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INTRODUÇÃO A educação exerce um papel importante na formação do cidadão, em que utiliza a escola como espaço de acesso do conhecimento, lugar em que crianças e jovens possam completar o desenvolvimento e aprendizagem. A educação inclusiva surgiu no intuito de inserir crianças, jovens e adultos em grupos onde eram considerados excluídos, na qual se destacam as pessoas com deficiência, com transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, público-alvo da educação especial. Os referidos alunos recebiam a escolarização em escolas especiais e classes especiais que substituíam as classes comuns. O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é uma inovação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva em que tem como objetivo, identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. O AEE é um serviço da educação especial que vem para complementar e suplementar a formação do aluno com deficiência, sendo uma oferta obrigatória na rede regular de ensino a ser realizado, preferencialmente, nas Salas de Recursos Multifuncionais. Diante disso, apresenta-se a seguinte problemática: Qual a importância e contribuições do atendimento educacional especializado dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas Salas de Recursos Multifuncionais? Iremos apontar para o cenário da educação inclusiva, respectivamente para a importância da sala de AEE, mostrando a realidade e a relação entre o atendimento da sala de aula comum e do AEE, com foco nas práticas pedagógicas a fim de garantir uma reflexão a respeito da inclusão de alunos com Educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e superdotação na escola regular. Como sabemos o processo de inclusão de educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e superdotação na escola regular é bastante desafiador especificamente para os docentes, visto que muitos não se sentem preparados para assumir tais responsabilidades e não sabem como agir diante de tais situações. Para que a educação inclusiva aconteça de fato seria necessária uma formação continuada para os professores, possibilitando um melhor atendimento. As normativas existentes no Brasil determinam a forma como deve ocorrer o Atendimento Educacional Especializado (AEE), para pessoas com deficiência, nas instituições de ensino do País. O planejamento do AEE precisa considerar diversos parâmetros para conseguir o resultado de inclusão escolar dos estudantes atendidos, tais como o tipo de deficiência de cada indivíduo, suas necessidades e os objetivos educativos propostos. Existem determinações que devem ser obedecidas pelas escolas, tais como a aceitação e efetivação da matrícula de pessoas com deficiência em turmas do ensino regular. Inexiste, contudo, uma padronização das ações que devem ser executadas para efetivar o processo de inclusão e realização do AEE. Considerando que as especificidades de cada deficiência e de cada pessoa com deficiência são itens primordiais para o planejamento das atividades no Atendimento Educacional Especializado, o que faz com que a oferta do AEE possa ocorrer de forma diferente dentro de uma mesma escola. O atendimento educacional especializado foi criado para dar um suporte para os alunos deficientes para facilitar o acesso ao currículo. De acordo com o Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008: Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. § 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. § 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. O AEE é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Ele deve ser articulado com a proposta da escola regular, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. Deve ser realizado no período inverso ao da classe frequentada pelo aluno e preferencialmente, na própria escola. Há ainda a possibilidade de esse atendimento acontecer em uma escola próxima. Nas escolas de ensino regular o AEE deve acontecer em salas de recursos multifuncionais que é um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades educacionais especiais, projetadas para oferecer suporte necessário à estes alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento. O atendimento educacional especializado é muito importante para os avanços na aprendizagem do aluno com deficiências na sala de ensino regular. Os professores destas salas devem atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum para a definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o acesso ao aluno ao currículo e a sua interação no grupo, entre outras ações que promovam a educação inclusiva. Quanto mais o AEE acontecer nas escolas regulares nas que os alunos com deficiências estejam matriculados mais trará benefícios para esses, o que contribuirá para a inclusão, evitando atos discriminatórios. MMM FORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA ATUAR COM AEE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO A expressão “atendimento educacional especializado”, que já vinha sendo utilizada pela literatura especializada, foi recepcionada pela Carta Constitucional de 1988, a qual, no seu artigo 208, inciso III, proclama como dever do Estado, entre outros, o de garantir o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino”. O atendimento educacional especializado é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, graus e etapas do percurso escolar e tem como objetivos, entre outros, identificar as necessidades e possibilidades do aluno com deficiência, elaborar planos de atendimento, visando ao acesso e à participação no processo de escolarização em escolas comuns, atender o aluno com deficiências no turno oposto àquele em que ele frequenta a sala comum, produzir e/ou indicar materiais e recursos didáticos que garantam a acessibilidade do aluno com deficiência aos conteúdos curriculares, acompanhar o uso desses recursos em sala de aula, verificando sua funcionalidade, sua aplicabilidade e a necessidade de eventuais ajustes, e orientar as famílias e professores quanto aos recursos utilizados pelo aluno. O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriquecimento curricular no caso de altas habilidades, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e recursos de tecnologia assistiva, dentre outros. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físico, cognitivo, emocional, psicomotor e social e a convivênciacom as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Nesse sentido, o atendimento educacional especializado deve estar presente em todas as etapas e modalidades da educação básica, e se destina a apoiar o desenvolvimento dos alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. De oferta obrigatória dos sistemas de ensino, deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou em centro especializado que realize esse serviço educacional. O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros. Para atuar na educação especial o professor deve ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial. O atendimento educacional especializado destina-se normalmente aos alunos da escola que apresentam algum tipo de deficiência, mas pode estender-se também aos alunos de escolas próximas, nas quais esse tipo de serviço ainda não esteja organizado. Pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, em horário diferente daquele em que frequentam a classe comum. A educação especial é uma modalidade de ensino que garante os dispostos legais da educação inclusiva, que é um direito assegurado pela Constituição Federal para todos os alunos. E a efetivação desse direito deve ser cumprida pelas redes de ensino, sem nenhum tipo de distinção. O AEE perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta, quanto a sua utilização, no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. Os alunos público-alvo do AEE são definidos da seguinte forma: • Alunos com deficiência: com impedimentos de longo prazo de natureza física (DF), intelectual (DI) ou sensorial que podem ter obstruída/dificultada sua participação plena e efetiva na sociedade (ONU, 2006). • Alunos com transtornos globais do desenvolvimento (TGD) – aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger (que atualmente se enquadram em Transtorno do Espectro Autista‖), Síndrome de Rett, Transtornos Desintegrativos da Infância (psicose infantil). • Alunos com altas habilidades ou superdotação – aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade. A escola comum tem como compromisso difundir o saber universal, certamente terá de saber lidar com o que há de particular na construção desse conhecimento para alcançar o seu objetivo. Mas ainda assim, terá limitações naturais para tratar com o que há de subjetivo nessa construção com alunos com deficiência. Esse fato já aponta e demonstra a necessidade de existir um espaço para esse fim, que não seja eminentemente clínico e que resguarde uma característica tipicamente educacional. Para esse fim, está previsto na Constituição de 1988 o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, para o que antes era definido como Educação Especial e todas as suas formas de intervenção. Em seu Artigo 208, a Constituição determina que esse atendimento ocorra, preferencialmente, na rede regular de ensino: a) esse atendimento refere-se ao que é necessariamente diferente da educação em escolas comuns e que é necessário para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência, complementando a educação escolar e devendo estar disponível em todos os níveis de ensino; b) é um direito de todos os alunos com deficiência que necessitarem dessa complementação e precisa ser aceito por seus pais ou responsáveis e/ou pelo próprio aluno; c) o “preferencialmente” na rede regular de ensino significa que esse atendimento deve acontecer prioritariamente nas unidades escolares, sejam elas comuns ou especiais, devidamente autorizadas e regidas pela nossa lei educacional. A Constituição admite ainda que o atendimento educacional especializado pode ser oferecido fora da rede regular de ensino, já que é um complemento e não um substitutivo do ensino ministrado na escola comum para todos os alunos; d) o atendimento educacional especializado deve ser oferecido em horários distintos das aulas das escolas comuns, com outros objetivos, metas e procedimentos educacionais. e) as ações do atendimento educacional são definidas conforme o tipo de deficiência que se propõe a atender. Como exemplo, para os alunos com deficiência auditiva o ensino da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, de Português, como segunda língua, ou para os alunos cegos, o ensino do código “Braille”, de mobilidade e locomoção, ou o uso de recursos de informática, e outros; f) os professores que atuam no atendimento educacional especializado, além da formação básica em Pedagogia, devem ter uma formação específica para atuar com a deficiência a que se propõe a atender. Assim como o atendimento educacional especializado, os professores não substituem as funções do professor responsável pela sala de aula das escolas comuns que têm alunos com deficiência incluídos. O conhecimento da deficiência precisa ser clarificado, dada a facilidade de se confundir os problemas de ensino e de aprendizagem causados por essa deficiência com o que é barreira para o aproveitamento escolar de todo e qualquer aluno. CONTEXTUALIZANDO O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO O Atendimento Educacional Especializado (AEE) aparece nomeado na Constituição Federal (BRASIL, 1998), no artigo 208, como garantia à educação: “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. No decorrer dos anos e, principalmente, nessa última década, normativas legais sobre o tema têm sido difundidas e, em consequência, ações têm sido implantadas no sistema educacional brasileiro, com vistas à escolarização de alunos que estão em turmas comuns e exigem respostas para suas necessidades de aprendizagem, pois apresentam demandas específicas em função de suas peculiaridades para aprender, principalmente pessoas com deficiência. Atualmente, identifica-se o avanço de propostas legais com a finalidade de nortear a estrutura, organização, recursos, entre outros aspectos, em relação ao processo escolar desse alunado. Todavia, também é reconhecida a necessidade de análise e reflexão sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas no Atendimento Educacional Especializado, a partir dessas normativas, no contexto da escola. As propostas oficiais, em vigor, apresentam o Atendimento Educacional Especializado (AEE) como diretriz que orienta as ações de ensino numa “escola inclusiva”, entre aspas porque a escola deve incluir a diversidade por inerência.Elas indicam a Sala de Recursos Multifuncional (SRM) como o espaço/tempo onde ocorrem tanto o atendimento complementar quanto o suplementar às estratégias pedagógicas comuns de ensino realizadas junto aos alunos com deficiência (intelectual, auditiva, visual, múltipla), altas habilidades e transtornos globais do desenvolvimento. Assim, a implantação das Salas de Recursos Multifuncional apresenta-se como uma modalidade do Atendimento Educacional Especializado, porém, tem sido a única, pela condução e orientações dadas pelo Ministério da Educação (MEC). A Resolução n° 4/2009, do MEC/CNE apresenta as diretrizes para este atendimento, conforme estabelecido no artigo 5º: “O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios.” A legislação diz que prioritariamente, mas não exclusivamente, o AEE acontece nas salas de recursos. Porém, na realidade elas tornaram-se sinônimo desse atendimento, como se não houvesse alternativas ao trabalho. Como formar esse docente tão especialista então? O Programa “Educação Inclusiva: direito à diversidade”, elaborado e oferecido pelo MEC, ao longo da última década, teve como objetivo principal “apoiar a formação de gestores e educadores, a fim de transformar os sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos. Com conteúdo variado, muita produção de material, oferta de vários cursos/formações presenciais e a distância, o programa formou professores para atuação nas salas de recursos multifuncional, sem, no entanto, atingir as proporções continentais do nosso país, razão pela qual nem todos os docentes tiveram acesso a ele. Mesmo assim, há uma pergunta a ser feita: é possível formar esse “supermultiprofessor”? Estimamos ser pouco provável que os professores possam fazer e saber tudo que lá está listado, que, na verdade, se configura como o trabalho de uma equipe e não de um único profissional. Diante disso, como tem acontecido o trabalho na SRM (sala de recursos multifuncionais)? Surgem aqui algumas ponderações sobre como as aprendizagens escolares ocorrem nesse contexto. Experiências vividas por nós, como docentes e pesquisadoras, no cotidiano das escolas, têm demonstrado que é recorrente uma desarticulação entre o trabalho realizado pelo professor de referência da turma comum e pelo professor de AEE, pois não há tempo destinado aos planejamentos conjuntos e há profissionais que sequer se conhecem, principalmente se forem de escolas diferentes. Existe um descompasso entre o que a escola espera do aluno e o que o AEE oferece, pois só a presença do estudante na turma comum não lhe garante aprendizagem sobre os mesmos componentes curriculares de seus pares. Há diversas indagações sobre como e o que deve ser trabalhado na sala de recursos e na sala de aula; qual seria o formato, tempo e tipo de ação didática ofertada pelo AEE, caracterizando-o como suplementar ou complementar, e não como substitutivo às ações na turma comum? Como garantir um trabalho articulado com a rotina diária, se reciprocamente os professores desconhecem a dinâmica que envolve o processo de ensino, justamente por não terem a oportunidade de compartilhar os mesmos espaços e tempo? Os maiores impasses para o desenvolvimento do trabalho na SRM se apresentam com relação a alunos com deficiência intelectual e transtorno do espectro do autismo, lembrando que professores especialistas são necessários para ensinar braile, sorobã, libras, comunicação alternativa e ampliada, e que nem sempre têm formação para a necessidade do aluno. Cada professor de Educação Especial trabalha de uma forma, não havendo uma diretriz que oriente suas práticas pedagógicas diversas”, ainda que haja diversas normativas sobre este atendimento. Neste contexto, a premissa do processo de escolarização na concepção de inclusão escolar, deve ser capaz de atender a todos, indistintamente, sendo capaz de incorporar as diferenças no contexto da escola, o que exigirá a transformação de seu cotidiano e, certamente, o surgimento de novas formas de organização escolar. Organizar um modelo de educação inclusiva requer um projeto que tenha por finalidade desenvolver práticas educativas equânimes para todos os alunos. Isto não é algo simples e exige mudanças significativas na estrutura escolar da qual dispomos, seja quanto ao tempo, espaços, concepções de ensino, de aprendizagem ou de currículo. A escola é um ambiente de aprendizagens sociais e acadêmicas que se atravessam, se reforçam, se complementam e geram conhecimentos oriundos desse mesmo contexto composto pela diversidade de alunos. Por isso, não há a possibilidade de a escola se constituir como ambiente educacional somente por uma ou outra via. E, deste modo, a intenção e a concepção previstas pela educação inclusiva requerem a garantia de um processo de escolarização baseado na presença, participação e construção de conhecimentos. MMM PARTICIPAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTINUADA ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Os movimentos políticos e sociais no contexto nacional e internacional têm contribuído com avanços para a inclusão de todas as pessoas no sistema educacional. Tais movimentos são frutos da compreensão de que sociedade e escola precisam considerar a diversidade como essencial para a constituição humana. No contexto educacional, a inclusão é uma inovação educacional por representar um novo paradigma do conhecimento humano e, também, de suas relações. Temos percebido mudanças significativas no decorrer das últimas décadas quando observarmos alguns avanços teóricos, legais e práticos nos princípios inclusivos. Acreditamos que inclusão escolar ainda tem sido um desafio para todo o sistema educacional, por conta de nossas práticas educativas estarem historicamente arraigadas nos processos segregativos e excludentes. Assim, entendemos que essa mudança de pensamento e ações envolve toda a sociedade, pois devem ser transformadas as mentes e as instituições para que a sociedade tenha novas atitudes, aceite e respeite as diferenças. Nesse sentido, entendemos que o desafio é incluir a diversidade como condição humana para que todos tenham seus direitos respeitados. Acreditamos que a inclusão escolar envolve questões e aspectos que perpassam por todos os seguimentos da sociedade. No entanto, no formato que vem ocorrendo na maioria das escolas, muitas vezes tem se tornado excludente. A exclusão como um complexo processo estabelecido pelas relações na sociedade, no qual as pessoas são categorizadas por suas diferenças sociais, culturais, econômicas, físicas, religiosas, raciais, ideológicas, psíquicas e de gênero. Evidenciamos na escola, assim como na sociedade, atitudes conservadoras e excludentes, que negam a existências das diferenças entre os seres humanos ao determinar um padrão a ser alcançado. Mas acreditamos que o paradigma da inclusão pode contribuir para a construção de uma sociedade para todos, que respeite a diversidade no exercício dos direitos e deveres do cidadão. Historicamente, a aceitação da diversidade, vem ocorrendo lentamente. No Brasil, D. Pedro II criou, em 1854, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, que posteriormente se tornou o Instituto Benjamim Constante e o Instituto Imperial dos surdos, que se tornou o Instituto Nacional de Educação de Surdos. Nesse período, mesmo diante das iniciativas de ações para atender as pessoas com deficiência, aquelas instituições que tinham mais o caráter educativo se restringiam aos cegos e surdos. Segundo os registros históricos, no início do século XX ocorreu a criação do primeiro espaço específico para criançascom deficiência, o Pavilhão-Escola Bourneville, instalado no Hospício Nacional de Alienados. Essa escola foi a primeira a realizar atendimento com pretensão de aliar o tratamento de saúde e à educação, sendo um local de grandes transformações políticas e sociais da época. Surgiu em meio a fortes denúncias ao Hospício Nacional de Alienados quanto à assistência às crianças internadas, sendo um anexo dessa instituição com a finalidade de identificar e classificar as doenças mentais, tendo destaque no diagnóstico de idiotia, paralisia, epilepsia, imbecilidade e os quadros de degeneração. No seu método, tratava de uma educação médica-pedagógica, inicialmente voltada para coisas simples como a educação do andar e da audição, posteriormente a hábitos diários, envolvendo a aprendizagem corporal, para só depois pensar na instrução elementar e, dependendo do desenvolvimento, poderia achegar ao ensino profissional. Pensando nesse contexto, as pessoas com deficiência começavam a conquistar espaços direcionados às suas necessidades, houve a criação de instituições destinada a prestar cuidados e reabilitação, como o Instituto Pestalozzi, Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e outras. O aumento no número de instituições privadas, que se dedicavam a cuidados pessoais, contribuiu para perpetuar o assistencialismo na Educação Especial brasileira, tendo em vista que a filantropia era incentivada por políticas públicas. Daí a existência de muitas instituições privadas na frente da Educação Inclusiva, perpetuando a cultura de se preocupar mais com cuidados pessoais do que com o ensino desses alunos. A Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), foi um importante instrumento de apoio à pessoa com deficiência, que mais tarde foi transformada em Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD). Atualmente, essa secretaria é responsável pela articulação e coordenação das políticas públicas voltadas para o atendimento às pessoas com deficiência. Foi instituída pela Lei nº 7.853, que “dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a CORDE, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes e dá outras providências” (BRASIL, 1989). Somente dez anos após, foi regulamentada pelo Decreto nº 3.298, que “dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras providências” (BRASIL, 1999). Para zelar pela implantação dessa política, foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE). O Brasil e outros países do mundo reconhecem e assumem princípios inclusivos para orientar as políticas públicas nas mais diferentes áreas da promoção cidadã: educação, saúde, cultura, lazer, entre outras. Consideramos a inclusão de pessoas com deficiência uma prática recente no nosso sistema educacional, tendo a legislação como responsável pela inserção dos princípios inclusivos na Educação. Mas nem sempre foi assim, por muitos anos, as pessoas com deficiência foram tratadas com desprezo e desrespeito quanto aos seus direitos, o que as motivou a se organizarem em grupos e promoverem fortes movimentos de participação política pela garantia de seus direitos. O objetivo foi de avançar nas políticas públicas de acesso e permanência das pessoas com deficiência a todo e qualquer espaço social, dando legitimidade às práticas inclusivas. As mudanças nessa direção vêm ocorrendo lentamente. Primeiramente, temos o acesso de todas as pessoas à educação, seguida da luta pela inserção e permanência no ensino, para assim consolidar a igualdade de oportunidades a todos. Representando um compromisso dos educadores com a construção desse paradigma educacional inclusivo, precisamos definir planos para uma educação que busque a formação global do cidadão, livre de preconceitos e que reconheça a diversidade das pessoas. Esperamos que a prática dos princípios inclusivos extrapole o âmbito educacional, tornando uma sociedade que respeita as diferenças e promova a igualdade de oportunidades a todo cidadão. Nesse sentido, de luta pela igualdade de direitos, destacamos a Constituição Federal (BRASIL, 1988) por seu caráter inclusivo e democrático. Percebemos esse caráter inclusivo já no artigo 3 trazendo como um objetivo fundamental, “a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Ficando explícito que não deve existir qualquer tipo de discriminação e preconceito, inclusive com a pessoa com deficiência. A promoção do bem-estar social de todos também é resguardada pelo artigo 206, inciso I, estabelecendo como um princípio de ensino “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola” e reconhece no artigo 208, inciso III, que o estudante com necessidades específicas, como deficiência e transtornos, tem a garantia do Atendimento Educacional Especializado, preferencialmente na rede regular de ensino. Sabemos que acontecimentos políticos internacionais, influenciam a política nacional. Apontamos alguns acontecimentos que fortaleceram as políticas inclusivas no nosso país. Primeiramente, a Declaração de Jomtien se refere à satisfação das necessidades básicas de aprendizagem e relembra que a educação é direito fundamental de mulheres e homens. Esclarece que todas as crianças, jovens e adultos tenham o acesso à educação e que é necessário universalizá-la para que as desigualdades possam ser reduzidas e a qualidade melhorada (CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS, 1990). Percebemos nesse documento um dos pilares da inclusão: a preocupação com a promoção da equidade, o entendimento de que não basta apenas que todos tenham acesso, mas condições para que permaneçam e aprendam também são essenciais. A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) enfatiza os Princípios, Políticas e Práticas na área das necessidades educativas especiais e reafirma o “compromisso para com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e reendossamos a Estrutura de Ação em Educação Especial, em que, pelo espírito de cujas provisões e recomendações, governo e organizações sejam guiados”, acreditando que “toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas”. Atribui a “prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais”. Percebemos a preocupação de buscar meios de concretizar a inclusão de todos os alunos nos sistemas de educação, atendendo às necessidades de todos os alunos. A Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão afirma que “o acesso igualitário a todos os espaços da vida é um pré-requisito para os direitos humanos universais e liberdades fundamentais das pessoas” e entende que o esforço rumo a uma sociedade inclusiva para todos é a essência do desenvolvimento social sustentável. Esse documento reafirma que a inclusão é um direito humano, fundamental ao desenvolvimento da humanidade. A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, 1999) objetiva prevenir e eliminar qualquer forma de discriminação a pessoa com deficiência, para que faça parte da sociedade. Nesse contexto fortemente influenciado pela política nacional e internacional, temos, comomarco no âmbito educacional nacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) (BRASIL, 1996), estabelecendo importantes definições de direitos, serviços e práticas a serem assegurados para a execução dos princípios da Educação Inclusiva nas escolas brasileiras, garantidos na Constituição Federal. No artigo 58, a Educação Especial é descrita como uma “modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino para estudantes com altas habilidades, deficiências e/ou transtornos globais de desenvolvimento”. Para tanto, no parágrafo 1º, está enfatizado que haverá o “serviço de apoio especializado quando necessário, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial” e, no artigo 59, está previsto que exista uma formação de professores e haja adaptações na rotina e nos procedimentos da atuação pedagógica na perspectiva da escola inclusiva, com “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades” e “professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns”. Percebemos que na primeira LDB já existia referência à pessoa com deficiência, como dispõem os artigos 88 e 89, com a afirmação de que “a educação dos excepcionais, devia, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade” (BRASIL, 1961). Porém, a palavra “enquadrar-se”, usada no texto, aponta para o entendimento de que o aluno deve integrar-se ao sistema educacional, colocando sobre ele a responsabilidade do processo de adaptação e não nas instituições de ensino. A Lei de Diretrizes e Bases, que trouxe as alterações no ensino de 1° e 2º graus, também definiu no artigo 9 que “os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial” (BRASIL, 1971). Nessa determinação, entendemos que os alunos com deficiência deverão ter um tratamento diferenciado por parte do sistema educacional, que deverá ter atenção específica às necessidades desses alunos. Serão integrados ao sistema, com direito a um tratamento específico, que será normatizado pelos Conselhos de Educação. Com as determinações mais abrangentes da LDB vigente, entendemos que deverá ocorrer um processo de inclusão do aluno com deficiência, de forma que ele seja inserido em turmas regulares de ensino e tenha o atendimento especializado, se necessário. Percebemos que o aluno é responsabilidade do sistema educacional, que o acolherá fazendo as adaptações necessárias e proporcionará condições de ensino adequadas para que ele supere as barreiras provenientes das suas limitações. Em termos de políticas públicas educacionais, podemos destacar, o PNE (BRASIL, 2001a), que, no âmbito da Educação Especial, estabeleceu 28 metas e objetivos para serem cumpridas no decorrer de 10 anos. Algumas determinações envolvem a organização para o atendimento desse aluno com “necessidades educacionais especiais”, quanto à estrutura física, como: adaptação de prédios, equipamentos e transportes; quanto ao apoio pedagógico: a formação e atuação do professor; quanto à assistência às necessidades específicas: por meio de ações e parcerias com diferentes áreas para fornecer atendimentos necessários; e quanto aos incentivos financeiros: com aumento de recursos destinado à Educação Especial. Assim, de acordo com esse documento, o avanço para a década da educação seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento da diversidade humana. Destacamos, o reconhecimento de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) como língua oficial no País, juntamente com o Português, por meio da a Lei nº 10.436, a fim de concretizar a meta 15, referente à Educação Especial no PNE de 2001. Entendemos ser uma conquista para toda a sociedade, pois representa o respeito à cidadania, dando às pessoas com surdez a oportunidade para desenvolver a linguagem por meio da compreensão dos signos e significados, com base na sua língua materna. Nesse mesmo documento aprovou-se diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades de ensino, o projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e fez recomendação para o seu uso em todo território nacional. Temos o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2011), conhecido como Plano Viver sem Limite, representando a reafirmação do compromisso do estado contra a discriminação. No artigo 1 está estabelecido como finalidade do exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência, “por meio por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações”. Descrevendo no artigo 4 os eixos de atuação, como: a educação, a saúde, a inclusão social e acessibilidade. Entre as oito diretrizes, determina, no artigo 3, a “garantia de um sistema educacional inclusivo”. Buscando a consolidação dos direitos e deveres nos diversos espaços da sociedade, foi institucionalizada a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015), destaca-se pela sua abrangência ao tratar de assuntos que tornarão a sociedade mais inclusiva e acessível. Aborda os direitos da pessoa com deficiência nos diversos contextos sociais, trazendo determinações específicas que garantem os direitos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal. Nesse trabalho por igualdade de condições entre as pessoas na sociedade, essa lei representa um avanço social e político, que visa oportunizar o exercício da cidadania, quebrando as barreiras surgidas devido às limitações próprias de cada pessoa. Assim, ao estabelecer punições, cíveis e penais, para quem descumprir as determinações ou praticar atos discriminatórios em virtude da deficiência de uma pessoa, estamos buscando o cumprimento de direitos e deveres do cidadão. No contexto educacional, a inclusão representa uma provocação, que pode provocar melhorias na qualidade do ensino das escolas. Pensamos que, ao trabalhar com uma grande diversidade, ficamos mais suscetíveis em perceber a fragilidade da proposta educacional, do projeto político-pedagógico escolar, da proposta de aula do professor. Portanto, ao refletirmos sobre um ensino mais inclusivo, nos preocupamos com a qualidade da nossa prática docente e nos dedicamos a desenvolver maneiras e estratégias de alcançar a todos os alunos. A efetivação dessas leis vigentes no país, em relação à inclusão das pessoas com deficiência, é uma maneira de identificar, valorizar e respeitar diversidade existente nos seres humanos e assegurar uma vida plena socialmente. A escola inclusiva, portanto, é aquela que acolhe todos e valoriza as diferenças com um meio adequado para a promoção do desenvolvimento individual e coletivo, além de promover meios de superação das barreiras impostas por limitações individuais e/ou sociais. Para tanto, descreveremos adiante, o funcionamento do Atendimento Educacional Especializado, disponibilizado para diminuir as barreiras da pessoa com deficiência no contexto educacional, consolidando o seu direito de acesso e permanecia na escola. AEE UMA ATIVIDADE RECENTE O AEE é um serviço da educação especial, realizado no período contrário ao frequentado pelo aluno no ensino regular, e sua oferta é obrigatória a todos os alunos público-alvo da educação especial. O profissional que atua neste atendimento é o professor de educação especial, que deve ter formação específica na área de atuação. No atendimento realizado no contra turno, as necessidades e potencialidades são trabalhadas, com a finalidade de oferecer novos caminhos para aprender, ao aluno público-alvo da educação especial, e de fato ter suas diferenças atendidas e respeitadas.A partir do atendimento, o professor de educação especial pode contribuir com observações e sugestões quanto ao trabalho realizado em sala de aula, para juntamente com o professor do ensino comum pensem em possibilidades de intervenção. Este atendimento é definido pela Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, tendo como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. Pode-se observar na citação acima, que o AEE é um atendimento com caráter complementar e/ou suplementar ao ensino regular, sendo importante para a formação do aluno que o frequenta, pois é, neste espaço, que será abordado os campos conceituais, os quais possibilitarão maior compreensão dos temas trabalhados em sala de aula, com a perspectiva de focar nas necessidades dos alunos. Os sistemas de ensino tem o compromisso de oferecer este atendimento aos alunos público alvo da Educação Especial, como indicado na Resolução nº 04 de 2009 do Conselho Nacional de Educação, em seu parágrafo único mostra que, os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. Cabe esclarecer que todos os sistemas de ensino, municipal, estadual e federal devem organizar este tipo de atendimento, conforme indicado na citação acima, sendo de caráter obrigatório a oferta aos alunos público-alvo da Educação Especial. As atividades do AEE também são indicadas no documento da Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarização esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. O atendimento educacional especializado é acompanhado por meio de instrumentos que possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educacional especializado públicos ou conveniados. A partir da perspectiva da educação inclusiva, faz-se necessário refletir sobre o atendimento aos alunos público alvo da Educação Especial que frequentam a escola regular e o currículo comum, observando o atendimento de suas necessidades, visto que seu processo de ensino e aprendizagem, assim como os demais alunos, é único e constituído de peculiaridades. Ao refletir-se sobre a importância da escola no processo de inclusão, nenhum outro espaço seria capaz de substituir seu caráter social e de ensino. O ambiente escolar constitui-se um espaço privilegiado para a construção do saber historicamente constituído, ou seja, este lugar é fundamental para o desenvolvimento, como um todo, dos alunos, os quais participam deste contexto e para a pessoa com deficiência não poderia ser diferente. Portanto, a educação inclusiva fomenta o repensar das práticas na escola comum, por meio de ações que atendam as diferenças considerando também os distintos contextos, que este sujeito faz parte. A Inclusão implica uma reforma radical nas reformas em termos de currículo, avaliação, pedagogia e formas de agrupamentos dos alunos em sala de aula. Ela é baseada em um sistema de valores que todos se sintam bem-vindos e celebra a diversidade que tem como base o gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem de origem, o background social, o nível de aquisição educacional ou a deficiência. Neste sentido, a proposta inclusiva demanda uma reforma na estrutura educacional. A organização dos alunos nos espaços educativos, o currículo deve ser repensado, assim como as formas de avaliação. A diversidade deve ser percebida, valorizada e atendida neste espaço que é composto pela diferença. Assim, faz-se necessário pensar: Como incluir o diferente em uma escola com o currículo engessado e com uma avaliação tradicional e que não respeita o ritmo e a singularidade de cada aluno? Como avançar em relação às propostas metodológicas que atenda e respeite a todos? Levando em consideração estes desafios vividos na escola, destaca-se a dificuldade que esta enfrenta ao se flexibilizar, ao diversificar o seu currículo, ao trabalhar com alunos que não compõem o padrão determinado de normalidade. Índices e metas são colocados à escola, deslocando assim o foco para uma corrida incessante por resultados numéricos, e não para o desenvolvimento voltado as especificidades dos alunos. A escola, ainda, se caracteriza como uma instituição estruturada para atender alunos que correspondem a um ideal padrão, e não para o sujeito singular que é seu aluno, ou seja, o aluno real heterogêneo; realiza sua atividade pedagógica a partir de um sistema organizado por um currículo inflexível; e seleciona os conteúdos de acordo com uma sequência rígida, com vistas a uma complexidade crescente, partindo de critérios padronizados de desenvolvimento psicológico baseado em etapas. Desta forma, independentemente das condições e características apresentadas, por seus diferentes alunos, àqueles que não conseguem acompanhar o ritmo imposto, são marginalizados e excluídos. Agora permanecem na escola, porém este espaço educativo ainda apresenta grandes dificuldades em avançar, pela falta de atenção à diversidade, ao manter um ensino veementemente pautado em currículo inflexível, onde seu conteúdo é desenvolvido da mesma maneira para todos os alunos, de forma única. O desenvolvimento de algumas metas diferencia-se dentro dos mesmos objetivos escolares, com vistas à superação da rigidez da escola e oportunizar aos alunos a aprendizagem com qualidade social, assim é imprescindível viabilizar estratégias e metodologias de ensino e avaliação demonstrando que não é necessário que se tenha as mesmas metas educacionais quando aprendem juntos. Nesta perspectiva, faz-se necessário superar a condição de alcance de metas padronizadas, estipuladas de forma excludente. Ao reconhecer a diversidade, o caminho a ser percorrido em busca da educação inclusiva, deve ser aquele que tem como eixo norteador, a percepção dos alunos como parâmetro dele mesmo, respeitando assim a diferenças por eles apresentados. Ao definir educação Inclusiva. A educação inclusiva caracteriza-se como um novo princípio educacional, cujo conceito fundamental defende a heterogeneidade na classe escolar, não apenas como situação provocadora de interação entre as crianças com situações pessoais as mais adversas. Além dessa interação, muito importante para o fomento das aprendizagens recíprocas, é fundamental uma pedagogia que se dilate ante as diferenças do alunado. O grande objetivo de estar na escola para aprender, e não apenas interagir. Esta é a educação que se quer, e se busca incessantemente todos os dias e que ainda se tem muito a superar até alcançá-la. Desta forma, se observa muitos aspectos relacionados à organização escolar perante a diferença. A escola deve se adequar à proposta de ensino a fim de que diferentes alunos se apropriem do conhecimento. De outra forma, ainda continuar-se-á nos tempos da integração escolar. O aumento significativo do número de matrículas de pessoas com deficiência nas escolas, exige do Sistema escolar, a eliminação dos entraves por parte das instituiçõesem atender as diferenças, valorizando e potencializando suas habilidades. MMM CRITÉRIOS PARA O ATENDIMENTO DE ALUNOS NA SALA DE RECURSOS UM NOVO TEMPO PARA A INCLUSÃO O Atendimento Educacional Especializado surge dentro do contexto dos avanços em prol da educação inclusiva no país, como uma política pública fundamental que regulamenta as diretrizes estabelecidas pela Constituição Brasileira, para a educação dos alunos público-alvo da educação especial. Essa política se impõe pela necessidade de efetivação de ações voltadas para a garantia da aprendizagem desses alunos matriculados nas escolas e sujeitos de direito a uma educação de qualidade. Podemos dizer que o atendimento educacional especializado é uma política pública basilar no fortalecimento e na implementação e organização dos serviços da educação especial. O AEE constitui hoje uma referência no atendimento às necessidades específicas dos alunos, além de se estabelecer dentro da escola como um marco de suporte e apoio ao aluno, ao professor e a sua família, de modo integrado aos demais sujeitos e espaços escolares. Uma importante característica desse trabalho se relaciona aos princípios da aprendizagem colaborativa, de modo que o professor da sala do atendimento educacional especializado possa desenvolver estratégias de intervenções e de atuação pedagógica que permitam ao aluno o acesso ao currículo, bem como sua interação no grupo da escola e da sala de aula. Seguindo as diretrizes operacionais para a implementação do AEE, é importante que esse serviço esteja claramente previsto no Projeto Político Pedagógico da escola como forma de garantir a sua articulação com os demais serviços do ensino comum, em todos os níveis, etapas e modalidades oferecidos pela escola. Podemos definir o Atendimento Educacional Especializado (AEE) como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente. Tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que atenuem as barreiras para o desenvolvimento de seu público-alvo. Tendo em vista desenvolver a autonomia e independência desse público na escola e fora dela, o AEE deve ser prestado da seguinte forma: • complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às Salas de Recursos Multifuncionais; • suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação. Deve ser realizado, prioritariamente, nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo, em nenhuma hipótese, substitutivo às classes comuns. Pode ser oferecido também em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou em instituições especializadas, instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente no Estado ou nos Municípios. No entanto, entendemos que esse serviço, quando realizado na própria escola do aluno, poderá proporcionar maiores benefícios não só no que diz respeito a sua aprendizagem, mas também no aspecto da sua inclusão na escola. O Atendimento Educacional Especializado visa complementar e desenvolver a autonomia do aluno dentro da escola e fora dela, organizando e promovendo situações que favoreçam o seu desenvolvimento, com a estimulação dos mecanismos do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem intermediados pelo uso de materiais didáticos e pedagógicos que atendam às necessidades específicas desses alunos. Em casos do Atendimento Educacional Especializado em ambiente hospitalar ou domiciliar, será ofertada aos alunos, pelo sistema de ensino, a Educação Especial de forma complementar ou suplementar com a garantia da matrícula na rede regular de ensino. Os alunos com altas habilidades ou superdotação deverão ter suas atividades de enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito de escolas públicas de ensino regular em interface com os núcleos de atividades para altas habilidades ou superdotação e com as instituições de ensino superior e institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes e dos esportes. No caso dos alunos com deficiência auditiva ou com surdez, o atendimento educacional especializado deve ser realizado sob a mediação da Língua Brasileira de Sinais (Libras), sendo a Língua Portuguesa em sua modalidade escrita sua segunda língua. A função do professor do AEE é “propor atividades que permitam eliminar barreiras na aprendizagem e otimizar a aprendizagem dos alunos e sua inclusão no ensino regular”, o que sem dúvida repercutirá no desenvolvimento do aluno em sala de aula. A IMPORTÂNCIA DO AEE PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA O AEE para alunos com Deficiência é efetivado a partir de um estudo de caso onde o principal objeto de estudo é o aluno e suas barreiras na aprendizagem. O estudo das dificuldades encontradas pelo o aluno é um método de pesquisa que nos permite investigar, coletar dados, analisar fatos que nos ajudem a traçar um plano de intervenção que traga soluções e benefícios para aprendizagem do aluno eliminando suas barreiras e dificuldades e ajudando a ter um bom desenvolvimento da sua aprendizagem. Nesse sentido, o professor do AEE precisa fazer uma avaliação do aluno com deficiência em todos os aspectos e funções: motor, afetivo, social, cultural, cognitivo, oral, de raciocínio lógico tomando como fonte de informações a família, a escola, o professor de sala comum, os colegas de classe, os profissionais que possivelmente estejam trabalhando com o aluno, para ter uma precisão de suas reais necessidades de aprendizagem para ajudá-lo a eliminar suas dificuldades e pensar estratégias inclusivas que deem a esses alunos a condição de aprenderem tão quanto os ditos normais. Desse modo, verificamos que o AEE é um elemento importantíssimo na aprendizagem dos alunos com deficiência porque possibilita um atendimento especifico as suas necessidades e dificuldades. O atendimento educacional especializado deve oferecer todas as oportunidades possíveis para que, os espaços educacionais em que ele acontece, o aluno seja incentivado a se expressar, pesquisar, levantar hipóteses, reinventar o conhecimento livremente. Em se tratando do aluno com deficiência é necessário que no AEE e na sala de aula, seu direito de aprender seja garantido levando em consideração sua criatividade, sua capacidade de conhecer o mundo partindo de suas vivencias. É necessário que o professor do AEE e o professor de sala comum enxerguem as potencialidades desse aluno e nesse sentido busquem traçar ações pedagógicas de ensino-aprendizagem que façam sentido para ele, que o desafio partindo de situações concretas capazes de estimular ainda mais suas potencialidades e superar suas dificuldades seja elas na escrita, na oralidade, na cognição etc. O Atendimento educacional especializado para alunos com deficiência demonstra que muitas vezes o professor que não enxerga o potencial dos alunos, e realiza o que eles chamam de Pedagogia da Negação. A pedagogia da negação encontra sua fonte na superproteção, que é um parente próximo da rejeição. A superproteção de um professor em relação a um aluno que apresenta deficiência pode se manifestar de várias maneiras. Por exemplo, quando o professor propõe frequentemente atividades que não provocam dificuldades verdadeiras para o aluno, com medo que ele perca a motivação para aprender ou com receio que ele não seja capaz de realizar a atividade. A Pedagogia da Negação não reconhece o potencial dos alunos, e acabam muitas das vezes utilizando uma metodologia de proteção, facilitando o aprendizado do aluno, não o desafiando com novas situações de aprendizagem, expondo-os a atividades de memorização e repetição, sem deixar com que eles busquem umprocesso cognitivo autônomo. De certo, não podemos negar que os alunos com deficiência tenham dificuldades de estrutura ração cognitiva e funcional, sabemos que algumas vezes as suas estruturas intelectuais apresentam limitações, porém isso não significa que podemos afirmar ou concluir que esses alunos são incapazes de aprender. Um aspecto que pode comprovar o quanto eles são capazes de aprender são as mediações realizadas pelo atendimento educacional especializado. O atendimento educacional especializado para alunos com deficiência deve voltar-se para realização de atividades especificas sobre os mecanismos de aprendizagem e desenvolvimento desses alunos. O desenvolvimento de um trabalho que alie escola comum e AEE pode promover uma autonomia intelectual para alunos com déficit de comprometimento cognitivo. MMM FREQUÊNCIA DOS ALUNOS NA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS OBJETIVOS E FUNÇÕES DO AEE Primeiramente, é preciso ter clareza dos motivos que orientam o trabalho no AEE, sendo estes, inserido em um contexto que construa uma sociedade inclusiva. Esta é a grande meta da educação inclusiva. Para tanto, faz-se essencial que se compreenda o que isso significa no cotidiano escolar. Aponta-se que uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar, sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum. Busca-se a escola inclusiva que se fundamenta na concepção orientada pelo reconhecimento das diferenças humanas e na aprendizagem centrada nas potencialidades dos alunos, ao invés da imposição de rituais pedagógicos pré-estabelecidos. Estes acabam por legitimar as desigualdades sociais e negar a diversidade. O papel das escolas deve atender às necessidades educacionais específicas de seus alunos tendo em vista a complexidade e a diversidade do contexto escolar, tanto nas aprendizagens como na aprendizagem. Faz-se necessário que a escola se reorganize, ressignifique suas ações, flexibilizando o currículo, promovendo a formação de professores em serviço, parcerias com a comunidade e ainda a complementação ou suplementação curricular ao/a aluno/a com deficiência ou superdotação respectivamente. As salas de recursos multifuncionais são espaços da escola onde se realizam o AEE para alunos com necessidade específica, por decorrência de deficiência, TEA, AH/SD, por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas em um novo fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimento pelos alunos, subsidiando o desenvolvimento do currículo e participação da vida escolar. É um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos e dispõe de profissionais com formação para o AEE, que considere as diferentes áreas e os aspectos relacionados: ao estágio de desenvolvimento cognitivo do aluno; ao nível de escolaridade; aos recursos específicos para sua aprendizagem e as atividades de complementação e suplementação curricular. O AEE tem o objetivo geral promover a inclusão de alunos com deficiência, TEA e AH/SD em classes comuns da educação infantil e ensino regular, com a meta das políticas da educação inclusiva, mantendo a interação constante entre o professor da classe comum e dos serviços de apoio pedagógico especializado, no sentido de complementação ou suplementação curricular, para a educação básica, a partir da avaliação do aluno em suas habilidades, promovendo o desenvolvimento de suas potencialidades e buscando romper as barreiras que limitam suas aprendizagens. Mediante o objetivo geral, sugerido para todo o território Nacional, cabe aos serviços organizarem-se conforme as peculiaridades regionais e específicas do contexto em que se insere. Diante das reflexões, planejamentos e replanejamentos neste período, se sugere como objetivos específicos: Promover o AEE com vistas ao conhecimento que permita ao aluno incluído nas séries iniciais do Ensino Fundamental o letramento, a leitura, a escrita e a quantificação, sem o compromisso de sistematizar essas noções como conteúdos escolares, enfatizando-se as aprendizagens no campo conceitual, estando desvinculado da necessidade típica da produção acadêmica. O aluno constrói conhecimento para si mesmo, complementando ou suplementando o currículo escolar; Assessorar as discussões de flexibilizações curriculares durante o percurso do ano letivo, que considerem o significado prático e instrumental dos objetivos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação adequados aos desenvolvimentos dos alunos que apresentam deficiência, TEA e AH/SD, em consonância com o projeto pedagógico da escola; Promover situações de aprendizagens significativas, que favoreça o desenvolvimento individual e social, de maneira ativa. Definir o tempo de atendimento individual, duplas ou trios, conforme a necessidade de cada aluno e esse acontecerá sempre no horário oposto ao das aulas do ensino regular. Favorecer que esse aluno saia de uma posição de não – saber ou de recusa de saber para se apropriar de um saber que lhe é próprio, ou melhor, que ele tem consciência de que o construiu. Reconhecer, a partir da avaliação e acompanhamento, o ponto de partida e o de chegada do aluno, no processo de conhecimento subsidiando as posteriores intervenções pedagógicas e didáticas, tanto na sala de recursos multifuncionais como para a sala de aula comum, estendendo a discussão e orientações ao grupo familiar. FORMAÇÃO ESPECIALIZADA DOS PROFESSORES Para o professor que trabalha na sala de recursos multifuncionais há algumas exigências que são feitas com relação a sua formação. A inclusão escolar fica comprometida se colocarmos a disposição da escola, que está comprometida com a educação inclusiva, um professor que não é capaz de reconhecer o desempenho e as potencialidades do educando, e a lidar com ele. Por isso é necessário que os estados e municípios invistam na formação continuada dos professores para atuar como especializado de apoio. O professor regente nas salas de aula regular precisa de formação adequada para sua qualificação. Para que isso seja possível, deve-se dar atenção maior quando nos dirigimos ao professor especialista no atendimento na sala de recursos multifuncionais, priorizando sempre a educação e atendimento feitos por esses profissionais ás crianças da educação infantil e os outros níveis de educação. Essa formação permite ao professor, de apoio no atendimento a sala de recursos multifuncionais, a aceitar os desafios que lhe são colocados, juntamente com seus educandos e resolve-los em parceria com outros professores e os recursos disponibilizados pelos equipamentos, materiais pedagógicos específicos a natureza e as necessidades especiais dos educandos. A formação continuada é vital para o desenvolvimento do professor em sala de aula e também é importante o professor estar sempre se atualizando, e mesmo assim, provavelmente não estarão prontos para atender com qualidades todos os tipos de aluno com deficiência seja ela de aprendizagem ou intelectual. Tendo em vista a formação de professores para atuarem nesta área é necessário que tenhamos uma reflexão sobre os profissionais que atuarão como parte importante nessa inclusão. Diante dessas posições destacamos três categorias de importância na formação de professores: formação inicial, formação continuada falta de formação. Primeiramente se considera que as disciplinas na graduação, não são o bastante para fazer do professor, um profissional da educação especial. O foco está em discutir a formação inicial para esse professor atuar com educandos com deficiência. Pensar na formação inicial do pedagogo para a educação inclusiva implica superar uma perspectiva baseada no modelo clínico-médico de deficiência em prol de um processo formativo no qual as questões relativas á escolarização da pessoa com deficiência perpassemo currículo de forma transversal. A formação inicial do professor, na educação especial amplia a visão de conhecimento, que afasta o estigma da exclusão, coloca a disciplina de educação especial como uma profissionalização nos cursos de Pedagogia. Há necessidades de uma formação que amplie a visão de mundo e de conhecimento dos professores, que promova práticas que superem o paradigma da exclusão, se é que isso será possível. A formação inicial se projetada para além de um saber específico e, de modo geral, precisamos do professor formado para responder, em parte, ás demandas escolares, independentemente do público que atenderá, pois a inclusão escolar, resguardados seus princípios e políticas, faz-se amplamente falando, na relação entre o professor e o aluno, pela via da mediação da construção do conhecimento e da aprendizagem. Tendo em vista a pouca oferta de cursos de licenciatura em Educação Especial no Brasil, os professores geralmente são formados nos cursos de Pedagogia ou outras licenciaturas, sem uma formação adequada para o atendimento de educandos com deficiência em classes regulares de ensino. Essa realidade reflete diretamente na formação inicial dos professores; neste sentido, destacamos a necessidade de um forte investimento na formação continuada dos profissionais da educação básica, no intuito de fortalecer a política da educação inclusiva. MMM DIVERSAS FORMAS DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO CONCEITOS SOBRE O AEE E SEU PÚBLICO O uso de recursos e materiais variados no AEE é de extrema importância para contribuir com o desenvolvimento de vários aspectos nos alunos. Pode-se exemplificar, no caso de alunos com TEA, a necessidade de ampliar a atenção; o desenvolvimento das relações com o outro; percepção daquilo que o aluno procura transmitir, por meio de expressões faciais ou o que sente; como também, ampliar sua linguagem oral; ou ainda com outras formas de comunicação como no uso de comunicação aumentativa alternativa/CAA, quando necessário, como importante instrumento de apoio ao aluno sem comunicação oral, ou ainda aqueles que apresentam maiores dificuldades na linguagem. É necessário pesquisar as dificuldades na escola, no social e na comunicação a fim de construir um plano de trabalho que lhe possibilite as aprendizagens e a diminuição de estereotipias. É fundamental que o aluno melhore a sua comunicação social, passe a compartilhar o olhar, interaja com outras pessoas e envolva-se com tarefas diferenciadas, porém tendo o cuidado na preparação do ambiente e da rotina. Salienta-se a necessidade de trabalhar de forma conjunta com o professor de sala de aula do aluno que é atendido no AEE, afim que trocar informações e orientá-lo com relação às particularidades dos alunos público-alvo da Educação Especial e da organização do planejamento com estratégias e atividades acessíveis a estes alunos, buscando incluir a todos, independentemente de sua condição. Dentre os alunos público alvo que apresentam como característica a deficiência visual, deficiência auditiva ou surdez, deficiência intelectual, deficiência física, Transtornos do Espectro Autista e Altas habilidades/superdotação, necessitamos reunir diferentes áreas do conhecimento para favorecer sua plena participação no ensino comum. Cada área de atuação conta com uma série de conhecimentos específicos, os quais dão suporte às necessidades dos alunos, como por exemplo, o soroban para alunos cegos, este recurso auxilia na aprendizagem. A SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS (SRM) As Salas de Recursos Multifuncionais são espaços físicos localizados nas escolas públicas de educação básica;,nelas se realiza o Atendimento Educacional Especializado. Esse atendimento é feito por um professor especializado, que tenha como base da sua formação a atuação para a docência e ainda formação específica na área da educação especial, com competências para o atendimento dos alunos com dificuldades de aprendizagem acentuadas decorrentes de algum tipo de deficiência (auditiva, visual, motora, intelectual), de transtornos do espectro autista ou de altas habilidades ou superdotação. Essas salas atendem por esse nome porque são dotadas de mobiliário, materiais didáticos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva, e outros tipos de equipamentos específicos para o atendimento aos alunos público-alvo da educação especial. Esses recursos deverão estar a serviço das necessidades de aprendizagem desses alunos, sendo o atendimento feito sempre em turno contrário ao que os alunos frequentam na escola comum e, como destacamos, deve ser realizado preferencialmente na própria escola em que ele está matriculado, ou ainda numa escola próxima ou em centros e instituições especializadas que realizem o serviço do AEE. Cada sala deverá ter, no mínimo, um professor responsável pelo desenvolvimento das atividades próprias do AEE. Essas as atividades são de caráter eminentemente pedagógico, diferenciando-se do trabalho do professor da sala de aula devendo o professor propor situações que contribuam para a aprendizagem de conceitos e ações vivenciais que possibilitem a esse aluno organizar seus pensamentos fundamentando seu atendimento em situações-problema, exigindo do aluno o uso do raciocínio para sua resolução. Além disso, compete ao professor do AEE produzir materiais didáticos e pedagógicos, utilizados como ferramentas de interação escolar social ajudando o aluno a atuar no ambiente da escola e fora dela. Ainda sobre as competências do professor do AEE, a Resolução n° 04 de 2009 que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, estabelece as seguintes ações como principais atribuições desse profissional: I – Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial; II – Elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade; III – Organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV – Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; V – Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; VI – Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação; VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares. Para o desenvolvimento dessas ações, é necessário que o professor estabeleça uma relação de proximidade com seu aluno, buscando conhecer suas particularidades, suas relações com o conhecimento, indo além das condições cognitivas. Além disso, é preciso que haja uma interlocução com o professor do ensino regular, facilitando o acompanhamento dos processos de aprendizagem do aluno. Por fim, é importante destacarmos que a Sala de Recursos Multifuncionais é um espaço da escola comum, sendo responsabilidade do diretor e da comunidade escolar sua conservação, organização e administração, além da divulgação desse trabalho à comunidade à qual a escola está inserida. MMM PARTICIPAÇÃO DA EQUIPE EDUCACIONAL NO CONSELHO DE CLASSE PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA SRM As salas de recursos são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional especializado de alunos com necessidades educacionais especiais, matriculadosna escola comum. O atendimento em salas de recursos constitui um serviço educacional de natureza pedagógica, feito por professor especializado, num espaço dotado de materiais, equipamentos e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais dos alunos da escola que apresentam dificuldades acentuadas em relação à aprendizagem, vinculadas a algum tipo de deficiência ou não. A sala de recursos multifuncionais é, portanto, um espaço da escola comum provido de materiais didáticos, pedagógicos e de tecnologia assistiva, onde trabalham profissionais com formação específica para o atendimento dos alunos com dificuldades educacionais especiais em razão de algum tipo de deficiência (auditiva, visual, motora, cognitiva, verbal), de transtornos globais de desenvolvimento ou de altas habilidades e superdotação. Chama-se sala de recursos multifuncionais precisamente porque nela se concentram materiais didáticos, equipamentos e profissionais aptos a atender, de forma flexível, aos diversos tipos de necessidades educacionais especiais. 1. Procedimentos iniciais com alunos em sala de recursos multifuncional Sugere-se, após a análise do período trabalhado, uma linha de atuação que oriente as ações iniciais nas atividades do professor de educação especial, a qual se apresenta como indicadores flexíveis no cotidiano escolar: Reconhecimento das necessidades específicas da criança, adolescente ou adulto; Flexibilização curricular: Reunir a equipe administrativa pedagógica e professores envolvidos na inclusão com intencionalidade de promover: Revisão do Plano Político Pedagógico anual, com a finalidade de atualizar os recursos físicos, materiais e humanos às peculiaridades dos alunos da Instituição; Interseção no currículo e o plano político pedagógico propostas resultantes de discussões e reformulações didáticas, pedagógicas e avaliativas no âmbito da educação escolar; Discussões do currículo comum e as peculiaridades do aluno. Redimensionamento a cada ano as informações no ato da matricula, a partir da experiência e reflexão do ano anterior; Abordagem com a família em termos de obtenção de informações e orientações no manejo com a criança; 2. Organização em sala de aula: Preparação do espaço educacional onde a criança reconheça-se no ambiente, de acordo com seu perfil inicial; Acompanhamento das ações e reações do aluno no período de inclusão, para auxiliá- lo na manutenção da atenção e concentração, bem como interação no grupo e do grupo com este; Atenção aos estranhamentos e interações iniciais, para eventuais modificações da rotina escolar, seja nos ambientes quanto nas atividades; Construção de uma rotina de tarefas cotidianas, de acordo com sua condição para organização e responsabilidades; Conquista de uma relação de confiança e autoridade entre aluno e seus professores; Agrupamentos e individualização do ensino. Alguns alunos necessitam de mediação do professor o dos colegas para aprender o que outros alunos conseguem aprender por meio da experiência espontânea; Flexibilização dos objetivos conceituais, se necessário, quanto à profundidade e extensão, a partir das habilidades e potencialidades do aluno. 3. Procedimentos para a orientação quanto à organização individual: A partir de observações constantes e registros de dados significativos de seus movimentos em atividades de sala de aula e demais espaços escolares; Organização com o aluno de suas rotinas particulares, tornando-as funcionais; Constituição de situações de aprendizagem de caráter: funcional, a partir de suas potencialidades e habilidades; Previsão quanto as modificações da temporalidade para determinados objetivos e conteúdos previstos, se necessário; Seleção de técnicas e instrumentos apropriado para avaliação do aluno, se necessário. CARACTERIZAÇÕES DO AEE O AEE consiste num programa desenvolvido pelo MEC com o objetivo de atender alunos com deficiência. Realiza-se, prioritariamente, nas Salas de Recursos Multifuncionais (SEM) da própria escola, ou em outra escola de ensino regular, complementando a formação do aluno, visando sua autonomia na escola e fora dela, constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino. Ressaltamos que as SRM são espaços localizados na escola regular, ou em centros especializados, cujo objetivo consiste em interver junto aos alunos com deficiência para que eles possam superar suas dificuldades e avançar em suas habilidades cognitivas, motoras e emocionais, sempre levando considerando suas diferenças individuais. Nesse contexto, o professor exerce papel relevante ao alcance dos objetivos propostos pelo programa. De acordo com o Plano de desenvolvimento individual para o Atendimento Educacional Especializado, o principal desafio aos professores especialistas no AEE, que assumem a regência de uma sem (conforme a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva), consiste em atender alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, ou superdotação, que são encaminhados a esses espaços. Nesses ambientes, devem ser oferecidas todas as condições ao pleno desenvolvimento para que consigam ter acesso ao currículo da sala de aula regular em que estão matriculados. O AEE, que ocorre na SRM, deve se fundamentar nas habilidades e competências do aluno, considerando sua condição específica para realizar determinadas tarefas. Nesse sentido, a avaliação torna-se imprescindível para o professor iniciar o trabalho pedagógico especializado, pois é importante conhecer o aluno e suas condições de inserção e participação na escola, na família e na sala de aula regular. Desse modo, o professor poderá providenciar ajustes e adequações nos diferentes âmbitos que interferem diretamente no processo de ensino e de aprendizagem do aluno, público-alvo do AEE, garantindo-lhe educação de qualidade. O aluno frequenta a sala de recurso no contra turno da sala regular. O AEE identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. Nas escolas de ensino regular, o AEE deve acontecer nas SRM, um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação voltada ao atendimento das necessidades educacionais especiais; espaços projetados para oferecer suporte necessário a esses alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento (MEC). O AEE complementa e pode suplementar a formação dos alunos, visando sua autonomia e independência na escola e fora dela, constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino. Os objetivos do AEE são: • Assegurar meios para o acesso ao currículo, que proporcionem a independência na realização das tarefas e a construção da autonomia dos alunos com deficiência • Promover formação continuada para professores; • Produzir material (transcrever, adaptar, confeccionar, ampliar, gravar, de acordo com as necessidades dos alunos). O público alvo das salas de AEE compõe-se por alunos matriculados em sala de aula regular, que sejam portadores de deficiência auditiva, surdez, cegueira, baixa visão, surdo-cegueira, deficiência física, deficiência intelectual, transtornos globais do desenvolvimento, síndrome de Down, deficiência múltipla e altas habilidades/superdotação. O AEE é muito importante aos avanços da aprendizagem do aluno com deficiência, na sala de ensino regular. Os professores destas salas, devem atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum para a definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o acesso do aluno ao currículo e sua interação no grupo, entre outras ações que promovam a educação inclusiva. Quanto mais o AEE acontecer nas escolas regulares em que os alunos com deficiências estejam matriculados, mais trará benefícios para eles, o que contribuirá para a inclusão e evitará atos discriminatórios. MMM PROGRESSO NO ENSINO APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO AEE O PAPEL DO PROFESSOR
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