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Desconsideração da Personalidade Jurídica E aí, estagiários! O tema do nosso estudo de hoje é a desconsideração da personalidade jurídica. Vamos lá? Antes da gente começar, só quero pedir pra você não deixar de se inscrever no canal pra dar aquela força e ainda receber todos os vídeos que a gente postar aqui. O que é a PJ Segundo o que a doutrina civilista nos ensina, a pessoa jurídica nada mais é que “o grupo de pessoas, criado na forma da lei, que se une para alcançar um determinado fim, podendo ela ser sujeito de direitos e obrigações. ”. A criação da pessoa jurídica foi utilizada pelo Estado como uma ferramenta de estímulo à atividade econômica, pois ao saber da distinção entre o patrimônio do sócio e o patrimônio da sociedade, as pessoas se sentiam mais seguras para empreender sem correr o risco de perder todo o seu patrimônio. Existem vários tipos de pessoas jurídicas no direito brasileiro, mas o que vai importar pra gente aqui no direito empresarial são as sociedades, que são uma espécie de pessoa jurídica de direito privado. Consequências da Aquisição da PJ Portanto, após a constituição da sociedade, que acontece com o registro, como nós já vimos, nasce então uma nova pessoa diferente da pessoa natural dos sócios. Esta é a pessoa jurídica. E aí existem 3 consequências do nascimento da pessoa jurídica para a sociedade. E são elas: 1. Titularidade Negocial: A partir do momento em que a pessoa jurídica passa a existir, ela poderá celebrar negócios jurídicos em nome próprio, ou seja, ela pode fechar contratos, dar quitação, contrair obrigações, etc. 2. Titularidade Processual: A pessoa jurídica tem também a titularidade processual, que é a capacidade de ser parte em processos judiciais, ou seja, ela poderá tanto propor ações judiciais quanto ter ações propostas em face dela. 3. Responsabilidade Patrimonial: Mas a principal consequência da aquisição da personalidade jurídica é a responsabilidade patrimonial. Quando dizemos que a PJ tem responsabilidade patrimonial, significa que ela tem um patrimônio próprio, absolutamente distinto do patrimônio dos seus integrantes. Se você quer entender mais sobre esse tema, dá uma passada lá no nosso estudo de número 2, que eu explico isso mais detalhadamente e com exemplos inclusive. Desconsideração da Personalidade Jurídica Agora que a gente já entendeu um pouquinho sobre a personalidade jurídica, vamos falar sobre a desconsideração. Como a gente já viu, a distinção entre patrimônio da pessoa jurídica e patrimônio dos sócios foi criada como um estímulo à prática empresarial. Mas como tudo na vida, isso também tem o seu lado negativo. No decorrer do tempo, certas pessoas mal intencionadas passaram a usar a personalidade jurídica como instrumento para que elas não cumprissem as obrigações contraídas, desvirtuando assim a ideia inicial do instituto. Portanto, a figura da desconsideração da personalidade jurídica foi criada justamente para não permitir que houvessem abusos ou fraudes na utilização da pessoa jurídica. Então basicamente o que vai acontecer na desconsideração é o seguinte: o credor vai apresentar requerimento ao juiz, e caso o juiz encontre os requisitos legais, ele vai permitir que a barreira criada pela personalidade jurídica seja quebrada, podendo assim o credor alcançar o patrimônio pessoal dos sócios daquela sociedade. Teorias da Desconsideração Para que o juiz possa desconsiderar a personalidade jurídica então, primeiro ele deve verificar se estão presentes os requisitos legais, para aí sim decretar a desconsideração. E para isso, existem duas teorias que permitem ao juiz desconsiderar a personalidade jurídica. A teoria maior e a teoria menor da desconsideração. Como o próprio nome já diz, na teoria maior, será necessária a comprovação de mais requisitos, enquanto a menor precisará de menos requisitos para der decretada. Vamos ver agora então quais são eles. Teoria Menor da Desconsideração A teoria menor é uma teoria muito criticada pela doutrina, pois ela de certa forma banaliza a utilização do instituto. Isso porque de acordo com a teoria menor, é muito simples desconsiderar a personalidade jurídica, bastando apenas que se comprove o inadimplemento por parte do empresário, que só isso já servirá de justificativa para a aplicação da desconsideração. Ou seja, se o empresário se obriga a pagar e não paga, o credor já pode requerer a desconsideração para atingir o patrimônio dos sócios. E é justamente por ser muito fácil que a teoria menor não pode ser aplicada em todos os casos. Portanto, ela só poderá ser aplicada em dois casos específicos, que é nas relações de consumo ou no caso de crimes ambientais. Quer um exemplo real? O caso da Samarco. Digamos que a sociedade tenha sido multada e não realizou o pagamento da multa. Nesse caso é muito simples: desconsidera a personalidade jurídica para alcançar o patrimônio pessoal dos sócios. Teoria Maior da Desconsideração Por outro lado, a teoria maior da desconsideração, que está lá no artigo 50 do Código Civil, é muito elogiada pela doutrina, pois trouxe de fato a essência do instituto para o Brasil. Esta teoria traz a ideia de que a desconsideração só poderá ser aplicada em caso de abuso na utilização da personalidade jurídica. E para isso o Código Civil adotou uma concepção objetiva. Isso significa que não há necessidade da comprovação da má-fe do sócio para a desconsideração, sendo necessário que estejam presentes apenas os requisitos legais. E são eles a comprovação do inadimplemento, que poderá ser acompanhada por desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Portanto a pessoa jurídica só poderá ser desconsiderada se o inadimplemento vier acompanhado de uma dessas práticas fraudulentas. A confusão patrimonial é bem fácil de se entender. Ela acontece quando o patrimônio da pessoa física se confunde com o da pessoa jurídica. E se alguém faz isso, claramente estará atentando contra a autonomia patrimonial da pessoa jurídica. Então se o sócio resolve comprar uma casa nova em seu nome e usa dinheiro da sociedade para pagar, estará caracterizada aí a confusão patrimonial. Já o desvio de finalidade acontece quando a sociedade passa a praticar atos diversos da finalidade para que foi criada. Sempre que uma sociedade é iniciada, ela deverá ter especificado o seu objeto social. Portanto, se uma sociedade tem como objeto social o comércio de alimentos, não existe motivo para essa sociedade comprar um milhão de reais em pregos, por exemplo. Se fizer isso, estará claramente agindo com desvio de finalidade, pois mesmo que a prática não seja ilícita, o gestor dessa sociedade comprometeu o capital social em atividade diversa da explorada. Efeitos da Desconsideração A gente já entendeu quando a teoria da desconsideração pode ser aplicada. Agora então nós temos que entender os efeitos da desconsideração. E eles são quatro. 1. Não dá fim à PJ: Muita gente pensa que depois que o juiz determina a desconsideração da personalidade jurídica, já era: acabou sociedade, acabou empresa, acabou tudo. Mas na realidade isso não acontece. A pessoa jurídica continua existindo plenamente. Portanto o que acontece aqui é que a personalidade jurídica vai se tornar ineficaz para determinados atos. 2. É provisória: Quando nós dizemos que a desconsideração é provisória, significa que ela irá durar somente o tempo necessário para a realização de determinados atos. Após isso, a PJ volta a funcionar plenamente. 3. Se aplica em casos específicos: Sabendo que a desconsideração é provisória, você pode pensar o seguinte: “ok, por um certo tempo ela vai ser desconsiderada e todos os credores prejudicados vão poder atacar o patrimônio dos sócios para saldar suas dívidas.”. Mas aí é que tá o X da questão, isso também não acontece, porque ela não pode ser determinada de maneira genérica, servindo apenas para casos específicos. Então se você é credor e quer desconsiderar a personalidade jurídica daquela sociedade, você não pode se valer do processo de outro credor que está buscando a desconsideração, tem que ajuizar o seu próprio ou fazer este pedido na sua ação de cobrança, se ela já estiver sendo discutida no judiciário. 4. Só atinge os sócios beneficiados: A desconsideração visa justamente impedir que certas pessoas ajam com abuso da personalidade jurídica para obter vantagens, portanto só essas pessoas que tenham obtido vantagem deste abuso é que terão o seu patrimônio atingido. Desconsideração Inversa Pra fechar o vídeo de hoje nós vamos falar sobre a desconsideração inversa. Como o próprio nome já diz, a desconsideração inversa acontece ao contrário do que nós vimos normalmente. Normalmente, a gente vai atrás do patrimônio pessoal do sócio por conta de uma dívida da sociedade. Mas no caso da desconsideração inversa, não. Neste caso é a sociedade que serve como meio de ocultar o patrimônio do sócio. Portanto, o que se faz aqui é ir atrás do patrimônio da sociedade para saldar uma dívida pessoal do sócio. [EXEMPLO] – Marcelo é sócio de uma sociedade limitada que é uma loja de doces. Ele é ex-marido de Cláudia, e paga pensão alimentícia todo mês para a filha Sofia, que vive com a mãe. Certo dia Marcelo decide não pagar mais pensão alimentícia, pois está com dificuldades financeiras. Para isso, ele transfere o seu carro e sua casa de praia para a sociedade, mas continua utilizando estes bens como dono. Depois de um ano sem o pagamento da pensão, Cláudia ajuíza uma ação de alimentos, e o juiz manda penhorar os bens do Marcelo pra satisfazer a dívida. É aí que se descobre então que o Marcelo não tem mais patrimônio algum para penhorar. E é aí que eu lhes pergunto doutores: pode a Cláudia pedir a desconsideração da personalidade jurídica alegando que a casa e o carro que estão na sociedade na verdade são do Marcelo? E a resposta é SIM! Para isso, se usa a teoria da desconsideração inversa, que é quando a gente ataca a sociedade por conta de uma dívida do sócio, que oculta o seu patrimônio na sociedade para não cumprir suas obrigações. Ficou alguma dúvida? Você pode entrar em contato comigo pelo e-mail Instagram (perfil aqui). Para assistir o vídeo desse resumo, clique aqui. Abraço e até a próxima! https://www.instagram.com/estagiarioempresarial/ https://www.youtube.com/watch?v=Qu75_141urc
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