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1 FACULDADE SATC CARLOS ISRAEL BINATTI DIEGO CAVALER LOCH JACKSON MICHELS FONTANELA JEFERSON ALVES MARCELINO MICAEL MATTEI PROJETO DE TRANSPORTADOR CONTINUO PARA BAUXITA Prof. Fabio Peruch Criciúma Novembro – 2019 2 RESUMO A necessidade de implementar esteiras para o transporte de material em geral, deve-se ao fato de aumentar a velocidade do transporte de carga, aumentar a produtividade e diminuir os custos de mão de obra da empresa. Deverá ser dimensionado uma correia transportadora, colocando passo a passo os métodos utilizados para encontrar os respectivos conjuntos e acionamentos, no qual o material a ser transportado é mineiro bauxita. Com o auxílio dos catálogos FAÇO, Continental, NKS, entre outros, é possível encontrar os valores desejados. Após dimensionar o maquinário, serão feitos o projeto tridimensional e sua simulação com o auxílio do software SolidWorks, assegurando que os materiais selecionados estão se comportando conforme o esperado, entregando assim um projeto com maior confiabilidade para o cliente. Palavra-chave: Dimensionamento. Correia. Transportador. Simulação. 1. INTRODUÇÃO As correias transportadoras são comumente encontradas em industrias como: usinas agrícolas, indústrias alimentícias, britadoras, entre outras. Está maquina proporciona uma maior modernidade, agilidade e qualidade para a produção de uma empresa. Qualquer que seja o processo de produção, necessita exclusivamente da melhor escolha dos componentes para que o mesmo atenda às necessidades de operação. O dimensionamento tem sua importância pelo fato de fornecer uma maior segurança ao projeto. No entanto o coeficiente de segurança pode ser elevado ao que o maquinário deve suportar, ou seja, deixando o mesmo superdimensionado. Por mais que o coeficiente seja de extrema segurança, o maquinário terá um custo elevado, comparado ao maquinário que atenda as mesmas necessidades. Deve-se levar em conta uma conciliação de um maquinário que suporte o esforço empregado, mas também fornecendo um custo viável. Este projeto tem como objetivo, desenvolver uma correia transportadora que transporte o mineiro bauxita classificado como código E37 e mais sua capacidade de trabalho que será de 35 t/h. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Uma correia transportadora, pode proporcionar problemas quando for mal dimensionada, desde sua estrutura a sua velocidade de execução. Por exemplo, quando executado um projeto com uma velocidade de valor exagerado, fará com que a correia transportadora não entregue o material até a moega, no caso jogue todo material para fora, fazendo com o que o maquinário seja redimensionado, parando toda produção. Segundo Santos e Malagoni (2013), um dos fatores a ser considerados é a velocidade e inclinação da correia, onde a velocidade dependera do material a ser transportado, já a inclinação da correia deverá estar numa faixa entre 12° a 15° graus. 2.1 COMPONENTES Uma correia transportadora é composta por vários componentes, ou seja, não só esses fatores devem ser considerados, como também serem ressaltados. Com o auxílio de catálogos, é realizado seus respectivos dimensionamentos para serem empregados conforme necessidade, sendo assim, os componentes a serem dimensionados são: • Correia; • Tambor; • Rolos; • Rolamentos; • Mancais; • Motor; • Redutor; • Cavaletes; • Eixo de ligação e Acoplamento; • Esticador. 2.2 CORREIA 4 Segundo Campos (2013), a correia é considera como sendo o principal componente do sistema correia transportadora, por se tratar de estar sempre em contato com o material a ser transportado. Além do mais sua relevância pode ser notada devido ao seu custo, tendo 30 a 40% do valor total do transportador. A correia consiste em três elementos: a cobertura superior, a carcaça e a cobertura inferior. As coberturas são constituídas por borracha vulcanizada, tendo como finalidade proteger a carcaça de qualquer dano ou degradação que possa sobrevir no ambiente de trabalho. Já a carcaça tem como finalidade segurar as tensões ocasionada durante a partida, parada e movimento do material, além disso segurar o impacto do material na hora de seu descarregamento na esteira e manter a estabilidade, para que o movimento do curso do transportador ocorra alinhado, a Fig. 1 demonstra como é uma correia a ser utilizada eu um transportador (Campos, 2013). Figura 1 – Correia para transportador Fonte: Catálogo Goodyear (2019) 2.3 TAMBOR De acordo com Carnizello (2011), esta peça é responsável para tracionar a correia sendo responsável por dar movimento e tensionamento da correia, ou seja, de acordo com a movimentação desse tambor a correia começa a ganhar movimento. Além disso o diâmetro do tambor proporciona evitar dobras da correia, incluindo 5 também que no meio do tambor podem ressaltos de elevação para evitar o desalinhamento da correia. Para um projeto de correia transportadora, existe mais de um tipo de tambor a ser considerado. A Fig. 2 demostra um exemplo de um tambor, logo, abaixo estão listados os tipos de tambores mais usuais: • Tambor de acionamento: Também designado como tambor de tração ou de carga, tem a função de tracionar toda a correia. Sua localização pode ser no centro, na cabeceira ou no retorno. • Tambor de retorno: Localizado na parte oposta do tambor de acionamento, tem a finalidade de retornar a correia novamente para a área de carregamento. Em alguns casos este tambor tem a finalidade de também em esticar a correia (Campos, 2013). • Tambor esticador: proporcionar durante o funcionamento da correia que se mantenha o esticamento da mesma. • Tambor de encosto: tem a finalidade de aumentar o ângulo de contato a correia e o tambor de acionamento. Figura 2 - Tambor de acionamento Fonte: Catálogo Imepel (2019) 2.4 ROLOS Respeitando as normas NBR, o rolo de carga é feito de aço carbono e sua geometria possui um formato tubular. As dimensões desses rolos variam de acordo com a carga e material que vão receber, dependendo também das esteiras e correias. 6 O objetivo desse equipamento é suportar a carga do material, levando-o ao longo do seu trajeto. Além do mais, suporta também a correia, fazendo com que ela esteja alinhada. De acordo com Campos (2013), do mesmo modo dos tambores, os rolos também são separados por características distintas, tais como: • Roletes de carga: localizados na parte superior e tem a finalidade de suportar a correia e a carga transportada. Onde existe roletes planos, duplos, triplos e espiralados. Leva-se em conta que os rolos planos possuem menor capacidade comparada com os rolos duplos e triplos. • Roletes de impacto: sua estrutura é composta por vários anéis de borracha em torno do seu tubo. Localizados na parte onde será recebido o material por impacto e o mesmo devera suportar essa carga recebida. • Roletes de retorno: sua estrutura se assemelha com os de impacto, onde os anéis de borracha são separados por distanciadores. São instaladas na parte de retorno da correia e possuem maior separação entre si. • Roletes auto-alinhates: sua função é controlar o deslocamento lateral da correia. Quando a correia tender a se desalinhar, ou seja, sair fora da sua trajetória os roletes auto-alinhantes encostam nas bordas da correia e consequentemente alinham novamente a correia na sua posição de trabalho. Os mesmos são usados na parte carga e retorno. • Roletes de transição: situados logo após aos rolos de impacto tem a finalidade a acompanhar as mudanças de concavidade da correia. 2.5 ROLAMENTOS Santander (2014) explica que,os rolamentos começaram a ser utilizados com maior frequência na revolução industrial, onde começaram a ser produzidos em grande escala. O rolamento é utilizado em uma grande variedade de máquinas, sendo ele um dos principais componentes. Seu princípio de funcionamento como o próprio nome já diz é o rolamento, tendo o papel principal de facilitar o movimento de rotação entre dois elementos diminuindo o atrito. A Fig. 3 exemplifica os principais tipos de rolamentos. 7 Figura 3 - Tipos de Rolamentos, (a) Rolos agulha, (b) Rolos Cônicos, (c) Autocompensadores de rolos, (d) Fixos de uma carreira de esfera Fonte: Catálogo NSK (2001) No caso da correia, os rolamentos são encontrados em vários componentes, como: motor elétrico, redutor, tambor e rolos. É possível perceber que basicamente todo o equipamento possui ligação direta com os rolamentos, ou seja, isso comprova a real importância deste item (Ribeira, 2008). 2.6 MANCAL Mancais são elementos de máquinas que servem de suporte para o apoio de eixos e elementos rotativos de máquinas, praticamente se dividem em duas categorias: mancais de deslizamento e mancais de rolamento. A principal função dos mancais, é de atenuar o atrito existente no sistema mecânico, sendo este gerado pelas forças de rotação dos eixos (Franceschi; Antonello, 2014). Na parte de lubrificação, os mancais possuem variados tipos. Sendo algumas delas a intermitentes onde seu lubrificante é óleo ou graxa onde o operador realiza periodicamente a lubrificação por gotejamento onde o supervisor está encarregado por monitorar o reservatório onde contém o lubrificante e o banho por salpico (Rossi; Marassi, 2013). 2.7 MOTOR De acordo com o catálogo WEG (2015), o motor elétrico tem a função de transmitir movimento rotacional ao sistema (em conjunto com o redutor), o motor 8 elétrico é considerado um dos itens mais importantes do sistema por ser o responsável em gerar o movimento da esteira e transportar o material até o britador. O mesmo precisa ser escolhido com cuidado por se tratar de um componente ligado diretamente à parte financeira, seja no momento da compra do item ou, principalmente relacionado ao consumo. Como o equipamento possui o funcionamento com um sistema moto- redutor, não há necessidade de selecionar um motor com alto torque e um consumo muito alto, pois é possível selecionar um redutor que acompanhe o funcionamento. Segundo o catálogo WEG (2015), os motores elétricos possuem algumas vantagens como por exemplo: velocidade constante, torque constante, partida rápida e eficaz, limpeza, alto rendimento, alto índice de vida útil e entre outros. 2.8 REDUTOR Segundo Andrade (2010), o redutor tem a função de amplificar o torque do motor elétrico pela técnica de redução de engrenagens internas (através da variação dos diâmetros), pois além de proporcionar o torque necessário, o equipamento possui a funcionalidade de reduzir a velocidade até o ponto desejado. A Fig. 4 demonstra um redutor. Figura 4 – Redutor de velocidade Fonte: Catálogo FECVA (2019) 9 Os dentes das engrenagens podem ser retos ou helicoidais, depende da situação e da aplicação, como por exemplo em casos de vibração o mais indicado é a utilização de engrenagens de dentes helicoidais. Já em casos de torque e potência, o mais indicado seria engrenagens de dentes retos. Nem sempre os motores podem ser acoplados diretamente em determinados dispositivos e para muitos destes casos são utilizados os redutores (Andrade, 2010). 2.9 CAVALETES Os cavaletes se encontram fixados na estrutura e dão suporte para os roletes de carga. Neste caso, os cavaletes encontram-se em um ângulo já definido entre si com a finalidade de manter a correia em formato de ‘V’ para manter o material sem escoar para fora do transportador. Cavaletes de carga são utilizados como suporte dos rolos de carga em diferentes aplicações de transporte, possuem diferentes formas construtivas com algumas variações de materiais. Os mais utilizados são os bipartidos, por ter a característica de angulação que evita que o material transportado seja arremessado para fora com o movimento gerado, conforme exibido na Fig. 5 (Azevedo, 2001). Figura 5 - Cavalete com roletes Fonte: Catálogo FEWTEC (2019) 10 2.10 EIXO DE LIGAÇÃO E ACOPLAMENTO De acordo com Procel Indústria (2009), os eixos de ligação são responsáveis por receber a transmissão do movimento rotativo do acoplamento (tanto no redutor, quanto no tambor) com a finalidade de suportar o torque requerido. São elementos de máquinas que têm função de suporte de outros componentes mecânicos e não transmitem potência, somente movimento. A Fig. 6 demonstra um acoplamento amplamente utilizado na indústria. Figura 6 - Acoplamento elástico Fonte: Coral Acoplamentos (2019) O acoplamento possui a função de transmitir o movimento rotativo do moto redutor para o eixo do tambor motriz. Normalmente possui 2 ‘massas’ que ficam em conjunto com os eixos e uma ‘capa’ que faz a ligação entre as ‘massas’ dos eixos. Dentre os inúmeros modelos, tem-se como principais os seguintes: • Acoplamentos fixos: acoplamentos fixos servem para fazer uma união entre eixos de forma que fiquem centralizados como se fossem um único eixo. São conhecidos também como acoplamentos rígidos. • Acoplamentos elásticos: com a características de se moldarem ao movimento dos eixos, os acoplamentos elásticos são indicados em caso que há movimentos bruscos e possíveis desalinhamentos entre eixos. Dentre este, existem os acoplamentos elásticos de pinos, perlfex, de garras, fitas de aço, dentes arqueados e de lâmina. 11 • Acoplamentos flexíveis não elásticos e móveis: com a principal função de evitar que algum componente seja danificado caso haja uma parada inesperada, este tipo de acoplamento conta com um elemento polimérico que une os eixos. Tal elemento é produzido pensando na segurança, caso haja algum problema este elemento tem seus dentes internos destruídos e o motor gira em falso, evitando que continue gerando torque e possivelmente danificando algum outro componente (Barbosa, 2007). 2.11 ESTICADOR De acordo com Hockmann (2008), o esticador tem como função principal manter a correia com uma tensão já pré-definida baseada em cálculos. Sem tal item, a correia corre o risco de se encontrar com uma tensão abaixo do necessário, ‘enrugando’ a parte inferior (retorno) ou até mesmo ficar com uma tensão excessiva, que também causaria um sério problema de não se conformar corretamente nos rolos angulares e por consequência o material transportado poderia cair. O modelo selecionado foi o esticador de parafuso que funciona através de roscas que ficam ligadas diretamente ao tambor, onde tais parafusos devem ser tensionados de modo que mantenham a correia com a tensão de trabalho correto. Vale ressaltar que o esticador deve ser instalado no tambor traseiro do equipamento (Hockmann, 2008). 3. DIMENSIONAMENTO DOS COMPONENTES DO TRANSPORTADOR 3.1 SELEÇÃO DO MATERIAL A TRANSPORTAR O minério bauxita, não cortado em brita é classificado com código E37. A letra “E” especifica quanto ao tamanho que é de forma irregular, duro e altamente agregável. O número “3” define o tipo de escoamento do material a transportar, que neste caso é definido como médio (entre o considerado difícil e o considerado fácil). O número “7” define o grau de abrasividade, avaliado como muito abrasivo. Seu peso específico é de 1,3 – 1,6 t/m³ ou 80 – 90 lb/ft³. O ângulo de repouso é α = 31° e a inclinação máxima recomendada γ = 17° (Manual FAÇO, 1996). 12 3.2 GEOMETRIA DO TRANSPORTADOR Conforme solicitadono projeto, o comprimento do transportador foi delimitado em 20 m. O transportador deverá ter uma inclinação de γ = 15°. Com os valores de comprimento e ângulo de inclinação, logo se chegou a um comprimento de correia (C = 20,705 m) e altura do transportador de (H = 5,359 m), como observa-se na Fig. 7. Figura 7 – Altura de carga e descarga do transportador Fonte: Trabalho proposto ABP (2019) 3.3 DIMENSIONAMENTO DA CORREIA A velocidade exigida para ser adotada foi v = 1,0 m/s, sendo este, um valor intermediário entre uma velocidade muito baixa de 0,5 m/s e uma velocidade muito alta de 3,0 m/s, para que o minério seja deslocado de forma adequada. Segundo Manual FAÇO (1996), para selecionar a largura da correia, primeiramente define-se a Capacidade Volumétrica (Ctab), conforme disposição dos roletes. Com uma velocidade de 1,0 m/s é definido a Capacidade Volumétrica para diferentes larguras de correias. A capacidade de britagem é de 35 t/h, conhecendo o peso específico do material, chegou-se a um valor de aproximadamente 22 m³/h, fornecendo uma largura de correia de 20”. 3.4 SELEÇÃO DA SÉRIE DE ROLETES, ROLAMENTOS E VERIFICAÇÃO 13 Para identificar o rolete mais adequado para o serviço, deve-se calcular o fator de aplicação por meio da Eq.1 (Manual FAÇO, 1996). 𝐶 = 𝐴 ∗ 𝐵 (1) Onde: 𝐶 = Fator de aplicação 𝐴 = Fator para tipo de serviço 𝐵 = Fator para característica do material O fator (A) identificado para um regime de trabalho entre 10 a 16 h/dia foi de A = 15 (adimensional). O fator (B) obtido referente ao tamanho de pedaço do material e peso específico foi de B = 48 (adimensional), sendo assim, chegou-se a um valor de C = 720. Com a velocidade da correia e fator de aplicação (C) determinados, é selecionado o tipo de rolete mais adequado para o serviço, conforme a Fig. 8, a série escolhida foi a 2026 AD. Figura 8 – Escolha da série de roletes Fonte: Manual FAÇO (1996) 14 Para a verificação da série de roletes selecionada, deve-se conhecer vários fatores, um deles é a força radial nos rolamentos (Fr), podendo ser calculado conforme Eq. 2. 𝐹𝑟 = [ 𝑗 2 + 1 − 𝑗 2 . 𝑠𝑖𝑛2 𝛽] . 𝑊𝑚 . 𝑎 + 𝑊𝑏.𝑎 6 + 𝑊𝑟 2 (2) Onde: 𝐹𝑟 = Força radial nos rolamentos [Kgf] 𝑊𝑚 = Peso do material na correia [Kgf/m] 𝑊𝑏 = Peso da correia [Kgf] 𝑊𝑟 = Peso do rolo [Kgf] 𝑎 = Espaçamento entre roletes de carga [m] 𝛽 = Ângulo de inclinação dos rolos laterais [°] 𝑗 = Fator indicativo da porcentagem do material sobre o rolo central Os valores de 𝑊𝑚 = 9,695 Kgf/m, 𝑊𝑏 = 6,5 Kgf/m, 𝑊𝑟 = 5 Kgf, 𝑎 = 1,2 m, 𝛽 = 20° e 𝑗 = 0,56 foram obtidos em tabelas, conforme parâmetros de largura da correia, densidade do material, entre outros, obtendo-se um valor de Fr =7,36 Kgf. Com do diâmetro do tambor definido Øt = 0,3 m, e conhecendo a velocidade da correia, chegou-se a um valor de velocidade angular de w = 63,66 rpm. Considerando 40000 h de vida útil, equivalente a 16h/dia de serviço contínuo, e conhecendo a velocidade angular do rolamento que é a mesma do tambor, é possível identificar o fator de segurança dos rolamentos de Sr = 5,32. Conhecendo os valores de (Sr) e (Fr), calculou-se a carga dinâmica dos rolamentos Cd = 39,14 Kgf. O rolamento 6204 foi determinado devido a compatibilidade da série dos roletes escolhida, conforme Manual FAÇO (1996), o rolamento em questão suporta uma carga Cdmáx de 1295 kgf, o que garante uma grande margem em relação ao (Cd) calculado. 3.5 SELEÇÃO DO ESPAÇAMENTO ENTRE ROLETES 15 Conforme Fig. 9, o espaçamento dos roletes de carga (a) e de retorno (b) são dados em relação a largura da correia e o peso específico do material. Figura 9 – Escolha do espaçamento entre roletes Fonte: Manual FAÇO (1996) Analisando a Fig. 9, chegou-se a um valor do espaçamento dos roletes de carga a = 1,2 m e de retorno b = 3,0 m. Com o valor de (a) obtido, é preciso calcular a flecha máxima que ocorre entre dois roletes sucessivos, podendo ser calculado através da Eq. 3. 𝑓 = (𝑊𝑚+𝑊𝑏) . 𝑎² 8𝑇𝑜 (3) Onde: 𝑓 = Flecha da correia [m] 𝑇𝑜 = Tensão para garantir uma flecha mínima da correia entre os roletes [Kgf] 𝑊𝑚 = Peso do material transportado [Kgf/m] 𝑊𝑏 = Peso da correia [Kgf/m] 𝑎 = Espaçamento dos roletes de carga [m] O valor calculado foi de 𝑓 = 0,036 m, conforme recomendação da flecha da correia de 3%. 16 3.6 POTÊNCIA DE ACIONAMENTO A correia é acionada por meio de um motor elétrico, movimentando um tambor através de um redutor. A potência exigida no projeto, é necessária para vencer as forças de inércia dos roletes, tambores e correia, deslocar o material e superar o atrito dos elementos mecânicos. Para calcular a potência efetiva de funcionamento, deve-se determinar os valores de Nv, N1, Nh e Ng. Os valores de Nv = 0,64 HP, Ng = 2,52 HP, N1 = 0,259 HP e Nh = 0,98 HP, foram retirados de tabelas (Manual FAÇO, 1996). Os valores de v = 1,0 m/s e Q = 35 t/h foi retirado do problema proposto, através da Eq. 4 a seguir, é possível calcular a potência de acionamento da correia transportadora. 𝑁𝑒 = v. (𝑁𝑣 + 𝑁𝑔) + 𝑄 100 . (𝑁1 ± 𝑁ℎ) (4) Onde: 𝑣 = Velocidade da correia [m/s] 𝑁𝑒 = Potência total efetiva [HP] 𝑁𝑣 = Potência para acionar o transportador vazio a uma velocidade de 1,0 m/s [HP] 𝑁1 = Potência para deslocar 100 t/h de material a uma distância (L) na horizontal [HP] 𝑁ℎ = Potência para elevar ou descer 100 t/h de material de uma altura H [HP] 𝑁𝑔 = Potência para vencer o atrito das guias laterais à velocidade de 1,0 m/s. Quando as guias forem de comprimento normal, esta parcela deve ser desprezada [HP] Determinado o valor de Ne = 3,59 HP, é selecionado o conjunto de acionamento a ser utilizado, considerando o total de perdas na transmissão. O rendimento η = 0,95 foi determinado conforme tipo de transmissão a ser utilizada. 𝑁𝑚𝑜𝑡 = 𝑁𝑒 𝜂 (5) Através da Eq. 5 calculou-se a potência do motor Nmot = 3,78 HP. 17 3.7 SELEÇÃO DO MOTOR E REDUTOR O redutor foi escolhido através do catálogo da empresa Pierini Redutores (2019), o modelo selecionado foi o PR-07, sendo o que mais se aproximou do exigido pelo projeto. A Fig. 10 demonstra os dados referente ao redutor escolhido. Figura 10 – Especificações do redutor PR - 07 Fonte: Pierini Redutores (2019) Baseado no momento torsor Mt = 401,89 N.m calculado, foi escolhido um motor de 6 Cv, cuja especificações se enquadrassem no projeto, o motor foi escolhido através do catálogo WEG (2015). A Fig. 11 exibe as especificações técnicas do motor escolhido. Figura 11 – Especificações técnicas de motores 4 pólos Fonte: Catálogo WEG (2015) 18 3.8 TENSÃO NA CORREIA A tensão efetiva da correia é calculada a partir da potência total efetiva Ne e da velocidade da correia v, conforme Eq. 6. 𝑇𝑒 = 75 𝑁𝑒 𝑣 (6) Onde: Te = Tensão efetiva na correia [Kgf] Ne = Potência total efetiva [HP] v = Velocidade da correia [m/s] Após obter o valor de Te = 269,52Kgf, foi determinado as tensões T1 e T2, que são respectivamente, tensões máxima e mínima atuantes no tambor de acionamento, correspondendo a T1 = 3439,03 N e T2 = 795,00 N (Manual FAÇO, 1996). 3.9 SELEÇÃO DA CORREIA Para a seleção da correia é levado em consideração alguns fatores como: Característica do material, inclinação dos roletes, condições de serviço, largura da correia, tensão máxima da correia, tempo de percurso completo da correia e temperatura do material. A Fig. 12 demonstra informações técnicas da correia selecionada. Figura 12 – Informações técnicas da correia Fonte: Catálago Continental (2019) 19 A correia EP 140 com n° de lonas = 3 da fabricante Continental, foi escolhida conforme tipo de serviço aplicado, respeitando o valor de largura da correia de 20”. 3.10 CÁLCULO DO EIXO No projeto existem dois tambores, o de acionamento e outro de retorno, pela qual o eixo que transmite potência é acoplado. O eixo que está sendo exigido um maior esforço é motriz, onde sofre uma força radial P. A força P pode ser calculada devido as tensões nas correias T1 e T2, desta forma chegou-se a um valor de P = 4230,34 N. Com uma distância entre mancais L = 900 mm, distância entre discos laterais C = 570 mm e com o P já calculado, foi possível determinar o valor do momento fletor sobre o eixo Mf = 349,00 N.m. Para obter-se o diâmetro do eixo, foi preciso calcular o momento ideal Mi, que resultou em um valor de Mi = 659,98 N.m. Conhecendo o valor de Mi e de tensão admissível do material, chegou-se a Øeix = 16,59 mm, adotando para Øeix = 40 mm. 3.11 SELEÇÃO DO ESTICADOR DE CORREIA Para garantir que a correia do transportador trabalhe com uma tensão adequada, é utilizado um esticador de correia, que pode ser de dois tipos: automático por gravidade, ou por parafuso. A escolha é realizada conforme Fig. 13 (Manual FAÇO, 1996). Figura 13 – Tipo de esticador devido a largura da correia Fonte: Manual FAÇO (1996) 20 Com um a largura de correia de 20” e com distância entre centro de C = 20,705 m, logo foi definido que o esticador é do tipo por parafuso. 4. CÁLCULO ESTRUTURAL A princípio, discutiu-se o número de apoios, no caso foi determinado que em um plano 2D, o número de apoios seria de três, ou seja, três cada lado totalizando em seis apoios. O segundo passo foi determinar as reações de cada apoio na parte longitudinal, onde os apoios das extremidades possuem o mesmo valor por encontrarem-se no mesmo ponto, mas em sentidos opostos. Já o apoio do meio obteve a maior reação. A Fig. 14 ilustra o peso distribuído da carga e as distâncias dos apoios. Figura 14 – Peso distribuído nos três apoios Fonte: Do autor (2019) Com as reações RA = RC = 1984,15 N e RB = 4850,16 N encontradas, proporcionou-se encontrar o momento fletor, determinando assim o esforço cortante e identificando o comportamento da estrutura e seu ponto mais crítico. Levando em conta estes cálculos, são determinados entre os apoios como por exemplo: O momento fletor da extremidade até o RA e também o momento de RA até RB. Como os demais são uma imagem dos mesmos, não necessitou realizar os cálculos pois os valores são os mesmos. O próximo passo foi determinar para a parte transversal, as reações dos apoios, o momento fletor e o esforço cortante da estrutura. Sendo assim, o procedimento foi o mesmo da parte longitudinal, obtendo-se os valores de RA’ = RC’ = 1952,91 N e RB’ = 4773,78 N, a Fig. 15 ilustra o peso distribuído da carga para a parte transversal da estrutura. 21 Figura 15 – Peso distribuído parte transversal Fonte: Do autor (2019) Com o auxílio do catálogo GERDAU (2009) e com o material da estrutura determinado, possibilitou-se encontrar o último parâmetro de avaliação, o de flambagem, sendo que esse é um parâmetro observado nas pernas do apoio, onde as características das pernas são de engaste. Na Fig. 16 será apresentado a seleção do material com suas respectivas propriedades, já na Fig. 17 é ilustrado o perfil escolhido e suas especificações. Figura 16 – Especificações do material escolhido Fonte: Catálogo GERDAU (2009) Figura 17 – Propriedades perfil “U” Fonte: Catálogo GERDAU (2009) 22 Finalizando todas as etapas, observou-se se os valores estariam válidos, para isso, foram elaborados gráficos referentes ao comportamento da estrutura. As Fig. 18, 19 e 20, representam os principais resultados referente aos cálculos da estrutura, através deles, pode-se perceber os resultados e o comportamento da estrutura mediante a carga exercida. Figura 18 – Momento fletor longitudinal Fonte: Do autor (2019) Figura 19 – Esforço cortante de RA até RB Fonte: Do autor (2019) y = 220,46x2 - 2425,1x + 2204,6 R² = 1 -5000 -4500 -4000 -3500 -3000 -2500 -2000 -1500 -1000 -500 0 500 0 2 4 6 8 10 12 Momento Fletor Longitudinal de RA até RB y = 881,84x - 1984,2 R² = 1 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 0 2 4 6 8 10 12 ESFORÇO CORTANTE longitudional de RA até RB 23 Figura 20 – Flambagem RA Fonte: Do autor (2019) 5. DESENHO 3D E SIMULAÇÃO Com as informações calculadas foi possível iniciar a parte de dimensionamento utilizando o recurso do SolidWorks, gerando as informações de simulações conforme Fig. 21. Figura 21 – Transportador Fonte: Do autor (2019) y = 406628x-1 R² = 1 0,00E+00 5,00E+06 1,00E+07 1,50E+07 2,00E+07 2,50E+07 3,00E+07 3,50E+07 4,00E+07 4,50E+07 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 FLAMBAGEM RA 24 Realizado a parte de dimensionamento, vendo como seria a montagem e posicionamento dos conjuntos. Figura 22 – Sistema de potência e Cavalete de impacto Fonte: Do autor (2019) Ao ser realizado as simulações do suporte maior da estrutura obtivemos os seguintes resultados. Figura 23 – Transportador Nome Tipo Mín. Máx. Tensão1 TXY: Cisalhamento na dir. Y no plano YZ 940279 N/m^2 Elemento: 251 4.09627e+007 N/m^2 Elemento: 106 apoio 3 simulação-Análise estática 1-Tensão-Tensão1 25 Nome Tipo Mín. Máx. Deslocamento1 URES: Deslocamento resultante 0 mm Nó: 108 11.4176 mm Nó: 109 apoio 3 simulação-Análise estática 1-Deslocamento-Deslocamento1 Nome Tipo Mín. Máx. Fator de segurança1 Automático 6.10311 Nó: 107 265.879 Nó: 253 apoio 3 simulação-Análise estática 1-Fator de segurança-Fator de segurança1 Fonte: Do autor (2019) Pode verificar que a estrutura apresentou valores de tensão de cisalhamento inferiores à sua tensão admissível, em relação ao seu deslocamento apresentou uma deformação um pouco alta, mas o seu fator de segurança obtido foi 26 de 6. Sendo assim esse o suporte o qual sofre maior reação foi aprovado conforme já previsto atrás dos cálculos realizados. 6. ORÇAMENTO DOS PRINCIPAIS COMPONENTES Para se ter uma base dos valores de cada componente, foi realizado orçamentos com empresas da região, conforme itens abaixo: ● Correia EP 140 3 lonas largura 20” (40 metros) - R$ 4.840,00 ● Tambor de Diâmetro 300 mm x comprimento 20” - R$ 18.000,00 ● Rolo de carga: Largura 20” - R$ 56,00 ● Rolo de impacto: Largura 20” - R$ 90,00 ● Rolo de retorno: Largura 20” - R$ 102,00 ● Rolamentos: 6204 - R$ 9,82/un ● Mancais - R$ 50,00/un ● Motor Elétrico 6 Cv - R$ 3.200,00 ● Redutor 27:1 - R$ 2.144,35 ● Cavaletes de carga e impacto - R$ 96,00, de retorno - R$ 70,00 ● Eixode ligação - R$ 1.920,00, acoplamento modelo AC60 - R$ 680,00 ● Esticador por parafuso - R$ 1855,00 ● Viga “U”, Barra 6 m - R$ 129,90 7. CONCLUSÕES A metodologia para o dimensionamento analítico dos componentes através do Manual FAÇO foi extensa, porém, foi possível chegar a resultados palpáveis dentro da realidade, conforme esperado no início do dimensionamento do projeto. Para o dimensionamento da estrutura, foi necessário realizar várias considerações para a sua elaboração, porém, para se ter uma maior confiabilidade no projeto, e ter uma melhor visualização do mesmo, foi realizado um desenho 3D através do Software SolidWorks, como também, através desse Software, é possível realizar a simulação de toda a estrutura desenhada. 27 REFERÊNCIAS Campos, A. L., 2013. Dimensionamento de um Trasportador Contínuo para o Transporte de Minério de Bauxita Considerando Aspectos Estáticos e Dinâmicos. Monografia de Graduação, Universidade de Brasília, Brasília/DF, Brasil. Carnizello, D. C., 2011. Transportador de correia: componentes e cálculos básicos para seu dimensionamento. Trabalho de conclusão de curso (bacharelado - Engenharia Mecânica), Universidade Estadual Paulista, São Paulo/SP, Brasil. Catálogo Gerdau, 2009. Barras e Perfis. Disponível em: http://www.acobril.com.br/wp- content/uploads/2014/01/catalogo-barras-e-perfis-gerdau.pdf. Acesso em: 07 de novembro de 2019. Catálogo Pierini Redutores, 2019. Formas construtivas PRA e PR. Disponível em: http://www.pieriniredutores.com.br/img/produtos/arquivo_26.pdf. Acesso em: 14 de novembro de 2019. Catálogo Procel Indústria, 2009. Acoplamento, Motor, Carga: Guia Básico. Disponível em:https://bucket-gw-cni-static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/uploads/arquivos /Acoplamento.pdf. Acesso em: 08 de agosto de 2019. Catálogo WEG, 2015. Motores Elétricos. Disponível em: http://www.coe.ufrj.br/~richa rd/Acionamentos/Catalogo%20de%20Motores.pdf. Acesso em: 08 de agosto de 2019. FAÇO – Fábrica de Aço Paulista S.A. Manual de Transportadores de Correias. 4ª Edição, 1996. Franceschi, A.; Antonello, M. G, 2014. Elementos de Máquinas - Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, 152p. http://www.acobril.com.br/wp-content/uploads/2014/01/catalogo-barras-e-perfis-gerdau.pdf http://www.acobril.com.br/wp-content/uploads/2014/01/catalogo-barras-e-perfis-gerdau.pdf http://www.pieriniredutores.com.br/img/produtos/arquivo_26.pdf https://bucket-gw-cni-static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/uploads/arquivos%20/Acoplamento.pdf https://bucket-gw-cni-static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/uploads/arquivos%20/Acoplamento.pdf http://www.coe.ufrj.br/~richa%20rd/Acionamentos/Catalogo%20de%20Motores.pdf http://www.coe.ufrj.br/~richa%20rd/Acionamentos/Catalogo%20de%20Motores.pdf 28 Hickmann, G. S., 2017. Dimensionamento de um transportador de correia para o transporte de britagem (Bachelor's thesis). Pieve, C. D. S. D., & Santos, M. D., 2017. Máquinas de Elevação e Transporte “Guindaste”. Rossi, I. A.; Marassi, S. A., 2013. Utilização de Mancais de Deslizamento e Rolamento. Artigo Científico, Faculdade de Tecnologia de Garça, Garça/SP, Brasil. Santander, E. J. O., 2014. Aplicação de Curtose Espectral na Identificação de Falhas em Mancais de Rolamentos. Disserteção de Mestrado, Unversidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, Brasil, 138 p.
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