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Acesso a Internet como direito fundamental frente a novas tecnologias

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FACULDADE EDUCACIONAL DE MEDIANEIRA 
CURSO: DIREITO 
___________________________________________________________________ 
 
CRISTIANO LUIZ HACZALLA DE FREITAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACESSO A INTERNET COMO DIREITO FUNDAMENTAL E A RELAÇÃO COM AS 
NOVAS TECNOLOGIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
Medianeira – PR 
2012 
 
 
 
 
CRISTIANO LUIZ HACZALLA DE FREITAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACESSO A INTERNET COMO DIREITO FUNDAMENTAL E A RELAÇÃO COM AS 
NOVAS TECNOLOGIAS 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como requisito parcial para a obtenção do 
Grau de Bacharel em Direito na Faculdade 
Educacional de Medianeira. 
 
Orientadora: Profª Clara Heinzmann, MS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Medianeira 
Dezembro – 2012 
 
 
 
 
ACESSO A INTERNET COMO DIREITO FUNDAMENTAL E A RELAÇÃO COM AS 
NOVAS TECNOLOGIAS 
 
 
 
 
 
 
Por 
 
 
 
 
 
 
 
CRISTIANO LUIZ HACZALLA DE FREITAS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Direito, para obtenção do grau 
de Bacharel, pela banca examinadora 
formada por: 
 
 
 
_____________________________ 
Presidente: Profª: Clara Heinzmann, MS 
 
 
_____________________________ 
Membro: Prof°: Sérgio Augusto Mittmann, MS 
 
 
_____________________________ 
Membro: Profª: Deise Montresol, MS 
 
 
 
Medianeira – PR, 03 de Dezembro de 2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A meus queridos pais que amo muito, sendo 
em especial a minha mãe, Lurdes Salete 
Haczalla de Freitas, por sempre incentivar e 
lutar para que eu pudesse concluir meus 
estudos. 
A meus irmãos pelo carinho, companheirismo 
amizade e auxílio nas horas difíceis. 
A todos, um muito obrigado! 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço primeiramente a DEUS, o meu Senhor, que me deu força, coragem e 
iluminou o meu caminho durante toda esta árdua jornada, auxiliando-me a enfrentar 
bravamente todas as dificuldades ao longo encontradas, para tão logo alcançar um dos 
objetivos e tão necessários que é a graduação. 
Agradeço a minha família pelo apoio e paciência despendida em cada instante da 
minha vida. 
Agradeço inúmeras vezes a minha mãe Lurdes por incentivar os estudos fazendo 
de tudo para ver seus filhos encaminhados, sempre agindo com muito amor e confiança em 
meus passos. 
Agradeço a UDC Medianeira e toda a equipe por fazerem parte e proporcionarem 
que o sonho de se formar na faculdade pudesse virar realidade. 
Agradeço a todo o corpo docente da instituição que deram seu suor e vontade para 
proporcionar, espalhar e cultivar tanto o conhecimento e a ânsia pelo ideal de crescimento 
intelectual. 
Agradeço a mestre professora Clara Heinzmann pelo apoio e orientação tanto no 
decorrer do curso quanto na conclusão deste presente trabalho de pesquisa. 
Agradeço ao mestre professor Sérgio Augusto Mittmann, por todo auxilio que em 
inúmeras vezes disponibilizou a mim, quando solicitado. 
Agradeço a todos os meus colegas que demonstraram serem amigos, parceiros e 
generosos em todos os mementos e dificuldades que apareceram durante o período do 
curso e ao longo da vida, visto que a amizade torna-se algo eterno. 
Agradeço também a minha amada Aline Fernanda de Oliveira por aturar-me e 
entender-me nos momentos difíceis. 
Por fim, agradeço a todos que de alguma forma me auxiliaram a ultrapassar todos 
os degraus dessa graduação. 
Felicidades e Sucesso a todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“INVENTOR é um homem que olha para o 
Mundo em torno de si e não fica satisfeito 
com as coisas como elas são. Ele quer 
melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o 
Mundo. É perseguido por uma ideia, possuído 
pelo espírito da invenção e não descansa 
enquanto não materializa seus projetos.” 
Alexander Graham Bell. 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho tem por escopo realizar uma análise do acesso à 
internet como direito fundamental e questionar a existência da tecnologia Power Line 
Communication (PLC) como método de aplicação e disseminação do acesso a um 
maior número de habitantes devido suas peculiaridades, no intuito de assegurar os 
direitos fundamentais expressos na Constituição Federal. Neste contexto visou-se 
apresentar as vantagens decorrentes da implantação dessa tecnologia. Para tanto, 
apresentou a história dos direitos fundamentais, suas dimensões, conceituações e 
definições; a origem da internet e a questão desse novo modelo de acesso à internet 
através da rede elétrica, contrapondo o princípio da livre concorrência e equilíbrio 
econômico, além dos direitos fundamentais correlacionados ao direito em questão 
suscitado. Assim com a finalidade de atender aos objetivos do estudo utilizou-se do 
método indutivo e a pesquisa bibliográfica exploratória para concretizá-lo. A 
pesquisa demonstrou que o acesso à internet se coaduna e consegue através de 
seu uso garantir os direitos da educação, cultura, lazer, liberdade de expressão, livre 
manifestação do pensamento e o princípio da isonomia, sendo assim considerado 
um direito fundamental, devendo ser garantido e preservado. Demonstrou-se 
também que a internet por rede elétrica tem a vantagem de possuir todo o meio 
físico construído, não configurando monopólio, nem tão pouco ferindo o princípio da 
livre concorrência e o equilíbrio econômico, tornando-se assim um mecanismo de 
viabilizar a inclusão digital no Brasil. 
 
 
Palavras-chave: Direitos fundamentais. Acesso à internet como direito fundamental. 
Internet por rede elétrica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO......................................................................................................................7 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 9 
1.1 PROBLEMA .................................................................................................. 10 
1.2 OBJETIVOS.................................................................................................. 10 
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 10 
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 11 
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 11 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 13 
2.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS E SEU DELINEAMENTO HISTÓRICO .......... 13 
2.1.1 Dimensões dos Direitos Fundamentais. ................................................... 19 
2.1.2 O Critério da Fundamentalidade Formal e Material dos Direitos 
Fundamentais na Constituição de 1988 ................................................................ 23 
2.2 DIREITO FUNDAMENTAL AO ACESSO À INTERNET E A RELAÇÃO COM 
OS DIREITOS CONSTITUICIONAIS ........................................................................ 26 
2.2.1 A Evolução Histórica da Internet ............................................................... 26 
2.2.2 Análise do Acesso à Internet como Direito Fundamental e sua Relação 
com os demais Direitos da mesma Espécie ......................................................... 30 
2.3 A INTERNET PLC COMO CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS E OS 
IMPASSES PARA SUA INSTALAÇÃO ..................................................................... 41 
2.3.1 A Internet Power Line Communications – PLC ........................................ 41 
2.3.2 Questões Polêmicas Envolvendo a Internet PLC .................................... 46 
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA....................................................51 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 54 
REFERÊNCIAS...........................................................................................................58 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O mundo atual em que vivemos está em constante modificação, os efeitos 
da globalização na sociedade encontram-se latentes, necessitando estudos em 
todas as áreas do saber. Em busca de compreensão, um dos efeitos mais 
impactantes é encontrado no caso da internet na vida dos cidadãos, motivo este que 
despendeu esforços para traçar parâmetros e tentar chegar à conclusão sobre a 
seguinte temática: o acesso à internet se caracteriza como direito fundamental 
devendo o Estado garantir o melhor acesso ao cidadão? 
 A internet tornou-se tão necessária a vida do ser humano hoje em dia, que 
quase nada mais se faz sem que esteja vinculada a essa tecnologia. A vida social, a 
educação, o lazer, a saúde, todos estes critérios que são inerentes ao ser humano 
para que possa atingir os princípios basilares do Estado Democrático de Direito e o 
princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1°, III da Constituição Federal), se 
coadunam com desse mecanismo. 
Deste modo se faz necessário analisar o acesso à internet como direito 
fundamental ao indivíduo, utilizando para tanto os parâmetros que os doutrinadores 
criaram para ocorrer à elevação de determinado direito, passando a figurar entre os 
direitos fundamentais. 
Antes de abordar a outra problemática apresentada neste trabalho deverá 
firmar um entendimento de todos os critérios que envolvem a internet em si, por 
exemplo, como originou-se, propósitos e a sua evolução até o momento em que 
vivemos. 
Assim que for apresentado todos estes acontecimentos de suma importância 
tanto para a internet como para o presente trabalho, abordar-se-á a problemática da 
internet Power Line Communication, ou também conhecida como internet por rede 
elétrica, seu funcionamento, perspectivas e promessas que esse mecanismo 
tecnológico passará a disponibilizar a todos os indivíduos se vier a ocorrer sua 
implantação em larga escala. 
O mecanismo apresentado conseguiria vir a garantir o acesso à internet a 
todos os cidadãos independentemente de qual Estado e Município do Brasil esteja 
residindo, vez que utiliza um meio físico já existente, não necessitando criar todo um 
meio físico próprio para sua disseminação. 
10 
 
 
 
Este trabalho visa apresentar estas duas problemáticas, a de que o acesso à 
internet possa ser considerado um direito fundamental e logo após apresentar um 
meio para o qual o presente direito seja ampliado e garantido a todos, sendo 
utilizado o mecanismo da internet por rede elétrica. 
Visando que seja este quesito verdadeiramente efetivado para que possa ter 
não somente concretizado o direito fundamental ao acesso a internet como também 
os mais variados direitos que o legislador constituinte descreveu na Constituição 
Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã. 
 
 
1.1 PROBLEMA 
 
 
Tendo em vista a internet por rede elétrica (PLC – Power Line 
Communications) ser o meio de atingir um maior número de habitantes e já que 
possui todo o seu meio físico para distribuição construído, a sua implantação e 
incentivo asseguraria o acesso aos direitos fundamentais de informação, educação, 
cultura e lazer? 
 
 
1.2 OBJETIVOS 
 
 
Os objetivos que se procura atingir são os seguintes: 
 
 
1.2.1 Objetivo Geral 
 
 
Analisar as vantagens da implantação da internet por rede elétrica como 
forma de assegurar os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. 
 
 
 
11 
 
 
 
1.2.2 Objetivos Específicos 
 
 
a) Analisar os Direitos Fundamentais no decorrer da história; apresentando as 
dimensões, conceituações e definições; 
b) Demonstrar o que é a internet PLC, sua criação e o enfrentamento do 
Monopólio X Interesse Público, no que tange ao princípio da livre 
concorrência e o equilíbrio econômico frente ao caso em tela. 
c) Estudar a questão da internet frente aos direitos fundamentais da educação, 
cultura, lazer e a sua efetivação como direitos sociais em busca da 
qualidade de vida. 
 
 
1.3 JUSTIFICATIVA 
 
 
O tema abordado neste Trabalho de Conclusão de Curso traz a tona à 
questão da caracterização do direito ao acesso a internet como direito fundamental, 
debatido entre doutrinadores adeptos desse posicionamento frente à possibilidade 
de que seja distribuído ao maior número de habitantes. 
Esta questão é bastante necessária visto que o acesso à internet é de suma 
importância para todo e qualquer cidadão em um mundo globalizado, pois sem esse 
mecanismo perderá inúmeras oportunidades, de emprego, de amizades, de 
relacionamentos, como também de entrosamento entre os próprios cidadãos que já 
utilizam deste meio para as mais variadas tarefas diárias, visto que o número de 
pessoas que fazem uso desse meio tende a aumentar e necessita aumentar. 
Visto que a internet passou a constituir grande espaço no cotidiano dos 
indivíduos, e os meios de acesso que há hoje em dia são ate certo ponto limitado, 
existe a ânsia por novos métodos que pudessem trazer maior dinamismo e 
competitividade ao mercado referido. Graças a isso e o fato do ser humano ser 
ambicioso, motivado por novas conquistas, é que surge a tecnologia Power Line 
Communication – PLC, também conhecida por internet por rede elétrica. 
Deste modo visto que esse mecanismo de acesso à internet seria um meio 
de conseguir adequar o princípio da isonomia, equiparando todas as classes, tanto 
12 
 
 
 
rica quanto pobre, em um mesmo patamar, dever-se-ia estuda-la e questionar se 
sua implantação trará mesmo tais benefícios sem vir a causar graves danos ao 
equilíbrio econômico. 
O acesso à internet, não somente o acesso, mas uma internet com 
velocidade compatível aos anseios da coletividade traduz a real adequação do 
princípio supracitado. Já que traduziria em melhor infra-estrutura às escolas, a 
centros comunitários, atingindo as pessoas de baixa renda que não tiveram ainda 
oportunizado a eles o mundo virtual. 
Deste modo o Brasil só terá a ganhar, visto que a internet viabilizaria aos 
indivíduos subsidio para moldar o caráter critico, auxiliando nos estudos, dando mais 
respaldo e ainda mostrando ao mundo (quando usando a internet como meio de 
informação) todo o potencial do povo brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
Este capítulo aborda as principais questões teóricas que se coadunam em 
relação ao acesso à internet, iniciando com o estudo referente aos direitos 
fundamentais no decorrer da história da humanidade, desde o inicio com a ânsia por 
proteção do indivíduo, até o momento atual com a defesa dos mais variados direitos 
que abrangem não somente o ser humano como uno e sim como sociedade. 
Frente aos direitos fundamentais será traçado parâmetro para poder 
conceituar o acesso à internet como direito fundamental necessário a todos os 
indivíduos, juntamente com a história da internet e os direitos fundamentais que se 
relacionam com ela. 
Por fim será apresentada a tecnologia Power Line Communications, seu 
funcionamento e a possibilidade de ser uma forma de garantir o acesso à internet a 
todos os brasileiros, detentores dos direitos fundamentais defendidos na 
Constituição Federal de 1988. 
 
 
2.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS E SEU DELINEAMENTO HISTÓRICO 
 
 
Na construção teórica dos princípios que são necessários para culminar na 
explicação da temática abordada nesse trabalho, existe a necessidade de ser 
compreendido, frente aos direitos fundamentais, como os doutrinadores, legisladores 
e estudiosos do direito chegaram a essa determinação terminológica, requerendo 
assim uma análise dos institutos ao longo do caminho. 
Concernente a isso, tantodoutrinadores quanto o próprio direito positivo 
utiliza de várias expressões para declinar sobre os direitos, tendo entre elas: 
“direitos humanos”; “direitos do Homem”; “direitos subjetivos públicos”; “liberdades 
públicas”; “direitos individuais”; “liberdades fundamentais”; e “direitos humanos 
fundamentais”, os que aparecem com mais frequência e são tratados como de maior 
importância.1 
 
1
 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos 
fundamentais na perspectiva constitucional. 10 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011. p. 27. 
14 
 
 
 
Buscando explicar a maioria deles nota-se que o termo “direitos humanos” 
denota a posição jusnaturalista, a qual diz que os direitos naturais são aqueles que o 
indivíduo possui pelo simples fato de sua condição humana de existência; o termo 
“direitos do homem” é usado como aqueles destinados a todos os povos, dando um 
entendimento internacional, universal; “direitos subjetivos públicos” demonstram os 
direitos de proteção do indivíduo para com o Estado; “liberdades públicas” foi o 
conceito francês utilizado na Revolução Francesa para explicar a omissão do Estado 
quanto aos direitos dos indivíduos; “os direitos individuais” são entendidos como as 
liberdades individuais, tendo sua alocação nos direitos fundamentais de primeira 
dimensão, como por exemplo o direito de liberdade. 
Nesta seara, há de ser verificada uma distinção solene apresentada por 
vários doutrinadores, os quais não aceitam que estes termos sejam considerados 
como iguais, ou como sinônimos um para com o outro, traçando assim uma 
diferenciação entre “direitos humanos” e “direitos fundamentais”, segundo o critério 
que acha melhor adequado à temática. 
Adepto deste critério encontra-se J.J. Gomes Canotilho, ao explicar que os 
direitos fundamentais são aqueles direitos do indivíduo reconhecidos e positivados, 
incorporados na ordem jurídica positiva dos direitos considerados “naturais” ao ser 
humano. Já com relação aos direitos humanos, o autor trata-os como “direitos do 
homem” explicando que os direitos inseridos nesse rol são aqueles válidos para 
todos os povos e em todos os tempos, ou seja, em uma dimensão universal, sem a 
necessidade de sua positivação2. 
Verificado estes posicionamentos, é pertinente que seja ainda aderido a 
problemática apresentada sobre estas terminologias, a opinião de Sergio Rezende 
de Barros, o qual refuta a presente distinção visto que ela tem embasamento tão 
somente na caracterização quanto à positivação, esquecendo os demais critérios. 
Como exemplo cita o critério da fundamentalidade formal que é comum a ambas as 
terminologias, sendo o mais sensato chamá-los de “direitos humanos 
fundamentais”.3 
Seguindo este contexto, Alexandre de Moraes figura-se no rol dos 
doutrinadores adeptos ao termo “direitos humanos fundamentais”. Assim ele tece a 
 
2
 CANOTILHO,J.J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7 ed. Coimbra: 
Almedina, 2003. p. 377 
3
 BARROS, Sergio Rezende de. apud SARLET, Ingo Wolfgang.op. cit. p. 33. 
15 
 
 
 
seguinte assertiva que delimita o surgimento dos direitos consoante à concepção 
utilizada na atualidade, conforme a palavras a seguir expostas: 
 
Os direitos humanos fundamentais, em sua concepção atualmente 
conhecida, surgiram como produto da fusão de várias fontes, desde 
tradições arraigadas nas diversas civilizações até a conjugação dos 
pensamentos filosófico-jurídicos, das idéias surgidas com o 
cristianismo e com o direito natural.4 
 
Não desprestigiando nenhuma forma de nomenclaturas dada ao tema, é 
necessário antes de tudo adotar um posicionamento quanto a qual terminologia será 
seguida neste presente trabalho, ficando eleito assim, o termo “direitos 
fundamentais”. 
Tal posicionamento tem sua base argumentativa nas palavras de Ingo 
Wolfgang Sarlet, o qual apresenta em sua obra uma conceituação que será somente 
exposta nesse dado momento para exibir o conceito adotado, e que, posteriormente 
no decorrer do trabalho, será melhor explicado frente a fundamentalidade formal e 
material da qual o autor se baseia para chegar a este conceito, assim ele explica: 
 
Direitos fundamentais são, portanto, todas aquelas posições jurídicas 
concernentes às pessoas, que, do ponto de vista do direito 
constitucional positivo, foram, por seu conteúdo e importância 
(fundamentalidade em sentido material), integradas ao texto da 
Constituição e, portanto, retiradas da esfera de disponibilidade dos 
poderes constituídos (fundamentalidade formal), bem como as que, 
por seu conteúdo e significado, possam lhes ser equiparados, 
agregando-se à Constituição material, tendo ou não, assento na 
Constituição formal (aqui considerada a abertura material do 
Catálogo)5 
 
Este conceito será trazido a debate posteriormente com maior ênfase, 
ficando somente até este momento, comunicado o direcionamento seguido no 
presente trabalho. 
Visando entender os direitos fundamentais torna-se necessário analisar o 
contexto histórico e as fontes que no passado germinaram os ideais de direitos 
fundamentais ao ser humano até sua positivação nas declarações e constituições. 
 
4
 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 1. 
5
 SARLET, Ingo Wolfgang. op. cit. p. 77 
16 
 
 
 
Para Fábio Konder Comparato os direitos fundamentais têm seu fundamento 
na necessidade de evitar situações como as que anteriormente existiam, com o fim 
de poder ser garantido o princípio da dignidade da pessoa humana, princípio basilar 
de várias Constituições; em suas sábias palavras: 
 
[...] a compreensão da dignidade suprema da pessoa humana e de 
seus direitos, no curso da História, tem sido, em grande parte, o fruto 
da dor física e do sofrimento moral. A cada grande surto de violência, 
os homens recuam, horrorizado, a vista de uma ignomínia que afinal 
se abre claramente diante de seus olhos; e o remorso pelas torturas, 
pelas mutilações em massa, pelos massacres coletivos e pelas 
explorações aviltantes faz nascer nas consciências, agora 
purificadas, a exigência de novas regras de uma vida mais digna 
para todos.6 
 
Frente a esta explicação, torna-se necessária a realização de um estudo 
mais aprofundado da história dos direitos fundamentais, para compreender os 
horrores pelos quais a civilização passou até atingir o patamar em que se encontra, 
passando pelos atos bárbaros e vis de determinadas sociedades até a disputa de 
poderes de representação para passar a defender as ideologias que os indivíduos 
na era corrente acreditam como sendo fundamentais. 
 Analisando os fatos passados, é notado que o Código de Hammurabi, 
datado de 1690 a.c, é tratado como talvez a primeira codificação de direitos comuns 
aos homens, trazendo dentre eles o direito a vida, honra, dignidade e propriedade. 
Muitos doutrinadores não reconhecem tais documentos como sendo início 
dos direitos fundamentais, devido o fato de ser tratado como direitos naturais, ou 
seja, inerentes ao ser humano por sua existência. Somente a partir dos escritos da 
Grécia e de Roma (os quais foram influenciados pela religião cristã e pela filosofia 
clássica dos jusnaturalistas) é que houve o reconhecimento, para tais doutrinadores, 
como o marco inicial dos direitos fundamentais.7 
Na Grécia surgiram vários estudos de direitos do homem na busca pela 
igualdade e liberdade, tendo, porém o fato que o conceito de homem excluía os 
escravos e outros indivíduos. Os estudos eram impulsionados pelos pensamentos 
 
6
 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 7 Ed. São Paulo: 
Saraiva, 2010. p. 50. 
7
 Ingo Wolfgang Sarlet compartilhadesse posicionamento, e ainda caracteriza o período como “pré-
histórico”. SARLET, Ingo Wofgang. op. cit. p. 37 - 38 
17 
 
 
 
estóicos e sofistas que acreditavam na existência de um direito natural e anterior, 
superior às leis escritas. 
Somente com o direito romano é que se estabeleceu um complexo 
mecanismo de tutela dos direitos individuais frente ao Estado, visto na precursora 
Lei das Doze Tábuas, algumas cominações legais declarando a existência dos 
direitos do povo romano à liberdade, à propriedade e à proteção aos direitos do 
cidadão. 
O ponto de partida para a caracterização dos direitos fundamentais deu-se 
com a forte concepção religiosa formulada pelo cristianismo, a qual lançava a ideia 
de igualdade entre todos os indivíduos independentemente de cor, sexo, raça, ou 
demais critérios de distinção. Influenciando assim a consagração dos direitos 
fundamentais como necessários à dignidade da pessoa humana.8 
Os direitos humanos contidos em documentos escritos se propalaram a 
partir da segunda metade da Idade Média, sendo encontrados na Europa, vários 
registros de direitos de comunidades locais em forma de forais e cartas de franquias. 
Estes documentos foram outorgados pelos senhores feudais ditando direitos 
próprios e peculiares aos indivíduos do grupo, com o objetivo de serem conhecidos 
e respeitados por todos.9 
No entanto, J.J. Gomes Canotilho divide a historia dos direitos fundamentais 
em duas épocas, sendo o divisor de águas os documentos: “Virginia Bill of Rights10, 
e a Déclaration dês droit de l’Homme ET Du Citoyen11”12. O período anterior aos 
documentos citados caracterizava-se por um descaso com os direitos do homem, 
tendo somente após este marco uma chamada constitucionalização ou positivação 
dos direitos do homem nos textos legais constitucionais. 
 
8
 MORAES, Alexandre de.op. cit. p. 7. 
9
 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. 12 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2010. p. 29. 
10
 Declaração dos direitos da Virginia (12-06-1776), com texto original de autoria de George Mason. 
Possui um estilo mais retórico do que técnico-jurídico, assegura já no primeiro artigo o direito de 
gozar a vida, a liberdade, a propriedade, a felicidade e a segurança, não podendo ser estes direitos 
alienados ou suprimidos por uma decisão jurídica. COMPARATO, Fábio Konder. op. cit. p. 127. 
11
 Declaração dos direitos do homem e do cidadão (26-08-1789), considerada “uma espécie de carta 
geográfica fundamental”, devido ser uma referência indispensável a qualquer projeto de 
constitucionalização. Traz uma peculiaridade, visto ter sido publicada sem a sanção do rei, tendo sido 
considerada de início como simples declaração de princípios, sem força normativa, mas os ideais 
abordados na obra foram, com o tempo, aceitos na Assembleia francesa. COMPARATO, Fábio 
Konder. op. cit. p. 163. Para CANOTILHO a diferença entre direitos humanos e direitos do cidadão 
consiste no fato do primeiro pertencer ao homem como tal, e o segundo ao homem enquanto ser 
social, como indivíduo vivendo em sociedade. CANOTILHO, J.J. Gomes. op. cit. p. 393 – 394. 
12
 CANOTILHO, J.J. Gomes. op. cit. p. 380. 
18 
 
 
 
A partir das declarações Americana e Francesa, se concretizou a ânsia dos 
indivíduos que lutavam pela liberdade, requerendo uma menor, pra que não dizer 
ínfima intervenção do Estado na vida particular do indivíduo, visto que o Estado 
deveria cuida somente da segurança nacional. 
Sobre este prisma, Duverger apresenta uma distinção nítida que aparece 
nas declarações e constituições do século XVIII e XIX, as quais estabelece uma 
indisfarçável hostilidade contra o Estado, explicadas nas chamadas: liberdades-
limites e liberdades-oposição, e complementa com os direitos fundamentais 
pertencentes a cada um: 
 
[...] liberdades-limites, por exemplo, liberdade pessoas, direito de 
propriedade, liberdade de comércio, de indústria, de religião etc., que 
impedem a ingerência do Estado numa esfera íntima da vida humana 
(...) liberdades–oposição, por exemplo, liberdade de imprensa, de 
reunião, de manifestação etc., que servem de meio de oposição 
política.13 
 
Durante o século XIX, período marcado pelo constitucionalismo liberal, 
houve uma grande efetivação dos direitos humanos, tendo como exemplo a 
Constituição Portuguesa14; Constituição espanhola (também conhecida como a 
Constituição de Cádis)15; Constituição belga16 e a Declaração francesa17; cada qual 
afirmando a proteção de determinados direitos fundamentais que para a época 
tornavam-se necessários. 
No início do século XX os diplomas constitucionais foram marcados pelas 
preocupações sociais, tendo destaque os seguintes diplomas: Constituição 
 
13
 DUVERGER apud FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 28 Ed. 
São Paulo: Saraiva, 2002. p. 281. 
14
 (23-09-1822) trazia já no Titulo I, os direitos individuais dos portugueses, dentre eles: igualdade, 
liberdade, segurança, propriedade, desapropriação, no caso de ser previa e com justa indenização, 
inviolabilidade de domicilio, livre comunicação de pensamentos, liberdade de imprensa, 
proporcionalidade entre delito e pena, reserva legal proibição de penas cruéis ou infamantes, livre 
acesso aos cargos públicos, inviolabilidade da comunicação de correspondência. MORAES, 
Alexandre de. op. cit. p. 11. 
15
 (19-03-1812) possui em seu texto legal o princípio da legalidade; diversas restrições ao poder do 
rei; o princípio do juiz natural; impossibilidade de tributos arbitrários; o direito de propriedade; o 
instituto da desapropriação mediante justa indenização; o princípio da liberdade; tendo somente um 
encalço no que tange a liberdade religiosa, visto que denotava a existência de somente uma religião 
(católica apostólica romana) proibindo as demais. Idem. p. 11. 
16
 (07-02-1931) além dos direitos individuais já consagrados na Constituição portuguesa, havia 
também a liberdade de culto religioso e o direito de reunião e associação. Ibdem. p. 11. 
17
 (04-11-1848) iniciou uma tentativa de ampliação dos direitos fundamentais, que se concretizaram 
definitivamente a partir do século seguinte, sendo eles: liberdade do trabalho e da indústria, a 
assistência aos desempregados, assistência as crianças abandonadas, aos enfermos e velhos sem 
recursos. Ibdem. p. 11. 
19 
 
 
 
Mexicana18, Constituição de Weimar19, Declaração Soviética dos Direitos do Povo 
trabalhador e Explorador20, a primeira Constituição Soviética21, e a Carta do 
Trabalhador22. 
Com todos estes textos legais nota-se que a nova classe trabalhadora que 
antes reivindicavam uma total liberdade frente ao Estado, agora necessita, devido às 
alterações sociais, não somente a liberdade formal, mas também a liberdade 
material. 
A liberdade material consiste em propiciar aos indivíduos condição de vida, 
através dos direitos de igualdade, transformando a figura do Estado que antes era 
de inimigo, para aquele agente possibilitador, com o fim de concretizar os direitos 
que surgiram e estava por surgir, criando assim uma co-dependência entre o Estado 
e o cidadão, visto que um depende do outro tanto para existir quanto para sobreviver 
em harmonia. 
 
 
2.1.1 Dimensões dos Direitos Fundamentais. 
 
 
Os direitos fundamentais foram tratados durante sua história conforme cada 
geração de pessoas assim os necessitava, sofrendo diversas transformações, tanto 
 
18
 (31-01-1917) consagrou direitos individuais com forte tendência social, entre eles os direitos 
trabalhistas (fixando a responsabilidade civil pela falta de cumprimento do contrato de trabalho pelo 
trabalhador; a obrigatoriedade do empregado em prestar somente o serviço convencionado; alem de 
que não admitia renúncia, perda ou diminuição dos direitos políticosou civis) e a efetivação da 
educação, sendo obrigatória a educação primaria, e devendo ser gratuita quando ministrada pelo 
Estado. Ibdem. p. 12. 
19
 (17-01-1918) devido a sua elaboração, Carl Schmitt sustentava que o texto de Weimar trazia duas 
constituições em uma só, uma neutra em matéria de valores, cabendo ao legislador decidir as opções 
sócias que o Estado deveria tomar, e a outra com orientações nitidamente socialistas, declarando 
direitos fundamentais de natureza muito diversa e mesmo contraditória. COMPARATO, Fabio Konder. 
op. cit. 205. Dentre os direitos fundamentais podemos destacar: os direitos de igualdade entre filhos 
legítimos e ilegítimos, a proteção da maternidade, a igualdade de direitos entre ambos os sexos, o 
dever de prover a escolaridade gratuita e obrigatória, entre outros. MORAES, Alexandre de. op. cit. p. 
12. 
20
 (17-01-1918) motivada pelas circunstancias que motivaram a Revolução de 1917, aspirava suprimir 
toda a exploração do homem pelo homem, a abolir completamente a divisão da sociedade em 
classes, a esmagar implacavelmente todos os exploradores, a instaurar a organização socialista da 
sociedade e a fazer triunfar o socialismo em todos os países. Idem, p. 13. 
21
 (10-07-1918) reconheceu o principio da igualdade independentemente de raça ou nacionalidade, a 
prestação assistencial do Estado para com os camponeses e operários mais pobres para a 
concretização da igualdade. Ibidem, p. 13. 
22
 (21-04-1927) esta carta de direitos do trabalhador privou por enfatizar uma vasta gama de direitos 
sociais, dentre eles: a liberdade sindical, possibilidade de contrato coletivo de trabalho, remuneração 
especial ao trabalho noturno, garantia do repouso semanal, entre outros. Ibidem, p. 14. 
20 
 
 
 
no que diz respeito ao conteúdo quanto no que se refere à titularidade, eficácia e 
efetivação destes direitos. 
Deste modo, são considerados na ordem institucional de acordo com os 
anseios da comunidade conforme sua estruturação, em dimensões ou gerações23. 
Esculpidos inicialmente na frase e meta da revolução francesa Liberte, Egalité, 
Fraternité24, os direitos fundamentais foram assim catalogados em três dimensões, 
existindo, porém, pesquisadores e doutrinadores que digam existir uma quarta e até 
uma quinta dimensão. 
Todavia para Norberto Bobbio a historicidade dos direitos fundamentais se 
caracteriza pela relação entre o Estado e os direitos, conforme suas palavras: 
 
[...] Às primeiras, correspondem os direitos de liberdade, ou um não-
agir do Estado; aos segundos, os direitos sociais, ou uma ação 
positiva do Estado. Embora as exigências de direitos possam estar 
dispostas cronologicamente em diversas fases ou gerações, suas 
espécies são sempre – com relação aos poderes constituídos – 
apenas duas: ou impedir os malefícios de tais poderes ou obter seus 
benefícios. Nos direitos de terceira e de quarta geração, podem 
existir direitos tanto de uma quanto de outra espécie.25 
 
Na primeira dimensão são encontrados os direitos fundamentais de cunho 
individualista, movidos pelos ideais de liberdade, manifestando-se como direitos dos 
indivíduos frente ao Estado. Estes direitos encontram no indivíduo seu titular 
absoluto, e o Estado seu opositor, pois caracterizam-se como direitos de defesa, 
resumidos na não-intervenção do Estado na vida do ser humano. 
Nota-se que se faz necessário apresentar o posicionamento defendido por 
Paulo Bonavides sobre este fato, conforme suas palavras: 
 
 
23
 Existem nas doutrinas inúmeras criticas sobre o termo “gerações” dos direitos fundamentais, visto 
que os direitos fundamentais possuem o caráter de processo cumulativo, um completando o outro. 
Deste modo, o termo gerações encontra-se impreciso visto que denota a alternância, a substituição 
de uma geração por outra, fato que vai contra a essência dos direitos fundamentais já comentado 
acima. O próprio termo “dimensões” também tem criticas, pois há doutrinadores que dizem que este 
termo significa uma função distinta do mesmo direito e não um grupo de direitos, preferindo que seja 
chamado em vez de “gerações” ou “dimensões” de “naipes” ou “famílias” de direitos fundamentais. 
SARLET, Ingo Wolfgang . op. cit. p. 45-46. Apresentada as considerações, este trabalho adotará o 
termo “dimensões” visto ser o mais moderno na doutrina. 
24
 Liberdade, igualdade e fraternidade, frase de autoria de Jean Jacques Rousseau, que motivou o 
movimento revolucionário no período da revolução francesa. 
25
 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 19 Tiragem. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: 
Campus, 1992. p. 6. 
21 
 
 
 
São por igual direitos que valorizam primeiro o homem-singular, o 
homem das liberdades abstratas, o homem da sociedade 
mecanicista que compõe a chamada sociedade civil, da linguagem 
jurídica mais usual.26 
 
Os direitos que fazem referência no âmbito da primeira dimensão são os 
direitos civis e políticos de cada indivíduo presentes no alcance da norma jurídica 
constitucional. 
Os direitos fundamentais de segunda dimensão caracterizam-se frente à 
terminologia francesa como aqueles que prezam pela igualdade, encontrando nos 
direitos econômicos, sociais e culturais, por que não dizer os direitos coletivos, sua 
ideologia. 
A segunda dimensão teve seu surgimento nos problemas sociais e 
econômicos, devido o impacto da industrialização no século XIX, vez que a 
consagração formal dos direitos de liberdade não gerava a garantia do bem estar 
aos indivíduos. Assim o Estado deveria suprir esta lacuna, para consagrar de 
maneira material os direitos, a fim de realizar a justiça social. 
Sobre esta ideologia, Ingo Wolfgang Sarlet explica: 
 
Os direitos da segunda dimensão podem ser considerados uma 
densificação do princípio da justiça social, além de corresponderem à 
reivindicações das classes menos favorecidas, de modo especial da 
classe operária, a título de compensação, em virtude da extrema 
desigualdade que caracterizava (e, de certa forma, ainda caracteriza) 
as relações com a classe empregadora, notadamente detentora de 
um maior ou menor grau de poder econômico.27 
 
Já com relação à terceira dimensão que engloba os direitos de solidariedade 
e fraternidade, o terceiro pilar estrutural da Revolução Francesa, este teve seu 
surgimento devido à divisão do mundo em países desenvolvidos, subdesenvolvidos 
ou em fase de precário desenvolvimento28. 
Todavia a terceira dimensão trata de assegurar os direitos de liberdade e 
igualdade, já mencionados nas dimensões anteriores, e ainda os direitos comuns a 
humanidade, também conhecidos como direitos difusos e coletivos. 
 
26
 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 18 Ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 564. 
27
 SARLET, Ingo Wolfgang. op. cit. p. 48. 
28
 BONAVIDES, Paulo. op. cit. p. 569 
22 
 
 
 
Alexandre de Moraes explica que os direitos fundamentais de terceira 
geração encontram-se entre grupos de pessoas sem vínculo jurídico umas com as 
outras, a exemplo dos direitos que estão inseridos neste rol: “o direito a um meio 
ambiente equilibrado29, uma saudável qualidade de vida, ao progresso, à paz, à 
autodeterminação dos povos e a outros direitos difusos.” 30 
Ingo Wolfgang Sarlet ainda adere aos direitos de terceira geração o direito 
de informática, o direito de morrer com dignidade, o direito à mudança de sexo e as 
garantias contra manipulações genéticas.31 
Dentre os doutrinadores que defendem a existência de mais dimensões, 
Paulo Bonavides declara em sua obra, a quarta geração dos direitos fundamentais, 
tendo esta sido motivada pela globalização dos direitos fundamentais, 
correspondendo, em sua opinião, à “derradeira fase de institucionalização do Estado 
social”. 
Buscando apresentar da melhor maneira possível o posicionamento de 
Paulo Bonavides torna-se necessárioanalisar a assertiva abaixo que demonstra o 
que vem a ser a quarta dimensão dos direitos fundamentais: 
 
São direitos da quarta geração o direito à democracia, o direito à 
informação e o direito ao pluralismo. Deles depende a concretização 
da sociedade aberta do futuro, em sua dimensão de máxima 
universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no plano de 
todas as relações de convivência.32 
 
Os direitos de quarta dimensão visam objetivar os de segunda e terceira 
dimensão, sem retirar ou indispor com os de primeira dimensão, já que segundo o 
autor, haveria a necessidade de uma globalização política33 e isso somente seria 
possível com a concretização dos direitos fundamentais. 
Norberto Bobbio apresenta ainda que os direitos fundamentais de quarta 
dimensão seriam aqueles “referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos da 
 
29
 Conforme afirmação do Supremo Tribunal Federal: “direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado: a consagração constitucional de um típico direito de terceira geração” (RTJ 155/206) 
30
 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 24 Ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 32. 
31
 SARLET, Ingo Wolfgang. op. cit. p. 49-50. 
32
 BONAVIDES, Paulo. op. cit. p. 571. 
33
 Globalização política significa o ato de integralizar em todo o mundo uma forma única de política, o 
que viria a afetar todos os Estados, já que a soberania total do Estado restar-se-ia prejudicada. 
23 
 
 
 
pesquisa biológica, que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada 
individuo”.34 
A partir de 2006 Paulo Bonavides faz uma reviravolta com relação ao direito 
fundamental a paz, visto que antes alocava-o como direito de terceira dimensão, 
junto com os direitos de solidariedade e fraternidade, sendo que devido aos 
atentados que os Estados Unidos sofreram em 11 de setembro de 2001, o mundo 
deveria direcionar ao direito fundamental a paz um olhar mais incisivo e 
questionador. Assim, sobre este foco, o doutrinador retirou tal direito do rol dos 
direitos de terceira dimensão e como forma a dar maior destaque, deu-lhe uma nova 
alocação, passando então a explicá-lo como sendo direito fundador da quinta 
dimensão de direitos.35 
Sobre esta questão da existência ou não da quinta dimensão dos direitos 
fundamentais, ainda não há um posicionamento unânime ou majoritário, visto que 
vários doutrinadores estão se pondo a estudar e questionar o fato, e vendo ainda 
qual ou quais os direitos estariam presentes nesse rol. 
 
 
2.1.2 O Critério da Fundamentalidade Formal e Material dos Direitos 
Fundamentais na Constituição de 1988 
 
 
Tratar-se-á nesse momento de explicar o conceito anteriormente dito para os 
direitos fundamentais, o qual trazia em seu contexto a divisão da fundamentalidade 
em formal e material usando como exemplo a Constituição Federal do Brasil de 
1988. 
A fundamentalidade consiste na possibilidade de determinado direito adquirir 
o caráter de direito fundamental, critério que denota a íntima relação entre o direito e 
o princípio da dignidade humana propiciando maior garantia de proteção aos direitos 
 
34
 BOBBIO, Norberto. op. cit. p. 6 
35
 Questão apresentada inicialmente no IX Congresso Íbero-Americano e VII Simpósio Nacional de 
Direito Constitucional, realizados em Curitiba/PR, em novembro de 2006, bem como II Congresso 
Latino Americano de Estudos Constitucionais, realizado em Fortaleza/CE, em abril de 2008. 
MARANHÃO, Ney Stany Morais. A afirmação histórica dos direitos fundamentais: a questão das 
dimensões ou gerações de direito. Disponível em 
ww1.anamatra.org.br/sites/1200/1223/00001554.pdf. Acesso em: 23 mar 2012. p. 14 
http://ww1.anamatra.org.br/sites/1200/1223/00001554.pdf
24 
 
 
 
fazendo com que não venham a ser considerados como meras normas de condutas 
inexigíveis. 
Na caracterização dos fundamentos para definir se determinado direito pode 
ser considerado fundamental ao ser humano ou não, reconhecem-se duas posições 
na doutrina. 
A primeira posição doutrinária trata de dizer que o direito está ligado a sua 
universalidade, sendo garantido a todo indivíduo do Estado, devido a sua condição 
de pessoa, por meio da positivação jurídica. Já com relação ao segundo 
posicionamento, este baseia-se no aspecto da fundamentalidade do direito 
encontrado presente na intangibilidade, visto que os direitos fundamentais possuem 
caráter irredutível, não podendo sofrer alterações, nem tão pouco sofrer abolições; 
características essas como as clausulas pétreas detêm.36 
Ante aos vários questionamentos no tocante a fundamentalidade dos direitos 
fundamentais, nota-se em resumo que a distinção quanto à fundamentalidade formal 
e material que a maioria dos doutrinadores explica, baseia-se na presença ou não 
dos direitos na Constituição em debate. 
Seguindo este pensamento, Ingo Wolfgang Sarlet explica que a 
fundamentalidade formal está ligada ao direito constitucional positivo devido a 
aspectos, como: a integração dos direitos fundamentais na Constituição escrita 
denotando o ápice, o auge de todo o ordenamento jurídico; o fato de encontrarem-se 
submetidos aos limites formais e materiais da reforma constitucional, demonstrando 
a proteção que o legislador atribui aos direitos fundamentais, não podendo eles 
serem suprimidos pelo poder reformador; e, o caráter de direitos diretamente 
aplicáveis englobando de forma imediata tanto entidades públicas quanto privadas.37 
No tocante a fundamentalidade material dos direitos fundamentais, estes 
direitos estão dispostos segundo este critério, devido o fato de não estarem contidos 
na parte protegida pelo art. 60 da CF38, ou seja, não são consideradas cláusulas 
pétreas até a inserção do § 2° no art. 5°, o qual aduz que: 
 
 
36
 ARAÚJO, Carolina Lobato Goes de. Fundamentalidade dos direitos humanos. Disponível em: 
ww1.anamatra.org.br/003/00301015.asp?ttCD_CHAVE=62025. Acesso em: 30 mar 2012. 
37
 SARLET, Ingo Wolfgang. op. cit. p. 74 e 75. 
38
 Este artigo trata da possibilidade de supressão e emenda constitucional, ressalvando os direitos e 
garantias individuais. 
http://ww1.anamatra.org.br/003/00301015.asp?ttCD_CHAVE=62025
25 
 
 
 
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela 
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte.39 
 
Fica claro assim a abertura existente na Constituição a outros direitos 
fundamentais não expressos, sendo, portanto, materialmente fundamentais, ou seja, 
aqueles direitos que subsistem fora do catalogo. Visando uma melhor compreensão, 
Ingo Wolfgang Sarlet teceu a seguinte assertiva: 
 
Direitos fundamentais em sentido material são aqueles que, apesar 
de se encontrarem fora do catálogo, por seu conteúdo e por sua 
importância podem ser equiparados aos direitos formalmente (e 
materialmente) fundamentais.40 
 
A abertura proporcionada pela inserção no art. 5° do parágrafo 2° garantiu o 
caráter de direito fundamental, por exemplo, ao principio da anterioridade, que 
encontra-se consagrado no art. 150, inciso III, alínea b, da CF, fato este garantido 
através do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 939-7 pelo 
Supremo Tribunal Federal, o qual explicou que tal princípio é uma garantia41 
fundamental ao cidadão contribuinte. 
Frente a esta questão, cabe relatar o posicionamento extremista de Dimitri 
Dimoulis que defende a seguinte tese: 
 
Esse elemento formal é também condição suficiente da 
fundamentalidade: todos os direitos garantidos na Constituição são 
considerados fundamentais, mesmo quando seu alcance e 
relevância social forem bastante limitados, como indica na 
Constituição Federal o exemplo do direito (fundamental) dos maioresde 65 anos de viajar gratuitamente nos meios de transporte coletivo 
urbano (art. 230, § 2°). Isso indica que o termo “direito fundamental” 
é sinônimo do termo “direito que possui força jurídica 
constitucional”.42 
 
Nota-se que tal posicionamento defendido pelo doutrinador torna-se 
bastante extremista vindo a adicionar aos direitos fundamentais um sentido de 
 
39
 BARROSO, Darlan; e ARAUJO JUNIOR, Marco Antonio. Vade Mecum – Especialmente preparado 
para a OAB e Concursos. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 72 
40
 SARLET, Ingo Wolfgang. op. cit. p. 80. 
41
 Devendo ser entendido nesse contexto como sinônimo de direito fundamental. 
42
 DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. 2° tiragem. 
São Paulo: Revista dos Tribunais. 2008. p. 54. 
26 
 
 
 
vulgar, banal, o que não é correto. Além desse fato, como informado anteriormente 
durante o estudo, os direitos fundamentais são frutos de disputas acirradas, ocorrida 
durante momentos delicados da sociedade, demandando antes de poder aduzir a 
determinado direito o caráter de direito fundamental um olhar mais crítico e uma 
análise de sua valia, pois os direitos fundamentais devem ser compreendidos como 
de suma importância à vida do indivíduo que sem o qual estaria fadado a ter uma 
lacuna, uma falha em seu ser. 
 
 
2.2 DIREITO FUNDAMENTAL AO ACESSO À INTERNET E A RELAÇÃO COM 
OS DIREITOS CONSTITUICIONAIS 
 
 
A questão do direito fundamental ao acesso à internet é um tema bastante 
moderno e que estampa as páginas de revistas e jornais, tendo também em um 
mundo em constante globalização, outros mecanismos de propagação de ideias, 
entre eles porque não mencionar os blogs. 
Ocorre que antes de se aprofundar no tocante a consideração deste direito 
em direito fundamental, necessita-se que seja construída uma base sólida sobre o 
que vem a ser a internet necessariamente, para poder contrapô-la aos critérios de 
conceituação dos direitos fundamentais e poder por fim considerar que o acesso à 
internet é um direito fundamental. Assim inicia-se o estudo com a história da criação 
da internet. 
 
 
2.2.1 A Evolução Histórica da Internet 
 
 
A internet originou-se na década de 60 (sessenta) nos Estados Unidos, 
durante o período da Guerra Fria, como resposta ao lançamento do primeiro satélite 
espacial Sputnik, realizado pela União Soviética. Inicialmente adquiriu a 
nomenclatura de ARPANET visto ter sido criada pela Advanced Research Projects 
Agency43 (ARPA), com a finalidade inicial de transmitir informações militares entre 
 
43
 Agência de Projeto e de Pesquisa Avançada. 
27 
 
 
 
centros de comando e pesquisa bélica, isso porque mesmo se determinado centro 
de pesquisa viesse a sofre um bombardeio ou ataque nuclear, as informações ali 
obtidas não seriam perdidas no limbo, pois poderia ser facilmente acessada por 
outro ponto também chamado de nó.44 
A técnica de rede descentralizada baseada em comutação de pacotes, a 
qual recebeu o nome de packet switched networks, foi a grande ideia da nova 
tecnologia, baseada nos estudos promovidos por J. C. R. Licklider encontrado em 
memorandos seus no Massachussets Institute of Technology - MIT45 em 1962, 
intitulando o conceito de “Rede Galáxica”46, conceito este que previa a conectividade 
entre vários computadores no globo podendo ser acessados dados e programas 
com maior velocidade e em qualquer lugar.47 
Ocorre, porém que a internet como foi criada havia capacidade de somente 
265 (duzentos e sessenta e cinco) máquinas interligadas devido a sua conexão ser 
realizado por meio de um equipamento chamado Interface Message Processor (IMP) 
e de um protocolo denominado Network Control Protocol (NCP). Graças aos estudos 
promovidos por Vinton Cerf48 e Larry Roberts é que este problema foi solucionado, 
com a adoção do sistema Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP), 
passando a ter como capacidade quatro bilhões de conexões.49 
Além do fato da capacidade de conectividade, o novo sistema foi criado no 
intuito de sanar os problemas existentes no sistema anterior, vez que não havia uma 
proteção com relação a perdas de pacotes que pudesse ocorrer durante a 
transmissão da mensagem, e com a adoção do TCP/IP, este sistema passou a ser 
capaz de detectar tais erros e solucioná-los.50 
Em 1983 foi criada pelo Departamento de Defesa outra rede denominada 
MIL-NET, destinada exclusivamente a assuntos militares, pois o Departamento 
estava recioso com possíveis violações no sistema de segurança da rede já 
estabelecida, vez que a ARPANET (a qual passou então a ser chamada ARPA – 
 
44
 FREITAS, Hélio. Desenvolvimento da Internet – cap. 2. Da Arpa à WebTv. Disponível em: 
www2.metodista.br/UNESCO/Helio/capitulo2.htm. Acessado em: 07 Ago. 2012 
45
 Instituto de Tecnologia de Massachussets. 
46
 Dentre os historiadores da internet há uma certa discordância com relação a determinados termos, 
verifica-se por exemplo, neste termo “rede galáxica” apresentado pela ilustríssima Aisa Pereira, termo 
que nos estudos promovidos por Hélio Freitas apresenta a terminologia “rede galática”. 
47
 PEREIRA, Aisa. Aprenda Internet Sozinho Agora: História da Internet. Disponível em: 
www.aisa.com.br/historia.html. Acesso em: 08/08/2012 
48
 Considerado o pai da internet. 
49
 FREITAS, Hélio. Op cit. 
50
 ROHRMANN, Carlos Alberto. Curso de Direito Virtual. Belo Horizonte; Del Rey, 2005. p. 5. 
http://www.aisa.com.br/historia.html
28 
 
 
 
INTERNET com destinação exclusivamente investigativa) passava a ser muito 
utilizada pelo público externo do convívio militar/Universidades.51 
Já em 1990, após o fechamento da ARPANET, considera-se pelos 
historiadores como sendo o ano da abertura da internet a população, tal fato se dá 
devido o crescimento bastante considerado de pessoas naturais e jurídicas que 
passaram a utilizá-la.52 
Este acontecimento somente foi possível com a criação do sistema de 
documentos World Wide Web (WWW), pelo britânico Tim Berners-Lee, sistema esse 
que permitia o acesso às informações existentes na internet de modo “mais fácil, 
mais bonito e mais agradável”53, sendo apresentado no formato de hipertexto e 
hipermídia54.55 
Além desse sistema também foi criado o HyperText Markup Language 
(HTML)56 e os Browsers57 que se fazia necessário para a transferência dos dados. O 
primeiro Browser criado foi o LYNX58 que conseguia transferir somente dados e 
posteriormente na Universidade de Illinois – EUA foi concebido o MOSAIC, o qual 
conseguia transferir textos e imagens, tornando-se assim o precursor dos atuais 
Nescape e Internet Explorer.59 
Graças à criação e desenvolvimento desses instrumentos e meios de 
transferência de dados é que a internet esta como a maioria vê hoje, além, claro da 
existência de empresas que possibilitam o acesso ao público em geral, da 
população em massa, empresas estas denominadas Internet Service Providers 
 
51
 CASTELLS, Manuel. A Galáxia Internet: reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. 2ª. ed. 
Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian; 2007. p. 28. 
52
 ROHRMANN, Carlos Alberto. op. cit. p. 6. 
53
 ROHRMANN, Carlos Alberto. op. cit. p. 7. 
54
 Hipertexto é um documento eletrônico composto de unidades textuais interconectados que formam 
uma rede de estrutura não linear, por meio de links, nos quais o leitor vai criando suas próprias 
opções e trajetórias de leitura, o que rompe o domínio tradicional de um esquema rígido de leitura 
imposto pelo autor. Já a hipermídia é a ampliação do conceito de hipertexto, vez que aplica os 
conceitos do hipertexto a escrita eletrônica conjuntamente com a interação de som e imagens. 
LENIE. Você sabe o que é Hipertexto?.Disponível em: http://www.escolabonilha.com/2009/voce-
sabe-o-que-e-hipertexto/. Acessado em: 25/09/2012. 
55
 MARTINS, Elaine. O que é World Wide Web?. Disponível em: 
http://www.tecmundo.com.br/web/759-o-que-e-world-wide-web-.htm. Acessado em: 25/09/2012. 
56
 Linguagem da marcação do hipertexto é a principal linguagem de marcação para a exibição de 
paginas da web e outras informações que podem ser exibidas em um navegador da web. HTML. 
Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/HTML. Acessado em: 02/10/2012 
57
 Significa navegadores. 
58
 O primeiro navegador de texto para plataforma World Wide Web. 
59
 Breve história da internet. Disponível em: http://piano.dsi.uminho.pt/museuv/INTERNET.PDF. 
Acessado em : 02/10/2012 
http://www.escolabonilha.com/2009/voce-sabe-o-que-e-hipertexto/
http://www.escolabonilha.com/2009/voce-sabe-o-que-e-hipertexto/
http://www.tecmundo.com.br/web/759-o-que-e-world-wide-web-.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/HTML
http://piano.dsi.uminho.pt/museuv/INTERNET.PDF
29 
 
 
 
(ISPs)60. Estas pessoas jurídicas possuem computadores ligados à internet e 
realizam o serviço de dispor ao usuário os canais de acesso através de meios que 
permitem a interligação dos computadores, a exemplo utilizando as linhas 
telefônicas para prestar tais serviços.61 
Esse é o ponto incisivo do presente trabalho, vez que os mecanismos 
existentes para a distribuição de canais e meios para realizar a conexão entre os 
vários computadores são até certo ponto limitados a certas circunstancias de, por 
exemplo, localização da cidade e da localidade em que o usuário encontra-se. Esta 
limitação torna-se bastante evidente nas cidades longínquas dos polos industriais e 
centros urbanos, privando assim a população de conseguir acesso ao mundo 
globalizado. 
Frente a esta situação é que vários estudos vêm sendo realizado no intuito 
de encontrar meios de retirar a limitação e aumentar a capacidade de transmissão 
dos dados entre todos os habitantes de determinado Estado. 
Nesse tocante é que figura-se a internet por rede elétrica, denominada 
Power Line Communications (PLC), pois conforme o censo realizado pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, aproximadamente 97,8% dos 
domicílios no Brasil são atendidos pela rede elétrica, sendo que na área urbana esse 
valor chega a 99,1%62, contrapondo esses valores nota-se que o número de 
brasileiros conectados na internet chega a somente 48%.63 
Fica-se necessária esta breve introdução sobre a questão da internet por 
rede elétrica devido a temática ter sido direcionada para tal sentido, mas esta 
questão será melhor abordada em tópico próprio no decorrer do presente trabalho 
de pesquisa. 
Assim, após apresentada a história da Internet será arguida a questão 
jurídica que advêm deste tema, ou seja, a possível conceituação do acesso à 
internet como direito fundamental a todo e qualquer indivíduo. 
 
 
60
 Estas empresas são prestadoras de serviço de internet. 
61
 ROHRMANN, Carlos Alberto. op. cit. p. 7. 
62
 R7. Energia elétrica já chegou a quase 100 % das casas no país, diz IBGE. Disponível em: 
http://noticias.r7.com/brasil/noticias/energia-eletrica-ja-chegou-a-quase-100-das-casas-do-pais-diz-
ibge-20111116.html. Acessado em: 02/10/2012 
63
 ANTONIOLI, Leonardo. Estatísticas, dados e projeções atuais sobre a Internet no Brasil. 
Disponível em: http://tobeguarany.com/internet_no_brasil.php. Acessado em: 02/10/2012 
http://noticias.r7.com/brasil/noticias/energia-eletrica-ja-chegou-a-quase-100-das-casas-do-pais-diz-ibge-20111116.html
http://noticias.r7.com/brasil/noticias/energia-eletrica-ja-chegou-a-quase-100-das-casas-do-pais-diz-ibge-20111116.html
http://tobeguarany.com/internet_no_brasil.php
30 
 
 
 
2.2.2 Análise do Acesso à Internet como Direito Fundamental e sua Relação 
com os demais Direitos da mesma Espécie 
 
 
Conforme aludido anteriormente para que um direito possa assumir o caráter 
de fundamentalidade é necessário que detenha certos requisitos, dentre eles que: 
do ponto de vista constitucional devido seu conteúdo e importância venham a figurar 
como vitais e a sua inter-relação existente com os princípios fundamentais da 
Constituição de 1988. 
Portanto, para a conceituação do acesso a internet como direito 
fundamental, se faz necessário apresentar a suma importância que este instituto 
passou, com a evolução do mundo, a ter para o ser humano. 
Nota-se que quase tudo, pra não dizer tudo, atualmente é realizado por meio 
da internet, desde uma conversa com os parentes distantes, uma transação 
bancária, uma compra, o uso para o lazer, para realizar pesquisas tanto de cunho 
escolar como para simples conhecimento, como ainda o crescente aumento de livros 
que deixam de ser publicados em papel para serem disponibilizados digitalmente, os 
chamados e-books. 
Verifica-se assim que os próprios doutrinadores constitucionais, em especial 
Ingo Wolfgang Sarlet64 já declinaram existir o direito a informática, visto a 
essencialidades que este direito passou a ter para o ser humano enquanto indivíduo 
numa sociedade globalizada. 
O acesso à internet firma-se como sendo um dos direitos de terceira 
geração, vez que através dele consegue-se concretizar os demais direitos de 
liberdade, igualdade e ainda os direitos comuns a humanidade. 
Ocorre então que o acesso consegue garantir, de certa forma o direito de 
igualdade, pois todos que têm acesso a este instrumento tornam-se iguais, não 
sendo feito distinção entre seus usuários, disponibilizando a todos suas ferramentas 
e utilidades, devendo cada qual utilizá-la como queira. 
Sob este prisma cabe arguir o posicionamento de Helena Klang, a qual 
explica: 
 
 
64
 Conforme relatado anteriormente quando tratado dos direitos fundamentais de terceira geração. 
31 
 
 
 
O avanço da internet e com ela a organização social em redes 
propiciou uma situação surpreendente: Conectados, somos todos 
iguais. Indivíduos, Governos e Corporações se transformam em 
protocolos de informação. Bits e Bytes.65 
 
Nota-se assim que através da internet houve a possibilidade de aplicação do 
princípio da isonomia, não em sua totalidade devido à disparidade entre os critérios 
técnicos que a internet possui, mas mesmo assim visa garantir a igualdade entre 
todos os cidadãos, como no caso em questão os usuários, sem qualquer distinção 
de quem seja. 
Além do direito a igualdade, a internet torna-se um ótimo meio de 
disseminação de ideias, conseguindo fazer com que seus usuários debatam sobre 
vários assuntos, formando assim uma sociedade pensante. Tal critério somente 
torna-se possível através da concretização do direito a liberdade de expressão e a 
livre manifestação do pensamento, os quais se encontram positivados na 
Constituição Federal de 1988 no art. 5° IV, V, IX, XIV, art. 220 e seus parágrafos 2° 
e 3°, conforme demonstrado abaixo: 
 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 
anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além 
da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
(...) 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e 
de comunicação, independentemente de censura ou licença; 
(...) 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o 
sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; 
Art. 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a 
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão 
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço 
à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de 
comunicação social, observado o disposto no Art. 5º, IV, V, X, XIII e 
XIV. 
 
65
 KLANG, Helena. [Com]partilhar: o axioma da internet. Artigo cientifico apresentado no III 
Simpósio Nacional da ABCiber. Disponível em: http://www.helenaklang.com/blog/?p=102. Acessado 
em: 05/10/2012 
http://www.helenaklang.com/blog/?p=102
32 
 
 
 
§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, 
ideológica e artística.66 
 
Verifica-se assim que a legislação pátria apresenta uma preocupação 
grande com relação ao direito de manifestar os pensamentos, vez que apresenta 
várias possibilidades diferentes que podem ocorrer, visando garantir que tal direito 
não seja tolhido da sociedade, direito este que remete ao Estado Democrático de 
Direito. 
Esta preocupação se faz presente devido os legisladores que promulgaram 
a presente Constituição terem sido vítima do Estado opressor no período da ditadura 
militar, não conseguindo fazer jus a tais direitos, e no intuito de que tal fato não se 
repita, passou-se a defender fervorosamente a existência dos direitos sociais a todo 
e qualquer indivíduo. 
Outrossim, com o direito a manifestação do pensamento encontra-se 
mutuamente atrelado o direito a informação, dada a importância e relevância destes 
direitos para a efetiva concretização da democracia e dos direito humanos67. Esta 
característica torna-se bastante visível quando da análise, por exemplo, da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu art. 19°; como anteriormente 
também na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, em seu art. 
11°, conforme abaixo se pode analisar: 
 
Artigo 19º. Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de 
expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas 
opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de 
fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.68 
 
Artigo 11º- A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é 
um dos mais preciosos direitos do Homem; todo o cidadão pode, 
portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, 
pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na Lei.69 
 
 
66
 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acessado em: 
08/10/2012 
67
 Esta terminologia esta sendo empregada de modo amplo, não levando em consideração a 
explicação anteriormente apresentada no presente trabalho sobre a distinção deste e das demais 
terminologias, sendo utilizada como mecanismo que abarca todas elas. 
68
 ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: 
http://dre.pt/comum/html/legis/dudh.html. Acessado em: 08/10/2012. 
69
 FRANÇA. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Disponível em: 
http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/direitos-
humanos/declar_dir_homem_cidadao.pdf. Acessado em: 08/10/2012 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
http://dre.pt/comum/html/legis/dudh.html
http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/direitos-humanos/declar_dir_homem_cidadao.pdf
http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/direitos-humanos/declar_dir_homem_cidadao.pdf
33 
 
 
 
Isto exprime a proteção não somente do Brasil para com os direitos 
mencionados, mas de um modo geral, de todos os países do mundo, visto que 
somente com a reserva de determinados direitos que se pode garantir uma 
democracia plena, e a proteção indiscutível dos indivíduos enquanto seres humanos. 
Consonante a este entendimento Elaine Garcia Ferreira, explica: 
 
Somente há direitos fundamentais, quando o Estado e a pessoa, 
autoridade e a liberdade se distinguem e até, em maior ou menor 
medida, se contrapõem. O direito à informação traduz um dever 
prima face de abstenção do Estado na esfera da liberdade do 
indivíduo ao passo que subjetivamente este mesmo direito servirá de 
ligação para a fruição de outros direitos fundamentais.70 
 
Conforme o entendimento apresentado observa-se que há entre os direitos 
fundamentais um nexo necessário, para que se possa haver a fruição de ambos. 
Este conceito torna-se claramente visível como já apresentado, vez que com o 
direito a informação, vem o direito a livre manifestação do pensamento, 
concretizando assim os direitos de liberdade. 
Percebe-se que os requisitos anteriormente apresentados para a 
possibilidade de conceituação de determinado direito como sendo fundamental é 
verídico, pois como já mencionado, necessita-se que haja um vínculo entre os 
direitos fundamentais. 
Elaine Garcia Ferreira ressalta ainda: 
 
À medida que o acesso às tecnologias on-line tem crescido de forma 
exponencial nos últimos anos, a internet tem oferecido mais 
oportunidades para enriquecer o discurso público, expor abusos de 
poder e facilitar o ativismo dos cidadãos. Ela tem proporcionado mais 
espaço à liberdade de expressão em cenário e países democráticos, 
onde a radiodifusão tradicional e a mídia impressa são limitadas.71 
 
Nessa assertiva nota-se que a internet passa a ser com o decorrer dos 
tempos um mecanismo extremamente necessário para garantia da democracia, visto 
que através dela demais direitos fundamentais são concretizados, denotando assim 
 
70
 FERREIRA, Elaine Garcia. Quais são as restrições à liberdade de expressão na internet. 
Disponível em: http://enoreg-rj.com.br/wp/quais-sao-as-restricoes-a-liberdade-de-expressao-na-
internet/. Acessado em: 08/10/2012. 
71
 FERREIRA, Elaine Garcia. op. cit. 
http://enoreg-rj.com.br/wp/quais-sao-as-restricoes-a-liberdade-de-expressao-na-internet/
http://enoreg-rj.com.br/wp/quais-sao-as-restricoes-a-liberdade-de-expressao-na-internet/
34 
 
 
 
a ligação necessária entre os direitos para poder considerar o direito ao acesso à 
internet como direito fundamental. 
Apresentada a relação entre o acesso à internet e os direitos fundamentais a 
liberdade de expressão e informação, salienta-se que não é somente com esses 
direitos que o presente instituto se relaciona, visto seu vasto campo de atuação, 
sendo apresentada ainda a situação existente entre ele e os direitos à educação, à 
cultura e ao lazer. 
A educação é considerada como direito fundamental de todo indivíduo, 
devendo para tanto o Estado provê-lo da melhor maneira possível a todos os graus 
de estudos, desde creches para as crianças até o acesso ao individuo que queira 
ingressar no ensino superior. 
Munir Cury apresenta o seguinte conceito relativo ao tema: 
 
O direito fundamental à educação assegurado a todas as crianças e 
adolescentes, de forma indiscriminada e universal, 
está insculpido na doutrina da proteção integral a qual, de forma 
absolutamente inovadora e revolucionária, veio abrir novos 
horizontes para o atendimento da população infanto-juvenil 
brasileira.72 
 
Este posicionamento se coaduna com a doutrina brasileira e com a 
legislação pátria, pois com o advento da lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990, a qual 
instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é que passa a ser 
questionada a necessidade de uma proteção integral as crianças, tendo como carro 
chefe desta lei o direito a educação. 
Fica claro ao analisar os demais textos legais que não se trata somente da 
criança e do adolescente, sendo eles em especial os detentores deste direito, mas 
da educação em sentido amplo. 
Na análise da legislação percebe-se a essencialidade e o caráter 
fundamental do direito a educação para todos da sociedade, vez que está presente, 
por exemplo, no art. 7º,XXV e art. 208, IV da carta magna, o direito da assistência 
gratuita em creches e pré-escolas aos filhos e dependentes desde o nascimento até 
os cinco anos de idade.73 
 
72
 CURY, Munir. A educação como direito fundamental e seus instrumentos de exigibilidade. 
Disponível em: http://www.abmp.org.br/textos/134.htm. Acessado em: 08/10/2012 
73
 CURY, Munir. op. cit. 
http://www.abmp.org.br/textos/134.htm
35 
 
 
 
Cabe ainda salientar o compromisso firmado por vários países no ano de 
1990 na Tailândia, durante a realização do Fórum Mundial de Educação para 
Todos74, ao qual havia ficado decidido que os países que compuseram o presente 
fórum deveriam “priorizar a educação para todos, com ênfase na erradicação do 
analfabetismo”.75 
A sociedade aos poucos vem se rendendo aos avanços tecnológicos, visto o 
grande auxilio que podem promover quando relacionados ao direito à educação, 
como se vê na questão dos cursos telepresenciais e faculdades à distância, os quais 
há vários anos estão ajudando pessoas que querem buscar conhecimento e não 
possuem tempo hábil para frequentar aulas em período normal, conseguindo levar a 
educação até os locais mais distantes. Como exemplo de democratização do ensino, 
têm-se a rede de ensino Luiz Flávio Gomes (LFG), destinada aos cursos 
preparatórios para concursos públicos, que já alcançou o índice de 90 mil 
aprovações, com suas aulas ministradas via satélite por intermédio da internet.76 
Visto a relação existente entre o direito ao acesso à internet e a educação, 
passar-se-á a traçar um paralelo e apresentar a relação que este direito tem frente 
ao direito à cultura. 
Assim, torna-se da mais valia compreender o conceito do que vem a ser 
cultura e o seu caráter fundamental para então demonstrar a ligação existente entre 
este direito e o direito ao acesso à internet, e para isso é trazido o posicionamento 
apresentado por João Pedro Ferreira e Inês Rodrigues Miguel, os quais apresentam 
a seguinte conceituação sobre a cultura: 
 
O Homem, desde os primórdios da sua existência, tem agido sobre a 
Natureza, transformando-a, estabelecendo relações, procurando uma 
existência comunitária, criando um conjunto de comportamentos, 
costumes, hábitos, valores, normas e crenças. A esta sua acção 
 
74
 O presente fórum informado teve a participação dos noves países em desenvolvimento mais 
populosos do mundo, sendo eles: China, Indonésia, México, Índia, Paquistão, Bangladesh, Egito, 
Nigéria e Brasil, nota-se que em 2000 vieram a encontrar-se novamente para avaliar os 
compromissos anteriormente assumidos. A sede desse novo fórum deu-se em Recife, e os Ministros 
ali presentes firmaram a “Declaração de Recife”, que apresentava ainda o compromisso de aumentar 
o número de alunos que completam a educação básica, média e superior; a inclusão total das 
crianças portadoras de deficiência ao ensino regular; o aumento da participação da sociedade civil no 
aprendizado básico; como também, garantir o acesso à educação da população que reside em áreas 
de difícil acesso. CURY, Munir. op. cit. 
75
 CURY, Munir. op. cit. 
76
 DUTRA, Maria. Cursos telepresenciais? Nova modalidade de ensino e de sucesso. Disponível 
em: http://www.bancodeconcursos.com/materias/cursos-telepresenciaisnova-modalidade-ensino-
sucesso.html. Acessado em: 10/10/2012 
http://www.bancodeconcursos.com/materias/cursos-telepresenciaisnova-modalidade-ensino-sucesso.html
http://www.bancodeconcursos.com/materias/cursos-telepresenciaisnova-modalidade-ensino-sucesso.html
36 
 
 
 
chamamos de Cultura. E esta tem um carácter dialéctico, pois o 
Homem é tanto produtor como produto da cultura.77 
 
Deste modo, a cultura encontra-se em constante criação, sendo até certo 
ponto bastante complexo de analisar, devido um número imenso de fatores. Não se 
esquivando de tal análise, o presente trabalho irá direcionar o foco da temática ora 
abordada frente o tema inicialmente apresentado, qual seja, o acesso à internet 
como direito fundamental. 
Levando em consideração este fato e contrapondo ao conceito apresentado 
sobre a cultura, nota-se que a internet passou a ser um mecanismo de disseminação 
de cultura, pois através de seu uso, pessoas do mundo inteiro apresentam e 
comentam seus hábitos, costumes, valores e crenças, exprimindo assim a 
essencialidade da internet para compreender as diferenças existentes entre os 
povos. 
Antes da criação da internet para que uma pessoa pudesse alimentar o seu 
intelecto e seu interesse pelo saber, se fazia necessário que o indivíduo efetua-se a 
compra de livros, revistas, jornais, ou não sendo possível a aquisição, teria que se 
deslocar até uma biblioteca ou museu para poder saciar sua vontade pelo 
conhecimento.78 
Atualmente com a globalização e os meios tecnológicos, em especial a 
internet, ficou-se muito mais fácil de conseguir acesso a todos esses meios de 
obtenção de conhecimento, sem a necessidade do individuo sair de sua residência, 
pois a internet possibilita um vasto campo de atuação e aprendizado a quem lhe 
utiliza. 
Cabe salientar ainda o posicionamento apresentado no blog Diário a 
Distância sobre a definição da internet como sendo cultura ou não, conforme 
apresenta: 
 
Considerando que a definição de internet engloba, para além da rede 
em si, os conteúdos acessíveis através dela, penso que podemos 
considerar que a internet é cultura; negá-lo seria também negar que 
 
77
 FERREIRA, João Pedro; MIGUEL, Inês Rodrigues. Cultura e redes sociais – a internet: um novo 
espaço público. Disponível em: http://repositorio.esepf.pt/bitstream/handle/10000/343/PG-
GA_Cultura%20e%20Redes%20Sociais.pdf?sequence=1. Acessado em: 10/10/2012. p. 9 
78
 MARTINS, Carlos. Cultura na internet. Disponível em: 
http://www.carlosmartins.com.br/opiniaomuseu.htm. Acesso em: 10/10/2012 
http://repositorio.esepf.pt/bitstream/handle/10000/343/PG-GA_Cultura%20e%20Redes%20Sociais.pdf?sequence=1
http://repositorio.esepf.pt/bitstream/handle/10000/343/PG-GA_Cultura%20e%20Redes%20Sociais.pdf?sequence=1
http://www.carlosmartins.com.br/opiniaomuseu.htm
37 
 
 
 
bibliotecas, imagotecas79, hemerotecas80, ludotecas81 (que contêm os 
símbolos com que nos identificamos) são cultura. Nesta acepção do 
termo, a internet é mais do que simplesmente um depósito de 
materiais mas, entre outras características, contém esta vertente 
cultural, muitas vezes ampliada pelas características informáticas 
que permitem aliar, como não é possível doutro modo, texto, imagem 
e som.82 
 
No presente blog o autor ainda explica que mesmo considerando a internet 
somente como estrutura física, também deve ser considerada cultura, visto ser uma 
proeza tecnológica demonstrando a capacidade das pessoas em criar, além de ser o 
resultado da vontade política das lideranças mundiais em criar uma relação global, 
denotando assim uma faceta cultural da sociedade, que já esta organizada à volta 
da internet, alterando até mesmo a forma de se relacionar com os demais.83 
Quando questionado sobre o direito ao acesso a internet o primeiro direito 
que se entrelaça a ele é o direito ao lazer, isto ocorre devido à vontade do ser 
humano de se refugiar em um mundo onde o que você quer você consegue, 
somente precisando de um click. O fato de o lazer ser bastante utilizado pela internet 
se dá pelo motivo de que a sociedade está organizada de forma a utilizar-se muito 
de seus serviços. 
O conceito de lazer deriva do latim licere, o qual se entende como sendo a 
“utilização do tempo livre” entre um trabalho e outro, podendo o homem fugir dos 
aborrecimentos do cotidiano para realizar aquilo que gosta, ou seja, o que, a seu ver 
é divertido e prazeroso.84 
Na busca pela diversão a internet propicia um vasto campo de possibilidades 
aos seus usuários com

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