DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - APOSTILA

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APOSTILA SOBRE 
DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. 
2020.2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PESSOA JURÍDICA; 
 
▪ PRIMEIRAMENTE, IMPORTANTE DESTACAR QUE O SER HUMANO É GREGÁRIO, 
ISTO É, NÃO VIVE ISOLADO, MAS SIM EM GRUPOS. NESSE SENTIDO, NEM 
SEMPRE OS INDIVÍDUOS CONSEGUEM SUPRIR TODAS AS SUAS 
NECESSIDADES DE MANEIRA INDIVIDUAL, SURGINDO A NECESSIDADE DE SE 
AGRUPAREM PARA ALCANÇAR UM DETERMINADO FIM, UM DETERMINADO 
OBJETIVO EM COMUM. ASSIM SENDO, JUSTIFICA-SE A RAZÃO DE SER DA 
PESSOA JURÍDICA. 
▪ O QUE É? APROFUNDANDO ESTE CONCEITO POR MEIO PALAVRAS DE PABLO 
STOLZE E RODOLFO PAMPLONA FILHO, “PESSOA JURÍDICA É O GRUPO 
HUMANO, CRIADO NA FORMA DA LEI E DOTADO DE PERSONALIDADE JURÍDICA 
PRÓPRIA E VOLTADA PARA FINS COMUNS” (STOLZE, PAMPLONA.2020.) 
ADEMAIS, CABE DESTACAR QUE NEM SEMPRE A PESSOA JURÍDICA 
NECESSITA DE UMA PLURALIDADE DE AGENTES PARA QUE SEJA 
CONSTITUÍDA. COMO EXEMPLO PODE-SE CITAR AS FUNDAÇÕES, EM QUE UMA 
ÚNICA PESSOA DESTACA PARTE DE SEU PATRIMÔNIO COM O OBJETIVO DE 
ATINGIR UM DETERMINADO FIM. 
1. A FORMAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA EXIGE UMA PLURALIDADE DE 
PESSOAS OU DE BENS E UMA FINALIDADE ESPECÍFICA (ELEMENTOS 
DE ORDEM MATERIAL), BEM COMO UM ATO CONSTITUTIVO E 
RESPECTIVO REGISTRO NO ÓRGÃO COMPETENTE (ELEMENTO 
FORMAL). 
1.1 PODE-SE DIZER QUE SÃO QUATRO OS REQUISITOS PARA A 
CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: 
A. VONTADE HUMANA CRIADORA - INTENÇÃO DE CRIAR UMA 
ENTIDADE DISTINTA DA DE SEUS MEMBROS; 
B. ELABORAÇÃO DO ATO CONSTITUTIVO (ESTATUTO OU 
CONTRATO SOCIAL); 
C. REGISTRO DO ATO CONSTITUTIVO NO ÓRGÃO 
COMPETENTE; 
D. OBJETIVO LÍCITO. 
 
▪ ONDE ESTÁ DISPOSTO LEGALMENTE? DE MANEIRA GERAL ESTÁ EXPRESSA 
NO CÓDIGO CIVIL DO ARTIGO 40 AO 52. 
 
 
 
 
 
 
A PESSOA JURÍDICA E A PERSONALIDADE JURÍDICA; 
 
▪ O QUE É? PERSONALIDADE JURÍDICA É A IDEIA DE QUE UMA PESSOA, SEJA 
FÍSICA (PESSOA NATURAL), SEJA JURÍDICA (EMPRESA, ENTE PÚBLICO, 
ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS) TEM A CAPACIDADE DE ADQUIRIR 
DIREITOS E CONTRAIR DEVERES NA SOCIEDADE (DIREITO CIVIL), OU SEJA, 
TENHA CAPACIDADE DE SE TORNAR SUJEITO DE DIREITO. ENTÃO, 
NASCENDO A PESSOA JURÍDICA DE ACORDO COM OS REQUISITOS 
APRESENTADOS ACIMA, NASCE COM ELA A PERSONALIDADE JURÍDICA. 
 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA É UM INSTITUTO DE 
GRANDE IMPORTÂNCIA PARA TODO FUTURO OPERADOR DO DIREITO, POIS 
NÃO ATINGE SOMENTE A ESFERA CÍVEL DO ÂMBITO JURÍDICO, MAS EM 
OUTRAS ESFERAS COMO DIREITO EMPRESARIAL, AMBIENTAL, TRABALHISTA 
E DO CONSUMIDOR. ANTES DE COMEÇAR A ESMIUÇAR O ASSUNTO VALE 
RESSALTAR ALGUNS PONTOS IMPORTANTES: 
 
1. PERSONALIDADE JURÍDICA; PONTO IMPORTANTE; 
 
A PERSONALIDADE JURÍDICA É JUSTAMENTE O QUE CONFERE 
DIFERENCIAÇÃO ENTRE SÓCIO – PESSOA FÍSICA – E A EMPRESA – PESSOA 
JURÍDICA. ISSO SIGNIFICA QUE A REGRA É QUE A OBRIGAÇÃO DE UM NÃO 
PODERÁ ATINGIR O OUTRO, POIS, A PESSOA JURÍDICA DEPOIS DE FORMADA 
PASSA A SER CAPAZ DE DEVERES E DIREITOS INDEPENDENTEMENTE DOS 
MEMBROS QUE A COMPÕE. ESSA REGRA ESTÁ PREVISTA NO ART.49-A, 
INTRODUZIDO PELA LEI 13.874/19. 
1.1 - EXEMPLO PARA FIXAÇÃO: SUPONHAMOS QUE EM UM PROCESSO, 
DETERMINADA PESSOA JURÍDICA (EMPRESA) ATUA NO POLO PASSIVO 
(COMO RÉ), SE AO FINAL DESSE PROCESSO, O MAGISTRADO DECIDI-
SE QUE A AÇÃO A SER TOMADA POR AQUELA EMPRESA SERIA DE UMA 
RESPONSABILIZAÇÃO INDENIZATÓRIA SOBRE DETERMINADA 
OBRIGAÇÃO, SERÁ REALIZADA A ADIMPLÊNCIA POR MEIO DE CAPITAL 
E PATRIMÔNIOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA, OU SEJA, EMPRESA. 
SENDO ASSIM, A PRIORI, AS PESSOAS FISÍCAS, QUE COMPÕE AQUELA 
PESSOA JURÍDICA, NÃO VIRIAM A RESPONDER MONETARIAMENTE 
NAQUELA AQUELA RESPONSABILIZAÇÃO. 
 
2. A NOVA LEGISLAÇÃO SOBRE A DESCONSIDERAÇÃO DA PJ: 
(LEI 13.874/2019 – LEI DA LIBERDADE ECONÔMICA) TROUXE UMA NOVA 
LEITURA MAIS APROFUNDADA SOBRE A DESCONSIDERAÇÃO, E 
TROUXE AINDA, EXPRESSAMENTE, O ART.49-A, QUE DISPOÊ SOBRE A 
PERSONALIDADE JURÍDICA E A RELAÇÃO ENTRE PESSOA DO 
SÓCIO/ADMINISTRADORES E PESSOA JURÍDICA. ESSE ARTIGO 
REAFIRMA A AUTONOMIA PATRIMONIAL DA PESSOA JURÍDICA. 
 
 A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: 
- COMO VEMOS LOGO ACIMA, A PERSONALIDADE JURÍDICA É A REGRA. E TRAZENDO 
UMA EXCEÇÃO, TEMOS A DESCONSIDERAÇÃO DESSA PERSONALIDADE. 
1. O QUE É? A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, 
TAMBÉM CHAMADA DE DISREGARD DOUTRINE, TEORIA DO 
LEVANTAMENTO DO VÉU OU TEORIA DA PENETRAÇÃO NA PESSOA 
FÍSICA (“DISREGARD OF THE LEGAL ENTITY”) É ENTÃO, O 
AFASTAMENTO DA AUTONOMIAL PATRIMONIAL DA PESSOA 
JURÍDICA EM CASOS DE ABUSO DE SUA PERSONALIDADE 
JURÍDICA, PARA QUE NUMA RELAÇÃO OBRIGACIONAL OS 
PATRIMÔNIOS DOS SÓCIOS TAMBÉM VENHAM RESPONDER NO 
PROCESSO. 
1.1 NA DOUTRINA DE PABLO STOLZE: ‘’ EM LINHAS GERAIS, A 
DOUTRINA DA DESCONSIDERAÇÃO PRETENDE O SUPERAMENTO 
EPISÓDICO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA SOCIEDADE, EM 
CASO DE FRAUDE, ABUSO, OU SIMPLES DESVIO DE FUNÇÃO, 
OBJETIVANDO A SATISFAÇÃO DO TERCEIRO LESADO JUNTO AO 
PATRIMÔNIO DOS PRÓPRIOS SÓCIOS, QUE PASSAM A TER 
RESPONSABILIDADE PESSOAL PELO ILÍCITO CAUSADO. (STOLZE, 
PAMPLONA.2020} 
1.2 EXEMPLO PARA FIXAÇÃO: EM UM CASO CONCRETO, 
SUPONHAMOS, OS QUE OS SÓCIOS VENHAM A COMETER ALGUM 
ATO FRAUDULENTO PARA PODER PARA LESAR OS CREDORES 
DE UMA DETERMINADA OBRIGAÇÃO, DIVÍDA A EXEMPLO MAIS 
CLÁSSICO, PODERÁ ENTÃO OS CREDORES – SE TIVEREM 
CONHECIMENTO DAQUELA FRAUDE - ENTRAR COM PROCESSOS 
PARA QUE OS BENS DOS SÓCIOS E ADMINISTRADORES DA 
PESSOA JURÍDICA POSSAM VIR A SER INCLUSOS NO DECORRER 
DA AÇÃO COMO FORMA DE RESPONSABILIZAÇÃO, POIS ESTES 
QUERIAM ‘’SE LIVRAR’’ DA DÍVIDA E PARA ISSO COMETERAM 
UMA FRAUDE. 
2. ONDE ESTÁ DISPOSTO? ATUALMENTE O INSTITUTO DA 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, ESTÁ PREVISTO 
NO ART.50/CC, QUE RECEBEU – COMO VEREMOS MAIS A FRENTE – 
UMA NOVA LEITURA PELA LEI DA LIBERDADE ECONÕMICA. 
2.1 NA ANTIGA REDAÇÃO O ART.50 PECAVA AO DEFINIR QUAIS 
ERAM OS ABUSOS DA PERSONALIDADE JURÍDICA QUE CITAMOS 
NO INÍCIO QUANDO DEFINIMOS O QUE ERA A 
DESCONSIDERAÇÃO. IMPORTANTE REAFIRMAR QUE PARA O 
CÓDIGO CIVIL, O REQUISITO PRINCIPAL PARA VALIDAR A 
DESCONSIDERAÇÃO É HAVER A EXISTÊNCIA DE ABUSO, DESVIO 
OU FRAUDE DA PERSONALIDADE JURÍDICA. A ANTIGA LEITURA 
DO ART.50/CC, POR NÃO HAVER BASE SÓLIDA DO QUE SERIA O 
DESVIO DE FINALIDADE E CONFUSÃO PATRIMONIAL, NA HORA 
DE DECIDIR EM DETERMINADO CASO CONCRETO, CADA 
MAGISTRADO ENTÃO SE BASEAVA EM SEU PRÓPRIO CONCEITO 
DE ABUSO, FRAUDE E DESVIO PARA DECIDIR SE ERA OU NÃO 
CASO DE AFASTAR A PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA, 
COM O OBJETIVO DE ANTIGIR DIRETA E PESSOALMENTE OS 
SÓCIOS E ADMINISTRADORES QUE A COMPUNHA. ISSO, PORÉM, 
BATIA DIRETAMENTE COM O PRINCIPIO PREVISIBILIDADE DAS 
DECISÕES JUDICIAIS E SEGURANÇA JURIDICA, POIS OS 
CIDADÃOS PRECISAM SABER, NA MEDIDA DO POSSÍVEL, OS 
EFEITOS DE SUAS AÇÕES E COMO OS TERCEIROS IRÃO REAGIR 
DIANTE DISSO. 
2.2 . “ART. 50. EM CASO DE ABUSO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, 
CARACTERIZADO PELO DESVIO DE FINALIDADE, OU PELA 
CONFUSÃO PATRIMONIAL, PODE O JUIZ DECIDIR, A 
REQUERIMENTO DA PARTE, OU DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
QUANDO LHE COUBER INTERVIR NO PROCESSO, QUE OS 
EFEITOS DE CERTAS E DETERMINADAS RELAÇÕES DE 
OBRIGAÇÕES SEJAM ESTENDIDOS AOS BENS PARTICULARES 
DOS ADMINISTRADORES OU SÓCIOS DA PESSOA JURÍDICA.” 
REDAÇÃO ANTIGA. NOTA-SE AQUI QUE O CÓDIGO SÓ DISPUNHA 
DO TEMA, MAS NADA SE FALAVA O LEGISLADOR QUAL ERA O 
CONCEITO DE DESVIO DE FINALIDADE. 
A MP/881 DE 2019; 
 COMO PROPÓSITO DE TODO MATÉRIAL É DESTACAR A NOVA LEI DA 
LIBERDADE ECÔNOMICA (LEI 13.874/19) E COMO ELA VEIO DE FORMA A 
PREENCHER ESSA LACUNA NA LEI QUE TINHA O ART.50 TEMOS ANTES DE 
HAVER ESSA LEGISLAÇÃO QUE JÁ TRAMITAVA NO MUNDO JURÍDICO A MP/881, 
QUE JÁ DISPONHA EM PARTE SOBRE A DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA, MAS TRAZIA COMO PONTO PRINCIPAL A 
NECESSIDADE DE ELEMENTO DOLOSO OU INTENCIONAL NA PRÁTICA DA 
LESÃO AO DIREITO DE OUTREM OU DE ATOS ILÍCITOS NO ABUSO DO DESVIO 
DE FINALIDADE.A MEDIDA PROVISÓRIA FOI ENTÃO EDITADA E ANALISADA 
PARA CORRIGIR CERTOS INCIDENTES LEGISLATIVOS E FOI CONVERTIDA EM 
LEI, DENOMINADA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DE LIBERDADE ECONÔMICA. 
 
3. COMO E ONDE SURGIU A DESCONSIDERAÇÃO? A DESCONSIDERAÇÃO 
GANHOU FORÇA EM 1950 COM A PUBLICAÇÃO DO TRABALHO DE ROLF 
SERICK, PROFESSOR DA FACULDADE DE DIREITO DE HEIDELBERG. 
MAS O PROCEDIMENTO JURISPRUDENCIAL QUE DEU O 
DESENVOLVIMENTO A TEORIA OCORREU EM 1897 NA INGLATERRA 
COM O CASO SALOMON VS SALOMON&CO. 
3.1 CASO JURISPRUDENCIAL; DOUTRINA DE STOLZE; AARON 
SALOMON, OBJETIVANDO CONSTITUIR UMA SOCIEDADE, REUNIU 
SEIS MEMBROS DA SUA PRÓPRIA FAMÍLIA, CEDENDO PARA 
CADA UM APENAS UMA AÇÃO REPRESENTATIVA, AO PASSO 
QUE, PARA SI, RESERVOU VINTE MIL. PELA DESPROPORÇÃO NA 
DISTRIBUIÇÃO DO CONTROLE ACIONÁRIO JÁ SE VERIFICAVA A 
DIFICULDADE EM RECONHECER A SEPARAÇÃO DOS 
PATRIMÔNIOS DE SALOMON E DE SUA PRÓPRIA COMPANHIA. EM 
DETERMINADO MOMENTO, TALVEZ ANTEVENDO A QUEBRA DA 
EMPRESA, SALOMON CUIDOU DE EMITIR TÍTULOS 
PRIVILEGIADOS (OBRIGAÇÕES GARANTIDAS) NO VALOR DE DEZ 
MIL LIBRAS ESTERLINAS, QUE ELE MESMO CUIDOU DE 
ADQUIRIR. ORA, REVELANDO-SE INSOLVÁVEL A SOCIEDADE, O 
PRÓPRIO SALOMON, QUE PASSOU A SER CREDOR 
PRIVILEGIADO DA SOCIEDADE, PREFERIU A TODOS OS DEMAIS 
CREDORES QUIROGRAFÁRIOS (SEM GARANTIA), LIQUIDANDO O 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO DA EMPRESA. APESAR DE SALOMON 
HAVER UTILIZADO A COMPANHIA COMO ESCUDO PARA LESAR 
OS DEMAIS CREDORES, A CÂMARA DOS LORDES, REFORMANDO 
AS DECISÕES DE INSTÂNCIAS INFERIORES, ACATOU A SUA 
DEFESA, NO SENTIDO DE QUE, TENDO SIDO VALIDAMENTE 
CONSTITUÍDA, E NÃO SE IDENTIFICANDO A RESPONSABILIDADE 
CIVIL DA SOCIEDADE COM A DO PRÓPRIO SALOMON, ESTE NÃO 
PODERIA, PESSOALMENTE, RESPONDER PELAS DÍVIDAS 
SOCIAIS. 
3.2 PARA MAIOR VISÃO CRITÍCA, ENTENDIMENTO E CURIOSIDADE 
SOBRE O CASO, DEIXO O LINK DO ARTIGO DA REVISTA ÂMBITO 
JURÍDICO PARA EVENTUAIS LEITURAS. BOM APROVEITO!!! 
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-91/breve-analise-sobre-a-
importancia-do-precedente-britanico-salomon-v-salomon-para-o-direito-
empresarial/ 
 
IMPORTANTE DESTACAR!!!!!!! 
 
 DEVEMOS NÃO CONFUNDIR AQUI DESCONDIDERAÇÃO PERSONALIDADE 
JURÍDICA COM DESPERSONIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. NA PRIMEIRA 
TEMOS APENAS O AFASTAMENTO TEMPORÁRIO, OU SEJA, NAQUELE CASO 
CONCRETO DO VÉU QUE SEPARA A AUTONOMIAL PATRIMONIAL DA 
EMPRESA E DO SÓCIO, FINALIZADO O PROCESSO, VOLTA-SE NORMALMENTE 
A REGRA DE NÃO SE CONFUNDIR PESSOA JURÍDICA COM A PESSOA FÍSICA 
QUE A COMPÕE. HÁ EM CASOS EXEPICIONALMENTES GRAVES A 
POSSIBILIDADE DE HAVER A FINALIZAÇÃO DA EMPRESA. JÁ NA SEGUNDA, 
TEMOS QUE DISSOLUÇÃO OU EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA, QUE ESTÁ 
DISPOSTO NO ART. 51, CC. 
 
A NOVA LEITURA DO ART.50/CC DE ACORDO COM A LEI 13.874/19; 
 DESCONSIDERAÇÃO DA PJ APÓS A DECLARAÇÃO DE DIREITOS DA 
LIBERDADE ECONÔMICA (LEI Nº 13.874/2019). 
 DIANTE DE TODO O EXPOSTO, FICA EVIDENTE QUE HÁ UMA 
AUTONOMIA ENTRE A PESSOA JURÍDICA E SEUS 
SÓCIOS/ADMINISTRADORES. E PODE-SE DIZER QUE A DECLARAÇÃO 
DE DIREITOS DE DIREITOS DA LIBERDADE ECONÔMICA CONSAGROU 
ESTA REGRA, QUE AGORA ESTÁ EXPRESSAMENTE PREVISTA PELO 
ART. 49-A DO CÓDIGO CIVIL. NESSE ÍNTERIM, OS SEUS COMPONENTES 
SOMENTE RESPONDERÃO POR DÉBITOS DENTRO DOS LIMITES DO 
CAPITAL SOCIAL, FICANDO A SALVO O PATRIMÔNIO INDIVIDUAL 
DEPENDENDO DO TIPO SOCIETÁRIO ADOTADO. 
 
ART. 49. SE A ADMINISTRAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA VIER A FALTAR, O JUIZ, A 
REQUERIMENTO DE QUALQUER INTERESSADO, NOMEAR-LHE-Á ADMINISTRADOR 
PROVISÓRIO. (CAPUT PERMANECE IGUAL). 
 ART. 49-A. A PESSOA JURÍDICA NÃO SE CONFUNDE COM OS SEUS SÓCIOS, 
ASSOCIADOS, INSTITUIDORES OU ADMINISTRADORES. 
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-91/breve-analise-sobre-a-importancia-do-precedente-britanico-salomon-v-salomon-para-o-direito-empresarial/
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-91/breve-analise-sobre-a-importancia-do-precedente-britanico-salomon-v-salomon-para-o-direito-empresarial/
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-91/breve-analise-sobre-a-importancia-do-precedente-britanico-salomon-v-salomon-para-o-direito-empresarial/
PARÁGRAFO ÚNICO. A AUTONOMIA PATRIMONIAL DAS PESSOAS JURÍDICAS É UM 
INSTRUMENTO LÍCITO DE ALOCAÇÃO E SEGREGAÇÃO DE RISCOS, ESTABELECIDO 
PELA LEI COM A FINALIDADE DE ESTIMULAR EMPREENDIMENTOS, PARA A 
GERAÇÃO DE EMPREGOS, TRIBUTO, RENDA E INOVAÇÃO EM BENEFÍCIO DE 
TODOS. 
 
 JÁ A PARTIR DO ART.50, TEMOS AGORA A EXPLICAÇÃO DO CONCEITO 
DE DESVIO DE FINALIDADE E CONFUSÃO PATRIMONIAL, EXPRESSO DE 
FORMA CLARA. A SIMPLES LEITURA DA LETRA DA LEI LEVA AO 
ENTENDIMENTO. ESTARÁ GRIFADO PARA MELHOR APRECIAÇÃO DOS 
CONCEITOS. 
 
ART. 50. EM CASO DE ABUSO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, CARACTERIZADO 
PELO DESVIO DE FINALIDADE OU PELA CONFUSÃO PATRIMONIAL, PODE O JUIZ, A 
REQUERIMENTO DA PARTE, OU DO MINISTÉRIO PÚBLICO QUANDO LHE COUBER 
INTERVIR NO PROCESSO, DESCONSIDERÁ-LA PARA QUE OS EFEITOS DE CERTAS 
E DETERMINADAS RELAÇÕES DE OBRIGAÇÕES SEJAM ESTENDIDOS AOS BENS 
PARTICULARES DE ADMINISTRADORES OU DE SÓCIOS DA PESSOA JURÍDICA 
BENEFICIADOS DIRETA OU INDIRETAMENTE PELO ABUSO. (PRÓPRIA DEFINIÇÃO 
NA LEI DO QUE É A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA). 
 OBS: A MODIFICAÇÃO NA PARTE FINAL DO CAPUT, QUAL SEJA, “BENEFICIADOS 
DIRETA OU INDIRETAMENTE PELO ABUSO”, É DE EXTREMA RELEVÂNCIA, HAJA 
VISTA QUE ESTABELECEU UM NEXO CAUSAL ENTRE A CONDUTA PRATICADA 
PELO SÓCIO/ADMINISTRADOR E SUA RESPONSABILIZAÇÃO. ISTO É, APENAS O 
SÓCIO QUE COLHEU OS FRUTOS PROVENIENTES DA FRAUDE, ABUSO DE 
DIREITO OU CONFUSÃO PATRIMONIAL PODERÁ SOFRER AS CONSEQUÊNCIAS 
DE UMA POSSÍVEL DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 
 
§ 1º PARA OS FINS DO DISPOSTO NESTE ARTIGO, DESVIO DE FINALIDADE É A 
UTILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA COM O PROPÓSITO DE LESAR CREDORES E 
PARA A PRÁTICA DE ATOS ILÍCITOS DE QUALQUER NATUREZA. 
 § 2º ENTENDE-SE POR CONFUSÃO PATRIMONIAL A AUSÊNCIA DE SEPARAÇÃO DE 
FATO ENTRE OS PATRIMÔNIOS, CARACTERIZADA POR: 
I - CUMPRIMENTO REPETITIVO PELA SOCIEDADE DE OBRIGAÇÕES DO SÓCIO OU 
DO ADMINISTRADOR OU VICE-VERSA; 
II - TRANSFERÊNCIA DE ATIVOS OU DE PASSIVOS SEM EFETIVAS 
CONTRAPRESTAÇÕES, EXCETO OS DE VALOR PROPORCIONALMENTE 
INSIGNIFICANTE; E 
III - OUTROS ATOS DE DESCUMPRIMENTO DA AUTONOMIA PATRIMONIAL. 
 OBS.: O INCISO III DEIXA EVIDENTE QUE TRATA-SE DE UM ROL 
MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO DAS HIPÓTESES QUE CONFIGURAM 
CONFUSÃO PATRIMONIAL. 
 
§ 3º O DISPOSTO NO CAPUT E NOS §§ 1º E 2º DESTE ARTIGO TAMBÉM SE APLICA À 
EXTENSÃO DAS OBRIGAÇÕES DE SÓCIOS OU DE ADMINISTRADORES À PESSOA 
JURÍDICA. 
 OBS.: O § 3º CONSAGRA O FENÔMENO DA DESCONSIDERAÇÃO 
INVERSA. 
 
§ 4º A MERA EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO SEM A PRESENÇA DOS 
REQUISITOS DE QUE TRATA O CAPUT DESTE ARTIGO NÃO AUTORIZA A 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA. 
 OBS.: O § 4º CONSAGRA A POSSIBILIDADE DE A DESCONSIDERAÇÃO 
DA PERSONALIDADE JURÍDICA SER EMPREGADA COM A FINALIDADE 
DE ATINGIR OUTRA PESSOA JURÍDICA. 
 
§ 5º NÃO CONSTITUI DESVIO DE FINALIDADE A MERA EXPANSÃO OU A ALTERAÇÃO 
DA FINALIDADE ORIGINAL DA ATIVIDADE ECONÔMICA ESPECÍFICA DA PESSOA 
JURÍDICA. 
 OBS.: ADEMAIS, SE A EXPANSÃO DA ATIVIDADE DE UMA PESSOA 
JURÍDICA TIVER POR FINALIDADE PREJUDICAR CREDORES, PODERÁ 
CONFIGURAR HIPÓTESE PARA DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. 
 
TEORIAS NORTEADORAS DA DESCONSIDERAÇÃO; 
 
• TEORIA MAIOR: A TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA É A ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL 
VIGENTE, E POSSUI COMO REGRA DESCONSIDERAR A AUTONOMIA 
PATRIMONIAL ENTRE A PESSOA JURÍDICA E SEUS 
SÓCIOS/ADMINISTRADORES SE FICAREM CARACTERIZADOS DOIS 
REQUISITOS: 
1. O PREJUÍZO CAUSADO À OUTRA PARTE 
2. FRAUDE, CONFUSÃO PATRIMONIAL OU ABUSO DE DIREITO. 
 
- ACERCA DO ABUSO DE DIREITO, COM FULCRO NO ART. 187 DO CÓDIGO CIVIL, 
OCORRE QUANDO FOREM EXCEDIDOS OS LIMITES IMPOSTOS PELO FIM 
SOCIAL/ECONÔMICO DA PESSOA JURÍDICA, OS LIMITES IMPOSTOS PELA BOA FÉ, E 
OS LIMITES IMPOSTOSPELOS BONS COSTUMES. JUSTAMENTE PELO FATO DE SEREM 
NECESSÁRIOS DOIS REQUISITOS PARA QUE OCORRA A DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA, A TEORIA MAIOR PROPORCIONA MAIS SEGURANÇA 
JURÍDICA AOS SÓCIOS/ADMINISTRADORES – É MAIS DIFÍCIL COMPROVAR OS DOIS 
REQUISITOS. 
 
 TEORIA MENOR: ASSIM COMO A TEORIA MAIOR, TEMOS NO DIREITO 
TAMBÉM A CHAMADA TEORIA MENOR. O INSTITUTO DA 
DESCONSIDERAÇÃO PERCORRE DIVERSOS CAMPOS DO DIREITO, 
COMO O AMBIENTAL, DO CONSUMIDOR, EMPRESARIAL E 
TRABALHISTA. A TEORIA MENOR É ENCONTRA PRINCIPALMENTE NO 
DIREITO DO CONSUMIDOR E AMBIENTAL. 
- MAS O QUE É TEORIA MENOR? ELA É UMA FORMA MAIS AGRESSIVA E 
DIRETA PARA LIDAR COM A DESCONSIDERAÇÃO, POIS NÃO TEM COMO 
REQUISITO PRINCIPAL A NECESSIDADE DO DESVIO DE FINALIDADE E 
CONFUSÃO PATRIMONIAL, BEM COMO FRAUDE OU ATO ÍLICITO. BASTA 
APENAS QUE HAJA INSOLVÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA. ESSA TEORIA É MAIS 
BENEFICA PARA CONSUMIDORES E CREDORES, VISTO QUE ATINGE MUITO 
MAIS FACILMENTE O PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS, POIS COMO DITO ANTES 
BASTA SOMENTE O PREJUÍZO DO CREDOR, OU SEJA, A DIFICULDADE DE 
RECEBER O QUE SE DEVE. ADEMAIS, UM ARGUMENTO VÁLIDO NA 
JURISPRUDÊNCIA É DE QUE O RISCO DO NEGÓCIO EMPRESARIAL NÃO PODE 
SER SUPORTADO POR TERCEIROS, SE NÃO OS SÓCIOS E ADMINISTRADORES. 
 
AS CLASSIFICAÇÕES DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA; 
 
 DESCONSIDERAÇÃO INVERSA 
ASSIM COMO TEMOS A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA EM 
FACE EMPRESA-SÓCIO. TEMOS TAMBÉM A POSSIBILIDADE DE HAVER ESSA 
DESCONSIDERAÇÃO ENTRE SÓCIO- EMPRESA. 
• COMO ASSIM? DE MANEIRA CLARA, SERIA A RESPONSABILIZAÇÃO DA 
SOCIEDADE NO TOCANTE ÀS DIVÍDAS OU ATOS PRATICADOS PELO 
SÓCIO, AQUI TAMBÉM SE VALE DO ABUSO DA PERSONALIDADE COMO 
REQUISITO PRINCIPAL E É MUITO USADA NO DIREITO DA FAMILÍA. 
• EXEMPLO PARA FIXAÇÃO: NO CAMPO JURISPRUDENCIAL É COMUM 
TERMOS, INFELIZMENTE, ALGUM DOS CÔNJUGES OU COMPANHEIROS 
QUE, ANTECIPANDO-SE AO DIVÓRCIO OU À DISSOLUÇÃO DA UNIÃO 
ESTÁVEL, RETIRA DO PATRIMÔNIO DO CASAL BENS QUE DEVERIAM 
SER OBJETO DE PARTILHA, INCORPORANDO-OS À PESSOA JURÍDICA 
DA QUAL É SÓCIO E DIMINUINDO, COM ISSO, O QUINHÃO DO OUTRO 
CONSORTE. NESSA HIPÓTESE, PODE-SE VISLUMBRAR A 
POSSIBILIDADE DE O MAGISTRADO DESCONSIDERAR A AUTONOMIA 
PATRIMONIAL DA PESSOA JURÍDICA, BUSCANDO BENS QUE ESTÃO EM 
SEU PRÓPRIO NOME, PARA RESPONDER POR DÍVIDAS QUE NÃO SÃO 
SUAS E SIM DE SEUS SÓCIOS, O QUE TEM SIDO ACEITO PELA FORÇA 
CRIATIVA DA JURISPRUDÊNCIA. 
 
• ESSE INSTITUTO ESTÁ PREVISTO PELO ART.50 NA NOVA REDAÇÃO EM 
SEU INCISO 3º E NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL NO ART. 133. 
ART. 133. O INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
SERÁ INSTAURADO A PEDIDO DA PARTE OU DO MINISTÉRIO PÚBLICO, 
QUANDO LHE COUBER INTERVIR NO PROCESSO. CPC 
§ 1º O PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
OBSERVARÁ OS PRESSUPOSTOS PREVISTOS EM LEI. 
§ 2º APLICA-SE O DISPOSTO NESTE CAPÍTULO À HIPÓTESE DE 
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 
 
 DESCONSIDERAÇÃO INDIRETA; 
 
• ESTÁ RELACIONADA AOS GRUPOS ECONÔMICOS. NESSE HIPOTESE SE 
ESTENDE A RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL OU EFEITOS DE 
FALÊNCIA PARA AS OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS DAQUELE GRUPO. 
ESSES GRUPOS ECONÔMICOS SÃO AS FAMOSAS HOLDING´S QUE 
ESTUDAMOS NA ECONÔMIA POLÍTICA. AQUI, TEMOS UMA 
RESPONSABILIZAÇÃO NÃO DE PESSOA JURÍDICA À PESSOA FISÍCA. 
MAS SIM DE PESSOA JURÍDICA À PESSOA JURÍDICA. 
• EXEMPLO PARA FIXAÇÃO: FALANDO HIPOTETICAMENTE, SE UMA DAS 
EMPRESAS INCLUÍDA NAS HOLDING´S DE AMAZON, A ALEXIA, POR 
EXEMPLO, VIESSE A SE TORNAR INSOLVENTE POR ALGUMA FRAUDE. 
CONSEQUENTEMENTE A AMAZON OU QUALQUER SUB-EMPRESA DA 
AMAZON, PODERIA VIR A SER RESPONSABILIZADA NA RELAÇÃO 
OBRIGACIONAL. 
• EXPRESSO LEGALMENTE NO ARTIGO 50.§ 4º. 
 
 
 DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA 
 
• TEMOS TAMBÉM A DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA, QUE É UTILIZADA 
PARA ALCANÇAR SÓCIOS OCULTOS OU EX-SÓCIOS QUANDO 
NECESSÁRIO, QUE SE UTILIZAVAM DA CRIAÇÃO DE NOVAS PESSOAS 
JURÍDICAS PARA SE ESQUIVAREM DE DÍVIDAS E PENALIDADES 
IMPOSTAS ÀS PESSOAS JURÍDICAS DAS QUAIS ERAM SÓCIOS 
ANTERIORMENTE. 
• EXEMPLO PARA FIXAÇÃO: SUPONHAMOS O CASO EM QUE ALBERTO E 
ROBERTO SÃO SÓCIOS EM UM DETERMINADO NEGÓCIO (A SAPATARIA 
AR LTDA.). OS DOIS, UTILIZANDO-SE DA PESSOA JURÍDICA, COMPARAM 
SEUS CARROS POR MEIO DA EMPRESA (OS CARROS DE AMBOS ESTÃO 
REGISTRADOS EM NOME DA SAPATARIA). DETERMINADO DIA, APÓS 
RECEBEREM DIVERSAS COBRANÇAS DOS CREDORES, OS SÓCIOS 
RESOLVEM ABANDONAR O NEGÓCIO, DISSOLVENDO 
IRREGULARMENTE A PESSOA JURÍDICA CRIADA. NO DIA SEGUINTE, 
CRIAM UMA NOVA PESSOA JURÍDICA, COM O MESMO OBJETO SOCIAL E 
SITUADA NO MESMO ENDEREÇO, A SAPATARIA RA LTDA. RESSALTE-SE 
QUE TODO O PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS E DA PESSOA JURÍDICA 
ANTERIOR FORAM TRANSFERIDOS PARA O NOVO ENTE COLETIVO, DE 
MODO QUE NEM OS SÓCIOS NEM A EMPRESA ABANDONADA POSSUEM 
PATRIMÔNIO SUFICIENTE PARA ARCAR COM AS DÍVIDAS DEIXADAS EM 
NOME DA SAPATARIA AR LTDA. VÊ-SE, PORTANTO, QUE A 
DESCONSIDERAÇÃO TRADICIONAL DA PESSOA JURÍDICA NESSE CASO 
NÃO SERIA SUFICIENTE PARA SATISFAZER OS CREDORES. NESSAS 
CIRCUNSTÂNCIAS, OS CREDORES PODEM REQUERER A 
DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA DA PERSONALIDADE JURÍDICA PARA 
ATINGIR O PATRIMÔNIO DA NOVA PESSOA JURÍDICA CONSTITUÍDA 
PELOS MESMOS SÓCIOS, NO MESMO ENDEREÇO E COM O MESMO 
OBJETO SOCIAL, EM UMA CLARA TENTATIVA DESTES DE SE 
ESQUIVAREM DA RESPONSABILIDADE PELAS DÍVIDAS DA PRIMEIRA 
SOCIEDADE CONSTITUÍDA. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DO TEMA, PELO STJ: 
(I) NÃO HÁ PRAZO PARA A SUA POSTULAÇÃO: CORRESPONDENDO O PEDIDO 
DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA A DIREITO POTESTATIVO, 
SUJEITO A PRAZO DECADENCIAL, PARA CUJO EXERCÍCIO A LEI NÃO PREVIU PRAZO 
ESPECIAL, PREVALECE A REGRA GERAL DA INESGOTABILIDADE OU DA 
PERPETUIDADE, SEGUNDO A QUAL OS DIREITOS NÃO SE EXTINGUEM PELO NÃO-USO. 
ASSIM, À MÍNGUA DE PREVISÃO LEGAL, O PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA, QUANDO PREENCHIDOS OS REQUISITOS DA MEDIDA, 
PODERÁ SER REALIZADO A QUALQUER TEMPO. PRECEDENTES. (EDCL NO RESP 
1401234/CE, REL. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, JULGADO EM 
01/09/2015, DJE 08/09/2015). 
 
(II) POSIÇÃO DO STJ SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DA DESCONSIDERAÇÃO EM 
RELAÇÃO AO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: 4. SENDO ASSIM, O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
RESPONDE PELA DÍVIDA DA FIRMA, SEM NECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DO 
PROCEDIMENTO DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (ART. 50 DO 
CC/2002 E ARTS. 133 E 137 DO CPC/2015), POR AUSÊNCIA DE SEPARAÇÃO 
PATRIMONIAL QUE JUSTIFIQUE ESSE RITO. (RESP 1682989/RS, REL. MINISTRO 
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, JULGADO EM 19/09/2017, DJE 09/10/2017). 
 
(III) POSIÇÃO DO STJ SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DA APLICAÇÃO DA TEORIA DA 
DESCONSIDERAÇÃO ENVOLVENDO SOCIEDADE COM SÓCIO DE RESPONSABILIDADE 
ILIMITADA: “V - NAS SOCIEDADES EM QUE A RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS 
PERANTE AS OBRIGAÇÕES SOCIAIS É ILIMITADA, COMO OCORRE NAS SOCIEDADES 
SIMPLES (ART. 1023 DO CC/02), NÃO SE FAZ NECESSÁRIA, PARA QUE OS BENS 
PESSOAIS DE SEUS SÓCIOS RESPONDAM PELAS SUAS OBRIGAÇÕES, A 
DESCONSIDERAÇÃO DA SUA PERSONALIDADE. DOUTRINA. (RESP 895.792/RJ, REL. 
MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, JULGADO EM 
07/04/2011, DJE 25/04/2011). 
 
 
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FAÇA O QUE VOCÊ PUDER. 
- ARTHUR ASHE’’ 
 
 
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