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F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L UNIDADE 2 TEORIAS ADMINISTRATIVAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir desta unidade, você será capaz de: identificar a história da evolução dos modelos de gestão; definir as teorias que formam a base da administração; analisar os processos de evolução das teorias e personagens; avaliar os tipos de sistemas ligados à qualidade total. TÓPICO 1 – ORIGENS DA GESTÃO TÓPICO 2 – TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO TÓPICO 3 – ABORDAGENS EVOLUTIVAS DE GESTÃO PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que possibilitarão a apropriação de conhecimentos na área. F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L ORIGENS DA GESTÃO 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 UNIDADE 2 Na Unidade 2 apresentaremos informações e definições que fundamentaram estudos e permitem compreender as várias faces conceituais da evolução da gestão. Vários são os estudiosos que apontam os objetivos e as ideias fundamentais da gestão. Desde a antiguidade existe a preocupação com a direção e coordenação de organizações. Essa compreensão se faz necessária, a fim de observar e contextualizar as técnicas e formas utilizadas, bem como fazer uma reflexão que oportuniza o entendimento de administrar tempo, equipes, produtos, serviços e sistemas. Para entender o processo de gestão é importante que você conheça a evolução da história da administração, pois foi com a origem desses acontecimentos que podemos aprender e compreender o processo de gestão que estamos estudando nessa disciplina. Para Bateman e Snell (1998, p. 27), Administrar “é o processo de trabalhar com pessoas e recursos para realizar objetivos organizacionais, de maneira eficiente e eficaz”. Para Stoner (1995, p. 5), são considerados objetivos organizacionais: “O processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho, e de usar todos os recursos disponíveis da organização para alcançar objetivos estabelecidos.” Os objetivos de um sistema administrativo organizacional devem: 1 Ser focados em um resultado positivo. 2 Ter consistência e estarem integrados ao processo. 3 Ser mensuráveis. 4 Ser alcançáveis dentro do sistema. 5 Estar delimitados em tempo e espaço. UNIDADE 2TÓPICO 192 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L UNI Sugestão de leitura: CORIAT, Benjamin. Pensar pelo avesso. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ/Revan, 1994. 2 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO A partir do entendimento e conhecimento da organização, suas metas e utilizando seus recursos, poderemos traçar o perfil da organização. Com este estudo é possível determinar ações e atribuir condutas condizentes aos objetivos predeterminados para um período de tempo delimitado e esperado do sistema. UNI O termo organização vem do grego organon, que significa instrumento. Ou podemos definir como um arranjo estrutural com objetivo de execução de estratégias dos negócios. A seguir, uma representação conceitual da estrutura de um sistema organizacional em forma de quadro. Este é fundamentado nas teorias e representam os enfoques, modelos e técnicas que as organizações devem conhecer e aplicar. Alguns paradigmas, que são pertinentes ao desenvolvimento do gerenciamento, vêm se transformando, por ser o sistema administrativo um processo dinâmico. Acompanha um Mapa Conceitual que é um diagrama, representando um pequeno cenário das teorias da administração e que envolve as competências necessárias ao processo, entretanto, não implica a sequência, temporalidade ou direcionalidade, simplesmente relacionando os conceitos. UNIDADE 2 TÓPICO 1 93 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 23 – MAPA CONCEITUAL FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS FONTE: Adaptado de: Maximiano (2007) Teorias são uma reflexão e uma explicação científica de um fato. Os fatos sem uma explicação que levam à compreensão são apenas acontecimentos. Um estudo construído a partir de uma origem de um fato, uma hipótese testada e relatada de forma científica, gera uma teoria. Assim formada, é considerada um princípio ou preceito que orientem próximas ações. A teoria é, portanto, uma afirmação destinada a explicar fatos da realidade de forma científica. Devemos sempre considerar que o conhecimento científico é temporário e adaptável. Existe, portanto, a possibilidade de uma teoria evoluir e se transformar. As teorias ajudam a entender ideias e ações práticas de um fato. Para Maximiano (2004, p. 48), “as teorias da administração têm uma história muito antiga e vêm evoluindo junto às tomadas de decisão tanto dos organizadores quanto a lidar com problemas, definir objetivos, planejar atividades, organizar recursos, dirigir pessoas e controlar resultados. São problemas permanentes, que devem continuamente motivar o surgimento de novas ideias e técnicas que desenvolvam significativamente a organização”. UNIDADE 2TÓPICO 194 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L UNI EXEMPLO: 1 Fato: A maçã cai da árvore. 2 Hipótese: Acreditar que existe uma força que a atrai. 3 Teoria: A comprovação de que esta força existe. Teoria científica é o nome dado a um sistema organizado de ideias e conceitos que explicam um conjunto de fenômenos e que pode ser testado. Portanto, a construção de uma teoria é fundamentada em uma prática realizada. FIGURA 24 – O FILME TEMPOS MODERNOS REPRESENTA A TEORIA CIENTÍFICA FONTE: Disponível em: <http://toninho007.wordpress.com/category/teoria-da- administracao-cientifica/>. Acesso em: 24 out. 2012. “Muitas das teorias e técnicas usadas para administrar as organizações da atualidade são ideias que evoluíram de práticas do passado”. (MAXIMIANO, 2004, p. 49). Aqui apontamos a preocupação e a evolução com a administração desde a antiguidade. Vários tipos de organizações que no passado criaram alternativas e soluções para atingir seus objetivos e metas, através de seus recursos, hoje são adaptados e adequados à nova realidade profissional e de mercado globalizado. 2.1 GRÉCIA De acordo com Maximiano (2004, p. 50), “no século V a.C., começou na Grécia um UNIDADE 2 TÓPICO 1 95 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L 2.2 ROMA E A IGREJA CATÓLICA 2.3 ORGANIZAÇÕES MILITARES fértil período de produção de ideias que viriam a influenciar profundamente a prática da administração”. Mais que isso, as ideias dos gregos apresentaram-se entre as mais importantes contribuições para a civilização. Dentre elas: • Democracia. • Ética, defendida por Platão entre políticos e filósofos gregos. • Qualidade, como ideal de excelência. Maximiano (2004, p. 51) afirma que “princípios e técnicas administrativas construíram e mantiveram Roma durante 12 séculos como monarquia, república e império”. “Roma apresenta o primeiro caso no mundo de organização e administração de um império multinacional.” (MAXIMIANO, 2004, p. 52). Maximiano (2004) lembra também que a má administração ajudou a destruir Roma. E com o desaparecimento do Império Romano, outra organização de grande porte começava a escrever sua história. A organização herdou muito das tradições administrativas dos romanos, geograficamente, como também de linguagem. Há mais de 3.000 anos os exércitos vêm criando soluções para a administração de grandes contingentes de pessoas envolvidas em operações complexas e arriscadas. Os conceitos sobre estratégia, planejamento, logística e hierarquia, em todos os tipos de empreendimentos, nasceram com os militares do passado distante (CHIAVENATO, 2000). O exército romano avançou muito em termos de organização, alistamento de profissionais, regulamentação, burocratização,planos de carreira e organização. O exército romano trabalhava também com motivação e disciplina dos soldados. Com o império romano multinacional, a logística também necessitava de uma logística bem administrada para atender às necessidades dos grupos distribuídos em várias regiões (CHIAVENATO, 2000). UNIDADE 2TÓPICO 196 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 25 – ORGANIZAÇÕES MILITARES FONTE: Disponível em: <http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?mostra=6465>. Acesso em: 24 out. 2012. DIC AS! Leitura indispensável ao enriquecimento deste conteúdo: Arte da guerra, de sun tzu. Este livro trata sobre estratégia e planejamento militar. Usar o tempo ao invés da força. 2.4 MAQUIAVEL Para Maximiano (2004, p. 53), a herança adquirida em termos de concepções sobre gestão e administração, e as muitas contribuições do Renascimento por Maquiavel (1469-1527) retratadas na obra “O Príncipe”, através de sugestões de comportamento, e no poder, como dirigentes de organizações complexas, pois dependente da qualidade dos homens que o cercam para que a equipe e de forma política, pelo trabalho do dirigente enquanto administrador na formação dos colaboradores que individualmente capazes soubessem trabalhar em equipe, sem perder a qualidade no conjunto, dependente que é do apoio das massas. Apresenta ainda a necessidade de, em crise, através de exemplo pessoal, motivar seus governados fortalecendo a moral e incentivando-os com o uso de suas qualidades de liderança. A arte de manter-se no poder coincide com “bem governar”, e para isso é preciso manter a harmonia social, evitando UNIDADE 2 TÓPICO 1 97 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L 3.1 TAYLOR E A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA 3 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO Maximiano (2004) apresenta contribuições de liderança em empresas por Frederick Wislow Taylor (1856-1915). É considerado fundador da Administração Científica. Taylor, em seus estudos, procurou aprofundar e conseguiu aumentar consideravelmente a eficiência do processo em relação a tempo e movimento, em uma combinação otimizada, assim observada: O primeiro período de Taylor corresponde à época da publicação de seu livro Shop Managemant (Administração de Oficinas), de 1903. Esta obra mostra as técnicas de racionalização do trabalho do operário por meio do estudo de tempos e movimentos. Segundo Maximiano (2004), Taylor diz em Shop Managemant que: a) O objetivo da administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de produção, aumentando os rendimentos do trabalhador de acordo com seu esforço. b) Para realizar isto, a administração da organização deve aplicar métodos científicos de pesquisas e experimentos para formular princípios e estabelecer processos padronizados e adequados à sua realidade. c) Os empregados devem ser cientificamente colocados em seus postos com materiais e A administração científica foi um marco muito significativo para a história da administração. O engenheiro americano Frederick W. Taylor, no começo do século XX, iniciou estudos que davam ênfase às tarefas da organização. O nome administração científica se dá devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos trabalhos operacionais, a fim de aumentar a eficiência industrial. desordens e mantendo-se ao lado do povo, de forma que seu poder tenha fortalecido o espírito e a moral dos governados. UNI “Cada homem deve aprender como abrir mão da sua maneira particular de fazer as coisas, adaptar seus métodos a muitos padrões novos e crescer acostumado a receber e obedecer a ordens, respectivos detalhes, grandes e pequenos, que no passado eram deixados ao seu próprio julgamento”. F. Taylor UNIDADE 2TÓPICO 198 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L condições de trabalho adequado, para que as tarefas na produção e consequentemente nos padrões de desempenho fossem mais eficientes. d) Os empregados devem ser cientificamente treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar suas tarefas para que a produção normal seja cumprida e também encarando responsabilidades em relação à empresa e aos colegas de trabalho. e) A administração precisa criar uma atmosfera de íntima e cordial cooperação com os trabalhadores, para garantir a permanência desse ambiente psicológico, havendo uma necessidade de uma revolução mental, e aplicação na maneira de encarar o trabalho, fundamentada na cordialidade e cooperação de todo o grupo. O segundo período de Taylor corresponde à publicação do seu Livro Princípios de Administração Científica (1911), quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação geral da empresa e que tornasse coerente a aplicação dos seus princípios (CHIAVENATO, 2000). Conforme Chiavenato (2000), para Taylor as indústrias de sua época padeciam de três males: • Vadiagem sistemática dos operários; que reduziam a produção para evitar a redução de salários pela gerência. • Desconhecimento pela gerência das rotinas de trabalho e de tempo necessário para sua realização. • Falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho. 3.2 AS TÉCNICAS DE TAYLOR A partir deste momento, a administração passou a ser vista e considerada como ciência. Para Chiavenato (2000), os elementos elencados por Taylor e chamados de “unidades básicas de trabalho” e por alguns autores tarefas taylorizadas, são: • Estudos de tempo e padrões de produção. • Supervisão funcional. • Padronização de máquinas, ferramentas, instrumentos e materiais. • Planejamento do desenho de tarefas e cargos. • Princípio da exceção. • Prêmios de produção pela execução eficiente das tarefas. Algumas tarefas consideradas taylorizadas são: • Estudo de tempo, supervisão funcional. UNIDADE 2 TÓPICO 1 99 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L 3.3 ORGANIZAÇÃO FORMAL DO TRABALHO • Padronização de materiais. • Planejamento de tarefas e cargos. • Definição da rotina de trabalho. A ideia de substituição dos métodos empíricos e rudimentares pelos métodos cientificamente comprovados recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho. Conhecida como ORT (Organização Racional do Trabalho), nada mais é do que a organização formal do trabalho (CHIAVENATO, 2000). Na Organização Formal do Trabalho, segundo Fernandez (2001, p. 49), você consegue responder às seguintes questões? • Quais são os objetivos a alcançar? • Quais são as atividades e os recursos necessários para obter resultados positivos? • Como direcionar e conduzir os esforços para alcançar os objetivos? • De que forma são monitoradas as ações para garantir a aproximação e o alcance dos planos? Deve-se à organização formal e às teorias das escolas que mais influenciaram a administração nos últimos cem anos o ensinamento de que administrar significa tomar decisões sobre os objetivos a serem alcançados, envolvendo planejamento, organização, direção e controle. FIGURA 26 – ORGANIZAÇÃO FORMAL DO TRABALHO FONTE: Disponível em: <http://www.canstockphoto.com.br/trabalho-fluxo-processo- pessoas-ciclo-5827913.html>. Acesso em: 24 out. 2012. UNIDADE 2TÓPICO 1100 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L Junto a Taylor e o desenvolvimento do taylorismo e a administração científica, em torno de 1910, quando da confirmação da gerência como uma ciência, de forma que os empregados colaboradores começaram a ter responsabilidades específicas e distintas. A partir de uma seleção e capacitação no desenvolvimento dos trabalhadores, controle do desempenho e na coordenação das atividades, surgiu, sequencialmente, outra inovação revolucionária: a Linha de Montagem de Henry Ford (FERNANDEZ, 2001). 4 FAYOL E O PROCESSO ADMINISTRATIVO Quando nos deparamos comquestões como: Quais as qualidades essenciais que devemos aprimorar em nós para podermos atingir o objetivo comum à organizaçao e aos colaboradores a qual fazemos parte? (que é de uma atuação de qualidade para ser um gerente melhor). O autodesenvolvimento parte da premissa do conhecimento e da busca pelo mesmo. Somente estudos contextualizados à realidade da empresa em que atuamos podem nos proporcionar visão decorrente das necessidades de nosso pessoal e, da mesma forma, permitir que nossa dedicação frente ao papel em que atuamos na organização contribua eficazmente. Maximiano (2004, p. 57) apresenta um dos mais importantes contribuintes do desenvolvimento do conhecimento administrativo moderno: Jules Henri Fayol. Fayol nasceu em Istambul, na Turquia, em 29 de julho de 1841, e faleceu em 19 de novembro de 1925, em Paris (França). Chiavenato (2000) apresenta seus estudos sob ótica da Administração Industrial e Geral (título original: Administration industrielle et générale - prévoyance organisation - commandement, coordination). Fayol esteve à frente do Centro de Estudos Administrativos, onde se reuniam semanalmente pessoas interessadas na administração de negócios, fossem eles comerciais, industriais ou governamentais, contribuindo para a difusão das doutrinas administrativas. É dele a contribuição das funções Administrativas: o POCCC ou PO3C - Planejar, Organizar, Comandar, Controlar e Coordenar. E tais ações conduziriam a uma administração eficaz das atividades da organização. De acordo com Maximiano (2004), Fayol determinou que a administração seja uma atividade comum a todos os empreendimentos humanos, como: a família, os negócios e o governo. Todos exigem certo grau de planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Fayol estudou, criou e divulgou sua própria teoria, com base em sua experiência de administrador bem-sucedido que foi, frente à mineradora e metalúrgica francesa Comambault. Fayol chegou a diretor geral da empresa de mineração que estava em situação de falência, quando ele ingressou; conseguiu reverter a situação financeira, deixando a empresa UNIDADE 2 TÓPICO 1 101 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L com uma situação sólida até sua aposentadoria em 1918. Nos úlimos anos de sua vida dedicou-se a divulgar os princípios da administração que se baseavam fundamentalmente em sua experiência. 4.1 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO: FAYOL Citando os estudos realizados por Fayol, focados principalmente na questão da Gestão eficaz, foram apresentados por Maximiano em (2004), que de acordo com os estudos de Fayol, propôs quatorze princípios que devem ser seguidos para que uma administração seja eficaz. São eles: 1. Divisão do trabalho, a designação de tarefas específicas para cada indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes. 2. Autoridade e responsabilidade, sendo a primeira o direito de mandar e o poder de fazer obedecer, e a segunda, a sanção – recompensa ou penalidade – que acompanha o exercício do poder. 3. Disciplina, o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes. 4. Unidade de comando, de forma que cada indivíduo tenha apenas um superior. 5. Unidade de direção, um só chefe e um só programa para o conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. 6. Subordinação do interesse individual ao interesse geral. 7. Remuneração do pessoal, de forma equitativa e com base tanto em fatores externos quanto internos. 8. Centralização, o equilíbrio entre concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados. 9. Cadeia de comando (linha de autoridade), ou hierarquia, a série dos chefes desde o primeiro ao último escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de Fayol). 10. Ordem, um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar. 11. Equidade, o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários. 12. Estabilidade do pessoal, a manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento. 13. Iniciativa, que faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes. 14. Espírito de equipe. Ao nos atermos aos estudos dos princípios que devem ser seguidos de acordo com UNIDADE 2TÓPICO 1102 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L Fayol, no início do século passado, podemos observar que as características se mantêm quanto às funções gerenciais, somente adequando-se às novas realidades e reconhecendo o papel do gerente eficaz, através do reconhecimento do comportamento adequado à liderança, pro- atividade, inovação e a dinâmica de atuação, tirando o melhor proveito dos princípios estudados por Fayol (MAXIMIANO, 2004). Fayol estudou as características dos dirigentes, atribuiu-lhes as responsabilidades do controle gerencial em uma empresa organizada, com atividades que consistem em ações de coordenação e orientação aos colaboradores. Preocupando-se com os dirigentes e considerando também de responsabilidade do bom gestor a questão burocrática do processo administrativo. Fundamentalmente: conhecer passo a passo as formas de trabalho, para poder, assim, saber orientar seus colaboradores. É necessário, portanto, o conhecimento das necessidades e o tempo que se faz necessário para a execução, que pode ser considerado ou até ser contestado, se o conhece em profundidade. Entretanto, o conhecimento dos processos em uma instituição organizacional deve ser uma constante, em que a própria experiência deve acompanhar a dinâmica da empresa. Somente assim poderá então o gestor apresentar o diferencial, frente a seus subordinados, e sua competência largamente difundida e assimilada pelos vários setores, equipes e pessoas, que são encarregadas a atuarem de forma similar ao pretendido. Quanto à execução de tarefas, nos mais variados níveis hierárquicos das organizações, as responsabilidades que são atribuídas a cada um e forma de condução das ações responsáveis dos pequenos grupos, ou setores. Prover os colaboradores de atenção contribui, já comprovadamente, no processo de esforços de sua melhor performance (CHIAVENATO, 2000). Também é importante analisarmos a questão de uma série de chefes e suas chefias. O cuidado que Fayol teve em preocupar-se com o nível executivo da empresa, vê-se também a preocupação na cadeia de comando e linha de autoridade, estabelecidas as relações diretas, chamadas: “Ponte de Fayol”. Visto que a preocupação de Fayol girava em torno da ordem, em que cada colaborador deve ter seu lugar, que é de fundamental importância para as operações da organização em todos os seus níveis hierárquicos e linhas de comando (CHIAVENATO, 2000). UNI Taylor se preocupou com as atividades operacionais dos cargos mais baixos, efetivamente sobre questões de produtividade, e Fayol cuidou do trabalho da administração e os mais altos cargos e ações decorrentes de uma gestão. Fayol, portanto, analisava os aspectos organizacionais de cima para baixo, do todo para UNIDADE 2 TÓPICO 1 103 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 27 – FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAt7kAF/fayol-processo- administracao>. Acesso em: 24 out. 2012. as partes, estudando ações a partir da direção para os colaboradores de execução. Os objetivos tanto da Administração Científica quanto da Teoria Clássica são os mesmos: a busca da eficiência nas organizações, em todos os setores considerando o todo. As funções administrativas devem ser proporcionalmente distribuídas em toda escala hierárquica de uma empresa. Conforme Chiavenato (2000), segundo Fayol, toda empresa tem seis funções básicas. Cada uma delas tem suas atividades distintas no processo e no sistema organizacional. Sãoelas: 1. Funções Técnicas: relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. Esta função tem maior importância nos aspectos de cargos mais baixos, pois está diretamente relacionada à área de produção e manufatura, seja de produtos ou serviços de qualidade. No caso de cargos mais altos, maior deverá ser a capacidade técnica de administrar, portanto, faz-se necessário analisar o perfil do colaborador para considerá-lo o mais adequado à atuação no cargo vago possível. 2. Funções Comerciais: relacionadas com a compra, venda e troca ou permuta. 3. Funções Financeiras: relacionadas com a procura e gerência e utilização mais adequadas do capital. 4. Funções de Segurança: relacionadas com a proteção e preservação dos bens (propriedades e das pessoas). 5. Funções Contábeis: relacionadas com inventários, registros, estoques, balanços, custos e estatísticas. 6. Funções Administrativas: coordenam e sincronizam as demais funções de forma que os recursos são organizados para execução dos planos. O processo de execução consiste em UNIDADE 2TÓPICO 1104 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L realizar todas as atividades do sistema organizacional. Em todo o processo devem existir: planejamento, estratégias de ação, processo de qualidade na execução e informação e controle do resultado. Se além das funções, as ações seguirem a dinâmica do bom planejamento, a qualidade no processo da execução, e a informação sobre o controle do resultado, as ações corretivas do processo e as funções de cada empresa, não atuarão pela perspectiva do imediatismo, da correção e/ou do retrabalho. Fayol é atualmente considerado o pai da administração moderna, por ter sido um influente teórico. Suas fundamentações foram calcadas na experiência por ele observada e praticada durante sua atuação frente à mineradora e metalúrgica francesa Comambault. Os estudos de Fayol na teoria administrativa abarcaram questões de habilidade administrativa distintas do conhecimento tecnológico. Determinou que o perfil do administrador deve estar intrinsecamente ligado com qualidades (físicas, mentais, morais), conhecimento (educação geral, conhecimento especial) (CHIAVENATO, 2000). 4.2 QUALIDADES, CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIAS Fayol abordava que as principais qualidades, conhecimentos e experiências necessárias para um gestor, conforme Chiavenato (2000), são: Qualidades físicas: saúde, vigor, trato. Qualidades mentais: habilidade de aprender e de entender, vigor mental e adaptabilidade. Qualidades morais: energia, firmeza, iniciativa, lealdade, tato. Educação geral: familiaridade com outros assuntos. Conhecimento especial: aquele peculiar à função, técnico. Experiência: conhecimento advindo do próprio trabalho. Segundo Chiavenato (2000), para Fayol, as funções universais da administração são: Previsão: envolve avaliação do futuro e aprovisionamento em funções dele. Unidade, continuidade, flexibilidade e apreciação são os aspectos principais de um plano de ação. Organização: proporciona todas as coisas úteis ao funcionamento da empresa e pode ser dividida em organização material e organização social. Comando: leva a organização a funcionar. Seu objetivo é alcançar o máximo retorno de todos os empregados no interesse dos aspectos globais. Coordenação: harmoniza todas as atividades do negócio, facilitando seu trabalho e seu sucesso. Ela sincroniza coisas e ações em suas proporções certas e adapta os meios aos fins. Controle: consiste na verificação para certificar se todas as coisas ocorrem em conformidade UNIDADE 2 TÓPICO 1 105 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L com o plano adotado, as instruções transmitidas e os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e os erros no sentido de retificá-los e prevenir a recorrência. Para Fayol, existe uma proporcionalidade da função administrativa, isto é, ela se reparte por todos os níveis da hierarquia da empresa e não é privativa da alta cúpula. Em outros termos, a função administrativa não se concentra exclusivamente no topo da empresa, nem é privilégio dos diretores, mas é distribuída proporcionalmente entre todos os níveis hierárquicos. À medida que se desce na escala hierárquica, mais aumenta a proporção das outras funções da empresa e, à medida que se sobe na escala hierárquica, mais aumenta a extensão e o volume das funções administrativas (CHIAVENATO, 2000). Para Chiavenato (2000), as conclusões de Fayol sobre todo esse processo se resumem a: • A capacidade principal de um operário é a capacidade técnica. • Capacidade administrativa aumenta, enquanto a capacidade técnica diminui. • A capacidade principal do diretor é a capacidade administrativa. Quanto mais elevado o nível hierárquico do diretor, mais essa capacidade domina. Fayol afirma a necessidade de um ensino organizado e metodológico da Administração, de caráter geral para formar administradores, a partir de suas aptidões e qualidades pessoais focadas na gestão e liderança. Em sua época, essa ideia era uma novidade, porque naquela época os gerentes tinham como característica serem manipuladores através das palavras e indiferenças ou aplicando regras, tomando decisões e atitudes inadequadas ou até mesmo indiferentes das suas equipes e colaboradores (CHIAVENATO, 2000). 5 PERSONALIDADES INFLUENTES NO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA GESTÃO • PETER FERDINAND DRUKER Peter F. Drucker, considerado pai do Gerenciamento, foi um homem de sete ofícios: economista, analista financeiro, jornalista, conferencista, consultor, autor e professor. Nascido na Áustria em 1909. Morreu em novembro de 2005 aos 95 anos, nos USA (United States of America). Escritor e consultor de gestão, e descreveu-se como ecologista-social. Escreveu sobre a importância decisiva do Marketing nas organizações. Sugeriu que a melhor metodologia para determinar o futuro é olhar para as mudanças que vêm ocorrendo recentemente. É olhar o mercado e as mudanças que vêm ocorrendo nos negócios e então apropriar-se dessas informações e usá-las. É preciso criar um novo conhecimento, e torná- lo produtivo. FONTE: Disponível em: <http://www.centroatl.pt/titulos/desafios/peterdrucker.php>. Acesso em: 27 nov. 2010. UNIDADE 2TÓPICO 1106 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L • LYNDALL URWICK Lyndall Urwick foi um consultor de negócios administrativos e pensador influente do Reino Unido, seguidor das ideias de Fayol quanto a questões de teorias compreensivas da administração; escreveu um livro chamado “Os elementos de administração do negócio” (The Elements of Business Administration), que foi publicado em 1943. Segundo Lyndall Urwick (1943, p. 75), as funções do administrador são sete: 1. Investigação. 2. Previsão. 3. Planejamento. 4. Organização. 5. Coordenação. 6. Comando. 7. Controle. UNI “A melhor forma de prever o futuro é criá-lo”. (Peter Druker) FONTE: Disponível em: <http://www.adm.ufba.br/sites/default/files/publicacao/arquivo/tese_ doutorado_ claudiani_waiandt.pdf>. Acesso em: 30 out. 2012. • MOONEY E REILLEY Foram os estudiosos e pioneiros no esforço para criar a definição do processo de administrar. Eles afirmaram que deve haver eficiência em todos os grupos de toda organização. • RALPH C. DAVIS Vê a amplitude administrativa em um planejamento de três níveis: Estratégico: que engloba toda organização. Tático: envolvendo os departamentos. Operacional: focando as tarefas. UNIDADE 2 TÓPICO 1 107 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L • WILLIAM H. NEWMAN Professor e estudioso dos processos gerenciais. Faleceu em maio de 2002. Considerado o último estudioso fundador da Academia de Administração em 1936, tendo publicado dez livros sobre Técnicas de Gestão e Estratégias. Foi por vários anos consultor administrativo. Seus estudos estão publicadose ele é considerado autor influente no estudo de modelos de gestão. Seus livros de Ações Administrativas estão traduzidos em dez idiomas. UNI UNI “O êxito do desenvolvimento de executivos em uma empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da capacidade dos seus gerentes no seu papel de educadores. Cada superior assume este papel quando ele procura orientar e facilitar os esforços dos seus subordinados para se desenvolverem”. John W. Riegel Hoje existe uma premiação internacional anual, William Newman, por trabalhos de estudos realizados na área de gestão. FONTE: Disponível em: <http://www.nytimes.com/2002/06/30/classified/paid-notice-deaths-newman- william-h.html>. Acesso em: 24 out. 2012. • KOONTZ E O’DONNELL Estes estudiosos dedicaram-se ao desenvolvimento das teorias, para desempenho de tarefas administrativas, ampliando as possibilidades de sucesso na organização empresarial, observando os momentos adequados ou necessários a transformações. Koontz e O’Donnell (1989, p. 25) citam que: “o processo de planejamento é lógico, pois reflete as etapas e as condições sucessivas para atingir um objetivo”. Eles têm um ótimo trabalho desenvolvido para administração desportiva, baseado em posicionamentos pessoais, que vale a pena conferir, referente às manifestações de alta performance. 6 HENRY FORD E A LINHA DE MONTAGEM Henry Ford, dentro de um processo predefinido, trabalhou o sistema de produção em UNIDADE 2TÓPICO 1108 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 28 – LINHA E MONTAGEM FONTE: Disponível em: <http://www.jornalvs.com.br/blogs/motores/10-2010>. Acesso em: 24 out. 2012. Ford Evidenciou, entre outros, os seguintes princípios: 1. Fazer as coisas da melhor maneira possível. 2. Distribuir com clareza as responsabilidades. 3. Escolher os servidores mais capazes, não importa a que preço. “Para alcançar a padronização, Ford passou a utilizar o mesmo sistema de calibragem para todas as peças, em todo processo de manufatura. Esse princípio deu origem ao controle de qualidade, cujo objetivo era assegurar a uniformidade das peças”. (MAXIMIANO, 2004, p. 56). DIC AS! DICA de leitura: O Verdadeiro, o Belo e o Bom, de Howard Gardner. massa elevando o grau de produção diferenciado, implicando quantidade de peças padronizadas e trabalhador especializado (CHIAVENATO, 2000). UNIDADE 2 TÓPICO 1 109 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L LEITURA COMPLEMENTAR A OBRA DE TAYLOR – SUAS CONSTATAÇÕES E PROPOSTAS A abordagem típica da Escola da Administração Científica é a ênfase nas tarefas. O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração, a fim de alcançar elevada eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da Administração são a observação e a mensuração. A Escola da Administração Científica foi iniciada no começo deste século pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, considerado o fundador da moderna administração. Taylor teve inúmeros seguidores e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. Sua preocupação original foi tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o fundador da Administração Científica, nasceu em Filadelfia, nos Estados Unidos. Veio de uma família “quaker” de princípios rígidos e foi educado dentro de uma mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Em seus primeiros estudos, tomou contato direto com os problemas sociais e empresariais decorrentes da Revolução Industrial. Iniciou sua vida profissional como operário, em 1878, na Midvale Steel Co., passando a capataz, contramestre, chefe de oficina, a engenheiro em 1885, quando se formou pelo Stevens Institute. Naquela época, estava em moda o sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa, e os operários, por seu turno, reduziam a um terço o ritmo de produção das máquinas, procurando contrabalançar, desta forma, o pagamento por peça determinado pelos patrões. Isto levou Taylor a estudar o problema de produção nos seus mínimos detalhes, pois não podia decepcionar os seus patrões, graças ao seu progresso na companhia, nem decepcionar seus colegas de trabalho, que desejavam que o então chefe de oficina não fosse duro com eles no planejamento do trabalho por peça. Taylor iniciou suas experiências e estudos pelo trabalho do operário e, mais tarde, generalizou as suas conclusões para a Administração geral: sua teoria seguiu um caminho de baixo para cima e das partes para o todo. Permaneceu em Midvale até 1889, onde iniciara suas experiências, que o tornariam famoso, quando entrou para a Bethlehem Steel Works, para tentar aplicar as suas conclusões, vencendo enorme resistência às suas ideias. Registrou cerca de cinquenta patentes de invenções sobre máquinas, ferramentas e processos de trabalho. Em 1895, apresentou à “American Society of Mechanical Engineers” um estudo experimental denominado “Notas Sobre UNIDADE 2TÓPICO 1110 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L as Correias”. Pouco depois publicava outro trabalho, “Um Sistema de Gratificação por Peça”, um sistema de administração e de remuneração dos operários. O primeiro período de Taylor corresponde à época da publicação do seu livro Shop Management (Administração de Oficinas), 1903, onde se preocupa exclusivamente com as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo de Tempos e Movimentos (Motion-time Study). Taylor começou por baixo, junto com os operários no nível de execução, efetuando um paciente trabalho de análise das tarefas de cada operário, decompondo os seus movimentos e processos de trabalho, aperfeiçoando-os e racionalizando-os gradativamente. Verificou que o operário médio produzia muito menos do que era potencialmente capaz com o equipamento disponível. Concluiu que se o operário diligente e mais predisposto à produtividade percebe que no final obtém a mesma remuneração que o seu colega menos interessado e menos produtivo, acaba se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo de acordo com a sua capacidade. Daí a necessidade de criar condições de pagar mais ao operário que produz mais. Em essência, Taylor diz em Shop Management que: (1) o objetivo de uma boa Administração era pagar salários altos e ter baixos custos unitários de produção; (2) para realizar esse objetivo, a Administração tinha de aplicar métodos científicos de pesquisa e experimento para o seu problema global, a fim de formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitissem o controle das operações fabris; (3) os empregados tinham de ser cientificamente colocados em serviços ou postos em que os materiais e as condições de trabalho fossem cientificamente selecionados, para que as normas pudessem ser cumpridas; (4) os empregados deviam ser cientificamente adestrados para aperfeiçoar suas aptidões e, portanto, executar um serviço ou tarefa de modo que a produção normal fosse cumprida; (5) uma atmosfera de íntima e cordial cooperação tem de ser cultivada entre a Administração e os trabalhadores, para garantir a continuidade desse ambiente psicológico que possibilite a aplicação dos outros princípios por ele mencionados. O segundo período de Taylor corresponde à época da publicação do seu livro Princípios de Administração Científica, quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser logicamente acompanhada de uma estruturação geral da empresa e que tornasse coerente a aplicação dos seus princípios. Nesse segundo período, desenvolveuos seus estudos sobre a Administração geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar, contudo, sua preocupação com relação à tarefa do operário. Taylor assegurava que as indústrias de sua época padeciam de males que poderiam UNIDADE 2 TÓPICO 1 111 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L ser agrupados em três fatores: (1) Vadiagem sistemática por parte dos operários, que reduziam propositadamente a produção a cerca de um terço da que seria normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência. Há três causas determinantes da vadiagem no trabalho, que podem ser assim resumidas: • o erro que vem de época imemorial e quase universalmente disseminado entre os trabalhadores, de que o maior rendimento do homem e da máquina terá como resultante o desemprego de grande número de operários; • o sistema defeituoso de Administração, comumente em uso, que força os operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses; • os métodos empíricos ineficientes, geralmente utilizados em todas as empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte do seu esforço e do seu tempo. (2) Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização. (3) Falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho. Para sanar esses males, idealizou seu famoso sistema de Administração que denominou Scientific Management e que nos países de língua latina foi difundido sob os nomes de Sistema de Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. Segundo o próprio Taylor, o Scientific Management é antes uma evolução do que uma teoria, tendo como ingredientes 75% de análise e 25% de bom senso. De acordo com Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer a um certo período de tempo, para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízo aos patrões. Essa implantação requer um período de quatro a cinco anos para um progresso efetivo. Apesar de sua atitude francamente pessimista a respeito da natureza humana, já que considera o operário irresponsável, vadio e negligente, Taylor se preocupou em criar um sistema educativo baseado na intensificação do ritmo de trabalho em busca da eficiência empresarial e, em nível mais amplo, ressaltar a enorme perda que o pais vinha sofrendo com a vadiagem e a ineficiência dos operários. FONTE: Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/272092/A-Obra-de-Taylor-Suas-Constatacoes-e- Propostas>. Acesso em: 5 set. 2012. UNIDADE 2TÓPICO 1112 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L Caro(a) acadêmico(a)! Neste tópico você viu que: • A importância da evolução da adminstração no contexto histórico. • Pôde identificar o mapa conceitual das teorias da administração. • O papel de gestão nos diferentes contextos organizacionais, como na Igreja Católica e organização militar. • A contribuição da administração científica de Taylor e as técnicas de Fayol com o processo administrativo. RESUMO DO TÓPICO 1 UNIDADE 2 TÓPICO 1 113 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L 1 As funções administrativas são compostas por planejamento, organização, direção e controle. Exemplifique estas funções baseadas em uma atividade de seu cotidiano. 2 Dentre as personalidades influentes no processo de evolução da gestão, escolha uma e diga qual a contribuição para administração que perdura? AUT OAT IVID ADE � UNIDADE 2TÓPICO 1114 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 UNIDADE 2 2 ABORDAGEM ESTRUTURALISTA No Tópico 1 desta unidade estudamos a administração científica, que tem uma abordagem nas tarefas. Esta abordagem tem ênfase nas tarefas operacionais da empresa: como tudo é feito, de que forma, em quanto tempo e que diferentes resultados são obtidos. Partindo desta ênfase nas tarefas, o pensamento administrativo evoluiu, também com ênfase: na estrutura, nas pessoas, no ambiente, na tecnologia e na competitividade. Em cada uma das abordagens destacaremos teorias relacionadas a cada uma delas. É fundamental compreendê-las, e você perceberá que estão presentes no cotidiano das organizações. Então, vamos lá! A abordagem estruturalista tem seu desdobramento na teoria da burocracia e na teoria estruturalista, partindo da abordagem nas tarefas, explanadas no Tópico 1 desta unidade. Lá também estudamos sobre a teoria clássica. Além da teoria clássica, alguns autores falam de teoria neoclássica. A teoria neoclássica é como se fosse uma atualização da teoria clássica, reunindo a contribuição de outros autores neste período e considerando o tamanho das organizações, com seus problemas administrativos atuais – enfatiza resultados e objetivos. Também trata a administração como uma técnica social, onde será necessário saber dirigir as pessoas, além dos aspectos técnicos. UNIDADE 2TÓPICO 2116 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L Como já abordamos no Tópico 1 deste Caderno de Estudos, as funções administrativas são: planejamento, organização, direção e controle; são enfatizadas pela teoria neoclássica, formando o processo administração. As teorias clássica e neoclássica originaram: a organização formal, os princípios gerais da administração e as funções do administrador. 2.1 TEORIA DA BUROCRACIA A teoria da burocracia na administração surgiu a partir das obras de Max Weber (1864- 1920) – economista e sociólogo alemão. Autores se basearam nas obras de Weber para constituir uma teoria da organização sólida, aprimorando o mecanicismo da teoria clássica e o romantismo da teoria das relações humanas, que será abordado a seguir. Segundo Chiavaneto (2003, p. 258), “a burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível ao alcance destes objetivos”. Na teoria da burocracia é reforçada a autoridade. Segundo Etzioni (apud WEBER 1965, p. 17), “autoridade significa a probabilidade de que um comando ou ordem específica seja obedecido. Esta autoridade se distingue nos diferentes tipos de sociedade”. Para a grande maioria das pessoas, a palavra burocracia está associada ao apego das pessoas a normas, regulamentos e rotinas – que impedem soluções rápidas ou eficientes, mas para Max Weber, a burocracia tem as seguintes características: • Caráter legal das normas e regulamentos escritos que determinam o funcionamento de toda a organização, estabelecendo sua própria legislação. Escrever as normas e regulamentos é um trabalho exaustivo, por abranger a organização como um todo, tendo que prever o máximo de situações que possam ocorrer, tornando-a uma estrutura social legalmente organizada. ● Caráter formal das comunicações, obrigando a escrita das regras, decisões e ações administrativas. O registro de todas as ações visa assegurar a interpretação exata das comunicações, onde a organização torna-se uma estrutura formalmente organizada. ● Caráter racional e divisão do trabalho e do poder, estabelecendo as atribuições de cada participante para a eficiência da organização. Cada pessoa tem um cargo, função específica, sabendo das suas tarefas, responsabilidades e capacidade de comando sobre os demais. ● Impessoalidade nas relações humanas, pois a distribuição das atividades é feita em termos de cargos e funções – não de pessoas envolvidas. O poder das pessoas deriva do cargo que UNIDADE 2 TÓPICO 2 117 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L ocupa,onde a burocracia precisa garantir a continuidade da organização no longo prazo; pois as pessoas vão e vêm – a burocracia é uma estrutura impessoalmente organizada. ● Hierarquia de autoridade, onde cada cargo inferior está sob a supervisão e controle de um posto superior, e esta estrutura hierárquica encerra privilégios e obrigações. Aqui, a burocracia é uma estrutura hierarquicamente organizada. ● Rotinas e procedimentos padronizados estabelecem regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo – impondo a ação de cada funcionário. A partir destes padrões de desempenho estabelecidos e esperados, facilita a avaliação de desempenho de cada um. ● Competência técnica e os méritos vão definir a: seleção, admissão, transferência e a promoção das pessoas; e não as preferências pessoais. ● Especialização da administração faz com que os donos, acionistas ou proprietários da organização não estejam diretamente ligados à administração. A administração deve ser altamente especializada e profissionalizada, onde o burocrata muitas vezes é contratado, sem o direito de comprar ou vender a propriedade, mas com o dever de administrá-la. ● Profissionalização dos participantes, pois: é um especialista, assalariado, ocupante de cargo, nomeado pelo superior hierárquico, seu mandato é por tempo indeterminado, segue carreira dentro da organização, não possui a posse dos meios de produção e administração, é fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa, e este administrador profissional tende a controlar cada vez mais as burocracias. ● Completa previsibilidade do funcionamento, pois todas as ações das pessoas foram escritas com o objetivo de obter a máxima eficiência da organização. Tudo está previsto, segundo a teoria da burocracia. UNIDADE 2TÓPICO 2118 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 29 – AS CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA SEGUNDO WEBER FONTE: Chiavenato (2003, p. 266) A burocracia, segundo Weber, apresenta as vantagens: racionalidade, precisão na definição do cargo e na operação, rapidez nas decisões, univocidade de interpretação, uniformidade de rotinas e procedimentos, continuidade da organização, redução do atrito entre as pessoas, constância, confiabilidade e benefícios. Também não é perfeita a teoria da burocracia e Weber percebeu a sua fragilidade entre as pressões externas para o burocrata seguir normas diferentes, com o enfraquecimento gradativo do compromisso dos subordinados em relação às regras e normas. A figura a seguir sintetiza este dilema: FIGURA 30 – AS CARACTERÍSTICAS E AS DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA FONTE: Chiavenato (2003, p. 269) A burocracia objetiva a maior eficiência da organização, mas na exigência de controle, se as consequências não forem previstas, caímos nas disfunções e encontramos a ineficiência. O modelo da figura a seguir traz esta ilustração: UNIDADE 2 TÓPICO 2 119 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 31 – O MODELO BUROCRÁTICO DE WEBER FONTE: Chiavenato (2003, p. 271) UNI Você pode encontrar outros modelos burocráticos, de autores como Merton, Selznick e Gouldner. Numa apreciação crítica do modelo da teoria da burocracia é preciso buscar um equilíbrio entre uma escassez da burocratização – onde encontramos a desordem; e o excesso da burocratização – que trará extrema rigidez. O equilíbrio e os graus da burocratização podem ser vistos na figura a seguir. FONTE: Chiavenato (2003, p. 277) FIGURA 32 – OS GRAUS DA BUROCRATIZAÇÃO UNIDADE 2TÓPICO 2120 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L ATE NÇÃ O! ATE NÇÃ O! A burocracia talvez é uma das melhoras alternativas de organização tentadas no decorrer do século XX. A teoria da burocracia fez surgir: a organização formal burocrática e a racionalidade organizacional. Grandes personagens da administração representam a teoria estruturalista, onde destacamos: James D. Thompson, Victor A. Thompson, Amitai Etzioni, Peter M. Blau, David Sills, Burton Clarke e Jean Viet. 2.2 TEORIA ESTRUTURALISTA A teoria estruturalista surge em meados da década de 1950, originando-se: da oposição surgida entre a teoria clássica (formal) e a teoria das relações humanas (informal), da necessidade de visualizar a organização como uma unidade social, da influência do estruturalismo nas ciências sociais, e do novo conceito de estrutura. Predominou na Europa o movimento estruturalista, com o intuito de obter a interdisciplinariedade das ciências. Do grego struo, estrutura significa ordenar a composição dos elementos do todo em que fazem parte. O conceito de estrutura significa a análise interna de uma totalidade em seus elementos constitutivos, sua disposição, suas inter-relações, etc., permitindo uma comparação, pois pode ser aplicado a coisas diferentes entre si. Além do aspecto totalizante, o estruturalismo é fundamentalmente comparativo. (CHIAVENATO, 2003, p. 289). Assim, o estruturalismo volta-se para o todo e para o relacionamento das partes nesta constituição do todo. O estruturalismo tem como características de totalidade, interdependência das partes e, principalmente, o fato de que o todo é maior que a simples soma das partes. Numa análise das organizações, segundo Chiavenato (2003), temos uma abordagem múltipla: organização formal e informal, recompensas materiais e sociais, os diferentes UNIDADE 2 TÓPICO 2 121 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L enfoques da organização, os níveis da organização, a diversidade de organizações e a análise interorganizacional. Nestas abordagens múltiplas temos diferentes tipos de organizações, que exercem formas de poder, com formas de controle; onde estes sistemas psicossociais são enfatizados pela tipologia de Etzioni, sintetizada na figura a seguir. Tipos de organizações Tipos de poder Controle utilizado Ingresso e permanência dos participantes por meio de: Envolvimento pessoal dos participantes Exemplos Coercitivas Coercitivo Prêmios e punições Coação, imposição, força, ameaça, medo. Alternativo, com base no temor. Prisões e penitenciárias. Normativas Normativo Moral e ético Convicção, fé, crença, ideologia. Moral e motivacional como autoexpressão. Igrejas, hospitais e universidades. Utilitárias Remunerativo Incentivos econômicos Interesse, vantagem percebida. Calculativo. Busca de vantagens. Empresas em geral. QUADRO 8 – TIPOLOGIA DE ETZIONI FONTE: Chiavenato (2003, p. 299) Blau e Scott são autores que classificam as organizações conforme seus beneficiários. A figura a seguir resume a sua tipologia: Beneficiário Principal Tipo de Organização Exemplos Os próprios membros da organização Associação de beneficiários mútuos Associações profissionais, cooperativas, sindicatos, fundos mútuos, consórcios etc. Os proprietários ou acionistas da organização Organizações de interesses comerciais Sociedades anônimas ou empresas familiares. Os clientes Organizações de serviços Hospitais, universidades, organizações religiosas e agências sociais, organizações filantrópicas. O público em geral Organizações de Estado Organização militar, segurança pública, correios, saneamento básico, organização judicial e penal. QUADRO 9 – TIPOLOGIA DE BLAU E SCOTT FONTE: Adaptado de Chiavenato (2003, p. 300) As organizações devem buscar condições eficientes para que seus objetivos se transformem em realidade. Desta forma, Etzioni refere-se a dois modelos de organizações: UNIDADE 2TÓPICO 2122 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L sobrevivência e eficiência. Nos modelos de sobrevivência as organizações desenvolvem objetivos que permitam simplesmente a sua continuidade; já nos modelos de eficiência as organizações têm seus objetivos dentro de padrões que permitama competitividade em crescente excelência. Quanto ao ambiente organizacional, nenhuma organização é autossuficiente por si só, sem qualquer envolvimento com a sociedade em geral para sobreviver; desta forma, há uma interdependência das organizações com a sociedade, fazendo com que integrem o conjunto organizacional. Neste conjunto organizacional, as organizações desempenham diferentes papéis. Na abordagem estruturalista há estratégia de competição ou cooperação. Na competição, o ambiente controla uma parte dos objetivos, onde nasce a disputa devido à rivalidade pelos mesmos recursos e envolve uma interação direta entre as partes rivais. Já as estratégias de cooperação requerem a interação direta entre as organizações do ambiente por ajuste, cooptação e coalizão. A teoria estruturalista apresenta alguns conflitos entre a autoridade do especialista, na medida em que aumenta o conhecimento em relação à hierarquia da autoridade administrativa. Do ponto de vista de como se organiza o conhecimento, Etzioni (1965) sugere três tipos de organizações: especializadas, não especializadas e de serviços; onde em cada um deles ocorrem os conflitos entre os administradores e os especialistas. Blau e Scott apontam três dilemas básicos na organização formal: dilema entre coordenação e comunicação livre, dilema entre disciplina burocrática e especialização profissional e, ainda, o dilema entre necessidade de planejamento centralizado e necessidade de iniciativa individual. Na fase da teoria estruturalista, iniciam os estudos a respeito do ambiente num conceito de que as organizações são sistemas abertos em constante interação com o seu contexto externo. Todavia, existem dilemas e conflitos organizacionais que conduzem a organização à inovação e à mudança. Esta teoria, com seus aspectos positivos e suas restrições e limitações, é uma teoria de transição à teoria de sistemas, que será abordada mais adiante neste caderno. 3 ABORDAGEM HUMANA A ênfase que antes era na tarefa (administração científica) e na estrutura organizacional UNIDADE 2 TÓPICO 2 123 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L 3.1 TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Segundo Chiavenato (2003, p. 101-102), a teoria das relações humanas, ou Escola Humanística da Administração, surgiu nos EUA (berço da democracia) e marcada por alguns fatos: • A necessidade de humanizar e democratizar a administração, libertando-se dos conceitos da teoria clássica (rígida e mecanicista) para se adequar aos padrões de vida do povo. • O desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a psicologia, que visavam demonstrar a inadequação dos princípios da teoria clássica. • As ideias da filosofia pragmática de John Dewey e da psicologia dinâmica de Kurt Lewin. • As conclusões da experiência de Hawthorne, que colocaram em xeque os principais postulados da teoria clássica. A civilização industrializada expõe o homem à eficiência e não à cooperação. Elto Mayo defende o seguinte ponto de vista (CHIAVENATO, 2003, p. 108): • O trabalho é uma atitude tipicamente grupal. • O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de um grupo social. • A tarefa básica da administração é formar uma elite de administradores capaz de compreender as pessoas e de comunicar através de chefes democráticos, persuasivos e simpáticos. • Passamos de uma sociedade estável para uma sociedade adaptável. (teoria clássica), agora passa por uma revolução, ao dar ênfase ao ser humano – as pessoas que trabalham ou participam da organização. A partir de 1930, temos o aparecimento da teoria das relações humanas, que no seu desenvolvimento passou por duas etapas. Inicialmente fez-se a análise do trabalho e a adaptação do trabalhador ao trabalho, seguido da adaptação do trabalho ao trabalhador. Este período em que surge a abordagem humanística foi marcado por recessão econômica, elevado desemprego, inflação e forte atuação dos sindicatos junto às organizações. UNIDADE 2TÓPICO 2124 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L • O ser humano é motivado pela necessidade de “estar junto”, de ser reconhecido e de receber adequada comunicação. • A civilização industrial traz como consequência a desintegração dos grupos primários da sociedade (família, informais e a religião). Assim, podemos observar no quadro a seguir um comparativo entre a teoria clássica e a teorias das relações humanas: TEORIA CLÁSSICA TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS • Trata a organização como máquina. • Enfatiza as tarefas ou a tecnologia. • Inspirada em sistemas de engenharia. • Autoridade centralizada. • Linhas claras de autoridade. • Especialização e competência técnica. • Acentuada divisão do trabalho. • Confiança nas regras e nos regulamentos. • Clara separação entre linha e staff. • Trata a organização como grupos de pessoas. • Enfatiza as pessoas. • Inspirada em sistemas de psicologia. • Delegação de autoridade. • Autonomia do empregado. • Confiança e abertura. • Ênfase nas relações entre as pessoas. • Confiança nas pessoas. • Dinâmica grupal e interpessoal. QUADRO 10 – TEORIA CLÁSSICA x TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS FONTE: Chiavenato (2003, p. 110) O advento da teoria das relações humanas traz novas palavras para a administração: motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo etc. UNI Reflita sobre: O que o motiva? O que o leva para a ação? O que é motivação? Elto Mayo propôs que o ser humano é motivado por recompensas sociais e simbólicas e não por estímulos salariais e econômicos, assim a motivação procura explicar por que as pessoas se comportam. Para Kurt Lewin, principal inspirador dos autores da Escola das Relações Humanas, a motivação do comportamento está baseada em duas suposições fundamentais: 1. o comportamento humano resulta de todos os fatos coexistentes e; 2. estes fatos têm o caráter de um campo dinâmico, do qual cada parte depende de uma inter- relação com as outras partes. Ainda relacionado à motivação, estudos supõem que o comportamento do ser humano UNIDADE 2 TÓPICO 2 125 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L é influenciado pela suas necessidades, que vêm evoluindo a partir do seu crescimento e amadurecimento. Em busca de seu equilíbrio, o ser humano tem estímulos a uma necessidade, que por sua vez gera uma tensão ao comportamento ou ação a ser desencadeada para alcançar esta necessidade. Se houver satisfação, ou seja, a necessidade for alcançada, completa-se o ciclo motivacional que permitirá ao homem a busca de sua próxima necessidade. Este ciclo é interrompido quando não se consegue obter o resultado, surgindo então a frustração ou gerando a possibilidade de uma compensação por outra necessidade. Segundo Chiavenato (2003, p. 120), “a frustração pode gerar reações comportamentais, tais como: desorganização do comportamento, agressividade, reações emocionais ou, ainda, alienação e apatia”. A teoria clássica considerou a liderança hierarquicamente (formal) estabelecida, abordando-a de forma superficial. A teoria das relações humanas constatou a existência da liderança informal e a sua influência sobre o comportamento das pessoas, mantendo o grupo social coeso e integrado. A liderança é necessária em qualquer grupo social, pois o administrador precisa saber conduzir as pessoas. Para os humanistas, a liderança pode ser vista como: um fenômeno de influência interpessoal, um processo de redução da incerteza de um grupo, uma relação funcional entre líder e subordinado, ou ainda como um processo em função do líder, dos seguidores e de variáveis da situação. O líder é fundamentado em teorias: 1. De traços de personalidade: físicos, intelectuais, sociais e relacionados com a tarefa. 2. Sobre estilos de liderança: autocrático, democrático ou liberal. 3. Situacionais de liderança, dependendo das situações: tipo de empresa, seusvalores, tradições, eficiência no grupo de subordinados, problema a ser removido, tempo disponível para resolvê-los. UNIDADE 2TÓPICO 2126 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L Autocrático Democrático Liberal (Laissez-Faire) O líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo. As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder. Há liberdade total para as decisões grupais ou individuais, e mínima participação do líder. O líder determina as providências para a execução das tarefas, cada uma por vez, na medida em que se tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo. O grupo esboça as providências para atingir o alvo e pede aconselhamento do líder, que sugere alternativas para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates. A part icipação do líder é limitada, apresentando apenas materiais variados ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que as pedissem. O líder determina a tarefa que cada um deve executar e o seu companheiro de trabalho. A divisão das tarefas fica a critério do grupo e cada membro tem liberdade de escolher seus companheiros de trabalho. A divisão das tarefas e escolha dos colegas fica totalmente a cargo do grupo. Absoluta falta de participação do líder. O líder é dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro. O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito. O líder é “objetivo” e limita-se aos “fatos” nas críticas e nos elogios. O líder não avalia o grupo nem controla os acontecimentos. Apenas comenta as atividades quando perguntado. QUADRO 11 – ESTILOS DE LIDERANÇA FONTE: Chiavenato (2003, p. 125) A comunicação também está presente entre os seres humanos, que precisam trocar informações entre si. Como atividade administrativa, tem o propósito de: proporcionar informação e compreensão necessárias para que as pessoas possam se conduzir em suas tarefas e, ainda, proporcionar as atitudes necessárias que promovam a motivação, a cooperação e a satisfação nos cargos. A figura a seguir esquematiza os principais propósitos da comunicação como atividade gerencial: FIGURA 33 – PRINCIPAIS PROPÓSITOS DA COMUNICAÇÃO DA ATIVIDADE GERENCIAL FONTE: Chiavenato (2003, p. 121) Os autores Roethlisberger e Dickson perceberam que na teoria das relações humanas não é possível avaliar o comprometimento humano ao trabalho sem considerar a organização informal da empresa, caracterizada por: relação de coesão, status, colaboração espontânea, UNIDADE 2 TÓPICO 2 127 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L possibilidade de oposição à organização informal, padrões de relações e atitudes, mudanças de níveis e alterações dos grupos informais, transcender a organização formal, padrões de desempenho nos grupos informais. Os interesses comuns, a interação provocada pela própria organização formal, a flutuação do pessoal dentro da empresa e os períodos de lazer são fatores que condicionam os grupos informais. Considerando a necessidade de transformar as organizações e obter o comprometimento, o administrador deve ser um verdadeiro líder, procurando: desenvolver a confiança nas pessoas, estimular a mudança e avaliar o que é importante e prioritário. 3.2 TEORIA DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Os diversos estudos e trabalhos realizados na teoria das relações humanas trouxeram uma nova visão da teoria administrativa, baseada no comportamento humano nas organizações. “Comportamento é a maneira pela qual um indivíduo ou organização age ou reage em suas interações com o seu meio ambiente e em resposta aos estímulos que dele recebe” (CHIAVENATO, 2003, p. 324). Os estudos da natureza e das características comportamentais do ser humano trazem contribuições para a teoria administrativa, de que o Homem é: um animal social dotado de necessidades, de um sistema psíquico, que tem capacidade de articular a linguagem com o raciocínio abstrato, tem aptidão de aprender, é orientado para objetivos e caracteriza-se por um padrão de comportamento. A teoria comportamental surge a partir de uma oposição à teoria das relações humanas, usando apenas alguns conceitos fundamentais como ponto de partida. Também critica a teoria clássica e incorpora a sociologia da burocracia. Este comportamento organizacional é estudado por diferentes ciências do comportamento e estão em constante evolução. A figura a seguir apresenta um resumo das ciências do comportamento: UNIDADE 2TÓPICO 2128 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 34 – AS CIÊNCIAS COMPORTAMENTAIS E SEUS FOCOS FONTE: Maximiano (2005, p. 222) DIC AS! Alguns expoentes da Teoria Comportamental: • Kurt Lewin (1890-1947) • Herbert Alexander Simon • Douglas McGregor • Rensis Likert • Chris Argyris • Abraham Maslow (1908-1970) • Frederick Herzberg (1923-1981) Abraham Maslow estudou as necessidades humanas primárias e secundárias, dispondo- as numa hierarquia de cinco grupos. Esta teoria se fundamenta nos seguintes aspectos: de que somente quando o nível inferior de necessidades está satisfeito é que o nível mais elevado surge no comportamento da pessoa; nem todos conseguem chegar ao topo; assim que as necessidades mais baixas estão satisfeitas é que as necessidades dos níveis mais elevados passam a dominar o comportamento; cada pessoa possui sempre mais de uma motivação; o comportamento motivado funciona como um canal através do qual as necessidades são expressas ou satisfeitas; e a possibilidade de frustração ou frustração da satisfação de UNIDADE 2 TÓPICO 2 129 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L determinadas necessidades passa a ser considerada ameaça psicológica. FIGURA 35 – HIERARQUIA DAS NECESSIDADES HUMANAS x MEIOS DE SATISFAÇÃO FONTE: Chiavenato (2003, p. 332) As necessidades primárias compreendem as necessidades: fisiológicas e de segurança; e as secundárias compreendem as: sociais, de estima e de autorrealização. Cada uma das necessidades pode gerar uma satisfação ou não satisfação (frustração), ilustrada na figura a seguir: FIGURA 36 – SATISFAÇÃO E A NÃO-SATISFAÇÃO (FRUSTRAÇÃO) DAS NECESSIDADES FONTE: Chiavenato (2003, p. 333) UNIDADE 2TÓPICO 2130 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L Contribuindo com a teoria do comportamento organizacional, Frederick Herzberg formulou a teoria dos fatores higiênicos e motivacionais. Os fatores higiênicos estão associados ao sentimento psicológico de como o trabalho é realizado. “Ambiente de trabalho produz satisfação ou insatisfação com o próprio ambiente, mas não motivação para o trabalho” (MAXIMIANO, 2005, p. 274). Afirma que a motivação pelo trabalho é diferente da satisfação com o ambiente de trabalho. Consolidou o princípio de que motivação vem do trabalho e não do ambiente. Herzberg complementa a teoria de Maslow, evidenciando que quanto mais se sobe na hierarquia das necessidades, maior é a importância dos fatores motivacionais. Quanto mais estamos na base, mais interessam os fatores higiênicos. FIGURA 37 – TEORIA DE HERZBERG x TEORIA DE MASLOW FONTE: Adaptado de Maximiano (2005, p. 276) É necessário conhecer os mecanismos motivacionais para poder dirigir adequadamente as organizações por meio das pessoas. No comportamento organizacional, observa-se que um sistema social cooperativo é caracterizado pela interação entre duas ou mais pessoas, pelo desejo e disposição de cooperação e, principalmente, na finalidade de alcançar um objetivo comum. Ao gerenciar as pessoas, é preciso que este sistema cooperativo permita alcançar os objetivos organizacionais e individuais (já regulados pelos grupos sociais); conforme a figura a seguir: UNIDADE 2 TÓPICO 2 131 F U N D A M E N TO S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L FIGURA 38 – EFICÁCIA E EFICIÊNCIA GERENCIAL SEGUNDO BARNARD FONTE: Chiavenato (2003, p. 347) Agora vamos conhecer teorias com ênfase no ambiente: a teoria estruturalista e a teoria da contingência. 4.1 TEORIA ESTRUTURALISTA 4 ABORDAGEM DO AMBIENTE Assim como estudamos anteriormente, a teoria estruturalista, além de se opor à teoria tradicional e à teoria das relações humanas, também se origina na necessidade de visualizar a organização como uma unidade social e no novo conceito de estrutura. Na fase da teoria estruturalista iniciam os estudos a respeito do ambiente, num conceito de que as organizações são sistemas abertos em constante interação com o seu contexto externo. Daí a teoria estruturalista com a ênfase no ambiente. O modelo racional de organização a concebe como um sistema fechado, onde sua visão está focalizada apenas nas partes internas do sistema (planejamento e controle). Já o modelo natural de organização sugere a organização como um sistema aberto, focando sobre o sistema e sua interdependência com o ambiente; a expectativa é de incerteza e de imprevisibilidade, onde são aplicadas as modernas teorias da administração fundamentadas na teoria de sistemas. A abordagem múltipla na análise interorganizacional tornou-se significativa após a crescente complexidade ambiental e a interdependência das organizações. Até então os estudos desconsideravam que o ambiente era composto por outras organizações – controlado por normas, valores e coletividades de uma sociedade maior –, revelando o grau de dependência entre elas. Destacam-se dois conceitos importantes para esta compreensão: UNIDADE 2TÓPICO 2132 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L • Interdependência das organizações com a sociedade: para sobreviver, toda organização depende da sociedade e de outras organizações. Esta dependência é influenciada a partir de mudanças frequentes internas e externas, limitando a capacidade de ação da empresa. • Conjunto organizacional: esta interdependência organizacional mostra que a organização está inserida num conjunto de organizações. Aqui as organizações começam a se desprender de seus aspectos internos, focando ao ambiente externo, e a teoria estruturalista passa a ter a sua ênfase no ambiente. O ambiente externo pode ser de competição, onde as organizações disputam, direta ou indiretamente entre si, por algum recurso: clientes, compradores ou outros membros potenciais. O ambiente também pode ser de cooperação, o que exige a interação direta entre as organizações do ambiente. Para os estruturalistas, a estratégia é uma função política organizacional (CHIAVENATO, 2003, p. 304): • As organizações são coalizões de vários indivíduos e grupos de interesse. • Existem diferenças duradouras entre os membros de coalizão em termos de valores, crenças, informações, interesses e percepções da realidade. • A maior parte das decisões importantes envolve a alocação de recursos escassos. • Recursos escassos e diferenças duradouras dão ao conflito um papel central na dinâmica organizacional e fazem do poder o recurso mais importante da organização. • Metas e decisões emergem de barganhas, negociações e manobras em busca de posições entre os diferentes interessados. A colisão frontal é decorrente da completa incompatibilidade de interesse. Agora, quando os interesses são diferentes, mas não necessariamente incompatíveis, surge a rivalidade ou concorrência. 4.2 TEORIA DA CONTINGÊNCIA A palavra contingência significa algo incerto ou eventual, que pode suceder ou não, dependendo das circunstâncias. Refere-se a uma proposição cuja verdade ou falsidade somente pode ser conhecida pela experiência e pela evidência, e não pela razão (CHIAVENATO, 2003, p. 498). Seguindo os pressupostos da Teoria Clássica, autores realizaram pesquisas em determinadas empresas, com o intuito de identificar os modelos de estruturas mais eficazes em relação ao seu ambiente. Observaram que não há um único e melhor meio de organizar, UNIDADE 2 TÓPICO 2 133 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L estabelecer: a divisão do trabalho, a amplitude de controle, a hierarquia de autoridade etc. Surge então a Teoria da Contingência. Dada a velocidade e a complexidade das diferentes interações no ambiente interno e externo, as organizações estão num constante redesenho organizacional para obter a eficácia, requerendo um modelo apropriado para cada situação. A teoria da contingência vem ao encontro desta realidade, estabelecendo uma relação do tipo se-então. Para cada situação (estado ambiental) desencadeamos um conjunto de ações (comportamento), que por sua vez produzem um resultado (consequência). Dependendo do resultado produzido, o comportamento pode ser: mantido, reforçado, alterado ou eliminado. Assim, na teoria contingencial, tudo é relativo e tudo depende. As contingências externas: oportunidades ou ameaças representam uma influência sobre os processos internos. FIGURA 39 – A ABORDAGEM CONTINGENCIAL FONTE: Chiavenato (2003, p. 504) Segundo Chiavenato (2003, p. 505), a teoria da contingência aprimora as pesquisas realizadas por Alfred Chandler Jr, Tom Burns e G.M.Stalker, Lawrence e Lorsh; e ainda, Joan Woodward. Chandler investigou grandes empresas, percebendo que o aprimoramento de suas estruturas organizacionais ocorreu em quatro fases distintas: acumulação de recursos, racionalização do uso dos recursos, continuidade do crescimento e racionalização do uso de recursos em expansão. Já os sociólogos Burns e Stalker foram investigar as práticas administrativas versus o ambiente externo dessas indústrias. Classificaram seus resultados em organizações mecanicistas (ambientes estáveis) e organizações orgânicas (ambientes em mudança). FIGURA 40 – PROPRIEDADES DA ESTRUTURA MECANICISTA E DA ORGÂNICA FONTE: Chiavenato (2003, p. 507) Para Lawrence e Lorsh, há problemas básicos relacionados à diferenciação e integração ao ambiente. Em relação à diferenciação, cada divisão da estrutura organizacional desempenha UNIDADE 2TÓPICO 2134 F U N D A M E N T O S E T E O R I A O R G A N I Z A C I O N A L uma tarefa específica e especializada para um ambiente, também especializado. Cada divisão age ou reage somente à parte do ambiente relevante à sua própria tarefa. Já no processo de integração, as pressões ambientais fazem com que as divisões organizacionais busquem esforços e coordenação entre várias divisões. Assim, não há uma única maneira de organizar, mas as empresas precisam ser sistematicamente ajustadas ao ambiente, considerando que (CHIAVENATO 2003, p. 509): ● A organização é um sistema aberto – natureza sistêmica. ● Há interação das características organizacionais entre si (variáveis depen- dentes) e com o ambiente (variáveis independentes). É difícil as organizações realizarem um mapeamento ambiental na tentativa de conhecê- lo e compreendê-lo totalmente, pois o ambiente externo apresenta uma variedade de condições variáveis para serem analisadas com objetividade. Assim, as pessoas realizam uma seleção do ambiente a ser mapeado, que é descrito por meio de informações e sujeitos à sua subjetividade. Os ambientes são percebidos subjetivamente, conforme as expectativas, experiências, problemas, convicções e motivações individuais e organizacionais; daquilo que julgarem relevante. É preciso lembrar que o ambiente não é estático, e sim dinâmico; portanto, aquilo que é percebido hoje deve mudar. IMP OR TAN TE! � Uma fábrica de calçados enviou um vendedor ao Sul e outro ao norte da China. Um dos vendedores retornou para a empresa dizendo que não conseguiria vender, pois todos andavam descalços; enquanto o outro percebeu um mercado potencial. Ao selecionar um ambiente a ser mapeado, as organizações investigam a partir de suas presunções.
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