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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO Renata de Oshima LIDERANÇA VOLTADA PARA RESULTADOS EM UMA EMPRESA METALÚRGICA DE MÉDIO PORTE Americana - SP 2012 Renata de Oshima LIDERANÇA VOLTADA PARA RESULTADOS EM UMA EMPRESA METALÚRGICA DE MÉDIO PORTE Americana - SP 2012 Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência parcial para obtenção do grau em MBA em Gestão e Engenharia da Qualidade, no Centro universitário Salesiano, sob a orientação do Professor Caio César Beraldo Monteiro. DEDICATÓRIA Dedico mais este trabalho a DEUS e à minha família. Aos meus pais, Antonio Yoshitaro de Oshima e Irene Jacovassi Oshima “ In Memorian”, a meus irmãos, Vanessa Oshima Bonetto e Ricardo Oshima, a meu namorado André Fernando Pessina, que ano após ano me incentivam, apóiam de forma incondicional e estão sempre ao meu lado. E ao meu Professor Mestre Caio César Beraldo Monteiro, por sua extrema colaboração, dedicação e compreensão. As minhas amigas Tatiane Duranzi Brito, Larissa Ferraro e Kelly Dionizio e ao meu amigo José Inácio. E a todos os que colaboraram de alguma maneira, para que este trabalho chegasse a sua conclusão final. AGRADECIMENTOS A Deus, “... que incomparável e inconfundível na sua infinita bondade, compreendeu meus anseios e me deu a necessária coragem, para atingir meu objetivo, ofereço-lhe o meu provir e peço-lhe forças para sempre agir com eficiência em meu trabalho e acerto das minhas decisões”. Aos meus Pais, “Que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade, que iluminaram meus caminhos obscuros com afeto e dedicação, para que trilhassem sem medo e cheia de esperanças, que se doaram inteiros e muitas vezes renunciaram aos seus sonhos para que, muitas vezes eu pudesse realizar os meus sonhos, não bastaria o meu muito obrigado, a vocês o meu muitíssimo obrigado, o meu afeto, carinho e reconhecimento eterno”. EPÍGRAFE “Qualquer indivíduo tem a capacidade de ser líder, basta querer desenvolver! As pessoas são dotadas de inteligência diferente umas das outras, o empreendedor deve conhecê-las de maneira que possa colocar a pessoa certa na função certa. Conhecer os estilos de liderança fortalece os relacionamentos”. (Oshima, 2012) RESUMO As empresas, a cada dia, buscam aperfeiçoar suas técnicas de produção para melhorar seus produtos ou serviços e isto não poderia ser diferente no que diz respeito à forma de administrar seus recursos, sejam financeiros, tecnológicos ou humanos. E, nesta constante busca para alcançar os objetivos, existem líderes e liderados. As metas existentes podem ser atingidas por completo ou não, e até superadas pelo simples fato do líder ter competência (conhecimento, habilidade e atitude) para transformar o cenário em que se encontra a organização ou grupo. A falta de habilidade em liderar é um problema sério na organização, gerando conflitos, podendo impactar na conquista de resultados organizacionais. Hoje em dia, considera-se que os sucessos das organizações dependem da qualidade dos seus recursos humanos e da sua correta gestão. As organizações sofreram alterações ao longo do tempo, passando de organizações de mão de obra intensiva para organizações de conhecimento intensivo. Atualmente dá-se importância à liderança, uma vez que estamos perante um mundo competitivo onde não basta ser-se bom; não chega, apenas, obter resultados e agüentar-se na luta feroz pela conquista das oportunidades, torna-se necessário ser líder. Este trabalho propôs estudar o quem vem a ser líder, sua importância nas organizações e como as empresas trabalham a questão da liderança. Muitas vezes a pessoa que recebe a incumbência de liderar uma equipe não está devidamente preparada para tamanha responsabilidade e as organizações precisam estar atentas em como os seus líderes têm se desenvolvido no cargo e como têm liderado sua equipe, pois muitas vezes se consegue atingir as metas estabelecidas pelas empresas, porém as expectativas dos liderados não são atendidas. As organizações precisam aprimorar e rever seus conceitos de liderança, além de terem consciência de que a mesma é fundamental para a obtenção dos objetivos organizacionais, uma vez que para formar e ter equipes produtivas é necessária que a liderança aplicada produza resultados eficientes e eficazes. Palavras-chave: 1. Líder 2. Liderança 3. Organizações. 4. Mudança 5. Pessoas 6. Resultado 7. Desempenho 8. Produtividade 9. Motivação 10. Qualidade de vida no trabalho. ABSTRACT Businesses, every day, seek to improve their production techniques to improve your products or services and it could not be different with regard to how to manage their resources, whether financial, technological and human. And this constant quest to achieve the objectives, there are leaders and followers. The existing targets can be achieved at all or not, and to overcome the simple fact of the leader have the competence (knowledge, skills and attitude) to transform the scenario in which you are an organization or group. The lack of ability to lead is a serious problem in the organization, generating conflict and result in the achievement of organizational outcomes. Nowadays, it is considered that the successes of organizations depend on the quality of its human resources and its proper management. The organizations have changed over time, from organizations of labor- intensive to knowledge-intensive organizations. Currently importance is given to the leadership, since this is a competitive world where not enough to be a good, not enough, just, get results and stand up in fierce fight for the conquest of the opportunities, it is necessary to be a leader. This work proposes the study who becomes leader, its importance in organizations and companies work the issue of leadership. Often the person who gets the job of leading a team is not properly prepared for such responsibility and organizations need to be aware of how their leaders have developed in office and how they have led their team because often achieves the goals established by companies, but the expectations of the followers are not met. Organizations need to improve and revise their concepts of leadership and being aware that it is essential to obtain organizational objectives, as to form and be productive teams is necessary that leadership applied to produce efficient and effective results. Keywords: 1. Leader 2. Leadership 3. Organizations. 4th. Change 5th. People 6. Result 7. Performance 8. 9 productivity. Motivation 10. Quality of work life. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1 – Tipos de autoridade ................................................................... 22 Ilustração 2 - Características do estilo autocrático (Maximiano, 2005) ............ 41 Ilustração 3 - características do estilo democrático (Maximiano, 2005) ........... 43 Ilustração 4 – Estilos de liderança .................................................................... 45 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Tipos de poder ............................................................................. 21 TABELA 2 - Processos decisórios propostos pelo modelo de VROOM, YETTON E JACO ............................................................................................. 31 TABELA 3 – habilidades administrativas necessárias em vários níveis da organização ......................................................................................................48 SUMÁRIO 1- Introdução .................................................................................................... 12 2 – Revisão da Literatura ................................................................................. 14 2.1 – Definição de Liderança ............................................................................ 14 2.1.1 – O que é liderar ...................................................................................... 17 2.2 – Poder e Autoridade ................................................................................. 18 2.2.1 – Autoridade ............................................................................................ 20 2.2.2 – Tipos de Poder ..................................................................................... 21 2.2.3 – Poder Legítimo ou Poder Formal ......................................................... 21 2.3 – Tipos de Liderança .................................................................................. 22 2.4 – Abordagens da Liderança ....................................................................... 23 2.4.1 – Abordagens dos traços de personalidade ou teoria de traços de personalidade ................................................................................................... 23 2.4.2 – Abordagem Comportamental ............................................................... 25 2.4.3 – Abordagem Contingencial ou Situacional ou Teoria Situacional ou Contingencial da Liderança .............................................................................. 25 2.4.4 – Teoria da Liderança Comportamental .................................................. 27 2.4.5 – Teoria Normativa de Liderança ............................................................ 30 2.4.6 – Teoria da Liderança Transformacional e Transacional......................... 32 2.4.7 – Teoria da Liderança Visionária ............................................................. 34 2.4.8 – Teoria da Liderança Carismática .......................................................... 35 2.4.9 – Teoria da Liderança Servidora ............................................................. 36 3 – Definição de Líder ...................................................................................... 39 4 – Estilos de Liderança ou Tipos de Líderes................................................... 41 4.1 - Liderança Autoritária (ou Autocrática) / Líder Autocrático ........................ 41 4.2 – Liderança Democrática( ou Participativa) \ Líder Democrático ................ 43 4.3 – Liderança Liberal (ou Laissez – Faire) \ Líder Laissez - Faire ................. 44 4.4 – Liderança Conjunta ................................................................................. 46 5 – As Características e Habilidades de Liderança .......................................... 47 5.1 – As Habilidades de Liderança Segundo Robert Katz ................................ 47 5.2 - A Liderança Segundo o Pensamento de Peter F. Drucker....................... 49 5.3 – Lideranças no Passado e no Futuro ........................................................ 50 5.4 – Papéis e Responsabilidade do Líder ....................................................... 54 6 – As Competências da Liderança .................................................................. 58 6.1 - A Formação do Líder ............................................................................... 61 6.2 – A Experiência como elemento da Formação do Líder ............................. 62 6.3 - O Líder como Administrador de Mudanças .............................................. 64 6.4 – Como as Organizações podem contribuir na formação da Liderança ..... 64 6.5 - A Liderança para o Futuro ........................................................................ 66 7 – Outras Perspectivas sobre a Liderança...................................................... 68 8 – Lideres e Gerentes: Seu Papel na Organização ........................................ 72 8.1 – As Habilidades gerenciais ....................................................................... 75 9 - O Líder como Agente Motivador ................................................................. 78 10 - A Liderança como Diferencial Competitivo ................................................ 80 11 - Metodologia ............................................................................................... 82 11.1 - Definição da Metodologia ....................................................................... 82 11.2 – Procedimento para a Obtenção de Dados ............................................ 83 11.3 – Limitações de Estudo ............................................................................ 84 12 - A Empresa ................................................................................................ 85 12.1 - Histórico da Empresa ............................................................................. 85 13 - Estratégia da Empresa .............................................................................. 89 13.1 - Missão .................................................................................................... 89 13.2 - Visão ...................................................................................................... 89 13.3 – Valores .................................................................................................. 90 13.4 - Principais Produtos e Serviços ............................................................... 91 13.5 - Qualidade ............................................................................................... 91 13.6 - Clientes .................................................................................................. 92 14 – Apresentação e Discussão dos Dados ..................................................... 94 14.1 – Pesquisa Realizada com os Colaboradores .......................................... 94 14.2 – Pesquisa Realizada com os Lideres ................................................... 104 15 – Considerações Finais ............................................................................. 114 15.1 – Limitações do Estudo .......................................................................... 115 Referências Bibliográficas .............................................................................. 116 Anexo A – Questionário Aplicado aos lideres................................................. 121 Anexo B – Questionário Aplicado aos Colaboradores que não possuem Cargo de Liderança ................................................................................................... 122 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Ser líder é? ............................................................................................... 94 Gráfico 2 – Você Consegue identificar um líder em seu setor? ........................... 95 Gráfico 3 – O seu superior Imediato é líder? .......................................................... 96 Gráfico 4 – Se sim, quais características identifica nele como um líder? .......... 97 Gráfico 5 – Melhor frase em que seu líder se encaixa? ........................................ 98 Gráfico 6 – Como classifica o seu líder? ................................................................. 99 Gráfico 7 – Conduta do líder em relação aos liderados? .................................... 100 Gráfico 8 – A liderança na empresa é feita de forma que os liderados sintam que o dever foi cumprido ao final do dia? .............................................................. 101 Gráfico 9 – Como é o seu relacionamento com o seu superior imediato?....... 102 Gráfico 10 – Expectativa para o seu crescimento dentro daempresa? ........... 103 Gráfico 11 – Você tem autonomia para resolver problemas inesperados na ausência do seu superior. ........................................................................................ 104 Gráfico 12 – Ser líder é? ........................................................................................... 105 Gráfico 13 – Consegue-se identificar um líder entre seus subordinados?....... 106 Gráfico 14 – Seu Superior Imediato é um líder? .................................................. 107 Gráfico 15 – Se sim, quais as características se identifica nele como líder? .. 108 Gráfico 16 – Conduta dos líderes em relação aos liderados? ........................... 109 Gráfico 17 – A liderança na empresa é feita de forma que os liderados sintam que o dever foi cumprido ao final do dia? .............................................................. 110 Gráfico 18 – Como é seu relacionamento com seu superior imediato? ........... 111 Gráfico 19 – Expectativa para o seu crescimento dentro da empresa? ........... 112 Gráfico 20 – Você tem autonomia para resolver problemas inesperados na ausência do seu superior? ....................................................................................... 113 12 1- Introdução Atualmente, é observada a grande necessidade de se formar líderes, que sejam capazes de conduzir equipes ao sucesso, ou seja, que maximizem os lucros da empresa, melhorando assim a produtividade, em virtude de boas lideranças, porém nem sempre a sucessão dos lideres existentes nas organizações é preparada de forma a garantir uma melhoria continua, isto pelo próprio desconhecimento dos atuais gestores. A liderança é considerada atualmente um diferencial competitivo no mundo dos negócios, especialmente num cenário que visa alcançar metas e resultados. Os lideres efetivos usam sua influência sobre os outros visando atingir os objetivos organizacionais. A necessidade de os gerentes desenvolverem novas habilidades e atitudes com relação ao acompanhamento e à orientação de sua equipe de trabalho é fundamental para a condução das pessoas, que hoje espera uma nova postura de seus chefes, já que os requisitos exigidos para o desempenho das atividades nas empresas modernas também mudaram. As constantes mudanças que ocorrem no mundo globalizado aumentam cada vez mais a competitividade nas organizações, exigindo delas inovações incessantes e a necessidade de se criar novas habilidades e atitudes que visem alcançar seus objetivos. Entre outras medidas adotadas para enfrentar o desafio da sobrevivência no mercado, criar novas perspectivas de trabalho através de novos conhecimentos e habilidades passou a ser o diferencial nas organizações de sucesso. O foco atualmente é a pessoa, o ser humano. As organizações têm sido inundadas por uma onda de mudanças inimagináveis. Empresas antes invencível, com modelos inquestionáveis de excelência, atravessam graves dificuldades e, em muitos casos, repentinas mudanças na cúpula. Ao mesmo tempo, setores inteiros de mercado vêem-se apanhados em fusões frenéticas, enquanto outras empresas separam-se. Nos últimos anos, poucas organizações evitaram alguns dos principais programas de mudanças, tais como qualidade total, reprojeto de processos, foco no cliente, reengenharia, redução de níveis hierárquicos. 13 Embora esses conceitos e ferramentas poderosas tenham dado origem a histórias de sucesso, em boa parte dos casos o retorno não correspondeu aos investimentos. E o que é ainda mais desapontador, mesmo quando alguns ganhos tangíveis foram obtidos, percebe-se que a capacidade de muitas organizações em lidar com as mudanças aceleradas não foi fortalecida. Assim, podem-se ver centenas de empresas se tornarem vítimas desses programas. Esses esforços de mudança não alcançaram sucesso talvez pelo fato de alguns líderes terem dificuldade de livrar-se do .velho traje organizacional e realmente vestir um novo. Para manter o processo de mudanças nas organizações é preciso, também, uma mudança no modelo mental de seus dirigentes e gestores. A necessidade de os gerentes desenvolverem novas habilidades e atitudes com relação ao acompanhamento e à orientação de sua equipe de trabalho é fundamental para a condução das pessoas, que hoje espera uma nova postura de seus chefes, já que os requisitos exigidos para o desempenho das atividades nas empresas modernas também mudaram. As organizações procuram desesperadamente líderes com visão de crescimento para redirecionar suas operações em uma época de declínio do apoio governamental e florescimento das necessidades sociais. No mundo inteiro, muitos administradores (líderes) são admitidos com um propósito único de alavancar as vendas da empresa, conquistar novos clientes e manter os atuais. No entanto esses líderes têm se precipitado devida a pressão que lhe é imposta, acabam agindo de forma irracional para com os seus colaboradores, perdendo assim totalmente a essência da liderança, que se concentra em incentivar, orientar e ensinar, seguindo da colaboração dos subordinados que implica em cooperar ajudar sugerir e participar. Liderança orientada para resultados é similar a liderança visionária, ambas tem o propósito de proporcionar um futuro à empresa. No caso da liderança visionária o futuro é mais importante que o passado, salientando que não há maquina mais poderosa para direcionar uma organização para excelência e o sucesso duradouro do que uma visão atraente, compensadora e realizável do futuro, amplamente compartilhada. 14 2 – Revisão da Literatura 2.1 – Definição de Liderança Diversos autores têm abordado sobre o tema da liderança nas organizações. Muitos são os estudos, que estão sendo feitos sobre o comportamento dos grupos e sua influência sobre o desempenho das organizações. A Liderança é hoje o tema mais focado e estudado, cujo objetivo maior é estudar os principais conceitos sobre liderança no trabalho e refletir sobre o efeito da liderança sobre os comportamentos dos grupos. A liderança é reconhecidamente um dos principais papéis do administrador; nem sempre, porém, as lideranças reconhecidas pelos grupos correspondem ao esquema organizacional. Grupos informais geralmente desenvolvem lideranças próprias, que podem ter grande influência sobre os comportamentos na organização. Como se estabelecem as lideranças?Como se mantêm?Qual a relação entre a liderança e a motivação?Como os lideres influenciam as pessoas (liderados)? E por sua vez o desempenho e evolução da organização. Nas organizações, independentes se forem privadas ou públicas, de pequeno, médio ou grande porte, sem fins lucrativos, instituições religiosas, educacional, em todas, sem exceção há um líder. Em qualquer ambiente em que se esteja há ao menos um líder, há alguém que tenha “espírito” de liderança e atualmente, nas empresas essa é uma característica muito procurada e valorizada. Recentemente, o termo liderança foi definido como a habilidade de inspirar confiança e apoio entre as pessoas de cuja competência e compromisso dependem o desempenho (Dubrin, 2006). Liderar significa compartilhar objetivos, ouvir sugestões, delegar poder, informar, debater, mobilizar esforços, transformar grupos em verdadeiras equipes. Conseqüentemente, o incentivo ao crescimento de pessoas torna-se pressuposto cada vez mais necessário, importante e valorizado. O líder promove a verdadeira gestão participativa, que ultrapassa as fronteiras da 15 empresa e amplia a interação com a sociedade. Como conseqüência, ocorre o aumento da competência profissional de cada colaborador. Liderança é o resultado de fazer com que as pessoas ajam por meio de um grupo. Isso requer que uma direção seja dada ao esforço do grupo e que o compromisso seja tomado por seus próprios membros. A autora considera que liderança é a responsabilidadepor um grupo. “Se não houver grupo, não há necessidade de líder. Em vista de todos trabalharem em grupos, todos precisam de habilidades de liderança. A liderança aprendida é um processo contínuo. A pessoa não se torna repentinamente um líder, nem pára de aprender as habilidades de liderança” (Kuczmarski, 1999, p. 181). O conceito do ambiente de trabalho como educador se baseia na idéia de que a liderança é responsabilidade de todos os membros do grupo e não apenas de um determinado elemento. A liderança é aprendida quando os indivíduos interagem em um grupo – quando relações pessoais são formadas e a confiança desenvolvida. Mas o grupo deve ser participativo, dar apoio e demonstrar constantemente esta confiança. A fim de facilitar o crescimento pessoal e o desenvolvimento da liderança, o ambiente de trabalho deve ser aberto e receptivo. Ambientes autocráticos não ensinam liderança. Pelo contrário, induzem os membros do grupo a ações ou atitudes que quase sempre refletem os interesses do líder, em detrimento dos interesses grupais. Considera que, em algumas organizações, certos valores e formas de fazer negócios podem ser identificados em qualquer dos seus membros, seja num operário ou num gerente sênior. Essa similaridade é encontrada em toda a organização, apesar da complexidade de funções e níveis. Lembra a importância da existência de princípios diretores simples: visões orientadoras, valores fortes, crenças organizacionais – as poucas regras que as pessoas podem usar para moldar seu comportamento. A tarefa do líder é comunicá-las, mantê-las sempre presentes e claras, permitindo às pessoas a liberdade de agirem dentro do sistema. “Liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida através do processo da comunicação humana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos”. 16 “A liderança tem sido investigada há muito e como tal é justo que apresente inúmeras interpretações”. Há muitas pessoas que são colocadas em posições de liderança para que um objetivo seja atingido, porém sem a menor estrutura para isso. Não há um estudo, um treinamento, um acompanhamento para saber se essas pessoas realmente são capazes de liderar equipes. “A liderança fundamenta-se na crença dos seguidores a respeito das qualidades do líder e de seu interesse em segui-lo”. Para que a liderança seja exercida não basta mandar, antes de qualquer coisa é necessário que o líder desperte confiança nas pessoas. “Liderança é o processo de persuasão, ou de exemplo, através do qual um indivíduo (ou equipes de liderança) induz um grupo a dedicar-se a objetivos definidos pelo líder, ou partilhados pelo líder e seus seguidores”. A liderança necessita de muita habilidade, experiência para poder influenciar, pois há diferença entre poder, autoridade e confiança. A liderança é baseada na credibilidade, na confiança que um grupo de pessoas deposita em um único indivíduo, independente se ele for chefe ou não, pode ser uma pessoa comum, mas que inspira confiabilidade e através desse sentimento se consegue atingir os resultados. “A liderança é um produto de inúmeros fatores. Não é qualidade pessoal singular”. Por isso, não basta ter um cargo de chefia para que se desenvolva a liderança, ela pode ser desenvolvida por qualquer um, principalmente por aqueles que buscam conhecimentos e procuram aprender os conceitos de liderança. Porém, de acordo com Hunter (2004), esse indivíduo só conseguirá pô-la em prática quando ele desenvolver a liderança ao ponto de influenciar as pessoas de forma que elas trabalhem entusiasticamente para atingir o objetivo almejado. A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre exclusivamente em grupos sociais e nas organizações. Podemos definir liderança como influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para consecução de um ou mais objetivos específicos. Diante disso podemos considerar que os elementos que 17 mais se destacam para a caracterização da liderança são, portanto quatro: a influência, a situação, o processo de comunicação, e os objetivos a alcançar. 2.1.1 – O que é liderar O termo “liderança” evoca a idéia de comando ou controle de um indivíduo sobre os seus seguidores, tendo como base um conjunto de traços pessoais. Este fenômeno surge toda vez que pessoas se reúnem em grupo, seja esse formal ou informal. Visualizarmos um líder como uma pessoa que possui algumas características, tais como: confiança, solidez, sensatez, sobriedade, ética, etc. Liderar significa compartilhar objetivos, ouvir sugestões, delegar poder, informar, debater, mobilizar esforços, transformar grupos em verdadeiras equipes. Conseqüentemente, o incentivo ao crescimento de pessoas torna-se pressuposto cada vez mais necessário, importante e valorizado. O líder promove a verdadeira gestão participativa, que ultrapassa as fronteiras da empresa e amplia a interação com a sociedade. Como conseqüência, ocorre o aumento da competência profissional de cada colaborador. A estrutura de uma organização exige a divisão de tarefas, a serem executadas por diversas pessoas em suas respectivas categorias de cargo. Estas pessoas (colaboradores) compõem o funcionamento total da organização e se deparam com os mais variados tipos de situações no seu cotidiano, algumas das quais não conhecem (ou para as quais não estão preparadas). Faz-se então necessária uma liderança que ofereça as diretrizes para estas situações, buscando a máxima eficiência e agilidade nos processos da organização. A questão da liderança tem atraído a atenção dos estudiosos da psicologia e da administração, buscando compreender seus mecanismos e estabelecer sua eficácia nas organizações. Apesar do acúmulo de estudos nessa área, os resultados têm sido pouco conclusivos. As primeiras investigações sistemáticas sobre a liderança centraram-se na procura de um conjunto de traços universais que distinguiriam o líder dos seus seguidores. 18 Estes estudos pioneiros isolaram duas variáveis ou dimensões que determinariam a liderança eficaz, a consideração (aspectos humanos) e a estrutura (aspectos técnicos). O estilo ideal seria aquele em que o líder apresentasse alta consideração (relacionamento e comunicação) e alta estruturação (papel ativo no planejamento e direcionamento do grupo). A partir deste modelo surgiram outros todos com um ponto em comum: a busca de estilos ideais. Todos esses modelos focalizavam a relação chefe/subordinado dentro do contexto da organização, partindo do pressuposto de que o líder pode adquirir as habilidades requeridas pela liderança eficaz através do treinamento. 2.2 – Poder e Autoridade O poder pode causar muitas transformações na vida das pessoas e também nas organizações. Uma das grandes características de um líder é seu poder de persuasão perante as outras pessoas. Este poder é conhecido como autoridade que é a habilidade de levar as pessoas a fazer o que você quer devido a sua influência pessoal. Porém, quando não se exerce a liderança com autoridades muitos recorrem ao seu poder hierárquico, ou seja, forçam e coagem as pessoas a fazerem sua vontade por causa de sua posição ou força, mesmo que elas não preferissem o fazer. “Poder é a habilidade de influenciar as outras pessoas e os acontecimentos. Ele representa as reservas do líder, a forma pela quais líderes estendem suas influências aos outros”. O poder é quem dá ao líder a credibilidade quando o mesmo solicita que algo seja feito, independente se existirem em seu grupo pessoas que não concordam com o método a ser utilizado para a realização da tarefa. “O poder é a capacidade de garantir o Resultado que se deseja e de impedir outro resultado, que não se deseja”. O poder confere ao líder a decisão do que é melhor para sua equipe e para aorganização. È o poder que o líder 19 exerce que dará a ele a confiança de que será atendido conforme suas indicações e solicitações. “O poder é conseguido e ganho pelos líderes tendo por base as próprias personalidades, suas atividades e as situações nas quais operam”. O poder só existe quando ele pode ser exercido sobre alguém, portanto, todos os líderes que trabalham eficientemente exercem poder. “Os líderes diferem de forma marcante entre si, na forma como usam o seu poder. Alguns o empregam para criar um clima de coerção e intimidação; outros o empregam simplesmente como um útil complemento de seus dons de persuasão e para promover um clima de colaboração e de esforço voluntário” (GARDNER, 1990, P.72). A forma como o poder é empregado difere de líder para líder, há alguns que o utilizam para que se consiga cumprir as metas estabelecidas pela organização, há outros que usam o poder para intimidar seus funcionários, fazendo com que os mesmos trabalhem sobre pressão. “O poder vem da personalidade de cada pessoa; da riqueza, dinheiro e propriedade; da organização, associação”. A forma como o poder será empregado pelo líder depende de sua cultura, do meio em que esteve e esteja inserido. Se ele sempre esteve rodeado por pessoas que mandavam e lhe foi ensinado que esse era o único jeito de se fazer ser atendido, ele utilizará o poder para mandar em tudo. Se ele está em uma organização e quer que as metas sejam cumpridas, ele utilizará o poder para persuadir e convencer o seu subordinado a executar o trabalho da melhor forma possível. O poder pode ser bom ou ruim, depende da forma como o utilizam. “O poder é a possibilidade de alguém impor sua vontade sobre o comportamento de outras pessoas”. Essa conceituação apresentada por Max Weber associa o poder a questão da autoridade ou poder legítimo (como dizem alguns autores) nas organizações. Para outros estudiosos, o poder pode ser definido como o potencial de influência de uma pessoa sobre outra. 20 2.2.1 – Autoridade “Autoridade é delegada pela alta administração”. A autoridade é dada pela hierarquia que determina que os que se encontram na base do processo hierárquico sigam ordens dadas por quem está no topo da hierarquia. (DAVIS E NEWSTROM 1992, p.156) Max Weber Pedrosa (2009) “Autoridade é a habilidade de levar os outros, de boa vontade, a fazerem sua vontade”. A autoridade é nata da pessoa. O líder que possui autoridade possui um poder de persuasão muito desenvolvido, pois ele é capaz de fazer com que os seus liderados o atendam sem se queixar e sem questionar, afinal acredita estar fazendo a coisa certa. Para esse mesmo autor afirma que “o líder por autoridade encontra um pouco mais de tempo para ouvir as pessoas e tratá-las como se fossem pessoas importantes”. O líder que utiliza a autoridade para coordenar sua equipe garante que a mesma sempre esteja motivada, pois os seus liderados são tratados de igual para igual e unidos conseguem atingir o resultado que se espera. Sendo assim, como veremos a seguir que a definição de liderança envolve diretamente a capacidade de influenciar pessoas, temos que poder e liderança estão fortemente relacionados, como diz Vergara (1999), “liderança é poder”, contudo, o inverso não é verdade, pois poder, nos seus variados tipos, pode não surgir informalmente, como acontece na liderança, mas de forma imposta. Os líderes influenciam as pessoas a fazer coisas através do uso do poder e da autoridade. Para compreender como os líderes usam o poder e a autoridade, é necessário entender os vários tipos de poder, táticas de influência, e como os líderes compartilham o poder com os membros da equipe. Compreender estas diferentes abordagens para o exercício da influência pode auxiliar um administrador a se tornar um líder mais eficaz. 21 2.2.2 – Tipos de Poder Os líderes usam vários tipos de poder para influenciar as pessoas. No entanto, o poder exercido pelos membros da equipe, ou por subordinados, atua como um limitador de quanto poder os líderes podem exercer. A lista seguinte descreve alguns tipos de poder exercidos por líderes e, às vezes, pelos membros do grupo, segundo Galbraith (1999); Schermerhorn, Hunt e Osborn (1999) e Vergara (1999). TABELA 1 – Tipos de poder Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho 2.2.3 – Poder Legítimo ou Poder Formal Diante da importância deste tipo de poder para a administração, uma vez que é o poder legítimo concedido pelas organizações aos seus gerentes, vamos Estudá-lo mais um pouco. A liderança é diferente da autoridade formal, que é uma das bases das organizações e um atributo dos cargos gerenciais. O gerente, em uma organização formal, ocupa uma posição, ou seja, um cargo, dentro de uma hierarquia com normas formais, o qual lhe fornece o direito de tomar decisões e se fazer obedecido. TIPOS DE PODER Poder Coercitivo É o controle de um líder sobre as punições; pressões psicológicas. Poder de Recompensa Aquisição da submissão das pessoas por meio de recompensas. Poder Legítimo É a autoridade formal de um gestor nas organizações. Poder de Especialização Deriva do conhecimento de um líder relacionado ao cargo. Poder de Referência Baseia-se no desejo de identificação e aceitação dos líderes. Poder do autoconhecimento É a capacidade de fornecer respostas rápidas ao ambiente. Poder do Autodesenvolvimento É a capacidade de uma pessoa de se inserir em um novo contexto. Poder da Comunicação Interpessoal É a capacidade de conseguir idéias que auxiliarão na solução. Poder da Burocracia É o poder relacionado ao status quo (poder legítimo). 22 Assim, pode-se dizer que autoridade é o poder legítimo; a autoridade formal em virtude da posição hierárquica na estrutura organizacional. Autoridade formal e liderança nem sempre andam e nem precisam andar juntas, uma vez que quem ocupa uma posição de autoridade formal pode não ter liderança informal, concedida por quem quer ser liderado. Segundo Max Weber (1954) a autoridade pode ser classificada em três tipos que envolvem desde as tradições e características pessoais às normas e regulamentos do ambiente. Vale ressaltar que em uma organização é comum aparecerem dois ou três tipos ao mesmo tempo (Araújo, 2006). Ilustração 1 – Tipos de autoridade TRADICIONAL TRADIÇÕES, CRENÇAS E COSTUMES TIPOS DE AUTORIDADE CARISMÁTICA RACIONAL - LEGAL COMPETÊNCIAS PECULIARES CONSENTIMENTO ACERCA DE NORMAS ÀS PESSOAS E REGULAMENTOS Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho 2.3 – Tipos de Liderança Muito se têm falado e estudado sobre liderança e através desses estudos algumas teorias foram criadas com a finalidade de explicar de onde vem à liderança e identificar as pessoas que a possui, seja pelo comportamento que elas adotam quando estão inseridas em um grupo ou pelo 23 cargo que ocupam em uma determinada organização. Há vários tipos de liderança e um líder pode se enquadrar em um ou diversos tipos. A capacidade de liderar (influenciar, persuadir e motivar) está ligada ao poder que se percebe no líder, seja este decorrente do cargo e/ou de uma combinação de características pessoais do líder. 2.4 – Abordagens da Liderança Existe diversas características que diferenciam um líder das demais pessoas, além dos líderes poderem aplicar três estilos de liderança distintos (autocrático, democrático e liberal), conforme a situação. Estes atributos costumam Diferenciar abordagens de liderança, de acordo com a intensidade de sua aparição. 2.4.1 – Abordagens dos traços de personalidade ou teoria de traços de personalidade Uma abordagem lógica para compreender a liderança é o estudo dos traços e característicasdos líderes eficazes, que foi o primeiro esforço sistemático para compreender a liderança, realizado por psicólogos e outros pesquisadores. À tentativa de identificar as características e os traços pessoais, físicos, mentais e culturais dos líderes ficou conhecida como Teoria dos Traços de Personalidade. É a teoria mais antiga a respeito da liderança, na qual os pesquisadores, na procura das características mensuráveis da liderança, utilizaram duas abordagens: a) Comparar as características das pessoas que se revelaram como líderes com as das pessoas normais; b) Comparar as características dos líderes eficazes com as dos líderes ineficazes. 24 A crença é de que você nasce líder ou não, concepção esta contestada por autores que dizem: “liderança não é, nasce com a pessoa” (Araújo, 2006, p.28). A abordagem baseada nos traços mostrou-se pouco útil, já que nenhuma combinação de características distinguia consistentemente os líderes dos não-líderes, ou os eficazes dos não-eficazes. Esta teoria falhou ao não levar em consideração a influência e a reação dos subordinados e a situação em que a liderança se efetiva. Embora tenha permanecido desprezada durante muitos anos, a teoria dos traços voltou a ser utilizada a partir da década de 1980, em especial nas pesquisas que estudavam traços relacionados à eficácia e ao sucesso em situações organizacionais específicas. Neste período, destacaram-se, também, os estudos sobre líderes corporativos fortes e sua capacidade de desenvolver um senso compartilhado de valores e da missão entre seus subordinados. À medida que se evidenciava a dificuldade em isolar traços ou características que distinguissem os líderes eficazes, os pesquisadores passaram a tentar identificar os comportamentos que pudessem determinar o seu sucesso. Essa teoria foi a primeira a ser aceita como fator de identificação de um líder. Ela diz que os líderes possuem determinados aspectos físicos, sociais e intelectuais. Conforme CHIAVENATO (1999, p.172) “um traço de personalidade é uma qualidade ou característica distintiva da personalidade. Segundo esta teoria, o líder é aquele que possui alguns traços específicos de personalidade que distinguem das demais pessoas”. Ou seja, para ser um líder é necessário nascer com determinados atributos, ter tendência a se mobilizar com a sociedade e seus problemas e, ser dono de uma inteligência ímpar. Para BERGAMINI (1994, p.28) “essa teoria permite concluir que os líderes já nascem como tal, não havendo a possibilidade de “fazê-los” posteriormente por meio do uso de técnicas de desenvolvimento pessoal”. Hoje, sabe-se que um líder é muito mais do que características natas. Há muitos outros fatores que envolvem uma liderança bem sucedida. Portanto, esta teoria é incapaz de identificar um líder, no máximo ela pode apontar 25 qualidades de uma pessoa, mas dizer que por ter certas qualidades ela será um líder, não. 2.4.2 – Abordagem Comportamental Apresenta o mesmo pressuposto que a abordagem dos traços de personalidade, que determina a liderança como crucial para o desenvolvimento da organização, contudo, a análise comportamental considera as atitudes dos indivíduos e não suas características peculiares (Araújo, 2006). Dessa forma, Likert (1979) identificou quatro sistemas presentes nas organizações que pesquisou: 1) Autoritário-exploratório; 2) Autoritário-benevolente; 3) Consultivo; 4) Grupos participativos Do sistema 1 ao 4 a idéia é descentralizar o poder, consistindo o sistema 1 em uma centralização que vai desfazendo-se até alcançar o sistema mais eficaz para o atingimento de metas, o sistema 4. 2.4.3 – Abordagem Contingencial ou Situacional ou Teoria Situacional ou Contingencial da Liderança A dificuldade em isolar traços ou comportamentos de liderança universalmente eficazes levou os pesquisadores a tentarem determinar as variáveis situacionais que tornariam um estilo de liderança mais eficaz que outro. As principais variáveis situacionais identificadas foram: a) A personalidade e a experiência passada do líder; b) As expectativas e o comportamento dos superiores; c) As características, expectativas e o comportamento dos subordinados; d) As exigências das tarefas; e) A cultura e as políticas da organização; e 26 f) As expectativas e comportamento dos pares. A abordagem contingencial tenta identificar quais desses fatores situacionais são mais importantes e prever que estilo de liderança será mais eficaz numa determinada situação. Segundo Bowditch e Buono (1992), entre os trabalhos a respeito, destacam-se os de Fiedler e Hersey-Blanchard. Segundo o modelo de Fiedler, as variáveis situacionais básicas são as relações líderes-membro (o relacionamento pessoal que o líder tem com os membros do grupo, em termos de confiança e respeito), a estrutura da tarefa (até que ponto a tarefa do grupo está definida), e o grau de poder do cargo do líder sobre seus subordinados. Este modelo prevê qual tipo de líder será mais eficaz nas oito combinações possíveis dessas variáveis. Dessa forma, as relações entre líder e subordinados podem ser boas ou más, as tarefas estruturadas ou não, e o poder do cargo do líder pode ser grande ou pequeno, combinado com um estilo de gerência voltado para a tarefa ou para o relacionamento. A abordagem caracterizada por Fiedler sugere que os estilos de liderança são relativamente inflexíveis. Portanto, ou os líderes devem estar adequados a uma situação particular ou a situação deve ser mudada para se adequar ao líder. A teoria situacional de Hersey-Blanchard (1986) conhecida como “teoria do ciclo de vida”, sugere que o estilo de liderança deve variar de acordo com a maturidade dos subordinados em relação à tarefa a ser realizada. Maturidade é entendida, no caso, como a capacidade e disposição da pessoa em assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio comportamento, sua vontade de realizar e sua experiência relacionada com o trabalho. O relacionamento administrador- subordinado passa por quatro fases à medida que os subordinados desenvolvem motivação para a realização e a experiência. Há um estilo diferente de liderança adequado para cada fase. Como a teoria dos traços não era o suficiente para identificar um líder, os estudos realizados pelos pesquisadores prosseguiram e eles acreditavam que o líder era feito pela situação na qual ele estava envolvido. De acordo com Vergara (2000), nesta teoria a liderança envolve líder, liderados e situação. 27 “No estudo através da situação, focaliza-se o comportamento observado não como uma qualidade hipotética, inata ou adquirida, ou um potencial para a liderança. Acentua-se o comportamento dos líderes, dos componentes dos grupos (seguidores) e das várias situações. Com a acentuação do comportamento e da situação, dá-se maior estímulo à possibilidade de instruir indivíduos para a adaptação de estilos de comportamento de líder a diferentes situações. Por isso, acredita-se que quase todas as pessoas podem aumentar sua eficácia em papéis de liderança, e fazê-lo através de educação, instrução e desenvolvimento.” (LOBOS, 1978, p.177). A teoria situacional ou contingencial destaca que a liderança pode ser ensinada e um líder pode ser formado pelo ambiente em que ele está inserido, pois em cada situação em que se encontra, ele poderá agir de forma distinta e apropriada para aquele momento. “Nenhuma das teorias da liderança situacional consegue dar explicação definitiva para a questão da eficácia do líder” (MAXIMIANO 2005, p.299). Isso porque dependendo da situação em que o líder se encontra ele pode ou não conseguir administrá-la de um jeito que resolva os problemas que ela gera. Entretanto, essa teoria foi além dos traços da personalidade, ela evidenciou a relação entre líder e liderados ao mesmo tempo em que considerava o ambientede interação entre ambos, pois para que a liderança seja exercida é preciso que mais pessoas estejam envolvidas. Porém, não é possível afirmar que essa teoria é a mais adequada para identificar um líder, pois uma pessoa pode ter êxito como líder em determinada situação e em outra, pode ser um fracasso. 2.4.4 – Teoria da Liderança Comportamental A teoria comportamental surgiu com a necessidade de identificar um líder através do seu tipo de comportamento. Grandes pesquisas foram realizadas nessa área e entre elas as mais citadas pelos autores que estudam liderança são os estudos de liderança de Michigan e os estudos de liderança da Ohio State University. 28 Essas duas pesquisas tinham como objetivo identificar comportamentos nas pessoas que poderiam levá-las a ser um líder através da sua eficiência e eficácia de desempenho. “Nos primeiros estudos do Survey Reserach Center University of Michigan houve uma tentativa para estudar a liderança através de localização de conjuntos de características que, aparentemente, estavam ligadas ente si e a testes de eficiência. Os estudos identificaram dois conceitos denominados orientação para o empregado e orientação para a produção” (LOBOS, 1978, P.180). “Esse estudo dizia que havia duas formas de liderança: liderança voltada para o empregado e liderança voltada para a produção. Na liderança voltada para o empregado, o líder se preocupa com o seu subordinado, é amigável e mantém o respeito e a confiança. LOBOS (1978, p.181) diz que um líder descrito como orientado para o empregado acentua o aspecto de relações humanas de seu trabalho. Pensa que todos os empregados são importantes. Interessa-se por todos, aceita sua individualidade e suas necessidades pessoais”. Na liderança voltada para a produção o que importa para o líder é o cumprimento das metas. Para BERGAMINI (1994), nesse tipo de liderança o empregado faz o seu trabalho apenas porque lhe foi pedido, sem ao menos saber o porquê de estar executando determinada tarefa. Segundo LOBOS (1978, p.181) essa liderança “acentua a produção e os aspectos técnicos do trabalho, considerando os empregados como instrumentos para realizar os objetivos da organização”. O trabalhador que se relaciona com um líder orientado para o trabalho sente-se apenas como uma máquina, onde o seu valor está na produção que gera. Ele não é visto como uma parte do processo, mas como um meio para que se atinja o resultado esperado. Talvez seja esse o motivo pelo qual as pesquisas de Michigan concluíram que o líder voltado para o empregado seja o mais eficaz e eficiente, pois esse tipo de liderança associa a satisfação dos trabalhadores com uma maior produtividade. 29 De acordo com BERGAMINI (1994), as pesquisas de Michigan permitiram concluir que o estilo de liderança voltado para o empregado é o mais eficaz, pois envolve as pessoas no processo decisório. De acordo com LOBOS (1978) estudos de liderança iniciados na Ohio State University tiveram como objetivo identificar o comportamento do líder em duas dimensões: Desenvolvimento de Estrutura e Consideração. Essa pesquisa gerou grandes números de publicações e se encontra entre as mais completas pesquisas comportamentais de liderança. BERGAMINI (1994, p.39) afirma que as pessoas que estão inseridas no desenvolvimento de estrutura “dirigem suas ações mais no sentido de conseguirem que o trabalho saia, ocupando-se prioritariamente com assuntos como planejamento, formulação de procedimentos e estabelecimento de padrões de produtividade”. Ainda segundo esse autor, nesse tipo de liderança cabe ao líder planejar e definir suas tarefas bem com as dos seus liderados para que juntos consigam obter o resultado almejado. Esse é o tipo de líder que delega tarefas de acordo com o que o seu subordinado sabe fazer para que o grupo consiga manter padrões e metas de produção. “O líder que possui o estilo de consideração mostra-se especialmente voltado à percepção das necessidades dos seus subordinados, procurando oferecer o apoio necessário para que eles possam satisfazer suas necessidades pessoais em meio a um clima de comunicação aberta” (BERGAMINI, 1994, P.39). De acordo com LOBOS (1978, p.182) “a Consideração refere-se ao comportamento que indica amizade, confiança mútua, afeto na relação ente líder e os membros de sua equipe”. Esse estilo de liderança caracteriza-se pela relação entre líder e liderados, onde ambos mantêm entre si a igualdade e a empatia. 30 Ainda segundo esse autor, pesquisas desenvolvidas pela Michigan e pela Ohio se parecem muito, definem o líder através do seu comportamento e mesmo apesar de terem tido grandes repercussões elas não conseguiram se manter como a forma de liderança a ser seguida,pois o mundo está em constantes mudanças e para liderar é necessário mudar também. Segundo ROBBINS (2002, p.308) “a teoria comportamental obteve um sucesso modesto na identificação de relações consistentes entre o comportamento de liderança e o desempenho do grupo”. 2.4.5 – Teoria Normativa de Liderança De acordo com BERGAMINI (1994), a teoria normativa de liderança também conhecida como modelo de Vroom, Yetton e Jago, trata da análise da liderança e tomada de decisão. Ela foi apresentada em 1973 por Victor Vroom e Philip Yetton, e posteriormente melhorada com a contribuição de Jago. De acordo com BERGAMINI (1994, p.62) “esse modelo foi considerado provavelmente com uma das abordagens mais elaboradas e sofisticadas da atualidade”. Segundo NUNES (2008) essa teoria “coloca a ênfase no grau de participação que os subordinados devem ter na tomada de decisão de forma a que esta seja mais eficaz, dependendo das características da situação”. Ainda segundo esse autor essa teoria dá um valor substancial para os liderados, uma vez que os mesmos podem participar do processo decisório que levará o cumprimento de um objetivo de forma eficiente e eficaz. Ela permite que o líder dê poder aos seus subordinados. O modelo de Vroom, Yetton e Jago diz que os líderes podem escolher um de cinco processos de envolvimento dos seus liderados na tomada de decisão. 31 TABELA 2 - Processos decisórios propostos pelo modelo de VROOM, YETTON E JACO Nesse modelo há um maior envolvimento entre líder e liderados, ambos precisam estar em sintonia e terem confiança um no outro, é preciso que haja entre eles uma desenvoltura de falar o que pensam e de aceitarem que em muitos casos suas propostas não gerarão os resultados que esperam. “Duas variáveis são muito importantes nesse modelo voltado à proposta de que a eficácia do líder deve envolver de um lado a qualidade das decisões e de outro a aceitação dessas decisões por parte dos subordinados. A preocupação central reside em sugerir como as decisões devam ser tomadas e implementadas para que se possa atingir a produtividade em um ambiente no qual predomine um clima onde haja sentimentos de satisfação” (BERGAMINI, 1994, P.62). É importante que o líder saiba quando e como tomar a decisão mais assertiva para que isso não afete negativamente sua equipe e nem o processo de produção, pois esse modelo sugere a colaboração dos liderados e uma vez Processos decisórios propostos pelo modelo de VROOM, YETTON e JACO. ESTILOS DE LIDERANÇA DEFINIÇÃO AUTOCRATICO 1 O líder sozinho toma uma decisão e utiliza-se apenas da informação que tem disponível AUTOCRATICO 2 O líder solicita informação adicional aos seus subordinados para depois sozinho tomar uma decisão CONSULTIVO 1 O líder partilha o problema com os subordinados individualmente, pede a eles informações e sugestões, mas a sua decisão é a final CONSULTIVO 2 O líder se reúne com os seus subordinados em grupo para discutir o problema, porém é ele quem toma a decisão final. GRUPO O líder e os seus subordinados se reúnem em grupo para discutiro problema e a decisão é conjunta FONTE: NUNES (2008) 32 que a decisão tomada for contra o que seus subordinados acreditam essa teoria deixa de ter validade. Os autores dessa teoria destacam que para uma adequada aplicação do modelo e para que se chegue a decisões eficazes é necessário considerar a qualidade, a racionalidade, a aceitação da decisão e o tempo gasto do processo decisório (NUNES, 2008). Para BERGAMINI (1994, p.64) “Como se pode perceber, esse enfoque engloba um conjunto de procedimentos que buscam praticamente um grau máximo de exatidão e acerto quanto à atuação do líder envolvido no processo de tomada de decisão”. 2.4.6 – Teoria da Liderança Transformacional e Transacional A liderança transformacional e transacional muitas vezes são interpretadas erroneamente, pois algumas pessoas as confundem uma com a outra, ou então, toma-as como iguais. Porém, cada uma possui suas particularidades que as distinguem e as tornam em duas teorias diferentes. “A liderança transformacional tem como característica principal o foco do líder no desenvolvimento, envolvimento e transformação de sua equipe, através de estímulos intelectuais, comunicação inspiradora das expectativas, fornecimento de visão, expectativa de desempenho e valorização das atividades” (CARVALHO JUNIOR, 2006). O líder transformacional tem a habilidade de estimular a transformação dos seus liderados, ele prega a mudança em diversos aspectos desde que a mesma venha para beneficiar sua equipe. De acordo com DUARTE (2009) “o empreendedor transformacional pode ser conhecido também como líder de mudança ou de risco, por estimularem intelectualmente seus empregados e motivá-los de modo a alcançarem um desempenho acima do esperado”. Esse autor destaca que a teoria transformacional cria uma forte conexão entre líder e liderados, pois ambos quando estão juntos forma um “todo” e se 33 completam. Um depende do outro para exercer suas atividades e aprendem em conjunto a fim de chegar a um objetivo esperado por todo o grupo. Ainda trabalhando a visão do autor, pode-se dizer que a teoria transformacional propõe uma liderança motivadora e otimista, pois estimula as pessoas a buscar e dar o melhor de si, independente se essa pessoa for o líder ou o subordinado. Segundo CARVALHO JUNIOR (2006) “a liderança transacional tem como comportamentos representativos, as recompensas pessoais e materiais atreladas às necessidades dos liderados”. Em outras palavras é como se a relação entre líder e liderados fosse uma troca de favores, para se atingir uma meta ou dá ao outro o que o outro necessita e ambos se favorecem e satisfazem com os seus próprios interesses. Para ROBBINS apud DUARTE (2009) “a liderança transacional se refere ao processo de gestão onde o líder atua como condutor ou agente motivador de seus empregados na medida em que os direcionam facilitando o alcance dos objetivos estabelecidos.” Nessa teoria os objetivos são alcançados quando há recompensa pelo o que se produz, sem recompensa não há produção, não há interação entre o grupo, pois os liderados estão condicionados a receber pelo esforço empenhado na tarefa. Apesar de essas duas teorias serem parecidas por manterem um elo entre líder e liderados, há um fator muito importante que as distinguem uma da outra. Enquanto a teoria transformacional sugere que o líder motive e transforme sua equipe para ir além do esperado e atingir o melhor resultado, a teoria transacional sugere que líder recompense sua equipe pelo trabalho desempenhado. 34 2.4.7 – Teoria da Liderança Visionária Essa teoria foi desenvolvida em 1992 por Burt Nannus como um modelo que propõe uma liderança que vai além do relacionamento entre líderes e liderados. Trata-se de uma liderança que se envolve com a organização e a sociedade em que ela está inserida. Ela abrange tanto os funcionários como a comunidade, os clientes, os fornecedores e também os diretores e acionistas da organização. Como o próprio nome diz, é uma liderança visionária, em outras palavras, é uma liderança que enxerga longe, que prevê o futuro. De acordo com ROBBINS apud VIANA (2008) “liderança Visionária é a habilidade de criar e articular uma visão realista, crível e atraente do futuro, para uma organização ou unidade organizacional, que parte do presente e melhora-o”. O líder visionário vê onde se deve chegar, prevê como estará a organização quando atingir o que se quer e se empenha para tornar essa visão em realidade. “Os líderes assumem o controle e fazem com que as coisas aconteçam, sonham e depois traduzem esses sonhos em realidade. Atraem o compromisso voluntário dos seguidores, energizando-os, e transformam as empresas em novas entidades, com maior potencial de sobrevivência, crescimento e excelência. A liderança eficaz energiza uma empresa para maximizar a sua contribuição para o bem-estar de seus membros e da sociedade da qual faz parte. Se os gerentes são conhecidos por suas habilidades de solucionar problemas, os líderes são conhecidos por serem mestres em projetar e construir instituições; eles são os arquitetos do futuro da organização” (NANNUS Apud VIANA, 2008). Esse estilo de liderança propõe motivar as pessoas aonde quer que eles estejam para que elas acreditem que uma simples idéia pode ter excelentes resultados se for colocada em prática, independente da energia e do tempo gasto. As pessoas têm de acreditar e se empenhar com coragem e vontade para atingir os resultados. ROBBINS (2002, p.320) afirma que “as visões devem ser capazes de criar possibilidades inspiradoras e únicas, e oferecer uma nova ordem que possa produzir uma diferença para a organização. Uma visão não terá sucesso 35 se não for capaz de oferecer à organização e aos seus membros uma imagem clara e melhor do futuro”. Para NANNUS apud VIANA (2008) a liderança visionária “define quatro papéis que,juntos, definem a função do líder visionário, como sendo o papel indicador de direção; do agente de mudança; do porta-voz; e do treinador” . O líder visionário não é somente o ser pensante da organização, ele também é responsável por organizar, propor, comunicar, motivar, ensinar e treinar; é ele quem faz acontecer. Segundo ROBBINS apud VIANA (2008) “a liderança visionária necessita ser apoiada por planos detalhados, ou seja, uma organização excepcional precisa de uma visão e de um alto nível de atenção nas operações cotidianas, resumindo, a visão e a boa administração devem andar lado a lado”. Sob essa forma de dirigir uma organização, inevitavelmente elas obterão o sucesso tão almejado. 2.4.8 – Teoria da Liderança Carismática Para DIDIER e MENDONÇA (2007), “a liderança carismática enfatiza emoções e valores”. Trata-se do tipo de liderança que conquista as pessoas, pois mexe com o emocional e com os princípios delas. Para CARUSO e SALOVEY (2007, p.233) “o otimismo é um componente chave da liderança carismática”. “De acordo com MAX WEBER apud GARDNER (1990, p.39) “os líderes carismáticos surgem, em geral, em época de inquietação, e seus seguidores exibem” uma devoção nascida da aflição”. Esse modelo de liderança exerce grande influência sobre as pessoas, pois aquele que detém o carisma, que conquista os demais com o seu otimismo, principalmente quando as pessoas se sentem cansadas e sem esperanças em relação a determinados conflitos, é visto como o “salvador” o” super-herói”. Segundo RODRIGUES (2006) “o líder carismático é aquele que consegue ter influência sobre um grupo de pessoas sem que se consiga explicar objetivamente a razão”. É o tipo de líder que consegue despertar em 36 seus liderados total confiança, tudo o que ele realiza e diz é tomado como certo. “O líder desse tipo é alguém que leva os seguidores a transcenderem seus próprios interesses e trabalhar excepcionalmente paraa concretização da missão, meta ou causa. Para alcançar esse grau de comprometimento e realização, os líderes carismáticos devem dar especial atenção para as necessidades de desenvolvimento de seus seguidores. No final das contas, os líderes carismáticos afetam profundamente seus seguidores porque os encorajam e inspiram, para que eles vejam os problemas de maneira diferente, dêem o máximo de si e apresentem novas idéias” (MASSIE apud MAXIMIANO, 2005, P. 303). O líder carismático envolve os seus subordinados com tamanha persuasão capaz de modificar crenças, valores e princípios. Sua crença em si é tanta que convence aqueles que o rodeiam, sendo admirado por todos. Para CARUSO e SALOVEY (2007, p.164) “os líderes carismáticos podem usar seus poderes para o bem do grupo ou para a sua glória pessoal”. Tudo depende de suas intenções. Quando elas são trabalhadas no bem, ótimos resultados podem surgir. Quando não, esse estilo de liderança pode trazer muitos prejuízos às organizações 2.4.9 – Teoria da Liderança Servidora De acordo com HUNTER (2004, p.57) Jesus Cristo, considerado maior líder que já existiu disse “quem quiser ser líder deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar, deve servir”. A liderança servidora traz a proposta de que antes de ser líder é necessário que sirva que ajude, que se interesse pelo bem das pessoas e se propõe a mudar a vida delas para melhor “A liderança servidora tem como foco líderes que se dedicam aos outros e à missão da organização de aprendizagem. Eles encorajam a participação, o compartilhamento de poder e de informações, reconhecem o valor dos outros, estimulam a criatividade das pessoas, são completamente comprometidos, dão crédito pelas realizações das pessoas, têm um impulso 37 natural para aprender, promovem o senso de comunidade” (MACEDO E VILAS BOAS, 2011). Esse estilo de liderança se coloca a disposição dos outros, independente de ser liderados, chefes, fornecedores ou clientes, pois para ele a união faz a força e que ao trabalhar em conjunto é que o resultado aparece. Liderança servidora é estar próximo de quem precisa, é incentivar, encorajar, tratar o seu semelhante de igual para igual. Para BUAIZ (2008) “mesmo quando ostenta títulos e ocupa cargos importantes, o líder servidor não se utiliza da autoridade formal para ser respeitado. Ele não precisa.Prefere inspirar pelo exemplo e atrair aliados, ao invés de seguidores” . Esse autor ainda coloca que esse tipo de líder possui autoconfiança, sabe que onde quer que esteja ele está lá para ajudar, que ele é apenas uma peça do grupo e que é pelo respeito que ele dedica aos demais que ele é respeitado. Não utiliza o seu poder para mandar, ele se impõe através da confiança estabelecida com os seus liderados. “Ao contrário da liderança como o senso comum a concebe, cheia de privilégios do status, do cargo ou da função e de recompensas materiais, a liderança servidora prima pelo sacrifício, pela humildade, pelo reconhecimento de que o líder só é importante na medida em que contribui para o crescimento dos liderados, se assim podemos chamar os que seguem um líder servidor” (BARROS NETO, 2011). É um tipo de líder que não se importa se o chamarão de chefe ou se apenas o tratarão como um colega, ele dispensa qualquer formalidade e ao invés de mandar, ele mostra qual é a melhor forma de executar o trabalho. Para ele, a sua maior contribuição consiste em servir. De acordo com HUNTER (2004) a liderança servidora começa com a vontade, pois é a única capacidade do homem para sintonizar suas intenções com suas ações e escolher como deve se comportar. É preciso ter vontade para escolher amar e então sentir as reais necessidades dos liderados, e para atender essas necessidades, o homem precisa se dispor a servir e até mesmo a se sacrificar, pois quando se sacrifica pelos outros é que se exerce a 38 autoridade ou influência, e ao exercer a autoridade com as pessoas é que se ganha o direito de ser chamado de líder. 39 3 – Definição de Líder “Líderes são os que, em um grupo, ocupam uma posição de poder que tem condições de influenciar, de forma determinante, todas as decisões de caráter estratégico. O poder é exercido ativamente e encontra legitimação na correspondência com as expectativas do grupo” (MAXIMIANO, 2005, p.288). Para MAXIMIANO, líder é aquele que se destaca no grupo, muitas vezes ele pode ser nomeado pela organização para dirigir as pessoas ou pode ser eleito por aqueles que compõem o grupo. E é bem aceito quando corresponde as expectativas dos liderados e de seus superiores. “O líder é visto como alguém que traz algum benefício não só ao grupo em geral, como a cada membro em particular, fazendo nascer, desse intercambio, o valor que normalmente lhe é atribuído. Por sua vez, os membros do grupo devolverão ao líder o seu reconhecimento que se traduz pela forma de lhe conferir a autoridade que passa a ter perante seus seguidores” (BERGAMINI, 1994, P.19-20). Para BERGAMINI, líder é a pessoa responsável pela integração de seus liderados com o ambiente em que convivem dentro de uma organização, é ele quem vai estimular essas pessoas a desenvolverem um bom trabalho para que se possam atingir as metas. Por isso as empresas o valorizam tanto, pois ele é quem faz o intercâmbio entre empregados e alta gerência, satisfazendo as necessidades de ambos. De acordo com Bergamini (1994, p.18) “não somente o líder, mas o liderado e as contingências do momento e do ambiente desempenham papéis importantes, considerados tão decisivos quanto o comportamento do próprio líder”. Ainda na visão desse autor o líder é quem visiona o momento e o futuro e entrelaçam todos os fatores a fim de tirar o melhor proveito em prol de todos. Um líder se faz pela situação, pelas expectativas correspondidas, pelo respeito e confiança que inspira. 40 Segundo MAXIMIANO (2005, p.291) “o líder tenta entender quais comportamentos, traços de personalidade, habilidades, atitudes e outras características pessoais são determinantes de seu desempenho eficaz”. Ele se auto avalia, identifica suas fraquezas e suas qualidades, assume seus erros e os corrige se coloca em serviço da organização, porém com entusiasmo que contagia todos os seus liderados, que por vez tem em seu líder um exemplo a ser seguido. Para HUNTER (2004, p.27) “um líder é alguém que identifica e satisfaz as necessidades legítimas de seus liderados e remove todas as barreiras para que possam servir ao cliente”. É o líder quem faz com que seus liderados trabalhem com motivação, com vontade de dar o melhor de si e atingir a qualidade do produto ou serviço prestado. “Partindo do ponto de vista de que uma importante avaliação do próprio sucesso do líder seja o sucesso dos seus liderados, no sentido de que uma das suas principais funções seja a de liderar os outros para que possam liderar-se a si mesmos, propõe que isso ocorra na medida em que esses líderes desempenham um papel de facilitadores da utilização tão completa quanto possível do potencial dos seus seguidores” (BERGAMINI, 1994, P.21-22). Para BERGAMINI, o líder conhece sua equipe, além de saber do que ela é capaz ele também sabe o potencial que cada membro de seu grupo possui. Sabe como delegar tarefas e utiliza o conhecimento de cada indivíduo para obter os melhores resultados. Um bom líder utiliza dessas qualidades para melhorar o desempenho de seu grupo e a produtividade gerada por eles ao atribuir trabalho de acordo com o que cada um sabe fazer de melhor. Para esse autor o líder conhece sua equipe, além de saber do que ela é capaz ele também sabe o potencial que cada membro de seu grupo possui. Sabe como delegar tarefas e utiliza o conhecimento de cada indivíduo para obter os melhores resultados.Um bom líder utiliza dessas qualidades para melhorar o desempenho de seu grupo e a produtividade gerada por eles ao atribuir trabalho de acordo com o que cada um sabe fazer de melhor. 41 4 – Estilos de Liderança ou Tipos de Líderes Ninguém é igual a ninguém, nenhum ser humano é igual ao outro, sendo assim, as lideranças, o jeito de lidar com as situações são distintas e únicas. Cada pessoa tem o seu ponto de vista, sua opinião, seus princípios, valores e crenças e estão inseridas em ambientes diferentes e isso faz delas seres únicos. Assim como há diferenças entre os indivíduos também há diferenças entre o jeito de liderar, que são muitos. Uns são mais amigáveis, outros mais voltados a resultados. Alguns estudos baseados na forma de liderar foram realizados com o propósito de identificar quais tipos de líder que mais se encontra na sociedade. 4.1 - Liderança Autoritária (ou Autocrática) / Líder Autocrático Segundo Maximiano (2005, p. 293), “quanto mais concentrado o poder de decisão no líder, mais autocrático é seu comportamento ou estilo”. O líder que se assume autoritário ou autocrático tem o comportamento regido pela tradição, não ouvindo, geralmente, seus seguidores. Assim, suas decisões são centralizadas, estando preocupado essencialmente com a tarefa. O estilo autocrático pode se tornar patológico e transformar-se no autoritarismo. Ilustração 2 - Características do estilo autocrático (Maximiano, 2005) ESTILO TAREFA LIDERANÇA ORIENTADA PARA A TAREFA LIDERANÇA ORIENTADA PARA A PRODUÇÃO, PARA A PRODUTIVIDADE, OU EFICIÊNCIA. LIDERANÇA ORIENTADA PARA O PLANEJAMENTO E A ORGANIZAÇÃO. Fonte: Maximiano, (2005, p. 293). Para VERGARA (2000, p.76) “autocrático é aquele que ilustra o célebre ditado: manda quem pode, obedece quem tem juízo”. É o tipo de líder que dita ordens e não aceita ser questionado. Tudo tem de feito do jeito que ele manda, pois o seu jeito é a única forma correta de realizar determinada ordem. 42 Para ser autocrático é preciso que alguém tenha lhe dado poder, é preciso que alguém tenha total confiança na competência desse líder, pois tudo depende de suas idéias e decisões tomadas. De acordo com MAXIMIANO (2005, 293)“ quanto mais concentrado o poder de decisão no líder, mais autocrático é o seu comportamento ou estilo” . DAVIS E NEWSTROM (1992, p.161) afirmam que “os líderes autocráticos centralizam o poder e a tomada de decisões em si mesmos”. Quanto mais a decisão estiver em seu poder, mais poder ele irá ter. Ainda DAVIS E NEWSTROM (1992, p.161) dizem que: “O líder autocrático é tipicamente negativo, baseia suas ações em ameaças e punições; mas também pode ser positivo no caso de autocratas benevolentes que faz escolhas para dar algumas recompensas aos seus subordinados”. De acordo com esse autor esses tipo de líder tende a ser severo ao punir seus subordinados, caso algo não esteja de acordo com o solicitado ou não lhe agrade. Esse é o tipo de líder que manda, reprime e pune quando suas ordens não são seguidas à risca. Por outro lado, há lideres autocratas que recompensam seus liderados quando os mesmos conseguem obter o resultado esperado. Segundo MAXIMIANO (2005, p.293) “o estilo autocrático pode degenerar e tornar-se patológico, transformando-se no autoritarismo. Arbitrariedade, despotismo e tirania, que representam violências contra os liderados, são exemplos de comportamentos autoritários”. De acordo com esse autor quando o poder conferido ao líder for maior do que ele seja capaz de trabalhar, torna-se um problema para a empresa, pois o líder já não sabe mais distinguir o certo do errado e acredita que pode fazer o que quiser com os seus liderados, já que todos têm de lhe obedecer. Esse comportamento se sobressai e pode até se tornar uma doença que é diagnosticada ao ultrapassar a linha do respeito mútuo, e quem mais sofre que esse estilo de liderança são os empregados e a organização, uma vez que ambos precisam de um bom líder para poder se desenvolver e atender os clientes com a qualidade que eles querem. 43 4.2 – Liderança Democrática( ou Participativa) \ Líder Democrático Segundo Maximiano (2005, p. 294), “quanto mais às decisões forem influenciadas pelos integrantes do grupo, mais democrático é o comportamento do líder”. Ao contrário do estilo autocrático, o enfoque é nas pessoas e não na produção. Os seguidores participam do processo de tomada de decisões. Por conta disso, objetivos e estratégias são definidos tanto pelo líder, quanto por seguidores, de maneira democrática. Este estilo de liderança, geralmente, apresenta-se em organizações em que há grupos de pessoas melhor qualificadas, pois, neste caso, o importante para estas pessoas é ter voz ativa nos processo críticos que mais importam para os objetivos finais das organizações (Araújo, 2006). O estilo democrático quando levado ao extremo permite classificar o líder como permissivo ou omisso. Ilustração 3 - características do estilo democrático (Maximiano, 2005) ESTILO PESSOAS LIDERANÇA ORIENTADA PARA AS PESSOAS LIDERANÇA ORIENTADA PARA AS RELAÇÕES HUMANAS LIDERANÇA ORIENTADA PARA A CONSIDERAÇÃO OU PARA O CARGO Fonte: Maximiano, (2005, p. 293). Para DAVIS E NEWSTROM (1992, p.161) líderes democráticos “são aqueles que descentralizam a autoridade”. O líder democrático não tende a ter o poder centralizado em si,ao contrário, ele prefere que as decisões sejam tomadas em conjunto com os seus liderados. De acordo com VERGARA (2000, p.76) “democrático é aquele que busca a participação. Às vezes, até nos faz crer que temos direitos”. É o estilo de liderança que dá valor a opinião alheia, que abre espaço para que as idéias sejam compartilhadas, julgando todos capazes de resolver qualquer conflito. DAVIS E NEWSTROM (1992, p.161) afirmam ainda que “[...] o líder e seus subordinados atuam como uma unidade social. Os empregados são informados sobre as condições que afetam seu trabalho e encorajados a expressar suas idéias bem como a fazer sugestões”. Para que todos se sintam 44 como parte do processo de produção, o líder democrático sempre está aberto a discussões, a novas opiniões. Ele não manda, ele pede. Mantém acima de tudo a confiança entre seus liderados e o respeito por eles, como pessoas e subordinados, valorizando o seu conhecimento. “Quanto mais às decisões forem influenciadas pelos integrantes do grupo, mais democrático é o comportamento do líder. Os comportamentos democráticos envolvem alguma espécie de influencia ou participação dos liderados no processo de decisão ou de uso da autoridade por parte do dirigente” (MAXIMIANO, 2005, P.294). A tomada de decisão nunca se concentra única e exclusivamente nesse líder, pois todos têm o direito de se expressar, afinal quem mais conhece o trabalho do que aquele que o executa? Sendo assim, ouvir o que os liderados têm a dizer torna o processo de decisão mais interessante e assertivo. 4.3 – Liderança Liberal (ou Laissez – Faire) \ Líder Laissez - Faire Os líderes da liderança liberal são chamados de "líderes da rédea solta" - "são frouxos e permissivos e deixam os seguidores fazerem o que querem" (Megginson; Mosley; Pietrijr, 1998). Contudo, esta liberdade oferecida às pessoas pode passar a impressão de que a liderança não existe, pois não há um foco como nos dois estilos anteriormente vistos. Um exemplo deste estilo pode ser observado na área acadêmica, onde geralmente as pessoas têm tarefas predeterminadas, mas quem define o tempo necessário para o cumprimento de tais tarefas é a própria pessoa. De acordo com Davis e Newstrom (1992, p.162) “são líderes que evitam o poder e a responsabilidade”. São líderes que não estão envolvidos com a produção e nem com os seus liderados, pois não mandam e nem assume qualquer responsabilidade, seja por um ato falho ou por um correto.
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