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AULAS DE DIREITO CIVIL IV 2020 1

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DIREITO CIVIL IV (Responsabilidade Civil)
Livro texto: NOVO CURSO DE DIREITO CIVIL –
RESPONSABILIDADE CIVIL 3 (PABLO STOLZE GAGLIANO E 
RODOLFO PAMPLONA FILHO – ED. SARAIVA)
Prof. GENILDO LUCENA
genildolucena@gmail.com - 99982.6221
PROF. GENILDO LUCENA 1
Introdução à Responsabilidade Jurídica
Conceito jurídico de responsabilidade - dever jurídico
sucessivo que nasce do descumprimento de uma obrigação,
através da violação do dever jurídico originário, surgindo
para o devedor o dever de compor o prejuízo causado pelo
não cumprimento da obrigação. (GONÇALVES, 2011).
Responsabilidade jurídica X Responsabilidade moral
- não se confundem, visto que a segunda não dispõe de
coercitividade, e não está submetida aos ditames do
Estado, pois este não poderá obrigar o seu cumprimento.
PROF. GENILDO LUCENA 2
“De fato, por isso, se o católico fervoroso 
comete um pecado, descumprindo um 
mandamento religioso (norma moral), será 
punido apenas no campo psicológico, 
arcando com as consequências do seu ato 
(terá de rezar dez pais-nossos, por 
exemplo).”
(Rodolfo Pamplona Filho e Pablo Stolze
Gagliano -2004, p. 4) 
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Responsabilidade Civil X Responsabilidade Criminal
Diferenças - ambas tem quase o mesmo fundamento. Diferem nas
condições em que surgem.
1. Na penal (ou criminal), o agente infringe uma norma de direito público
(o interesse lesado é a sociedade). Na civil, o interesse tutelado é o
privado (cabe ao prejudicado requerer a reparação se desejar).
2. É possível que o agente, ao infringir uma norma civil, transgrida também a
lei penal tornando-se ao mesmo tempo, obrigado civil e penalmente.
3. A responsabilidade penal (é pessoal, intransferível. O réu responde com a
privação da sua liberdade). Na responsabilidade civil (é patrimonial. Se a
pessoa não possuir bens, a vítima permanecerá sem ser ressarcida).
4. A responsabilidade penal, ao contrário da Civil, será sempre de
natureza aquiliana. Decorre da transgressão de uma norma pública (Tipo
penal incriminador), caracterizando crime ou contravenção penal.
5. O objetivo da responsabilidade penal é duplo: reparação da ordem social
e punição do agente.
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“A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria 
origem da palavra, que vem do latim respondere, responder a 
alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de 
responsabilizar alguém pelos seus atos danosos. Essa 
imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos 
integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de 
responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça 
existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como 
algo inarredável da natureza humana” (STOCO, 2007, p.114).
“A responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir 
uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato 
próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela 
dependam” (RODRIGUES, 2003, p. 6)
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Em seu sentido etimológico e também no 
sentido jurídico, a responsabilidade civil
está atrelada a ideia de contraprestação, 
encargo e obrigação. Entretanto é 
importante distinguir a obrigação da 
responsabilidade. A obrigação é sempre um 
dever jurídico originário; responsabilidade é 
um dever jurídico sucessivo consequente à 
violação do primeiro. 
(CAVALIERI FILHO, 2008, p. 3).
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Noções gerais de responsabilidade civil
1. Histórico breve – iniciou (Lei de talião, Lei da XII tábuas) com a
ideia de vingança (antes do Direito Romano) e avança com a Lex
Aquilia (Lei Aquiliana)
2. Espécies – subjetiva, objetiva, contratual, extracontratual
(aquiliana)
3. Natureza jurídica – sancionadora
4. Função da reparação civil – compensatória do dano à vítima,
punitiva do ofensor e desmotivação social da conduta lesiva.
5. Importância do estudo da responsabilidade civil
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CH ↔ NC ↔ DANO
Responsabilidade Contratual – surge quando há por parte
de um dos contratantes, o descumprimento total ou parcial
do contrato. Resulta de ilícito contratual (inadimplemento
ou mora no cumprimento de qualquer obrigação).
Importante registrar, que o ônus da prova compete ao
devedor, que ante o inadimplemento, deve provar a
inexistência de sua culpa ou a presença de qualquer
excludente do dever de indenizar.
Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana – surge
quando por ato ilícito uma pessoa causa dano a outra, ou
seja, quando a pessoa em inobservância aos preceitos
legais, causa dano a outrem, conforme expressamente
estabelecido no art. 927 do Código Civil. Não há uma relação
obrigacional entre as partes. A obrigação decorre da
inobservância de um dever legal de não causar dano a
outrem.
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CC/ art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
CC/ Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), 
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, 
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do 
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de 
outrem.
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Responsabilidade Subjetiva – para a
caracterização de referida responsabilidade,
imprescindível se faz a comprovação da
culpa. Dessa forma, a vítima precisa provar a
culpa do agente do ato ilícito.
Responsabilidade Objetiva – fundada na teoria do
risco, ou seja, quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano, implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem, conforme
preconiza o Parágrafo Único do art. 927 do Código
Civil. Não há a necessidade de comprovação da
culpa por parte do prejudicado, sendo necessário
apenas a ocorrência do ato ilícito.
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Responsabilidade Direta – quando o
ato ilícito é praticado pelo próprio
agente. Nesse caso o agente responderá
por seus próprios atos.
Responsabilidade Indireta – Quando o ato
ilícito decorre de ato de terceiro, com o qual
o Agente tem vínculo legal de
responsabilidade, de fato de animal e de
coisas inanimadas sob sua guarda.
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Elementos da responsabilidade civil
1. Visão geral dos elementos da
Responsabilidade Civil – conduta humana,
dano (ou prejuízo) e nexo causal.
2. Elemento acidental – culpa
3. Responsabilidade Civil e imputabilidade.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Quando um fato causa um dano, este dano, por 
regra, deve ser reparado. Não basta, contudo, 
para a verificação da responsabilização civil, que 
o ato meramente ocorra e que cause o dano –
existem elementos que precisam estar 
presentes para que se configure um dano que 
deve, de fato, ser reparado. 
Os elementos da Responsabilidade Civil são: a 
“ação”, o “dano”, o “nexo de causalidade”.
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CC/Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
CC/Art. 187. Também comete ato ilícito o titular 
de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim 
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes.
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ELEMENTO ACIDENTAL – CULPA
“a culpa, portanto, não é um elemento 
essencial, mas sim acidental, (...) os elementos 
básicos ou pressupostos gerais da 
responsabilidade civil são apenas três: a conduta 
humana (positiva ou negativa), o dano ou 
prejuízo, e o nexo de causalidade” (GAGLIANO, 
2003, p. 29).
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RESPONSABILIDADE CIVIL E IMPUTABILIDADE
1. Imputabilidade é “a possibilidade de se atribuir, imputar o fato típico e 
ilícito ao agente” (Rogério Greco). É fator essencial para a existência da 
culpabilidade.
2. O ordenamento jurídico brasileiro não isenta completamente o 
incapaz da responsabilidade pela reparação dodano. 
3. Em regra, o incapaz não responde pelo ato praticado em virtude da 
ausência de discernimento. Contudo, no caso de o tutor não possuir bens 
suficientes para cumprir a obrigação de reparar responde o inimputável 
com seu patrimônio (CC/art. 928), desde que não comprometa sua 
subsistência (CC/art. 928, §único). 
4. A responsabilidade do tutor é objetiva. 
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CC/Art. 928. O incapaz responde pelos 
prejuízos que causar, se as pessoas por ele 
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-
lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista 
neste artigo, que deverá ser equitativa, não 
terá lugar se privar do necessário o incapaz 
ou as pessoas que dele dependem.
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A CONDUTA HUMANA
1. Classificação: positiva – negativa;
2. Artigos 932, 936, 937 e 938 do
Código Civil
3. A conduta humana e a ilicitude:
artigos 186 a 188 do Código Civil.
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CC/Art. 932. são também responsáveis pela reparação civil :
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em 
sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas 
mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e 
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se 
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, 
moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do 
crime, até a concorrente quantia.
CC/Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por 
este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
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CC/Art. 937. O dono de edifício ou 
construção responde pelos danos que 
resultarem de sua ruína, se esta provier de 
falta de reparos, cuja necessidade fosse 
manifesta.
CC/Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou 
parte dele, responde pelo dano proveniente 
das coisas que dele caírem ou forem 
lançadas em lugar indevido.
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CC/Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito.
CC/Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, 
pela boa-fé ou pelos bons costumes.
CC/Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito 
reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de 
remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites 
do indispensável para a remoção do perigo.
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O DANO
1.Conceito
2.Requisitos do dano indenizável
3. Espécies – patrimonial, moral e estético
4. Dano reflexo ou em ricochete
5. Danos coletivos, difusos e a interesses individuais 
homogêneos
6. Formas de reparação de danos
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CONCEITO DE DANO
Dano é toda lesão a um bem 
juridicamente protegido, 
causando prejuízo de ordem 
patrimonial ou extrapatrimonial. 
Sem que tenha ocorrido dano a 
alguém, não há que se cogitar em 
responsabilidade civil.
PROF. GENILDO LUCENA 23
"Indenização sem dano importaria enriquecimento ilícito; 
enriquecimento sem causa para quem a recebesse e pena para quem a 
pagasse, porquanto o objetivo da indenização, sabemos todos, é reparar 
o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao estado em que se 
encontrava antes da prática do ato ilícito. E, se a vítima não sofreu 
nenhum prejuízo, a toda evidência, não haverá o que ressarcir. Daí a 
afirmação, comum praticamente a todos os autores, de que o dano é não 
somente o fato constitutivo mas, também, determinadamente do dever de 
indenizar.
"(...). Conceitua-se, então, o dano como sendo a subtração ou 
diminuição de um bem jurídico, qualquer que seja a sua natureza, quer 
se trate de um bem patrimonial, quer se trate de um bem integrante da 
própria personalidade da vítima, como a sua honra, a imagem, a liberdade 
etc. Em suma, dano é lesão de um bem jurídico, tanto patrimonial 
como moral, vindo daí a conhecida divisão do dano em patrimonial e 
moral" (CAVALIERI F.º, 2005, p. 95-96).
PROF. GENILDO LUCENA 24
REQUISITOS DO DANO INDENIZÁVEL
a) A violação de um interesse jurídico patrimonial ou 
extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica: a todo dano 
pressupõe-se a lesão a um determinado bem tutelado, material ou não, 
pertencente a um sujeito de direito.
b) Certeza do Dano: Somente será indenizável o dano efetivo ou dano 
certo. Não há portanto que se falar em reparação de um dano 
hipotético. Porém, o fato de não se conseguir apresentar um critério 
preciso para sua mensuração para fins econômicos, não significa que o 
dano não tenha sido certo. 
c) Subsistência do Dano: Isso quer dizer que o dano dever ser exigível no 
momento do ajuizamento da ação, ou seja, não há que se falar em 
indenização se o dano já foi reparado.
PROF. GENILDO LUCENA 25
TIPOS DE DANO
1. DANO PATRIMONIAL - é aquele que pode ser avaliado pecuniariamente
por critérios objetivos. Pode ser classificado como lucro cessante
(representa a frustração de um ganho) ou dano emergente (reflete a
diminuição efetiva do patrimônio) – art. 402 do CC;
2. DANO EXTRAPATRIMONIAL (MORAL) - não está ligado ao patrimônio
da vítima, mas sim a todos os direito de personalidade (a honra, a imagem,
a liberdade - art. 5º, V e X/CF. Trata-se de um dano ou lesão cujo conteúdo
não é pecuniário.
3. DANO ESTÉTICO - desmembramento do dano puramente psicológico,
ligado inicialmente às "deformidades físicas que provocam aleijão e
repugnância", desenvolvendo-se no sentido de abarcar também os "casos
de marcas e outros defeitos físicos que causem à vítima desgosto ou
complexo de inferioridade" (Cavalieri F.º, 2005, p. 123).
PROF. GENILDO LUCENA 26
STJ - Súmula 387 
É lícita a cumulação 
das indenizações de 
dano estético e dano 
moral.
PROF. GENILDO LUCENA 27
DANO REFLEXO OU EM RICOCHETE
1. O dano moral reflexo ou por ricochete é oriundo da doutrina 
francesa que desenvolveu a teoria denominada “dommage par 
ricochet”. Traduz-se na “possibilidade dos efeitos danosos do ato 
ilícito perpetrado a determinado indivíduo atingirem também 
pessoa diversa desta, completamente estranha à lide aqui 
apontada.” (BRAGA, Daniel Longo. O Dano Moral pela Via Reflexa 
e a Questão da Legitimidade Ativa.)
2. Ocorre quando a ofensa é dirigida uma pessoa, mas quem 
sente os efeitos dessa ofensa, dessa lesão é outra.
3. O dano reflexo é aquele que atinge, além da vítima direta, uma 
terceira pessoa, distinguindo-se do dano indireto exatamente 
porque neste a mesma vítima suporta danos direto e indireto.PROF. GENILDO LUCENA 28
“Dano moral indireto, reflexo ou, em ricochete, é 
aquele que, sem decorrer direta e imediatamente de 
certo fato danoso, com este guarda um vínculo de 
necessariedade, de modo a manter o nexo de 
causalidade entre a conduta ilícita e o prejuízo. Ainda 
que sejam distintos os direitos da vítima imediata e 
da vítima mediata, a causa indireta do prejuízo está 
intensamente associada à causa direta, tornando 
perfeitamente viável a pretensão indenizatória.” 
(TRT 3ºR. 2ª T., RO 1019-2007-042-03-00-3, Rel. Des. 
Sebastião Geraldo de Oliveira. DJEMG 29.07.2009.)
PROF. GENILDO LUCENA 29
DANOS COLETIVOS, DIFUSOS E A INTERESSES 
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
1. DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO LATO - Direitos difusos; 
Direitos coletivos em sentido estrito; Direitos individuais homogêneos.
2. DIFERENÇA ENTRE ELES:
A) pela transindividualidade (real ou artificial - ampla ou restrita); 
B) pelos sujeitos titulares (determinados ou indeterminados); 
C) pela indivisibilidade ou divisibilidadedo seu objeto; 
D) pela disponibilidade ou indisponibilidade do bem jurídico 
tutelado; 
E) pelo vínculo a ensejar a demanda coletiva, jurídico ou de fato.
PROF. GENILDO LUCENA 30
CDC/Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das 
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título 
coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar 
de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos 
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam 
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para 
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que 
seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou 
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim 
entendidos os decorrentes de origem comum.
PROF. GENILDO LUCENA 31
DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO LATO
1. Direitos difusos;
2. Direitos coletivos em sentido 
estrito;
3. Direitos individuais 
homogêneos.
PROF. GENILDO LUCENA 32
DIREITOS DIFUSOS
1. São os transindividuais, de natureza indivisível, de que
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato (CDC/art. 81, § único, I);
2. São aqueles que possuem a mais ampla
transindividualidade real.
3. Têm como características a indeterminação dos sujeitos
titulares (unidos por um vínculo meramente de fato);
4. A indivisibilidade ampla, a indisponibilidade, a intensa
conflituosidade, a ressarcibilidade indireta (o quantum
debeatur vai para um fundo).
PROF. GENILDO LUCENA 33
DIREITOS DIFUSOS - EXEMPLOS
1. a proteção da comunidade indígena, da criança e do adolescente, das
pessoas portadoras de deficiência;
2. o direito de todos não serem expostos à propaganda enganosa e
abusiva veiculada pela televisão, rádio, jornais, revistas, painéis
publicitários;
3. a pretensão a um meio ambiente hígido, sadio e preservado para as
presentes e futuras gerações;
4. o dano difuso gerado pela falsificação de produtos farmacêuticos por
laboratórios químicos inescrupulosos;
5. a destruição, pela famigerada indústria edilícia, do patrimônio
artístico, estético, histórico turístico e paisagístico;
6. a defesa do erário público etc. PROF. GENILDO LUCENA 34
DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO 
ESTRITO 
São os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base (CDC/art. 81, § único, II)
Características:
a) a transindividualidade real restrita;
b) a determinabilidade dos sujeitos titulares grupo, categoria ou classe de
pessoas (unidos por uma relação jurídica-base);
c) a divisibilidade externa e a divisibilidade interna;
d) a disponibilidade coletiva e a indisponibilidade individual;
e) a irrelevância de unanimidade social e a reparabilidade indireta.
PROF. GENILDO LUCENA 35
DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO - EXEMPLOS
1. aumento ilegal das prestações de um consórcio; 
2. os direitos dos alunos de certa escola de terem a mesma qualidade de ensino em 
determinado curso; 
3. o interesse que aglutina os proprietários de veículos automotores ou os 
contribuintes de certo imposto; 
4. a ilegalidade do aumento abusivo das mensalidades escolares, relativamente aos 
alunos já matriculados; 
5. o aumento abusivo das mensalidades de planos de saúde, relativamente aos 
contratantes que já firmaram contratos; 
6. o dano causado a acionistas de uma mesma sociedade ou a membros de uma 
associação de classe;
7. contribuintes de um mesmo tributo; prestamistas de um sistema habitacional; 
8. moradores de um mesmo condomínio. PROF. GENILDO LUCENA 36
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS 
1. São os decorrentes de origem comum (CDC/art. 81, §
único, III)
2. São aqueles que decorrem de uma origem comum;
3. Possuem transindividualidade instrumental ou
artificial;
4. Os seus titulares são pessoas determinadas e
5. O seu objeto é divisível e admite reparabilidade direta
(fruição e recomposição individual).
PROF. GENILDO LUCENA 37
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS - EXEMPLOS
1. os compradores de carros de um lote com o mesmo defeito de 
fabricação; 
2. o caso de uma explosão do Shopping de Osasco, em que inúmeras 
vítimas sofreram danos; 
3. um alimento que venha gerar a intoxicação de muitos consumidores; 
4. danos sofridos por inúmeros consumidores em razão de uma prática 
comercial abusiva; 
5. prejuízos causados a um número elevado de pessoas em razão de 
fraude financeira; 
6. pessoas determinadas contaminadas com o vírus da AIDS, em razão 
de transfusão de sangue em determinado hospital público.
PROF. GENILDO LUCENA 38
O DANO MORAL
1. CF/arts. 1º, III e 5º, V e X e CC/arts. 186 e 927
2. Conceito e denominação
3. Histórico – código de Hamurabi, As Leis de Manu, O Alcorão, A Bíblia 
Sagrada, Grécia Antiga, Direito Romano, Direito Canônico e Evolução 
histórico-legislativa no Brasil
4. Dano moral direto e indireto
5. Reparabilidade do dano moral – argumentos contra, natureza jurídica 
da reparação do dano moral e cumulatividade de reparações
6. Dano moral e pessoa jurídica
7. Dano moral e direitos difusos e coletivos – o dano moral e o meio 
ambiente do trabalho. 
PROF. GENILDO LUCENA 39
TEORIAS SOBRE O DANO MORAL
Negativista (não indenizável) - não reconhece a reparação do dano
extrapatrimonial - os bens como vida, honra, liberdade são insuscetíveis
de restauração pela via indenizatórios (Saviagny) - outro argumento é o do
perigo de arbítrio judicial (a honra não se vende e a dor não tem preço) -
não utilizada pelo nosso ordenamento jurídico.
Positivista - a reparabilidade do dano moral recebeu status
constitucional, através da dignidade da pessoa humana - mero
inadimplemento contratual (mora prejuízo econômico) não configuram,
de per si, dano extrapatrimonial, pois não agridem a dignidade humana -
os danos morais ocorrem pela violação de direitos da personalidade,
agredindo todos as ofensas à pessoa.
PROF. GENILDO LUCENA 40
Enunciado 444 da V Jornada de Direito Civil
O dano moral indenizável não pressupõe 
necessariamente a verificação de sentimentos 
humanos desagradáveis como dor ou 
sofrimento.
O dano moral existe "in re ipsa" (da própria 
coisa), deriva do próprio fato ofensivo, de tal 
modo que provada a ofensa, está 
demonstrado o dano moral.
PROF. GENILDO LUCENA 41
STJ/SÚMULA 227 
A pessoa jurídica pode 
sofrer dano moral.
PROF. GENILDO LUCENA 42
DANO MORAL DIRETO
“O dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa 
a satisfação ou o gozo de um bem jurídico extrapatrimonial 
contido nos direitos da personalidade (como a vida, a 
integridade corporal e psíquica, a liberdade, a honra, o decoro, 
a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou 
nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado 
de família). Abrange, ainda, a lesão à dignidade da pessoa 
humana (CF/88, art. 1º, III).” (DINIZ, 2008, p. 93).
Exemplo: quando alguém é injuriado em público ou tem seu 
nome lançado em cadastros de maus pagadores, trata-se do 
dano moral direto, pois são exemplos de violação à hora e à 
imagem da pessoa.
PROF. GENILDO LUCENA 43
DANO MORAL INDIRETO
Ocorre quando há lesão a um bem ou interesse de 
natureza patrimonial, mas que, de modo reflexo, 
produz um prejuízo a um bem de natureza 
extrapatrimonial. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 
2004, p. 87)
CC/“Art. 952. Parágrafo único. Para se restituir o 
equivalente, quando não exista a própria coisa, 
estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de 
afeição, contanto que este não se avantaje àquele”.
PROF. GENILDO LUCENA 44
“É necessário diferenciar o dano moral 
indireto com o dano moral reflexo ou em 
ricochete. Conforme assinalado anteriormente, 
no indireto existe uma violação a um direito 
extrapatrimonial de alguém, em função de um 
dano material.No reflexo, tem-se um dano 
moral sofrido por um sujeito, em função de um 
dano de que foi vítima outra pessoa ligada a ele, 
pouco importando se esse dano era de natureza 
material ou moral”.
PROF. GENILDO LUCENA 45
CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DO DANO MORAL
1. compensação pela dor sofrida;
2. condição financeira do ofensor;
3. condição financeira da vítima;
4. comportamento do ofensor após a
prática do ilícito (Prestou socorro,
arcou com as custas de hospital...).
PROF. GENILDO LUCENA 46
SUJEITOS DO DANO MORAL
1. Qualquer pessoa física 
2. O nascituro (nos casos 
compatíveis com a sua natureza) 
3. As pessoas falecidas 
4. As pessoas jurídicas.
PROF. GENILDO LUCENA 47
DANO MORAL NO TRABALHO
CC/art. 932, III - dispõe que o empregador também é 
responsável pela reparação civil, por seus empregados, 
quando no exercício do trabalho que lhes competir ou 
em razão dele.
CC/art. 927 – também prevê a aplicação do dano moral.
O critério para determinação do valor da reparação
por dano moral individual com o advento da Lei nº
13.467/2017 (nova CLT), a partir do art. 223-A.
PROF. GENILDO LUCENA 48
INDENIZAÇÃO. PROTESTO DE CHEQUE PRESCRITO E
SEM A DEVIDA NOTIFICAÇÃO. DANO MORAL
CARACTERIZADO.
1. O simples fato de enviar a protesto cheque prescrito
e sem que feita a devida notificação, como reconhecido
nas instâncias ordinárias, acarreta o dever de
indenizar.
2. Recurso especial conhecido e provido.
(STJ – Resp nº 602.136/PB – 3ª T - Min. Carlos Alberto
Menezes Direito. Data do julgamento: 07 dez. 2004.
Publicação: Diário de Justiça, 11 abr. 2005, p. 291)
PROF. GENILDO LUCENA 49
Em 24.11.2017 o STJ, em outro caso, considerou que não há dano
moral de protesto de cheque prescrito, desde que as vias legais da
ação de cobrança e da ação monitória – ambas submetidas ao
prazo de prescrição quinquenal, sejam possíveis ao credor
Direito Civil e do Consumidor. Recurso Especial. Ação
declaratória de inexigibilidade de dívida c/c pedido de
cancelamento de protesto e indenização por danos
materiais e morais. Protesto de nota promissória
prescrita. irregularidade. dívida que não é passível de
cobrança nas vias ordinária e monitória. abuso de direito.
Abalo de crédito. dano moral caracterizado. Honorários
advocatícios. majoração. (STJ – REsp nº 1.639.470/RO – Rel. min.
Nancy Andrighi) PROF. GENILDO LUCENA 50
A PROVA DO DANO MORAL
“Estando comprovado o fato não é preciso a prova do dano 
moral. (STJ, AGA 250722/SP, j. 19/11/1999, 3ª Turma, r. Carlos 
Alberto Menezes Direito, DJ 07/02/2000, p. 163)”
“A prova do fato que gerou lesão à reputação da pessoa 
jurídica é suficiente para a indenização do dano moral. (STJ, 
REsp. 169030/RJ, j. 22/10/2001, 3ª Turma, r. Ari Pargendler, DJ 
04/02/2002, p. 344)”
“Em se tratando de direito à imagem, a obrigação da 
reparação decorre do próprio uso indevido do direito 
personalíssimo, não havendo que se cogitar de prova da 
existência de prejuízo ou dano. (STJ, REsp. 45305/SP, j. 
02/09/1999, 4ª Turma, r. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 
25/10/1999, p. 83)”
PROF. GENILDO LUCENA 51
DANO IN RE IPSA
1. Não é necessária a apresentação de provas que demonstrem a ofensa 
moral da pessoa. O próprio fato já configura o dano.
2. Inserção de nome de forma indevida em cadastro de inadimplentes. No 
STJ, é consolidado o entendimento de que a própria inclusão ou manutenção 
equivocada configura o dano moral in re ipsa.
3. Responsabilidade bancária. Quando a inclusão indevida é feita por 
consequência de um serviço deficiente prestado por uma instituição bancária, a 
responsabilidade pelos danos morais é do próprio banco, que causa 
desconforto e abalo psíquico ao cliente.
4. Atraso de voo. Outro tipo de dano moral presumido é aquele que decorre de 
atrasos de voos, o chamado overbooking. 
5. Diploma sem reconhecimento. Alunos que concluíram o curso de 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pelotas, e não puderam 
exercer a profissão por falta de diploma reconhecido pelo Ministério da 
Educação, tiveram o dano moral presumido reconhecido pelo STJ (REsp
631.204).
PROF. GENILDO LUCENA 52
No STJ, é consolidado o entendimento 
de que "a própria inclusão ou 
manutenção equivocada configura o 
dano moral in re ipsa, ou seja, dano 
vinculado à própria existência do 
fato ilícito, cujos resultados são 
presumidos"
(Ag 1.379.761).
PROF. GENILDO LUCENA 53
EMENTA PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL NO
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL. EXTRAVIO DE TALONÁRIOS DE CHEQUES.
UTILIZAÇÃO INDEVIDA POR TERCEIROS. INSCRIÇÃO DO
NOME DO CORRENTISTA EM CADASTROS DE PROTEÇÃO
AO CRÉDITO. LEGITIMIDADE DA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. DANO MORAL PRESUMIDO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 83/STJ. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO EM
50 (CINQÜENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 83/STJ. PRECEDENTES. (Superior Tribunal de
Justiça AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.295.732 -
SP (2010/0061171-7) RELATOR : MINISTRO VASCO DELLA
GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS))
PROF. GENILDO LUCENA 54
EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.
RESPONSABILIDADE CIVIL. ATRASO DE VÔO
INTERNACIONAL - APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR EM DETRIMENTO DAS
REGRAS DA CONVENÇÃO DE VARSÓVIA.
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO DANO.
CONDENAÇÃO EM FRANCO POINCARÉ - CONVERSÃO
PARA DES - POSSIBILIDADE - RECURSO PROVIDO EM
PARTE.(Superior Tribunal de Justiça RECURSO
ESPECIAL Nº 299.532 - SP (2001/0003427-6)
RELATOR : MINISTRO HONILDO AMARAL DE MELLO
CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP)PROF. GENILDO LUCENA 55
EMENTA DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. CURSO NÃO
AUTORIZADO PELO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. - Não tendo a instituição de
ensino alertado os alunos, entre eles as recorrentes, acerca do risco (depois concretizado)
de impossibilidade de registro do diploma quando da conclusão do curso, o dano moral
daí decorrente pode – e deve – ser presumido. - Não há como negar o sentimento de
frustração e engodo daquele que, após anos de dedicação, entremeado de muito estudo,
privações, despesas etc., descobre que não poderá aspirar a emprego na profissão para a
qual se preparou, tampouco realizar cursos de especialização, pós-graduação, mestrado ou
doutorado, nem prestar concursos públicos; tudo porque o curso oferecido pela
universidade não foi chancelado pelo MEC. Some-se a isso a sensação de incerteza e temor
quanto ao futuro, fruto da possibilidade de jamais ter seu diploma validado. Há de se
considerar, ainda, o ambiente de desconforto e desconfiança gerados no seio social: pais,
parentes, amigos, conhecidos, enfim, todos aqueles que convivem com o aluno e têm como
certa a diplomação. A demora, na hipótese superior a 02 (dois) anos, expõe ao ridículo o
“pseudo-profissional”, que conclui o curso mas vê-se impedido de exercer qualquer
atividade a ele correlata. - O Código Civil exige dano material efetivo como pressuposto do
dever de indenizar, cuja existência deve ser demonstrada nos próprios autos e no curso da
ação. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (RECURSO
ESPECIAL Nº 631.204 - RS (2004/0023234-8) RELATOR : MINISTRO CASTRO FILHO REL.
P/ ACÓRDÃO : MINISTRA NANCY ANDRIGHI ) PROF. GENILDO LUCENA 56
EMENTA RECURSO ESPECIAL. INCLUSÃO INDEVIDA DE
NOMES DE MÉDICOS EM GUIA ORIENTADOR DE PLANO
DE SAÚDE. DEVER DE INDENIZAR. DANO À IMAGEM.
PEDIDO DE MAJORAÇÃO ALEGATIVA DE NULIDADE DO
ACÓRDÃO. IMPOSSIBILIDADE DE MAJORAÇÃO DO
QUANTUM INDENIZATÓRIO. VALOR FIXADO
RAZOAVELMENTE. AUSÊNCIA DE AFRONTA AOS ARTIGOS
159, DO CC/1916 E 186 E 927 DO NCC. RECURSO
ESPECIAL DE CELSO MURAD E OUTROS NÃO-CONHECIDO
E RECURSO ESPECIAL DE GESTÃO EM SAÚDE LTDA. NÃO-
PROVIDO. (RECURSO ESPECIAL Nº 1.020.936 - ES
(2008/0001128-3) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE
SALOMÃO) PROF. GENILDO LUCENA 57
ARGUMENTOS CONTRA A REPARABILIDADE DO DANO MORAL
1. Falta de um efeito penoso durável
2. Incerteza de um verdadeiro direito violado
3. Dificuldade de descobrir a existência do dano
4. Indeterminação do número de pessoas lesadas 
5. Impossibilidadede uma rigorosa avaliação em dinheiro 
6. Imoralidade de compensar uma dor com dinheiro 
7. Amplo poder conferido ao juiz 
8. Impossibilidade jurídica da reparação 
PROF. GENILDO LUCENA 58
NEXO DE CAUSALIDADE
1. Teorias explicativas – da equivalência, da 
causalidade adequada e da causalidade direta ou 
imediata
2. Teoria adotada pelo CC
3. Causas concorrentes
4. Concausas
5. Teoria da imputação objetiva e a responsabilidade 
civil
PROF. GENILDO LUCENA 59
Nexo de causalidade - introdução
1. É o vinculo existente entre a conduta do agente e o 
resultado por ela produzido. 
2. Examinar o nexo de casualidade é descobrir quais 
condutas, positivas ou negativas, deram causa ao 
resultado tipificado em lei. 
3. É necessário que a ação ou omissão sejam a causa do 
resultado (dano) sofrido. O nexo causal é elemento 
indispensável em qualquer espécie de responsabilidade 
civil.
PROF. GENILDO LUCENA 60
A DUPLA FUNÇÃO DO NEXO CAUSAL
I. permite determinar a quem se deve atribuir um resultado danoso e 
II. é indispensável na verificação da extensão do dano a se indenizar, 
pois serve como medida da indenização. 
Na responsabilidade objetiva, em face da ausência dos parâmetros da 
ilicitude e da culpa, o nexo causal assume particular relevo, in verbis:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, 
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente 
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem.”
PROF. GENILDO LUCENA 61
Nexo de causalidade – teorias explicativas
1. Da equivalência de condições;
2. Da causalidade adequada;
3. Da causalidade direta e 
imediata (interrupção do nexo 
causal).
PROF. GENILDO LUCENA 62
Teoria da equivalência de condições
1. Não faz distinção entre causa e condição. Todos os fatos sem os 
quais não teria ocorrido o resultado são considerados causa, com 
igual valor. 
2.Não se valora a adequação de uma determinada conduta. Muitos 
sustentam que isso torna esta teoria mais clara e objetiva em relação à 
teoria da adequação causal.
3. Também é conhecida como conditio sine qua non ou da equivalência 
das condições.
4. A crítica que se faz a essa teoria é que haveria, frequentemente, o 
regresso ao infinito, sendo todos os fatos anteriores ao resultado 
considerados causa do dano.
PROF. GENILDO LUCENA 63
“Critica-se essa teoria pelo fato de 
conduzir a uma exasperação da 
causalidade e a uma regressão infinita do 
nexo causal. Por ela, teria que indenizar 
a vítima de atropelamento não só 
quem dirigia o veículo com 
imprudência, mas também quem lhe 
vendeu o automóvel, quem o fabricou, 
quem forneceu a matéria prima etc.” 
(Sérgio Cavalieri Filho)
PROF. GENILDO LUCENA 64
Teoria da causalidade adequada
1. Considera-se como causadora do dano a condição por si só apta a 
produzi-la. Nem todas as condições serão causa, mas somente aquela 
apropriada a produzir o resultado.
2. Causa, para essa teoria, é o antecedente não somente necessário, mas 
também adequado à produção do resultado danoso. 
3. É feito um juízo em que se busca aferir a adequação de uma 
determinada conduta, de modo a concluir se esta é ou não adequada e 
idônea a produção do dano civil.
4. Havendo diversas condutas onde todas parecem ter contribuído para o 
resultado lesivo, somente aquela conduta que for realmente 
determinante poderá ser considerada causa.
PROF. GENILDO LUCENA 65
“Não há uma regra teórica, nenhuma 
fórmula hipotética para resolver o problema, 
de sorte que a solução terá que ser 
encontrada em cada caso, atentando-se 
para a realidade fática, como bom-senso e 
ponderação.” (Sérgio Cavalieri Filho)
CRÍTICA: como estabelecer dentre as diversas condutas
aquela que efetivamente gerou o resultado danoso, isto é,
qual foi a conduta realmente determinante à produção do
resultado?
PROF. GENILDO LUCENA 66
Teoria da causalidade direta e imediata 
(teoria da interrupção do nexo causal)
1. Para esta teoria causa é apenas o antecedente fático que, 
ligado por um vínculo de necessidade ao resultado danoso, 
determina esse último como uma consequência sua, direta e 
imediata.
2. É adotada por Agostinho Alvim. Ao discorrer sobre a 
inexecução das obrigações e suas consequências em obra 
específica sobre esse tema, o renomado jurista defende ser esta a 
teoria adotada pelo diploma civil brasileiro, o que se extrairia do 
art. 1.060, hoje transformado no art. 403.
“CC/Art. 403: Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as 
perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes 
por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei 
processual”.
PROF. GENILDO LUCENA 67
“(...) Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no artigo 1.060
do Código Civil, a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade é a
teoria do dano direto e imediato, também denominada teoria da
interrupção do nexo causal. Não obstante aquele dispositivo da codificação
civil diga respeito à impropriamente denominada responsabilidade
contratual, aplica-se ele também à responsabilidade extracontratual, inclusive
a objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer considerações de ordem
subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias existentes: a da
equivalência das condições e a da causalidade adequada (...) Essa teoria, como
bem demonstra Agostinho Alvim (....) só admite o nexo de causalidade quando
o dano é efeito necessário de uma causa, o que abarca o dano direto e
imediato sempre e, por vezes, o dano indireto e remoto, quando, para a
produção deste, não haja concausa sucessiva. Daí dizer Agostinho Alvim: os
danos indiretos ou remotos não se excluem, só por isso; em regra, não são
indenizáveis, porque deixam de ser efeito necessário, pelo aparecimento de
concausas. Suposto não existam essas, aqueles são danos indenizáveis” (STF -
RE 130.764-1/PR, Rel. Min. Moreira Alves, j. 12.05.92) PROF. GENILDO LUCENA 68
PROF. GENILDO LUCENA 69
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE
TRÂNSITO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. EMPRESA DE ESTACIONAMENTO
QUE PERMITE A RETIRADA DE VEÍCULO PELO FILHO DA PROPRIETÁRIA DO
MESMO, SEM A APRESENTAÇÃO DO COMPROVANTE DE ESTACIONAMENTO.
ACIDENTE DE TRÂNSITO OCORRIDO HORAS MAIS TARDE EM CIDADE
DIVERSA. NEXO DE CAUSALIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. À luz do comando
normativo inserto no art. 1.060 do Código Civil de 1916, reproduzido no art.
403 do vigente códex, sobre nexo causal em matéria de responsabilidade
civil contratual ou extracontratual, objetiva ou subjetiva vigora, no direito
brasileiro, o princípio da causalidade adequada, também denominado
princípio do dano direto e imediato. 2. Segundo referido princípio
ninguém pode ser responsabilizado por aquilo a que não tiver dado
causa (art. 159 do CC/1916 e art 927 do CC/2002) e somente se considera
causa o evento que produziu direta e concretamente o resultado danoso
(art. 1060 do CC/1916 e 403 do CC/2002).....
PROF. GENILDO LUCENA 70
...3. A imputação de responsabilidade civil, portanto, supõe a presença de
dois elementos de fato, quais: a conduta do agente e o resultado danoso; e
de um elemento lógico-normativo, o nexo causal (que é lógico, porque
consiste num elo referencial, numa relação de pertencialidade, entre os
elementos de fato; e é normativo, porque tem contornos e limites impostos pelo
sistema de direito, segundo o qual a responsabilidade civil só se estabelece
em relação aos efeitos diretos e imediatos causados pela conduta do
agente. 4. In casu, revela-se inequívoca a ausência de nexo causal entre o ato
praticado pela ora recorrida (entrega do veículo ao filho da autora e seus
acompanhantes sem a apresentação do respectivo comprovante de
estacionamento) e o dano ocorrido (decorrente do acidente envolvendo o
referido veículo horas mais tarde), razão pela qual, não há de se falar em
responsabilidade daquela pelos danos materiaise morais advindos do evento
danoso. 5. Recurso especial a que se nega provimento. (STJ - REsp 325622 / RJ –
4T – Rel. Min. CARLOS FERNANDO MATHIAS – J. 28.10.2008).
NEXO CAUSAL
1. Sergio Cavalieri Filho (2012. p. 67) define 
nexo causal como “elemento referencial entre a 
conduta e o resultado. É através dele que 
poderemos concluir quem foi o causador do dano.” 
2. Ressalta que o nexo de causalidade é 
elemento indispensável em qualquer espécie 
de responsabilidade civil. 
3. Pode haver responsabilidade sem culpa, mas 
não pode haver responsabilidade sem nexo 
causal.
PROF. GENILDO LUCENA 71
Causas concorrentes
PROF. GENILDO LUCENA 72
É quando a vítima vai concorrer para o 
evento danoso, com uma parcela da culpa. 
Ex.: Carro em alta velocidade bate numa 
moto cujo condutor não usava capacete. 
Não se excluirá a responsabilidade nem de 
um nem de outro, mas será atenuada a 
responsabilização do motorista do carro.
Concausas
PROF. GENILDO LUCENA 73
É uma causa que se soma a uma outra, na apreciação jurídica. Essa causa 
pode ser a reação da vítima, ou se esta sofria de alguma doença que foi 
agravada pelo dano principal, etc. A vítima não concorre, nem culposa 
nem dolosamente, para o evento danoso , diferente da "Causa 
concorrente".
Tipos de Concausa:
a) Preexistente - A causa já existia previamente; o fator agravante vem de 
antes do acontecimento do dano.
b) Concomitante - A causa passa a existir assim que ocorre o evento 
danoso, ao mesmo tempo em que ele.
c) Superveniente - A causa que não antecede nem coexiste com a outra 
causa. Pode quebrar o nexo causal.
Ex.: Se atirar em alguém que já estava morto, o tiro foi uma causa 
superveniente, que não foi capaz de causar dano a vítima.
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL E 
CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR
1. Estado de necessidade – CC/ART. 188, II E § ÚNICO;
2. Legitima defesa – CC/ART. 188, I; ARTS. 929, 930;
3. Exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever 
legal – CC/ART. 188, I; ART. 187;
4. Caso fortuito e força maior – CC/ART. 393
5. Culpa exclusiva da vitima 
6. Fato de terceiro
7. Cláusula de não indenizar – CDC/ART. 25.
PROF. GENILDO LUCENA 74
PROF. GENILDO LUCENA 75
CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATO DE
TERCEIRO. COLISÃO. ESTADO DE NECESSIDADE. EXCLUSÃO DA
ILICITUDE. PERMANÊNCIA, TODAVIA, DA OBRIGAÇÃO DE
RESSARCIR OS DANOS. DIREITO DE REGRESSO. I. A empresa cujo
preposto, buscando evitar atropelamento, procede a manobra
evasiva que culmina no abalroamento de outro veículo, causando
danos, responde civilmente pela sua reparação, ainda que não se
configure, na espécie, a ilicitude do ato, praticado em estado de
necessidade. II. Direito de regresso assegurado contra o terceiro
culpado pelo sinistro, nos termos do art. 1.520 c/c o art. 160, II, do
Código Civil. III. Recurso especial conhecido pela divergência, mas
improvido. (STJ – Resp 124527/SP – 4ª T - Ministro ALDIR
PASSARINHO JUNIOR – j. 04/05/2000).
ESTADO DE NECESSIDADE DIREITO COMERCIAL. CHEQUE. ENDOSSO VICIADO.
BANCO SACADO. DEVER DE CONFERÊNCIA. DEVOLUÇÃO DE CHEQUE. EXERCÍCIO
REGULAR DE DIREITO(ART. 160-I, CC). DESCABIMENTO DE INDENIZAÇÃO. ART.
462, CPC. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO.
I – Consoante proclamado em precedentes da Turma, o banco cobrador ou
apresentante está desobrigado de verificar a autenticidade da assinatura do
endosso. Por outro lado, todavia, tal não significa que a instituição financeira estaria
dispensada de conferir a regularidade dos endossos, aí incluída a legitimidade do
endossante.
II - Igual responsabilidade incumbe ao banco sacado, nos termos do art. 39 da Lei
do Cheque.
III - Age em exercício regular de direito(art. 160-I do Código Civil), o banco
que se recusa a pagar cheque com irregularidade no endosso, não se podendo
imputar à instituição financeira, pela devolução de cheque com esse vício, a
prática que culmine em indenização.
IV - No caso, fica ressalvado que a improcedência do pedido de indenização não
exime o banco da obrigação de pagar o cheque, uma vez demonstrado no curso da
ação(art. 462, CPC) a regularização do endosso. (STJ – Resp 304192/MG – 4ª T -
Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA – j. 10/04/2001)
PROF. GENILDO LUCENA 76
PROF. GENILDO LUCENA 77
CIVIL E PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPREGADA DOMÉSTICA. SUSPEITA DE
FURTO. TRANCAMENTO NO APARTAMENTO. QUEDA DO EDIFÍCIO. SUSPEITA DE SUÍCIDIO.
IRRELEVÂNCIA. RESPONSABILIDADE DOS PATRÕES. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO.
INOCORRÊNCIA. USO IMODERADO DO MEIO. DOUTRINA. RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS. FALSIDADE
DE DOCUMENTO. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA/STJ. ENUNCIADO Nº 7. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO
JUIZ. CPC. ART. 132. SENTENÇA PROFERIDA PELO JUIZ DA INSTRUÇÃO, REMOVIDO PARA OUTRA VARA DA
MESMA COMARCA. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ENFRENTAMENTO DE TEMAS NÃO
PREQUESTIONADOS. RECURSO DESACOLHIDO. I - A relação de trabalho entre patrão e empregada doméstica
confere àquele o poder de exigir tão-somente as obrigações decorrentes do contrato de trabalho. Prender o
empregado no local de trabalho, sob o argumento de averiguações quanto a eventual ilícito praticado,
constitui uso imoderado do meio, nos termos da melhor doutrina. II - O exercício regular de um direito não
pode agredir o direito alheio, sob pena de tornar-se abusivo e desconforme aos seus fins. III - O cerceamento ao
direito fundamental de ir e vir encontra no ordenamento constitucional hipóteses restritas, não se podendo
atribuir ao empregador o poder de tolher a liberdade do empregado, ainda que por suspeita de crime contra o
patrimônio. IV - Matéria concernente a falsidade documental, decidida pelas instâncias ordinárias com base
nos fatos da causa, não pode ser revista em sede de recurso especial, nos termos do veto contido no verbete nº
7 da súmula desta Corte. V - Encontrando-se já encerrada a instrução do feito, a simples remoção do juiz que a
tenha conduzido e concluído, máxime se efetivada para outra vara da mesma comarca, não o impede de
proferir a sentença.VI - A técnica do recurso especial exige que os temas concernentes aos dispositivos legais
apontados como violados pelo recorrente tenham sido debatidos no acórdão impugnado. (STJ – Resp
164391/RJ – 4ª T - Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA – j. 18/03/1999).
AÇÃO ACIDENTÁRIA. MINEIRO DE SUBSOLO.
PNEUMOCONIOSE. NEXO DE CAUSALIDADE. CONCESSÃO
DE AUXÍLIO-ACIDENTE. INEXISTÊNCIA DE ÓBICE À
CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA. Comprovado
pericialmente o nexo de casualidade entre a moléstia e o
labor desenvolvido pelo obreiro, bem como a sua
incapacitação parcial, devido é o auxílio-acidente. A
vedação da cumulação do auxílio-acidente com
aposentadoria de qualquer natureza não alcança fato
(acidente típico ou moléstia profissional), cuja gênese
remonta à época anterior a da vigência da Lei 9.528/97.
(TJSC, Apelação Cível n. 2002.011855-4, de Criciúma, rel.
Des. Newton Janke, j. 13-11-2003).
PROF. GENILDO LUCENA 78
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103535/lei-9528-97
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
OBJETIVA
CF/Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito 
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
PROF. GENILDO LUCENA 79
TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE 
CIVIL DO ESTADO
1.Teoria da irresponsabilidade;
2.Teorias subjetivistas;
3.Teorias objetivistas - do risco 
administrativo.
PROF. GENILDO LUCENA 80
RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JUDICIAIS, ERRO 
JUDICIÁRIO E RESPONSABILIDADE PESSOAL DO JUIZ
PROF. GENILDO LUCENA 81
Razões para a resistência de se responsabilizar o Estado pelo dano 
causado a partir de algumaação ou omissão do Poder Judiciário. 
1. a independência dos magistrados;
2. a soberania de suas decisões, as quais podem ser modificadas 
por meio de recursos;
3. a autoridade da coisa julgada;
4. o fato de a lei apenas impor responsabilidade ao juiz se agir com 
dolo, fraude ou o retardamento injustificado de providência que 
deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte (art. 133 do 
CPC/73). 
PROF. GENILDO LUCENA 82
CPC de 1973/Art. 133. Responderá por perdas e danos o 
juiz, quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou 
fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, 
providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento 
da parte.
Parágrafo único. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses 
previstas no no II só depois que a parte, por intermédio do 
escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e 
este não lhe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JUDICIAIS, ERRO 
JUDICIÁRIO E RESPONSABILIDADE PESSOAL DO JUIZ
PROF. GENILDO LUCENA 83
1. A doutrina e jurisprudência têm superado essas barreiras,
consagrando a responsabilização estatal, baseado no fundamento
principiológico e normativo da responsabilidade do Estado de forma
isonômica e a socialização de todos os riscos que a ação
administrativa acaba impondo aos cidadãos. (Yussef Said Cahali).
2. A responsabilidade do Estado é uma conquista do estado de
direito e a irresponsabilidade herança do absolutismo. (Venosa)
3. Em um regime republicano, nenhum poder é soberano em relação
ao outro. Soberano é o Estado. Não há soberania de um poder em
relação ao outro, pois todos devem obediência às leis e à
Constituição. (Maria Sylvia Zanella Di Pietro).
4. O conceito de “agente”, como visto acima, merece acepção lata,
incluindo órgãos, servidores públicos e também os agentes políticos,
categoria na qual se enquadra o magistrado. (Maria Helena Diniz).
RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JUDICIAIS, ERRO 
JUDICIÁRIO E RESPONSABILIDADE PESSOAL DO JUIZ
PROF. GENILDO LUCENA 84
“ação de responsabilidade do Estado não exige distinção entre atos 
administrativos, legislativos ou jurisdicionais; requer-se tão-
somente a prova do dano e de que ele foi causado por ato de 
agente público.” (Maria Helena Diniz)
É preciso identificar os atos judiciais propriamente ditos, ou 
seja, aqueles praticados pelo juiz, munido do exercício da função 
típica do Poder Judiciário que é dirimir conflitos. 
Há forte posicionamento doutrinário que propugna a possibilidade 
de indenização apenas quando houver previsão legal (erro 
judiciário – CF/art. 5º, LXXV; CPP/art. 630 ou a responsabilidade 
pessoal do juiz – CPC de 73/art. 133).
PROF. GENILDO LUCENA 85
CF/art. 5º... LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro 
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na 
sentença;
CPP/Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer 
o direito a uma justa indenização
pelos prejuízos sofridos.
§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, 
responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do 
Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela 
respectiva justiça.
§ 2o A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta 
imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de 
prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JUDICIAIS, ERRO 
JUDICIÁRIO E RESPONSABILIDADE PESSOAL DO JUIZ
PROF. GENILDO LUCENA 86
1. No caso de ato praticado pelo juiz investido de jurisdição, o Estado não pode ser
responsabilizado pela decisão judicial em si, pois os erros de procedimento (error in
procedendo) e de julgamento (error in judicando), provenientes que são dos homens e de
conteúdo eminentemente subjetivo, não se pode mensurar objetivamente ou aferir com
precisão, sendo aprimorados, ao menos por presunção, pelo julgamento de instância
superior, por meio dos recursos. (Venosa)
2. Há situações em que a máquina judiciária, por meio de seus órgãos, agentes políticos ou
serventuários, pode causar dano ao jurisdicionado e até mesmo independentemente de
dolo ou culpa de qualquer um destes, ser o Estado chamado à responsabilidade.
Funcionalmente quem causou dano foi o Poder Judiciário, mas será o orçamento do Estado
que será afetado pela reparação pecuniária.
3. A divisão de poderes é funcional e foi fundamental para a consolidação do estado de direito,
o qual não deixa espaço para a concepção de irresponsabilidade do Estado.
4. Todo orçamento, seja funcionalmente do executivo, do legislativo ou do judiciário,
provém da mesma fonte arrecadadora por meio, principalmente, dos tributos pagos
pelo povo, direta ou indiretamente.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JUDICIAIS, ERRO 
JUDICIÁRIO E RESPONSABILIDADE PESSOAL DO JUIZ
PROF. GENILDO LUCENA 87
Segundo Maria Helena Diniz, há necessidade de se ampliar o 
horizonte da responsabilidade por atos judiciais para além do 
“erro judiciário” de feição criminal por envolver prisão indevida 
para a admissão de responsabilidade estatal em situações como: 
a) demora abusiva da prestação jurisdicional causando dano 
comprovado como (exemplo: alguém que faria jus de modo 
cristalino a um provimento liminar para internação hospitalar na 
rede pública ou por uma determinação à operadora do plano de 
saúde e que acaba morrendo pela falta da decisão interlocutória); 
b) ofensa moral perpetrada por um serventuário da justiça ou um 
magistrado a uma parte ou advogado; 
c) sumiço de autos de processos judiciais; 
d) descumprimento de uma ordem judicial de órgão jurisdicional 
hierarquicamente superior; 
PROF. GENILDO LUCENA 88
“Essa ampliação deve ser feita com razoabilidade para não colocar em
risco a independência dos magistrados, pois há inegável diferença
entre os agentes com função executiva e os magistrados que exercem
função judicante...aqueles praticam atos de “execução regrados e
informados pelo princípio da legalidade, permitindo, até com previedade e
mediante autocontrole, o amplo controle da atividade administrativa e a
direta responsabilização do Estado pelo funcionamento deletério do
serviço público” e estes decidem de acordo com o livre convencimento
baseado em premissas axiológicas e hermenêuticas, sendo obrigado apenas
a fundamentar as suas razões de decidir.
A admissão da responsabilidade civil do Estado por erro judiciário,
tendo em vista que se trata de garantia fundamental do cidadão
insculpida no artigo 5º, LXXV da Constituição da República, não encontra
divergência na doutrina e jurisprudência quanto ao seu
reconhecimento, quer em situações genéricas de prisão ilegal, quer na
hipótese específica de revisão criminal prevista no artigo 630 do Código de
Processo Penal.”
A IRRESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS LEGISLATIVOS 
QUANDO PRATICADOS EM CONSONÂNCIA COM A CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA.
PROF. GENILDO LUCENA 89
1. A lei, como emanação da soberania do Estado e com as características 
naturais da abstração e generalidade, não possui, em regra, 
potencialidade lesiva a ponto de justificar o pleito de reparação civil
por um particular ou por uma coletividade de pessoas que se sintam 
prejudicadas com a sua edição.
2. Quando a lei não se harmoniza com o interesse público, somos chamados 
à responsabilidade enquanto nação regularmente constituída a escolher 
com mais apuro nossos representantes nas casas legislativas e no 
governo e até mesmo postular, quem sabe, por iniciativa popular, a edição 
de normas jurídicas condizentes com os valores tutelados pela 
Constituição.
3. A contrariedade de interesses decorrente da edição de leis, não 
possibilita, por si só, a busca de reparação patrimonial.
A IRRESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS 
LEGISLATIVOS QUANDO PRATICADOS EM CONSONÂNCIA 
COM A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
PROF. GENILDO LUCENA 90
“(art. 5º, XXXVI, da CRFB) - se o dano surge em decorrência de 
lei inconstitucional,a qual evidentemente reflete atuação 
indevida do órgão legislativo, não pode o Estado simplesmente 
eximir-se da obrigação de repará-lo, porque nessa hipótese 
configurada estará a sua responsabilidade civil.” (José dos Santos 
Carvalho Filho).
CF/Art. 5º...XXXVI - a lei não prejudicará o direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
PROF. GENILDO LUCENA 91
EMENTA - ADMINISTRATIVO. CRUZADOS NOVOS BLOQUEADOS. MP
N. 168/90. LEI N. 8.024/90. CORREÇAO MONETÁRIA. BTNF. DANO
MORAL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO LEGISLATIVO.
AUSÊNCIA DEDECLARAÇAO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI.
NAO-CABIMENTO.
1. Consolidado está, no âmbito do STJ, o entendimento de que a
correção dos saldos bloqueados transferidos ao Bacen deve ser feita
com base no BTNF. Precedentes.
2. Apenas se admite a responsabilidade civil por ato legislativo na
hipótese de haver sido declarada a inconstitucionalidade de lei
pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle concentrado.
3. Recurso especial provido (STJ- REsp nº 571.645-RS, Rel. Min. João
Otávio de Noronha e que constou no informativo nº 297do período de
18 a 22 de setembro de 2006).
PROF. GENILDO LUCENA 92
“Hipótese das mais interessantes envolve a não 
observância pelo Poder Público do disposto no inciso X 
do artigo 37 da Constituição da República que assegura 
ao servidor público a “revisão geral anual” de seus 
vencimentos ou subsídios, conforme o caso. Essa questão 
hoje se encontra pendente de julgamento no Supremo 
Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 
565.089/SP com voto favorável do Ministro Marco Aurélio 
Mello e pedido de vista da Ministra Carmen Lúcia, mas 
existe decisão favorável à tese mesmo antes do julgamento 
do referido recurso extraordinário.” 
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE 
CIVIL DO ESTADO POR ATO LEGISLATIVO
PROF. GENILDO LUCENA 93
a)tratar-se de lei de efeitos concretos; 
b)reconhecimento em controle 
concentrado pelo Supremo Tribunal da 
inconstitucionalidade do comando 
normativo lesivo; 
c)dano legislativo causado a uma pessoa 
ou coletividade.
DIREITO DE REGRESSO EM FACE DO CAUSADOR DIRETO DO 
DANO E O MANEJO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
PROF. GENILDO LUCENA 94
CF/art. 37, § 6º e CC/art. 43 - direito de regresso em favor
do Estado a ser manejado em face do causador imediato
do dano.
Comportamento culposo.
“Quer dizer: o Estado responde sempre perante a vítima,
independentemente da culpa do servidor. Este, entretanto,
responde perante o Estado, em se provando que procedeu
culposa ou dolosamente. Não importa que o funcionário
seja ou não graduado. O Estado responde pelo ato de
qualquer servidor.”(Caio Mário da Silva Pereira).
PROF. GENILDO LUCENA 95
Informativo do STJ nº 314: Segunda Turma
INDENIZAÇÃO. ATO. AGENTE PÚBLICO. ABUSO. AUTORIDADE. DIREITO. REGRESSO.
ESTADO.
O Tribunal a quo concluiu que o ora recorrente, delegado de Polícia, passou à frente do ora
interessado, que se encontrava na fila de um banco. Começaram então a discutir e, no ápice
do desentendimento, o delegado deu voz de prisão ao interessado por desacato à autoridade,
recolheu-o à delegacia onde se lavrou o auto de prisão em flagrante e, para ser posto em
liberdade, foi preciso pagar fiança. Concluiu-se que a conduta não se enquadra no tipo do art.
331 do Código Penal, pois o desentendimento não se deu em razão da função de delegado,
mas porque alguém passou à frente de todos na fila. Entendeu-se, ainda, após reconhecer a
responsabilidade do Estado pela prisão ilegal, julgar procedente a denunciação à lide, pois a
conduta não se enquadra na função de delegado no momento do evento, consistindo em
verdadeiro abuso de autoridade. O litisdenunciado, ora recorrente, agiu como agente público
ao mobilizar o aparato estatal e efetuar a prisão ilegal. Logo há responsabilidade civil do
Estado e, em razão do abuso, cabe ressarcir o Estado pelos valores despendidos com a
reparação dos danos morais. A Turma não conheceu do recurso. REsp 782.834-MA, Rel. Min.
Eliana Calmon, julgado em 20/3/2007.
PROF. GENILDO LUCENA 96
0005032-16.2003.8.19.0021- APELACAO
DES. ADEMIR PIMENTEL – Julgamento: 13/06/2012 – DECIMA TERCEIRA
CAMARA CIVEL
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
DO MUNICÍPIO. QUEDA EM BUEIRO NA VIA PÚBLICA. MÁ CONSERVAÇÃO.
NEXO CAUSAL EVIDENCIADO. DANOS MORAL, ESTÉTICO E MATERIAL
DEVIDAMENTE CARACTERIZADOS. RECURSO AO QUAL SE NEGA
SEGUIMENTO COM FULCRO NO ARTIGO 557 DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL.I – Restando comprovados o nexo causal e os danos moral e
material decorrentes de queda em bueiro corrente da má conservação da
via pública, responde objetivamente a municipalidade, devendo
indenizar o cidadão lesado; II – Fixação de valores indenizatórios em
consonância com os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;
III – Recurso ao qual se nega seguimento, na forma do disposto no artigo
557, do CPC.
PROF. GENILDO LUCENA 97
DES. SYLVIO CAPANEMA – Julgamento: 15/08/2006 – DECIMA
CAMARA CIVEL – 0050654-23.1999.8.19.0001(2006.001.32458).
Apelação Cível. Ação indenizatória. Morte de parente em hospital
público sem comunicação aos familiares. Enterro como
indigente. Dano material e moral. Arbitramento. Funeral.
Verba honorária. Denota falha do serviço o fato de não terem sido
informados os parentes da morte do paciente, o que seria fácil
obter caso os agentes públicos fossem mais diligentes. Fato
omissivo, com prova hábil da culpa do Estado. O dano material com
o funeral se comprova pelo simples fato de não se poder deixar os
corpos insepultos. O dano moral existe “in re ipsa”. Verbas
indenizatórias arbitradas em obediência aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, assim como a verba
honorária. Desprovimento de ambos os recursos.
PROF. GENILDO LUCENA 98
0089122-80.2004.8.19.0001 (2007.001.32436)- APELACO
DES. ROBERTO DE ABREU E SILVA – Julgamento: 04/09/2007 – NONA CAMARA
CIVEL. Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, par. 6. da CRFB/88. Ato lícito
da administração. Troca de disparos de arma de fogo em via pública. Bala
perdida. Dever de indenizar. O art. 5., X da Lei Maior positivou o princípio
impositivo do dever de cuidado (“neminem laedere”) como norma de conduta,
assegurando proteção à integridade patrimonial e extrapatrimonial de pessoa
inocente, e estabelece como sanção a obrigação de reparar os danos, sem falar em
culpa. A CRFB/88, em seu art. 37, par. 6, prestigiou a Teoria do Risco
Administrativo como fundamento para a responsabilidade civil do Estado, seja
por ato ilícito da Administração Pública, seja por ato lícito. A troca de disparos de
arma de fogo efetuada entre policiais e bandidos conforme prova dos autos impõe à
Administração Pública o dever de indenizar, sendo irrelevante a proveniência da bala.
A conduta comissiva perpetrada, qual seja, a participação no evento danoso causando
dano injusto à vítima inocente conduz à sua responsabilização, mesmo com um atuar
lícito, estabelecendo-se, assim, o nexo causal necessário. Desprovimento do recurso.
PROF. GENILDO LUCENA 99
ORDINÁRIA. INDENIZATÓRIA. AGENTE PÚBLICO que ingressa em veículo de transporte
coletivo, pretendendo usufruir do serviço sem a devida contraprestação, sob a
alegação de cuidar-se de policial militar. Discussões que culminam em disparos de arma
de fogo, causando a morte do marido e pai das autoras. Pedido indenizatório consistente no
pagamento de pensão vitalícia, verba por luto, funeral, jazigo e danos morais.
responsabilidade objetiva do estado. art. 37, §6º, da Constituição Federal. Contestação
sustentando a exclusão da responsabilidade estatal, em razão do servidor não haver agido
nesta qualidade, na medida em que, a arma era particular, encontrando-se fora de serviço, em
dia de folga. Sentença de improcedência do pedido, em razão do agente não haver cometido a
infração no exercício de suas funções. Apelação. Policial que mesmo de folga e à paisana, age
nessa qualidade para se beneficiar da gratuidade no transporte público. Aplicação dos
princípios da dignidade humana e da solidariedadesocial. Porte de arma concedido em razão
do cargo que o servidor ocupava. Recurso a que se dá parcial provimento para reformar a
sentença, condenando o estado a indenizar as autoras no pagamento de pensão vitalícia, para
a primeira, equivalente a 1/3 dos vencimentos da vítima, calculados com base na renda por
ela auferida na época do fato, desde então até a idade provável de sobrevida do falecido,
estimada em 75,4 anos, e 1/6 do referido montante para cada filha até completarem 25 anos,
abrangendo 13º salário e FGTS, incidindo juros legais, de acordo com o enunciado de Súmula
nº 54, do C. STJ. Juros de mora desde o evento e correção monetária a partir do julgado.
Danos morais inquestionáveis. Arbitramento de verba compensatória, considerando o evento
danoso e as consequências dali advindas. Danos materiais reconhecidos. Enunciado contido
no aviso 51/2011, deste E. TJRJ, no tocante às despesas de funeral, a ser arbitrada em sede de
liquidação de sentença. Honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.
Recurso conhecido e provido. (TJRJ – 16 A CC – APELAÇÃO CÍVEL Nº 0093728 –
83.2006.8.19.0001 – RELATOR: DES. MAURO DICKSTEIN).
PROF. GENILDO LUCENA 100
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE DE PRESO
DENTRO DA PENITENCIÁRIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
ESTADO. OMISSÃO ESPECÍFICA. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA. A
presente hipótese versa acerca da responsabilidade objetiva
pela omissão específica do ente estatal (art. 37, § 6º, da CRFB),
que tem o dever de zelar pela vida e a integridade corporal
das pessoas detidas nos estabelecimentos prisionais. A
CRFB/88 dispôs em seu artigo 5º, XLIX, que deve ser assegurado
aos presos o respeito à integridade física e moral. No momento em
que o Poder Público não observou o dever de guardar
integralmente a vida do detento, surge a sua responsabilidade civil
perante o dano causado ao lesado. A vítima era filho e irmão dos
autores, sendo inegável o dano moral causado por sua morte,
mormente pelas suas circunstâncias. Redução do quantum
arbitrado para R$ 30.000,00 (trinta mil reais), a fim de adequá-
lo aos parâmetros adotados por esta Câmara em casos análogos.
Primeiro recurso parcialmente provido. Segundo recurso
improvido. (TJRJ, 12ª Câmara Cível. Apelação Cível nº 0009706-
2.2008.8.19.0063, Rel. Desembargador Cherubin Schwartz).
PROF. GENILDO LUCENA 101
Agravo Regimental no Recurso Extraordinário
com Agravo. Constitucional. Professora. Tiro
de arma de fogo desferido por aluno. Ofensa
à integridade física em local de
trabalho. Responsabilidade objetiva.
Abrangência de atos omissivos. Precedentes.
Agravo Regimental ao qual se nega provimento.
(STF, julg. 14/02/2012, Primeira Turma. Ag.
Reg. no Recurso Extraordinário com Agravo nº
663.647, Min. Carmen Lúcia.).
PROF. GENILDO LUCENA 102
Trata-se, no caso, de agressão física perpetrada por aluno contra uma
professora dentro de escola pública. Apesar de a direção da escola estar
ciente das ameaças sofridas pela professora antes das agressões, não tomou
qualquer providência para resguardar a segurança da docente ameaçada e
afastar, imediatamente, o estudante da escola. O tribunal a quo, soberano na
análise dos fatos, concluiu pela responsabilidade civil por omissão do
Estado. Não obstante o dano ter sido causado por terceiro, existiam meios
razoáveis e suficientes para impedi-lo e não foram utilizados pelo Estado.
Assim, demonstrado o nexo causal entre a inação do Poder Público e o
dano configurado, tem o Estado a obrigação de repará-lo. Logo, a Turma
conheceu parcialmente do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento.
Precedentes citados: REsp 967.446-PE, DJe 27/8/2009; REsp 471.606-SP, DJ
14/8/2007, e REsp 152.360-RS, DJ 30/5/2005. REsp 1.142.245-DF, Segunda
Turma, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 5/10/2010.
PROF. GENILDO LUCENA 103
RECURSO ESPECIAL – NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL – NÃO OCORRÊNCIA –
SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO – NATUREZA JURÍDICA – ORGANIZAÇÃO TÉCNICA E
ADMINISTRATIVA DESTINADOS A GARANTIR A PUBLICIDADE, AUTENTICIDADE, SEGURANÇA E
EFICÁCIA DOS ATOS JURÍDICOS – PROTESTO – PEDIDO DE CANCELAMENTO – OBRIGAÇÃO DE
FAZER – TABELIONATO – ILEGITIMIDADE DE PARTE PASSIVA RECONHECIDA – AUSÊNCIA DE
PERSONALIDADE – RECURSO IMPROVIDO.
I – É entendimento assente que o órgão judicial, para expressar sua convicção, não precisa
mencionar todos os argumentos levantados pelas partes, mas, tão-somente, explicitar os motivos
que entendeu serem suficientes à composição do litígio, não havendo falar, na espécie, em ofensa
ao art. 535 do Código de Processo Civil.
II – Segundo o art. 1º da Lei n° 8.935/94, que regulamentou o art. 236 da Constituição Federal, os
serviços notariais e de registro são conceituados como “organização técnica e administrativa
destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”.
Dispõe, ainda, referida Lei que os notários e oficiais de registro gozam de independência no
exercício de suas atribuições, além de que estão sujeitos às penalidades administrativas previstas
nos arts. 32, 33, 34 e 35, no caso de infrações disciplinares previstas no art. 31 da mesma Lei.
III – Os cartórios extrajudiciais – incluindo o de Protesto de Títulos – são instituições
administrativas, ou seja, entes sem personalidade, desprovidos de patrimônio próprio, razão pela
qual, bem de ver, não possuem personalidade jurídica e não se caracterizam como empresa ou
entidade, afastando-se, dessa forma, sua legitimidade passiva ad causam para responder
PROF. GENILDO LUCENA 104
RESPONSABILIDADE CIVIL. ATO LEGISLATIVO. A
responsabilidade civil em razão do ato legislativo só é
admitida quando declarada pelo STF a
inconstitucionalidade da lei causadora do dano a
ser ressarcido, isso em sede de controle
concentrado. Assim, não se retirando do ordenamento
jurídico a Lei n. 8.024/1990, não há como se falar em
obrigação de indenizar pelo dano moral causado pelo
Bacen no cumprimento daquela lei. Precedente citado:
REsp 124.864-PR, DJ 28/9/1998. REsp 571.645-RS, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/9/2006.
PROF. GENILDO LUCENA 105
0234709-60.2009.8.19.0001- APELACAO
DES. AGOSTINHO TEIXEIRA DE ALMEIDA FILHO – Julgamento:
02/05/2012 – DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL
Apelação cível. Ação indenizatória. Descumprimento do comando do
artigo 37, X, da Constituição, que assegura “revisão geral anual” da
remuneração dos servidores, por intermédio de lei específica, de
iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo. Remuneração da autora,
servidora estadual, não reajustada há vários anos. Mora legislativa.
Omissão inconstitucional. Valor real da remuneração da autora corroído
pela inflação. Repercussão geral da matéria reconhecida pelo Supremo
Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário 565.089. Eventual impacto
desfavorável nas finanças públicas que não exime o ente público do dever
de indenizar. Ocorrência dos pressupostos para responsabilização
civil do Estado, por omissão. Recurso provido.
PROF. GENILDO LUCENA 106
RESPONSABILIDADE CIVIL. VEÍCULO. TRANSFERÊNCIA. A Turma,
renovando o julgamento, no caso de atribuição de responsabilidade do
Estado por falha pericial na vistoria de veículo com motor
adulterado após várias alienações, reiterou não caber denunciação da
lide (art. 70, III, do CPC) para atribuir a terceiro, exclusivamente, a
responsabilidade pelo fato danoso, porquanto a pretensão do
denunciante, ora recorrente, é estabelecer uma lide paralela à principal,
imputando por completo ao Estado a responsabilidade pelos danos
experimentados pelo autor, o que não é possível na via em questão.
Outrossim, ainda que se cogitasse de denunciação, seria em relação ao
Detran, autarquia pública estadual, com personalidade de direito
público própria. Precedentes citados: AgRg no Ag 630.919-DF, DJ
14/3/2005, e REsp 684.238-RS, DJe 5/5/2008. REsp 729.172-RS, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/3/2010.
PROF. GENILDO LUCENA 107
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS DE DIREITO PÚBLICO
– AÇÃO DE INDENIZAÇÃO MOVIDA CONTRA O ENTE PÚBLICO
E O FUNCIONÁRIOCAUSADOR DO DANO – POSSIBILIDADE. O
FATO DE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVER DIREITO
REGRESSIVO AS PESSOAS JURIDICAS DE DIREITO PÚBLICO
CONTRA O FUNCIONÁRIO RESPONSÁVEL PELO DANO NÃO
IMPEDE QUE ESTE ÚLTIMO SEJA ACIONADO
CONJUNTAMENTE COM AQUELAS, VEZ QUE A HIPÓTESE
CONFIGURA TIPICO LITISCONSORCIO FACULTATIVO – VOTO
VENCIDO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E
PROVIDO. (RE 90071, Relator(a): Min. CUNHA PEIXOTO,
Tribunal Pleno, julgado em 18/06/1980, DJ 26-09-1980 PP-
07426 EMENT VOL-01185-01 PP-00359 RTJ VOL-00096-01 PP-
00237).
PROF. GENILDO LUCENA 108
Primeira Turma
DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. ASSALTO. PRESCRIÇÃO.
Prescreve em cinco anos a ação de indenização movida por
particular contra a Fazenda estadual, ao fundamento de
responsabilidade civil do Estado, por não tê-lo protegido de ser
assaltado dentro de sua residência e ainda de ser ferido com projétil de
arma de fogo do assaltante. Não se cuida, então, de ação civil ex delicto.
No caso, o termo inicial do prazo prescricional conta-se da data do
evento danoso. Com esse entendimento, a Turma, por maioria, ao
prosseguir o julgamento, deu provimento ao recurso da Fazenda
estadual para restabelecer a sentença que reconheceu a prescrição da
ação. REsp 1.014.307-SP, Rel. originária Min. Denise Arruda, Rel. para
acórdão Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 26/5/2009.
PROF. GENILDO LUCENA 109
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO. ATO OMISSIVO DO PODER PÚBLICO: DETENTO FERIDO POR OUTRO
DETENTO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: CULPA PUBLICIZADA: FALTA DO
SERVIÇO. C.F., art. 37, § 6º. I. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por esse ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, em
sentido estrito, esta numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a
imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser
atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. II. - A falta do
serviço - faute du service dos franceses - não dispensa o requisito da causalidade, vale
dizer, do nexo de causalidade entre ação omissiva atribuída ao poder público e o dano
causado a terceiro. III. Detento ferido por outro detento: responsabilidade civil do
Estado: ocorrência da falta do serviço, com a culpa genérica do serviço público,
por isso que o Estado deve zelar pela integridade física do preso. IV. RE conhecido
e provido.
(RE 382054, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em
03/08/2004, DJ 01-10-2004 PP-00037)
NATUREZA JURÍDICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
PROFISSIONAL
Pressuposto – em regra temos responsabilidade civil 
contratual. Necessário distinguir entre:
I. “obrigação de meio” (o devedor se obriga a empreender 
a sua atividade sem garantir o resultado esperado. Ex: 
médicos e advogados em geral) e 
II. “obrigação de resultado” (o devedor se obriga não 
apenas a empreender sua atividade, mas, principalmente, 
a produzir o resultado esperado pelo credor. Ex: contrato 
de transporte). 
PROF. GENILDO LUCENA 110
PROF. GENILDO LUCENA 111
Maria Helena Diniz – “é controvertida a natureza jurídica da
responsabilidade profissional, alguns autores classificam como
contratual e dependendo das circunstâncias como extracontratual.
Devemos compreende a obrigação “meio” e a obrigação de
resultado. No entanto, a autora afirma que os profissionais são
prestadores de serviços e a natureza jurídica é contratual”. (DINIZ,
p. 294. 2006).
• Obrigação meio: o profissional tem o dever de usar de
prudência e diligência normais na prestação do serviço, para
obter um resultado, mas essa obrigação não consiste em um
resultado certo e determinado, mais sim nos meios empregados.
• Obrigação de resultado: o profissional tem o dever no
cumprimento da obtenção de um resultado certo e determinado.
PROF. GENILDO LUCENA 112
“Entende-se como obrigação de meio, aquela em que o profissional 
se compromete a usar de prudência e diligência normal para a 
prestação de certo serviço, seguindo as melhores técnicas, com o 
objetivo de alcançar determinado resultado, sem se obrigar a 
obtê-lo. Ex: obrigação do médico, do advogado, eis que, no exercício 
de ambas as profissões, o profissional não pode garantir o resultado 
pretendido. 
De outra banda, na obrigação de resultado, o profissional se 
obriga a produzir o resultado esperado pelo usuário do serviço. 
Ex: contrato de transporte, obrigação do cirurgião plástico, a menos 
que se trate de cirurgia plástica reparadora, em que a obrigação será 
reputada de meio”.
(DESTAQUEI) (Prof. Vital Borba/IESP)
PROF. GENILDO LUCENA 113
De acordo com o entendimento de Pablo Stolze, pelo princípio
da especialidade fica vinculado ao que diz o Código de
Defesa do Consumidor, apesar do Código civil ser mais novo,
sendo necessário, portanto, se verificar e apurar o dolo ou a
culpa para responsabilização pessoal do profissional
liberal. Entende-se que o CDC sempre será aplicado nos casos
dos profissionais liberais que estiverem em uma relação de
consumo, utilizando-se o Código Civil, como subsidio aos
princípios e ás regras daquele. O mais importante e fundamental
é que sejam minimizados os efeitos da inadimplência
obrigacional, visando a reparação do dano e, sobretudo, a
proteção da dignidade humana. (MACHADO, p. 642 a 643. 2008).
OBSERVAÇÕES 
No caso de cirurgia plástica estética teremos a obrigação de 
resultado. 
No caso de cirurgia plástica reparadora teremos a obrigação de 
meio. 
Em ambos os casos (obrigação de meio e obrigação de resultado) 
teremos a responsabilidade subjetiva, devendo ser provado a 
culpa. No entanto, na obrigação de resultado, há presunção de 
culpa, com a inversão do ônus da prova do elemento anímico.
A responsabilidade do intermediador da mão de obra é objetiva. 
A responsabilidade do hospital é objetiva, enquanto a do médico é 
subjetiva. PROF. GENILDO LUCENA 114
APLICAÇÃO DO CDC E DO ARTIGO 927, § ÚNICO/CC. 
PROFISSIONAIS QUE EMPREENDEM ATIVIDADE DE RISCO 
(EX. MÉDICOS E ADVOGADOS)
CC/Art. 927....Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
CDC/Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores.....
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação de culpa.
PROF. GENILDO LUCENA 115
PROF. GENILDO LUCENA 116
CC/Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a 
duração provável da vida da vítima.
CC/Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido 
das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de 
algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
CC/Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu 
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das 
despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão 
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que 
ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada 
e paga de uma só vez.
RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA 
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de 
indenização devida por aquele que, no exercício de atividade 
profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte 
do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o 
trabalho.
a)Identificando obrigações de resultado na atividade médica;
b) O dever de prestar

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