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1 INTUIÇÃO, EMOÇÃO E RACIONALIDADE NO PROCESSO DECISÓRIO “A essência do homem é pensar. Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida, que afirma, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e não quer, que também imagina e que sente. Penso, logo existo.” René Descartes Mapas mentais A natureza física da capacidade do pensamento humano está no cérebro, que também é o centro das emoções, diferentemente dos mitos populares, que afirmam estar no coração. O cérebro é uma estrutura altamente complexa, no qual se podem reconhecer, segundo os neurocientistas, algumas áreas que, predominantemente, são encarregadas de funções específicas e constituídas de uma rede de células nervosas chamadas de neurônios. Estudos recentes estimam que existem 86 bilhões de neurônios interligados em nosso cérebro, formando uma grande rede chamada de “rede neural”. Assim, quando pensamos, essas células nervosas, nossos neurônios, produzem pequenas descargas elétricas, transmitindo uma informação às demais células da rede. Esse processo acontece em um meio em que uma série de elementos químicos estão presentes, o que nos leva a 2 concluir que nossos pensamentos, ideias e memórias acontecem em nosso cérebro por meio de um processo eletroquímico. Constatamos isso quando o organismo recebe alguma droga química que afeta as conexões entre esses neurônios (drogas neurotransmissoras) e isso afeta o nosso nível de consciência, alterando a nossa percepção, a nossa capacidade de reagir de forma rápida às respostas, ou resultando em lapsos de memória. É nesse ambiente biológico que são processados os princípios básicos do pensamento e das reações humanas que chamamos de inteligência — nos quais estamos interessados. Vejamos agora duas definições do termo inteligência. A primeira é decorrente de um relatório (Intelligence: knowns and unknowns) feito pela Associação Americana de Psicologia, em 1995: Os indivíduos diferem na habilidade de entender ideias complexas, de se adaptarem com eficácia ao ambiente, de aprenderem com a experiência, de se engajarem nas várias formas de raciocínio, de superarem obstáculos mediante o pensamento. Embora tais diferenças individuais possam ser substanciais, nunca são completamente consistentes: o desempenho inte- lectual de uma dada pessoa vai variar em ocasiões distintas, em domínios distintos, a se julgar por critérios distintos. Os conceitos de ‘inteligência’ são tentativas de aclarar e organizar esse conjunto complexo de fenôme- nos. (grifos nossos) A segunda foi produzida por notáveis pesquisadores sobre o tema que foram signatários do documento Mainstream science on intelligence, em 1994: Uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de forma abs- trata, compreender ideias complexas, aprender rápido e aprender com a ex- periência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estrita- mente acadêmica ou um talento para sair-se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta — ‘pegar no ar’, ‘pegar’ o sentido das coisas ou ‘perceber’ uma coisa. (grifos nossos) 3 Fica clara a dificuldade de se estabelecer de forma absoluta o conceito de inteligência face à complexidade do poder do pensamento associado às habilidades humanas diante de tantas variáveis que concorrem e interferem em seus resultados e de forma tão individual e singular, mas o que nos é certo é que nada representa melhor a nossa natureza humana do que fato de podermos pensar! Nesse ato, estão presentes alguns fundamentos simples, mas fundamentais, como: ■ Capacidade de raciocínio: aplicar regras lógicas a um conjunto de dados disponíveis para chegar a uma conclusão. ■ Aprendizagem: aprender com os erros e acertos de forma a no futuro agir de maneira mais eficaz. ■ Reconhecer padrões: tanto padrões visuais e sensoriais como padrões de comportamento. ■ Inferência: capacidade de conseguir aplicar o raciocínio às situações do nosso cotidiano. ■ Os requisitos para a boa condução de um processo decisório estão baseados nos fundamentos acima, considerando que os humanos: [...] diferem na habilidade de entender ideias complexas, de se adaptarem com eficácia ao ambiente, de aprenderem com a experiência, de se engaja- rem nas várias formas de raciocínio, de superarem obstáculos mediante o pensamento [...] resolver problemas, pensar de forma abstrata [...] Com isso, faz-se necessário um processo dialógico, colegiado, que envolva trocas de ideias, compartilhamento de informações, construção coletiva do conhecimento acerca do problema. Muitas são as linguagens humanas, como a escrita, a gestual, a falada, a sonora, mas aqui reservamos uma com especial destaque: a imagética (visual). A visão é um dos sentidos mais utilizados pela capacidade mental humana, por conferir um sentido mais concreto, reduzindo a abstração das ideias. Não é sem razão que dizemos em tom irônico: “Entendeu ou quer que eu desenhe?” 4 Dessa forma, representar de forma gráfica uma ideia é uma forma de compartilhar a maneira como você pensa ou percebe (“[...] diferem na habilidade de entender ideias complexas [...]”) e reduzir o nível de abstração, garantindo de forma mais exata a expressão do pensamento. É baseado nesses princípios que Tony Buzan1 criou os mapas mentais. Os mapas mentais são uma metodologia (ferramenta) de representação gráfica que auxilia na organização e clareza do pensamento e indexação das ideias associadas, expõe as relações de grandes volumes de informação e mapeia o conhecimento ao propor um caminho ou diagrama para o fluxo de pensamento. São típicas as presenças das palavras-chave, que funcionam como ancoradouros dos conceitos ou ideias que marcam as referências da linha condutora do raciocínio. A topologia é livre, mas se ramifica usualmente em forma de árvore ou rizoma. A construção de um mapa mental pode ser feita simplesmente com uma folha de papel e um lápis, mas, em uma época digital, muitas são as ferramentas que apoiam a construção desses mapas, possuindo muitos recursos, como a inserção de imagens, símbolos, links, formas geométricas; de editoração, como cores, topologias, tipos de ligações etc.; e de comunicação e compartilhamento, com a possibilidade de construções coletivas. Existem, atualmente, inúmeras ferramentas, que se diferenciam por recursos tecnológicos, funcionamento on-line ou instalado, gratuito ou pago, para diversos sistemas operacionais, para desktop ou celulares etc. 1 Tony Buzan é um escritor inglês, responsável pela sistematização dos mapas mentais. Nascido em 2 de junho de 1942, Tony Buzan pode ser dito o inventor dos mapas mentais, uma revolucionária ferra- menta usada por mais de 250 milhões de pessoas para ajudar a conseguir libertar o potencial do cérebro. Autoridade mundial sobre aprendizagem, memória e uso do cérebro, seus livros já renderam milhões e estão disponí- veis em 100 países e traduzidos para 30 línguas. Costuma dar conferências por todo o mundo e atua como consultor de companhias multinacionais, governadores e atletas. Lançou recentemente a sua ferramenta de software para criar mapas mentais — o iMindMap. Como um autor popular de psicologia, Tony Buzan escreveu sobre assuntos relacionados ao cérebro, ao quociente de gênio – GQ, à inteligência espiritual, à memória, à criatividade e à leitura rápida. Ele é o fundador e presidente da Brain Foundation e, ainda, da Brain Trust Charity. Fonte: <http://www.tonybuzan.com> e <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tony_Buzan>. http://www.tonybuzan.com https://pt.wikipedia.org/wiki/Tony_Buzan 5 Como simples referência e sugestão, apresentamos o: COGGLE On-line. Os recursos básicos são grátis, mas os avançados são pagos. Permite mais de uma pessoa trabalhar no mesmo mapa mental. Acesso: <http://coggle.it/>. NOTA: Veja mais recursos em: www.mapamental.org A nossadisciplina seria assim representada: http://www.mapamental.org/mapas-mentais/7-aplicativos-para-criacao-de-mapa-mental/ 6 O uso dessa metodologia estimula o raciocínio e, assim, contribui para o registro significativo (conhecimento) na sua memória de longo prazo, ainda que, ao longo do desenvolvimento do mapa, aconteça na memória de curto prazo. Seria, por assim dizer, uma forma de “aliviar” o nível de processamento mental e uso de memória, ao transferir uma parte significativa para a representação gráfica (tela ou papel), podendo, assim, “desocupar” a mente para cuidar de outras e novas relações entre os temas e as ideias. O uso dessa técnica é comum de se ver nos filmes do gênero thriller policial nas salas dos investigadores: Fonte: <http://www.amc.com/shows/breaking-bad>. Uma outra forma de manifestação de representações gráficas, típicas em reportagens jornalísticas de mídia impressa ou televisiva, são os infográficos. Neles, pode-se perceber uma organização gráfica de ideias e assuntos sem as linhas de associação aparente, mas que guardam uma intenção similar à ideia dos mapas mentais, por representarem uma associação de temas, uma linguagem gráfica (geralmente ícones), cores e um tema central. Eles se diferenciam dos mapas mentais por poderem ser estáticos ou animados e geralmente possuírem pequenos textos associados: Fonte: <http://sustentabilidade.santander.com.br>. http://www.amc.com/shows/breaking-bad http://sustentabilidade.santander.com.br 7 As metodologias (ferramentas) como gráficos, diagramas, esquemas, fluxogramas, mapas conceituais, infográficos e mapas mentais representam, para o estudo do processo decisório nas organizações, uma oportunidade de mapeamento do conhecimento acerca de uma realidade de forma inteligente, tratada, formatada, organizada, clara e reveladora, o que confere uma excepcional oportunidade de ampliar as possibilidades de acertos nas diversas etapas do processo. _Hlk502076627 _GoBack _Hlk502072363
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