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UNIDADE 2 A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS NO PROCESSO DE GESTÃO ObjETIVOS DE APRENDIzAGEm A partir desta unidade você será capaz de: compreender a importância da evolução no conceito de gestão; conhecer os principais autores que contribuíram para a evolução administrativa; refletir os aspectos históricos que ainda podem ser analisados no cotidiano. TÓPICO 1 – ORIGENS DA GESTÃO TÓPICO 2 – TEORIAS EVOLUTIVAS TÓPICO 3 – ABORDAGENS EVOLUTIVAS DE GESTÃO PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontrará autoatividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos. ORIGENS DA GESTÃO 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 UNIDADE 2 Na Unidade 2 apresentaremos informações e definições que fundamentaram estudos e permitem compreender as várias faces conceituais da evolução da gestão. Vários são os estudiosos que apontam os objetivos e as ideias fundamentais da gestão. Desde a antiguidade existe a preocupação com a direção e coordenação de organizações. Essa compreensão se faz necessária, a fim de observar e contextualizar as técnicas e formas utilizadas, bem como fazer uma reflexão que oportuniza o entendimento de administrar tempo, equipes, produtos, serviços e sistemas. Para entender o processo de gestão é importante que você conheça a evolução da história da administração, pois foi com a origem desses acontecimentos que podemos aprender e compreender o processo de gestão que estamos estudando nessa disciplina. Para Bateman e Snell (1998, p. 27), Administrar “é o processo de trabalhar com pessoas e recursos para realizar objetivos organizacionais, de maneira eficiente e eficaz”. Para Stoner (1995, p. 5), são considerados objetivos organizacionais: “O processo de planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho, e de usar todos os recursos disponíveis da organização para alcançar objetivos estabelecidos.” Os objetivos de um sistema administrativo organizacional devem: 1 Ser focados em um resultado positivo. 2 Ter consistência e estarem integrados ao processo. 3 Ser mensuráveis. 4 Ser alcançáveis dentro do sistema. 5 Estar delimitados em tempo e espaço. UNIDADE 2TÓPICO 1D1-72 UNI Leitura Complementar: CORIAT, Benjamin. Pensar pelo avesso. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ/Revan, 1994. 2 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO A partir do entendimento e conhecimento da organização, suas metas e utilizando seus recursos, poderemos traçar o perfil da organização. Com este estudo é possível determinar ações e atribuir condutas condizentes aos objetivos predeterminados para um período de tempo delimitado e esperado do sistema. UNI O termo organização vem do grego organon, que significa instrumento. Ou podemos definir como um arranjo estrutural com objetivo de execução de estratégias dos negócios. A seguir, uma representação conceitual da estrutura de um sistema organizacional em forma de quadro. Este é fundamentado nas teorias e representam os enfoques, modelos e técnicas que as organizações devem conhecer e aplicar. Alguns paradigmas, que são pertinentes ao desenvolvimento do gerenciamento, vêm se transformando, por ser o sistema administrativo um processo dinâmico. Acompanha um Mapa Conceitual que é um diagrama, representando um pequeno cenário das teorias da administração e que envolve as competências necessárias ao processo, entretanto, não implica a sequência, temporalidade ou direcionalidade, simplesmente relacionando os conceitos. UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-73 FIGURA 17 – MAPA CONCEITUAL FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS FONTE: Adaptado de Maximiano (2007) Teorias são uma reflexão e uma explicação científica de um fato. Os fatos sem uma explicação que levam à compreensão são apenas acontecimentos. Um estudo construído a partir de uma origem de um fato, uma hipótese testada e relatada de forma científica, gera uma teoria. Assim formada, é considerada um princípio ou preceito que orientem próximas ações. A teoria é, portanto, uma afirmação destinada a explicar fatos da realidade de forma científica. Devemos sempre considerar que o conhecimento científico é temporário e adaptável. Existe, portanto, a possibilidade de uma teoria evoluir e se transformar. As teorias ajudam a entender ideias e ações práticas de um fato. Para Maximiano (2004, p. 48), “as teorias da administração têm uma história muito antiga e vêm evoluindo junto às tomadas de decisão tanto dos organizadores quanto a lidar com problemas, definir objetivos, planejar atividades, organizar recursos, dirigir pessoas e controlar resultados. São problemas permanentes, que devem continuamente motivar o surgimento de novas ideias e técnicas que desenvolvam significativamente a organização”. UNIDADE 2TÓPICO 1D1-74 UNI EXEMPLO: 1 Fato: A maçã cai da árvore. 2 Hipótese: Acreditar que existe uma força que a atrai. 3 Teoria: A comprovação de que esta força existe. Teoria científica é o nome dado a um sistema organizado de ideias e conceitos que explicam um conjunto de fenômenos e que pode ser testado. Portanto, a construção de uma teoria é fundamentada em uma prática realizada. FIGURA 18 – O FILME TEMPOS MODERNOS REPRESENTA A TEORIA CIENTÍFICA FONTE: Disponível em: <http://toninho007.wordpress.com/category/teoria-da- administracao-cientifica/>. Acesso em: 24 out. 2012. “Muitas das teorias e técnicas usadas para administrar as organizações da atualidade são ideias que evoluíram de práticas do passado”. (MAXIMIANO, 2004, p. 49). Aqui apontamos a preocupação e a evolução com a administração desde a antiguidade. Vários tipos de organizações que no passado criaram alternativas e soluções para atingir seus objetivos e metas, através de seus recursos, hoje são adaptados e adequados à nova realidade profissional e de mercado globalizado. 2.1 GRÉCIA De acordo com Maximiano (2004, p. 50), “no século V a.C., começou na Grécia um UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-75 2.2 ROMA E A IGREJA CATÓLICA 2.3 ORGANIZAÇÕES MILITARES fértil período de produção de ideias que viriam a influenciar profundamente a prática da administração”. Mais que isso, as ideias dos gregos apresentaram-se entre as mais importantes contribuições para a civilização. Dentre elas: • Democracia. • Ética, defendida por Platão entre políticos e filósofos gregos. • Qualidade, como ideal de excelência. Maximiano (2004, p. 51) afirma que “princípios e técnicas administrativas construíram e mantiveram Roma durante 12 séculos como monarquia, república e império”. “Roma apresenta o primeiro caso no mundo de organização e administração de um império multinacional.” (MAXIMIANO, 2004, p. 52). Maximiano (2004) lembra também que a má administração ajudou a destruir Roma. E com o desaparecimento do Império Romano, outra organização de grande porte começava a escrever sua história. A organização herdou muito das tradições administrativas dos romanos, geograficamente, como também de linguagem. Há mais de 3.000 anos os exércitos vêm criando soluções para a administração de grandes contingentes de pessoas envolvidas em operações complexas e arriscadas. Os conceitos sobre estratégia, planejamento, logística e hierarquia, em todos os tipos de empreendimentos, nasceram com os militares do passado distante (CHIAVENATO, 2000). O exército romano avançou muito em termos de organização, alistamento de profissionais, regulamentação, burocratização, planos de carreira e organização. O exército romano trabalhava também com motivação e disciplina dos soldados. Com o império romano multinacional, a logística também necessitava de uma logística bem administrada para atender às necessidades dos grupos distribuídos em várias regiões (CHIAVENATO, 2000). UNIDADE 2TÓPICO 1D1-76 FIGURA 19 – ORGANIZAÇÕES MILITARES FONTE: Disponível em: <http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?mostra=6465>. Acesso em: 24 out. 2012. DIC AS! Leitura indispensável ao enriquecimento deste conteúdo: Arte da guerra, de sun tzu. Este livro trata sobre estratégia e planejamento militar. Usar o tempo ao invés da força.2.4 MAQUIAVEL Para Maximiano (2004, p. 53), a herança adquirida em termos de concepções sobre gestão e administração, e as muitas contribuições do Renascimento por Maquiavel (1469-1527) retratadas na obra “O Príncipe”, através de sugestões de comportamento, e no poder, como dirigentes de organizações complexas, pois dependente da qualidade dos homens que o cercam para que a equipe e de forma política, pelo trabalho do dirigente enquanto administrador na formação dos colaboradores que individualmente capazes soubessem trabalhar em equipe, sem perder a qualidade no conjunto, dependente que é do apoio das massas. Apresenta ainda a necessidade de, em crise, através de exemplo pessoal, motivar seus governados fortalecendo a moral e incentivando-os com o uso de suas qualidades de liderança. A arte de manter-se no poder coincide com “bem governar”, e para isso é preciso manter a harmonia social, evitando UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-77 3.1 TAYLOR E A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA 3 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO Maximiano (2004) apresenta contribuições de liderança em empresas por Frederick Wislow Taylor (1856-1915). É considerado fundador da Administração Científica. Taylor, em seus estudos, procurou aprofundar e conseguiu aumentar consideravelmente a eficiência do processo em relação a tempo e movimento, em uma combinação otimizada, assim observada: O primeiro período de Taylor corresponde à época da publicação de seu livro Shop Managemant (Administração de Oficinas), de 1903. Esta obra mostra as técnicas de racionalização do trabalho do operário por meio do estudo de tempos e movimentos. Segundo Maximiano (2004), Taylor diz em Shop Managemant que: a) O objetivo da administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de produção, aumentando os rendimentos do trabalhador de acordo com seu esforço. b) Para realizar isto, a administração da organização deve aplicar métodos científicos de pesquisas e experimentos para formular princípios e estabelecer processos padronizados e adequados à sua realidade. c) Os empregados devem ser cientificamente colocados em seus postos com materiais e A administração científica foi um marco muito significativo para a história da administração. O engenheiro americano Frederick W. Taylor, no começo do século XX, iniciou estudos que davam ênfase às tarefas da organização. O nome administração científica se dá devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos trabalhos operacionais, a fim de aumentar a eficiência industrial. desordens e mantendo-se ao lado do povo, de forma que seu poder tenha fortalecido o espírito e a moral dos governados. UNI “Cada homem deve aprender como abrir mão da sua maneira particular de fazer as coisas, adaptar seus métodos a muitos padrões novos e crescer acostumado a receber e obedecer a ordens, respectivos detalhes, grandes e pequenos, que no passado eram deixados ao seu próprio julgamento”. F. Taylor UNIDADE 2TÓPICO 1D1-78 condições de trabalho adequado, para que as tarefas na produção e consequentemente nos padrões de desempenho fossem mais eficientes. d) Os empregados devem ser cientificamente treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar suas tarefas para que a produção normal seja cumprida e também encarando responsabilidades em relação à empresa e aos colegas de trabalho. e) A administração precisa criar uma atmosfera de íntima e cordial cooperação com os trabalhadores, para garantir a permanência desse ambiente psicológico, havendo uma necessidade de uma revolução mental, e aplicação na maneira de encarar o trabalho, fundamentada na cordialidade e cooperação de todo o grupo. O segundo período de Taylor corresponde à publicação do seu Livro Princípios de Administração Científica (1911), quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação geral da empresa e que tornasse coerente a aplicação dos seus princípios (CHIAVENATO, 2000). Conforme Chiavenato (2000), para Taylor as indústrias de sua época padeciam de três males: • Vadiagem sistemática dos operários; que reduziam a produção para evitar a redução de salários pela gerência. • Desconhecimento pela gerência das rotinas de trabalho e de tempo necessário para sua realização. • Falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho. 3.2 AS TÉCNICAS DE TAYLOR A partir deste momento, a administração passou a ser vista e considerada como ciência. Para Chiavenato (2000), os elementos elencados por Taylor e chamados de “unidades básicas de trabalho” e por alguns autores tarefas taylorizadas, são: • Estudos de tempo e padrões de produção. • Supervisão funcional. • Padronização de máquinas, ferramentas, instrumentos e materiais. • Planejamento do desenho de tarefas e cargos. • Princípio da exceção. • Prêmios de produção pela execução eficiente das tarefas. Algumas tarefas consideradas taylorizadas são: • Estudo de tempo, supervisão funcional. UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-79 3.3 ORGANIZAÇÃO FORMAL DO TRABALHO • Padronização de materiais. • Planejamento de tarefas e cargos. • Definição da rotina de trabalho. A ideia de substituição dos métodos empíricos e rudimentares pelos métodos cientificamente comprovados recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho. Conhecida como ORT (Organização Racional do Trabalho), nada mais é do que a organização formal do trabalho. (CHIAVENATO, 2000). Na Organização Formal do Trabalho, segundo Fernandez (2001, p. 49), você consegue responder às seguintes questões? • Quais são os objetivos a alcançar? • Quais são as atividades e os recursos necessários para obter resultados positivos? • Como direcionar e conduzir os esforços para alcançar os objetivos? • De que forma são monitoradas as ações para garantir a aproximação e o alcance dos planos? Deve-se à organização formal e às teorias das escolas que mais influenciaram a administração nos últimos cem anos o ensinamento de que administrar significa tomar decisões sobre os objetivos a serem alcançados, envolvendo planejamento, organização, direção e controle. FIGURA 20 – ORGANIZAÇÃO FORMAL DO TRABALHO FONTE: Disponível em: <http://www.canstockphoto.com.br/trabalho-fluxo-processo- pessoas-ciclo-5827913.html>. Acesso em: 24 out. 2012. UNIDADE 2TÓPICO 1D1-80 Junto a Taylor e o desenvolvimento do taylorismo e a administração científica, em torno de 1910, quando da confirmação da gerência como uma ciência, de forma que os empregados colaboradores começaram a ter responsabilidades específicas e distintas. A partir de uma seleção e capacitação no desenvolvimento dos trabalhadores, controle do desempenho e na coordenação das atividades, surgiu, sequencialmente, outra inovação revolucionária: a Linha de Montagem de Henry Ford (FERNANDEZ, 2001). 4 FAYOL E O PROCESSO ADMINISTRATIVO Quando nos deparamos com questões como: Quais as qualidades essenciais que devemos aprimorar em nós para podermos atingir o objetivo comum à organizaçao e aos colaboradores a qual fazemos parte? (que é de uma atuação de qualidade para ser um gerente melhor). O autodesenvolvimento parte da premissa do conhecimento e da busca pelo mesmo. Somente estudos contextualizados à realidade da empresa em que atuamos podem nos proporcionar visão decorrente das necessidades de nosso pessoal e, da mesma forma, permitir que nossa dedicação frente ao papel em que atuamos na organização contribua eficazmente. Maximiano (2004, p. 57) apresenta um dos mais importantes contribuintes do desenvolvimento do conhecimento administrativo moderno: Jules Henri Fayol. Fayol nasceu em Istambul, na Turquia, em 29 de julho de 1841, e faleceu em 19 de novembro de 1925, em Paris (França). Chiavenato (2000) apresenta seus estudos sob ótica da Administração Industrial e Geral (título original: Administration industrielle et générale - prévoyance organisation - commandement, coordination). Fayol esteve à frente do Centro de Estudos Administrativos, onde sereuniam semanalmente pessoas interessadas na administração de negócios, fossem eles comerciais, industriais ou governamentais, contribuindo para a difusão das doutrinas administrativas. É dele a contribuição das funções Administrativas: o POCCC ou PO3C - Planejar, Organizar, Comandar, Controlar e Coordenar. E tais ações conduziriam a uma administração eficaz das atividades da organização. De acordo com Maximiano (2004), Fayol determinou que a administração seja uma atividade comum a todos os empreendimentos humanos, como: a família, os negócios e o governo. Todos exigem certo grau de planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Fayol estudou, criou e divulgou sua própria teoria, com base em sua experiência de administrador bem-sucedido que foi, frente à mineradora e metalúrgica francesa Comambault. UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-81 Fayol chegou a diretor geral da empresa de mineração que estava em situação de falência, quando ele ingressou; conseguiu reverter a situação financeira, deixando a empresa com uma situação sólida até sua aposentadoria em 1918. Nos úlimos anos de sua vida dedicou-se a divulgar os princípios da administração que se baseavam fundamentalmente em sua experiência. 4.1 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO: FAYOL Citando os estudos realizados por Fayol, focados principalmente na questão da Gestão eficaz, foram apresentados por Maximiano em (2004, p. 59), que de acordo com os estudos de Fayol, propôs quatorze princípios que devem ser seguidos para que uma administração seja eficaz. São eles: 1. Divisão do trabalho, a designação de tarefas específicas para cada indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes. 2. Autoridade e responsabilidade, sendo a primeira o direito de mandar e o poder de fazer obedecer, e a segunda, a sanção – recompensa ou penalidade – que acompanha o exercício do poder. 3. Disciplina, o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes. 4. Unidade de comando, de forma que cada indivíduo tenha apenas um superior. 5. Unidade de direção, um só chefe e um só programa para o conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. 6. Subordinação do interesse individual ao interesse geral. 7. Remuneração do pessoal, de forma equitativa e com base tanto em fatores externos quanto internos. 8. Centralização, o equilíbrio entre concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados. 9. Cadeia de comando (linha de autoridade), ou hierarquia, a série dos chefes desde o primeiro ao último escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de Fayol). 10. Ordem, um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar. 11. Equidade, o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários. 12. Estabilidade do pessoal, a manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento. 13. Iniciativa, que faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes. 14. Espírito de equipe. Ao nos atermos aos estudos dos princípios que devem ser seguidos de acordo com UNIDADE 2TÓPICO 1D1-82 Fayol, no início do século passado, podemos observar que as características se mantêm quanto às funções gerenciais, somente adequando-se às novas realidades e reconhecendo o papel do gerente eficaz, através do reconhecimento do comportamento adequado à liderança, pro- atividade, inovação e a dinâmica de atuação, tirando o melhor proveito dos princípios estudados por Fayol. (MAXIMIANO, 2004). Fayol estudou as características dos dirigentes, atribuiu-lhes as responsabilidades do controle gerencial em uma empresa organizada, com atividades que consistem em ações de coordenação e orientação aos colaboradores. Preocupando-se com os dirigentes e considerando também de responsabilidade do bom gestor a questão burocrática do processo administrativo. Fundamentalmente: conhecer passo a passo as formas de trabalho, para poder, assim, saber orientar seus colaboradores. É necessário, portanto, o conhecimento das necessidades e o tempo que se faz necessário para a execução, que pode ser considerado ou até ser contestado, se o conhece em profundidade. Entretanto, o conhecimento dos processos em uma instituição organizacional deve ser uma constante, em que a própria experiência deve acompanhar a dinâmica da empresa. Somente assim poderá então o gestor apresentar o diferencial, frente a seus subordinados, e sua competência largamente difundida e assimilada pelos vários setores, equipes e pessoas, que são encarregadas a atuarem de forma similar ao pretendido. Quanto à execução de tarefas, nos mais variados níveis hierárquicos das organizações, as responsabilidades que são atribuídas a cada um e forma de condução das ações responsáveis dos pequenos grupos, ou setores. Prover os colaboradores de atenção contribui, já comprovadamente, no processo de esforços de sua melhor performance (CHIAVENATO, 2000). Também é importante analisarmos a questão de uma série de chefes e suas chefias. O cuidado que Fayol teve em preocupar-se com o nível executivo da empresa, vê-se também a preocupação na cadeia de comando e linha de autoridade, estabelecidas as relações diretas, chamadas: “Ponte de Fayol”. Visto que a preocupação de Fayol girava em torno da ordem, em que cada colaborador deve ter seu lugar, que é de fundamental importância para as operações da organização em todos os seus níveis hierárquicos e linhas de comando (CHIAVENATO, 2000). UNI Taylor se preocupou com as atividades operacionais dos cargos mais baixos, efetivamente sobre questões de produtividade, e Fayol cuidou do trabalho da administração e os mais altos cargos e ações decorrentes de uma gestão. Fayol, portanto, analisava os aspectos organizacionais de cima para baixo, do todo para UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-83 FIGURA 21 – FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAt7kAF/fayol-processo- administracao>. Acesso em: 24 out. 2012. as partes, estudando ações a partir da direção para os colaboradores de execução. Os objetivos tanto da Administração Científica quanto da Teoria Clássica são os mesmos: a busca da eficiência nas organizações, em todos os setores considerando o todo. As funções administrativas devem ser proporcionalmente distribuídas em toda escala hierárquica de uma empresa. Conforme Chiavenato (2000), segundo Fayol, toda empresa tem seis funções básicas. Cada uma delas tem suas atividades distintas no processo e no sistema organizacional. São elas: 1. Funções Técnicas: relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. Esta função tem maior importância nos aspectos de cargos mais baixos, pois está diretamente relacionada à área de produção e manufatura, seja de produtos ou serviços de qualidade. No caso de cargos mais altos, maior deverá ser a capacidade técnica de administrar, portanto, faz-se necessário analisar o perfil do colaborador para considerá-lo o mais adequado à atuação no cargo vago possível. 2. Funções Comerciais: relacionadas com a compra, venda e troca ou permuta. 3. Funções Financeiras: relacionadas com a procura e gerência e utilização mais adequadas do capital. 4. Funções de Segurança: relacionadas com a proteção e preservação dos bens (propriedades e das pessoas). 5. Funções Contábeis: relacionadas com inventários, registros, estoques, balanços, custos e estatísticas. 6. Funções Administrativas: coordenam e sincronizam as demais funções de forma que os recursos são organizados para execução dos planos. O processo de execução consiste em UNIDADE 2TÓPICO 1D1-84 4.2 QUALIDADES, CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIAS Fayol abordava que as principais qualidades, conhecimentos e experiências necessárias para um gestor, conforme Chiavenato (2000), são: Qualidades físicas: saúde, vigor, trato. Qualidades mentais: habilidade de aprender e de entender, vigor mental e adaptabilidade.Qualidades morais: energia, firmeza, iniciativa, lealdade, tato. Educação geral: familiaridade com outros assuntos. Conhecimento especial: aquele peculiar à função, técnico. Experiência: conhecimento advindo do próprio trabalho. Segundo Chiavenato (2000), para Fayol, as funções universais da administração são: Previsão: envolve avaliação do futuro e aprovisionamento em funções dele. Unidade, continuidade, flexibilidade e apreciação são os aspectos principais de um plano de ação. Organização: proporciona todas as coisas úteis ao funcionamento da empresa e pode ser dividida em organização material e organização social. Comando: leva a organização a funcionar. Seu objetivo é alcançar o máximo retorno de todos os empregados no interesse dos aspectos globais. Coordenação: harmoniza todas as atividades do negócio, facilitando seu trabalho e seu sucesso. Ela sincroniza coisas e ações em suas proporções certas e adapta os meios aos fins. Controle: consiste na verificação para certificar se todas as coisas ocorrem em conformidade realizar todas as atividades do sistema organizacional. Em todo o processo devem existir: planejamento, estratégias de ação, processo de qualidade na execução e informação e controle do resultado. Se além das funções, as ações seguirem a dinâmica do bom planejamento, a qualidade no processo da execução, e a informação sobre o controle do resultado, as ações corretivas do processo e as funções de cada empresa, não atuarão pela perspectiva do imediatismo, da correção e/ou do retrabalho. Fayol é atualmente considerado o pai da administração moderna, por ter sido um influente teórico. Suas fundamentações foram calcadas na experiência por ele observada e praticada durante sua atuação frente à mineradora e metalúrgica francesa Comambault. Os estudos de Fayol na teoria administrativa abarcaram questões de habilidade administrativa distintas do conhecimento tecnológico. Determinou que o perfil do administrador deve estar intrinsecamente ligado com qualidades (físicas, mentais, morais), conhecimento (educação geral, conhecimento especial) (CHIAVENATO, 2000). UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-85 com o plano adotado, as instruções transmitidas e os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e os erros no sentido de retificá-los e prevenir a recorrência. Para Fayol, existe uma proporcionalidade da função administrativa, isto é, ela se reparte por todos os níveis da hierarquia da empresa e não é privativa da alta cúpula. Em outros termos, a função administrativa não se concentra exclusivamente no topo da empresa, nem é privilégio dos diretores, mas é distribuída proporcionalmente entre todos os níveis hierárquicos. À medida que se desce na escala hierárquica, mais aumenta a proporção das outras funções da empresa e, à medida que se sobe na escala hierárquica, mais aumenta a extensão e o volume das funções administrativas. (CHIAVENATO, 2000). Para Chiavenato (2000), as conclusões de Fayol sobre todo esse processo se resumem a: • A capacidade principal de um operário é a capacidade técnica. • Capacidade administrativa aumenta, enquanto a capacidade técnica diminui. • A capacidade principal do diretor é a capacidade administrativa. Quanto mais elevado o nível hierárquico do diretor, mais essa capacidade domina. Fayol afirma a necessidade de um ensino organizado e metodológico da Administração, de caráter geral para formar administradores, a partir de suas aptidões e qualidades pessoais focadas na gestão e liderança. Em sua época, essa ideia era uma novidade, porque naquela época os gerentes tinham como característica serem manipuladores através das palavras e indiferenças ou aplicando regras, tomando decisões e atitudes inadequadas ou até mesmo indiferentes das suas equipes e colaboradores. (CHIAVENATO, 2000). 5 PERSONALIDADES INFLUENTES NO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DA GESTÃO • PETER FERDINAND DRUKER Peter F. Drucker, considerado pai do Gerenciamento, foi um homem de sete ofícios: economista, analista financeiro, jornalista, conferencista, consultor, autor e professor. Nascido na Áustria em 1909. Morreu em novembro de 2005 aos 95 anos, nos USA (United States of America). Escritor e consultor de gestão, e descreveu-se como ecologista-social. Escreveu sobre a importância decisiva do Marketing nas organizações. Sugeriu que a melhor metodologia para determinar o futuro é olhar para as mudanças que vêm ocorrendo recentemente. É olhar o mercado e as mudanças que vêm ocorrendo nos negócios e então apropriar-se dessas informações e usá-las. É preciso criar um novo conhecimento, e torná- lo produtivo. FONTE: Disponível em: <http://www.centroatl.pt/titulos/desafios/peterdrucker.php>. Acesso em: 27 nov. 2010. UNIDADE 2TÓPICO 1D1-86 • LYNDALL URWICK Lyndall Urwick foi um consultor de negócios administrativos e pensador influente do Reino Unido, seguidor das ideias de Fayol quanto a questões de teorias compreensivas da administração; escreveu um livro chamado “Os elementos de administração do negócio” (The Elements of Business Administration), que foi publicado em 1943. Segundo Lyndall Urwick (1943, p. 75), as funções do administrador são sete: 1. Investigação. 2. Previsão. 3. Planejamento. 4. Organização. 5. Coordenação. 6. Comando. 7. Controle. UNI “A melhor forma de prever o futuro é criá-lo”. (Peter Druker) FONTE: Disponível em: <http://www.adm.ufba.br/sites/default/files/publicacao/arquivo/tese_ doutorado_ claudiani_waiandt.pdf>. Acesso em: 30 out. 2012. • MOONEY E REILLEY Foram os estudiosos e pioneiros no esforço para criar a definição do processo de administrar. Eles afirmaram que deve haver eficiência em todos os grupos de toda organização. • RALPH C. DAVIS Vê a amplitude administrativa em um planejamento de três níveis: Estratégico: que engloba toda organização. Tático: envolvendo os departamentos. Operacional: focando as tarefas. UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-87 • WILLIAM H. NEWMAN Professor e estudioso dos processos gerenciais. Faleceu em maio de 2002. Considerado o último estudioso fundador da Academia de Administração em 1936, tendo publicado dez livros sobre Técnicas de Gestão e Estratégias. Foi por vários anos consultor administrativo. Seus estudos estão publicados e ele é considerado autor influente no estudo de modelos de gestão. Seus livros de Ações Administrativas estão traduzidos em dez idiomas. UNI UNI “O êxito do desenvolvimento de executivos em uma empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da capacidade dos seus gerentes no seu papel de educadores. Cada superior assume este papel quando ele procura orientar e facilitar os esforços dos seus subordinados para se desenvolverem”. John W. Riegel Hoje existe uma premiação internacional anual, William Newman, por trabalhos de estudos realizados na área de gestão. FONTE: Disponível em: <http://www.nytimes.com/2002/06/30/classified/paid-notice-deaths-newman- william-h.html>. Acesso em: 24 out. 2012. • KOONTZ E O’DONNELL Estes estudiosos dedicaram-se ao desenvolvimento das teorias, para desempenho de tarefas administrativas, ampliando as possibilidades de sucesso na organização empresarial, observando os momentos adequados ou necessários a transformações. Koontz e O’Donnell (1989, p. 25) citam que: “o processo de planejamento é lógico, pois reflete as etapas e as condições sucessivas para atingir um objetivo”. Eles têm um ótimo trabalho desenvolvido para administração desportiva, baseado em posicionamentos pessoais, que vale a pena conferir, referente às manifestações de alta performance. 6 HENRY FORD E A LINHA DE MONTAGEM Henry Ford, dentro de um processo predefinido, trabalhou o sistema de produção em UNIDADE 2TÓPICO 1D1-88 FIGURA 22 – LINHA E MONTAGEM FONTE: Disponível em: <http://www.jornalvs.com.br/blogs/motores/10-2010>. Acesso em: 24 out. 2012. Ford Evidenciou, entre outros, os seguintes princípios: 1. Fazer as coisas da melhor maneira possível. 2. Distribuir com clareza as responsabilidades. 3. Escolheros servidores mais capazes, não importa a que preço. “Para alcançar a padronização, Ford passou a utilizar o mesmo sistema de calibragem para todas as peças, em todo processo de manufatura. Esse princípio deu origem ao controle de qualidade, cujo objetivo era assegurar a uniformidade das peças”. (MAXIMIANO, 2004, p. 56). DIC AS! DICA de leitura: O Verdadeiro, o Belo e o Bom, de Howard Gardner. massa elevando o grau de produção diferenciado, implicando quantidade de peças padronizadas e trabalhador especializado (CHIAVENATO, 2000). UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-89 LEITURA COMPLEMENTAR A OBRA DE TAYLOR – SUAS CONSTATAÇÕES E PROPOSTAS A abordagem típica da Escola da Administração Científica é a ênfase nas tarefas. O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração, a fim de alcançar elevada eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da Administração são a observação e a mensuração. A Escola da Administração Científica foi iniciada no começo deste século pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, considerado o fundador da moderna administração. Taylor teve inúmeros seguidores e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. Sua preocupação original foi tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o fundador da Administração Científica, nasceu em Filadelfia, nos Estados Unidos. Veio de uma família “quaker” de princípios rígidos e foi educado dentro de uma mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Em seus primeiros estudos, tomou contato direto com os problemas sociais e empresariais decorrentes da Revolução Industrial. Iniciou sua vida profissional como operário, em 1878, na Midvale Steel Co., passando a capataz, contramestre, chefe de oficina, a engenheiro em 1885, quando se formou pelo Stevens Institute. Naquela época, estava em moda o sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa, e os operários, por seu turno, reduziam a um terço o ritmo de produção das máquinas, procurando contrabalançar, desta forma, o pagamento por peça determinado pelos patrões. Isto levou Taylor a estudar o problema de produção nos seus mínimos detalhes, pois não podia decepcionar os seus patrões, graças ao seu progresso na companhia, nem decepcionar seus colegas de trabalho, que desejavam que o então chefe de oficina não fosse duro com eles no planejamento do trabalho por peça. Taylor iniciou suas experiências e estudos pelo trabalho do operário e, mais tarde, generalizou as suas conclusões para a Administração geral: sua teoria seguiu um caminho de baixo para cima e das partes para o todo. Permaneceu em Midvale até 1889, onde iniciara suas experiências, que o tornariam famoso, quando entrou para a Bethlehem Steel Works, para tentar aplicar as suas conclusões, vencendo enorme resistência às suas ideias. Registrou cerca de cinquenta patentes de invenções sobre máquinas, ferramentas e processos de trabalho. Em 1895, apresentou à “American Society of Mechanical Engineers” um estudo experimental denominado “Notas Sobre UNIDADE 2TÓPICO 1D1-90 as Correias”. Pouco depois publicava outro trabalho, “Um Sistema de Gratificação por Peça”, um sistema de administração e de remuneração dos operários. O primeiro período de Taylor corresponde à época da publicação do seu livro Shop Management (Administração de Oficinas), 1903, onde se preocupa exclusivamente com as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo de Tempos e Movimentos (Motion-time Study). Taylor começou por baixo, junto com os operários no nível de execução, efetuando um paciente trabalho de análise das tarefas de cada operário, decompondo os seus movimentos e processos de trabalho, aperfeiçoando-os e racionalizando-os gradativamente. Verificou que o operário médio produzia muito menos do que era potencialmente capaz com o equipamento disponível. Concluiu que se o operário diligente e mais predisposto à produtividade percebe que no final obtém a mesma remuneração que o seu colega menos interessado e menos produtivo, acaba se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo de acordo com a sua capacidade. Daí a necessidade de criar condições de pagar mais ao operário que produz mais. Em essência, Taylor diz em Shop Management que: (1) o objetivo de uma boa Administração era pagar salários altos e ter baixos custos unitários de produção; (2) para realizar esse objetivo, a Administração tinha de aplicar métodos científicos de pesquisa e experimento para o seu problema global, a fim de formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitissem o controle das operações fabris; (3) os empregados tinham de ser cientificamente colocados em serviços ou postos em que os materiais e as condições de trabalho fossem cientificamente selecionados, para que as normas pudessem ser cumpridas; (4) os empregados deviam ser cientificamente adestrados para aperfeiçoar suas aptidões e, portanto, executar um serviço ou tarefa de modo que a produção normal fosse cumprida; (5) uma atmosfera de íntima e cordial cooperação tem de ser cultivada entre a Administração e os trabalhadores, para garantir a continuidade desse ambiente psicológico que possibilite a aplicação dos outros princípios por ele mencionados. O segundo período de Taylor corresponde à época da publicação do seu livro Princípios de Administração Científica, quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser logicamente acompanhada de uma estruturação geral da empresa e que tornasse coerente a aplicação dos seus princípios. Nesse segundo período, desenvolveu os seus estudos sobre a Administração geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar, contudo, sua preocupação com relação à tarefa do operário. Taylor assegurava que as indústrias de sua época padeciam de males que poderiam UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-91 ser agrupados em três fatores: (1) Vadiagem sistemática por parte dos operários, que reduziam propositadamente a produção a cerca de um terço da que seria normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência. Há três causas determinantes da vadiagem no trabalho, que podem ser assim resumidas: • o erro que vem de época imemorial e quase universalmente disseminado entre os trabalhadores, de que o maior rendimento do homem e da máquina terá como resultante o desemprego de grande número de operários; • o sistema defeituoso de Administração, comumente em uso, que força os operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses; • os métodos empíricos ineficientes, geralmente utilizados em todas as empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte do seu esforço e do seu tempo. (2) Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização. (3) Falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho. Para sanar esses males, idealizou seu famoso sistema de Administração que denominou Scientific Management e que nos países de língua latina foi difundido sob os nomes de Sistema de Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. Segundo o próprio Taylor, o Scientific Management é antes uma evolução do que uma teoria, tendo como ingredientes 75% de análise e 25% de bom senso. De acordo com Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer a um certo período de tempo, para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízo aos patrões. Essa implantação requer um período de quatro a cinco anos para um progresso efetivo. Apesar de sua atitudefrancamente pessimista a respeito da natureza humana, já que considera o operário irresponsável, vadio e negligente, Taylor se preocupou em criar um sistema educativo baseado na intensificação do ritmo de trabalho em busca da eficiência empresarial e, em nível mais amplo, ressaltar a enorme perda que o pais vinha sofrendo com a vadiagem e a ineficiência dos operários. FONTE: Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/272092/A-Obra-de-Taylor-Suas-Constatacoes-e- Propostas>. Acesso em: 5 set. 2012. UNIDADE 2TÓPICO 1D1-92 Caro(a) acadêmico(a)! Neste tópico você viu que: • A importância da evolução da adminstração no contexto histórico. • Pôde identificar o mapa conceitual das teorias da administração. • O papel de gestão nos diferentes contextos organizacionais, como na Igreja Católica e organização militar. • A contribuição da administração científica de Taylor e as técnicas de Fayol com o processo administrativo. RESUMO DO TÓPICO 1 UNIDADE 2 TÓPICO 1 D1-93 1 As funções administrativas são compostas por planejamento, organização, direção e controle. Exemplifique estas funções baseadas em uma atividade de seu cotidiano. 2 Dentre as personalidades influentes no processo de evolução da gestão, escolha uma e diga qual a contribuição para administração que perdura? AUT OAT IVID ADE � UNIDADE 2TÓPICO 1D1-94 TEORIAS EVOLUTIVAS 1 INTRODUÇÃO 2 TEORIA DA BUROCRACIA TÓPICO 2 UNIDADE 2 Nesse momento serão feitas reflexões sobre a importância das teorias administrativas para a evolução no processo de gestão e quais suas principais contribuições dentro do contexto histórico. Muitas das teorias surgiram com o intuito de agregar valor às ações de gestão e interferem diretamente até hoje nas organizações. Vamos iniciar com a teoria da burocracia e posteriormente com o enfoque comportamental e a teoria dos sistemas. Para Maximiano (2004, p. 59), “A burocracia tem conotação negativa e lembra excesso de papéis e regulamentos. A palavra burocracia em seu sentido original indica uma forma de organização que se baseia na racionalidade das leis”. Max Weber (1864-1920), cientista alemão, foi quem fez os estudos pioneiros sobre as burocracias. Determinou que as organizações formais modernas se baseiam em leis que as pessoas acreditam e aceitam como racionais. Max Weber (1864-1920), nos seus estudos realizados, propôs três teorias características, que juntas formam o tipo ideal de burocracia. São elas: FORMALIDADE: essencialmente sistemas de normas, com objetivo de racionalidade das UNIDADE 2TÓPICO 2D1-96 decisões baseadas em critérios impessoais. IMPESSOALIDADE: alguns cargos são de figuras de autoridade. A obediência é devida ao cargo e não ao ocupante. PROFISSIONALISMO: a burocracia funciona, neste caso, como sistema de subsistência para o funcionário. FIGURA 23 – BUROCRACIA FONTE: Disponível em: <http://contrun.noblogs.org/post/2008/04/16/apresenta-o-de- burocracia-e-ideologia-jo-o-bernardo/>. Acesso em: 24 out. 2012. DIC AS! <www.culturabrasil.pro.br/weber.htm>. Neste site é possível encontrar maiores informações e estudos sobre este personagem da história da administração. Portanto, todas as organizações têm pontos comuns quanto à forma racional de exercer e estabelecer o regimento de sistemas e normas impessoais que regem o comportamento das pessoas nas organizações da sociedade moderna. Embora o tipo de burocracia ideal apresentada e defendida por Weber, cabe-nos alertar sobre alguns pontos que podem ser exercidos de forma e comportamento, com características ao: UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-97 PARTICULARISMO: defender interesses de grupos, por motivos de amizade ou interesse financeiro. INTERESSES PESSOAIS: favorecimento através de negócios com pessoas da família. EXCESSO DE REGRAS: conhecido como processo burocrático, múltiplas regras e exigências na realização de atividades. MECANICISMO = Situações de funções limitadas, voltadas às regras do sistema. Assim, podemos afirmar que a burocracia é baseada: no caráter legal das normas; fundamentada na rotina dos procedimentos; na impessoalidade do relacionamento; nas ações de rotinas e procedimentos; na previsibilidade do funcionamento e na padronização do desempenho. Todas essas ações têm por objetivo a máxima eficiência da organização. Vemos, portanto, algumas vantagens da burocracia: uniformidade de rotinas e procedimentos; rapidez nas decisões; univocidade de interpretação; redução de atrito entre as pessoas e constância. Entretanto, o modelo burocrático pode ter disfunções, como: exagerado de apego aos regulamentos; excesso de formalismo; resistência a mudanças; despersonalização do relacionamento; conformidade a rotinas e procedimentos e dificuldade de atendimento. Ao estudarmos a questão burocrática organizacional, podemos observar que a escassez da burocracia pode gerar: falta de especialização; falta de autoridade e confusão; liberdade excessiva; informalidade e ausência de documentos; ênfase nas pessoas e consequente desordem. Da mesma forma, podemos observar que o excesso de burocratização pode gerar: superespecialização no trabalho; autoridade e imposição; ordem e regras de disciplina; excesso de formalismo e documentação; excesso de exigências, que acarretam rigidez excessiva. 2.1 A BUROCRACIA COMO MELHORIA NA GESTÃO Quando citamos a burocracia, com certeza, você deve ter torcido o bico, não foi? Pois é, não nos surpreende, pois a maioria das pessoas, quando falamos de burocracia, faz o mesmo. Parece que essa palavra não é bem vista nem nos livros, mas sabe por quê? Por que as pessoas não sabem o real motivo do surgimento da burocracia, e se soubessem qual é o real intuito da burocracia na sua criação, não culpariam o pai desta teoria e sim as pessoas, que, ao longo dos tempos, a usaram de forma indevida. A teoria da burocracia desenvolvida por Max Weber foi criada com o intuito de organizar. UNIDADE 2TÓPICO 2D1-98 Isso mesmo, de organizar o sistema num todo, assim como as organizações. Ou seja, a burocracia veio para facilitar a vida das pessoas, devendo ser usada como algo que pudesse facilitar, colocando ordem aos procedimentos, às tarefas e às próprias pessoas. Porém, com o passar dos tempos, as pessoas começaram a usar a burocracia para “maquiar” ou “atrasar” esses procedimentos, tornando-a algo que hoje a maioria das pessoas tem pavor (CHIAVENATO, 2000). Mas agora que você já sabe o real motivo da criação da teoria da burocracia, use-a como foi proposto por Weber, na essência de sua origem. 3 ENFOQUE COMPORTAMENTAL 3.1 AS EXPERIÊNCIAS DE HAWTHORNE “O enfoque comportamental é outra maneira de enxergar as pessoas nas organizações, considera as pessoas em sua totalidade e como parte mais importante das organizações e seu desempenho”. (MAXIMIANO, 2004, p. 60). Quando o enfoque comportamental é usado por uma organização, significa dizer que a organização tem consideração primordial no indivíduo. Esteja ele sendo visto com sua atuação individual ou grupal, mas sempre abrangendo as características do indivíduo. A teoria do comportamento como indivíduo que passa a ser considerado como ser humano nasceu através de um experimento e efetiva participação do cientista social australiano Elton Mayo (1880-1947), considerado pai das relações humanas. No estudo houve a abordagem sobre o comportamento das pessoas como indivíduos com suas características pessoais e o enfoque no comportamento enquanto grupo. Através destes estudos demonstra as relações sociais no trabalho. O estudo foi realizado no período entre os anos 1927 a 1933, conforme Maximiano (2004, p. 61). UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-99 3.2 A ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS O desenvolvimento das Ciências Humanas, Sociologia e Psicologia, originou um novo movimento no processo administrativo organizacional, ou seja, a necessidade de humanizar e democratizar a administração, com objetivo de libertação dos conceitos rígidos da Teoria Clássica. A partir de um grupo de pesquisadores daUniversidade de Harvard, um estudo sobre o comportamento humano na organização foi desenvolvido, e assim descobriram que as variações de produção não surtiam efeitos sobre o desempenho dos trabalhadores. A escola das relações humanas e o enfoque comportamental, que é considerado em primeiro plano, e em segundo fica o sistema técnico, que envolve produtos, equipamentos e regras. Das experiências de Hawthorne - Chicago U.S.A. (United States of America) nasceu a Escola das Relações Humanas. Outros teóricos que ganharam destaque na Escola das Relações Humanas foram: Roethlisberger, William Dickson e Chester Barnard. Vale a pena pesquisar também sobre estes colaboradores de Elton Mayo (CHIAVENATO, 2000). FIGURA 24 – HAWTHORNE FONTE: Disponível em: <http://admsrcj.blogspot.com.br/2011/06/as-4-fases-de-estudo- de-hawthorne.html>. Acesso em: 24 out. 2012. Este estudo concluiu que o trabalho é uma atividade grupal. O nível de produção tem maior influência das normas do grupo que dos incentivos físicos ou fisiológicos. Quanto maior a integração social dentro do grupo de trabalho, maior a disposição de produzir. Mais importante que o incentivo econômico é a necessidade de reconhecimento e aprovação social que influenciam decisivamente a motivação do trabalhador. UNIDADE 2TÓPICO 2D1-100 Segundo Chiavenato (2001), embora com algumas restrições metodológicas, os estudos de Hawthorne são a fundamentação histórica mais importante quanto ao conhecimento do comportamento humano nas organizações. DIC AS! LEITURA SUGERIDA: A profeta do gerenciamento, capítulos II, III, IV, VI, VII e XI, de Mary Parker Follet. As funções do Executivo, capítulos 2, 5, 9, 12 e 15, de C. Barnard. 4 PENSAMENTO SISTÊMICO O pensamento sistêmico vem de uma corrente circular de aprendizagem, consciência de suas aptidões e habilidades. Um ciclo de visão, missão (razão fundamental de existir) e valores. Ao transferirmos para uma organização, temos teorias, métodos e recursos utilizados. O pensamento sistêmico objetiva enxergar o todo, detectar padrões e inter-relacionamentos e aprender a reestruturar essas inter-relações de forma mais harmoniosa possível. Peter Senge (1990), estudioso do aprendizado profundo, elenca cinco matérias, que são: 1) A visão compartilhada que é dinâmica: a construção de uma visão compartilhada deve envolver pessoas de vários níveis da organização e requer o diálogo com superiores, apresentando suas aspirações e do rumo da organização. É a imagem do futuro. 2) Modelo Mental: em termos cognitivos, refere-se aos entendimentos e às percepções de curto prazo, que as pessoas constroem com base no seu raciocínio diário, através de ações que nos cercam de forma imperceptível. 3) Domínio Pessoal: habilidade de conhecimento de excelência, através da capacidade e conhecimentos pessoais. 4) Time que aprende. Aprendizagem em grupo ou equipe. Nos vários níveis da organização existem grupos. E a eficácia individual é que incentiva a aprendizagem em equipe, pela observação e relação às tarefas e ao conceito de alinhamento do grupo nas ações, e aprendem a pensar juntos, e construir um senso coletivo, formando um conhecimento coletivo mais rico, de forma individual e também para a organização. 5) Enfoque sistêmico. Todas formam um novo conceito de novas aptidões, capacidade de reflexão, novas consciências e responsabilidades, gerando um novo modelo mental de novas atitudes e crenças. É a linguagem que descreve as inter-relações entre os elementos do sistema. UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-101 FIGURA 25 – PENSAMENTO SISTÊMICO FONTE: Disponível em: <http://gestaoamr.blogspot.com.br/2011/09/normal-0-21-disciplina- do-pensamento.html>. Acesso em: 24 out. 2012. A imagem da organização mudará, a partir de pessoas motivadas e comprometidas nas tarefas do dia a dia, na aquisição de novos conhecimentos e sua aplicação, onde há liberdade para concretização de aspirações. 4.1 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS Teoria – Anteriormente visto, uma teoria é fundamentada a partir da ação de examinar, contemplar, estudar e escrever um fato. É um mapeamento feito a partir da observação de um fenômeno, em uma arquitetura organizacional. Geral – Pode ser aplicada a todo tipo de elementos ou sistemas. Sistemas – Conjunto de elementos, materiais ou ideias, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relação. Um todo organizado ou complexo; um conjunto ou combinação de coisas ou partes, formando um todo complexo ou unitário. São elencados elementos interdependentes que formam um sistema. Sistema dá ideia de conectividade (CHIAVENATO, 2000). UNIDADE 2TÓPICO 2D1-102 FIGURA 26 – TEORIA DOS SISTEMAS FONTE: Disponível em: <http://conceito.de/teoria-de-sistemas>. Acesso em: 24 out. 2012. O conceito de sistema proporciona uma visão compreensiva, abrangente, holística (as totalidades representam mais que a soma de suas partes) e gestáltica (o todo é maior que a soma das partes) de um conjunto de coisas complexas, dando-lhes uma configuração e identidade total. “Pensar globalmente, agir localmente.” (CAPRA, 1996, p. 79). O conceito geral de sistema passou a exercer significativa influência na administração, sob a ótica da ciência, favorecendo a abordagem sistêmica, que representa a organização em sua totalidade, com seus recursos e seu meio ambiente externo e interno. A Teoria Geral de Sistemas é uma teoria que tem por objetivo melhorar a compreensão sobre sistemas, podendo ser aplicada, de forma geral, a todo tipo de sistemas. É interdisciplinar, pois para a sua compreensão e aplicação recorre-se a conceitos de Filosofia, Sociologia, Administração, entre outros. A compreensão do sistema somente ocorre quando se estudam os sistemas globalmente, envolvendo todas as relações e suas interdependências, e suas partes. A TGS (Teoria Geral de Sistemas) visa entender o ser humano e seu ambiente como parte de sistemas que interagem, buscando entender esta interação sob múltiplas perspectivas (CHIAVENATO, 2000). A Teoria Geral de Sistemas permite fazermos uma releitura e reconceituar os fenômenos dentro de uma abordagem global, permitindo a inter-relação e integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de naturezas completamente diferentes. A Teoria Geral de Sistemas provê uma linguagem geral, fazendo a ponte entre várias UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-103 áreas, isto é, uma comunicação interdisciplinar. De acordo com Chiavenato (2000), existem três premissas básicas neste processo: - Os sistemas existem dentro de sistemas. - Os sistemas são abertos. - As funções de um sistema dependem de sua estrutura. A teoria de sistemas penetrou rapidamente na teoria administrativa por duas razões, conforme Chiavenato (1993): • A necessidade de integração maior das teorias que precederam. • A tecnologia da informação trouxe imensas possibilidades de desenvolvimento e operacionalização de ideias que convergiram para uma teoria de sistemas aplicada à administração. Sistemas e empresas: estas palavras estão intimamente ligadas, pois a empresa é um sistema e dentro dela existem diversos sistemas, independentemente do uso ou não da Tecnologia da Informação e seus recursos (CHIAVENATO, 2000). Um conjunto de elementos interdependentes e interagentes ou um grupo de unidades combinadas formam um todo organizado. É um conjunto de partes reunidas que se relacionam entre si formando um todo. É um grupo de unidades combinadas que formam um todo organizado, cujas características são diferentes das características das unidades. O enfoque sistêmico em sua essência é a ideia de elementos que interagem e formam conjuntos para realizar objetivos. Conforme Maximiano (2004, p. 63), “Um dos mais importantes criadores do enfoque sistêmico é o cientista alemão Ludwig von Bertalanffy”. No final dos anos 30, ele propôs a Teoria Geral dos Sistemas. Sua utilização deve fundamentar-se na definição de uma situação de interesse. Apresentar a história através de eventos, identificando os fatores- chave,traçando os padrões de comportamento; desenhar uma estrutura sistêmica; planejar cenários, identificar modelos mentais; definir direcionadores estratégicos, planejar ações e reprojetar o sistema. 4.2 TIPOS E ESTRUTURA DOS SISTEMAS De acordo com Maximiano (2004): 1. ENTRADA = INPUT = informação, energia, materiais. 2. SAÍDA = OUTPUT = evento, ocorrência, transformação, e resultado de produto ou serviço. UNIDADE 2TÓPICO 2D1-104 3. HOMEOSTASIA = equilíbrio dinâmico entre as partes. 4. INFORMAÇÃO = conjunto de dados = processo de redução da incerteza. 5. CORRENTE DA INFORMAÇÃO = fonte - transmissor - canal - receptor - destino - ruído. 6. COMUNICAÇÃO = tornar comum a uma ou mais pessoas uma determinada informação. 7. RETROAÇÃO = FEEDBACK = comunicação de retorno positivo ou negativo. O Sistema é formado por um conjunto de elementos que estão dinamicamente relacionados. De acordo com Maximiano (2004), duas são as características básicas e fundamentais para a compreensão de sistemas. Quanto ao/à: • Propósito ou objetivo: definidos pelos arranjos de suas unidades ou elementos. • Globalidade ou totalidade: qualquer estimulação em qualquer unidade do sistema afetará todas as unidades. Qualquer sistema pode ser representado como um conjunto de elementos ou componentes interdependentes, que se organizam em três partes: - ENTRADAS; PROCESSO e SAÍDA. A representação concreta que exemplifica e ilustra mais facilmente um sistema é a indústria, que recebe a ENTRADA como matéria-prima; - Transforma em sistema de produção e SAÍDA entrega do produto acabado. (MAXIMIANO, 2004, p. 64). Quanto à sua constituição, revela Maximiano (2004): Físicos ou concretos: são aqueles que existem fisicamente, através de equipamentos, maquinaria, objetos e coisas reais. Abstratos ou conceituais: são compostos de conceitos, filosofias, planos, hipóteses e ideias. Quanto à sua natureza, esclarece Maximiano (2004): • Abertos (a adaptabilidade é um contínuo processo de aprendizagem e auto-organização). O conceito de sistema aberto é perfeitamente aplicável à organização empresarial. Os sistemas abertos partem de um comportamento probabilístico, pois seu comportamento nunca é totalmente previsível. Os sistemas abertos são complexos e respondem a muitas variáveis que não são totalmente compreensíveis. • Fechados: não recebem nem fornecem influência sobre o meio. UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-105 LEITURA COMPLEMENTAR O PENSAMENTO SISTÊMICO E O MUNDO DO TRABALHO PÓS-FORDISTA Fernanda Meireles Silva Fernanda Rebello Lívia Delfim Maia Resumo: O Pensamento Sistêmico surgiu como um contraponto à visão do organismo como uma máquina, pois as máquinas são construídas e os organismos crescem, se transformando, suas partes não são feitas em uma linha de montagem. Assim, surge uma nova visão da realidade. Esse rompimento de paradigma favorece a nova concepção do homem como ser social, da relação e interdependência entre as partes de um sistema, apontando que nada se constrói ou se mantém sozinho. As mudanças vieram ocorrendo como uma nova forma de ver e querer as coisas, deixando de lado a conformidade e abrindo-se a transformações e a correr riscos, tendo como característica a flexibilidade, promovendo mudanças no mundo do trabalho, influenciando a vida de cada indivíduo. Palavras-chave: Pensamento sistêmico. Mundo do trabalho. INTRODUÇÃO Uma nova fase se inicia. Junto com as diversas maneiras de ver o mundo, surge o Pensamento Sistêmico, com uma nova visão da realidade, ultrapassando os limites e o vazio entre as diversas ciências, “pois há sistemas que não podem ser entendidos pela investigação separada e disciplinar de cada uma de suas partes. Só o todo possibilita uma explicação” (LODI, 1973, p. 200). Por meio do Pensamento Sistêmico, passa-se a ver o mundo e as coisas de outra forma, como um conjunto de partes que se interconectam, tendo uma dependência recíproca entre elas. As organizações deixam de ser vistas como partes isoladas e passam a ser compreendidas como parte de um sistema maior, mudando seu jeito de compreender as coisas. Um contraponto ao Fordismo é mais uma característica de um “novo” mundo, influenciando não somente a concepção, da organização, mas também mudando o comportamento do ser humano. Mudanças que acarretaram em organizações e indivíduos mais flexíveis, adaptáveis e cada vez mais vivendo num mundo a “curto prazo”. O texto tem como objetivo principal conceituar o Pensamento Sistêmico e relacioná-lo com Fordismo e Pós-fordismo, demonstrando ao longo do trabalho a sua importância no mundo de hoje, e destacando as mudanças que envolvem esse tema. Pensamento muito utilizado em empresas e que teve influências no mundo do trabalho, como analisado no livro “A corrosão do caráter”, onde são expostas transformações significativas não só para uma organização, mas também para a vida de cada indivíduo. UNIDADE 2TÓPICO 2D1-106 1. Pensamento Sistêmico “Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo.” (John Donne). O Pensamento Sistêmico surgiu como um contraponto à visão do organismo como uma máquina, da relação do mundo e dos animais com o relógio, pois havia a necessidade de ir além, considerando significativa a relação entre suas partes. Por mais que fosse indispensável o conhecimento delas, era preciso a compreensão de todo o processo. “A primeira diferença óbvia entre máquina e organismos é o fato de que as máquinas são construídas, ao passo que os organismos crescem”. (CAPRA, 1982, p. 262). Portanto, suas partes não são feitas em uma linha de montagem. É preciso, então, uma nova forma de enxergar a realidade. Não encontramos mais respostas satisfatórias ao nosso embasamento ou relacionarmos todos os elementos, considerando sempre o conceito de um mundo mecânico, estudando isoladamente as peças, mas sim, levando em conta a interatividade e interdependência entre elas, entre os organismos e os meios. Segundo Capra (1982, p. 260), “a concepção sistêmica vê o mundo em termos de relações e de integração. Os sistemas são totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser reduzidas às de unidades menores”. A abordagem sistêmica está mais interessada em juntar as coisas do que em separá-las, procurando entender que o todo é diferente de cada uma de suas partes. Capra (1982, p. 263) também destaca que “um organismo vivo é um sistema auto- organizador, o que significa que sua ordem, em estrutura e função, não é imposta pelo meio ambiente, mas estabelecida pelo próprio sistema”. Ele estabelece uma visão dos seres que interagem e se modificam, evoluindo, estando em constante mudança resultante da relação com outros seres. Numa máquina, por exemplo, se alguma peça estiver com defeito ela para de funcionar, fica inoperante, ao contrário dos organismos vivos, que permanecem em contínuo processo de renovação, mantendo-se operantes. O Pensamento Sistêmico abre essa visão de um mundo onde as coisas estão entrelaçadas, da dependência entre essas partes para compor um sistema maior. Capra (1982, p. 264) referiu-se ao assunto da seguinte forma: Um mecanismo de relógio, por exemplo, é um sistema relativamente isolado que exige energia para funcionar, mas que não precisa necessariamente interagir com seu meio ambiente para manter-se em funcionamento. [...]. Os organismos vivos funcionam de um modo diferente. São sistemas abertos, o que significa que têm de manter uma contínua troca de energia e matéria com seu meio ambiente a fim de permanecerem vivos. Essa visão do mundo como máquina, a forma de analisar as coisas isoladamente, nada mais é do que o Pensamento Analítico, oposto do Pensamento Sistêmico. E para entendermos UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-107 melhor a diferença entre esses dois pensamentos, daremos um exemplo: Baseado no filme “O ponto de mutação”, se pararmos para caracterizar uma árvore, por exemplo, no pensamento analítico, iríamos analisá-la isoladamente, dizersobre suas folhas e em alguns casos seus frutos, e, a partir daí, diríamos sua importância. Hoje em dia esta é uma forma ultrapassada de se analisar. A partir do pensamento sistêmico, entender-se-ia a árvore como parte de um sistema maior, não a restringiríamos somente pelas suas folhas, mas pela importância que ela tem em relação às espécies que delas necessitam, a relação dela com a terra, com a água, com o ar, as raízes que penetram a terra à procura de água, os animais que necessitam disso, e que se uma parte não funcionar bem, a árvore morrerá, ou seja, há uma relação de interdependência entre as partes, onde nada sobrevive sozinho. A partir daí, essa mudança de visão que antes era focada nos elementos fundamentais para uma visão focada no todo, revolucionou o pensamento administrativo. A Teoria Administrativa passou a pensar, predominantemente, de forma sistêmica. Portanto, um sistema concentra-se na ideia de totalidade, não é somente as partes e nem é somente o todo, é as duas coisas ao mesmo tempo, é complexo. “Embora possamos discernir partes individuais em qualquer sistema, a natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes”. (CAPRA, 1982, p. 260). 2. Sistema Aberto e Fechado “A empresa ou organização é vista como um sistema de decisão onde o indivíduo participa racionalmente e conscientemente, escolhendo entre alternativas mais ou menos racionais” (LODI, 1973, p. 204). Ao todo, uma organização está sujeita a influências e consequências externas, sendo assim, um sistema aberto. Lodi (1973, p. 200) ainda destaca que “todo organismo vivo é essencialmente um sistema aberto porque mantém um fluxo contínuo de entradas e saídas com o ambiente externo [...]”. O contrário do sistema aberto é o sistema fechado, que não tem ligação e não sofre influência do meio externo. As empresas eram vistas, no início do século passado, como um sistema fechado, como uma estrutura capaz de se mover sozinha e sem referências com o mundo externo, pois sua visão estava voltada para o seu ambiente interno. Entretanto, Lodi (1973) apresenta argumentação que explicita a necessidade das organizações adotarem a visão do sistema aberto: A estrutura organizacional só existe no momento em que os membros da organização preenchem funções para manejar esses eventos. Não há organização em estado de repouso, há apenas móveis, máquina e instalações. Esse aspecto altamente fatual e dinâmico da organização indica um alto grau de abertura com o ambiente, uma vulnerabilidade persistente e a necessidade de uma contínua adaptação da organização ao ambiente. (LODI, 1973, p. 212). UNIDADE 2TÓPICO 2D1-108 Semelhante à definição de Lodi é a descrita por Morgan (1996, p. 53), onde ele diz que “organizações são sistemas abertos que necessitam de cuidadosa administração para satisfazer e equilibrar necessidades internas, assim como adaptar-se a circunstâncias ambientais”. Assim, diferente do que se observava no início do século passado, quando emergia o paradigma fordista, as organizações são sistemas abertos, influenciados e influentes ao seu exterior, dependendo e se adequando cada vez mais ao que lhe cerca. Um sistema aberto está em constante relação com o meio ambiente, um dos pensamentos interligado ao Sistêmico é ao Ecológico, onde predomina a preocupação com a natureza, com o efeito que uma atitude pode causar nela. Num mundo com recursos limitados, essa visão não é necessária somente para cada indivíduo, mas também para uma empresa, um pensamento inevitável dentro das condições do nosso planeta. No mundo Fordista não havia a preocupação de promover o desenvolvimento sustentável, uma vez que a preocupação com a questão ecológica não era relevante. 3. A Relação Entre o Pensamento Sistêmico, Fordismo e Pós-Fordismo Com a Revolução Industrial e o surgimento do Fordismo, surgiu também um novo modelo de organização, a forma de se trabalhar tornou-se mais rígida, caracterizada por técnicas repetitivas de produção, sendo assim, padronizada, vendo o homem como uma máquina. Uma das características desse processo foi o Pensamento Analítico. Acreditava-se que uma mesma parte não poderia pertencer a duas categorias diferentes, estabelecendo, então, uma hierarquia de saber. Por exemplo, um funcionário só era capaz de fazer aquilo que lhe é determinado, sendo considerado incapaz de exercer outro tipo de serviço dentro da empresa. Cada um tinha sua função, tanto que, quando um determinado funcionário não tinha condições de cumpri-la, por qualquer motivo, era escolhido outro que fizesse o mesmo serviço, sem considerar a possibilidade de que um funcionário de outro setor pudesse fazê-la. O Pensamento Sistêmico surgiu com o declínio do Fordismo e a ascensão do Pós- Fordismo. Tal pensamento tem como objetivo compreender um todo de uma forma mais clara para procurar as influências das partes entre si, ou seja, um sistema não pode ser analisado apenas pelas partes que o integram, mas é imprescindível a relação entre essas partes, contextualizando- as para entender o funcionamento de um todo, compondo assim um fenômeno maior. Morgan (1996) analisa uma organização fordista da seguinte forma: as organizações estruturadas de forma mecanicista têm maior dificuldade de se adaptar à situação de mudança, porque são planejadas para atingir objetivos predeterminados; não são planejadas para a inovação. Isso não deveria causar surpresa, uma vez que as máquinas têm comumente um propósito único, assim como os mecanismos planejados para transformar insumos específicos em produtos também específicos, só podendo engajar-se em atividades diferentes caso sejam explicitamente modificadas ou replanejadas para tanto. UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-109 No decorrer do tempo, com essas mudanças, as organizações se tornaram mais flexíveis, deixando o jeito formal de ser e pensando no grupo, passando a ter a compreensão de todo processo, ao invés de ter somente o controle. Tendo assim, um pensamento voltado ao processo e não à estrutura. Esse rompimento de paradigma favorece a nova concepção do homem como ser social, da relação e interdependência entre as partes de um sistema, apontando que nada se constrói ou se mantém sozinho, necessitando, ou de agentes externos para a sua organização, ou agentes internos, que se organizam de acordo com suas necessidades, os chamados sistemas abertos e fechados. O Pensamento Sistêmico é uma nova forma de ver e compreender o desenvolvimento humano, e nesse caso o funcionamento de uma empresa. Observando não somente o indivíduo isoladamente, percebendo que ele não é o único responsável pela formação de um sistema, mas que existe uma relação estabelecida entre diversas partes para manter esse sistema. Dentro de uma empresa, podemos dizer que o Pensamento Sistêmico se baseia na compreensão da dependência recíproca de todas as partes que a integram e da necessidade da sua interação para um melhor desenvolvimento. Essas partes se influenciam, um setor afeta e é afetado por outro, então podemos dizer da codependência de ambas as partes. Ou seja, se uma parte não funciona bem, resulta no mau funcionamento da outra. Para Lodi (1973, p. 201), “a Teoria de Sistemas veio enriquecer a Teoria da Organização com noções importantes para explicar o funcionamento da empresa. Noções como totalidade, crescimento, diferenciação, controle, integração, informação (...)”. 4. Pensamento Sistêmico e o Mundo do Trabalho O “todo” de uma empresa pode ser mais eficaz do que a soma de suas “partes”. E nas organizações essas partes podem ser diferentes departamentos, funções, processos, setores etc. “[...] as organizações contêm indivíduos (que são sistemas em si mesmos) que pertencem a grupos ou departamentos que também pertencem a divisões organizacionais maiores, e assim por diante”. (MORGAN, 1996, p. 49). O Pensamento Sistêmico é muito importante para o mundo do trabalho. A partir do momento em que uma empresa adota esse pensamento, comum nos dias de hoje, existea tendência dela se tornar cada vez mais flexível. Deixa-se de ser apenas uma forma de ver as pessoas como parte de um conjunto maior, em constante conexão dentro de uma organização e, passando-se para uma forma de agir e calcular a melhor maneira para se fazer uma escolha. Em uma organização, toda ação tem implicações e consequências que devem ser devidamente analisadas antes de ser implantadas. Portanto, por meio do Pensamento Sistêmico UNIDADE 2TÓPICO 2D1-110 tende-se a conhecer a organização como um todo e analisar suas diversas partes e a interação entre elas, assim como, as implicações e consequências de qualquer ação são previstas com maior eficiência. Então, as decisões tendem a ser tomadas de uma forma integrada, fruto de uma visão compartilhada e do trabalho em equipe. As mudanças vieram ocorrendo como uma nova forma de ver e querer as coisas, deixando de lado a conformidade, abrindo-se a transformações e a correr riscos, tendo como característica a flexibilidade. A flexibilidade tem grande destaque no livro “A corrosão do caráter”, onde o autor enfatiza muito essas mudanças e as consequências de um mundo bem flexível. Vimos ao longo do trabalho capítulos, como as transformações interferiram e mudaram as empresas. É cada vez mais evidente a busca pelo retorno imediato, as organizações visando o seu todo e querendo mais a inovação. Essas mudanças e a tecnologia permitiram às empresas terem mais controle de seus funcionários, buscando cada vez mais a eficiência, e, quando necessário, tomar decisões que se desprendem do passado. A partir desse momento, sem o comando rígido de uma organização fordista, uma empresa vai se tornando flexível e tende a ser mais fraca com os laços sociais, ou seja, como hoje em dia com a visão do ser humano como um ser social, como um ser capaz de se interagir em prol de um objetivo, é cada vez mais fraca a relação entre empresa e indivíduo. Decompondo cada vez mais esse laço, então reestruturar-se, a empresa pode dispensar seus funcionários, coisa que era mais difícil de vermos. No mundo fordista, os laços do indivíduo com a empresa eram muito fortes, o funcionário tinha que passar por etapas até conseguir alcançar um cargo no topo da pirâmide da empresa, e dispensar esse funcionário acarretaria em esperar todo o processo de outro até chegar àquele ponto. Todavia, no tempo de hoje essa prática não é mais usual, é comum o trabalhador não criar vínculos com a organização. Com tudo isso, o homem passa a ser mais flexível, deixando de lado aquela “relação” com a organização, pois sabe que não pode contar com ela, que é uma peça, muitas vezes, momentânea e descartável dentro da empresa. Bem mais do que interferir nas organizações, essas mudanças influenciaram também a vida privada de cada ser humano, passando da empresa para “dentro de casa”, tornando o homem mais flexível, o necessário para torná-lo competitivo, porém, rompendo o laço do homem com a confiança, com o compromisso. 5. Influências na Vida do Indivíduo O Pensamento Sistêmico foi muito importante para dar ao indivíduo o seu valor, para mostrar o quanto a relação das partes entre si podem influenciar no todo, o quanto uma atitude pode ser abrangente e gerar algo maior, dando ao homem uma visão ampla e consciente do mundo. UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-111 Porém, quando falamos em flexibilidade, fruto de todo esse processo, dessa mudança, podemos ver seu lado positivo e fica mais exposto o seu lado negativo. Por mais que a flexibilidade faça com que as empresas se tornem mais adaptáveis, respondendo às expectativas do mercado e se superando, na vida do indivíduo tudo é bem diferente. No fordismo, o tempo era linear, anos após anos trabalhando em empregos que raramente variavam, as conquistas eram cumulativas, dando estabilidade ao indivíduo. Como explicado por Sennet (2000), usava-se a “história de vida”, de trabalho, como fonte para se educar os filhos, dando-lhes exemplos a seguir. No entanto, com o passar do tempo e uma vida mais flexível, não era possível usar esse meio, pois não se deve construir ou conduzir os filhos através da vida inconstante dos pais, conforme opinião de Sennet (2000, p. 21): “as qualidades do bom trabalho não são as mesmas do bom caráter”. O indivíduo anda cada vez mais impaciente, busca sempre uma forma mais rápida de obter algo desejado para suprir suas necessidades, muitas vezes, momentâneas. Destaca-se na vida das pessoas que “não há longo prazo”, deixando de ser algo relevante apenas para o mundo do trabalho e passando a interferir na vida pessoal e na relação familiar. Ressalta-se que, quando se constrói e mantém uma família, um caráter, esse pensamento não é favorável, por se tornar inconstante, instável. Em contraponto a isso está a rotina x flexibilidade. A rotina faz com que a vida, o homem, se torne previsível, porém, mantendo-o distante dos males da flexibilidade, que por sua vez, quebra o laço do homem com o compromisso e confiança. Como citado no livro, a opinião de Adam Smith refere-se à formação do caráter de um indivíduo ser formada a partir de histórias, essas, obtidas através da fuga da rotina, pois se depender dessa rotina, muito pouco se constrói. Se pararmos para pensar, a mudança causa a insegurança, trazendo instabilidade principalmente na vida social do indivíduo, parecendo estar em constante teste. Mas como exposto por Sennet (2000, p. 91): “(...) se não se faz alguma coisa nova, a vida, como um terno muito usado, vai se tornando cada vez mais esmolambado.” CONCLUSÃO Levando-se em conta o que foi observado em todo o trabalho, podemos notar que essas, como outras, mudanças levaram-nos às circunstâncias atuais. Ressaltando que o Pensamento Sistêmico trouxe ao homem uma visão mais ampla do todo, tendo, acima de tudo, uma consciência e percepção maior. Vimos, ainda, o Pensamento Sistêmico como um contraposto ao Fordismo e consequentemente sua relação com o Pós-Fordismo, trazendo, com essas mudanças, uma forma de organização diferente e interferindo na vida e no caráter de cada indivíduo, um indivíduo que hoje em dia permanece em constante mutação. Há um conflito entre pensamentos que tentam ver as consequências de ambas as formas UNIDADE 2TÓPICO 2D1-112 de se viver no dia a dia do indivíduo. Como estudado e analisado pelo grupo, as mudanças fizeram com que, além da preocupação do homem de perder o emprego, ele também tenha a preocupação de tentar controlar e sobreviver sem deixar tal fato influenciar sua vida pessoal. Diante do exposto, o homem cada vez mais perde o seu vínculo com o passado, não tendo referências, vivendo a “curto prazo”, com a ideia de passado sendo degradada e vivendo somente o hoje. É a flexibilidade fazendo com que o homem perca a capacidade crítica, abandonando de certa forma a educação rígida e passando a uma educação flexível, abrindo mão de certos valores para se adaptar ao mundo. REFERÊNCIAS CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração. 3.ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração: abordagens prescritivas e normativas da administração. 6. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2001. LODI, João Bosco. A História da administração. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1973. MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996. SENNET, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. FONTE: Disponível em: <http://www.uss.br/revistamosaico/mosaicov2n12011/pdf/003_ Pensamento _Sistemico_Mundo_Trabalho_PosFordista.pdf>. Acesso em: 24 out. 2012. UNIDADE 2 TÓPICO 2 D1-113 Caro(a) acadêmico(a)! Neste tópico você viu que: • A burocracia foi criada com o intuito de organizar, ou seja, de poder contribuir de forma positiva aos procedimentos dos sistemas e das organizações. • As pessoas passaram a ser vistas como indivíduos que agregam valor, dentro do conceito
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