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Resenha sobre_Case Harvard - TRIBUTAÇÃO DE TAXAS DE PERFORMANCE Sistema Constitucional Tributario

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CASO: P-56 DATA: 05/08/2008
TRIBUTAÇÃO DE TAXAS DE PERFORMANCE
INTRODUÇÃO
O Congresso ameaçou aumentar de 15% para 35% a taxa de imposto sobre os rendimentos dos sócios em empresas de participações privadas, empresas de capital de risco e para algumas parcerias no mercado imobiliário e em empresas de petróleo e gás. Os sócios dessas empresas recebem uma parte, geralmente 20%, chegando a 30% ou 40% em algumas empresas de elite, do ganho sobre os investimentos acima de uma marca alta predeterminada, com o restante sendo direcionado aos sócios e investidores externos. A taxa de 20% no empreendimento era, tipicamente, maior do que o investimento de capital próprio dos sócios, de modo que tal taxa não representa um retorno. Os juros econômicos eram conhecidos como taxa de performance ou “sweat equity”, conforme alguns dos envolvidos na indústria o chamam. Historicamente, a taxa de performance foi tratada como um ganho em longo prazo e tributado conforme as taxas de 15% para o ganho de capital respectivo. A legislação aprovada pela House of Representatives (equivalente à nossa Câmara de Deputados) em 2007, pelo contrário, trata a taxa de performance como uma receita comum, a qual é tributada em 35%.
Victor Fleischer, professor de Direito na Universidade de Illinois - Chicago, testemunhou em uma audiência no Congresso: “Esta peculiaridade na legislação tributária é o que permite que alguns dos trabalhadores mais ricos do país paguem baixos impostos.1 Em seu blog, o professor de economia da Universidade de Harvard ,Greg Mankiw, citou economista e colunista Paul Krugman, que havia perguntado: Por que Henry Kravis, em seus honorários, paga uma taxa menor do que eu pago sobre os royalties do meu livro?” Mankiw respondeu: Em ambos os casos, uma pessoa (gestor de investimentos, autor) está se esforçando hoje por um retorno de risco, o qual virá em algum momento no futuro. O tratamento tributário deve ser o mesmo nos dois casos”.2
Douglas Lowenstein, presidente da Private Equity Council, argumentou: ― “A proposta iria desfazer décadas de uma legislação já estabelecida sobre tributação de sociedades e cria um novo padrão que reserva as taxas de ganhos de capital apenas para aqueles com meios para investir em uma empresa. O Congresso não deveria aumentar os impostos do capital privado em 130% criando, assim, o risco de que alguns dos benefícios dessa atividade econômica sejam desencorajados. Os sócios que “investem seu tempo e esforço para, por conta própria, agregar
1 International Herald Tribune, 22 de setembro de 2007.
2 http://gregmankiw.blogspot.com, 19 de julho de 2007.
O professor David P. Baron preparou este caso a partir de fontes públicas como base para uma discussão em sala, a fim de ilustrar o tratamento eficaz ou ineficaz de uma situação administrativa.
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valor a um ativo” estão legitimamente pagando a menor taxa de ganhos de capital sobre os lucros resultantes do investimento.3
Contexto
Alguns críticos do atual tratamento tributário, incluindo sindicatos, se opuseram às empresas de participação privada, pois os empregos eram frequentemente eliminados quando as empresas adquiridas eram reestruturadas. Outros críticos citaram os altíssimos rendimentos dos sócios de empresas de participação privada. Stephen A. Schwarzman, co-fundador do Blackstone Group, ganhou US$684 milhões em 2006 e realizou uma festa de aniversário que custou US$3 milhões. A festa incluiu shows de Martin Short e Patti LaBelle. O Blackstone veio a público em junho de 2007 com uma capitalização de mercado no valor de US$33 bilhões, e a participação de Schwarzman foi avaliada em US$7,5 bilhões. O projeto de lei para aumentar o imposto sobre a taxa de performance foi apresentado na Câmara um dia após o pronunciamento público de Blackstone.
O senador Gordon Smith (R-OR) criticou seus colegas: “Parece-me que fomos trazidos a esta sessão por conta do estilo de vida extravagante de uma pessoa.”4 A ameaça legislativa, no entanto, não foi devida à extravagância, mas sim a um problema não relacionado. A ameaça se deu graças a uma falha na legislação tributária da renda pessoal e uma promessa de “pagamento imediato” feita pelos congressistas Democratas. A falha foi o imposto mínimo ajustado (AMT) o qual ameaçava uma carga tributária adicional para 23 milhões de contribuintes. Em 1968, o AMT havia sido promulgado a fim de garantir que indivíduos ricos não conseguissem evitar o imposto sobre a renda pessoal. A falha foi que a renda na qual o AMT entrou em vigor não foi ajustada pela inflação. Se o Congresso não agisse, a renda de isenção do AMT cairia de US$62.550 em 2006 para US$45.000 em 2007 para os contribuintes de declaração conjunta, com aumento médio de impostos estimados em US$ 2.000 por contribuinte. A maioria dos membros do Congresso consideravam o AMT desnecessário e um risco político e, sendo assim, queriam eliminá-lo.
Em 1990, o Congresso aprovou uma regra de “pagamento imediato” em um esforço bipartidário para reduzir o déficit orçamentário. A casa começou a dispensar tal regra no final da década de 1990, e em 2002, quando controlado pelos Republicanos, o Congresso permitiu sua extinção.5 Quando os democratas se tornaram a maioria em ambas as câmaras, em 2006, eles ressuscitaram a disposição legal de “pagamento imediato”, a fim de demonstrar a sua responsabilidade fiscal, à luz da alegação de um gasto descontrolado realizado pelo Congresso Republicano.6 A norma exigia que qualquer receita fiscal perdida com a redução ou eliminação do AMT seria composta por aumentos na receita de outros impostos.
Legislação
Charles Rangel (D-NY), o novo presidente do House Ways and Means Committee (Comitê de Meios da Câmara), introduziu a principal legislação da reforma tributária, por meio da Lei de Redução e Reforma Tributária de 2007. O projeto de lei de US$796 bilhões (após 10 anos) previa a revogação permanente do AMT e uma redução da taxa de imposto sobre os lucros das empresas, de 35% para 30,5%.7 Para compensar a perda de receita, a lei tributaria a taxa de performance em 35% e iria impor uma sobretaxa de 4% aos rendimentos individuais superiores a US$ 150 mil e US$ 200 mil para casais com declaração conjunta.
3 Daily Deal/The Deal, 26 de outubro de 2007
4 Los Angeles Times, 19 de setembro de 2007.
5 Wall Street Journal, 9 de novembro de 2007.
6 A dispensa requer a maioria no Senado, e na Câmara tanto a maioria e aprovação por parte da liderança Democrata. (Wall Street Journal, 9 de novembro de 2007).
7 Rangel argumentou que o imposto de renda dos EUA era muito alto e feria a competitividade do país.
Tributação de Taxas de Performance P-56
p. 4
 O projeto eliminaria, ainda, uma taxa de imposto especial para os fabricantes, não permitindo, para efeitos fiscais, a utilização do método de contabilidade LIFO para estoques e certas deduções associadas com os lucros estrangeiros não tributados.
Os democratas chamaram o projeto de “mãe de todas as revisões de impostos” e os Republicanos o rotularam como
“mãe de todos os aumentos de impostos”, uma vez que a regra de “pagamento imediato” exigiaque a receita fiscal perdida fosse composta por aumentos de impostos. A comunidade empresarial em geral aplaudiu as disposições, eliminando o AMT e reduzindo a taxa de tributária empresarial. Por outro lado, se opôs aos aumentos de impostos.
O governo Bush era contra qualquer aumento de impostos. O Secretário do Tesouro, Hank Paulson, argumentou que um aumento de impostos iria “ferir a capacidade de competição de nossas empresas e trabalhadores, considerando uma economia global. A proposta de taxa adicional sobre a renda individual iria onerar milhões de pequenas empresas e prejudicar a criação de emprego.9 O Representante Jim McCrery (R-AL), líder da minoria do Ways and Means Committee, disse que Rangel estava explorando o AMT para “bloquear o Congresso em um sistema que garante um aumento dos impostos na casa dos US$3,5 trilhões em 10 anos. Isso prejudicará a competitividade da nossa nação, além de nos custar empregos americanos.10
A Disposição Legal da Taxa de Performance
O maior imposto sobre a taxa de performance aumentaria US$25,7 bilhões ao longo de 10 anos. O Diretor do Congressional Budget Office (Escritório de Orçamento do Congresso) Peter R. Orszag disse: ― A maioria dos economistas deveria enxergar pelo menos uma parte, senão todo, a taxa de performance como uma compensação baseada no desempenho para os serviços de gerenciamento ... em vez de um retorno sobre o capital financeiro investido por esse tal parceiro”. Alan Auerbach, professor de economia da Universidade da Califórnia – Berkeley, estima que o aumento de impostos proposto sobre a taxa de performance, provavelmente, não diminuiria os ativos dos planos de previdência por mais de 2 pontos-base por ano, nem aumentaria o custo de sociedade por mais de 20 pontos-base considerando o mesmo período de tempo. Ele afirmou, ainda: “ Se metade do aumento dos impostos fosse direcionada aos investidores, essa carga tributária implicaria uma redução de, no máximo, 2 pontos-base ou menos, no rendimento anual desses ativos de fundos de pensões.”11
A indústria de participações privadas havia antecipado a ameaça ao tratamento fiscal da taxa de performance e começou a contratar especialistas e lobistas. Empresas de participações privadas gastaram US$5,5 milhões na contratação de lobistas, apenas no primeiro semestre de 2007. A Blackstone pagou à Ogilvy Government Relations um total de US$3,74 milhões durante a primeira metade de 2007.12 Mais de 20 empresas de lobbying estavam trabalhando para a indústria, a mesma que contratou ex-membros do Congresso e do governo Clinton para realizar o lobby contra o aumento de impostos. Peter G. Peterson da Blackstone e David M. Rubenstein do Carlyle Group pressionaram, pessoalmente, os membros do Congresso. Lisa McGreevy, lobista-chefe da Managed Funds Association, disse: ― Eu já realizei mais de 250 reuniões no Capitólio e tenho capacidade de provar.13 
8 O adicional em pessoal de alta renda foi estimado em aumentar as receitas fiscais em US$634 bilhões em 10 anos.
9 Financial Times, 26 de outubro de 2007.
10 Daily Deal/The Deal, 26 de outubro de 2007.
11 Pensions and Investments, 17 de setembro de 2007.
12 Blackstone também estava lutando contra um projeto de lei que proibiria a listagem nas bolsas para as sociedades que não pagam
imposto de renda de pessoa jurídica. (Financial Times, 01 de novembro de 2007). Outra disposição seria tributar tais empresas à taxa de 35%.
13 Financial Times, quinta-feira, 1 de novembro de 2007.
Os gestores de capital também contribuíram para as campanhas do Congresso, uma vez que os fundos de cobertura contribuíram com US$4,4 milhões, sendo que 77% deste montante foi direcionado aos Democratas. As empresas de capital de risco contribuíram com US$6,3 milhões, a maioria para os Democratas, de acordo com o Congressional Quarterly (relatório Trimestral do Congresso).14 Alguns funcionários dos membros do Congresso alertaram que o intenso lobby da indústria de participação privada estava criando inimigos no Capitólio. De acordo com o Financial Times, o Private Equity Council e a Managed Funds Association “tendem a culpar um ao outro pelos mals olhos voltados à reputação da indústria”.15
Bruce Rosenblum, diretor-gerente do Carlyle Group e presidente do Private Equity Council composto pela Blackstone, Carlyle e outras nove empresas, disse que “outra possível consequência é que as empresas americanas se tornem menos competitivas com as empresas de participação privada estrangeiras, e até mesmo com governos estrangeiros que tenham enormes possibilidades de investimento”. Enquanto governos do mundo todo estão se esforçando para tornar seus sistemas fiscais mais competitivos, a fim de atrair capital estrangeiro e desafiar o domínio dos EUA, este Congresso está considerando uma proposta que vai no sentido oposto.16
A Câmara de Comércio dos EUA ecoou essa posição. A Câmara afirmou que o aumento do imposto sobre a taxa de performance afetaria 15,5 milhões de americanos em 2,5 milhões de sociedades.17 Russell Read, diretor de investimentos da CALPERS, que possuía uma participação de US$17,5 bilhões em participações privadas, disse, referindo-se a um aumento de impostos: ― Minha expectativa pessoal é que este será um fator. Porém, o quão grande realmente será, é difícil de saber.18 A CALPERS não tomou nenhuma posição sobre a questão da tributação de taxas de performance e o mesmo aconteceu com a National Conference on Public Employee Retirement Systems (Conferência Nacional dos Sistemas de Aposentadoria de Funcionários Públicos -NCPERS). A NCPERS havia, inicialmente, se colocado contra o aumento do imposto sobre taxas de performance, porém, retirou sua oposição pois “uma maioria de nossos membros não compartilham dessa opinião.”
Outros também foram ativos. A Real Estate Roundtable (Mesa redonda do Mercado Imobiliário) escreveu aos membros do Congresso e testemunhou nas audiências. Adam Ifshin, presidente da DLC Management, uma empresa de desenvolvimento imobiliário, afirmou perante o House Ways and Means Committee, por escrito, que “o projeto representa uma barreira à entrada daqueles que trazem as ideias, o know-how e o esforço para os que possuem recursos para investir. O desenvolvimento e o re-desenvolvimento em muitas comunidades iriam, sem dúvida, sofrer as consequências.”19
Em setembro de 2007, o Acesso à Capital Coalition (Aliança de Capital) foi formado por um grupo de minoria e por mulheres gestoras, tendo o apoio financeiro do Private Equity Council. Willie E. Woods, Jr., declarou que “a política atual sobre a taxa de performance tem sido essencial para atrair mulheres e talentos provenientes das minorias, para a indústria, na qualidade de empresas independentes e gestores de fundos. Sua eliminação, por consequência, teria o infeliz efeito de impedir este grande progresso.”20
A oposição empresarial ao aumento do imposto para taxas de performance não era unânime. Leo Hindrey, Jr., sócio-gerente da InterMedia Partners LP, uma empresa de participação privada, afirmou em depoimento perante o House Ways and Means Committee que “a brecha fiscal do tamanho de um caminhão Mack está, exatamente agora, gerando 
14 New York Times, 2 de novembro de 2007.
15 Financial Times, Ibid.
16 Pensions and Investments, 17 de setembro de 2007.
17 Los Angeles Times, sexta-feira, 7 de setembro de 2007.
18 Ibid.
19 Ishin testemunhou a favor do Real Estate Roundtable e do Conselho Internacional de Shopping Centers, muitos dos quais são organizadas como sociedades. Washington Post, 7 setembro de 2007.
20 Washington Post, 07 de setembro de 2007.
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consequências inesperadas e injustas para um grupo privilegiado de gestores de capital e, não é surpresa para ninguém, que essas pessoas estão indo em direção a este rombo de US$12 milhões por ano. O Congresso,a começar por este comitê, precisa tributar o rendimento da gestão de capital – o qual chamamos de taxa de performance - como ele realmente é, uma renda comum, pura e simplesmente.”21 William D. Stanhill, sócio-fundador da Trailhead Investors em Denver, afirmou em depoimento:― “Não acho que seja justo para...os professores e bombeiros subsidiarem incentivos fiscais especiais para mim e para outros investidores de risco. Ou, ainda, para os gestores de participações privadas e fundos de cobertura.”22 Ele também afirmou que uma taxa de imposto mais elevada não afetaria o capital de risco, pois esse setor possui “ampla compensação, financeira e psíquica, para o trabalho que fazem e os riscos que correm.”23
Warren Buffett apoiou um aumento de impostos. Referindo-se a quando geriu uma parceria de investimento, disse 
― “Eu estava administrando o dinheiro para outras pessoas ... acreditem, isso é uma ocupação. Eu acredito que se deve tributar as pessoas sobre a taxa de performance.”24 No início de junho, ele havia dito em um encontro com 400 investidores de risco e gestores de capital, os quais se reuniram com a Senadora Hillary Clinton (D-NY): “Nós aqui (os 400 participantes) pagamos uma parte menor de nossa renda em impostos quando em comparação com nossos recepcionistas - ou nossas senhoras de limpeza, por exemplo. Se você faz parte do 1% mais sortudo, você deve isso ao resto da humanidade e deve pensar sobre os outros 99%”.25
Em outubro, o Service Employees International Union (Sindicato Internacional de Empregados em Serviço) realizou um protesto contra o Carlyle Group por meio de um teatro de rua o qual mostrava executivos como David Rubenstein como “Magnatas no corpo de Gatos Gordos”. Para o Halloween, o sindicato repetiu a performance, incluindo um manifestante vestido como “Homem dos Doces David Rubinstein” que distribuía doces para os lobistas.26
O Professor Fleischer comentou que “o Private Equity Council tem feito um ótimo trabalho utilizando frases de efeito para moldar o debate. Começou como um debate sobre as taxas de imposto pagas por afortunados gestores de capital, e agora trata sobre se a reforma tributária prejudicaria os pensionistas, as minorias, e destruiria o capitalismo tal como o conhecemos”.27
Em setembro, investidores de risco se reuniram para um almoço em Palo Alto, no estado da Califórnia, e Mark Heesen da National Venture Capital Association (Associação Nacional de Capital de Risco - NVCA) alertou o grupo que: “Estamos em uma verdadeira batalha. O NVCA procurou distanciar-se das empresas de gestão de capital”. Emily Mendell, da NVCA declarou: “Nós estamos fazendo distinções entre a natureza em longo prazo de um investimento de capital de risco e a economia em curto prazo empregada por outros fundos. Temos um único argumento: não arbitramos, não fazemos a engenharia financeira, formamos ativos a partir do nada. Nós construímos empresas”. Ted Schlein, sócio da Kleiner Perkins Caufield & Byers e presidente da NVCA, disse: 
― Se o Congresso está levando a sério a promoção de uma agenda de competitividade e inovação e está apoiando novas tecnologias energéticas, deveria, então, ser extremamente cuidadoso antes de aprovar uma legislação a qual irá desencorajar os investimentos nas startups e nas pequenas empresas, os quais são os principais participantes nesta área.” Jonathan Prata, um investidor de risco com a Core Financial Partners, declarou em depoimento perante o House Ways and Means Committee que “empresas em estágio inicial teriam maiores dificuldades de formação e de 
21 Pensions and Investments, 17 de setembro de 2007.
22 Ibid.
23 International Herald Tribune, 22 de setembro de 2007.
24 Financial Times, quinta-feira, 15 de novembro de 2007.
25 Ibid.
26 Mergers and Acquisitions Journal, 1 de dezembro de 2007.
27 New York Times, quarta-feira, 3 de outubro de 2007.
serem financiadas, reduzindo, assim, o número total de empresas baseadas em risco, e, por consequência, ferindo a alma de nosso ecossistema empreendedor.”28
Evolução Legislativa
O Senado estava considerando um projeto de lei para aumentar o imposto sobre a taxa de performance para empresas de participação privada que abriram seu capital. A Blackstone escreveu ao senador John Kerry (D-MA) que o projeto em análise pelo Comitê de Finanças do Senado iria aumentar os impostos do Grupo em US$525 milhões por ano, enquanto os impostos dos sócios aumentaria em US$175 milhões, além de reduzir sua capitalização de mercado em US$10,5 bilhões. O Senador Kerry comparou “executivos de participações privadas com outros empresários que arriscam seu próprio capital e, portanto, merecem tratamento tributário especial”. O Senador Charles Schumer (D-NY) planejou introduzir um projeto de lei que aumentaria os impostos sobre todas as parcerias, não apenas para as que geram taxas de performance.
Em um votação que terminou em 88 a 5, o Senado aprovou seu próprio projeto fiscal, o qual eliminou o ATM para 19 milhões de contribuintes, reduzindo seus impostos em US$51 milhões. O Senado, entretanto, se opôs a qualquer aumento de impostos e renunciou à regra de pagamento imediato. O Líder da Maioria do Senado, Harry Reid (D-NV), decidiu não apertar o imposto sobre a taxa de performance, pois os republicanos haviam ameaçado uma obstrução e os Democratas não seriam capazes de invocar o encerramento e trazer o projeto para votação. O Senador Barack Obama (D-IL) emitiu um comunicado em resposta: “Se, em algum momento, houve dúvida de que os lobistas de Washington na verdade não representam os verdadeiros americanos, isso se deve ao fato de que eles fizeram com que os líderes de ambos os partidos parassem de exigir às empresas de investimento de elite que pagassem uma parcela justa de seus impostos, mesmo que as famílias de classe média lutassem para pagar as suas”.30
O projeto de reforma tributária de Rangel ficou atolada devido à sua complexidade e à necessidade de lidar com a questão do AMT para que o Internal Revenue Service (equivalente à Receita Federal no Brasil) pudesse preparar os formulários de impostos de 2007 para que os reembolsos não atrasassem. Rangel apresentou um projeto para fornecer uma correção de base anual. O projeto de lei de US$76 bilhões iria congelar o AMT por um ano, estender alguns créditos fiscais populares para famílias e aumentar o imposto sobre a taxa de performance.31 Em 1° de novembro, em uma votação cujo resultado por 22 a 13, o Ways and Means Committee aprovou o projeto e o plenário da Câmara, após uma semana, aprovou a lei em uma votação de 216 contra 193. Depois da votação do comitê, Lowenstein do Private Equity Council disse: “Estamos decepcionados com as ações de hoje do comitê, e vamos continuar a nos opor à legislação, visando mudar o tratamento fiscal de taxa de performance. Continuamos esperançosos de que, por fim, esta legislação não seja transformado em lei”.32
Com o tempo passando, a Câmara e o Senado conferiram e concordaram com o congelamento da Casa sobre o AMT, mas esqueceram o aumento do imposto sobre a taxa de performance, enviando o projeto para assinatura do Presidente Bush.
Lisa McGreevy da Managed Funds Association (Associação de Fundos Administrados) comentou que “esta questão 
28 International Herald Tribune, 22 de setembro de 2007.
29 Financial Times, sábado, 25 de agosto de 2007.
30 Mergers and Acquisitions Journal, 1 de dezembro de 2007.
31 O congelamento foi projetado para manter o número de contribuintes sujeitos ao AMT no mesmo nível de 2006. O nível de renda foi de US$66.250 para declarações conjuntas e US$44.350 para contribuintes individuais. Os créditos tributários foram detalhados em
Accounting Today, 17 de dezembro de 2007.
32 Los Angeles Times, domingo, 2 de setembro de 2007.
Este documento é autorizado para utilização somente por Ana Paula Delgado - Universidade Estácio de Sá - até dezembro de 2014. A cópia ou postagem é uma violação dos direitos autorais.
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Continua em pauta e assim ficará até quea reforma tributária principal seja aprovada”.33
Questões de preparação:
1. Avalie a estratégia utilizada pela indústria de participações privadas para lidar com a ameaça de aumento dos impostos sobre a taxa de performance.
2. A indústria de capital de risco deve se unir com a indústria de participações privadas ou deve separar-se dela? Ou seja, é melhor para a indústria de capital de risco se unir à indústria de participações privadas em uma ampla coalizão visando derrotar o aumento dos impostos sobre a taxa de performance ou deveria a indústria de capital de risco perseguir, seja de forma principal ou contingente, um objetivo tal como a tributação realizada como taxas de performance sobre a receita, associada à gestão de capital e de participações privadas, porém sem tributar as taxas de performance sobre investimentos de capital de risco associados à criação de postos de trabalho?
3. Agora que o esforço legislativo de Rangel falhou, a questão das taxas de performance será esquecida?
4. Se o imposto sobre as taxas de performance aumentassem, qual seria o efeito sobre o mercado de capital de risco e das participações privadas? Como as empresas nessas indústrias devem ajustar suas estratégias de mercado?
5. Formule uma estratégia para que a indústria de capital de risco possa lidar com a questão da tributação sobre a taxa de performance.
33 Financial Times, 1 de novembro de 2007.

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