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ÉTICA, CIDADANIA E EDUCAÇÃO

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CURSO: PEDAGOGIA
ÉTICA, CIDADANIA E EDUCAÇÃO
O Papel da Escola na Formação do Cidadão
CLEUNICE MENDES DA COSTA RA: 1108707
MARCIA DOS SANTOS DE SOUZA RA: 1104398
NATYELI ESCOBAR DA SILVA RA: 1125745
RAQUEL NUNES DA MOTA FRÓES RA: 1104550
SÔNIA ÁVILA DE OLIVEIRA RA: 110006
PÓLO: PIMENTA BUENO
2013
CLEUNICE MENDES DA COSTA RA: 1108707
MARCIA DOS SANTOS DE SOUZA RA: 1104398
NATIELLE ESCOBAR DA SILVA RA: 1125745
RAQUEL NUNES DA MOTA FRÓES RA: 1104550
SÔNIA ÁVILA DE OLIVEIRA RA: 110006
ÉTICA, CIDADANIA E EDUCAÇÃO
O Papel da Escola na Formação do Cidadão
Artigo apresentado à UNIP – Universidade Paulista, como requisito obrigatório para obtenção do título de Pedagogia.
Orientador: Celina Ulrich Fernandes
PÓLO: PIMENTA BUENO
2013
CLEUNICE MENDES DA COSTA RA: 1108707
MARCIA DOS SANTOS DE SOUZA RA: 1104398
NATIELLE ESCOBAR DA SILVA RA: 1125745
RAQUEL NUNES DA MOTA FRÓES RA: 1104550
SÔNIA ÁVILA DE OLIVEIRA RA: 110006
ÉTICA, CIDADANIA E EDUCAÇÃO
O Papel da Escola na Formação do Cidadão
Artigo apresentado à UNIP – Universidade Paulista, como requisito obrigatório para obtenção do título de Pedagogia.
Orientador: Celina Ulrich Fernandes
Aprovado em ___/___/_____ 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
PÓLO: PIMENTA BUENO
2013
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
7 
1. DEFINIÇÃO DE ÉTICA
9
1.1 Valores éticos 
11
1.2 A ética na educação escolar
11
2. SIGNIFICADO PALAVRA CIDADANIA
13
3. O QUE É SER CIDADÃO?
14
4. O EXERCÍCIO DA CIDADANIA
16
CONSIDERAÇÕES FINAIS
18
ReferênciaS BIBLIOGRÁFICAS
20
Resumo 
O tema abordado no presente artigo: ÉTICA, CIDADANIA E EDUCAÇÃO, não trata de um assunto novo e muito menos desconhecido, tem sido tratado a milhares de anos, mas ainda precisa ser estudo com base em uma reflexão bastante profunda dos fatos. A educação deve ter um papel fundamental no que diz respeito à formação do caráter e no exercício da cidadania das crianças, que frequentam a escola, pois serão eles os adultos em um futuro bem próximo. Não basta a escola apenas ensinar a ler e a escrever, a calcular, ser capaz de formar matemáticos, físicos e outros grandes profissionais. É necessário que ela seja formadora de caráter, de dignidade, de opinião e de valores morais, que faça com que seus alunos sejam indivíduos autônomos capazes de exercer sua cidadania. Sendo capazes de escolher seus representantes políticos com discernimento. A educação pode contar com fontes de recursos de base como o (ECA) Estatuto da Criança e do Adolescente, que há mais de uma década está em vigor, mas mesmo assim continua pouco conhecido e explorado pela educação, pois, o termo, ética e cidadania precisa ser trabalhado nas escolas, destacando os valores dos alunos enquanto cidadãos. Ambientes, propagadores dos bons hábitos devem ser criados e recriados em âmbitos escolares, o corpo docente deve ser espelho para os alunos, pois não se pode exigir o que não se foi ensinado. Todos são seres políticos e sociais, uma vez que são seres humanos, portanto uma convivência social se faz necessária, assim como as novas relações de justiça e solidariedade. Precisam ser desenvolvidas novas relações humanas, onde o senso de igualdade prevaleça. Pois enquanto um ser humano passar por despercebido na rua, as pessoas acreditarem que seja normal a pobreza, as injustiças e o roubo do dinheiro e da dignidade de um povo, este tema ainda precisará ser discutido refletido e acima de tudo, colocado em prática. 
Palavras-chave: caráter, igualdade, justiça, dignidade, respeito.
ABSTRACT
The issue addressed in this article: ETHICS , AND CITIZENSHIP EDUCATION , not about a new subject , much less unknown , has been treated for thousands of years , but still needs to be study based on a very deep reflection of the facts . Education should play a key role with regard to the formation of character and citizenship of children who attend school , because they will be the adults in the very near future . Not just the school only teach to read and write , calculate , be able to form mathematicians, physicists and other great professionals . It is necessary that it is forming character, dignity, beliefs and moral values ​​, which causes students to be autonomous individuals capable of exercising their citizenship . Being able to choose their political representatives with discernment. Education can count on funding sources as the base ( ACE ) Statute of Children and Adolescents , which for more than a decade is in place, but still remains little known and explored for education , for the term , ethics and citizenship needs to be worked in schools , highlighting the values ​​of students as citizens . Environments , purveyors of good habits should be created and recreated in school areas , the faculty should be a mirror for students , because one can not demand what is not taught . All beings are social and political , since they are human beings , so a social life is necessary , as well as the new relationships of justice and solidarity . Need to develop new human relationships , where the sense of equality prevails . For as a human being pass by unnoticed in the street , people believe that it is normal poverty , injustice and theft of money and dignity of people , this issue still needs to be discussed and reflected above all, put into practice .
Keywords : character, equality, justice , dignity, respect .
INTRODUÇÃO
O presente artigo traz uma abordagem em torno do tema ética e cidadania com enfoque na relação educacional uma vez que se constata a falta desses paradigmas no atual sistema educacional.
Para tanto será realizada uma pesquisa bibliográfica para posteriores considerações.
Percebe-se que a relação dos profissionais educacionais está alheia às questões éticas do cidadão. Sendo que ética e cidadania estão interligadas, resultando na formação do caráter humano.
Sabe-se que essas questões não são novas e nem atuais, mas têm referências desde os primórdios dos tempos, e ainda há muito questionamento a se fazer em torno desse assunto, principalmente, quando se refere às questões educacionais, por está diretamente ligado a valores que na maioria das vezes contradiz com valores familiares e aqueles que são apregoados pela sociedade.
Instituições educacionais precisam desempenhar o seu papel social. A transformação, não só do sistema educacional, mas da sociedade, tem de passar pela escola. É preciso que um novo sentido de cidadania seja construído (FICAGNA e ORTH, 2010). 
As mudanças podem começar pela escola, partindo do princípio de que todos passam (ou deveriam passar) por ela, pois as grandes transformações não se originam apenas de grandes feitos, mas de iniciativas do dia-a-dia, simples e persistentes. É essencial que a escola desperte nos alunos a capacidade de compreenderem e atuarem no mundo em que vivem, é preciso dar-lhes informações e formação para que possam atuar como cidadãos, organizando-se e defendendo seus interesses e da coletividade. Precisam, porém, aprender a respeitar regras, leis e normas estabelecidas.
Ao repensarem seu ambiente escolar e como podem atuar positivamente sobre ele, os alunos estarão também repensando o mundo em que vivem, ao serem inseridos nesse processo passarão a valorizar o seu meio, pois, se sentirão como sujeitos transformadores. Como bem diz Freire “meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente” (1996, p. 85). E completa afirmando que é preciso que constatemos a realidade, não somente para nos adaptarmos, mas para mudarmos. Essa constatação não nos levará à impotência, mas ao desejo de transformar (FREIRE, 1996).
Nesta perspectiva, faz-se necessário caracterizar os aspectos relacionados a hábitos, atitudes e comportamentos dos alunos em seu dia-a-dia escolar, de modo a identificar intervençõesque possibilitem uma melhora na qualidade de vida dentro das escolas, formando cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.
1. DEFINIÇÃO DE ÉTICA
Desde a Grécia Antiga, os filósofos pensam a ética e, por isso, com o passar do tempo, diversas ideias foram sendo relacionadas a tal conceito. A ética não pode deixar de ter a concepção filosófica de que o homem é um ser social, cultural e criador (CAMPOS, 2002). 
Para Segre e Cohen (2002), ser ético é conseguir entender as questões em que estamos envolvidos e lidar com elas de forma coerente. A ética pode ser entendida tanto como o estudo de ações e costumes, quanto o próprio comportamento humano. 
Se a sociedade está em constante transformação, seus hábitos também mudam e, consequentemente, o que se aceita como certo ou errado torna-se relativo de acordo com o tempo e grupos que nos referimos. A ética consiste, portanto, em submeter-se ao comportamento vigente em determinado tempo e espaço. E não somente os comportamentos variam, mas também, os valores que os acompanham (VALLS, 1989). 
As reflexões sobre o comportamento humano começaram na Grécia Antiga quando Sócrates (470-399 a. C.) é acusado de corromper a juventude por fazê-la pensar sobre a forma como se vivia. Tendo em vista que os gregos criaram regras para serem obedecidas e não questionadas, Sócrates foi condenado à morte. Séculos depois, este pensador foi chamado de “fundador da moral” (termo utilizado aqui como sinônimo de ética) (VALLS, 1989). 
Em relação à educação brasileira, a ética é um tema presente desde a colonização, com os jesuítas. Em 1826, quando ainda não havia um currículo escolar nacional, o Império já estabelecia que deveriam ser ensinados “conhecimentos morais, cívicos e econômicos”. Em 1942, já com um currículo constituído, a ordem era a formação espiritual, consciência patriótica e consciência humanista do aluno. Em 1971, a LBD instituiu a “Educação Moral e Cívica” como área de conhecimento no Brasil. 
Apesar de introduzir a discussão dos valores na escola, estas leis tinham como base os princípios do seu tempo e por isso são muito criticadas, pois eram fortemente ligadas à ideologia do governo militar (BRASIL, 2007). 
Educação e ética são temas intrínsecos, pois também cabe à escola prover condições para que os estudantes sejam capazes de refletir e posicionar-se acerca dos valores que norteiam a sociedade em que vive e, possa ainda, agir de acordo com eles. Dessa forma, um currículo escolar que envolva a ética deve levar em conta a sociedade em que esta escola está inserida (BRASIL, 2007). 
Em documentos oficiais recentes sobre educação (BRASIL, 2007) que abordam a questão ética e a base para entender estes valores, deve ser a Constituição Federal de 1988. Ela apresenta, já em seu primeiro artigo, o princípio de que os brasileiros, sem distinção, merecem tratamento digno. 
De acordo com SCOTTINI (1990) ética significa filosofia que estuda os valores morais.
Segundo RIOS (2001). A ética se apresenta como uma reflexão crítica sobre a moralidade, sobre a dimensão moral do comportamento do homem. Cabe a ela, enquanto investigação que se dá no interior da filosofia, procurar ver [...] claro, e largo valores, problematizá-los, buscar sua consistência. É nesse sentido que ela não se confunde com a moral. A moral, numa determinada sociedade, indica o comportamento que deve ser considerado bom e mau. A ética procura o fundamento do valor que norteia o comportamento, partindo da historicidade presentes nos seus valores.
De acordo com os autores supracitados, ambos definem a ética como a filosofia que reflete sobre os fundamentos da moral, Enquanto a moral está relacionada em um conjunto de regras visando à regulamentação da vida social.
O papel fundamental da educação é a formação de um sujeito ético, o qual implicará com consciência, responsabilidade e autonomia. Tornando-o livre e responsável, pois através da ética que se pode compreender o desenvolvimento histórico e social e as formas de sociabilidade, sendo que as doutrinas éticas só tem sentido dentro de um processo que constitui a história dos homens. Sendo que a ética manifesta-se no momento em que os homens deixam de viver dispersos e começam a se reunir em grupos para melhor defender-se das intempéries e lutar pela satisfação de suas necessidades.
Refletir sobre ética, é o mesmo que analisar o papel da moral no contexto da estrutura econômica e política vivida em cada momento histórico.
1.1 Valores éticos
Para a ética os valores não são iguais a todas as pessoas, eles podem variar de acordo com a cultura, fundamentados em um código moral, formando um conjunto de conceitos morais e princípios respeitados pela maior parcela de seus membros. Sendo definidos a partir das seguintes dimensões utilizadas:
· Os valores são critérios aos quais valorizamos ou desvalorizamos algo, mas nem todos possuem os mesmos valores e nem valorizam as coisas da mesma forma;
· Os valores éticos têm suas razões justificadas, motivando ações preferidas.
· Os valores não são simplesmente algo ou ideias adquiridas, mas comportamentos que refletem nossas preferências.
A sociedade está acostumada a agir conforme a força do hábito, sem questionar o que é certo ou errado, sem uma análise crítica da realidade.
1.2 A ética na educação escolar
As pessoas tem o hábito de avaliar certas práticas sociais e profissionais que fazem parte do dia-a-dia, e no que diz respeito à educação escolar o mesmo deve acontecer. Pouco se discute a respeito do tema em reuniões pedagógicas e o material didático utilizado em aulas não tem contemplado o assunto de modo bem explícito. Alguns profissionais buscam abordar o assunto e os alunos se interessam. O que falta é espaço no horário para isso. Então se aproveita as oportunidades ao ministrar qualquer conteúdo em sala.
Apesar de tudo, é preciso reconhecer que alguns esforços concretos vêm sendo formalizados com o intuito de inaugurar um corpo de discussão sobre a questão ética na educação escolar. Menciona-se aqui os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),3 e particularmente aos "temas transversais" neles inseridos, os quais se referem a um conjunto de temáticas sociais, presentes na vida cotidiana, que deverão ser tangenciadas pelas áreas curriculares específicas, impregnando "transversalmente" os conteúdos de cada disciplina. Foram eleitos, assim, os seguintes temas gerais: ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual, além de trabalho/consumo.
Visando à formulação de um conjunto de diretrizes pedagógicas gerais e específicas capaz de nortear os currículos e seus conteúdos mínimos em escala nacional, os PCNs são, sem sombra de dúvida, uma iniciativa digna de interesse. No volume 8, dedicado à apresentação dos temas transversais e especificamente à ética, lê-se o seguinte:
Como o objetivo deste trabalho é o de propor atividades que levem o aluno a pensar sobre sua conduta e a dos outros a partir de princípios, e não de receitas prontas, batizou-se o tema de Ética /.../. Parte-se do pressuposto que é preciso possuir critérios, valores, e, mais ainda, estabelecer relações e hierarquias entre esses valores para nortear as ações em sociedade. 
Assim entende-se que os quatro eixos de conteúdos dão princípios básicos de dignidade do ser humano, a saber: respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade. É preciso que haja a inclusão nos planos curriculares e dos conteúdos da "educação moral" dos alunos.
Outro dado importante refere-se ao fato de que não basta ensinar conceitos e valores democratizantes, é preciso que eles sejam "vivificados" no convívio intraescolar, entre os pares da ação escolar, especialmente entre professores e alunos. É esse, o grande diferencial, ou ponto de partida, para uma discussão abrangente sobre a ética no terreno escolar.
É preciso avaliar a prática educacional por parte da clientela fazendo a indagação sobre do que se tem pensado e dito a respeito dos profissionais que atual na educação, qual é a imagem revelada aos que são atendidos pela escolalocal e como isso reflete no fazer pedagógico e nas relações de trabalho, principalmente. O profissional em qualquer área é constantemente avaliado, e na educação não há de ser diferente.
2. SIGNIFICADO PALAVRA CIDADANIA
A origem da palavra cidadania vem do latim "civitas", que quer dizer cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma Antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que a mesma tinha ou podia exercer. Segundo Dalmo Dallari:
 “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá a pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social".
Tendo por referencia a citação de Dallari, conclui-se que o termo cidadania tem o objetivo de agregar valores direitos e deveres as pessoas, a partir de então cidadãos.
Os direitos dos quais a maioria do povo brasileiro se orgulha em exibir, não lhes foram cedidos gratuitamente, mas conquistados através de muita persistência, e ainda a muito a ser feito.
O simples fato dos direitos do cidadão ser uma conquista legal não garante que os mesmos sejam colocados em prática. Se o cidadão não se apropriar desses direitos fazendo-os valer, esses serão letra morta, ficarão só no papel.
A cidadania pode ser transmitida com o uso de temáticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia e ética.
A cidadania é uma ação inacabável, portanto sempre será necessária a criação, a descoberta e tomada de consciência, o que exige uma constante busca por conhecimento, demandando novas conquistas e, portanto mais cidadania.
3. O QUE É SER CIDADÃO?
Ser cidadão é apropriar-se de direitos legais assegurados pela sociedade onde o mesmo está inserido, como também os deveres ditados por ela. São direitos do cidadão enquanto membro de uma sociedade: direito a vida, a liberdade, à propriedade, à igualdade, direito de votar e ser votado, o direito à educação, ao trabalho digno, ao atendimento à saúde gratuita. E ao envelhecer poder contar com uma aposentadoria digna. Pois conforme:
http://www.dedihc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=8
Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho justo, à saúde, a uma velhice tranquila.
Cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais. Expressa a igualdade dos indivíduos perante a lei, pertencendo a uma sociedade organizada. É a qualidade do cidadão de poder exercer o conjunto de direitos e liberdades políticas, socioeconômicas de seu país, estando sujeito a deveres que lhe são impostos. Relaciona-se, portanto, com a participação consciente e responsável do indivíduo na sociedade, zelando para que seus direitos não sejam violados. 
A cidadania instaura-se a partir dos processos de lutas que culminaram na Independência dos Estados Unidos da América do Norte e na Revolução Francesa. Esses dois eventos romperam o princípio de legitimidade que vigia até então, baseado nos deveres dos súditos e passaram a estruturá-lo a partir dos direitos do cidadão. Desse momento em diante todos os tipos de luta foram travados para que se ampliasse o conceito e a prática de cidadania e o mundo ocidental o estendesse para a s mulheres, crianças, minorias nacionais, étnicas, sexuais, etárias.
É preciso saber ensinar a cidadania para que esta se torne um exercício de fato. As pessoas devem entender que o exercício da cidadania consiste em exigir direitos e assumir deveres. Se a pessoa cumpre as regras que a sociedade exige, precisa ir além, precisa ter comportamento adequado em determinadas situações, deve estar disposto a colaborar para que os direitos sejam estendidos a todas as pessoas e não ficar alheio às situações de injustiça e desigualdade.
Para que a cidadania seja uma realidade se faz necessário que a ética esteja presente em todas as situações de exigências do cumprimento da mesma. Valores éticos precisam ser constantemente trabalhados em âmbito escolar. Em uma atual sociedade onde nem a mídia respeita os valores éticos e morais, onde se incentivam comportamentos que passam longe de ser ético, o desafio de manter certos valores se torna um desafio para familiares e escola. Pois tudo parece ser normal, lesar o seu semelhante e tirar vantagens de suas situações de fragilidade é passado como se fosse comum e permitido por todos.
Também neste contexto é que aparecem os desafios de se educar para a cidadania. Para Lodi e Araújo (2007), ser cidadão é agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça e saber usar o diálogo nas mais distintas situações. Os autores defendem que estes valores podem ser desenvolvidos pela escola e, portanto, aprendidos pelos alunos neste ambiente. 
Para uma melhor aprendizagem, o estudante deve entrar em contato com situações que vivencia em seu cotidiano e que possa utilizar de seus valores para decisões e julgamentos autônomos. Cabe também aos adultos envolvidos neste processo, a revisão de seus conceitos e do ambiente escolar, já que as relações que estabelecem entre si e com os alunos também são essenciais como exemplos e para a formação de uma escola cidadã (LODI; ARAÚJO, 2007). 
A escola é, portanto, um importante meio para se ensinar, discutir e praticar a cidadania. Por isso, a LDB de 1996 estabelece como finalidade da educação “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Art. 2º). 
4. O EXERCÍCIO DA CIDADANIA
De acordo com Gadotti (2001) “em 1789 a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão estabelecia as primeiras normas para assegurar a liberdade individual e a propriedade. Existem diversas concepções de cidadania: a liberal, a neoliberal, a progressista ou socialista democrática (...).” Há atualmente, o que ele chama de “concepção consumista de cidadania (não ser enganado na compra de um bem de consumo) e uma concepção oposta que é uma concepção plena de cidadania” (esta incide no fato da sociedade se mobilizar para a conquista de seus direitos). Gadotti assegura ainda que “Cidadania e autonomia são hoje duas categorias estratégicas de construção de uma sociedade melhor em torno das quais há frequentemente consenso”.
A consciência social dos seres humanos vai se compondo e decompondo do nascimento até a morte, com mudanças mesmo pequenas, mas contínuas. A sua realidade se transforma através da história e essa condição de cidadão envolve “forte apelo para participar da vida social”.
A cidadania consiste num princípio de igualdade distendido em direitos que, através das lutas sociais, vão sendo adicionados aos poucos. Esses direitos podem ser civis, políticos ou sociais (VIEIRA, 1996). Ainda segundo Vieira (1996), o exercício da cidadania dá-se pela participação do sujeito “em todos os aspectos da organização e da condução da vida privada e coletiva” e à habilidade que este sujeito adquire para operar escolhas. Conforme o autor, o aprendizado da cidadania implica em liberdade, autonomia e responsabilidade.
Baseando-se no que foi discutido no presente artigo observa-se que a formação dos alunos para a cidadania deve ir além das salas de aula e deve ultrapassar as expectativas do professor, levar o sujeito a buscar os interesses sociais coletivos associando-se à ética e valores morais.
O processo educativo deve visar à formação de cidadãos que se preocupam com o bem estar de todos, que percebem a importância do outro e de sua importância na vida do mesmo e assumir a responsabilidade de buscar o bem estar de todas as pessoas.
Nesse sentido, BARROS apresenta alguns conceitosque devem ser discutidos em ambiente escolar:
Alguns valores podem ser considerados como principais para a formação da cidadania, como:
- Cooperação: onde o aluno percebe que a troca de conhecimentos e a sua participação são fundamentais para a concretização de uma atividade;
- Sinceridade: quando buscamos confiança nos outros, mas principalmente quando exercemos nossa própria sinceridade, estando certos ou não em nossas ações;
- Perdão: perdoar é não guardar ressentimento contra ninguém, é se livrar das amarras impostas pelo rancor;
- Respeito: princípio básico para receber respeito. Quem não desenvolve o hábito de respeitar os outros, acaba não sendo respeitado;
- Diálogo: para resolver impasses, divergências de opiniões, nada melhor que o diálogo, a conversa de qualidade que coloca os pingos nos “is”. Conversar, trocar ideias e buscar explicações sem acusar o outro é uma forma de se livrar dos embaraços;
- Solidariedade: essa é a palavra que vincula afetivamente entre as pessoas. Ser solidário é uma grande virtude, o sujeito demonstra sua preocupação com o outro, ajudando a construir uma sociedade mais justa;
- Não agredir: violência gera violência, isso todo mundo sabe, portanto não se deve agredir ninguém com palavras e muito menos fisicamente;
- Bondade: esta é uma forma de demonstrar respeito ao seu semelhante. Ser bondoso e atencioso com as pessoas só faz com que receba bondade dos outros. Bem diz o ditado “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, ou seja, a pessoa que causa o sofrimento do outro, receberá o mesmo tratamento.
Esses conceitos podem ser ministrados em diversas disciplinas e em vários momentos durante o ano letivo, o que desenvolverá capacidades e responsabilidades, além do crescimento nas relações interpessoais do sujeito, e assim se perceberá que se exigem direitos a partir do cumprimento de deveres. E se o sistema cumpre com o seu dever os direitos serão automaticamente contemplados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos argumentos expostos neste artigo, é possível vislumbrar que a educação brasileira vem aprofundando sua preocupação acerca do desenvolvimento de temas como ética, cidadania de várias formas.
São assuntos presentes na História da humanidade há séculos. No caso dos conceitos de ética e cidadania, estes são temas pensados desde a Grécia Antiga por diversos autores considerados clássicos ainda hoje. 
Atualmente, percebe-se que os conceitos focados estão presentes na educação brasileira na busca de uma postura ideal por parte de professores e alunos em relação à própria vida e ao convívio em sociedade.
Diversas leis e documentos produzidos pelo Governo Federal têm suas teorias neste sentido como a Constituição de 1988, a LDB de 1996, os PCN, PNE, entre outros. 
Percebe-se assim, um grande aparato legal na busca da garantia dos direitos, de uma educação igualitária e democrática. 
Em 2007, a Secretaria de Educação Básica publicou o documento: “Ética e cidadania: construindo valores na sociedade”, onde determina o trabalho com tais conceitos. Segundo esta definição, aprender a ser cidadão é algo que deve ser desenvolvido na escola, pois os estudantes devem ter esta postura em suas mais diversas relações, dentro e fora do ambiente escolar (BRASIL, 2007). 
É possível trabalhar a ética e cidadania de maneira indireta como tema transversal. Mas é preciso buscar um maior entendimento e absorção destes valores no cotidiano do aluno. 
Assim, é preciso que as práticas escolares se iniciem nas discussões entre os profissionais e continuam em sala de aula. É muito importante que a postura de todos os envolvidos na educação esteja na mesma direção das teorias desenvolvidas para, de fato, transformar a sociedade. 
A ética deve ser trabalhada na escola, visando uma formação do aluno que priorize sua boa convivência em relação à sociedade em que está inserido. Estes valores estão em tudo o que compõe a escola, abrangendo desde a postura do professor, as relações estabelecidas entre os alunos e a maneira como se avalia até a organização institucional. 
Por esta razão, defende-se que a ética não seja um tema implícito e pouco recorrente, mas sim que ele seja pensado por toda a comunidade escolar e passado de forma direta ao aluno. Se for tarefa da sociedade fazer cumprir sua ética, também é tarefa da escola (BRASIL, 2007).
Por fim, estas questões devem estar presentes na escola por sua função primordial de formação. Aqui, inclui-se a formação para uma vida justa, digna e crítica onde cada indivíduo possa valorizar o ser humano em sua essência dentro e fora da escola.
ReferênciaS BIBLIOGRÁFICAS
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2007. 
BARROS, j. Cidadania na Sala de Aula. Disponível em: < http://educador.brasilescola.com/orientacoes/cidadania-na-sala-aula.htm > acesso em 21/09/2013.
BRASIL. Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Ministério da Educação – Secretaria da Educação Básica. Brasília – DF, 2007. 
CAMPOS, M.; GREIK, M.; VALE, T. História da ética. CienteFico, Salvado, ano II, v. 1, 2002 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Disponível em:
www.planalto.gov.br/.../constituicao/constituicaocomp.. .‎ acesso em: 20/09/2013.
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http://www.dedihc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=8 acesso em: 03/10/2013.
DALLARI, D.A. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. 
FICAGNA, Marisa Fracalossi; ORTH, Miguel Alfredo. Educação para um novo cidadão: construindo possibilidades ou relações entre a teoria e a prática. In: ANDREOLA, Balduino Antonio et al. Antonio et al.
(orgs.). Formação de educadores: da itinerância das universidades à escola itinerante. Ijuí: Ed.Unijuí, 2010. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, Moacir. Projeto político pedagógico da escola: fundamentos para sua realização. In:
GADOTTI, Moacir & ROMÃO, José Eustaquio (orgs.). Autonomia da escola: princípios e propostas. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
LDB ATUALIZADA: Disponível em: <portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf‎ >acesso em; 02/10/2013. 
RIOS, Terezinha A. Compreender e ensinar – por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez, 2001.
SEGRE, M.; COHEN, C. Bioética. São Paulo: Edusp, 1995. 
VALLS, A. L. M. O que é ética? São Paulo: Brasiliense, 1989. (Coleção primeiros passos).
VIEIRA, Evaldo. Sociologia da Educação: reproduzir e transformar. 3 ed. São Paulo: FTD,1996.
UNIP – Universidade Paulista - Pimenta Bueno/RO – 2013

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