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TEXTO - GERALDO ELENO - LESÕES GASTRICAS - RAQUEL DOTTO

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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO 
HOSPITAL VETERINÁRIO JOCKEY CLUB DE SÃO PAULO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAQUEL DOTTO DE FIGUEIREDO 
 
 
 
 
 
LESÕES GÁSTRICAS ULCERATIVAS EM DECORRÊNCIA 
DO USO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2006 
 
 
 
 
 
ii 
RAQUEL DOTTO DE FIGUEIREDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LESÕES GÁSTRICAS ULCERATIVAS EM DECORRÊNCIA 
DO USO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada para obtenção 
do título de especialista Latu Sensu em 
Diagnóstico e Cirurgia de Eqüinos da 
Universidade de Santo Amaro em 
convênio com o Hospital Veterinário 
Jockey Club de São Paulo, sob 
orientação do Prof. Ms. Silvio Batista 
Piotto Júnior 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2006 
 
iii 
LESÕES GÁSTRICAS ULCERATIVAS EM DECORRÊNCIA 
DO USO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS 
 
RAQUEL DOTTO DE FIGUEIREDO 
 
 
 
Monografia apresentada para a obtenção do título de 
Especialista Lato Sensu pela Universidade de Santo Amaro em 
convênio com o Hospital Veterinário Jockey Club de São Paulo. 
Área de concentração: Diagnóstico e Cirurgia de Eqüinos. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 Silvio Batista Piotto Junior 
 Mestre / UNISA / HVJCSP 
 
 
 
 Edson Lara Rodrigues 
 Doutor / UNISA 
 
 
 
Silvia Cristina Oliveira 
Doutora / UNISA 
 
 
 
 
 
CONCEITO FINAL: ____________ 
DATA: _____ / _____ / __________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
SUMÁRIO 
LISTA DE FIGURAS 5 
RESUMO 6 
ABSTRACT 7 
1. INTRODUÇÃO 8 
2. OBJETIVO 8 
3. REVISÃO DE LITERATURA 9 
3.1. Anatomia e Fisiologia Gástrica dos Cavalos 9 
3.2. Fisiopatologia das Úlceras Gástricas 14 
3.3. Principais Situações Desencadeantes à Formação 
das Úlceras 15 
3.3.1. Estresse 15 
3.3.2. Habronemose 17 
3.3.3. Presença da Bactéria Helicobacter sp. 18 
3.3.4. Uso de AINEs 20 
4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 27 
BIBLIOGRAFIA 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Região pilórica normal com presença de muco protetor 11 
Figura 2 - Anatomia do estômago 12 
Figura 3 - Mucosa aglandular (Epitélio escamoso estratificado) 12 
Figura 4 - Mucosa glandular 12 
Figura 5 - Região divisória entre mucosa glandular e aglandular 13 
Figura 6 - Região pilórica com mucosa normal 13 
Figura 7 - Ulcerações aglandulares (setas) numerosas e extensas 
em animal assintomático criado em regime de estabulação 17 
Figura 8 - Úlcera na região do piloro causada por estresse 19 
Figura 9 - Úlcera causada pelo uso de Fenilbutazona 25 
Figura 10 - Úlcera gástrica causada pelo uso de Flunixin meglumine 25 
Figura 11 - Múltiplas úlceras na região aglandular 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
RESUMO 
 
Figueiredo, R.D. LESÕES ULCERATIVAS EM DECORRÊNCIA DO USO DE 
DROGAS ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS. 
Monografia apresentada para obtenção do título de especialista Lato Sensu em 
Diagnóstico e Cirurgia de Eqüinos da Universidade de Santo Amaro em convênio 
com o Hospital Veterinário Jockey Club de São Paulo, sob orientação do Professor 
Silvio Batista Piotto Júnior, São Paulo, 2006. 
O presente estudo procurou relacionar o aparecimento de úlceras gástricas e o uso 
de antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) em eqüinos. Visto a grande incidência 
desta afecção em animais mantidos em hípicas, jockey clubs e centros de 
treinamento, concomitante ao uso indiscriminado destas drogas, mostra ser este um 
dos fatores determinantes para o aparecimento de lesões gástricas ulcerativas. O 
surgimento destas erosões de mucosa está relacionado às alterações na proteção 
da mucosa estomacal, associados à falhas da produção de muco protetor e 
bicarbonato de sódio pelas células da região glandular, ou ainda, devido ao aumento 
da secreção de ácido clorídrico (HCl) e pepsinogênio no estômago, substâncias 
estas corrosivas à mucosa gástrica. Como estes fatores não estão exclusivamente 
associados somente ao uso de drogas antiinflamatórias, outras situações que 
desencadeiem esta patologia foram avaliadas por este estudo, com o intuito de 
mostrar as reais ocorrências das úlceras gástricas decorrentes do uso de AINEs. 
Palavras-chave: antiinflamatórios, úlcera gástrica, helicobacter, prostaglandina, 
eqüino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
Figueiredo, R.D. ULCERATIVE LESIONS IN RESULT OF NONSTEROIDAL ANTI-
INFLAMMATORY DRUGS. Monograph presented for attainment of the heading of 
specialist Latu Sensu in Diagnosis and Surgery of Equines of the University of Santo 
Amaro in accord with the Hospital Jockey Veterinarian Club of São Paulo, under 
orientation of Ms. Silvio Piotto Baptist Júnior, São Paulo, 2006. 
 
The present research shows the relationship between the gastric ulcers appearances 
and the use of non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) in horses. There is a 
the great incidence of this pathology among animals established in Jockey Clubs and 
training centers, associated with the indiscriminate use of these drugs. This factor is 
believed to be one of many causes of the gastric ulcerative lesions. These mucosal 
injuries are believed to be related to the production of protector mucus and 
bicarbonate, or else, the increase of the HCl and pepsinogens secretion, corrosive 
agents to the gastric mucosa. As these factors are not exclusively associated only to 
the NSAIDs, other situations that are able to cause this pathology were studied in this 
research. The purpose of this, it is to show the real occurrences of NSAIDs ulcers 
related cases. 
Key words: anti-inflammatory, gastric ulcer, helicobacter, prostaglandin, equine 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO: 
 
Os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) são drogas frequentemente 
utilizadas em medicina veterinária com o intuito de minimizar as respostas 
inflamatórias indesejáveis, bloqueando a enzima cicloxigenase, interrompendo a 
formação de tromboxanos, prostaciclina e prostaglandina, o que leva ao bloqueio 
dos efeitos inflamatórios (DOWLING, 1997). 
Porém, o uso destas drogas bloqueadoras da prostaglandina além de 
bloquear os efeitos que são considerados maléficos, inibirá as funções fisiológicas, 
exercidas pela prostaglandina, que poderá ocasionar problemas maiores 
posteriormente. 
Na função renal, a prostaglandina mantém o fluxo sanguíneo e produção de 
urina normal. Tem grande contribuição na formação óssea normal, portanto o uso de 
AINEs pode atrasar o processo de consolidação óssea das fraturas. No trato 
gastrintestinal, é responsável pela motilidade, inibição da secreção de ácido gástrico 
e aumenta a secreção de muco estomacal de proteção da mucosa. A perda destas 
funções, juntamente com outras causas, pode ser um forte fator desencadeante a 
formação de úlceras gástricas nos eqüinos. (MESCHTER et al., 1990). 
Devido à alta ocorrência de úlceras gástricas em eqüinos e ser este um dos 
efeitos tóxicos muito comuns em decorrência do uso de AINEs, este estudo vem 
reportar as relações e incidências destas úlceras com o uso destas drogas. 
 
 
2. OBJETIVO 
 
A presente monografia é um estudo que tem por intuito elucidar as relações 
entre os efeitos do uso de drogas antiinflamatórias não esteroidais (bloqueadoras da 
cicloxigenase) e o aparecimento de lesões gástricas ulcerativas. 
O presente estudo destina-se ainda a esclarecer de maneira mais profunda 
os efeitos causados pela administração dos antiinflamatórios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
3. REVISÃO DE LITERATURA 
 
3.1. ANATOMIA E FISIOLOGIA GÁSTRICA DOS CAVALOS 
 
O estômago dos cavalos é pequeno (8 – 15 litros) em relação ao resto do 
sistema gastrintestinal. A cárdia (entrada do estômago) e o piloro (saída do 
estômago) se localizampróximos devido ao formato em U do estômago. O 
estômago pode ser diferenciado em algumas regiões. No corpo do estômago 
(Corpus ventriculi) , encontra-se dorsalmente o fundo gástrico (Fundus 
ventriculi) . Ele se sobrepõe à cárdia no eqüino, sendo preenchido por gases, e 
denomina-se saco cego (Saccus caecus) (KÖNIG, 2004). A primeira porção do 
estômago do cavalo é o saco cego, separado pelo margo plicatus do corpo 
ventricular que termina no antrum pilórico (HAMMOND et al., 1986). 
O compartimento superior é composto por mucosa aglandular que é similar 
à mucosa esofágica. Este epitélio escamoso estratificado (aglandular) se estende 
até o margos plicatus e não possui presença de estruturas glandulares ou 
mecanismos de proteção de mucosa. Ainda não se sabe a função da área 
aglandular, mas acredita-se ser um local onde pequenas quantidades de digestão 
fermentativa (semelhante ao rúmen) possam ocorrer (CUNNINGHAM, 1993). Esta é 
uma região em que tem menor contato com a ingesta e ainda é considerada a área 
de maior incidência de formação de úlceras gástricas, primariamente por possuir 
pouca resistência à ação do ácido clorídrico e pepsina. 
O margo plicatus é a linha de divisão entre o epitélio escamoso (aglandular) 
e o glandular. O compartimento inferior é determinado por tecido glandular e 
secreção de muco. Esta região é a menos acometida pela formação de lesões, 
devido às propriedades protetoras da presença de muco e bicarbonato. 
A mucosa glandular do estômago é dividida em três regiões com diferentes 
tipos celulares: 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a. Região de mucosa cárdica (glândulas cárdicas) 
 
 Esta estreita parte da mucosa localizada adjacente ao margos plicatus, ao 
redor da abertura gástrica do esôfago, acredita-se ser responsável pela secreção de 
bicarbonato de sódio e muco protetor. 
 
b. Região de mucosa parietal (glândulas fúndicas ou próprias) 
 
Esta região é composta pela maior parte da mucosa glandular e ocupa a 
parte ventral do estômago (curvatura maior). A região de mucosa parietal é aonde se 
localizam as glândulas gástricas com presença de células parietais, responsáveis 
pela secreção de ácido clorídrico (HEPBURN, 2004). Distribuídas entre as células 
 Esôfago 
 Margo plicatus 
 
Região Glandular 
(Epitélio Glandular) 
 Região Aglandular 
 (Epitélio Escamoso) 
Duodeno 
11 
 
parietais no colo da glândula, há um outro tipo de células, as células mucosas do 
colo. Estas células secretam um muco fino, menos viscoso do que o das células da 
mucosa superficial. Além desta função secretora, são as únicas células do 
revestimento gástrico capazes de divisão e servem como células de substituição 
para o epitélio descamado (KÖNIG, 2004). Na base das glândulas gástricas, ainda 
existe um terceiro tipo de célula, as células principais. Estas secretam 
pepsinogênio, precursor da enzima digestiva pepsina. Após a secreção, os 
pepsinogênios são expostos ao conteúdo ácido do estômago, resultando em 
ativação das enzimas (CUNNINGHAM, 1993) (estimulada pela histamina via 
receptores de H2). 
 
c. Região de mucosa pilórica 
 
Esta região é localizada próxima ao piloro (esfíncter presente na área de 
transição entre estômago e intestino delgado). A maior parte das células presentes 
dentro destas glândulas (glândulas pilóricas) secreta (assim como na região cárdica) 
muco diretamente no lúmen gástrico, formando uma cortina de muco protetor 
(HEPBURN, 2004) (Fig.1). Este muco funciona como uma barreira alcalina e 
tamponam o valor do pH ácido do suco gástrico (KÖNIG. 2004). 
 
 
Fig.1 Região pilórica normal, com presença de muco protetor. 
(HEPBURN, 2004). 
12 
 
As maiores áreas superficiais do estômago estão cobertas por células 
mucosas superficiais. Estas células elaboram um muco persistente e espesso, 
característica especial do revestimento do estômago. A presença destas células 
mucosas e sua secreção são importantes para a proteção do epitélio gástrico das 
condições ácidas e a atividade trituradora presente no lúmen (CUNNINGHAM, 
1993). 
A secreção das glândulas gástricas é estimulada pela expectativa de comer 
e pela presença de alimento não digerido no estômago, através de estímulo das 
células do sistema nervoso intrínseco gastrintestinal (GI), o qual, por sua vez, libera 
acetilcolina na vizinhança das células parietais. Estas células secretoras possuem 
receptores para acetilcolina em suas superfícies e respondem secretando HCl. A 
histamina desempenha um papel importante na secreção de HCl, mas não é 
completamente compreendido. Há receptores de histamina nas células parietais e 
parece que a secreção máxima por estas células é estimulada na presença de todos 
os três mediadores: acetilcolina, gastrina e histamina. A presença do HCl no lúmen 
estomacal estabelece o pH ácido, que tem importante função bactericida, inibindo o 
processo fermentativo da ingesta. À medida que a secreção e a digestão gástrica 
prosseguem, o pH do estômago diminui. Quando o pH gástrico cai para menos de 2, 
a secreção de gastrina fica deprimida e, em pH 1, esta secreção é abolida; portanto, 
o estímulo às células parietais é removido e a produção de HCl diminui 
(CUNNINGHAM, 1993). 
Em potros, a secreção de HCl começa ao segundo dia de vida. O pH 
estomacal pode variar entre 1.5 – 7 dependendo da região. A parte dorsal do 
estômago, (saccus caecus) tem o pH próximo ao neutro, acidificando ao se 
aproximar da região do margo plicatus (3.0 – 6.0) e na parte glandular (1.5 – 4.0). 
 
 
 
13 
 
 
 Fig.3 Mucosa aglandular Fig.4 Mucosa glandular 
(Epitélio escamoso estratificado) (HEPBURN, 2004). 
 (HEPBURN, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fig.5 Região divisória entre mucosa glandular e aglandular 
 (HEPBURN, 2004) 
 
 
 
14 
 
 
 
Fig.6 Região pilórica com mucosa normal 
(Dep. de Cirurgia de Grandes Animais - FMVZ-USP) 
 
3.2. Fisiopatologia das úlceras gástricas 
 
A úlcera gastrintestinal é uma das mais importantes causas de desconfortos 
abdominais em cavalos. Esta é uma complexa doença que acomete cavalos adultos 
e potros que associa lesões da mucosa do esôfago, estômago e duodeno. 
Conceitualmente, a gastrite é definida como inflamação superficial da 
mucosa, enquanto que as úlceras gastrintestinais são definidas como alterações da 
mucosa que destroem elementos celulares, resultando em falhas que podem se 
estender até a lâmina própria. As lesões menos severas são referidas como erosões 
e, frequentemente, são precursoras das úlceras (ANDREWS et al., 1999). Distúrbios 
gastrintestinais dentro do termo úlcera gástrica, muitas vezes ocorrem com 
sintomatologia (bruxismo, salivação excessiva, anorexia, etc.), ou ainda, como 
concluiu DEADO et. al. (1995), ser somente diagnosticado através de exames 
endoscópicos, já que muitas vezes não se observa presença de sinais clínicos que 
evidencie esta patologia. SILVA et al. (2002), em um estudo analisando 
gastroscopicamente animais submetidos ao tratamento com antiinflamatórios, não 
se obteve presença de sintomatologia característica às ulceras gástricas, mesmo 
nos casos onde se observou extensas ulcerações acompanhadas de sangramento, 
demonstrando que ausência de dor não estabelece parâmetro na síndrome de 
úlcera gástrica. 
15 
 
 As lesões podem ser focais ou multifocais, afetar a região glandular ou 
aglandular do estômago, podem ainda ser duodenites ou úlceras duodenais 
(MURRAY, 1990 apud SMITH; MURRAY, 1991; MURRAY, 1992 apud ROBINSON). 
As esofagites erosivas em eqüinos podem ser induzidas pela presença de HCl e 
pepsina e ser agravadas pela presença de refluxo biliar (HEPBURN, 2004). A região 
do estômago dos cavalos mais frequentemente acometida é a mucosa aglandular ao 
longo do margoplicatus (SILVA et al., 2002). Esta determinação acredita-se estar 
relacionada à não tolerância desta mucosa em suportar os efeitos corrosivos do HCl 
e pepsina. 
Já a região glandular possui secreção de muco protetor e bicarbonato sendo 
estes, efetivos protetores contra as ações corrosivas do HCl e pepsina, o que seria a 
principal explicação à baixa incidência de lesões neste local. Outro fator a ser 
analisado é falta de diagnóstico de muitas lesões ulcerativas, que possivelmente 
poderiam estar presentes na mucosa aglandular, mas que devido à presença de 
muco e a deficiência no esvaziamento gástrico, não são observadas pelo exame 
endoscópico (HEPBURN, 2004). 
 MURRAY (1989) estudando 183 potros de diversas idades confirmou a 
presença de úlceras gástricas em 94 animais. As lesões eram mais freqüentes no 
epitélio estratificado, adjacente ao “margo plicatus”, ao longo da curvatura maior do 
estômago, porém, também foram observadas algumas lesões na porção glandular 
do estômago e curvatura menor. Este estudo demonstrou haver correlação entre a 
descamação do epitélio estratificado e a formação de úlceras gástricas. 
A esôfago-gastroscopia é o método diagnóstico definitivo para identificar 
anormalidades esofágicas e gástricas em animais da espécie eqüina (KEIRN et al., 
1982 apud SILVA; BROWN et al., 1985). BROWN et al., (1985) realizaram estudos, 
no qual, testaram o uso do gastroscópio de 275 cm de comprimento, podendo 
analisar facilmente estruturas gástricas e duodenais, sendo a presença de ingesta, 
em animais em que o jejum não havia sido corretamente conduzido, o único fator 
limitante. Estes autores confirmam que a gastroscopia é um método diagnóstico 
essencial para a determinação precoce de afecções do estômago de eqüinos. 
 
 
 
 
16 
 
3.3. Principais situações desencadeantes à formação das úlceras 
 
3.3.1. Estresse 
 
Como observaram vários pesquisadores, o desenvolvimento de ulcerações 
gástricas pode estar associado não somente a predisposição individual, como 
também devido ao estresse em que são submetidos os cavalos atletas. Transporte, 
confinamento em baias, manejo inadequado, longos períodos em jejum alimentar, 
treinamento diário e competições são alguns dos exemplos de estresse presentes 
na rotina dos cavalos. 
 As principais barreiras protetoras da mucosa estomacal são secreções de 
bicarbonato e muco pela região glandular, regulação da produção de HCl pelas 
prostaglandinas e restituição celular. O manejo alimentar dos cavalos pode 
influenciar na acidez gástrica e conseqüentemente, injúria da mucosa estomacal. 
Prolongados períodos experimentais de grande acidificação gástrica pode ser 
produzido alternando períodos de 24hs de falta de alimentação e livre acesso ao 
feno de boa qualidade, observando, após 96hs de supressão alimentar, o 
aparecimento de úlceras nas áreas da região aglandular (HEPBURN, 2004). Animais 
com acesso livre a pastagem possuem o pH próximo a 6. Isto acontece devido à 
neutralização do HCl pelo bicarbonato presente na salivação e também pela 
absorção da secreção de ácido na ingestão do alimento. Mudando cavalos mantidos 
em pastagem para o confinamento de baias, com feno a disposição por 7 dias 
resultou no desenvolvimento de erosões e ulcerações da mucosa aglandular 
(MURRAY, 1996). 
Estudos desenvolvidos com cavalos de corrida identificaram que 66% a 
93% dos cavalos em treinamento apresentavam úlceras gástricas (HAMMOND et al., 
1986; BORROW, 1993). Esta mesma observação foi feita por MCCLURE (2005), e 
ainda, concluiu que as úlceras são desenvolvidas após apenas 5 dias de início dos 
exercícios. Estas lesões, segundo o mesmo autor, se dão devido à exposição 
excessiva da mucosa estomacal ao acido clorídrico produzido no estômago. Esta 
porcentagem pode chegar a 93% na raça Puro Sangue Inglês em treinamento de 
corrida (MURRAY et al., 1996; MURRAY, 1997 apud ROBINSON). Recente trabalho 
apontou que o exercício aumenta a pressão intra-abdominal, produzindo uma 
compressão gástrica. Este fator promove a movimentação do líquido gástrico para a 
17 
 
área dorsal do estômago (epitélio aglandular), levando à exposição desta mucosa ao 
HCl (LORENZO, 2002 apud HEPBURN). Portanto, uma rotina de treinamento 
prolongado irá, obviamente, resultar e um aumento ainda maior desta exposição. 
Outro ponto a ser analisado como é o possível aumento na produção de HCl devido 
ao aumento na concentração de gastrina, observado em animais em exercício 
(FURR, 1994 apud HEPBURN). 
No entanto, em muitos dos estudos analisados, não havia presença de 
sinais clínicos associados às ulcerações. Ressaltando a grande probabilidade da 
presença desta afecção mesmo sem sintomatologia clínica em muitos cavalos 
mantidos em jóqueis, hípicas e centros de treinamento. 
Em eqüinos da raça puro sangue inglês submetidos à necropsia, 
HAMMOND et al. (1986), encontraram prevalência de 80% de úlceras nos animais 
em treinamento e de 52% nos não em treinamento para competições. Avaliando 
gastroscopicamente 60 cavalos quarto de milha assintomáticos, DEADO (1995) 
diagnosticou úlceras em 43,3% , principalmente na região aglandular, próxima ao 
margo plicatus. No Brasil foram avaliados os achados necroscópicos de 250 
eqüinos, observando-se a presença de úlceras gástricas em aproximadamente 59% 
dos animais alojados em jóqueis clubes e de 20% em animais de outras 
procedências, com localização mais freqüente na mucosa aglandular (KLEMM, 
2000). 
 
Fig. 7 Úlcera na região do piloro causada por estresse. 
(Dep. de cirurgia de grandes animais – FMVZ – USP 
18 
 
3.3.2. Habronemose 
 
A habronemose cutânea (feridas de verão) é uma moléstia resultante da 
migração intradérmica das larvas dos nematódeos adultos Habronema muscae, 
Draschia megastoma, e Habronema micróstoma. Os adultos residem no estômago, 
onde causam pouca reação tecidual, com exceção de Draschia megastoma, que 
produz nódulos gástricos de dimensões variáveis, próxima ao margo plicatus. As 
larvas são eliminadas nas fezes, onde então são ingeridas pelas larvas das moscas 
que atuam como hospedeiros intermediários. Habronema muscae e Draschia 
megastoma desenvolvem-se na mosca doméstica (Musca domestica); e Habronema 
micróstoma desenvolve-se na mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans). Em 
seguida, as larvas de terceiro estágio são depositadas em torno da boca do cavalo e 
são deglutidas, indo até o estômago, onde maturam até a fase adulta (SMITH, 
1994). O parasitismo gástrico pelo Habronema sp., responsável por parasitar a 
porção glandular do estômago dos eqüinos, raramente leva a manifestações 
clínicas, mas pode causar gastrite catarral com excesso de produção de muco 
(THOMASSIAN, 1997; URQUHART et al, 1990 apud SILVA). Outro fator importante 
observado por SILVA et al. (2002), foi a correlação entre desenvolvimento de lesão e 
parasitismo gástrico ou estresse, que pode ser evidenciado pelo fato de que para os 
animais tratados com Cetoprofeno só houve surgimento de lesão naqueles que 
apresentavam o Habronema sp parasitando a região glandular, principalmente 
próximo ao margo plicatus, sendo que nesses casos, a gastrite causada pela 
verminose foi fator predisponente para a ocorrência de lesão descamativa ou 
ulcerativa. 
 
 
3.3.3. Presença da bactéria Helicobacter sp. 
 
Helicobacter sp. são bactérias gram negativas capazes de se multiplicar no 
estômago mesmo com a presença de secreção gástrica, graças à atividade da 
enzima urease Esta enzima produz amônia, a partir da hidrólise da uréia, 
neutralizando a acidez do meio (BELLI, 2003). 
Em humanos, inúmeros trabalhos ilustram sua importância entre as causas 
de gastrite crônica, úlceras gástricas e duodenais. A presença do Helicobacter pylori 
19 
 
no homem é considerada a causa predominante de erosões e úlceras glandulares 
(MERTZ, 1991 apud HEPBURN) (Fig. 8). 
 Em veterinária várias espécies desta bactéria têm sidorelacionadas com 
inflamação e ulceração gastrintestinal em diferentes espécies (JENKINS; BASSET, 
1997 apud BELLI). No entanto, faltam trabalhos conclusivos que relacionem a 
presença de Helicobacter sp com a formação de úlceras em cavalos. Há relato de 
apenas um potro positivo para a presença desta bactéria, porém sem apresentar 
úlceras gástricas (COLLIER & STONEHAN, 1997 apud BELLI). BELLI (2003) em 
seus estudos identificou um animal positivo para o teste rápido de urease em 
eqüinos adultos. Este teste determina a produção da enzima urease pela bactéria, 
porém, este estudo não foi conclusivo devido à falta de meios de cultura específicos 
para Helicobacter sp no momento do exame deste animal. HEPBURN (2004) em 
seus estudos também conseguiu identificar a presença de Helicobacter sp em vários 
animais, porém faltam estudos que identifiquem quais são as espécies desta 
bactéria presentes no estômago dos eqüinos, e ainda, sua patogenicidade. Por fim, 
embora não haja estudos conclusivos sobre a relação entre o Helicobacter sp. e as 
úlceras, pode-se concluir que esta bactéria, também presente no lúmen estomacal 
dos eqüinos, constitui uma provável causa desta patologia, pelo que se faz 
necessário a realização de pesquisas que determinem esta relação. 
 
 
Fig. 8 Helicobacter Pylori. M.E. 10.000X 
Fonte: www.cellsalive.com 
http://www.cellsalive.com
20 
 
3.3.4. Uso de antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) 
 
 
Modo de ação dos AINEs 
 
 
A inflamação é a resposta celular primária contra qualquer injúria realizada 
no organismo. Quando a membrana celular é lesionada, há a liberação das enzimas 
cicloxigenase e lipoxigenase que resulta na liberação de mediadores químicos 
fundamentais para o desenvolvimento do processo inflamatório. A quebra do ácido 
araquidônico pelas cicloxigenases origina as prostraglandinas (PGs) e tromboxanas 
(TXs) e prostaciclinas. Por sua vez, as lipoxigenases dão origem aos leucotrienos 
(LTs). Após a liberação dos mediadores químicos, inicia-se o processo inflamatório, 
primeiramente ocorre a vasodilatação (que confere o aspecto avermelhado ao tecido 
inflamado e promove calor na região) e aumento da permeabilidade vascular; estes 
eventos facilitam a passagem de proteínas plasmáticas para o tecido, carreando, 
consequentemente, uma grande quantidade de água, o que por sua vez, origina o 
edema (SPINOSA, 1999). O efeito da prostaciclina causa aumento do fluxo 
sanguíneo no local da inflamação, para assim aumentar o aporte de nutrientes, 
como oxigênio, leucócitos além de outras substâncias de defesa essenciais para o 
processo de regeneração tecidual (DOWLING, 1997). Porém, muitas vezes esse 
processo é exacerbado e, portanto, indesejável e passa a ser maléfico, tanto para o 
bem estar do animal, como para o processo regenerativo, já que o aumento de 
aporte sanguíneo levará a uma edemaciação e aumento de temperatura local e 
posteriormente, com a atividade da prostaglandina e tromboxano, resultará em 
vasoconstrição, dor, febre, agregação plaquetária e formação de trombos, reduzindo 
assim o nível de oxigênio, células de defesa e nutrientes recebidos pelo tecido 
(DOWLING, 1997). 
Os Antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) são drogas frequentemente 
utilizadas em medicina veterinária com o intuito de minimizar as respostas 
inflamatórias indesejáveis, onde a maioria dessas drogas age bloqueando a enzima 
cicloxigenase, interrompendo a formação de tromboxanos, prostaciclina e 
prostaglandinas (PGs). Isto resulta em um bloqueio dos efeitos inflamatórios 
anteriormente citados (MACKAY et al., 1983). 
Deve-se salientar que a prostaglandina também tem efeitos benéficos na 
função renal, sistema gástrico e reprodutivo e crescimento ósseo normal. 
21 
 
 Existem dois tipos de cicloxigenases, que determinam no organismo 
diferentes funções fisiológicas: a cicloxigenase 1 (COX-1) e a cicloxigenase 2 (COX-
2). Os produtos da quebra do ácido araquidônico pela COX-1 levam à formação de 
PGs relacionadas com reações fisiológicas renais, gastrintestinais e vasculares; 
enquanto os produtos originados pela cisão através da COX-2 levam à formação de 
PGs que participam dos efeitos inflamatórios (SPINOSA, 1999). No rim, a 
prostaglandina mantém o fluxo sanguíneo renal e produção de urina normal. Em 
reprodução, a prostaglandina tem efeito luteinizante e gera contração uterina. A 
ação secretória de ácido gástrico é inibida pela ação da prostaglandina, aumenta a 
produção de muco de proteção gástrica e regula a motilidade do sistema 
gastrintestinal, além de promover a migração de leucócitos necessários para a 
reparação tecidual da mucosa quando lesada (DOWLING, 1997). 
Sabe-se que a maioria dos medicamentos antiinflamatórios atualmente 
utilizados na terapêutica bloqueia tanto a COX-1 como a COX-2, ocorrendo esta 
inibição em graus diferentes; os principais e mais utilizados AINEs atuam através da 
inibição preferencial da COX-1 em detrimento a COX-2. Este fato faz com que 
muitos efeitos colaterais estejam relacionados com o uso destas substâncias, como 
as gastrites difusas, erosões gástricas, ulcerações, gastroenterite hemorrágica, 
falhas renais agudas e crônicas, síndromes necróticas e nefrites (SPINOSA, 1999). 
Compostos estão sendo desenvolvidos com ação mais seletiva COX-2, na medicina 
humana, como Meloxican e o Celecoxib. Na medicina veterinária o Carprofeno tem 
demonstrado ser um importante inibidor seletivo COX-2. Portanto, hoje, há uma 
tendência mundial em se utilizar os AINEs com maior seletividade de COX-2 e 
menor possível COX-1 (ANDRADE, 2002). 
Fenilbutazona, Flunixin meglumine e Cetoprofeno são classificados no 
grupo de drogas antiinflamatórias não esteroidais inibidores de cicloxigenase mais 
amplamente utilizadas em medicina veterinária eqüina (MacALLISTER et al., 1993). 
 
 
ß Fenilbutazona 
 
 
A Fenilbutazona foi introduzida em veterinária em 1950, como principal 
indicativo ao tratamento de diversos distúrbios músculo-esqueléticos. A dose 
recomendada pelo fabricante é de 2,2 a 4,4 mg/kg a cada 24hs, via intravenosa (IV) 
22 
 
e 4,4 a 8,8 mg/kg a cada 8 ou 12hs por via oral (VO). Em 1979, foram relatados 
substanciais efeitos adversos em pôneis tratados com 10mg/kg de fenilbutazona por 
7 a 14 dias (SNOW et al., 1979). Após este primeiro relato, muitos autores 
confirmaram o potencial desta droga em causar reações adversas tanto em potros 
como em cavalos adultos (MacALLISTER, 1983). MESCHTER et al. (1990) estudou 
a área pilórica de cavalos tratados com 13,46 mg/kg IV por 4 dias. Após 24 e 48hs, 
erosões superficiais da mucosa pilórica de 0,2 a 0,5 cm de diâmetro foram 
encontradas. Após 72hs, havia grandes áreas de congestão na região pilórica. Com 
96hs, múltiplas áreas de erosão profunda (0,2 a 1,5 cm de largura e 1 a 3 cm de 
comprimento) foram notadas em todos os animais submetidos ao tratamento. 
 
 
ß Flunixin meglumine 
 
É uma potente droga antiinflamatória não esteroidal, recomendada para o 
uso em eqüinos. (SILVA et al., 2002). O uso deste medicamento, com efeito 
bloqueador da cicloxigenase, foi iniciado no final de 1970, e sua eficiência em 
problemas músculo-esqueléticos e cólica em cavalos e ainda sua atuação contra 
anti-endotoxêmica (MOORE et al., 1986 apud MacALLISTER, 1993). A dose 
antiinflamatória recomendada pelo fabricante é de 1,1 mg/kg, uma vez ao dia, 
durante 5 dias consecutivos, podendo ser administrada via parenteral ou oral. Os 
efeitos tóxicos desta droga em potros incluem diarréia e ulcerações gastrintestinais 
(MacALLISTER et al., 1993). 
Em experimento avaliando os efeitos adversos da administração de Flunixin 
meglumine em potros neonatos, CARRICK et al., (1989) apud SILVA, concluíram 
que esta droga, quando administrada na dosagem recomendada pelo fabricante, 
durante 5 dias consecutivos, não promoveu aumento significativo de lesões 
gastrintestinais. Entretanto, outros estudos,também realizados em potros, aos quais 
se administrou FM em dose de 1,1mg/kg durante 30 dias, demonstram que esta 
terapia resultou em ulceração gástrica e erosão da porção glandular do estômago, 
bem como estomatite (TRAUB-DARGATZ et al., 1988 apud SILVA). 
 
 
 
23 
 
ß Cetoprofeno 
 
Cetoprofeno é entre os três AINEs citados, a droga mais recentemente 
introduzida em medicina veterinária e foi aprovado o seu uso em cavalos em 1990. 
Este medicamento além de bloquear a cicloxigenase inibe, também, a lipoxigenase, 
levando ao bloqueio das respostas inflamatórias celulares e vasculares (SPINOSA, 
1999). Devido a sua grande afinidade por tecidos sinoviais, o cetoprofeno é indicado 
no tratamento das afecções músculo-esqueléticas. Estudos realizados em eqüinos 
demonstram a eficácia do cetoprofeno no tratamento das afecções traumáticas, 
como artrites e sinovites traumáticas, tendinites, osteocondrites, edema de tecidos 
moles e edema pós-cirúrgico. Observou-se, também, que seus efeitos 
antiinflamatórios não diferem substancialmente em comparação ao flunixin 
meglumine, porém em alguns estudos observaram-se menos distúrbios gastro-
intestinais em conseqüência de seu uso (DOWLING, 1997). Em estudo realizado por 
GREGORICA et al., (1991) apud SILVA, no qual foram utilizados 24 eqüinos, aos 
quais se administrou cetoprofeno em dose cinco vezes superior à indicada, por 
período de tempo três vezes maior que o recomendado, não foi possível observar 
efeitos tóxicos, demonstrando assim que esta droga tem ampla margem de 
segurança. A dose recomendada pelo fabricante é de 2,2 mg/kg aplicada um vez ao 
dia, durante 5 dias consecutivos, pela via intramuscular ou intravenosa 
(MacALLISTER, 1994). 
MacALLISTER (1993) promoveu um estudo comparativo entre fenilbutazona, 
flunixin meglumine e cetoprofeno durante 12 dias. Estes mesmos animais foram 
examinados em dias consecutivos, demonstrando progressiva manifestação de 
anorexia. Antes do início do uso dos medicamentos um exame gastroscópico mostrou 
que 15 dos 16 animais já apresentavam lesões na região aglandular do estômago, 
próximas ao margo plicatus. Segundo o autor, não se obteve alterações consideráveis 
nesta área aglandular após o uso dos AINEs, não possibilitando a avaliação 
comparativa dos efeitos causados pelo uso destes medicamentos. 
Histologicamente, erosões da mucosa glandular foram encontradas em 
todos os cavalos tratados com Cetoprofeno e Fenilbutazona, 4 dos 5 cavalos 
submeti dos ao uso de Flunixin meglumine. Já ulcerações na mesma região foram 
evidenciadas em todos os animais tratados com Fenilbutazona e Flunixin meglumine 
e apenas 2 dos 5 eqüinos tratados com Cetoprofeno. Necroses do córtex renal 
24 
 
foram identificadas em apenas animais tratados com Flunixin meglumine e 
Fenilbutazona. 
SILVA et al. (2002), em seus estudos, dos sete animais tratados com 
Cetoprofeno na dose recomendada pelo fabricante, três apresentaram pequenas 
lesões ulcerativas, em região de transição, durante a primeira avaliação, sendo que 
em dois animais essas mesmas lesões se expandiram e demonstraram 
sangramento após 5 dias. Já os cinco animais tratados com Flunixin meglumine que 
não tinham lesão prévia, três (N2, N6, N7) desenvolveram elevações e descamação 
em região aglandular após 48h, as quais se intensificaram após 5 dias, sendo que 
em dois (N2, N7) observou-se ulcerações agudas acompanhadas de sangramento. 
O animal quatro (N4) apresentou áreas de elevação e descamação em região 
aglandular após 5 dias, enquanto que apenas o animal um (N1) não desenvolveu 
lesões. 
Avaliando as erosões e úlceras orais, lesões e úlceras da região glandular 
do estômago e necrose do córtex renal, o potencial tóxico dos antiinflamatórios 
comparados no estudo mostrou ser maior para Fenilbutazona, menor para o Flunixin 
meglumine e o por último o Cetoprofeno. Uma possível explicação para o Cetoprofeno 
ser o menos ulcerogênico das três drogas avaliadas neste estudo é a habilidade deste 
antiinflamatório em, pelo menos, parcialmente bloquear a produção de alguns endo - 
produtos da lipoxigenase. Estes produtos vêm mostrando ser prejudiciais à mucosa 
gástrica (MacALLISTER et al, 1993). 
 
 
ß Monofenilbutazona 
 
A Monofenilbutazona é um agente antiinflamatório não esteróide derivado 
da Fenilbutazona que age como bloqueadora da cicloxigenase. Em um estudo de 
THUNE (1967), demonstrou-se a menor incidência de alterações renais, 
hematológicas e gastrintestinais nos animais tratados com Monofenilbutazona 
quando comparados à Fenilbutazona. A dose recomendada pelo fabricante para 
eqüinos é de 6mg/kg uma vez ao dia, durante 5 dias consecutivos, pela via 
intravenosa. 
A Fenilbutazona vem mostrando ao longo dos anos ser uma eficiente droga 
antiinflamatória, porém como foi mencionado anteriormente, a ocorrência de efeitos 
25 
 
colaterais indesejáveis ocasionados pelo seu uso é de grande importância 
(GOODMAN & GILMAN, 1965 apud THUNE). O desenvolvimento de uma droga com 
efeito farmacológico similar, mas com menor incidência de efeitos colaterais seria 
um grande avanço da medicina. 
Os resultados da investigação farmacológica e toxicológica da 
Monofenilbutazona sugerem que esta seja a droga de menor toxicidade e efeitos 
colaterais, porém, seu efeito antiinflamatório é mais fraco em relação à Fenilbutazona. É 
possível, no entanto, aumentar a dose para alcançar bons resultados clínicos, mantendo 
seus efeitos maléficos em níveis baixos (THUNE, 1967). O mesmo autor observou o 
desenvolvimento de úlcera gástrica em dois animais dentro de um grupo de 10 animais 
tratados com 600mg de Fenilbutazona via oral, durante os dois primeiros dias e 400mg 
nos dias posteriores a completar seis semanas de tratamento, já o grupo que recebeu 
750mg e 500mg de Monofenilbutazona seguindo o mesmo protocolo, não se evidenciou 
a presença de ulceração. No entanto, ainda faltam estudos específicos que evidenciem 
as incidências de lesões gastrintestinais causadas por cada uma destas drogas. 
 
 
Fig. 9 Úlcera gástrica causada pelo uso de Fenilbutazona 
(Departamento de Cirurgia - FMVZ-USP) 
 
26 
 
 
 
 Fig. 10 Úlcera gástrica causada pelo uso de Flunixin meglumine 
 
 
Fig.11 Múltiplas úlceras na região aglandular do estômago. 
 
27 
 
4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 
 
 
Percentualmente, a grande incidência destas lesões devido aos efeitos 
colaterais causados pelo uso dos antiinflamatórios bloqueadores da cicloxigenase 
mais comumente utilizados na medicina eqüina. Evidencia-se, também, o fato destas 
lesões, muitas vezes, não apresentarem sintomatologia clínica, podendo chegar a 
93% na raça Puro Sangue Inglês em treinamento de corrida (MURRAY et al., 1996; 
MURRAY, 1997 apud ROBINSON), o que dificulta para o clínico o acompanhamento 
e intervenção adequada. Além disso, mostra também, a predominância do 
aparecimento destas lesões na região aglandular, próxima ao margo plicatus. 
Acredita-se este fato estar associado à não tolerância desta mucosa ao excessivo 
contato com o HCl. A análise dos resultados desse estudo nos permite concluir que 
o estresse e parasitismo gástrico são fatores determinantes no desencadeamento de 
descamações e úlceras gástricas, sendo que o processo de ulceração, que ocorre 
principalmente na região do margo plicatus, é precedido por intensa descamação do 
epitélio estratificado aglandular. Portanto, estes fatores predisponentes juntamente 
com o uso de AINEs, podem causar graves danos à mucosa gástrica, mesmo em 
doses terapêuticas por curto período de tempo. Nos estudos comparativos entre as 
principais AINEs usados em medicina eqüina não se obteve resultados significativos 
quando avaliado a capacidade ulcerativa destas drogas. Porém, MacALLISTER 
(1993) em seus estudos, evidenciou que em relação às erosões e úlceras orais, 
lesões e úlceras da região glandular do estômago e necrose do córtex renal, o 
potencialtóxico dos antiinflamatórios comparados no estudo mostrou ser maior para 
fenilbutazona, menor para o flunixin meglumine e o por último o cetoprofeno. No 
entanto, neste mesmo estudo, em relação às lesões aglandulares, não se obteve 
resultados significativos em relação ao uso das diferentes drogas. Já THUNE (1967), 
comparando os efeitos tóxicos da Monofenilbutazona e Fenilbutazona, observou uma 
maior toxicidade em relação à Fenilbutazona, porém faltam estudos que possam 
esclarecer melhor esta toxicidade em relação ao trato gastrintestinal. 
Conclui-se, então, ser de grande necessidade a ampliação dos estudos comparativos 
entre os efeitos ulcerativos dos mais utilizados AINEs na medicina eqüina, obtendo, com isso, 
a possibilidade de implantação de protocolos preventivos com relação ao uso destes 
medicamentos, possibilitando, dessa forma, a prescrição de drogas com menor efeito 
ulcerogênico. 
28 
 
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