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Disciplina: Direito Civil IV 
Professora: Lana Diniz
E-mail: lanacgd@gmail.com 
Aula 03
Posse 
1. Conceito e natureza jurídica:
a) Posse é uma expressão plurissignificativa, sendo, com frequência, empregada em termos impróprios, como: propriedade; compromisso do funcionário público de exercer com honra sua função; poder sobre uma pessoa (“posse dos filhos” para poder familiar).
b) Conceito: a posse é uma circunstância fática tutelada pelo Direito. Um fato do qual derivam efeitos de imensa importância jurídica e social[footnoteRef:1]. [1: Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona. Manual de Direito Civil. Volume único. 2017] 
c) Natureza jurídica: híbrida – pois é ao mesmo tempo um fato e um direito.
2. Teorias da posse:
a) Teoria subjetiva (Savigny): define a posse como o poder direto ou imediato que tem a pessoa de dispor fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e de defende-lo contra a intervenção ou agressão de quem quer que seja. Para essa teoria a posse possui dois elementos:
· Corpus: é o poder material sobre a coisa, ou seja, é o poder físico (ou a possibilidade de exercê-lo) sobre a coisa.
· Animus domini: intenção de exercer sobre a coisa o direito de propriedade. 
· O nome da teoria se deve ao fato de ela acentuar o elemento intencional como caracterizador da posse, embora estabeleça que a posse civil resulta da conjunção dos dois elementos. 
· Para os adeptos dessa teoria, são tidos como meros detentores: o locatários, o depositários, o mandatário e todos os que, por título análogo, detenham poder físico sobre a coisa. 
· Tais pessoas não terão uma proteção direta, assim, se forem turbados no uso e gozo da coisa que está em seu poder deverão dirigir-se à pessoa que lhes conferiu a detenção, a fim de que esta, como possuidora que é, invoque a proteção possessória. 
· Obs.: Essa teoria não foi adotada pelo CC/02, tendo em vista que comodatário e depositário são considerados como possuidores no CC. A teoria subjetiva da posse só irá ganhar relevância na usucapião (modo de aquisição de propriedade).
b) Teoria Objetiva (Ihering): entende que para construir a posse basta o corpus, dispensando assim o animus, pois este já está inserido no poder de fato sobre a coisa ou bem em nome próprio. Ou seja, basta que a pessoa exteriorize os poderes da posse, sua análise era objetiva. 
· Nessa teoria, a posse reveste-se de grande importância pratica para o proprietário, uma vez que só poderá utilizar da coisa que lhe pertence se tiver a posse. Assim, pode usar ele mesmo do destino econômico do bem, ou cedê-lo de forma onerosa (locação, venda, permuta) ou gratuita (comodato, doação) a outras pessoas. Todas essas hipóteses pressupõem a posse, sendo, portanto, uma exteriorização do domínio. 
· Consagrada parcialmente pelo CC/02.
· A partir dessa teoria surge o princípio da função social da posse (a posse se explica e se justifica por essa função, e não pelo mero viés do interesse pessoal daquele que exerce).
3. Detenção: o detentor não deve ser considerado possuidor, na medida em que é, apenas um mero servidor da posse.
a) Servo da posse (ou fâmulo da posse): art. 1.198, CC. É aquele que em virtude da sua situação de dependência econômica ou de um vínculo de subordinação em relação a uma outra pessoa (possuidor direto ou indireto), exerce sobre o bem não a posse própria, mas a posse desta última e em nome desta pessoa, em obediência a uma ordem ou instrução. Ex.: caseiro, motorista, faxineira, etc).
b) Mera permissão/tolerância: art. 1.208, CC. Exercício de um poder de fato sobre o comando de outra pessoa.
Obs.: transmutação – quando se deixa de ter mera permissão/servidão e passa a ter a posse. Deve ser comprovada. Enunciado nº 301, da 4ª Jornada de Direito Civil (art. 1.198/1.204, CC):
“É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios”.
Ex.: Trabalhava naquela casa e me casei com o dono daquela casa, me tornei possuidor; passo a ser a pessoa que dita as ordens.
c) Detenção autônoma (poder de fato em nome próprio): art. 1.208, 2ª parte, CC. Se for violento ou clandestino o poder de fato, não é posse. É mera detenção. Só se adquire o poder de fato após cessar a violência ou clandestinidade. Ex.: invasão.
4. Objeto da posse: 
· Coisas corpóreas
· Coisas acessórias 
· Coisas coletivas
· Direitos reais de fruição
· Direitos reais de garantia
· Direitos pessoais patrimoniais de credito
5. Classificação da posse:
· Posse direta: aquela exercida por quem tem a coisa materialmente, havendo um poder físico imediato. Ex.: posse exercida pelo locatário, por concessão do locador. 
· Posse indireta: exercida por meio de outra pessoa, havendo mero exercício de direito, geralmente decorrente da propriedade. Ex.: posse exercida pelo locador, que frui ou goza dos alugueis, sem que esteja direta e pessoalmente exercendo poder físico ou material sobre o imóvel locado.
· Obs.: a posse direta – que tanto poderá advir de uma relação jurídica pessoal (como se dá na locação) ou real (como se dá no usufruto) – poderá coexistir com a posse indireta, facultando-se a qualquer dos possuidores defender a sua posse entre si ou em face de terceiros. Ex.: em um contrato de locação de imóvel urbano, o locatário viaja e, quando volta, percebe que o imóvel foi invadido pelo proprietário. Nesse caso, caberá uma reintegração de posse do locatário (possuidor direto) em face do locador (possuidor indireto), pois o contrato ainda estava em vigor e deveria ter sido respeitado.
5.1. Classificação quanto à existência de vicio: 
· Posse justa: é a que não apresenta os vícios da violência, da clandestinidade ou da precariedade, sendo uma posse limpa.
· Posse injusta: é aquela adquirida por meio de ato de violência, ato clandestino ou de precariedade, logo, não possui efeito contra terceiros. Espécies: 
· Posse violenta: é a obtida por meio de força física ou violência moral. 
· Posse clandestina: é a obtida de forma oculta (“na surdina”).
· Posse precária: é a obtida com abuso de confiança ou de direito.
· Obs.: basta a presença de um desses critérios para a posse ser injusta. 
· Obs. 2: mesmo que injusta, ainda pode ser defendida no juízo possessório em face de terceiros. Tendo em vista que a posse só é viciada em relação a uma determinada pessoa (efeito inter partes), não tendo o vicio efeitos contra todos. 
· Obs. 3: art. 1.208, segunda parte, CC – as posses injustas por violência ou clandestinidade podem ser convalidadas, o que não se aplica à posse injusta por precariedade. 
Bibliografia:
· Curso de Direito Civil Brasileiro – Volume 4 – Direito das Coisas – Maria Helena Diniz
· Manual de Direito Civil – Volume Único – Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona
· Manual de Direito Civil – Volume Único – Flávio Tartuce

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