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DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 1 Aula 1 – 05FEV2020 Sobre o Professor: “Professor. Advogado. Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e em Direito pela Universidade Estácio de Sá - UNESA. É especialista em Psicopedagogia, Gestão Pública Participativa e Gestão Estratégica de Políticas Públicas. Concluiu as disciplinas e entregou a dissertação referente à especialização stricto sensu em Estado, Governo e Políticas Públicas da Fundação Perseu Abramo - FPA em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais - FLACSO. Aguarda agendamento de data para defesa da dissertação com vistas à obtenção do título de mestre. No âmbito da Administração Pública, foi Assistente da Presidência - Casa da Moeda do Brasil - CMB; Chefe de Gabinete substituto; Gerente Executivo de Responsabilidade Social e Patrocínios; Superintendente Substituto de Responsabilidade Sociocultural; Gerente Executivo de Desenvolvimento de Pessoas; Superintendente Substituto de Gestão de Pessoas; e Gerente da Seção de Planejamento Estratégico da CMB. Tem experiência na área de Educação, com ênfase no magistério nas modalidades de Educação de Jovens e Adultos e no Ensino Superior. Atuou como docente em Campi de instituições conveniadas da Universidade Castelo Branco nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro em Cursos de Graduação e Pós graduação, principalmente em áreas como planejamento educacional, gestão educacional e didática. Tem atuação nos seguintes temas: competências, planejamento, pesquisa educacional, gestão democrática, gestão de pessoas, educação ambiental e formação do professor. Coordenador adjunto do Observatório de Cultura Jurídica e Democratização do Processo, coordenado pelo Professor Dr. Alexandre de Castro Catharina na Universidade Estácio de Sá - Unidade Nova América - RJ. Atualmente, além de exercer as atividades de advocacia e docência no ensino jurídico, é diretor-geral da Escola Superior de Advocacia na 2ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Duque de Caxias - ESA-OABDC e cursa especialização regular (período de 3 anos) em Direito Público e Direito Privado na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ.” Bibliografia Sugerida Rodolfo Kronemberg Hartmann Fredie Didier Técnica para resolver questões discursivas que possuem controvérsia: Para solucionar questões objetivas deve-se estudar a banca examinadora. O professor cobra letra de lei. Tema 1 2 EU Identifica o tema da questão e indica que existe controvérsia. Aponta a primeira teoria O seu posicionamento Aponta a segunda teoria DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 2 ✅Recursos Andamento do Procedimento Comum no Processo Civil: O primeiro passo na tramitação dos processos eletrônicos é o registro ou protocolo. A distribuição nas Câmaras Cível é por meio de sorteio. Esse sorteio designará o relator. Veja o exemplo abaixo da composição da 8º Câmara Cível do TJRJ. O relator possui algumas atribuições, uma delas é verificar se os pressupostos de admissibilidade da peça recursal foram cumpridos, tendo consequências jurídicas e processuais. Havendo algum vício na peça, o relator abrirá prazo (geralmente 5 dias) para que seja sanado o vício. ♦Por exemplo: o apelante faz pedido de gratuidade de justiça, entretanto, não junta documentos comprobatórios de hipossuficiência. Se o apelante sanar o vício dentro do prazo, segue o rito, no caso desse não sanar o vício, seu recurso será inadmitido. Juízo de admissibilidade – o juízo de admissibilidade é feito pelo relator depois de protocolizado o recurso. Na hipótese de o relator inadmitir o recurso e o apelante entender que a sua peça está “perfeita”, é possível que o patrono peça a ampliação da corpo julgador e a Câmara decide, por meio de uma peça recursal. Distribui a Petição Inicial Cita/ Intima o réu Audiência de Mediação/ Conciliação Abre prazo para contestação Com acordo – encerra o processo Sem acordo Réplica Despacho Saneador SENTENÇA O nosso estudo em Processo Civil III, inicia deste ponto. Quando uma das partes fica insatisfeita com a sentença, no procedimento comum, esta interpõe uma APELAÇÃO. RECURSO Protocola/ Registra a Apelação no site do TJRJ, em 1º grau de jurisdição. O sistema vai distribuir para uma das 27 Câmaras Cível existentes no TJRJ. É designado o relator da Apelação. Relator analisa os pressupostos de admissibilidade. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 3 Esse prazo para marcar a sessão de julgamento é um prazo próprio. Seu descumprimento não gera sansão. O prazo está previsto no Regulamento Interno de cada Tribunal. Art. 926 do CPC Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. Precedentes ≠ súmulas ≠ jurisprudência Jurisprudência – é um conjunto de decisões judiciais que apontam decisões emanadas do judiciário num sentido ou no outro acerca de uma mesma matéria. Súmula – é o resultado desse conjunto de decisões, mas pressupõe uma pacificação dos tribunais sobre determinado tema. Tem uma força maior que uma jurisprudência. § 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Precedentes – é algo mais “forte” que veremos nas aulas mais adiante. Art. 927 do CPC Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. Art. 929 do CPC Art. 929. Os autos serão registrados no protocolo do tribunal no dia de sua entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com imediata distribuição. ✅Das Atribuições do Relator Para uniformizar as decisões os tribunais fazem uso de Precedentes, Súmulas e Enunciados. 2º Grau de Jurisdição - 🏢Câmara Cível - 👩🏻⚖Desembargadores 1º Grau de Jurisdição - 🏢Vara Cível - 👩🏻⚖Juiz Sentença [...] Recurso Apelação 8º Câmara Cível Relator: Des. Norma Suely A relatora, Des. Norma Suely, analisará os Pressupostos de Admissibilidade Presentes os pressupostos: O recurso é admitido. Havendo algum vício, a relatora abre prazo (geralmente 5 dias) para sanar o vício. Na petição inicial não se coloca a jurisprudência e sim um extrato da jurisprudência em conforme com o interesse do cliente que o advogado está representando. Se for hipótese de decisão monocrática, o próprio relator faz, se não for, ele encaminha para a secretaria e pede abertura de pauta. A Secretaria tem o prazo de 30 dias para marcar. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 4 Art.932 do CPC Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; Art. 933 do CPC Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. § 1º Se a constatação ocorrer durante a sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes se manifestem especificamente. § 2º Se a constatação se der em vista dos autos, deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as providências previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do feito em pauta para prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão aos julgadores. É possível que depois de protocolizado o recurso, as partes entrem em um acordo. O relator é o responsável por homologar esta autocomposição e põe fim ao andamento do processo. Competência recursal X Competência originária Competência recursal: o tribunal possui a competência por força de um recurso, a apelação faz com que a 2º instancia tenha competência para julgar. Competência originária: o processo se origina naquele tribunal. Não se interpõe uma apelação apenas porque não “gostou” da sentença. Não existe recurso genérico. A apelação é uma forma de apresentar ao magistrado que a sua sentença teve algum “erro”. O magistrado pode errar de duas formas: Error in precendo: na forma de proceder. Error in judicando: no mérito da sua demanda. Ocorrendo algum desses erros, o advogado interpõe apelação e informa a página da sentença na qual há divergência. Deve constar como pedido a reforma da sentença. ♦ Exemplo: Na sentença o magistrado relata que não há documentos comprobatórios do direito do autor. Uma das formas de indicar ao magistrado seu equívoco: “Todavia os documentos que provam o direito do autor estão acostados as fls. X.” No procedimento comum, a peça que o réu utiliza para se defender é a contestação. Em sede de recurso, a peça utilizada por aquele que teve mérito na 1º instância é a contrarrazão. Ao apelado a peça é facultativa. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 5 Art. 935 do CPC Art. 935. Entre a data de publicação da pauta e a da sessão de julgamento decorrerá, pelo menos, o prazo de 5 (cinco) dias, incluindo-se em nova pauta os processos que não tenham sido julgados, salvo aqueles cujo julgamento tiver sido expressamente adiado para a primeira sessão seguinte. ✅Sessão de Julgamento A sessão de julgamento inicia com o presidente da sessão fazendo o pregão. Ele apresenta os personagens: Apelante: aquele que ficou insatisfeito com a sentença proferida pelo juiz em 1º grau. Apelado: aquele que teve mérito na sentença. Nome do relator: o desembargador que no sorteio ficou responsável pelo recurso. A sessão é iniciada com o presidente fazendo a explanação da demanda. Os julgadores darão seus votos. A opinião de cada julgador é chamada de voto. O relator explana o seu voto, havendo unanimidade entre os outros desembargadores, o voto do relator será paradigma para fazer acórdão. O acórdão é o nome da decisão de um grupo de julgadores. Entretanto, pode haver divergência no voto dos julgadores. Vejamos: Art. 938 do CPC Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão. Ainda que seja resolvida na própria sessão de julgamento, as questões preliminares devem ser enfrentadas antes. Caso Concreto 1 – Correção Indicado para auxiliar no caso concreto da aula 1. Voto Voto Voto Relator ✔ Dá provimento ao recurso Presidente da Sessão ✔ Dá provimento ao recurso Julgador ❌ Nega provimento ao recurso No exemplo ao lado, o placar ficou: ✔2 votos dando provimento ao recurso ❌1 voto negando provimento ao recurso Por 2 votos a 1 o apelante terá êxito em sua demanda. Entretanto, mesmo o voto que negou provimento a recurso deverá constar nos autos, possibilitando que deste voto seja utilizado como fundamentação numa nova peça recursal cabível, que será distribuída em outra instância. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 6 Aula 2 – 12FEV2020 [continuação] ✅Recursos O direito se divide da seguinte forma: Direito Material – são bens jurídicos tutelados por uma pessoa. Direito Processual – é o instrumento para operacionalizar, ou seja, transformar em realidade a proteção do direito de uma pessoa. ♦Exemplo: Manoel está na sua casa, lugar onde reside a 5 anos. Poderia uma pessoa comum invadir e retirar o Manoel de lá? Em regra, não, mas, se isso ocorrer, que medidas o Manoel pode tomar? Ele poderá recorrer a um processo judicial para ter defendido o seu direito. Sendo ele possuidor – se a violação tiver ocorrido em até 1 ano e 1 dia, ele pode se socorrer a uma Liminar inaudita altera parte, ou seja, sem que seja ouvida a outra parte. O ingresso se fará por meio de uma Ação de Reintegração de Posse com pedido Liminar inaudita altera parte. Se o possuidor deixou passar o prazo de 2 anos, ele não perde o direito, mas a consequência jurídica será diferente, a Liminar inaudita altera parte não será a proteção preventiva cabível, entretanto o possuidor pode se socorrer de uma Tutela de Urgência. Art. 300 do CPC Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Meios de Impugnação das Decisões Judiciais Os recursos são uma espécie de impugnação de decisão judicial. Só é recurso no processo civil o que está descrito no rol taxativo do art. 994 do CPC. Art. 994 do CPP Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: É analisado o fumus boni iuris, o periculum in mora, o resultado útil do processo – demanda um conjunto probatório mais robusto. Distribui a Petição Inicial Pedido de Gratuidade de Justiça Pedido indeferidopelo juiz. Há basicamente 3 formas de impugnar a decisão proferida pelo magistrado Recursos Ação Autônoma de Impugnação – Ação Rescisória Sucedâneo Recursal – Pedido de Reconsideração ❌ Neste momento o fluxo do processo é “desviado”. Não são recursos. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 7 I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. Para Fredie Didier, recurso é “retomar o curso da marcha processual”. É um meio de impugnação da decisão judicial formulada nos próprios autos. Existem duas espécies de instrumentos processuais: os recursos e os sucedâneos recursais, sendo a análise comparativa entre eles realizada de forma residual, ou seja, tudo o que não for recurso será considerado um sucedâneo recursal.1 Sucedâneo Recursal – Pedido de Reconsideração O Sucedâneo Recursal não é Recurso e nem Ação Autônoma de Impugnação. Ele é formulado no mesmo processo. O pedido de reconsideração da decisão que o magistrado proferiu é um exemplo. ♦Exemplo: Depois de prolatada uma decisão, o advogado opõe embargos de declaração. O embargante pretende reformar a decisão. Ao invés de interpor um recurso inominado ou uma apelação, o advogado relata o teor da decisão e argumenta em favor da reconsideração da decisão prolatada. O sucedâneo recursal não impede o trânsito em julgado da decisão, mas a pendência de análise do pedido impede. Enquanto tiver uma petição pendente, ela precisa ser analisada. Ação Autônoma de Impugnação – Ação Rescisória Não é recurso. Esta ação é feito em autos separados , apartados. Trata-se de uma ação autônoma, independente. Esta ação pode ser distribuída, por exemplo, depois do trânsito em julgado da sentença. A aula foi interrompida. A turma foi convidada para assistir a palestra sobre “Coronavírus”. Se liga! O correto uso dos verbos nas peças processuais: ✔PROPOR - Ação comum ✔IMPETRAR - Ação mandamental ✔APRESENTAR, OFERECER - Contestação ✔INTERPOR - Recurso (exceto embargos de declaração) ✔REQUERER - homologação de acordo; utilizado nas interlocutórias simples que contenham pedidos simples, por exemplo, juntada de documentos. ✔OPOR - Embargos 1 Daniel Amorim Assumpção Neves, p. 1.539 Manual de Direito Processual Civil. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 8 Aula 3 – 19FEV2020 Bloco 1 [continuação] ✅Princípios Recursais Taxatividade Os recursos são apresentados no rol taxativo do art. 994 do CPC. Caso não esteja descrito no referido artigo, não poderá ser considerado um recurso. O princípio da taxatividade impede que as partes, ainda que em comum acordo, criem recursos não previstos pelo ordenamento jurídico processual. Art. 994 do CPC Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. Voluntariedade A regra é que a interposição de um recurso está condicionado exclusivamente à vontade da parte. Elas decidem se acham ou não convenientes recorrer diante da sentença/ decisão proferida pelo magistrado. Não se admite o juiz, em qualquer hipótese, interpor o recurso de ofício. ❌ Reexame Necessário Segundo o art. 496 do CPC, a sentença proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município e suas respectivas autarquias e fundações de direito público, bem como a que julgar procedente e parte, os embargos a execução fiscal, somente produzirá efeitos após a confirmação pelo Tribunal, ou seja, não depende das partes que esta sentença seja reanalisada pelo Tribunal, afastando assim o reexame do âmbito recursal.2 Art. 496 do CPC Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. Duplo Grau de Jurisdição Este princípio garante que a decisão seja revista por um Tribunal, que em regra é um órgão hierarquicamente superior. Existem duas exceções: 2 Daniel Amorim Assumpção Neves, p.1.587. Manual do Direito Processual Civil Turma Recursal: é composta por juízes. Os juízes que compõem as turmas recursais possuem nível de hierarquia igual aos “juízes de piso”. Os juízes das turma recursai são dotados de atribuições diferentes, dadas pelo Regimento Interno do Tribunal. Embargos de Declaração: peça recursal interposta quando há vício na sentença. O próprio juiz que prolatou a sentença analisa o recurso. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA Singularidade Esse princípio admite tão somente uma espécie recursal como meio de impugnação de cada decisão judicial. Admite-se a existência concomitante de mais de um recurso contra a mesma decisão desde que tenham a mesma natureza jurídica, fenômeno, inclusive, bastante frequente quando há no caso concreto sucumbência recíproca ou litisconsórcio.3 Dialeticidade Costuma-se afirmar que o referido recurso é composto por dois elementos: O princípio da dialeticidade diz respeito ao segundo elemento, exigindo do recorrente a exposição da fundamentação recursal (causa de pedir: error in judicando e error in procedendo) e do pedido (que poderá ser a anulação, reforma, esclarecimento ou integração. Tal necessidade se ampara em duas motivações: permitir ao recorrido a elaboração das contrarrazões e fixar os limites da atuação do Tribunal no julgamento do recurso. Proibição da Reformatio in pejus O direito brasileiro adotou o princípio da proibição da reformatio in pejus, de forma que na pior das hipóteses para o recorrente a decisão recorrida é mantida, não podendo ser alterada para piorar sua situação. Existem dois sistemas possíveis relativos ao efeito devolutivo dos recursos: Sistema de proibição de reformatio in pejus, no qual não se admite que a situação do recorrente seja piorada em virtude do julgamento de seu próprio recurso; Sistema do benefício comum (communio remedii), no qual o recurso interposto por uma das partes beneficia a ambas, de forma que é aceitável que a situação do recorrente piore em razão do julgamento de seu próprio recurso. Fungibilidade Como o próprio nome sugere , fungibilidade significa troca, substituição, e no âmbito recursal significa receber um recurso que não entende como cabível para o caso concreto por aquele que teria cabimento. Esse princípio tem como premissa auxiliar a parte que, no entendimento do tribunal, interpõe o recurso inadequado. Ainda que sejam inegáveis os benefícios advindos com a adoção da fungibilidade, sua aplicação é exceção. A regra é o não conhecimento do recurso por não ser o cabível e a exceção é receber o recurso incabível por aquele que seria o cabível. Professor Anderson: “Uma peça recursal pode ser recebida pelo tribunal como se fosse outra, pelas características da demanda.” ♦Exemplo: O advogado Marcos está na dúvida se recorre de determinada decisão por meio de um agravo de instrumento ou se aguarda a sentença e ataca o tema em preliminar de apelação. A decisão a ser atacada não está norol do art. 1.015 do CPC, logo, não pode ser objeto de agravo de instrumento, mas, é uma decisão interlocutória. O Dr. Marcos fez uma pesquisa e verificou que uma parte dos julgadores aceita a impugnação da referida decisão por meio do agravo de instrumento. Analisando do ponto de vista da marcha processual: 3 Daniel Amorim Assumpção Neves, p.1.582. Manual do Direito Processual Civil 1 - Volitivo • refere-se a vontade da parte em recorrer. 2 - Descritivo • consubstanciado nos fundamentos e pedido constantes do recurso. Ao verificar que a referida decisão não consta no rol do art. 1.015 do CPC, o Dr. Marcos pode aguardar a sentença ser prolatada e colocar a referida decisão em preliminar de apelação. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 1 No exemplo mencionado, a estratégia a ser adotada pelo Dr. Marcos seria a opção 2 (dois), pois se o Tribunal entender que a matéria deve ser decidida em agravo de instrumento, ao final, depois da sentença, terá precluído o prazo para a interposição do recurso. Diante de uma dúvida razoável, o ideal é verificar o menor prazo para a interposição do recurso. Entendimento firmado pelo STJ, na dúvida da peça processual cabível para impugnar decisão do magistrado, deverá ser observado o menor prazo. Art. 1.015 do CPC DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Complementariedade No direito processual civil as razões recursais devem ser apresentadas no ato de interposição do recurso, não se admitindo que o recurso seja interposto procedimentalmente e as razões apresentadas posteriormente, como ocorre no processo penal. Aplica-se a preclusão consumativa no momento da interposição do recurso, de forma que, após este momento, é vedado ao recorrente complementar seu recurso já interposto com novas razões. Caso nenhuma fundamentação tenha sido feita, o recurso é inadmissível, e , sendo incompleta ou falha a fundamentação, somente esta será apreciada pelo órgão julgador competente para o julgamento do recurso. Consumação Como ocorre no princípio da complementariedade, também o princípio da consumação tem como fundamento a preclusão consumativa que se verifica no ato de interposição do recurso. Vejamos a diferença entre os dois princípios: Não se admite “emenda” na peça recursal, assim como é admitido a peça inicial quando é preciso inserir alguma informação esquecida. Ao distribuir o recurso, o ato foi consumado. ✅Classificação dos Recursos Ao verificar que alguns julgadores aceita a impugnação decisão por agravo de instrumento, o Dr. Marcos pode interpor agravo de instrumento, respeitando o prazo de 15 dias da data da citação, para sua interposição. Complementariedade Consumação Trata de complementação de um recurso já interposto. Proíbe que interposto o recurso, seja substituído por outro, interposto posteriormente, ainda que dentro do prazo recursal. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 2 Quanto a extensão da matéria Total: são os recursos que têm como objeto a integralidade da parcela da decisão que tenha gerado sucumbência à parte recorrente. O recurso total impugna a totalidade dos capítulos da decisão que geraram sucumbência à parte. Parcial: são aqueles nos quais somente uma parcela da decisão que gerou sucumbência da parte recorrente é objeto do recurso. O recurso parcial é aquele que no qual somente um, ou alguns dos capítulos que geraram sucumbência são objeto do recurso, havendo no caso concreto capítulo que, apesar de gerar sucumbência à parte, não é objeto de impugnação. Quanto a fundamentação (causa de pedir) Livre: tido como regra, significa ampla liberdade ao recorrente no tocante às matérias a serem alegadas em sua fundamentação recursal. Vinculada: essa espécie de recurso é excepcional, havendo somente três: recurso especial, recurso extraordinário e embargos de declaração. O recorrente não poderá alegar qualquer matéria que desejar, estando sua fundamentação vinculada às matérias expressamente previstas em lei, essa exigência legal acarretará a inadmissibilidade do recurso por irregularidade formal. Quanto a forma de interrupção Principal: ou independente, é aquele oferecido pela parte dentro do prazo recursal sem importar a postura adotada pela parte contrária diante da decisão impugnada. Art. 997, §1º do CPC Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. Adesivo: ou subordinado, é aquele interposto no prazo de contrarrazões de recurso apresentado pela parte contrária, motivado não pela vontade originária de impugnar a decisão, mas como contraposição ao recurso oferecido pela outra parte. O recurso adesivo não é uma espécie recursal, mas um recurso interposto de forma diferenciada. O recurso adesivo sofre todos os efeitos do recurso principal. Art. 997, §2º do CPC § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. Quanto ao objeto imediato do recurso Ordinário: o objetivo do legislador não consiste em preservar o ordenamento jurídico, ou ainda, o direito objetivo, mas proteger o interesse particular da parte (direito subjetivo) no caso concreto, o recurso será classificado como originário. A regra é que o recurso seja originário. Extraordinário: recursos que têm como objetivo imediato a proteção e a preservação da boa aplicação do Direito e viabilizar no caso concreto uma melhor aplicação da lei federal e constitucional, permitindo que por meio deles se preservem normas legais. São somente três recursos extraordinários: recurso especial, recurso extraordinário e embargos de divergência. Bloco 2 ✅Pressupostos de Admissibilidade dos Recursos Elementos Extrínsecos Tempestividade: todo recurso tem um prazo determinado por lei, ocorrendo preclusão sempre que vencido o prazo legal sem a sua devida interposição. O CPC prevê em seu art. 1.003, §5º, que todos os recursos passam a ter prazo de DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 3 15 dias (úteis), salvo os embargos de declaração, que mantêm oprazo atual de 5 dias. A contagem do prazo só levará em consideração os dias úteis – art. 219, caput, do CPC Art. 1.003, §5º do CPC Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. Art. 219, caput, do CPC Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. Preparo: o preparo recursal diz respeito ao custo financeiro da interposição do recurso. O entendimento do STJ é que todas as despesas devidas na interposição do recurso são preparo. A própria redação do art. 1.007, caput, do CPC confunde indevidamente as diferentes espécies de despesas processuais. O equívoco, entretanto, é benéfico, porque, entendendo o porte de remessa e retorno como integrante do preparo, possibilita à parte complementar o recolhimento do preparo no prazo de 5 dias úteis. Art. 1.007, caput, do CPC Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. O artigo supracitado prevê a regra da prova da comprovação imediata do preparo, significa dizer que o recorrente deve comprovar o recolhimento do preparo no momento da interposição do recurso. Regularidade Formal: cada recurso possui requisitos formais específicos que devem ser respeitados para que o recurso seja admitido. Em respeito ao princípio da dialeticidade, todo recurso deve ter fundamentação e pedido, sem os quais não será admitido. Na fundamentação deve ser atacado especificadamente o fundamento da decisão recorrida, sendo no processo civil exigido que a interposição já venha acompanhada das razões recursais. Além das razões e os pedidos, o recorrente deve identificar as partes. É em regra ato processual escrito, havendo apenas uma exceção no sistema: embargos de declaração nos Juizados Especiais – art. 49 da Lei 9.099/95. Exige-se capacidade postulatória (presença de advogado), salvo nos recursos extraordinário e especial interpostos pelo próprio juiz contra acórdão que acolhe exceção de suspeição ou impedimento. O recurso deve ser assinado, entretanto, considera-se um vício sanável. ♦Exemplo: O Recurso de Apelação é composto por: Porte de Remessa e Retorno: na hipótese de processo físico, é devido o pagamento para o deslocamento do processo do juízo de 1º grau para o Tribunal que fará o julgamento em 2º grau de jurisdição. Aplica-se também no caso de recurso para instâncias superiores. Folha de Rosto 1 – Endereçamento ao juízo que receberá o recurso, já que ele é protocolado em 1º grau de jurisdição. 2 – Número do Processo. 3 – Número da GRERJ que comprova o preparo do recurso, caso o recorrente seja beneficiário da gratuidade de justiça, este campo não é necessário. 4 – Nome da peça. 5 – Pedido de remessa para o segundo grau de jurisdição. 6 – Identificação do (s) advogado (s). Folha das Razões 1 – Quem receberá e decidirá a peça de Apelação. 2 – Identificação das partes, número do processo originário e a juízo de origem do processo. 3 – Tópicos importantes na peça de Apelação: ✔Tempestividade; ✔Breve Síntese da Demanda; ✔Preliminares; ✔Mérito; ✔Pedido; ✔Conclusão. 4 – Assinatura do advogado DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 4 Elementos Intrínsecos Cabimento Professor Anderson: “Chamado por alguns doutrinadores de adequação, relacionado também a unirrecorribilidade. Para cada decisão impugnada, haverá um recurso cabível.” O preenchimento do recurso do cabimento exige que o pronunciamento seja recorrível e que o recurso interposto seja adequado, ou seja, o recurso indicado pela lei para impugnar aquele determinado pronunciamento judicial. A recorribilidade do pronunciamento deve ser analisada em primeiro lugar, porque, concluindo-se por sua irrecorribilidade, é natural que nenhum recurso seja cabível para impugná-lo. Segundo o art. 1.001 do CPC, os despachos são irrecorríveis, o que poderia levar à conclusão de que todos os pronunciamentos com carga decisória são recorríveis. Apesar de ser essa a regra, existe, ainda que excepcionalmente, irrecorribilidade de decisões judiciais previstas pelo CPC – art. 138, caput e 1.007, §6º. Art. 1.001 do CPC Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. Art. 138, caput, do CPC Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. Art. 1.007, §6º do CPC § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. Legitimidade Para Recorrer Art. 996 do CPC Folha de Rosto Folha das Razões 1 2 3 4 1 2 3 5 6 DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 5 Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Segundo o artigo supracitado, o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. O dispositivo legal confunde indevidamente o requisito da legitimidade recursal com interesse recursal. ✔Partes: as partes têm legitimidade recursal, independentemente do conteúdo da decisão, ou seja, não importando o fato de terem ou não sucumbido no caso concreto, aspecto que diz respeito ao interesse recursal, que é outro requisito de admissibilidade. ✔Terceiro Prejudicado: cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. O terceiro prejudicado pode ser: ✔Ministério Público: a legitimidade recursal do MP está expressamente prevista no art. 996, caput, do CPC, podendo recorrer em processos em que participou parte ou como Custo Legis4. Interesse em Recorrer Existe uma proximidade evidente entre os pressupostos processuais e s condições da ação e os requisitos de admissibilidade recursal, sendo unânime na doutrina o entendimento de que o interesse recursal deve ser analisado à luz do interesse de agir. O recurso deve ser adequado a reverter a sucumbência suportada pela parte recorrente. Significa dizer que o recurso deve ser concretamente apto a melhorar a situação prática do recorrente. Numa sentença que tem dois fundamentos, sendo que cada qual é isoladamente apto a manter a decisão, a apelação obrigatoriamente deverá impugnar ambos os fundamentos, porque de nada adianta o recorrente afastar somente um deles, uma vez que a manutenção do fundamento não impugnado a decisão não será reformada. Inexistência de Fato Impeditivo ou Extintivo do Poder de Recorrer Art. 998, caput, do CPC Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem aanuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Art. 5º do CPC Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. ✔Desistência: o recorrente poderá desistir de seu recurso – total ou parcialmente – a qualquer tempo, o que significa dizer que o recorrente poderá abdicar de seu direito de ter o recurso julgado. Apesar de o dispositivo prever “a qualquer tempo”, existe um momento apropriado para a desistência do recurso: somente se desiste do que existe, de maneira que a desistência só pode ocorrer a partir da interposição do recurso. ✔Renúncia: a parte recorrente poderá renunciar ao recurso, independentemente de concordância da parte contrária. A renúncia diz respeito ao direito de recorrer, de forma que só pode ser realizada antes da interposição do recurso, porque depois disso já estará consumado o direito recursal, não havendo mais o que renunciar. 4 Custos Legis: significa guardião da lei, fiscal da correta aplicação da lei, verdadeiro defensor da sociedade. Sendo assim, o Ministério Público acima de tudo é custos legis. A legitimidade é fixada sempre em abstrato, não tendo relevância o conteúdo da decisão no caso concreto. Não sendo correto afirmar que somente a parte vencida tem legitimidade para recorrer. O sujeito que poderia ter participado do processo como terceiro interveniente; O sujeito que poderia ter participado do processo como litisconsorte facultativo; O sujeito que poderia ter participado do processo como litisconsorte necessário. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 6 ✔Aquiescência: este fenômeno gera uma preclusão lógica a impedir a admissão do recurso, em nítida manifestação do princípio da boa-fé objetiva consagrada no art. 5º do CPC. A aquiescência, a exemplo da renúncia, só é possível entre a intimação da decisão impugnável e a interposição do recurso. ✅Efeitos dos Recursos Devolutivo: entende-se a transferência ao órgão ad quem5 do conhecimento de matérias que já tenham sido objeto de decisão no juízo a quo6, uma simples transferência do órgão prolator da decisão impugnada para o órgão julgador. Pode -se falar em devolução para o próprio Poder Judiciário, ainda que entre órgãos diferentes. Professor Anderson: “Devolve a matéria para ser apreciada pelo judiciário, nos limites da impugnação.” Suspensivo: o efeito suspensivo diz respeito à impossibilidade de a decisão impugnada gerar efeitos enquanto não for julgado o recurso interposto. Essa eficácia da decisão, salvo as excepcionais hipóteses previstas em lei – efeitos secundários da sentença, por exemplo, o art. 495 do CPC – , não se limita a impedir a execução. Considerando-se que as determinadas decisões judiciais não tem execução (sentença declaratória e constitutiva) e ainda assim são impugnadas por recursos dotados de efeito suspensivo. Art. 495 do CPC Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. Substitutivo: o art. 1.008 do CPC determina que o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida, nos limites da impugnação. A interpretação literal do dispositivo legal, entretanto, não se mostra a mais correta, consideram-se ser uníssono na doutrina o entendimento de que a substituição da decisão recorrida pelo julgamento do recurso somente ocorre na hipótese de julgamento do mérito recursal, e ainda assim a depender do resultado de tal julgamento. Art. 1.008 do CPC Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. Extensivo: ou expansivo, será gerado sempre que o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada – ou ainda atingir sujeitos que não participaram como partes do recurso, apesar de serem partes na demanda. Na primeira hipótese, haverá efeito expansivo objetivo, que ainda poderá ser interno ou externo. Na segunda hipótese tem-se o efeito expansivo subjetivo. Translativo: entende-se a possibilidade de o tribunal conhecer determinadas matérias de ofício no julgamento do recurso. Tradicionalmente associado às matérias de ordem pública (processuais e materiais), também se aplica o princípio ora analisado àquelas matérias que apesar de não serem propriamente de ordem pública, contam com expressa previsão legal no sentido de poderem ser conhecidas de ofício pelo juiz. 5 juízo ad quem: órgão jurisdicional superior. 6 juízo a quo: órgão jurisdicional inferior. Os efeitos devolutivo e suspensivo estão previstos diretamente na Lei Processual Civil; os demais efeitos são entendimentos doutrinários. Efeito expansivo objetivo interno Refere-se a capítulos não impugnados da decisão recorria que serão atingidos pelo julgamento do recurso. Efeito expansivo objetivo externo Se verifica sempre que o julgamento do recurso atinge outros atos processuais que não a decisão recorrida. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – PROF. ANDERSON WILLY | ALUNA: Fernanda Barcellos UNESA – CAMPUS: NOVA AMÉRICA 7 Interruptivo: este efeito suspende o prazo para a interposição de outros recursos. O recurso de Embargos de Declaração, por exemplo, possui efeito interruptivo. Obstativo: este efeito diz respeito à preclusão temporal e sua relação com a interposição do recurso. O ingresso de qualquer recurso impede a geração da preclusão temporal, com o consequente trânsito em julgado, que somente se verificará após o devido julgamento do recurso. Para Pesquisa para discussão em sala na próxima aula: 04 de março de 2020. Esta aula teve os conceitos retirados do livro: Manual do Direito Processual Civil – Volume Único - 2019 Autor: Daniel Amorim Assumpção Neves
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