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Resumos- Valores Filosofia

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APOIO AO ALUNO
UNIDADE 3
OS VALORES: ANÁLISE E COMPREENSÃO DA EXPERIÊNCIA VALORATIVA
CAPÍTULO 1 – VALORES E VALORAÇÃO: A QUESTÃO DOS CRITÉRIOS VALORATIVOS
1. O que são os valores?
R.: Os valores são termos que usamos para atribuir muita, pouca ou nenhuma importância a coisas que avaliamos. As coisas que avaliamos – acerca das quais emitimos juízos de valor – podem ser objetos, pessoas e atos. São padrões ou referências em função das quais julgamos as coisas. Os valores exprimem aquilo que julgamos que é importante e significativo na nossa vida.
2. Há diversas espécies de valores?
R.: Sim. Há valores religiosos (sagrado, profano), valores estéticos (belo, feio, sublime, dotado de harmonia), valores éticos (bem, mal, justiça, igualdade), valores monetários e utilitários, entre outros. Utilizamos a palavra valor em diversas situações e com diferentes sentidos.
3. Damos o mesmo valor a todas as coisas?
R.: Não. Além de diversos, os valores são hierarquizados, ou seja, uns são considerados mais importantes do que outros. Toda e qualquer pessoa dá mais importância a determinados valores em relação a outros, estabelecendo-se assim uma espécie de hierarquia de valores. Os valores a que cada pessoa confere mais importância vão refletir-se nas suas ações e decisões, vão de certa forma organizar e orientar toda a sua conduta futura. Os valores podem, por sua vez, ser agrupados em vários tipos. Assim, e destacando apenas os principais tipos, podemos falar em valores religiosos, estéticos, éticos (sendo provavelmente estes três domínios aqueles que enquadram os valores mais importantes), políticos, teoréticos (da ordem do conhecimento), sensíveis (da ordem do prazer e satisfação), vitais e económicos.
4. Qual o valor que costumamos considerar mais importante?
R.: Habitualmente o valor que consideramos mias valioso é o valor da vida humana.
5. Qual a disciplina que estuda a natureza dos valores?
R.: A disciplina que estuda a natureza dos valores é a axiologia ou teoria dos valores.
Coloca questões como: O que é um valor? Onde e como existe? Será apenas o resultado das avaliações que fazemos das coisas? Para muitos pensadores, os valores não são coisas que existam fora da nossa mente, mas algo que apenas existe para um sujeito que avalia as coisas. Para outros, os valores têm uma existência própria, independente do sujeito.
Pense no seguinte caso: muitas pessoas julgam determinadas coisas belas enquanto outras discordam. Então o que fazemos quando dizemos que algo é belo ou feio, magnífico ou vulgar? Estamos somente a declarar o que sentimos (prazer ou desprazer) quando contemplamos um objeto ou estamos a referir algo que são propriedades do próprio objeto, que são independentes do que sentimos? No primeiro caso, estamos perante uma tese ou posição filosófica denominada subjetivismo estético. No segundo caso, a posição que adotamos é conhecida por objetivismo estético.
Para os defensores do subjetivismo estético, um objeto é belo ou feio em virtude de sentirmos prazer ou desprazer ao observá-lo. A beleza ou fealdade dependem, não das propriedades intrínsecas do objeto, mas dos sentimentos que em nós provoca e desperta.
Para os partidários do objetivismo estético, dizer «A catedral de Milão é bela» é muito diferente de dizer «Gosto da catedral de Milão». Os juízos estéticos não são, para o objetivista, simples juízos de gosto. A beleza ou a fealdade está nos próprios objetos. É devido a determinadas propriedades intrínsecas que um objeto é considerado belo ou feio.
6. Que relação existe entre valores e ações?
R.: Os valores são os critérios das nossas preferências (são os motivos fundamentais das nossas decisões). Ao tomarmos decisões, agimos segundo valores que constituem o fundamento, a razão de ser ou o porquê (critério) de tais decisões.
A atitude valorativa é uma constante da nossa existência: em nome da amizade, preferimos controlar e orientar noutra direção uma atração física pela namorada ou mulher do nosso amigo; em nome do amor, preferimos desafiar as convenções sociais em vez de perder a oportunidade de sermos felizes; por uma questão de saúde preferimos o exercício físico, a dieta e o fim do consumo de tabaco aos hábitos prejudiciais até então seguidos; em nome da liberdade, preferimos combater, lutar e correr riscos a aceitar um estado de coisas que, apesar de tudo, satisfaz os interesses económicos da família a que pertencemos; por solidariedade, preferimos auxiliar os famintos e os doentes na Somália e em Moçambique a permanecer em Lisboa dando consultas; por paixão pela música, decidimos interromper um curso que não corresponde à nossa vocação profunda; em nome de Deus, renunciamos a certas «ligações terrenas», etc.
	QUADRO ESQUEMÁTICO 1
	AÇÕES
	VALORES EM QUE SE BASEIAM
	1 – Parar quando o semáforo está vermelho.
2 – Consultar regularmente o médico.
3 – Cumprir o que se prometeu.
4 – Participar numa manifestação contra a repressão em Timor.
5 – Assumir e cumprir as obrigações inerentes a determinada função.
6 – Defender as suas convicções de forma racional em ambiente
hostil e opressivo.
 7 – Vestir «roupas de marca» combinando bem as cores.
	 Civismo
Saúde
Honradez
Solidariedade
Responsabilidade
Coragem
 Elegância
Os valores são ideias que influenciam as nossas decisões e ações, as nossas escolhas e preferências. À razão que justifica a decisão de agirmos de um modo e não de outro damos o nome de motivo. Quando justificamos as nossas ações e decisões – quando indicamos o porquê ou a razão de ser –, estamos sempre a referir-nos a valores. 
Agimos sempre segundo valores que constituem o fundamento, a razão de ser ou o porquê (critério) das nossas ações.
7. O que são valores relativos?
R.: Os valores relativos são valores que só valem para algumas pessoas ou apenas numa determinada época.
8. O que são valores absolutos?
R.: Os valores absolutos são valores que valem independentemente de todas as pessoas e de qualquer época.
9. O que significa dizer que uma coisa tem valor intrínseco?
R.: Uma realidade tem valor intrínseco quando tem valor em si. O seu valor não depende do que com ela se pode conseguir, não é um meio para um fim, a origem do seu valor está em si e não em algo externo. Assim, julga-se que o dinheiro não tem valor em si porque o seu valor depende do que com ele podemos conseguir e que o amor pelos filhos, por exemplo, tem valor em si, não depende de outros fatores.
10. O que significa dizer que uma coisa tem valor extrínseco?
R.: Uma coisa tem valor extrínseco quando apenas tem valor instrumental, quando se lhe reconhece valor por ser útil ou por ser um meio para algo que é valioso. Uma coisa, ação ou objeto tem valor instrumental quando vale como meio para atingir certo fim. Tem valor intrínseco se e só se for valiosa em si mesma.O dinheiro tem claramente valor instrumental ou extrínseco. Considera-se que um ser humano, por ser uma pessoa e ter dignidade, é um fim em si, tem valor intrínseco independentemente do seu estatuto económico, da nacionalidade, etnia e género.
11. O que são valores objetivos?
R.: Os valores objetivos são valores que se referem à realidade tal como ela é e não ao modo como o sujeito a interpreta ou vê. Não dependem da opinião ou ponto de vista de cada pessoa.
12. O que são juízos de facto?
R.: Os juízos de facto são juízos sobre o modo como as coisas são. Descrevem um estado de coisas ou uma situação podendo essa descrição corresponder ou não à realidade, ou seja, ser verdadeira ou falsa. São juízos totalmente descritivos, que têm valor de verdade (podem ser verdadeiros ou falsos). A sua verdade ou falsidade depende de como a realidade é e não da opinião ou ponto de vista de cada pessoa: são, portanto, objetivos. Ex.: O gato é um mamífero que mia.
13. O que são juízos de valor?
R.: Os juízos de valor são juízos sobre que coisas são boas ou agradáveis e sobre como devemos agir. Os juízos de valor atribuem um valor a um certo estado de coisas – valor esse que pode ser positivo ou negativo. Ex.: «Este quadro é belo» – valorpositivo – ou «Este quadro é horrível» – juízo negativo.
	QUADRO ESQUEMÁTICO 2
	A FORMA HABITUAL DE DISTINGUIR JUÍZOS DE FACTO DE JUÍZOS DE VALOR
	Juízos de facto
	
	Juízos de valor
	Descrevem a realidade ou informam-nos acerca de factos, coisas, acontecimentos ou ações.
Durante a Segunda Guerra Mundial, seis milhões de judeus morreram nos campos de concentração nazis.
	
	Avaliam determinados acontecimentos, coisas e ações.
A morte de seis milhões de judeus nas mãos dos nazis foi um ato criminoso e horren​do.
	O juízo de facto é verdadeiro ou falso, isto é, refere-se aos factos, podendo ser negado ou confirmado pela experiência.
Não se tem a certeza sobre o número de judeus que morreram nos campos de con​centração nazis. Só se sabe que o número de vítimas mortais foi elevado.
	
	O juízo de valor refere-se, de forma explí​cita ou implícita, a valores ou princípios fundamentais nos quais nos baseamos para produzir uma avaliação.
A morte de seis milhões de judeus foi um ato criminoso porque (justificação do juízo) o respeito pela vida e digni​dade do homem é valioso.
	Os juízos de facto são descritivos ou infor​mativos: não prescrevem ou proíbem o que deve ou não fazer-se.
	
	Os juízos de valor são normativos ou prescritivos.
Ao julgar-se que a morte de seis milhões de judeus foi um ato criminoso dos nazis, considera-se que esse ato não devia ter sido cometido. O respeito pelo valor da vida e da dignidade humanas tra​duz-se na norma: «Não matarás», que, neste caso, foi infringida.
14. Distinga os seguintes juízos: a) «A pena de morte é aplicada na Arábia Saudita» e b) «A pena de morte é injusta».
R.: O juízo a) é apenas descritivo: limita-se a dizer como é que as coisas são na Arábia Saudita no que respeita à pena de morte. Não avalia nada.
O juízo b) não é apenas descritivo porque faz uma avaliação. O que significa dizer que a pena de morte é injusta? Significa dizer que a pena de morte não deveria existir. Assim, este juízo diz-nos não somente como as coisas são, mas como deveriam ser. Ora, ao dizermos como as coisas deviam ser, estamos a usar um critério para fazer a nossa avaliação. Neste caso, o critério valorativo é a justiça. Quando há avaliação, têm de existir critérios.
15. A distinção juízos de facto/juízos de valor é consensual?
R.: Não porque há filósofos que a contestam argumentando em defesa da ideia de que todos os juízos são de facto.
16. O que são critérios valorativos? 
R.: Os critérios valorativos são as justificações em que nos apoiamos para determinar que coisas – ações, pessoas, locais, objetos – têm valor ou importância. Assim valorizamos uma ação honesta porque damos importância à honestidade, consideramo-la um elemento importante que deve estar presente nas relações humanas.
17. Em que consiste a questão dos critérios valorativos?
R.: Um juízo de valor é um ato mediante o qual formulamos uma proposição que avalia certos aspetos da realidade, não se limitando as descrever como as coisas são.
Uma vez que ao avaliarmos as coisas utilizamos critérios ou razões que se baseiam em valores (ao dizer «A pena de morte é injusta», julgo como a realidade devia ser baseando-me num valor, em algo que valorizo e a que dou importância: o valor da justiça,) a questão dos critérios valorativos pode traduzir-se assim: «Será que existem valores objetivamente verdadeiros? Ou será que a sua verdade depende daquilo que um indivíduo ou uma sociedade consideram verdadeiro?».
Este problema surge porque nos apercebemos de que há pessoas e culturas com valores muito diferentes dos nossos, que preferem aquilo que nós rejeitamos ou que valorizam aquilo que temos dificuldade em considerar importante. Muitas pessoas julgam que os valores são uma questão de gosto pessoal ou que variam de cultura para cultura. Em ambos os casos, não têm qualquer objetividade. 
É este o problema que nos vai acompanhar no ponto seguinte. Trata-se do problema da verdade e da objetividade dos juízos de valor. Como os juízos morais são os que mais importância têm na vida humana, a questão pode enunciar-se desta dupla forma: 
a) Os juízos morais têm valor de verdade?
b) Se têm valor de verdade, essa verdade é objetiva, ou seja, não depende dos gostos dos indivíduos ou do modo de pensar da sociedade em que vivem? 
18. O que significa dizer que as normas morais são objetivamente verdadeiras?
R.: Significa dizer que os juízos morais que as exprimem são objetivamente verdadeiros, ou seja, não dependem do ponto de vista do observador. Se uma pessoa disser que a pena de morte é injusta e outra disser que a pena de morte é justa, uma delas está obrigatoriamente errada. Uma norma moral objetivamente verdadeira acerca da pena de morte não pode ser ao mesmo tempo justa e injusta. Estas pessoas não podem ter ambas razão. Seria semelhante a juízos de facto do género «A Lua é um satélite da Terra» e «A Lua não é um satélite da Terra». As normas morais seriam factos morais.
A questão consiste em saber se há normas morais objetivamente verdadeiras. Nas teorias que vamos estudar sobre este problema, encontraremos vários tipos de respostas: umas negam que os juízos morais que exprimem essas normas sejam objetivos, mas reconhecem-lhes valor de verdade; outras reconhecem que são objetivos e têm valor de verdade.
19. Acerca da natureza dos valores, o que distingue a posição relativista da posição objetivista?
R.: O objetivismo defende que os valores são propriedades, qualidades das próprias coisas, pessoas, objetos, situações e instituições embora sejam propriedades difíceis de conhecer porque não existem num sentido físico. Nesta perspetiva, os juízos de valor são uma espécie de juízos de facto com a diferença de que sobre o seu conteúdo ainda não obtivemos qualquer certeza. Isso não impede que haja verdades morais universais e objetivas. Nós é que, provavelmente por causa das nossas limitações, ainda não os descobrimos.
Para o relativismo, os valores não são propriedades, qualidades, das próprias coisas, pessoas, objetos, situações e instituições. São simplesmente ideias ou crenças que existem na mente dos seres humanos e dependem do modo como sentimos e somos educados pelo meio em que nascemos e vivemos. 
20. Caraterize o subjetivismo moral.
O que é moralmente correto? O que a sociedade considera ser moralmente certo? Ou será o que eu acredito ser moralmente correto? Ou nem uma coisa nem outra?
O subjetivismo moral responde que é moralmente verdadeiro o que cada indivíduo sente que é verdade. O subjetivismo moral ou relativismo individual afirma que há juízos morais verdadeiros mas nega que essa verdade seja objetiva. A cada um a sua verdade. Os juízos morais traduzem sentimentos de aprovação e de reprovação. Se genuinamente uma pessoa sente que uma determinada ação é correta, se ela está de acordo com o que sente ser correto, então o juízo moral que sobre ela faz é verdadeiro. Moralmente verdadeiro é o que depende dos meus sentimentos. Cada indivíduo tem um código moral próprio que lhe permite distinguir por si o certo do errado sem precisar de consultar os outros ou submeter-se ao que a maioria das pessoas pensa sobre o assunto. 
21. Como defenderia o subjetivista moral a sua posição?
R.: Podemos imaginar o seguinte discurso: «Ninguém pode e deve dar lições de moral a ninguém. A cada qual a sua verdade e assim deve ser. Há desacordo entre os seres humanos acerca de questões morais. Ninguém tem o direito de julgar no lugar dos outros o que é certo e errado. Cada um de nós, baseado nos seus sentimentos e gostos é capaz de distinguir o certo do errado. Ninguém é melhor do que os outros em assuntos morais. Porque hei de deixar que os outros me digam e queiram impor a sua perspetiva. Não devemos julgar os outros. Por que razão tenho de seguir o que os outros dizem se eles não se entendem? Cada um deve ter a liberdade e a autonomia para decidir o que é moralmente correto ou incorreto. Cada um de nós decide por si o seu estilo de vida e os valores que estão corretos. Quem desafia os valores estabelecidos está a agir corretamentedesde que esteja a ser fiel aos seus sentimentos». 
22. Para os subjetivistas, há verdades morais, mas cada um pode ter a sua, e nenhuma é melhor do que qualquer outra. Explicite esta afirmação.
R.: Admitindo que os subjetivistas têm razão, uma pessoa que diga «A pena de morte é injusta» está a exprimir um sentimento, ou seja, a dizer «Não gosto que a pena de morte seja aplicada». Unicamente descreve um sentimento, neste caso negativo, acerca da pena de morte. Qual é a condição para que este juízo moral seja verdadeiro? Que os seus sentimentos sejam sinceros. Se, contudo, outra pessoa disser de forma sincera que sente que permitir a pena de morte é justo, também estaria a dizer a verdade. Portanto, sentimentos negativos e positivos, aprovação e desaprovação da pena de morte dão origem a juízos morais que são ambos verdadeiros. Para os subjetivistas morais, há verdades morais, mas cada um pode legitimamente ter a sua, e nenhuma é melhor do que qualquer outra desde que se exprimam sentimentos sinceros. Tudo depende do ponto de vista. Ninguém está objetivamente certo ou objetivamente no que respeita a valores morais – e a outros valores.
23. Quais são as objeções mais frequentemente dirigidas ao subjetivismo ético?
Podemos destacar duas: 
a) O subjetivismo moral torna inviável a discussão de questões morais.
O subjetivismo moral parece sugerir que não podemos dizer que as opiniões e juízos morais dos outros estão errados. Se as verdades morais dependem dos sentimentos de aprovação ou de desaprovação de cada indivíduo, basta que os nossos juízos morais estejam de acordo com os nossos sentimentos para serem verdadeiros. Um genuíno debate moral em que cada interlocutor tente convencer o outro das suas razões acerca de algo em que acredita perde qualquer sentido. Para o subjectivista, será mesmo sinal de intolerância.
b) O subjetivismo ético acredita que não há juízos morais objetivos porque os assuntos morais são objeto de discórdia generalizada, mas isso não prova que não haja uma resposta correta ou verdades objetivas.
Será que o facto de as pessoas discordarem acerca da existência de Deus prova que não há uma resposta à questão Será que Deus existe? Durante muito tempo as pessoas pensaram que as doenças eram causadas por demónios. Sabemos hoje em dia que na maioria dos casos são causadas por microrganismos tais como bactérias e vírus.
c) O facto de as pessoas terem crenças opostas acerca de questões morais não prova que essas crenças sejam ambas verdadeiras.
Se dois indivíduos não estão de acordo acerca de um dado assunto, então têm ambos razão, ou seja, as suas crenças são ambas verdadeiras. Mas e se as duas crenças se negam uma à outra, se contradizem? Duas crenças que se contradizem não podem ser ambas verdadeiras.
24. Imagine dois discursos: a) «Hugo: É moralmente errado matar animais para os comermos além de desnecessário» e b) «Marco: É moralmente correto matar animais para os comermos». Qual deles tem razão para o subjetivismo moral?
R.: Segundo o subjectivismo, ambos os juízos morais são verdadeiros porque cada um está em conformidade com os princípios em que cada um dos indivíduos acredita. Uma vez que João aceita o princípio de que matar animais para os comer não é incorreto, o seu juízo é verdadeiro para ele. Como Miguel tem como princípio moral pessoal que é errado matar animais para esse fim, o seu juízo também é verdadeiro. Para o subjetivismo moral, não tem sentido perguntar quem está errado acerca da correção ou incorreção moral de matar animais para os comer. Desde que os juízos sejam expressão de sentimentos sinceros.
25. «Matar é errado», «Roubar é incorreto» e «Mentir é imoral». Será que estes juízos são verdadeiros? Será que são objetivos e universais? «Há verdade e falsidade em assuntos morais?», «Faz sentido dizer que uma crença moral é correta e que outra é errada?». Qual é a resposta que o relativismo cultural dá a estas perguntas?
R.: O relativismo cultural afirma que aqueles juízos são verdadeiros, mas não em todo o lado e para todas as pessoas. A verdade dos juízos morais depende do que cada sociedade aprova, ou seja, as afirmações morais só são verdadeiras ou falsas em determinadas culturas. Moralmente correto é aquilo que a maioria das pessoas de uma sociedade considera correto. Não existe nenhum critério objetivo e universal para determinar quem tem razão. Um juízo moral é falso quando os membros – a maioria – de uma sociedade o consideram falso e verdadeiro quando o consideram verdadeiro. Assim, afirmar que «Matar é errado» significa dizer «A sociedade X considera que matar é moralmente incorreto». Afirmar que «Matar é moralmente correto» significa dizer «A sociedade X considera que matar é moralmente correto».
26. Qual é o argumento central em que o relativismo moral se baseia?
O argumento pode ser exposto do seguinte modo:
Premissa 1 – O que é considerado moralmente correto ou incorreto varia de sociedade para sociedade (diversas culturas dão diferentes respostas às mesmas questões morais).
Premissa 2 – O que é moralmente correto ou incorreto depende do que cada sociedade acredita ser moralmente correto ou incorreto.
Conclusão – Logo, não há nenhuma resposta objetivamente verdadeira a essas questões (não há verdades morais universais).
Resumindo o argumento:
Premissa – Diversas culturas dão diferentes respostas às mesmas questões morais.
Conclusão – Logo, não há nenhuma resposta objetivamente verdadeira a essas questões (não há verdades morais universais).
27. Este argumento é bom?
Não, porque não respeita uma condição necessária para ser bom: a validade. Trata- -se de um argumento inválido, como prova o seguinte contra-argumento: 
Premissa – Diversas culturas discordaram quanto à forma da Terra (umas pensaram que era esférica, outras plana, outras esférica mas um pouco achatada).
Conclusão – Não há nenhuma verdade objetiva acerca da forma da Terra.
A premissa é verdadeira, mas a conclusão é falsa (sabemos que a Terra é redonda). 
Como de premissa verdadeira não pode logicamente derivar conclusão falsa, este argumento não é válido. Como o argumento do relativismo cultural tem a mesma forma deste, temos de concluir que não é válido. 
28. Será que relativismo moral cultural e ceticismo moral são a mesma coisa?
R.: Não. Para o ceticismo moral, nenhum juízo moral tem valor de verdade, ou seja, os juízos morais não são nem verdadeiros nem falsos. Não há práticas moralmente corretas ou incorretas. Ora o relativismo cultural afirma que os juízos morais são verdadeiros ou falsos conforme o que cada cultura julga ser verdadeiro ou falso.
29. Quais são as outras objeções mais frequentemente dirigidas ao relativismo cultura?
São as seguintes:
a) Há uma diferença significativa entre o que uma sociedade acredita ser moralmente correto e algo ser moralmente correto.
O relativismo cultural transforma a diversidade de opiniões e de crenças morais em ausência de verdades objetivas. Mas isso pode ser sinal de que há pessoas e sociedades que estão erradas e não de que ninguém está errado. Se duas sociedades têm diferentes crenças acerca de uma questão moral, o relativista conclui que então ambas as crenças são verdadeiras. Os adversários do relativismo cultural objetam que a conclusão não deriva necessariamente da premissa porque essa discórdia pode ser sinal de que uma sociedade está certa e a outra está errada.
b) O relativismo cultural reduz a verdade ao que a maioria julga ser verdadeiro.
Desde quando o que maioria pensa é verdadeiro e moralmente aceitável? Os nazis acreditavam e fizeram com que a maioria dos alemães acreditassem que os judeus eram sub-humanos e que exterminá-los era um favor que faziam à humanidade. Isso é claramente falso.
c) O relativismo cultural parece convidar-nos ao conformismo moral, a seguir, em nome da coesão social, as crenças dominantes.
Algumas pessoas ao longo da história quiseram e conseguiram mudar a nossa maneira de pensar acerca de certos problemas morais. Estou a lembrar-me de quem combateu a escravatura em nome dosensinamentos de Cristo – embora os defensores da escravatura dissessem que a Bíblia justificava o que faziam – de quem lutou contra o apartheid na África do Sul (Nelson Mandela) e contra a segregação racial nos EUA (Martin Luther King). Essas pessoas fizeram bem à humanidade, combateram injustiças e devemos-lhes grande progresso moral. Ora, o relativismo cultural parece implicar que a ação dos reformadores morais é sempre incorreta. 
d) O relativismo cultural torna incompreensível o progresso moral.
É verdade ou pelo menos parece que não há acordo entre os seres humanos sobre muitas questões morais. Mas também é verdade que a humanidade tem realizado progressos no plano moral. A abolição da escravatura, o reconhecimento dos direitos das mulheres, a condenação e a luta contra a discriminação racial são exemplos. Falar de progresso moral parece implicar que haja um padrão objetivo com o qual confrontamos as nossas ações. Se esse padrão objetivo não existir, não temos fundamento para dizer que em termos morais estamos melhor agora do que antes. No passado, muitas sociedades praticaram a escravatura, mas atualmente quase nenhuma a considera moralmente admissível. Muitos de nós e com razão consideramos esta mudança de comportamento e de atitude um sinal de progresso moral. Mas se para o relativismo cultural nenhuma sociedade esteve ou está errada nas suas crenças e práticas morais, torna-se difícil compreender a ideia de progresso moral. Tudo o que o relativismo cultural nos permitiria dizer é que houve tempos em que a escravatura era moralmente aceitável e que agora ela é já não é aceite.
e) O relativismo cultural torna impossível criticar os valores dominantes numa cultura.
Como explicar as mudanças de perspetiva moral em relação a temas como os direitos dos animais? Como denunciar e convencer a maioria dos membros que numa cultura consideram a pena de morte justa que ela afinal é injusta se justo é para o relativismo moral e cultural. justo é o que é socialmente aprovado pela maioria? Não compreenderiam como alguém pode considerar esse castigo injusto, tal como um japonês não compreenderia que o correto é comer com faca e garfo.
f) Torna incompreensível a noção de direitos humanos universais.
Estes direitos são próprios dos seres humanos por serem humanos e não por pertencerem a esta ou aquela cultura. Esta ideia é, para o relativista, produzida por uma cultura – neste caso, a ocidental, e por isso só pode valer no interior desta. Pode haver direitos humanos, mas eles não são universais.
30. O que distingue o relativismo cultural do subjetivismo moral?
R.: A cada cultura a sua verdade defende o relativismo cultural. A cada indivíduo a sua verdade defende o subjetivismo moral. Contrariamente ao relativismo individual ou subjetivismo moral, o relativismo cultural acerca de assuntos morais afirma que o código moral de cada indivíduo se deve subordinar ao código moral da sociedade em que vive e foi educado. Os juízos morais de cada indivíduo são verdadeiros se estiverem em conformidade com o que a sociedade a que pertence considera verdadeiro. 
	SÍNTESE 
	QUESTÕES
	O relativismo cultural
	O objetivismo moral
	O subjetivismo moral
	HÁ VERDADES MORAIS?
	Sim. O relativismo cultural defende que cada cultura considera verdadeiros certos juízos de valor morais. Há uma diversidade de verdades morais.
	Sim. Há verdades morais que valem por si.
	Sim. Mas essa verdade é puramente subjetiva. Depende exclusivamente do modo como cada pessoa vê ou sente as coisas.
	HÁ VERDADES MORAIS OBJETIVAS E UNIVERSAIS?
	Não. Uma proposição como «Matar é errado» é verdadeira para certas sociedades e culturas e falsa para outras. Em si mesma, nenhuma proposição moral – nenhum juízo de valor moral – é falsa ou verdadeira. Moralmente verdadeiro ou correto é igual a socialmente aprovado ou valorizado.
	Sim. Há verdades morais que valem por si, são independentes do que cada cultura pensa e do que cada indivíduo sente. No que respeita aos valores e práticas morais, é errado pensar que ninguém está objetivamente certo ou objetivamente errado.
	Não. No que respeita aos valores e práticas morais, ninguém está objetivamente certo ou objetivamente errado.
	ALGUMA SOCIEDADE É PROPRIETÁRIA DA VERDADE EM ASSUNTOS MORAIS?
	Não. Nenhuma sociedade ou cultura tem legitimidade para «dar lições de moral» a outra. Cada uma define o que é certo ou errado de forma completamente autónoma e soberana.
	Não. Havendo verdades objetivas podemos considerar como certas ou erradas certas práticas morais de certas culturas ou de indivíduos. A moral é a mesma para todos e não depende de crenças culturais nem de sentimentos individuais.
	Não. Cada indivíduo responde às questões morais baseado no seu código moral pessoal e não pode estar errado se os seus juízos corresponderem aos seus sentimentos, se for sincero. Não admite que a moral seja a mesma para todos. É moralmente incorreto que alguém – outro indivíduo ou uma sociedade – tente impor as suas conceções morais porque ninguém possui a verdade absoluta sobre estes assuntos. Não há princípios e normas morais a não ser os que cada indivíduo escolhe para si mesmo.
CAPÍTULO 2 – VALORES E CULTURA: DIVERSIDADE E DIÁLOGO ENTRE CULTURAS
1. Uma das razões pelas quais muitas pessoas são atraídas pelo relativismo moral cultural é pensarem que este promove a tolerância e o respeito pelas formas de vida de outras culturas. Será que isto é verdade?
R.: Para o relativismo cultural, a verdade dos juízos morais depende do que cada sociedade aprova, ou seja, as afirmações morais só são verdadeiras ou falsas em determinadas culturas. Moralmente correto é aquilo que a maioria das pessoas de uma sociedade considera correto. Por isso, nenhuma cultura tem o direito de dizer que outra está moralmente errada e de tentar interferir numa certa forma de vida para a tentar mudar. É errado que os membros de uma dada sociedade condenem o modo de vida de outras sociedades. Cada sociedade deve tolerar as práticas de outras sociedades.
Podemos colocar algumas objeções: A) O relativismo acredita que o bem é tudo aquilo que cada sociedade aprova. Se a maioria dos membros de uma sociedade aprovar a intolerância (por exemplo, por motivos raciais como os nazis), nessa sociedade a intolerância é um bem. Se o relativista pertencer a uma sociedade em que a maioria aprove a intolerância, cai em contradição. Por um lado, o relativista dirá que uma das vantagens da sua teoria está na promoção da tolerância entre as culturas. O relativista está, portanto, a defender que a tolerância é um bem. Por outro lado, o relativista moral defende que tudo o que a sua sociedade aprovar é um bem. Se a sua sociedade aprovar a intolerância, terá de dizer que a intolerância é um bem. Isto é evidentemente contraditório.
B) Esta defesa da tolerância baseia-se num conceito universal de tolerância, numa noção não relativista de tolerância. O relativista pensa assim: devemos respeitar todos os juízos morais de todas as pessoas e sociedades ou culturas. O que admite aqui? Que pelo menos este é um juízo universal e que há uma obrigação universal. Mas isto contradiz a ideia relativista de que os juízos de valor são relativos, ou seja, que os juízos morais só são verdadeiros em determinadas culturas. O princípio tão caro aos relativistas de que devemos ser tolerantes com todas as culturas não é um princípio relativista.
2. Se considerar que o relativismo moral cultural é verdadeiro, terei alguma razão para desobedecer a leis que o meu grupo cultural não aprova? Justifique a sua resposta.
R.: Não parece possível ter razão. Segundo o relativismo cultural, é moralmente correto o que uma sociedade acredita ser moralmente correto. Mas para muitos de nós, esta ideia é contraintuitiva. Se uma sociedade rejeita o direito das mulheres ao voto e a igualdade de oportunidades no acesso a empregos, diremos que isso é moralmente correto só porque é socialmente aprovado? As sociedades são moralmente infalíveis? Então porque mudaram ao longo da história várias das suas convicções?3. Não há práticas morais intoleráveis? O relativismo moral e cultural é uma teoria adequada para defender a tolerância e o diálogo entre culturas?
R.: Na perspetiva relativista, basta uma sociedade instituir como «normal» um certo conjunto de práticas para que tenhamos de as respeitar porque é intolerante e ilegítimo julgar tradições e normas de comportamento que nos são culturalmente estranhas. Se cada coletividade ou, melhor dizendo, se cada comunidade se define pelos valores e normas que a identificam (que lhe são próprios) e não existem valores e normas valiosos para toda a humanidade, como condenar certos atos que de um ponto de vista humano são indesejáveis e inaceitáveis? Como defender os indivíduos de sociedades diferentes da nossa da prepotência dos seus governos, da tortura? Se condeno a excisão, praticada em vários países africanos e na Europa, aceitarei que me digam que a minha indignação é sinal de intolerância e de incompreensão dos valores de cada cultura?

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