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DISTURBIOS DO SISTEMA DIGESTORIO DE RUMINANTES DIGESTORIO DE RUMINANTES ANATOMIA E FISIOLOGIA: Digestão em ruminantes lactentes: goteira esofágica: sulco entre o cárdia e o orifício reticulo- omasal. - Fechamento reflexo a ingestão de leite formando um canal. - Permite que a alimentação liquida ultrapasse o compartimento ruminal, sem sofrer degradação microbiana OBS: para ocorrer o fechamento é necessário que o leite seja ingerido voluntaria e tranquilamente, e sem exceder a capacidade abomasal. Desenvolvimento dos pré- estômagos: interesse por alimentos fibrosos (feno, capim: 2 semanas de idade - estimulo mecânico da presença de fibras e químico da fermentação de carboidratos são responsáveis pelo desenvolvimento dos pré estômagos. - espessamento da parede com maior capacidade física e de absorção. Funções dos reservatórios gástricos: - rúmen: fermentação microbiana e maceração do alimento - reticulo: separação do alimento retorno (>) ou passagem (<) - omaso: absorção de água/minerais e maceração de alimentos - abomaso: digestão química. Função motora dos pré-estômagos: controlada principalmente pelo nervo vago. - sistema autônomo parassimpático: estimulo para a motilidade. - nervo vago ventral: reticulo, omaso e cárdia. pouco estimulo sobre abomaso, piloro e saco ventral do rúmen. - nervo vago dorsal: inerva principalmente o saco dorsal do rúmen. OBS: ruminantes com neurectomia do vago não sobrevivem (óbito por atonia ruminal). • Ciclo primário de contrações: - contração do reticulo. - contração em sentido caudal, primeiramente saco dorsal do rúmen, e em seguida, do saco ventral. OBS: influencia diretamente a fermentação por misturar o material ingerido, permitir o contato com a microflora e a parede ruminal e macerar ainda mais a matéria particulada. • Ciclo secundário de contrações: - contração em sentido cranial, primeiramente do saco ventral do rúmen, e em seguida, do saco dorsal, empurrando o conteúdo gasoso para a região do cárdia. OBS: permite a eructação desde que ocorra a excitação de receptores proximos ao cárdia (relaxamento), que o cárdia esteja livre de conteúdo sólido ou liquido e que o esôfago esteja apto a funcionar (contrações antiperistálticas). Ruminação: alimentos mastigados e ingeridos chegam ao rúmen e reticulo - maceração e fragmentação do alimento por contrações ruminais e degradação por micro organismos. - retorno do conteúdo ruminal para a cavidade bucal para a nova mastigação, salivação e deglutição - inicio da ruminação: 30 a 90 minutos após a ingestão de alimentos - numero/duração dos ciclos: depende da quantidade e qualidade das fibras ingeridas - 4 a 24 periodos de ruminação/dia com duração de 10-60 minutos por vez. - em média 7 h/dia são gastas com essa atividade. Eructação: descarga dos gases produzidos durante o processo fermentativo no rúmen - produção média de 600 litros de gás/dia: 65% de CO2; 26% de CH4, 7% de N2, 0,056% de O2, 0,18% de H2. OBSTRUÇÃO DO ESÔFAGO ETIOLOGIA: processo obstrutivo esofageano. - massas alimentares, corpos estranhos (caroços, pregos, etc), abscessos (ex: produzido por uma infecção bacteriana) e tumores. PATOGENIA: Obstrução: incapacidade de deglutição/eructação (se o animal não eructa o gás não consegue sair, causando assim aumento do rúmen (timpanismo gasoso). - necrose, estenose, divertículo (como se fosse uma “bolsa”), abcessos pulmonares. SINAIS CLINICOS: obstrução geralmente cervical na entrada do tórax ou pode ocorrer também na base do coração - obstrução aguda: anorexia, inquietação, deglutição forçada, sialorréia, tosse, movimentos de cabeça, timpanismo, impossibilidade de sondar. - obstrução crônica: sem dor, timpanismo crônico, dificuldade de sondar, sialorréia/ saliva pelas narinas, aspiração pulmonar. DIAGNÓSTICO: sinais clínicos, sondagem orogástrica, radiografia. - endoscopia: esofagoscopia. TRATAMENTO: Retirada do corpo estranho. De forma manual ou por sonda, ou cirúrgico. OBS: complicação secundaria comum → estenose esofágica. - Tratamento cirúrgico: ESOFAGOTOMIA: abertura e fechamento cirúrgico do esôfago - pré operatório: - Corrigir o desequilíbrio hidroeletrolítico. - antibióticoterapia profilática: ampicilina – 20 mg/kg. - intubação traqueal e anestesia geral: possível a campo. - sondagem esofágica e exame radiológico. - técnica cirúrgica: esôfago cervical - pele: incisão mediana- ventral do pescoço. - incisão ou divulsão romba de subcutâneo - rebater musculatura e traquéia para a direita - isolar o esôfago com compressas úmidas - esôfago pode ser identificado e imobilizado por sonda - incisão longitudinal em tecido sadio: - sobre a obstrução? Porque ? não se corta sobre a obstrução porque está necrótico o local. - se houver tecido necrótico ou perfurações deve ser feita ressecção e anastomose. - sutura da mucosa/ submucosa: pontos simples separados com fio monofilamentar não absorvível 3-0 ou 4-0 com nós intraluminais. - sutura da adventícia/muscular: idem e nós extraluminais. - lavar a ferida cirúrgica com salina morna. - retornar a traquéia a posição anatômica. - músculos rebatidos: sutura fio absorvível (3-0 ou 4-0) simples continua. - sutura da pele com fio não absorvível (monofilamentar 3-0 ou 4-0) com pontos simples separados. - técnica cirúrgica: esôfago torácico - metodologia igual a cervical. - acesso diferenciado de acordo com a localização. - entre a entrada do tórax e a base do coração: acesso 4º EIC esquerdo. - na base do coração: acesso 5º EIC direito ou esquerdo. - entre coração e estomago: acesso 8º ou 9 EIC esquerdo. Ruminotomia. - pós operatório: antibioticoterapia de amplo espectro. - Curativo local. - jejum total de 24-48 horas, jejum sólido por 5-7 dias. - retirada dos pontos da pele: 8 a 10 dias. INDIGESTÃO VAGAL ANATOMIA E FISIOLOGIA: A função motora dos pré-estomagos é controlada principalmente pelo nervo vago: - sistema autônomo parassimpático: estimulo para a motilidade - nervo vago ventral: reticulo, omaso e cárdia. Pouco estimulo sobre abomaso, piloro e saco ventral do rúmen. - nervo vago dorsal: inervação do saco dorsal do rúmen. Estimulo baixo sobre reticulo, omaso e abomaso. OBS: ruminantes com neurectomia do vago não sobrevivem → óbito por atonia ruminal. DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA - sinônimo: síndrome de Hoflund. - conjunto de sinais clínicos secundários à lesão primaria do nervo vago causando atonia/hipotonia ruminal. PATOGENIA I. Falha no transporte omasal: estenose funcional anterior. - lesão do nervo vago que promove paralisia do omaso levando a: acumulo de material ingerido em rúmen e reticulo, com distensão ruminal de todo o flanco esquerdo e do flanco ventral direito (abdômen em “L” ou em forma de “pêra/maça”). - principais causas: reticulo- peritonite traumática, abscessos, aderências, peritonite, neoplasias. - sinais clínicos: dilatação abdominal em “L”. Diminuição do volume fecal. Desidratação. Inicialmente hipermotilidade ruminal (somente ondas cíclicas secundárias), seguida de atonia ruminal. II. Falha no esvaziamento pilórico: estenose funcional posterior. - Sinais clínicos: distensão abdominal, inicialmente somente omaso e abomaso, com posterior dilatação de rúmen e reticulo. - hipomotilidade ou atonia ruminal. Desidratação. Alta concentração de cloretos no liquido ruminal. Alcalose metabólica hipoclorêmica. TRATAMENTO: tratar a causa primaria - terapia de suporte: correção hidroelétrolitica, promotores de motilidade. - ruminotomia exploratória. - ruminostomia permanente: - fistula do rúmen, - animal em estação, - acesso: fossa paralombar esquerda - tratamento cirúrgico: RUMINOSTOMIA (fistulação do rúmen) - pré operatório: animal em estação - acesso paralombar esquerdo - anestesia local: “L” invertido, paralombar ou na linha de incisão (*circular). Desenhar uma área circular imediatamente ventral ao processo transverso da vértebra lombar com mais ou menos 10 cm de diâmetro e fazer a anestesia local. - tricotomia e antissepsia. - técnica cirúrgica: - retirar pedaço circular de pele: mais ou menos 4 cm de diâmetro. - músculos abdominais e peritônio: dissecação romba. O rúmen deve ficar exposto, se não for possível retirar um pouco de musculatura. - exposição e fixação ruminal: necessário apenas 4 pontos de fixação → sutura rúmen/ pele. - retirada da porção central do rúmen exposto. - suturar a borda incisionada do rúmen na pele: ponto simples separado, fio inabsorvivel, a fistula formada deve ter 2-3 cm de diâmetro. As camadas musculares funcionam como válvulas controlando vazamento do conteúdo ruminal. A sutura de fixação deve ser liberada. - pós operatório: anti-inflamatório não esteróide, curativo local. INTUSSUSCEPÇÃO DEFINIÇÃO: - a intussuscepção ou invaginação intestinal é uma condição em que um segmento do intestino invagina-se no segmento imediatamente seguinte. SINAIS CLINICOS: - desconforto agudo, depressão, distensão abdominal, anorexia, desidratação, redução das fezes. - “ping” na auscutação, fezes com sangue e muco após 12 horas, melena. PATOLOGIA CLINICA E DIAGNÓSTICO: - hemoconcentração com aumento de hematócrito, de proteína plasmática total de leucócitos. - gangrena e endotoxemia. - liquido peritoneal com fibrina DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - ulcera abomasal, vólvulo de raiz do mesentério, hérnia inguinal estrangulada: melena e distensão abdominal. TRATAMENTO: - tratamento cirúrgico: LAPAROTOMIA: ENTERECTOMIA/ENTEROANASTOMOSE - técnica cirúrgica: enterectomia - posicionameno do clamp intestinal. - ligadura dos vasos que irrigam a porção a ser seccionada. - ressecção da porção desvitalizada. - técnica cirúrgica: enteroanastomose - mucosa: sutura simples continua com fio absorvível (vycril 2-0) - seromuscular: sutura invaginante (cushing ou lembert) com fio absorvível (Vycril 2-0). - tipos de anatomose: - término- terminal: utilizada em alças intestinais de mesmo calibre, anastomose de intestino delgado. - término- lateral: utilizada em alças intestinais de calibre diferentes, anastomose de intestino delgado em grosso. . - látero- lateral: utilizada em alças intestinais dispostas paralelamente ou sobrepostas. - pós operatório: antibioticoterapia de amplo espectro, fluidoterapia, AINES, retorno gradual a alimentação,NÃO estimular a motilidade intestinal. - complicações: contaminação da cavidade (peritonite), aderências, estenoses. VÓLVULOS OU TORÇÕES VOLVULO DA RAIZ DO MESENTÉRIO DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA: - torção do ID ao redor de seu eixo em até 360º: esporádica, mas de maior ocorrência em vacas leiteiras. - após o rolamento: tratamento para DAE ou torção de útero SINAIS CLINICOS: - dor aguda, depressão, distensão abdominal bilateral simétrica, desidratação, anorexia, redução das fezes. - “ping” na auscutação e melena. - alteração de postura. TRATAMENTO: - tratamento cirúrgico: punção intestinal para esvaziamento de alças. - acesso: laparotomia pelo flanco direito. -pós operatório: antibioticoterapia, fluidoterapia, anti-inflamatório: flunixin meglumine: 1mg/kg/IV/SID. TORÇÃO DO CECO E DA ALÇA PROXIMAL DO COLON ASCENDENTE → VOLVULO CECO- CÓLICO DEFINIÇÃO: Dilatação e deslocamento do ceco e da alça proximal do colon ascendente podendo causar severo compromisso vascular: geralmente ocorre rotação do ceco ao longo de seu eixo longitudinal. PATOGENIA: - vacas leiteira em lactação= excesso de concentrado - maior produção de AGV - diminuição do Ph - atonia ou hipomotilidade cecal - secundaria a mastite, metrite e DAE: alterações sistêmicas que levam a casos de hipomotilidade. SINAIS CLINICOS: - dor abdominal, queda na produção leiteira, taquicardia, hipomotilidade ou atonia, “ping” em toda a região abdominal, diminuição das fezes, palpação: alças distendidas. DIAGNÓSTICO: - sinais clínicos - diferencial: dilatação cecal, DAD, vólvulo abomasal TRATAMENTO: - laparotomia pelo flanco direito - triflotomia ou tiflectomia parcial - pós operatório: flunixin meglumine: 1mg/kg/IV/SID. PROLAPSO DE RETO DEFINIÇÃO: - evaginação da mucosa e estruturas do reto. - ocorre com maior freqüência em ovinos e suínos. ETIOLOGIA: - esforço excessivo ou tenesmo: diarréia, parasitismo, tosse crônica e parto distócico. PATOGENIA: - exposição da mucosa causa irritação e edema= piora. - comprometimento da drenagem venosa= mais edema. CLASSIFICAÇÃO - tipo I: tumefação de submucosa. - tipo II: tumefação de submucosa e mucosa. - tipo III: prolapso total do reto. - tipo IV: prolapso total de reto e cólon descendente. TRATAMENTO: - conservativo para os tipos I e II: - limpeza: água e sabão. - redução do prolapso: vaselina (+ açúcar/inchaço). - sutura em bolsa de tabaco + injeção perianal de substancias irritantes (iodo %). - antibióticos de amplo espectro. - AINES. - cirúrgico para os tipos III e IV: - indicação: mucosas congestas e desvitalizadas: longo tempo de evolução - ressecção de mucosa + amputação de reto - técnica cirúrgica: amputação do reto - sondar o canal o retal localizando o esfíncter anal - colocação e pontos de ancoragem: evitar retração para a cavidade abdominal após ressecção. 4 pontos em cada quadrante ou atravessamento agulha. - amputar o reto distal a ancoragem. - pinçar e ligar os vasos com sangramento - suturar camadas internas e externas do reto: sutura interrompida com fio absorvível. - sutura em bolsa de tabaco. - soltar a ancoragem e reduzir o prolapso (se necessário). - pós operatório: antibioticoterapia de amplo espectro. – AINES - manejo alimentar: manter a defecação pastosa evitando esforço. - limpeza da ferida cirúrgica - remoção da sutura bolsa de tabaco após 48 horas - complicações: estenose, ruptura das suturas, recidivas. ENFERMIDADES CIRURGICAS DO TRATO GENITOURINARIO CRIPTORQUIDISMO DEFINIÇÃO:- Falha na descida dos testículos para o escroto: ficam retidos na cavidade abdominal ou canal inguinal. ETIOLOGIA: - Falha funcional no gubernaculo: responsável pela descida dos testículos até a bolsa escrotal - Tamanho do canal inguinal ou testicular. Problema geneticamente transmissível OBS: normalmente ambos os testículos apresentam-se na bolsa escrotal até 10 dias após o nascimento. CLASSIFICAÇÃO - Com relação a localização: inguinal, abdominal, abdominal incompleto. - Com relação ao envolvimento: unilateral, bilateral. OBS: criptorquidico é diferente de monorquidico → ausência de um dos testículos. PREVALENCIA: - Maior em percheron e quarto de milha. E menor em puro sangue inglês. - Ocorrência maior de casos unilaterais (86%) do que bilaterais (14%). - Retenção unilateral esquerda (54%): 76% abdominal - Retenção unilateral direita (32%): 76% inguinal PATOLOGIA: Testículo retido fica menor, mais macio e estéril: espermatogênese inibida pela elevação de temperatura. DIAGNÓSTICO: - Palpação escrotal, palpação do anel inguinal interno via retal. - Exame ultrassonografico: via retal ou inguinal. - Exame laparoscópico. - Analise hormonal: testosterona: dosagem com 86 a 95% de acuracia. - Adultos: presença de tecido testicular: 100 pg/ml - Ausência de tecido testicular: 40 pg/ml. - Jovens (< 18 meses): presença: > 44 pg/ml - Ausência: < 24 pg/ml. - Estimulação por HCG (teste de Cox): acuracia de 94,6 % - Coleta de amostra de soro. - Administração IV de 6 mil a 12 mil UI de HCG: estimula a produção de testosterona. - Nova coleta de soro após 30 a 12 min da aplicação - Resultados: animais com tecido testicular: (testosterona) > 100 pg/ml - Animais sem tecido testicular: sem aumento na produção. - Dosagem de estrógeno conjugado: acuracia de 96% - Somente pode ser realizado em animais com mais de 3 anos de idade. - Resultados : castrados: < 50 pg/ ml - Criptorquidas: > 400 pg/ml. TRATAMENTO: - tratamento cirúrgico: ORQUIECTOMIA - Acesso inguinal: menos invasivo - Acesso parainguinal - Laparascopia: minimamente invasivo - técnica cirúrgica: acesso inguinal - anestesia geral, decúbito dorsal, tricotomia e antissepsia. - incisão sobre o anel inguinal superficial: 12 a 15 cm. - dissecção romba com os dedos fáscia inguinal subcutânea até o anel inguinal interno. - abertura da túnica vaginal comum e retirada do testículo - sutura do canal inguinal interno: fio absorvível nº 2 ou 3 - sutura do canal inguinal externo: pontos simples interrompidos com absorvível nº 2 - sutura de pele. - Técnica cirúrgica: Acesso parainguinal: - indicação: não localização do testículo no canal inguinal. - Incisão sobre a aponeurose dos músculos obliquo abdominal externo e interno: 1-2 cm medial ao anel inguinal. - Incisão do peritônio. - Localização e exteriorização do testículo: orquiectomia. - Sutura dos músculos oblíquos abdominais com fio absorvível sintético. Sutura de pele. PARAFIMOSE DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA: - incapacidade de retrair o pênis para o interior do prepúcio - principais causas: edema prepucial (lesões), lesão em nervos pudendos ou músculo retrator do pênis → paralisia de pênis, cicatriz, administração de doses altas de fenotiazinicos. TRATAMENTO: - tratamento clinico: manter o pênis dentro do prepúcio. – AINES - gelo, compressão, ducha. - tratamento cirúrgico: circuncisão, amputação parcial ou total do pênis. NEOPLASIAS CONSIDERAÇÕES GERAIS: pênis: segundo local mais acometido por neoplasias. Principais tumores: carcinoma de células escamosas, papilomas, sarcoide, melanomas, mastocitomas e hemangiomas. OBS: a maioria das neoplasias acomete animais com pênis despigmentado. SINAIS CLINICOS: - pequenas ulceras. - placas queratinizadas - aspecto de couve- flor + áreas necróticas e hemorrágicas - não exposição do pênis (parafimose) TRATAMENTO:- ressecção cirúrgica - amputação peniana OBS: prognóstico reservado. POSTITE/ VULVITE ULCERATIVAS ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - sinônimos: podridão do prepúcio, podridão da vulva, balanopostite enzoótica. - infecção pelo Corynebacterium renale associada a níveis elevados de uréia na urina. - típicas em alimentação com rações ricas em proteínas. - acomete ovinos e caprinos sendo mais comum em machos. - mais comum em carneiros da raça merina: maior quantidade de lã ao redor do prepúcio → acumulo de amônia, devido a degradação da uréia pelo C. renale, levando ao aparecimento de lesões ulcerativas. SINAIS CLINICOS NOS MACHOS: - lesões em torno da abertura prepucial: ulceras que podeem ou não estar recobertas por crostas e exsudato de coloração acastanhada. - a remoção das crostas resulta pequenos sangramentos e se não tratadas podem obstruir a abertura prepucial. - infecção da mucosa prepucial: torna a doença mais séria e debilitante= espessamento prepucial, secreção com odor fétido e disúria. SINAIS CLINICOS NAS FÊMEAS: - inicialmente bolhas sob a cauda e na comissura ventral da vulva com formação de crostas com coloração amarelada e acastanhada TRATAMENTO: - isolamento de animais afetados. - redução na (proteínas) na ração. - remoção de pelos e lã ao redor do prepúcio. - debridamento da região ulcerada. - tratamento tópico: pomadas com antibióticos: bacitracina - sulfato de cobre a 5- 10% em intervalos semanais. CIRCUNCISÃO DO PÊNIS - técnica cirúrgica: - anestesia geral, decúbito dorsal, antissepsia - cateterização da uretra e torniquete. - incisões de pele circunferenciais na posição cranial e caudal a lesão - dissecção superficial da fascia do pênis e retirada do tecido entre as duas incisões - ligadura dos vasos subcutâneos - união das bordas com pontos simples separados: sempre com fio absorvível. AMPUTAÇÃO DE PÊNIS - técnica cirúrgica: - anestesia geral, decúbito dorsal, antissepsia - cateterização da uretra e torniquete. - incisão triangular da pele no aspecto ventral do pênis: ápice do triangulo em direção caudal, 3 cm da base e 4 cm do lado. - retirada de tecido conectivo no interior do triângulo: até a visualização da uretra. - incisão longitudinal sobre a uretra. - sutura das bordas da uretra às bordas da pele ao longo dos lados da incisão triangular: sempre com pontos simples separados e fio absorvível. - transecção da uretra e do pênis: ângulo levemente obliquo da base do triangulo em sentido cranial até a superfície dorsal. - ligadura de vasos maiores. - sutura da túnica albugínea sobre o corpo cavernoso do pênis: sempre com pontos simples separados e fio absorvível. - sutura da uretra à pele da extremidade distal do pênis: sempre com pontos simples separados e fio absorvível. HEMATOMA PENIANO ETIOLOGIA: - Pênis bovino fibroso e passível de fraturas. - laceração transversal da túnica albugínea (geralmente dorsal) do corpo caversono com extravasamento de sangue e formação de hematomas. - principais causas: pressão sanguínea do pênis ereto (14.000 mmHg). - choque do pênis ereto contra o períneo da fêmea: animais agressivos, jovens inexperientes ou desvios patológicos do pênis. DIAGNÓSTICO: - visualização de aumento de volume: diferenciar edema de hematoma - normalmente lesão ocorre distal à flexura sigmóide, caudal à bainha prepucial e anterior à bolsa escrotal, com tamanho que depende de quantas vezes o animal tentou a monta após a ruptura. - lesões com mais de 7 dias podem não apresentar edema e possuir inicio de aderências que dificultam o tratamento e pioram o prognóstico. TRATAMENTO: - tratamento conservativo: - repouso por 60 a 90 dias. - hidroterapia (duchas). - antibióticos (2 semanas) OBS: o hematoma normalmente se organiza e é reabsorvido em 15 dias. Relação tempo de diagnóstico/prognóstico: - 5 a 7 dias: 75% de sucesso - 7 a 14 dias: 60 % de sucesso - após 14 dias: prognóstico desfavorável -tratamento cirúrgico: - sedação e bloqueio local - contenção em decúbito lateral (aumento de volume para cima). - incisão de pele e subcutâneo sobre a parte mais protuberante do aumento de volume - retirada manual dos coágulos do hematoma - verificação da presença de aderências através da exposição do pênis - debridamento e sutura das bordas da túnica albugínea: pontos simples separados com fio absorvível nº 2 - sutura de pele no padrão colchoeiro utilizando fio inabsorvivel. PROGNÓSTICO: - >20 cm: cirurgia 80% de sucesso X tratamento médico 30% de sucesso. - < 20 cm: médico 80% de sucesso. COMPLICAÇÕES: - contaminação: formação de abscessos – aderências - formação de shunts vasculares: animal não consegue ereção completa - formação de trombos no corpo cavernoso - recidiva do hematoma. ACROBUSTITE DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA: - inflamação da ponta da mucosa prepucial: acropostite ou umbigueira - fatores hereditários: - bainha prepucial muito longa: orifício prepucial grande, - excesso de mucosa prepucial, - defeito nos músculos retratores do prepúcio. - raças mais susceptíveis: santa Gertrudes, brangus, angus e hereford. SINAIS CLINICOS: - dor, edema, hemorragia, eversão do prepúcio, dor durante a monta, perda de libido. TRATAMENTO: - cirúrgico: - anestesia geral ou sedação e anestesia local infiltrativa. - técnica cirúrgica: - ressecção e anastomose da pele na mucosa prepucial (marsupialização). - amputação cirúrgica da mucosa prepucial exteriorizada. - Complicações: - encurtamento da mucosa prepucial (deve ser 2x mais longa que a parte livre do pênis). - contração cicatricial do óstio prepucial pode provocar fimose - deiscência de pontos e infecção da ferida. - Pós operatório para cirurgias do pênis e prepúcio: - antibioticoterapia - AINES, ducha, caminhada: minimizar o edema. - retirada dos pontos em 15 dias. - isolar o animal das fêmeas por 3- 4 semanas. UROLITÍASE ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - acumulo e precipitação de cristalóides na urina= formação de concreções (pedras=urólitos) que podem provocar: obstrução uretral, ruptura de uretra, ruptura de bexiga → impedem a eliminação de urina. - ocorrência: bovinos, caprinos e ovinos. Raças e sexo. Criação intensiva ou extensiva. - mais comum em machos: afetando principalmente garrotes, carneiros/bodes castrados. - anatomia uretral: comprimento, espessura, flexura sigmóide - processo uretral (apêndice vermiforme). - fatores predisponentes: descamação de células epiteliais em processos inflamatórios do trato urinário. - consumo de ração com excesso de proteínas - elevado pH urinário - baixa ingestão de água. PATOGENIA: - dieta nutricional: cálculos de silicato e carbonato de cálcio: formados pelo consumo de pastagem contendo alto teor de silício juntamente com rações ricas em concentrado (excesso de mucoproteínas que se unem ao núcleo cristalóide) - cálculos de estruvita (sulfato de magnésio e amônio): consumo de ração com base em cereais contendo alto teor de fósforo e magnésio. - Ph: acidifição da urina favorece apenas a dissolução de cálculos de estruvita reduzindo sua incidência. - Ingestão de água: urolitiase ocorre mais frequentemente no inverno devido a menor ingestão de água e aumento de cristalóides na urina - a quantidade de sal presente na dieta influencia a ingestão de água e pode e ajudar a prevenir a urolitiase - água com alto teor de sílica: típica em solos arenosos. OBSTRUÇÃO URETRAL →SINAIS CLINICOS: - animal inquieto, escoiceando o abdômen e forçando a eliminação da urina, que sai na forma de gotejamento corado de sangue ou pode nem sair (anuria). - deposição de pequenos cristais nos pelos prepuciais ou no processo uretral -Pulsação da uretra e tumefação na região da flexura sigmóide - elevação da temperatura, FC e FR devido a dor - ruptura de uretra ou bexiga em no Maximo 48 horas RUPTURA DE URETRA→SINAIS CLINICOS: - anorexia - acumulo de urina no tecido subcutâneo a partir do ponto de necrose uretral até a parede abdominal ventral e prepúcio - aspiração do conteúdo pode obter liquido transparente, sem odor característico de urina: aquecer o liquido para confirmar. RUPTURA DE BEXIGA →SINAIS CLINICOS: - alivio imediato da dor - aparecimento dos sinais 24 a 48 horas após a ruptura: pelos prepuciais secos, uremia e azotemia, depressão e anorexia, desidratação, distensão abdominal ventral, dor abdominal devido à peritonite. DIAGNÓSTICO - anamnese: tipo de alimentação, fornecimento e qualidade da água. - exame clinico: sinais vitais, freqüência e volume de micção, palpação da bexiga, odor da urina. - exames laboratoriais: urinalise: hematúria, cristalúria, proteinuria - bioquímica sérica: uréia e creatinina aumentadas - abdominocentese: uroperitôneo. - exame radiográfico contrastado - exame ultrassonográfico. DIAGNOSTICOS DIFERENCIAIS: - obstrução da uretra → indigestão aguda, obstrução intestinal - ruptura de uretra → abscessos prepuciais e subcutâneos, hérnias umbilicais, hematoma peniano - ruptura de bexiga → timpanismo, indigestão vagal, ascite. TRATAMENTO 1. Conservativo: - relaxantes musculares e anti-espamódicos: função de facilitar a saída dos cálculos. Acepromazina, diazepam, amidopromazina, escopolamida. - acidificação da urina: vitamina C ou cloreto de amônio - correção da dieta - animais com ruptura de bexiga necessitam de fluidoterapia e remoção do liquido da cavidade peritoneal (drenagem via cateter). 2. cirúrgico: - sondagem da uretra, amputação do processo uretral, uretrotomia, uretrostomia, cistorrafia. - técnica cirúrgica: URETROSTOMIA PERIANAL - sedação e anestesia epidural caudal com animal em estação ou em decúbito dorsal - palpação do pênis na porção caudal a bolsa escrotal - incisão de pele (10 cm) sobre a linha mediana da região perineal - dissecção romba até alcançar o pênis - incisão sobre a uretra para a retirada dos cálculos (inserção de cateter em sentido cranial e sentindo caudal) - sutura da uretra à pele (pontos simples separados ,fio absorvível). PREVENÇÃO: nutricional: - suplementação com sal mineral: correção da relação Ca/P (2:1). - utilização de sal branco: aumenta a ingestão de água. cloretos são mais solúveis que fosfato de magnésio e também se ligam a mucoproteínas reduzindo a formação de cálculos - cloreto de amônio (0,5% da ração) ou vitamina C: acidifica a urina e impede a formação de cálculos de estruvita. - evitar excesso de grãos na dieta. - fornecimento de volumoso e água de boa qualidade - suplementação com vitamina A: evitar a descamação excessiva do epitélio da bexiga - evitar uso de estrógenos: metaplasia escamosa do epitélio do trato genito-urinario. - cuidados com alimentos ricos em oxalatos, sílicas e magnésio. CORREÇÃO DO MANEJO - evitar castração precoce: pode permitir maior desenvolvimento da uretra e diminuir a ocorrência de urolitíase. ENFERMIDADES CIRURGICAS DO TRATO RESPIRATÓRIO DOS EQUINOS INTRODUÇÃO: - Principais abordagens cirúrgicas do trato respiratório são realizadas sobre a porção anterior: narinas, fossas nasais, seios paranasais, nasofaringe, laringe e bolsas guturais. - Enfermidades: sinusite, hematoma etmoidal, doenças de bolsa gutural: timpanismo, empiema e micose, deslocamento dorsal do palato mole, aprisionamento da epiglote, hemiplegia laríngea. SINUSITE DEFINIÇÃO: - Inflamação dos seios paranasais em resposta a infecção bacteriana primaria ou secundária. - Periostite alveolar, fratura dentária e neoplasias ou infecções virais. ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - Principal agente: Streptococcus spp. - Seio frontal e maxilar: mais comumente afetados. - Maior ocorrência entre 4 e 10 anos de idade. SINAIS CLINICOS: - Variam com etiologia, localização e extensão do envolvimento sinusal - Corrimento nasal mucopurulento (mais comum → devido a infecção bacteriana secundária, há formação de pus), respiração com odor fétido, dispnéia e ruídos respiratórios, assimetria facial, fistulas faciais. - Menos comuns: epistaxe (sangramento nasal), balanço de cabeça, perda de peso e sinais neurológicos (lesão de nervo craniano)(pitose labial, blefaroespasmo, alterações palpebrais). DIAGNÓSTICO: - Sinais clínicos, percussão dos seios nasais (delimitação da linha de secreção), radiografias (linha de fluido, lise óssea ou doença periodontal), endoscopia, trepanação (perfuração de seio nasal) e retirada da secreção (cultivo, antibiograma, citologia). TRATAMENTO: - Trepanação → retirada da secreção e lavagem do seio com solução antisséptica diluída em fisiológica – PVPI ou clorexidina à 0, 2%. - Antibioticoterapia sistêmica por 10 a 14 dias. AINES. OBS: tratamento utilizando somente antibiótico possui alta taxa de recidivas. NEOPLASIAS EM SEIOS PARANASAIS ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - Mais comum em animais de meia idade (acima de 12 anoso - Tumores mais comuns: carcinomas de células escamosas: 85 a 90% - Tumores de origem óssea: 5 a 10%: osteomas, osteosarcomas e fibrossarcomas. - Melanomas, adenocarcinomas e linfosarcomas são mais raros. SINAIS CLINICOS: Corrimento nasal fétido e/ ou epistaxe. Oclusão nasal, dispnéia e ruídos respiratórios, assimetria facial. DIAGNÓSTICO: Radiografia, endoscopia, biopsia ou histopatologia (guiada pelo endoscópio ou através de trepanação). TRATAMENTO: remoção cirúrgica; eutanásia. HEMATOMA ETMOIDAL ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - Massas angiomatosas benignas, de crescimento lento, mas de caráter progressivo e destrutivo, que acometem as conchas etmoidais. - Causas desconhecidas. Ocorre mais comumente em animais com mais de 8 anos de idade. - PSI e PSA são raças mais predispostas. CID: COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA. SINAIS CLINICOS: - Epistaxe intermitente uni ou bilateral: pode ser acompanhada de secreção mucopurulenta. Odor respiratório desagradável. Dispnéia. Ruídos respiratórios. Balanço de cabeça. Raramente observa-se assimetria de face. DIAGNÓSTICO: - Endoscopia: visualização do hematoma: massa capsulada, lisa e com coloração que pode variar de vermelha a verde enegrecida, com estrias de sangue ou areas de ulceração. - Radiografia: delimitação e localização de massa com densidade aumentada, homogênea e de superfície regular. - Histopatologia: cápsula de tecido fibroso e epitélio respiratório com estroma altamente vascularizado. TRATAMENTO: -Ablação cirúrgica: hemorragia intensa. Muitas vezes é necessário tamponamento com gaze que impede respiração do animal → realizar traqueostomia. - Infusão de formalina à 10%. - Criocirurgia. - Hematomas menores que 5 cm: ablação via endoscopia utilizando laser. OBS: independente do tratamento realizado, 30 a 50 % de recidivas dentro de meses ou até alguns anos. BOLSA GUTURAL CARACTERISTICAS ANATOMICAS E FISIOLÓGICA: - Divertículos cheio de ar: prolongamento caudo- ventral da tuba auditiva - Comunicação entre o ouvido médio e a laringe. - Cada bolsa e dividida pelo osso estiloióide em compartimento lateral e medial. - Estruturas importantes: - VII, IX, X, XI e XII nervos cranianos. - carótida interna, carótida externa, artéria maxilar. TIMPANISMO DE BOLSA GUTURAL ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - Acomete animais após o nascimento até 1 ano e meio de idade. Sem causa estabelecida. - Teoria proposta: defeito na prega salpingofaríngea, permitindo a entrada de ar, mas impedindo a saída desse ar. SINAIS CLINICOS: - Tumefação flutuante, macia e indolor no espaço retro faríngeo. Dispnéia, extensão da cabeça e pescoço e disfagia. DIAGNÓSTICO: - Sinais clínicos, endoscopia, radiografia: distensão gasosa. TRATAMENTO: - Alivio temporário por meio de descompressão percutânea no ponto de maior distensão, através do triangulo de Viborg. - Fenestração do septo mediano entre as duas bolsas: somente em casos unilaterais. - Excisão cirúrgica da prega salpingofaríngea. EMPIEMA DE BOLSA GUTURAL ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - Acumulo de material purulento. - Infecção das bolsas guturais podem ocorrer através da abertura faríngea ou por disseminação linfática: secundaria ao garrotilho na ruptura de abcessos retro faríngeo. - Normalmente unilateral. SINAIS CLINICOS: - Corrimento nasal purulento intermitente uni ou bilateral que piora com o abaixamento ou flexão da cabeça: o corrimento normalmente é inodoro e de coloração branca ou amarelada. - Aumento de volume da região parotidea, dispnéia e ruídos respiratórios, disfagia, sinais de lesão sobre nervos cranianos: ptose labial e miose DIAGNÓSTICO: - Radiografia: linha de fluido ou condróides. Endoscopia. TRATAMENTO CONSERVATIVO: Antibioticoterapia sistêmica: pode diminuir a quantidade de secreção. - Lavagem diária da bolsa gutural com solução fisiológica: cateter de Chambers: OBS: não utilizar antissepticos devido ao potencial irritante sobre estruturas nobres e manter a cabeça do animal abaixada durante a lavagem para evitar a aspiração de fluido. TRATAMENTO CIRURGICO: Permite a retirada de condróides. 4 pontos de acesso: - hiovertebrotomia: drenagem ruim e presença da glândula parótida e estruturas neurovasculares. Triangulo de viborg: exposição ruim e presença de ductos parotideos. Whitehouse: precisa estar em decúbito esternal Whitehouse modificada: excelente drenagem ventral e acesso ao septo entre as bolsas. MICOSE DE BOLSA GUTURAL ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - Infecção fungica intimamente ligada a estruturas neurovasculares e que pode provocar erosões em mucosas e vasos e lesões em nervos. - Principal agente: Aspergillus nidullans - Maior ocorrência em climas quentes. - Deve ser considerada emergência em vista do risco de hemorragias fatais. SINAIS CLINICOS: - Epistaxe espontânea uni ou bilateral: erosão fungica da artéria carótida interna. Disfagia: lesão nos ramos faríngeos dos nervos vago e glossofaríngeo. Postura anormal da cabeça, dor na região da parótida, ruídos respiratórios, paralisia facial. DIAGNÓSTICO: - Sinais clínicos: epistaxe, disfunção de nervos cranianos. Endoscopia: lesões com tamanho e coloração variada. TRATAMENTO CONSERVATIVO: - Infusões tópicas: tiobedazol, nistatina, miconasol, cetoconazol, anfotericina B. - Resultados variáveis. Risco de ruptura de vasos durante o tratamento. TRATAMENTO CIRURGICO: - Oclusão cirúrgica dos vasos acometidos. OBS: prognóstico reservado a ruim. DESLOCAMENTO DORSAL DO PALATO MOLE ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - Posicionamento não anatômico do palato mole dorsalmente a epiglote. - Possíveis causas: faringite com hiperplasia linfóide de grau elevado. - neuropatias ou atrofias neurogênicas da musculatura do palato: principalmente após empiema ou micose de bolsas guturais. - secundaria ao botulismo ou intoxicação por chumbo. - boca aberta e flexão da cabeça durante o exercício e retração da laringe. PATOGENIA: - Com o deslocamento, a área da laringe diminui provocando ruídos respiratórios e queda de performance. SINAIS CLINICOS: - Ruído expiratório: ar passa a ser expirado também pela cavidade oral de forma intermitente ou persistente. Intolerância ao exercício. Tosse. DIAGNOSTICO : - Sinais clínicos: presença de ruídos expiratórios, principalmente durante o exercício. - Radiografia: ausência da silhueta normal da epiglote. Endoscopia. TRATAMENTO Conservativo: Amarrar a língua com tiras de couro durante o exercício. Cirúrgico: Miectomia parcial do esternotireohióideo: retração de laringe. - Ressecção caudal da borda do palato mole: estafilectomia - Aumento artificial da epiglote pela injeção de teflon: somente em casos de hipoplasia de epiglote – pouco efetiva. COMPLICAÇÕES: - Infecção da laringotomia ou ressecção em excesso do palato mole, permitindo aspiração do conteúdo alimentar. APRISIONAMENTO DE EPIGLOTE ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA: - Fixação da epiglote por tecido subepiglótico e pregas aritenoepiglóticas que recobrem o ápice, as laterais e parte da superfície dorsal da epiglote. - Principal causa: hipoplasia da epiglote. PATOGENIA: - Epiglote aprisionada obstrui a passagem de ar. Restrição de movimento da epiglote leva a disfagia. SINAIS CLINICOS: - Intolerância ao exercício, ruídos respiratórios e expiratórios, tosse e disfagia. DIAGNÓSTICO: - Endoscopia: epiglote recoberta pelas pregas aritenoepiglóticas, que em casos crônicos podem estar ulceradas ou com reações granulomatosas. Radiografias: epiglotes com menos de 7,5 cm de comprimento podem estar aprisionadas. TRATAMENTO: -Ressecção cirúrgica da prega por: laringotomia, acesso oral, laser via endoscopia. COMPLICAÇÕES - Deslocamento dorsal de palato mole: 20% dos animais - Laceração de palato mole, epiglote e faringe: acidente cirúrgico. Recidivas. HEMIPLAGIA DE LARINGE ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA:- Paresia ou paralisia da musculatura laríngea impedindo a abdução e adução das cartilagens aritenóides. - Principais causas: neuropatia do nervo laríngeo recorrente: empiema de bolsas guturais, abcessos perineurais, neoplasias, intoxicações por organofosforados, deficiência de tiamina, lesões traumáticas neurais ou perineurais no nervo laríngeo recorrente - Maior ocorrência em cavalos de corrida entre 2 e 3 anos de idade. Mais comum do lado esquerdo. PATOGENIA: - Lesão do nervo laríngeo recorrente: responsável pela contração do músculo crico- aritenoídeo dorsal que realiza a abdução da cartilagem aritenóide. - Atrofia neurogênica da musculatura envolvida. - Movimentação inadequada das aritenóides aumenta a resistência de ar na inspiração: piora durante o exercício. SINAIS CLINICOS: - Intolerância ao exercício. Ruídos respiratórios: dispnéia tanto na inspiração quanto na expiração. Mais audível na inspiração: chiado ou ronco. DIAGNOSTICO Sinais clínicos. Endoscopia. Avaliar o animal em repouso e durante o exercício: redução na abdução e adução das cartilagens aritenóides Slap test CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO OS ACHADOS ENDOSCÓPIOS Grau I: movimentos simétricos e sincrônicos das cartilagens aritenoides. Grau II: movimentos assimétricos, mas sincrônicos das cartilagens: abdução completa quando estimulada. Grau III: movimentos assimétricos e assincronicos das cartilagens: abdução incompleta. Grau IV: cartilagem aritenóide sem movimento. TRATAMENTO: Laringoplastia: técnica mais efetiva Incisão de 8 a 10 cm. Divulsão do tecido ao redor da laringe utilizando os dedos indicadores. Incisão dividindo os músculos tirofaringeo e cricofaríngeo. Sutura da cartilagem cricóide ao processo muscular da cartilagem aritenóide. Ventriculectomia: reduz o ruído respiratório, mas não aumenta o fluxo respiratório. Pode ser utilizada em combinação com a laringoplastia. Ruptura da membrana que limita os ventrículos laríngeos através de uma laringotomia. Cordectomia: laser via endoscopia DOENÇA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO DE RUMINANTES CAVIDADE NASAL DOENÇAS MECANICAS OU OBSTRUTIVAS CONGÊNITAS Etiologia: - cistos, anomalias craniais, má formação da laringe. Patogenia:- desenvolvimento etiológico: dificuldade mecânica respiratória Sinais Clínicos:- dispnéia progressiva e inspiratória, sons de ronco ou respiração estertosa Diagnóstico: - inspeção das narinas e cavidade oral - endoscopia, radiografias cranianas, aspiração e citologia, culturas – diferenciais a outras patologias. Tratamento: - remoção cirúrgica e drenagem cística Prognóstico: desfavorável. ADQUIRIDAS Etiologia: - abscessos faringeanos, aumento de linfonodos, neoplasias, corpos estranhos Patogenia: - desenvolvimento etiológico: dificuldade mecânica respiratória Sinais clínicos: - dispnéia respiratória, respiração estertosa e de boca aberta, febre, descarga nasal uni ou bilateral, redução do fluxo de ar, inchaço externo localizado. Diagnóstico: - inspeção das narinas e cavidade oral: fluxo de ar e odor - swab, aspirado citológico, cultura em inchaços, biopsias para histopatológico- diferenciais a outras patologias (corticóide e antibiótico. Tratamento: - remoção da causa primaria, antibioticoterapia de amplo espectro, lavagem local, drenagem, trepanação sinusal. Prognóstico: - depende da etiologia SEIOS PARANASAIS SINUSITE: - comum em bovinos, rara em ovinos e caprinos. - seios frontal e maxilar são mais comumente envolvidos. ETIOLOGIA - infecções bacterianas secundarias a lesões traumáticas: descornas mal realizadas ou infecções em raízes dentarias. - fratura de ossos da face. - viroses do trato respiratório anterior. - cistos ou neoplasias. SINAIS CLINICOS - normalmente somente um dos seios é afetado: mas a secreção nasal mucopurulenta pode ser uni ou bilateral - leve aumento nos ruídos respiratórios - odor respiratório fétido ( sempre vai ter, devido a infecção). - aumento de volume facial - febre, depressão, anorexia e diminuição na produção. DIAGNÓSTICO - sinais clínicos e histórico. – endoscopia - delimitação da linha de secreção acumulada: percurssão dos seios paranasais. - exame radiográfico: linha de fluido, lise óssea ou doença periodontal. - perfuração sinusal diagnóstica: trepanação e retirada da secreção: cultivo e citologia. TRATAMENTO - TREPANAÇÃO: retirada da secreção. - lavagem: solução antisséptica diluída em fisiológica: PVPI ou clorexidina a 0,2%. Permanganato de potássio 1/1000. - técnica cirúrgica: trepanação dos seios frontais: - animal sedado + anestesia local - incisão dorsal a linha horizontal imaginária que passa pela borda dorsal das órbitas a 2- 2,5 cm lateral ao ponto de interseção com linha mediana sagital. - incisão de 5cm através de pele, subcutâneo e periósteo: deixar periósteo unido a pele. Remoção do disco ósseo pelo trépano. - tratamento pós- operatório: limpeza local da ferida - antibioticoterapia sistêmica por 10 a 14 dias - anti- inflamatórios não esteróides: fenilbutazona: 6mg/kg/VO/SID/I. – flunexina meglumina: 1,1 a 2,2 mg/kg/SID - prognóstico: favorável LARINGE E TRAQUEIA LARINGITE E TRAQUEÍTE ETIOLOGIA: - IBR, lesões traumáticas, obstruções por corpo estranho. PATOGENIA: - irritação da mucosa que produz tosse intensificando a inflamação que resulta em obstrução parcial das vias e dispnéia. SINAIS CLINICOS: - tosse aguda, dispnéia inspiratória e febre, traumas. Dispnéia. DIAGNÓSTICO: - sinais clínicos, palpação de laringe e traquéia, lavado traqueobrônquico, endoscopia. TRATAMENTO: complicação viral: terapia suporte. - complicação bacteriana: antibióticos de amplo espectro. - sintomático: anti-inflamatórios não esteroidais - traqueotomia (abertura temporária)/ traqueostomia (abertura definitiva que permite passagem de ar aos pulmões). - pré operatório: tricotomia na linha média do pescoço. Antibioticoterapia profilática. Anestesia geral (complementar a outra cirurgia) ou sedação e anestesia local. - técnica cirúrgica: - local da incisão variável de acordo com a etiologia TRAQUEOTOMIA → 1/3 superior do pescoço. TRAQUEOSTOMIA → ponto médio do pescoço. - técnica cirúrgica temporária: traqueotomia - incisão: 10 cm na pele, geralmente 1/3 superior do pescoço - divulsionar o subcutâneo e dividir os músculos esternotiróideos - identificar os anéis traqueais e incisar entre eles: incisão bilateral de 1cm no sentido horizontal - introdução da sonda de traqueostomia. - técnica cirúrgica permanente: traqueostomia - incisão de pele de 10 cm no ponto médio do pescoço - identificar os anéis traqueais e remover pedaço elíptico de cartilagem: abertura arredondada: os anéis traqueais nunca devem ser completamente separados. - colocação e fixação da cânula a pele: pontos simples, separados, nylon 3-0 ou 2-0 - se a abertura for muito ampla o ar pode escapar para o subcutâneo produzindo enfisema localizado ou generalizado. - pós operatório: em ambos os métodos, a incisão não é fechada: após a remoção do tubo endotraqueal a incisão deve ser deixada cicatrizar por segunda intenção. Antibioticoterapia, curativo local. - retirar e limpar a sonda 1-2x/dia: depende da quantidade de secreção acumulada.
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