatro maneiras 
distintas à Ciência, sendo elas:
1. Como representação do conhecimento, advinda do termo latino “scientia”.
2. Enquanto um conjunto organizado de conhecimentos referentes a um ob-
jeto específico, mais precisamente quando obtidos através de observação, 
experiência dos fatos e um método próprio.
3. Como a soma de conhecimentos práticos, destinados a um fim determinado, 
ou o somatório dos conhecimentos humanos, sendo considerados enquanto 
conjunto.
4. Enquanto o saber adquirido por meio de leitura e meditação, erudição, 
instrução e sabedoria.
Com base nestas considerações, tem-se que a ciência inicia pela tentativa mais 
UNIDADE 1TÓPICO 14
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elementar do dia a dia de experienciar, dominar e entender a natureza física e humana.
FONTE: Disponível em: <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://
www.baupirata.com/arquivos/omapa/ciencia.
jpg&imgrefurl=http://www.baupirata.com/2009/08/17>. Acesso 
em: 8 out. 2010.
Quando se questiona sobre o surgimento da Ciência, considera-se que esta se deu no 
final do século XIX, desenvolvendo-se intensamente a partir do século XX. Tal desenvolvimento 
foi baseado no modelo das ciências naturais e do espírito do positivismo, que imperavam na 
referida época histórica. No transcorrer deste caderno aprofundaremos os conhecimentos 
referentes às ciências naturais e ao espírito positivista. 
Pode-se compreender, também, que a ciência consiste numa tomada de consciência de 
um mundo vivido pelo homem e que demanda uma ação crítico-prática, envolvendo o mundo 
sensível, perceptível e intelectivo do ser pensante. É a partir desta compreensão que emergem 
os conhecimentos que irão direcionar a busca de novos saberes.
Segundo Gil (1999), a concepção de Ciência se dá como sendo um conjunto de teorias, 
leis, descrições, padrões e interpretações, que buscam alcançar o conhecimento de uma 
parcela específica da realidade. 
Dessa forma, a ciência está em constante renovação, no sentido de dar respostas 
a inúmeros questionamentos que vão emergindo no cotidiano. Ela emerge através de um 
conjunto de constante ampliação e renovação, culminando no surgimento e aplicação de uma 
metodologia especializada, reconhecida como a Metodologia Científica.
FIGURA 1 – CIÊNCIA
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Defina, com suas palavras, o que é Ciência.
3 A IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA E DO SABER
São vários os motivos que justificam a importância da ciência e do saber. Ambas as 
dimensões teriam uma ligação muito próxima com a produção de conhecimentos. Define-se 
que, enquanto práxis, o conhecimento constitui-se como sendo uma atividade “teórico-prática” 
e/ou “prático-teórica”, pois a teoria orienta a ação e a prática estrutura e/ou realimenta a teoria. 
Dessa forma, 
[...] o conhecimento não consiste, somente, numa mera expressão de imagens 
cognitivas, mas é, antes, uma coexistência do sujeito com o objeto numa reali-
dade determinada; é o sujeito cognoscente envolvido com o mundo cognoscível 
(BARROS; LEHFELD, 2003, p. 24).
Seguindo a lógica dos autores citados, pode-se observar que desde o nascimento, o 
homem, em contato com a natureza e os objetos ao seu redor, aprende, através dos princípios 
de inclusão e exclusão, a distingui-los. E mais, o sujeito interpreta o seu universo através da 
tradição social e cultural que faz parte de seu contexto. Dessa forma, sabe, por exemplo, o 
que é casa, e qual a utilidade de uma porta, o que é uma mesa, dentre outros. 
O sujeito vivencia, então, suas crenças e experiências. É na medida em que a 
insegurança de suas experiências sugere erros e conflitos, que passam a surgir as dúvidas. 
Como resultado, tem-se a reflexão, como forma de respostas a problematizações feitas e que 
exigem decisões. Assim o homem necessita, então, pensar e meditar; necessita, efetivamente, 
saber a que se ater, e, dessa forma, o conhecimento passa a ser trajetória para a consequência 
do ato de conhecer, no qual se busca o saber teórico e prático de situações objetivas e subjetivas.
Assim sendo, de acordo comBarros e Lehfeld (2003), o valor do conhecimento reside 
nos seguintes fatores:
● Busca e aquisição de informações para solução de problemas experienciais e vivenciais.
● Aplicação dos conhecimentos obtidos para promover o progresso material e espiritual do 
homem e da sociedade.
● Fonte de invenções e criações técnico-científicas, capazes de beneficiar a vida humana. 
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Observa-se então que o conhecimento tem significativa importância na solução de 
problemas, na busca de conhecimentos que promovam o progresso da ciência, da mesma 
forma que o desenvolvimento constante do ser humano.
Na contemporaneidade, destaca-se o fato de que não existe qualquer limitação ou 
controle para o ser humano conhecer algo. Pelo contrário, o que se apresenta é a imensa 
liberdade e o direito de obter o conhecimento. Conforme Demo (2000), há duas faces 
apresentadas pelo conhecimento, que são ambíguas. São elas:
● Com o conhecimento o ser humano está, cada vez mais, à mercê de sua própria história, 
porém,
● O conhecimento traz consigo a possibilidade de acabar com a história, enfatizando o fato 
de que ele tem servido persistentemente aos poderosos.
Assim, o conhecimento tem a possibilidade de envolver tanto elementos de 
emancipação do ser humano, como de destruição. Tudo depende do direcionamento ético 
e filosófico direcionado ao conhecer e, ao mesmo tempo, ao que é conhecido.
FONTE: Disponível em: <http://www.visionvox.com.br/biblioteca/p/projeto-de-pesquisa.txt>. Acesso 
em: 8 fev. 2011.
FONTE: Disponível em: <http://www.folhademinasgerais.com/wp-content/
uploads/2010/10/ciencia.jpg>. Acesso em: 8 out. 2010.
FIGURA 2 – CIÊNCIA E SABER
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4 A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS
Em nível metodológico, as ciências podem ser classificadas de diferentes formas. 
Salienta-se que não existiria um consenso nesta classificação. O que é ciência para alguns 
autores ainda permanece como ramo de estudo para outros, e vice-versa. 
Nesta disciplina se estará adotando a classificação apresentada por Marconi & Lakatos 
(2000), que definem a ciência como sendo Formal ou Factual. As mesmas podem ser assim 
descritas:
a) AS CIÊNCIAS FORMAIS
Encarregam-se do estudo das ideias, dividindo-se em lógica e matemática. Ressalta-
se que por não terem relação com algo encontrado na realidade, não podem valer-se dos 
contatos com essa realidade para validar suas fórmulas, utilizando a lógica para demonstrar 
rigorosamente seus teoremas. Os resultados obtidos pelas ciências formais demonstram 
ou provam hipóteses.
b) AS CIÊNCIAS FACTUAIS 
Encarregam-se do estudo dos fatos, dividindo-se em naturais e sociais. Referem-se a 
fatos que supostamente ocorrem no mundo e, em consequência, recorrem às observações 
e às experimentações para comprovar ou refutar suas hipóteses. Os resultados alcançados 
pelas ciências factuais verificam, comprovam ou refutam hipóteses que, em sua maioria, 
são provisórias.
FONTE: Disponível em: <http://jararaca.ufsm.br/websites/deaer/download/SUBPASTA01/Froehlich/
Cienconheccient.pdf>. Acesso em: 8 fev. 2011.
No Serviço Social observa-se uma relação próxima com as ciências sociais. A obtenção 
de novos saberes se dá, então, através da aproximação com diferentes fenômenos sociais, 
os quais podem ser comprovados, refutados e, comumente, superados com a realização de 
novas pesquisas. No transcorrer deste caderno se estará aprofundando os conhecimentos 
referentes ao Serviço Social e à construção de novos saberes.
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5 A CIÊNCIA COMO BASE PARA A 
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
O homem, por sua capacidade de ação e reflexão, relaciona-se com o mundo e com as 
pessoas em um contexto social e histórico determinado. Na medida em que essas relações vão 
se estabelecendo, o sujeito passa a construir um sistema de representações que lhe possibilita 
viver e compreender a sua própria existência. Ressalta-se que, dependendo da maneira como 
o homem irá estabelecer suas relações com a realidade, ele poderá apreendê-la de formas 
diferenciadas, construindo diversos sistemas de representação.
Por isso, é possível se reconhecer diversas formas do ser humano representar e explicar 
o seu mundo, como, por exemplo, a científica e a do senso comum. Esses diferentes saberes 
são modos específicos de conhecer, expressar e intervir na própria realidade. Dessa forma, o 
sujeito, inserido em seu contexto social, interpreta a si e ao mundo criando significações várias 
e, conforme o modo como estas são criadas, ele criará um tipo determinado de conhecimento.
Como já estudado até aqui, percebe-se que várias são as teorias, os pensadores e 
as definições acerca da ciência. Como forma de se aprofundar os elementos que emergem 
na produção do conhecimento, pode-se definir dois tipos distintos de teorias existentes que 
buscam explicar o conhecimento. São elas:
● Conhecimento Ordinário ou Vulgar (Senso Comum).
● Conhecimento Científico.
Cada um deles será explicado a seguir.
a) Senso Comum
O Senso Comum é também denominado “Empírico” e refere-se ao saber adquirido 
no decorrer da vida cotidiana, abrangente a toda população. Ocorre ao acaso, tendo por 
base a experiência vivida ou repassada entre gerações, como maneira de transmitir as 
tradições. Geralmente o conhecimento empírico é resultado de vivências de erro e acerto, sem 
comprometer uma metodologia de observação ou verificações permanentes. E, exatamente 
em função dessas condições, não apresenta caráter científico. 
A forma ordinária de o homem criar suas representações é através do senso comum, 
que surge da necessidade de resolver problemas imediatos da vida cotidiana. É, portanto, 
uma forma espontânea e assistemática de representar a realidade, sem aprofundar os 
fundamentos da mesma através de um método adequado. As motivações dessa forma de 
conhecer têm como fundamento o interesse prático e as vivências e crenças pessoais.
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FONTE: Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/laviecs/edu02022/portifolios_educacionais/t_20061_m/
Fernando_Martins/FERNANDO_MARTINS/planejamento_geral.html>. Acesso em: 8 fev. 
2011.
O senso comum se situa num âmbito cognitivo muito próximo dos elementos concretos 
da realidade, o que certamente implica determinado grau de abstração. Contudo, ele permanece 
ainda muito preso às representações sensíveis, não conseguindo ultrapassá-las, a fim de atingir 
um nível maior de elaboração com a criação ou a assimilação de conceitos cujos significados 
aprofundem a compreensão da realidade. Esta é a dificuldade cognitiva dos indivíduos que 
se mantêm ligados à apreensão sensível dos fenômenos, pois isso faz com que conheçam 
apenas os fatos a partir de sua aparência. 
Desse modo, conforme Schaefer e Jantsch (2005, p.16), tendo como base qualquer esfera 
da realidade, o senso comum se movimenta como “um círculo fechado, pela impossibilidade 
de transpor a simples concretude do mundo sensível”.
Dentre outras, destacamos as seguintes características dessa forma de conhecimento: 
Heterogeneidade; Ausência de crítica; Imediatismo; Dogmatismo. Cada uma destas 
características será destacada a seguir.
 Heterogeneidade 
O senso comum é um conhecimento formado mediante um aglomerado indiscriminado 
de elementos de naturezas diversas, que são acoplados e justapostos, formando um conjunto 
sem unidade e coerência internas. O grau de organização ou reelaboração desses elementos 
não possibilita chegar a uma síntese com uma compreensão mais aprofundada. Essa forma 
de conhecer reorganiza os elementos, compondo algo diverso do originalmente oferecido, mas 
continua circunscrita à realidade imediata.
Assim, o senso comum procede de uma simples junção de ideias, noções ou conceitos, 
sem uma compreensão mais aprofundada da realidade. Por exemplo, ele consegue percebera falta de moradia e de alimentos, o desemprego, as doenças, os baixos salários. Contudo, 
não percebe a lógica de produção e inter-relação entre esses elementos.
FONTE: Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/laviecs/edu02022/portifolios_educacionais/t_20061_m/
Fernando_Martins/FERNANDO_MARTINS/planejamento_geral.html>. Acesso em: 8 fev. 
2011.
 Ausência de crítica 
O senso comum é constituído por uma multiplicidade de noções provenientes da vida 
cotidiana. O mundo vivido, como o trabalho, o emprego e o desemprego, o consumo, as relações 
sociais, as práticas religiosas, os programas de televisão, é assimilado de forma fragmentada. 
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Desse modo, não atinge um nível de crítica necessário para compreender a realidade além do 
imediatamente vivido. A consciência do homem que se movimenta no âmbito do senso comum é 
uma consciência dual e contraditória. Tendo em vista seu comportamento, sua visão de mundo 
e sua ética, pode-se dizer que são seres fatalistas face à situação concreta onde vivem. 
Na maioria das vezes, o fatalismo se refere ao destino ou a uma concepção de Deus, 
que se constituem nas entidades responsáveis pelos acontecimentos da vida.
FONTE: Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/laviecs/edu02022/portifolios_educacionais/t_20061_m/
Fernando_Martins/FERNANDO_MARTINS/planejamento_geral.html>. Acesso em: 8 fev. 
2011.
 Imediatismo
A realidade é apreendida tal como aparece num primeiro momento, sem maiores 
preocupações de ultrapassar as aparências. Nessa forma de conhecer há forte tendência de o 
indivíduo ficar preso à realidade, sem tomar distância dela, e superar sua opacidade mediante 
um conhecimento mais elaborado. O senso comum não permite que o sujeito se distancie dos 
fatos e que os veja sob ângulos diferentes daqueles fornecidos pela própria vivência.
Essa tomada dos fatos, no seu imediatismo, leva os indivíduos a fazerem da realidade 
vivida um mundo fragmentado, constituído de elementos dissociados entre si. E, na medida 
em que ele fica adstrito ao mundo vivido, percebendo-o de forma fragmentada, não alcança 
uma compreensão mais aprofundada do real e, menos ainda, o consequente alargamento das 
possibilidades de sua ação.
 Dogmatismo
O dogmatismo se apresenta como uma espécie de “porto seguro”, no qual o sujeito se 
ancora e permanece com medo de se aventurar. No “porto seguro”, o indivíduo se abriga em 
suas próprias ideias, noções e valores. Sua concepção de mundo resiste a modificações. Em 
lugar de possibilitar uma crítica e um alcance de níveis mais aprofundados de compreensão 
da realidade, o dogmatismo cristaliza tanto o entendimento como a prática dos indivíduos. 
Isso não significa, porém, que o senso comum seja imutável, uma vez que é social e histórico 
e, portanto, um conhecimento sujeito a transformações, embora insuficientes para superar as 
primeiras impressões da realidade.
Apesar dessas características que, de certo modo, definem o senso comum a partir de 
seus limites internos, faz-se relevante considerar a outra face dessa forma de conhecer, que 
aponta para suas possibilidades. 
O senso comum é uma forma de conhecer que faz parte do universo mental e da prática 
cotidiana da maioria das pessoas. Para Gramsci (2006), existe uma dimensão crítica presente 
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no senso comum, denominada de bom senso, sendo o conjunto de elementos de negatividade 
e criticidade que mostra a possibilidade de sua superação. Assim, o bom senso encontra-se 
no mínimo de reflexão presente nas práticas cotidianas, fazendo com que o indivíduo possa 
sobreviver em um meio social que o coloca em posição de subalterno.
Além disso, é preciso assinalar a criação de uma cultura ou um saber popular forjado 
pelas próprias camadas populares, capaz de explicitar parcialmente suas condições de 
existência. Embora não seja um saber que se estruture e se expresse com categorias do 
universo acadêmico, é um conhecimento que possibilita a esses grupos compreender muitos 
aspectos da realidade e orientar suas práticas cotidianas.
b) Conhecimento Científico 
O Conhecimento Científico é uma conquista intencional, sistemática e consciente. Nesse 
aspecto, ressalta-se que a grande contribuição para o conhecimento científico foi a descoberta 
do método científico. E, segundo Demo (2000), o conhecimento científico é consequência de 
uma investigação metódica e sistemática de algum fenômeno. Isso quer dizer que ela perpassa 
o fenômeno em si, vai além dos fatos, analisando e buscando encontrar suas causas para 
descobrir as normas que os guiam.
A partir dessa compreensão é possível alegar que o conhecimento deve se configurar 
como:
● Objetivo: sendo independente, ou seja, descreve a realidade sem influências do pesquisador.
● Racional: a razão deve ser sua guia, enquanto a emoção ou as impressões não são 
consideradas para se formular o resultado.
● Sistemático: o foco é o desenvolvimento de ideias organizadas de maneira racional, ao 
mesmo tempo em que se busca inserir conhecimentos parciais em uma totalidade cada 
vez mais abrangente.
● Geral: o seu comprometimento é com a elaboração de normas e leis gerais, que sejam 
relacionadas a um determinado fenômeno específico.
● Verificável: torna possível a verificação da veracidade das informações.
● Falível: tem consciência de sua capacidade de errar.
Conhecimento Científico, então, é um processo desencadeado progressivamente, em 
função do devir a ser, e que emerge da coexistência ou da relação entre teoria e prática; sendo 
que a prática é o fundamento da teoria. A partir desta relação, tem-se o processo e a maturação 
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do conhecimento (BARROS & LEHFELD, 2003).
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Na sua opinião, qual a diferença entre senso comum e o 
conhecimento científico?
O conhecimento científico consiste no aperfeiçoamento do conhecimento comum e 
ordinário, sendo obtido através de um procedimento metódico, o qual mobiliza explicações 
rigorosas e/ou plausíveis sobre o que se afirma a respeito de um objeto ou realidade. 
Para o conhecimento científico, a realidade a ser conhecida é apresentada como um 
objeto à mostra, claro e transparente. Há uma distinção entre as coisas tal como aparecem 
num primeiro momento à nossa percepção e como são na realidade, isto é, entre a forma 
de manifestação das coisas e sua real constituição.
Esse pressuposto, segundo o qual não há coincidência entre aparência e essência, 
coloca uma exigência ao conhecimento humano: conhecer os fenômenos na sua dinâmica 
interna, desvelando os elementos específicos que o constituem. E conhecer os fenômenos na 
sua essência, naquilo que apresentam de mais original e particular, é tarefa do conhecimento 
científico. 
FONTE: Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/laviecs/edu02022/portifolios_educacionais/t_20061_m/
Fernando_Martins/FERNANDO_MARTINS/planejamento_geral.html>. Acesso em: 8 fev. 
2011.
Assim:
o conhecimento não se produz a partir de um simples reflexo do fenômeno, 
tal como este aparece para o homem; o conhecimento tem que desvendar no 
fenômeno aquilo que lhe é constitutivo e que é, em princípio, obscuro; o método 
para a produção desse conhecimento assume, assim, um caráter fundamental: 
deve permitir tal desvendamento, deve permitir que se descubra, por trás da 
aparência, o fenômeno tal como é realmente, o que determina, inclusive, que 
ele apareça da forma como o faz. (ANDRY, 1998, p. 29)
O desvelamento dos fenômenos, contudo, não ocorre de maneira espontânea na vida 
das pessoas. Antes, é tarefa que implica um longo trabalho de investigação que consiga analisar 
os elementos particulares, estabelecendo relações entre os mesmos e, a partir daí, recompor o 
fenômeno, formando uma nova totalidade. Assim, o conhecimento científico não é um simples 
reflexo ou uma representação do fenômeno, mas um produto do esforço intelectualdo indivíduo.
Na construção do conhecimento, o sujeito age prática e intelectualmente sobre seu 
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objeto de investigação e o reconstrói no seu pensamento através das três etapas, sendo elas: 
a percepção da realidade; da percepção da realidade ao pensamento abstrato; do pensamento 
abstrato à prática. Cada uma delas será descrita a seguir.
 A percepção da realidade
A realidade é percebida através de nossos sentidos. Essa aproximação com o real é a 
fase inicial do processo de produção do conhecimento científico, que nos permite apreender a 
aparência, a exterioridade dos fenômenos sociais, culturais, econômicos, psíquicos etc. Esta 
primeira percepção, contudo, não é um ato através do qual a realidade imprime suas marcas na 
mente do sujeito. Ao contrário, trata-se de um ato ativo do sujeito, no qual intervêm elementos 
já presentes no seu pensamento, na sua memória, no seu modo de agir. A percepção da 
realidade se dá, portanto, como produto das relações que o indivíduo estabelece através de 
sua prática social no contexto onde vive.
 Da percepção da realidade ao pensamento abstrato
Após esse primeiro nível de percepção dos fatos, há que se fazer o esforço necessário 
para romper a aparência dos fenômenos, descobrir seus elementos internos, bem como as 
conexões entre eles e com a realidade global onde estão inseridos. Tais conexões são invisíveis 
à percepção dos sentidos.
Para passar da aparência à essência dos fenômenos, é preciso seguir um processo 
de abstração do pensamento que consiste na análise das percepções obtidas e na síntese 
de seus elementos constitutivos, mediante conceitos que reconstituem aquele mesmo fato 
com nova configuração. O processo de abstração pode ir se aprofundando, ao ponto de 
formular leis e teorias da natureza e da sociedade com validade universal.
FONTE: Disponível em: <http://www6.ufrgs.br/laviecs/edu02022/portifolios_educacionais/t_20061_m/
Fernando_Martins/FERNANDO_MARTINS/planejamento_geral.html>. Acesso em: 8 fev. 
2011.
Entretanto, a abstração exige do sujeito o exercício e a aplicação de determinadas 
habilidades intelectuais:
a) Associação: relacionar o fenômeno em estudo com outros, buscando semelhanças e 
diferenças, implicações mútuas e contradições.
b) Análise: desmembrar o objeto em estudo para que cada elemento particular que o compõe 
ganhe maior visibilidade.
c) Estabelecer relações: relacionar os elementos internos do fenômeno buscando nexos e 
oposições, contradições, complementaridade, superações, bem como relacioná-los com os 
elementos da realidade global.
d) Síntese: elaboração de conclusões que recriem, em nível conceitual, o fenômeno estudado.
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Portanto, o conhecimento científico se caracteriza pelo trabalho do pensamento que, 
explicando os nexos entre seus elementos constituintes, permite a construção de novos 
conceitos e teorias que alargam nossa compreensão do real.
 Do pensamento abstrato à prática
O conhecimento obtido mediante a passagem da percepção da realidade à abstração 
retorna a essa mesma realidade. Porém, não na sua antiga forma, como percepção sensível, 
mas agora enriquecido com maior capacidade explicativa, possibilitando uma compreensão 
mais abrangente e aprofundada. Desse modo, é possível agir de modo a transformar a 
realidade a partir de uma nova teoria que forneça maior suporte à ação humana. Nesse ato 
surgirão situações que exigirão novas teorizações, de modo que cada uma dessas práticas 
desencadeará outro processo de conhecimento sobre elementos ainda inexplorados. Nesse 
sentido, a teoria é sempre uma compreensão da realidade e uma fundamentação da ação, e 
não um conjunto de especulações vazias.
Com base nestas considerações, tem-se que o conhecimento científico é explicativo, 
constrói e aplica teorias e depende de investigações metódicas. É através dele que o ser 
humano compreende a realidade social que o cerca. Este surge não apenas da necessidade 
de encontrar soluções para os problemas do cotidiano, mas do seu desejo de resposta às 
dúvidas e questionamentos que emergem dos seres humanos.
Destaca-se que o conhecimento científico pode ser gerado através de investigações 
realizadas com base em um procedimento sistemático, que busca informações acerca 
de objetos e/ou fenômenos já pesquisados e demonstrados e/ou comunicados. Trata-se, 
portanto, de uma postura bastante metódica, reflexiva e, acima de tudo, crítica sobre as 
descobertas já realizadas. Entende-se que, qualquer resposta fornecida em razão de um 
determinado questionamento tem probabilidade de gerar outras dúvidas, que tendem a se 
tornar novas proposições para a pesquisa científica. Desse modo, o avanço da ciência está 
vinculado a renovações, ampliações de teorias, bem como à prática e à crítica insistente do 
pesquisador.
Assim sendo, na medida em que a pesquisa científica caminha, de fases de domínio 
e de procura, do mais simples para o mais complexo, pode-se chegar, com criatividade, à 
descoberta e obtenção de resultados significativos. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.visionvox.com.br/biblioteca/p/projeto-de-pesquisa.txt>. Acesso em: 
8 fev. 2011.
Tal compreensão se aplica ao Serviço Social. A busca incessante por compreender 
novas situações sociais, ampliar o conhecimento sobre diferentes expressões da questão 
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social, assim como avaliar programas e projetos sociais, consistem em elementos primordiais 
no uso da pesquisa na prática profissional.
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O senso comum não se caracteriza pela investigação, pelo 
questionamento, ao contrário da ciência. Fica no imediato 
das coisas, caracteriza-se pela subjetividade. É ditado pelas 
circunstâncias. É subjetivo, isto é, permeado pelas opiniões, 
emoções e valores de quem o produz.
FONTE: Disponível em: <http://www.cefetsp.br/edu/eso/
filosofia/sensociencia1.html>. Acesso em: 20 out. 2010.
FONTE: Disponível em: <http://www.penielro.com.br/rjp/wp-content/
uploads/2010/09/ciencia.jpg>. Acesso em: 20 out. 2010.
LEITURA COMPLEMENTAR
O SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE
Hilton Japiassu
 Durante nossa vida cotidiana vamos adquirindo várias aprendizagens, pela via do hábito 
e da tradição, que passam de geração para geração. Assim, aprendemos com nossos pais a 
FIGURA 3 – CIÊNCIA E CONHECIMENTO
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atravessar a rua, a fazer a televisão funcionar, a plantar alimentos na época e de maneira correta. 
Com nossos amigos e colegas aprendemos a paquerar, a ”ficar” ou a pedir para namorar a 
pessoa que desejamos, a nos comportarmos em sala de aula, no trabalho, e assim por diante. 
Na vida cotidiana, as teorias científicas são simplificadas, quer seja para viabilizar seu 
uso no dia a dia, quer seja pela interpretação sempre singular dos fatos vividos, que muitas 
vezes parecem contradizer as considerações feitas pela ciência. É justamente o conhecimento 
que vamos acumulando no nosso dia a dia que é chamado de senso comum. O senso comum 
mistura e recicla saberes muito mais especializados e os reduz a um tipo de teoria simplificada, 
produzindo uma determinada “visão de mundo”. 
O senso comum vai integrando, ainda que de um modo precário, todo o conhecimento 
humano, produzindo para cada pessoa, ou grupo social, um modo particular de interpretar 
os fatos e o mundo que o cerca. Sem esse conhecimento intuitivo, espontâneo, construído 
muitas vezes de tentativas e erros, a nossa vida no dia a dia seria muito complicada. E é na 
tentativa de facilitar o dia a dia que o senso comum produz suas próprias “teorias” médicas, 
físicas, psicológicas etc. 
O que é ciência? 
A ciência é uma atividade reflexiva, que procura compreender, elucidar e alterar o cotidiano 
a partir de um estudo sistemático e não simplesmente da adaptação à realidade. Quando 
fazemos ciência,afastamo-nos da realidade para compreendê-la melhor, transformando-a em 
objeto de investigação - o que permite a construção do conhecimento científico sobre o real. 
A ciência é composta de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da 
realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses 
conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para 
que se permita a verificação de sua validade. 
A ciência tem ainda uma característica fundamental: ela aspira à objetividade. Suas 
conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção (isto é, busca-se atingir a 
neutralidade), para, assim, tornarem-se válidas para todos, ou seja, poderem ser generalizadas 
em todas as situações.
Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicos, processo 
cumulativo do conhecimento e objetividade fazem da ciência uma forma de conhecimento que 
supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características 
é o que permite denominarmos um conjunto de conhecimentos de científico.
FONTE: Disponível em: <http://www.melory.com.br/filemanager/upload/1._CIENCIA_E_SENSO_
COMUM_Ana_Bock.pdf>. Acesso em: 20 out. 2010.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico pôde-se observar uma discussão acerca dos conceitos de ciência, 
sua classificação, assim como a importância do conhecimento. Pode-se então destacar 
os principais itens, que seriam:
● O conceito de ciência encontra-se em permanente ampliação, como algo que se mantém 
em contínuo aprimoramento.
● O que é ciência para alguns autores ainda permanece como ramo de estudo para outros e 
vice-versa.
● As ciências podem apresentar a seguinte classificação: Ciências Formais e Ciências Factuais.
● Salientam-se dois tipos distintos de teorias existentes que buscam explicar o conhecimento: 
Conhecimento Ordinário ou Vulgar (Senso Comum) e Conhecimento Científico.
● O Senso Comum pode ser caracterizado como: superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático, 
acrítico.
● O conhecimento científico, além de se ater aos fatos, consiste em: ser analítico, comunicável, 
verificável, organizado e sistemático. 
● A grande contribuição para o conhecimento científico foi a descoberta do método científico.
● Todo conhecimento ou toda postura científica só acontece mediante o processo de 
investigação.
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1 Conceitue Ciência.
2 Qual a relação existente entre ciência e conhecimento?
3 Descreva as principais características do Senso Comum e da Ciência.
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CONCEITO E FINALIDADES 
DA PESQUISA
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITOS DE PESQUISA
TÓPICO 2
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Neste tópico apresentaremos o conceito e as finalidades da pesquisa. Explora-se sua 
importância no contexto acadêmico, da mesma forma que a sua contribuição para a descoberta 
de novos conhecimentos.
Compreende-se que o conhecimento e a busca por novos saberes não se realizam 
no vazio intelectual, teórico ou prático. A busca pelo novo saber existe para sanar qualquer 
curiosidade ou problema cotidiano que o ser humano, tendo como base o bom senso, busque 
solucionar. Essa procura de respostas caracteriza-se por envolver um processo investigatório, 
ainda que ele seja imediato, assistemático e definido por aspectos puramente relacionados 
ao senso comum.
Considera-se que a investigação, sendo aqui compreendida enquanto procura de novos 
conhecimentos, não só é própria da natureza humana, como também é a única forma capaz 
de viabilizar que o homem componha seu entorno, entenda seu contexto, mesmo que seja 
com base na reflexão. Dessa forma, o ato de pesquisar representa um esforço voltado para a 
aquisição de um determinado conhecimento, que proporciona a solução de problemas teóricos, 
práticos e/ou operativos; ainda que estejam situados no cotidiano vivenciado pelo homem.
Vale ressaltar, de acordo com Demo (2000), que o guia normal do homem, para sanar 
suas dificuldades, é compreendido como sendo o “Bom Senso” (DEMO, 2000, p. 15). São 
as informações geradas por este que serão a base sobre a qual a análise realizar-se-á. As 
informações são reconhecidas enquanto dados pré-analíticos, em sentido duplo, já que ao 
mesmo tempo encontram-se antes da análise e para a mesma.
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Na passagem desse tipo de investigação para a pesquisa científica torna-se necessário 
que, além de especificar os dados do fenômeno capazes de serem analisados, o objeto da 
pesquisa se transforme em uma versão direcionada pela própria base teórico-conceitual, 
escolhida pelo pesquisador. Dessa forma, o fenômeno, assim transformado, é submetido a 
considerações quanto à viabilidade metodológica e à disponibilidade ou desenvolvimento de 
técnicas adequadas ao seu estudo.
Desse modo a pesquisa científica é compreendida enquanto exploração, inquisição 
e procedimento sistemático e intensivo, almejando descobrir, explicar e compreender os 
fenômenos presentes em um determinado contexto.
Segundo Barros & Lehfeld (2003, p. 46), é possível definir a pesquisa também enquanto 
“uma maneira de se estudar um determinado objeto, sendo ela sistemática e realizada visando 
a incorporação dos resultados alcançados aos níveis de conhecimento obtidos. Considera-se 
que nada se faz sem o auxílio da pesquisa.”
Segundo esta compreensão, a pesquisa é responsável pela racionalização dos esforços 
e dedicação na produção de bens, na implantação e implementação de serviços, assim como 
na descoberta de elementos que possam contribuir de forma significativa na melhoria das 
condições de vida da população.
Para Gil (2000, p. 41), pesquisa consiste num procedimento racional e sistemático que 
visa “encontrar respostas aos problemas que são propostos”. Percebe-se, na compreensão 
deste autor, que a pesquisa é requerida a partir do momento em que não se dispõe de 
informações suficientes para que se solucione o problema, ou quando a informação disponível 
se apresenta em tal estado de desordem que não seja possível relacioná-la ao problema.
Portanto, considera-se a pesquisa científica enquanto produto de uma investigação que 
visa solucionar problemas e esclarecer dúvidas, tendo por base a utilização de procedimentos 
científicos. A investigação é a composição do ato de delimitar, observar e experimentar os 
fenômenos, colocando como secundária a sua compreensão a partir de dimensões superficiais, 
subjetivas e imediatas.
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A ciência nos revela que o homem pode entender e usar 
racionalmente (isto é, sem destruir) a natureza que o rodeia com 
o objetivo de maior liberdade humana e maior justiça social. A 
ciência revela o homem como criador. 
FONTE: Disponível em: <http://www.cefetsp.br/edu/eso/
filosofia/sensociencia1.html>. Acesso em: 20 out. 2010.
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A pesquisa pode também ser entendida enquanto uma atividade cotidiana, 
compreendendo-a como uma atitude, um questionamento sistemático, crítico e criativo. A 
partir dessa perspectiva, a pesquisa torna-se uma maneira permanentemente aprimorada de 
se conhecer o progresso técnico-científico e o desenvolvimento social dos países.
FONTE: Disponível em: <http://www.clickpb.com.br/artigos/arquivos/
pesquisa22.jpg>. Acesso em: 8 out. 2010.
Vale ressaltar também que a pesquisa não se limita exclusivamente a um instrumento 
único dos meios acadêmicos. Ao contrário, ela se amplia, contemporaneamente, abrangendo 
áreas diferenciadas, contribuindo assim para elevar o nível de significância do estudo dos 
métodos e técnicas de pesquisa científica.
Na sociedade, o homem moderno, com o uso de sua inteligência, é levado a desenvolver 
uma vida de qualidade, que seja agradável, satisfatória ou útil do ponto de vista individual e 
social.Sendo consequência de barreiras exteriores ou interiores, a experiência sugere que, 
para a maior parte dos seres humanos, essas expectativas de acerto não são concretizadas 
com frequência, acarretando erros e enganos. Esses resultados tendem a ser apresentados 
como questionamentos ou problemas que, quando sanados, ocasionam o surgimento de um 
novo conhecimento, que será incorporado pelo sujeito, pela comunidade e pela sociedade em 
geral. (BARROS; LEHFELD, 2003).
 Portanto, qualquer solicitação de explicação, em nível de pesquisa científica, pressupõe 
a existência e exigência de uma resposta, que será compreendida enquanto possível solução 
do questionamento levantado.
A pesquisa também possui inúmeras finalidades, as quais passarão a ser destacadas 
no próximo item.
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1. Para você, o que é pesquisa?
2. Como a pesquisa se apresenta no seu dia a dia?
3 FINALIDADES DA PESQUISA
As razões pela qual se pesquisa são as mais variadas, existindo uma infinidade de 
justificativas. Na concepção de Gil (2000, p. 45), duas seriam as grandes dimensões que 
contextualizam o porquê se pesquisa:
● “O desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer”.
● “O desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente e eficaz”. 
Conforme se observa, segundo o autor destacado, a busca por soluções de problemas, 
assim como a aquisição de novos saberes, são as principais finalidades para a pesquisa.
Salienta-se também que as áreas que adotam a pesquisa são reconhecidamente 
muito diversificadas. Em relação às ciências naturais, o pesquisador busca a cientificidade 
por meio do desenvolvimento de formulações que apresentem uma margem de fidedignidade 
e objetividade significativamente elevada, visando sua aproximação com as verdades 
científicas.
Já as ciências sociais não podem aderir ao mesmo modelo de investigação, já que 
o seu objeto de estudo configura-se como sendo histórico, possuindo uma consciência 
histórico-social. Isto significa que o pesquisador, juntamente com os sujeitos que fazem parte 
dos grupos sociais e da sociedade, definirão os significados e intencionalidade às ações e 
às suas construções, ou seja, aquele que pesquisa e aquele que é pesquisado apresentam 
a mesma natureza, estabelecendo uma forte vinculação social entre si.
FONTE: Adaptado de: <http://www.visionvox.com.br/biblioteca/p/projeto-de-pesquisa.txt>. Acesso em: 
8 fev. 2011.
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Na sua opinião, qual a principal finalidade da pesquisa?
4 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Há diferentes formas de classificação de pesquisas. Autores diversos as classificam 
de inúmeras maneiras. Nesta unidade apresentaremos as classificações definidas por Barros 
& Lehfeld (2003) e Gil (2000).
Barros & Lehfeld (2003) procuram classificar a pesquisa tendo como base a finalidade 
para a qual ela se destina, ao mesmo tempo em que se passam a seguir os procedimentos 
utilizados para o estudo. 
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Projeto, do latim pro-jicere: literalmente, é colocar adiante. 
A elaboração de qualquer projeto depende de dois fatores 
fundamentais:
- A capacidade de construir uma imagem mental de uma situação 
futura;
- A capacidade de conceber um plano de ação a ser executado 
em um tempo determinado que vai permitir sua realização.
FONTE: Disponível em: <http://www.professormanueljunior.
com/geral/arquivos/MANUAL%20DE%20METODOLOGIA.pdf>. 
Acesso em: 20 out. 2010.
FONTE: Disponível em: <http://www.fac.unb.br/site/images/stories/Noticias/Pesquisa_
cientifica.jpg>. Acesso em: 8 out. 2010.
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Em relação à finalidade, tem-se:
● Pesquisa teórica: quando o objetivo é desvendar conceitos, discussões 
polêmicas e teóricas.
● Pesquisa metodológica: aquela voltada ao estudo de métodos ou de ques-
tões metodológicas.
● Pesquisa empírica: relacionada a levantamento de dados empíricos para 
comprovação ou não de uma hipótese. (BARROS; LEHFELD, 2003, p. 51-53)
Nesta classificação observam-se três formas importantes de se buscar o novo saber. 
Enquanto que a primeira se limita à análise teórica, a segunda se aprofunda nos métodos, e 
a terceira dá atenção especial aos fenômenos empíricos da realidade social.
Outra distinção apresentada por Barros & Lehfeld (2003), também referenciada na 
finalidade da pesquisa, se dá através da pesquisa básica e da pesquisa prática. Ambas são 
assim definidas:
● Pesquisa pura ou pesquisa básica: sua finalidade é o conhecimento. Não há a preocupação 
imediata quanto a seus resultados. Seria a pesquisa denominada como teórica acima. Para 
Gil (1999), a pesquisa básica tem por objetivo o desenvolvimento de novos conhecimentos, 
que sejam úteis para o avanço da ciência, ainda que não se tenha uma aplicação prática 
prevista. Abrange verdades e interesses considerados universais.
● Pesquisa aplicada ou pesquisa prática: refere-se ao estudo no qual o pesquisador é movido 
pela necessidade de conhecer, visando a aplicação imediata de seus resultados. Ressalta-
se, então, que a pesquisa aplicada contribui diretamente para a aplicação prática dos dados 
obtidos. Segundo Gil (1999), ela almeja aprimorar a práxis, voltando os resultados para a 
solução de problemas específicos. Abrange, assim, verdades e interesses locais.
Conforme se observa, segundo esta distinção, enquanto que na primeira se busca o 
conhecimento, novo saber, tão somente, na segunda a atenção está centrada nos resultados 
obtidos com esta busca.
Outra maneira de se denominar as pesquisas, segundo Barros & Lehfeld (2003), 
está relacionada aos procedimentos adotados para o estudo do objeto. Estes são definidos 
enquanto Pesquisa Descritiva, Pesquisa de Campo, Pesquisa Experimental e Pesquisa-Ação. 
Cada uma delas será descrita a seguir:
a) Pesquisa descritiva
Esta consiste na descrição do fenômeno analisado através da observação e do 
levantamento de dados, ou pela pesquisa bibliográfica e documental.
Por meio das pesquisas descritivas é viabilizada a construção de perfis, cenários, 
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dentre outros. É possível que a ênfase metodológica seja mais quantitativa do que qualitativa. 
Ela almeja encontrar percentuais, médias, indicadores, curvas de normalidade, dentre outros.
Tratando-se das pesquisas bibliográficas e documentais, busca-se a aquisição de 
conhecimento acerca de um fenômeno, a partir da busca de informações contidas em materiais 
gráficos, sonoros e/ou informatizados. Considera-se que a pesquisa bibliográfica é de grande 
relevância e eficácia ao pesquisador, porque ela permite o acesso aos conhecimentos já 
catalogados em bibliotecas, editoras, internet, dentre outros. Este tipo de pesquisa é realizado, 
frequentemente, em três fases distintas, sendo elas: identificação, localização e reunião 
sistemática dos materiais ou fatos.
b) Pesquisa de campo
Esta forma de pesquisa caracteriza-se pelo fato do investigador assumir o papel 
de observador e explorador, coletando diretamente os dados no local (campo) em que os 
fenômenos estão ou foram mencionados. Destaca-se que esta forma é muito utilizada no 
Serviço Social, no sentido de se aproximar da população usuária, assim como, das diferentes 
expressões da questão social que esta vivencia em seu cotidiano.
c) Pesquisa experimental
Considera-se que esse tipo de estudo indica a existência de manipulação de uma 
ou mais variáveis independentes (causas) sob controle, tendo por intuito a observação e a 
viabilidade de interpretação das reações e mudanças que irão ocorrer com o objeto pesquisado 
(compreendido como variável dependente). Pressupõe-se a necessidade de haver a definição 
do plano experimental, isto é, estabelecimento dos rumos para a realização do experimento.
d) Pesquisa-Ação
Este estudo retrata umadas formas de pesquisa social, com base empírica, que é 
compreendida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um 
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os integrantes das situações, ou do problema, 
estão vinculados de maneira participativa e cooperativa.
Com base nesta classificação, percebe-se que a pesquisa assume diferentes formas, 
e a utilização destas se dará de acordo com a finalidade que se tem com o estudo.
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Como as pesquisas são classificadas em relação aos seus fins?
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Outro autor, que apresenta uma classificação em relação à pesquisa, é Gil (2000). Para 
este autor, a pesquisa pode ser classificada quanto à abordagem do problema, apresentando-
se como pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. A seguir explica-se cada uma delas.
a) Pesquisa quantitativa
Esta forma de pesquisa compreende que tudo pode ser quantificável, o que significa 
buscar a classificação e análise por meio da tradução das opiniões ou informações em números. 
Esse exercício exige a utilização de técnicas e recursos estatísticos, tais como: média, mediana, 
desvio padrão, percentagem, análise de regressão, dentre outros.
No Serviço Social, a quantificação, classificação e aplicação de recursos estatísticos 
surgem como alternativas complementares a uma compreensão que transcende a análise 
numérica, e muito podem ser úteis na busca por novos saberes.
b) Pesquisa qualitativa
Esta forma de pesquisa considera a existência de uma vinculação dinâmica entre o 
mundo real e o sujeito, isto é, uma relação indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade 
do indivíduo que não pode ser traduzida em números. A interpretação dos fenômenos e a 
atribuição de significados são base do processo de pesquisa qualitativa. 
Não exige a utilização de recursos estatísticos e a fonte principal da coleta de dados 
é o ambiente natural. Consiste na fonte direta para a coleta de dados e o pesquisador é o 
instrumento-chave. Esta forma de pesquisa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar 
seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
Em contraposição aos estudos quantitativos, que embasam suas ações seguindo um 
planejamento estrategicamente organizado previamente e com foco em hipóteses, variáveis 
e outros detalhes específicos, a pesquisa qualitativa não apresenta como meta principal a 
medição dos fenômenos. Sendo assim, não aplica os recursos estatísticos para compreender 
os dados obtidos. A pesquisa qualitativa apresenta foco abrangente e se desenvolve a partir 
de perspectivas diferenciadas da pesquisa quantitativa. Como exemplo, relata-se o fato da 
constante busca apresentada pela pesquisa qualitativa pela compreensão dos fenômenos com 
base na concepção dos sujeitos que participam da ação estudada, interpretando os referidos 
fenômenos (GIL, 2000).
Vale ressaltar que a pesquisa qualitativa representa uma gama de técnicas interpretativas 
diversificadas que visam a descrição e decodificação de elementos de um sistema que abrange 
uma variedade de significados complexos. A verdadeira razão da pesquisa social qualitativa é 
a redução da distância entre pesquisador e entrevistado, entre teoria e informações coletadas, 
no intuito de expressar o significado dos fenômenos analisados. 
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Complementando a compreensão sobre a pesquisa qualitativa, Godoy (1995) apresenta 
três possibilidades metodológicas muito utilizadas neste tipo de estudo, que seriam: a pesquisa 
documental, o estudo de caso e a etnografia. Cada uma delas será explicada a seguir.
● A Pesquisa Documental: Esta se configura na análise de materiais almejando uma 
interpretação nova ou complementar. Frequentemente se apresenta enquanto base para 
outros tipos de estudos, tanto qualitativos como quantitativos, ampliando as oportunidades 
de estudo do investigador. 
● O Estudo de Caso: Este representa uma análise complexa e aprofundada de uma unidade 
de estudo. Busca o desenvolvimento de um exame minucioso de um ambiente, um sujeito 
ou um determinado evento particular.
● A Etnografia: Esta forma de estudo é reconhecida pelo fato de exigir um período extenso 
de estudos por parte do pesquisador, que passa a residir em uma comunidade, dirigindo a 
esta técnicas de observação, de contato direto e/ou de participação nas rotinas e tarefas da 
mesma. Ressalta-se que o mais relevante não é a maneira como os fatos ocorrem e, sim, 
o sentido que os mesmos possuem. 
Constata-se então que a pesquisa qualitativa apresenta diferentes modelos metodológicos 
a serem seguidos. Adotar um ou outro dependerá, novamente, da finalidade que se tem com a 
pesquisa. No Serviço Social, a pesquisa documental e o Estudo de caso têm sido metodologias 
muito utilizadas em pesquisas contemporâneas. 
Demo (2000) explica que as Ciências Sociais, entre as quais se insere o Serviço Social, 
enquanto ciência social aplicada, apresentam como especificidade o fato de seu objeto de estudo 
ser essencialmente qualitativo, ainda que não negue a relevância das análises estatísticas 
ou quantitativas realizadas com determinados fenômenos. Porém, enfatiza o entendimento 
da realidade social dinâmica, repleta de significados, sentimentos, valores, crenças e práticas 
sociais, impossíveis de serem expressos unicamente através de números.
Entende-se que a pesquisa qualitativa torna-se valiosa para identificar conceitos e 
variáveis relevantes de situações que podem ser analisadas quantitativamente. Nos dizeres 
de Minayo (1993, p. 63): 
[...] é inegável a riqueza que se pode explorar diante de situações conside-
radas desviantes da “média” que se encontram escondidas nos relatórios 
estatísticos. Também é evidente o valor da pesquisa qualitativa para estudar 
questões difíceis de quantificar, como sentimentos, motivações, crenças e 
atitudes individuais. 
Assim sendo, a análise qualitativa, e aqui destacando a sua importância ao Serviço 
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Social, é fundamental e constitui-se, enquanto princípio, necessária para que se obtenham os 
resultados que se almejam com os diferentes estudos.
Por meio da abordagem qualitativa é possível efetivar uma aproximação com a 
complexidade da vida humana. Para isso, são abordados “o conjunto de expressões humanas 
constantes nas estruturas, nos processos, nos sujeitos, nos significados e nas representações” 
(MINAYO, 1993, p. 15). Dessa forma, a abordagem qualitativa visa “incorporar a questão do 
significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, 
sendo estas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como 
construções humanas significativas” (MINAYO, 1993, p. 10).
Partindo-se dessa concepção, entende-se o ser humano enquanto ator privilegiado 
no processo de construção da realidade social e, portanto, os fenômenos integrantes desta 
realidade apenas podem ser compreendidos a partir do significado atribuído pelo sujeito que 
a vivencia. A pesquisa qualitativa tem como um de seus pressupostos o reconhecimento da 
singularidade de cada indivíduo, pois “a significação de um conteúdo reside largamente na 
especificidade que escapa amiúde ao domínio do mensurável” (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 27). 
Desse modo, o contato direto entre pesquisador e integrantes do estudo torna-se aspecto 
fundamental, visto que é através deste contato que se torna possível o aprofundamento de 
reflexões e questionamentos dos eventos, priorizando os acontecimentos que repercutem de 
forma específica na vida dos sujeitos. Além disso, preservando as informações colhidas de 
maneira literal, a abordagem qualitativa viabiliza a análise profunda do conteúdo das falas, das 
inter-relações presentes, dos elos estabelecidos e das interpretações realizadas pelos sujeitos 
sobre a situaçãovivenciada.
Minayo (1993) considera que os métodos qualitativos e quantitativos não são excludentes 
entre si. Pelo contrário, segundo a autora, é possível dizer que os métodos qualitativos 
contribuem significativamente, enquanto aprimoramento do trabalho de pesquisa, viabilizando 
diferentes e mais aprimoradas compreensões do fenômeno estudado. Os dois métodos se 
complementam e podem contribuir profundamente em um mesmo estudo.
Considera-se, portanto que os tipos de pesquisa aqui apresentados, nas diversas 
classificações, não são estanques. Uma mesma pesquisa, principalmente no Serviço Social, 
pode configurar-se, ao mesmo tempo, em várias classificações, desde que obedeça aos 
requisitos inerentes a cada tipo.
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FONTE: Disponível em: <http://www.avantis.edu.br/img/imagem-alunos-manual-
academico.jpg>. Acesso em: 8 out. 2010.
LEITURA COMPLEMENTAR
ABORDAGEM QUANTITATIVA, QUALITATIVA E A UTILIZAÇÃO DA PESQUISA-AÇÃO 
NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Ana Cláudia Fernandes Terence
Edmundo Escrivão Fil
Abordagem quantitativa versus qualitativa
As pesquisas, conforme as abordagens metodológicas que englobam, são classificadas 
em dois grupos distintos – o quantitativo e o qualitativo. O primeiro obedece ao paradigma 
clássico (positivismo), enquanto o outro segue o paradigma chamado alternativo.
Nas ciências sociais, os estudos orientados pela doutrina positivista são influenciados 
inicialmente pela abordagem das ciências naturais, que postulam a existência de uma realidade 
externa que pode ser examinada com objetividade, pelo estabelecimento de relações causa-
efeito, a partir da aplicação de métodos quantitativos de investigação, que permitem chegar a 
verdades universais. Sob esta ótica os resultados da pesquisa são reprodutíveis e generalizáveis 
(HAYATI; KARAMI; SLEE, 2006).
Compreende-se o positivismo como uma combinação das ideias empiristas com a lógica 
moderna (que alia trabalhos de matemática e lógica), influenciado pelas descobertas da física, 
em especial pelas teorias da relatividade e quântica (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 
2004; COBRA, 1999). Segundo o positivismo, a lógica e a matemática seriam válidas por 
estabelecerem as regras da linguagem, constituindo-se um conhecimento a priori, independente 
da experiência. Em contraste, o conhecimento empírico deve ser obtido a partir da observação e 
por meio do raciocínio indutivo. Os positivistas entendem que cada conceito de uma teoria deve 
ter como referência algo observável e defendem a verificabilidade dos enunciados científicos 
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e o estabelecimento de relações lógicas entre os mesmos, impondo um critério “ideal” de agir 
e pensar (caráter normativo).
As críticas da Escola de Frankfurt (grupo de intelectuais de inspiração marxista) à visão 
da “ciência tradicional” e o debate iniciado pelo filósofo Thomas Kuhn (1922-1996), ao publicar 
a “Estrutura das revoluções científicas”, no início da década de 60, afetam a maneira de ver a 
ciência e seu método, contribuindo para o esgotamento do “paradigma positivista”. Esta nova 
visão da ciência possibilita o surgimento de abordagens de pesquisa diferentes da positivista.
Define-se o paradigma alternativo pela constatação de que as abordagens unicamente 
quantitativas não são satisfatórias. Desta forma, abre-se espaço para o uso de técnicas 
qualitativas na geração de conhecimento. No entanto, convém ressaltar que a pesquisa 
qualitativa não se restringe à adoção de uma teoria, de um paradigma ou método, mas permite, 
ao contrário, adotar uma multiplicidade de procedimentos, técnicas e pressupostos.
Convencionou-se chamar as investigações que recaem sobre a compreensão das 
intenções e do significado dos atos humanos de pesquisa qualitativa (ALVES-MAZZOTTI; 
GEWANDSZNAJDER, 2004; DENZIN; LINCOLN, 2005; PATTON, 2002).
A pesquisa qualitativa, inicialmente usada em Antropologia e Sociologia, a partir dos 
anos 60 incorpora-se a outras áreas. Nos últimos 30 anos vem ganhando espaço no âmbito 
da Psicologia, da Educação e da Administração (NEVES, 1996). Nos estudos organizacionais, 
a abordagem qualitativa começa a delinear-se a partir dos anos 70. Ressalta-se que, desde 
então, o debate entre defensores das abordagens quantitativa ou qualitativa começa a diminuir, 
registrando-se uma valorização da pesquisa em ciências sociais (GODOY, 1995).
Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa se opõem ao pressuposto que 
defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm 
sua especificidade. Mormente no campo dos estudos organizacionais, esta diferenciação deve-
se à natureza do fenômeno estudado – as organizações - compostas por pessoas que agem 
de acordo com seus valores, sentimentos e experiências, que estabelecem relações internas 
próprias, estão inseridas em um ambiente mutável, onde os aspectos culturais, econômicos, 
sociais e históricos não são passíveis de controle e sim de difícil interpretação, generalização 
e reprodução (CHIZZOTTI, 1995; GAY; DIEHL, 1992; GOLDENBERG, 1999; GUTIERREZ, 
1986). Portanto, nos estudos organizacionais, o pesquisador e seu objeto de estudo interagem 
e esta interação é considerada um elemento do processo de formulação teórica.
Na abordagem qualitativa, o pesquisador procura aprofundar-se na compreensão dos 
fenômenos que estuda – ações dos indivíduos, grupos ou organizações em seu ambiente 
e contexto social –, interpretando-os segundo a perspectiva dos participantes da situação 
enfocada, sem se preocupar com representatividade numérica, generalizações estatísticas e 
relações lineares de causa e efeito. Assim sendo, a interpretação, a consideração do pesquisador 
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como principal instrumento de investigação e a necessidade do pesquisador de estar em contato 
direto e prolongado com o campo, para captar os significados dos comportamentos observados, 
revelam-se como características da pesquisa qualitativa (ALVES, 1991; GOLDENBERG, 1999; 
NEVES, 1996; PATTON, 2002).
As divergências entre as abordagens qualitativa e quantitativa refletem diferentes 
epistemologias, estilos de pesquisa e formas de construção teórica. Convém reiterar, no entanto, 
que os métodos quantitativos e qualitativos, apesar de suas especificidades, não se excluem. 
Para melhor compreendê-los, apresentam-se, a seguir, as suas principais características.
Nos estudos organizacionais, a pesquisa quantitativa permite a mensuração de opiniões, 
reações, hábitos e atitudes em um universo, por meio de uma amostra que o represente 
estatisticamente. Suas características principais são (DENZIN; LINCOLN, 2005; NEVES, 1996; 
HAYATI; KARAMI; SLEE, 2006):
- obedece a um plano preestabelecido, com o intuito de enumerar ou medir eventos;
- utiliza a teoria para desenvolver as hipóteses e as variáveis da pesquisa;
- examina as relações entre as variáveis por métodos experimentais ou semiexperimentais, 
controlados com rigor;
- emprega, geralmente, para a análise dos dados, instrumental estatístico;
- confirma as hipóteses da pesquisa ou descobertas por dedução, ou seja, realiza predições 
específicas de princípios, observações ou experiências;
- utiliza dados que representam uma população específica (amostra), a partir da qual os 
resultados são generalizados, e usa, como instrumento para coleta de dados, questionários 
estruturados, elaborados com questões fechadas, testes e checklists, aplicados a partir de 
entrevistas individuais, apoiadas por um questionário convencional (impresso) ou eletrônico.
A pesquisa qualitativa, utilizada para interpretar fenômenos, ocorre por meio da 
interação constante entre a observação e a formulação conceitual, entre a pesquisa empírica 
e o desenvolvimento teórico, entre a percepção e a explicação (BULMER, 1977) se apresenta 
como

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