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fundamentos do circo: alongamento, flexibilidade e contorção

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA e DANÇA 
 
 
 
CARLO GOIDANICH CANCELLI 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS DO CIRCO: 
ALONGAMENTO, FLEXIBILIDADE E CONTORÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
PORTO ALEGRE 
2016 
 
 
 
 
2 
CARLO GOIDANICH CANCELLI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS DO CIRCO: 
ALONGAMENTO, FLEXIBILIDADE E CONTORÇÃO 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança 
Orientador: João Carlos Oliva 
Coorientadora: Ridan Albuquerque 
 
 
 
 
 
 
 
 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2016 
 
 
 
 
3 
RESUMO: 
 
O presente estudo apresenta através de revisões bibliográficas parte da história do 
circo e da contorção, conceitos, definições e informações para o treinamento de 
flexibilidade e contorção. 
 
Contorcer-se é patrimônio cultural humano, presente na origem de diversas 
civilizações, porém somente contorcer-se não faz de um indivíduo um contorcionista. 
A contorção é a mais extrema manifestação da flexibilidade e o seu estudo 
aprofundado colabora com todas áreas e práticas que façam uso da flexibilidade e 
do seu treinamento. Além disso, são pouquíssimos os trabalhos desenvolvidos na 
área da contorção. Este estudo busca uma forma de fomentar a cultura, ampliar as 
áreas de conhecimento do ensino e treinamento no circo, unir saberes e difundir a 
pesquisa nas áreas do alongamento e da contorção. 
 
Através de buscas em 5 diferentes línguas, foram realizadas revisões bibliográficas 
de forma a introduzir o leitor ao universo da contorção, buscando apresentar parte 
da história, conceitos e termos da contorção, bem como métodos de treinamento de 
alongamento e flexibilidade. 
 
Por mais que a arte da contorção seja milenar, a pesquisa e o estudo da arte ainda 
são recentes. Existem fatores neurofisiológicos capazes de auxiliar ou dificultar o 
treinamento da flexibilidade. Ela pode ser influenciada pelo nível de treinamento, 
histórico de lesão, reflexos espinhais, a temperatura e a composição do músculo. 
Utilizando o conhecimento científico associado à prática, é possível desenvolver 
treinamentos otimizados para o aumento da flexibilidade. 
 
Este texto é apenas o início de um longo projeto. Têm-se como objetivo futuro 
desenvolver ainda mais a pesquisas na área da contorção. 
 
“Senhoras e senhores, bem-vindos ao circo!” 
“Abram as suas mentes - É hora do show!” 
 
 
 
 
4 
ABSTRACT: 
 
The present study presents through bibliographic revisions part of the history of 
circus and the contortion, concepts, definitions and information for the stretching 
training and contortion. 
 
Contort is an worldwide cultural patrimony, finded in the origin of many civilizations, 
but only contort does not make anyone a contortionist. Contortion is the ultimate 
manifestation of flexibility and the present study collaborates with all areas that use 
the flexibility training. In addition, there is very little work in the area of ​​contortion. 
This study seeks a way to increment the culture, expand knowledge areas of 
teaching and training in the circus, unite knowledge and disseminate research in the 
areas of stretching and contortion. 
 
Searched in 5 different languages, this bibliographical revisions introduce the reader 
to the universe of the contortion, presenting part of the history, concepts and terms of 
the contortion, as well as training methods of stretching and flexibility. 
 
The art of contortion has thousands of years, but the research and study are recent. 
There are neurophysiological factors capable of improve the stretching training. It can 
be influenced by the level training, injury histories, spinal reflexes, temperature and 
muscle compositions. Using the scientific knowledge associated with the practice, it 
is possible optimized the stretching trainings. 
 
This text is just the beginning of a long project. The future objectives are to develop 
many more researches in the area of ​​contortion. 
 
 
"Ladies and gentlemen, welcome to the circus!" 
"Open up your minds - It's showtime!" 
 
 
 
 
 
 
5 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO..……………...………………………………………………………... 8 
 
2 METODOLOGIA………………….……………………………………………………. 9 
 
3 HISTÓRIA DA CONTORÇÃO……………………...……………………………… 10 
3.1 Contorção na antiguidade…………………………………………………………. 11 
3.2 O circo moderno………………………………………………………………….… 12 
 
4 CONTORÇÃO...……………...……………………………………………......……... 13 
 
5 FLEXIBILIDADE....……………………….……………………………………………. 14 
 
6 TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE…………...…………………………...……. 16 
6.1 Benefícios do treinamento de flexibilidade………………………………………. 16 
6.2 Fatores que influenciam a flexibilidade………………………………………….. 17 
6.3 Hiperlassidão....…………………………………………………………………….. 17 
 
7 MÉTODOS DE TREINAMENTO…….……...………..…………………………...…. 18 
7.1 Aquecimento………………………………………….…………………………….... 18 
7.2 Prevenindo a lesão……………………………………..………………...…………. 18 
7.3 Alongamento estático……………………………………………………………… 18 
7.4 Alongamento balístico ou dinâmico………………………………………………. 19 
7.5 Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP)............................................... 19 
 
8 RECOMENDAÇÕES DE TREINO SEGUNDO A ACSM……………………….... 20 
 
 
 
 
 
6 
9 REVISÃO FISIOLÓGICA SOBRE A FLEXIBILIDADE…………………………… 21 
9.1 Fisiologia…………………………………………………...……………………..... 21 
- Fuso muscular……………………………………………………………………. 21 
- Órgão tendinoso de golgi……………………………………………………….. 22 
- Mecanorreceptores articulares…………………………………………………. 23 
9.2 Fenômenos neurofisiológicos…………………………………………………….. 24 
9.2.1 Fenômenos negativos para o alongamento…………………………………... 24 
- Reflexo miotático.….….…………………………………………………………. 24 
- Co-ativação ou co-contração……...………...…………………………………. 24 
9.2.2 Fenômenos positivos para o alongamento……………………………………. 25 
- Inibição autógena…...…………...…………………………………………….... 25 
- Inibição recíproca…………….……………………………..…………………… 25 
9.3 Fatores limitantes…………………………………………………………………... 25 
9.3.1 Tecido elástico……………………………………………………………………. 25 
9.3.2 Tendões…………………………………………………………………………... 26 
9.3.3 Ligamentos……………………………………………………………………...... 26 
9.3.4 Fáscia……………………………………………………………………………... 26 
9.4 Considerações sobre a morfofisiologia do alongamento………………………. 27 
 
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS...……………………………………………………... 28 
 
REFERÊNCIAS…………………………………………………….…………………... 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - ​Estatueta de contorcionista, ​Nordiska Musett………..………………………. 11 
 
Figura 2 - Meribeth Old, “Arabesque”………………………………..………………………. 1​4 
 
Figura 3 - Meribeth Old, “Backbend”…………………………………..…………………….. 14 
 
Figura 4 - Dewert​, “​Inclinador Frontal”................................................................................. 15 
 
Figura 5 - Martin Laurello, “Deslocacionista”....................................................................... 15 
 
Figura 6 - ​James Morris, “Homem Elástico”........................................................................ 15 
 
Figura 7 - Fuso Muscular………………………………………………………………………. 22 
 
Figura 8 - Orgão Tendinoso de Golgi…………………………………………………………. 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
1. INTRODUÇÃO 
 
A contorção é uma arte circense em que se destacam tanto os homens quanto 
mulheres e tem como objetivo encantar os espectadores através de demonstrações 
de habilidade e extrema flexibilidade. 
 
Segundo Michael J.A (1999), existem muitos casos de extrema flexibilidade 
simplesmenteligados à genética, porém, pessoas “normais”, em qualquer idade 
também podem desenvolver flexibilidade. Para crianças, quanto mais cedo inicia-se 
o treinamento, maior a facilidade para desenvolver a flexibilidade. Após a maturação 
física, uma série de fatores tornam cada vez mais difícil desenvolver a flexibilidade, 
porém, não impossível. 
 
O alongamento e a flexibilidade têm sido utilizados visando vários objetivos ao longo 
dos milênios. A flexibilidade pode ser encontrada na antiguidade em pinturas e 
entalhes como figuras de performances ou mesmo, registradas como antigas 
técnicas de relaxamento e tratamento. De acordo com Egan (1983, 1984), a origem 
da flexibilidade como método de treinamento é desconhecida, porém, no oriente 
relatos das práticas de contorção datam mais de 4mil anos. 
 
Em busca de entender a flexibilidade, o contorcionismo e os seus diferente métodos 
de treinamento, o presente estudo apresenta em forma de revisão bibliográfica parte 
da sua história, conceitos, definições, tipos e variedades de treino de alongamento e 
contorção. 
 
Ao final deste texto, espera-se que cada leitor conheça mais do universo que 
permeia a contorção e seja capaz de escolher por si as melhores técnicas e 
métodos a serem seguidos ou ensinados. 
 
Este não é um guia definitivo para o ensino da flexibilidade e contorção. O ensino 
desta prática deve ser reservado a profissionais experientes da área. 
 
 
 
 
 
9 
2. METODOLOGIA 
 
O trabalho desenvolveu-se dividido em seis etapas: 
 
1°) Recolhimento e leitura de todas informações possíveis acerca de contorção e 
circo, buscando principalmente a origem e história, conceitos e termos utilizados, 
bem como treinamento e tradições da contorção. Foram realizadas buscas em 
alemão, espanhol, inglês e português. A busca fez uso das palavras chaves 
“contorção história” e “contorção treinamento” 
 
2°) Escolha de artigos científicos na área do treinamento de flexibilidade, buscando 
os principais conceitos e os mais populares modelos de treinamento de flexibilidade. 
A escolha deste modelo de treinamento se deu por não serem encontrados textos 
científicos sobre o treinamento de contorção. 
 
3°) Organização. Escolha dos principais textos a serem citados, levando em conta 
principalmente o seu nível de relevância acadêmica. Buscando as melhores formas 
de introduzir os leitores ao universo da contorção e o treinamento de flexibilidade. 
 
4°) Criação de um banco de imagens históricas de contorção, buscando exemplificar 
os principais tipos de contorcionistas. 
 
5°) Apresentação das conclusões e considerações finais sobre a pesquisa. 
 
6°) Oferecer retorno aos colaboradores que dispuseram o seu tempo e energia para 
auxiliar nesta pesquisa. Para isto, após a finalização e aprovação do projeto, todos 
colaboradores receberão novamente agradecimentos pela sua atuação para que se 
mantenha a cultura e a boa imagem da pesquisa no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
3. HISTÓRIA DA CONTORÇÃO 
Um breve resgate histórico ao longo dos milênios. 
 
Exemplos comuns dos usos e do treino da flexibilidade são encontrados histórica e 
geograficamente em pinturas e entalhes em todas civilizações. Segundo Marta 
Costa, 1999, na antiguidade constantemente encontramos ilustrações e esculturas 
referentes a práticas acrobática, como no Egito, Grécia e Roma, Índia, Escandinávia 
e China principalmente. 
 
No ocidente, o circo romano traz o primeiro registro de espetáculo no formato de 
show de habilidades com contorção. De acordo com Egan (1984), a origem da 
flexibilidade como um método de treinamento é desconhecida. Contudo, imagina-se 
que os antigos gregos usavam o treino de flexibilidade para permitir que dançassem, 
realizassem acrobacias e lutassem com grande facilidade. Além disso, o treinamento 
de flexibilidade foi incorporado nos três tipos de ginástica grega: a medicinal, que 
compreende a profilática (para prevenir doenças e manter a saúde de uma pessoa); 
a terapêutica (a aplicação de remédios para curar doenças) e a atlética. 
 
Segundo o texto “O velho-novo circo”, de Marta Costa, 1999, no oriente os 
espetáculos de variedades e demonstrações artísticas de contorção e acrobacias 
são registrados junto à base de suas culturas. Ressalta-se que na China, há cerca 
de 2000 anos, durante a Dinastia Han, conjuntos de apresentações e números 
formavam um modelo de espetáculo nominado de “Cem Diversões”. 
 
Parte da origem da contorção vem das práticas Milenares Hindus de religião e saúde 
como no Yoga, buscando o equilíbrio do corpo e mente. Posturas de Alongamento 
chamadas ASANAS fizeram parte das tradições do oriente por milhares de anos. Em 
"Yoga Sutras" (um dos primeiros textos de Yoga, escrito no segundo século d.C.) 
Patanjali discute sucintamente o método e o objetivo das asanas. Em Aphorism II, 
46, Patanjali define essas posturas em apenas duas palavras: sthira-sukha, que é 
definida como estando em uma postura “estável e agradável” ou “postura firme e 
relaxada” a partir do qual uma pessoa pode obter um estado elevado. 
 
 
 
 
11 
3.1 - CONTORÇÃO NA ANTIGUIDADE 
 
4.000 a. C. 
Pinturas na China, aparecem acrobatas, contorcionistas e equilibristas. Estudos 
Históricos de Egan (1983 e 1984). 
 
2.500 a. C. 
Pinturas de malabaristas e paradistas também foram encontradas nas pirâmides do 
Egito. E estatuetas de contorcionistas podem ser vistas no Nordiska Museet 
(Suécia). 
 
1.500 a. C. 
Na Índia, há milhares de anos números de contorção e saltos fazem parte de 
espetáculos sagrados. 
 
300 a. C. 
Na Grécia, as paradas e os números de força eram modalidades olímpicas e os 
sátiros, os primeiros palhaços ocidentais, já faziam o povo gargalhar. 
 
Fontes: Costa (1999), Egan (1983 e 1984), Nordiska Museet (2012) 
 
Figura 1 - Estatueta de contorcionista 
realizando uma “ponte”, encontrada no 
Nordiska Museet data de meados de 500 a.C. 
Abaixo da imagem original, encontra-se uma 
reprodução da pose realizada. 
 
Especialistas afirmam haver forte relação com 
rituais religiosos, bem como os registrados a 
milênios no oriente. 
 
Fonte: Nordiska Museet 
 
 
 
 
12 
3.2 - O CIRCO MODERNO 
 
Século XVIII - O Circo como o conhecemos - um espetáculo pago, em volta de um 
picadeiro onde se apresentam artistas com diversas habilidades - é uma invenção 
recente. Foi criado por Philip Astley, um jovem sub-oficial inglês, perito cavaleiro, de 
Londres, em 1770. Trazia consigo apresentações a cavalo e shows de variedades e 
incríveis demonstrações do corpo humano. Estava criado o picadeiro. 
 
O nome Circo foi utilizado pela primeira vez em 1782 por outro inglês, Charles 
Hughes, que criou o Circo Real. 
 
Séculos XIX e XX - Rapidamente as companhias circenses se espalharam pela 
Europa e América, e logo foram adotadas pelas numerosas famílias de saltimbancos 
que há séculos se apresentavam em feiras e quermesses. Eles trouxeram os 
animais selvagens e domesticados, os números de variedades, o trapézio, a corda 
bamba, a música, o drama e a comédia, formatando um tipo de espetáculo que se 
desenvolveu plenamente até a metade do século XX, quandosua popularidade 
começou a sofrer a feroz concorrência de outras formas mais modernas de 
comunicação de massa. (Mallet e Gallardo, 2010). 
 
Segundo Kattenberg (1963). A ​contorção pode ser vista como uma arte familiar, bem 
como o circo em geral, passando geralmente as técnicas e treinamentos de geração 
em geração, os pais e mães ensinam os filhos e os filhos e seguem com a tradição 
apresentado a sua arte juntos. 
 
Na China e Mongólia, por centenas de anos a prática da contorção se desenvolve 
como performance e importante expressão cultural. A mais de 60 anos a Mongólia 
comporta a maior escola de contorção, sendo hoje uma das grandes referências em 
contorção para o mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
4. CONTORÇÃO: 
 
Michel J. Alter, Classifica os contorcionistas em cinco principais grupos, como 
contorcionistas de “pernas”, que podem realizar atos fora do com a flexibilidade dos 
quadris, “inclinadores posteriores”, capazes de hiperextender o tronco para trás, 
“inclinadores frontais”, que se inclinam à frente, em flexão de tronco, os 
“deslocacionistas”, que conseguem deslocar importantes partes do corpo, inclusive o 
pescoço e as pessoas elásticas, que realizam demonstrações de pele alongada. 
 
Este capítulo dedica-se ao resgate de imagens históricas para retratar os diferente 
modelos propostos por Alter J. M. 
 
 
 
Figura 2 - “Pernas”, Meribeth Old, 
espacato frontal ou Arabesque. 
- Meribeth’s page, contortion collection. 
 
 
 
Figura 3 - “Inclinação dorsal”, Meribeth 
Old, “Mata borrão”, “queda de queixo”. 
- Meribeth’s page, contortion collection. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Fugura 4 - “Inclinador Frontal”, Dewert​. 
Cirque Royal, Brussels (1976)​. 
- Contortion Home Page, Gallery. 
 
Figura 5 - “Deslocacionista” Martin 
Laurello, deslocando o pescoço. 
- Kattenburg B., Harvard Collection. 
 
 
 
 
Figura 6 - “Homem Elástico”, James Morris Contortionist, Síndrome de Ehlers-Danlos. 
 
 
 
 
 
15 
5. FLEXIBILIDADE 
 
Para começarmos a falar sobre alongamento, flexibilidade e contorção, precisamos 
primeiro entender os conceitos utilizados. 
 
Alongamento / Alongar - ​exercício para ampliar a capacidade de amplitude de 
movimento articular ou aquecer a musculatura (Durigon, 1995). 
 
Elasticidade - capacidade de extensão elástica dos componentes musculares. A 
flexibilidade depende de variáveis específicas como a distensibilidade da cápsula 
articular, temperatura e volume muscular. Além disso, a complacência (“tensão”) de 
vários outros tecidos, como ligamentos e tendões, afeta a variação de movimento. 
 
Flexibilidade - é a amplitude máxima de movimento de um membro/articulação ou 
mais articulações (Anderson e Burke, 1991). “Flexibilidade” vem do latim “​flexibilis” 
ou “​flectere”​ . Segundo o ​Oxford English Dictionary​ (1993), flexibilidade apresenta-se 
como a “habilidade para ser curvado, flexível”. 
 
Flexibilidade específica - refere-se a capacidade máxima de movimento de uma 
articulação em questão. Ex: atletas de corridas de barreiras devem ter boa 
flexibilidade nos quadris (Michael J. Alter, 1999). 
 
Mobilidade - diz respeito à amplitude de movimento permitida pela articulação em 
função de seus diversos componentes (Michael J. Alter, 1999). 
 
Plasticidade - é a capacidade dos elementos articulares de se distenderem e não 
retornarem à sua medida inicial. Em parte, no caso dos componentes articulares, a 
deformação é apenas temporária (Michael J. Alter, 1999). 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
6. TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE 
 
6.1 - Benefícios do Treinamento de Flexibilidade: 
 
Quando uma pessoa inicia um programa de treinamento de flexibilidade, a qualidade 
e a quantidade desses benefícios são determinados pelos seus objetivos. Muitos 
buscam o alongamento para o tratamento da postura e das dores nas costas. 
Através do Yoga, um indivíduo busca a união entre o corpo, a mente e o espírito. 
Outros podem apenas buscar relaxamento do estresse e da tensão através do 
alongamento muscular, amenizando contraturas, ou ainda treinando como uma 
forma de autodisciplina com rotinas de treinos diários. 
 
Para artistas e atletas o treino de flexibilidade pode já fazer parte da sua rotina e a 
busca de benefícios concentra-se na otimização da execução de movimentos. Com 
uma flexibilidade desenvolvida, amplia-se o espectro de possíveis movimentos 
técnicos, acelerando o processo de criação e de aprendizado motor (Michael J. 
Alter, 1999). 
 
 
6.2 - Fatores que influenciam a flexibilidade: 
 
Existem movimentos que cada articulação é capaz de realizar. A articulação do 
cotovelo, por exemplo é limitado a realizar apenas os movimentos de flexão e 
extensão, ao contrário da coluna que possui livre movimento (Stone, 2006). 
 
Existe um favorecimento de alongar o lado não dominante. Acredita-se que seja 
devido a menor massa muscular do lado não dominante. O desenvolvimento 
desequilibrado da flexibilidade pode gerar um desequilíbrio muscular. 
 
Entre meninos e meninas até a maturação biológica, não observa-se grandes 
diferenças, porém, após a maturação, os indivíduos do sexo feminino tendem a 
serem mais flexíveis do que o sexo masculino. Com o passar dos anos há perdas 
 
 
 
 
17 
mais acentuadas de flexibilidade, associadas à falta de treinamento. Em qualquer 
idade pode-se retomar os treino de flexibilidade e aumentar a amplitude de 
movimento (Michael J. Alter, 1999). 
 
O declínio do alongamento experimentado da infância para adolescência pode ser 
explicado por dois fatores, um período de crescimento rápido em que os ossos 
crescem mais rápido do que os músculos, ampliando a tensão músculo-tendinosa 
sobre uma articulação (MICHELI, 1991)​. ​E a diminuição da flexibilidade, 
especialmente dos isquiotibiais, devido a posição sentada prolongada (POLACHINI 
L. O. e colaboradores, 2005). 
 
 
6.3 - Hiperlassidão: 
 
A lassidão excessiva da articulação pode ser o resultado de uma lesão crônica ou 
doença congênita ou hereditária. Essa frouxidão ligamentar facilita a ocorrência de 
lesões como luxações e até rompimentos. O seu tratamento envolve diretamente o 
reforço muscular (Russek, Leslie N., 2000). 
 
A mais conhecida síndrome de de hipermobilidade é a síndrome de Ehlers-Danlos. 
Embora a hipermobilidade generalizada possa ser benéfica para aqueles que 
trabalham com circo, também há possíveis consequências, como deslocamentos 
recorrentes. O grau de risco varia conforme uma série de fatores , tais como o nível 
de hipermobilidade, a condição física do indivíduo e a aptidão ou não aptidão do 
indivíduo para prática (Michel J.A, 1999). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
7. MÉTODOS DE TREINAMENTO 
 
Para melhorar os níveis de flexibilidade, podemos utilizar diferentes métodos, como 
o balístico (dinâmico), facilitação proprioceptiva (FNP) ou o estático (Viveiros et al., 
2004). 
 
Na literatura encontram-se outros modelos de descrição de alongamento como “Passivo”, 
“Ativo-Passivo”, “Ativo-Assistido” e “Ativo”. Este modelo preocupa-se em explicar qual fator é 
responsável por exercer o alongamento durante o treino. 
 
 
7.1 - Aquecimento: 
Exercícios de aquecimento melhoram o desempenho e reduzem chances de lesão.As vantagens mais importantes de ambos os aquecimentos, ativo e passivo, são 
temperatura muscular aumentada, viscosidade muscular reduzida e tensão muscular 
diminuída (Michael J. Alter, 1999). 
 
7.2 - Prevenindo a Lesão: 
Segundo Michel. J. Alter, 1999, durante o alongamento, aqueles que estiverem 
auxiliando, devem comunicar-se. É responsabilidade da pessoa que está sendo 
alongada informar ao companheiro quando o alongamento torna-se desagradável ou 
doloroso (demais). 
 
7.3 - Alongamento Estático: 
O músculo é alongado lenta e continuamente até o final que é determinado pela 
barreira mecânica ou tolerância de dor do indivíduo, sendo então esta posição, 
mantida alongando. 
 
Esse tipo de treino é prático, por ser simples. Segundo Achour Júnior (2004) o 
alongamento​ estático oferece um risco menor para ocorrência de lesões. 
 
 
 
http://cienciadotreinamento.com.br/alongamento/
 
 
 
19 
7.4 - Alongamento Balístico ou Dinâmico: 
O alongamento balístico é caracterizado pelo uso de movimentos vigorosos e 
rítmicos de um segmento do corpo, pelo alcance do movimento, com o objetivo de 
alongar o músculo ou o grupo muscular (Morcelli et all 2012). Consiste em repetidas 
séries de alongamento de alta intensidade, máxima amplitude e curta duração. Pode 
ser observado comumente durante práticas de contorção, ginásticas artística, rítmica 
e danças​ ​que envolvam alongamento. 
 
 
7.5 - Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP): 
Também conhecido como método científico ou treinamento isométrico, o FNP utiliza 
a influência recíproca entre o fuso muscular e o Órgão Tendinoso de Golgi. 
 
O método consiste de três fases: 
1º – mobilização do segmento corporal até o seu limite de amplitude; 
2º – realização de uma contração isométrica máxima durante 8 segundos; 
3º – forçamento do movimento além do limite original, durante o relaxamento 
da musculatura do atleta após a contração. 
 
O nome de facilitação neuromuscular proprioceptiva se dá porque, durante a 
contração isométrica da segunda fase, a tensão resultante dessa contração estimula 
os órgãos tendinosos de Golgi acarretando em um relaxamento reflexo da 
musculatura, que irá proporcionar na terceira fase, capacidade de alongar além da 
amplitude original. (DELGADO, 2005) 
 
O método de FNP foi desenvolvido inicialmente por​ Hermán Kabat, em 1952 com fins 
terapêuticos. A partir de 1967, segundo Tubino (1979, p.317), Laurence Holtz desenvolveu 
um processo de flexionamento, baseado no método Kabat, para aplicação em ginastas, 
nadadores e bailarinos, a que deu o nome de 3S. 
 
 
 
 
 
 
 
20 
8. RECOMENDAÇÕES DE TREINO SEGUNDO A ACSM 
*American College of Sports Medicine 
 
TIPO: Alongamento estáticos, ou FNP. 
 
FREQUÊNCIA: Mínimo de 2 a 3 vezes por semana. 
 
INTENSIDADE: Até posição de leve desconforto. 
 
DURAÇÃO: 10 a 30 segundos - Estático 
6 segundo contração e de 10 a 30 segundos alongando - FNP 
 
REPETIÇÕES: 3 a 4 vezes para cada exercício de alongamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
9. REVISÃO FISIOLÓGICA SOBRE A FLEXIBILIDADE 
 
A amplitude de movimento depende primariamente da estrutura e da função do 
osso, do músculo e do tecido conectivo e de outros fatores tais como o desconforto. 
Para um melhor entendimento, é importante que se conheçam os aspectos 
fisiológicos que interferem na amplitude do movimento. 
 
A flexibilidade é específica das articulações e pode ser melhorada com a prática. A 
flexibilidade dinâmica de ombros, joelhos e articulações da coxa diminui com a idade 
em pessoas inativas/sedentárias. Os níveis de atividade de cada indivíduo oferecem 
melhor indicação da flexibilidade das articulações do que a idade cronológica. 
(Gallahue e Ozmun, 2005) 
 
 
9.1 - FISIOLOGIA: 
 
três receptores principais tem implicações para o alongamento e a manutenção da 
amplitude de movimento. São eles: O fuso muscular, o órgão tendinoso de Golgi 
(OTG) e os mecanorreceptores articulares. Com eles são descritos quatro 
fenômenos neurofisiológicos: O reflexo miotático, a coativação/co-contração, a 
inibição autógena e a inibição recíproca (BANDY & SANDERS, 2003). 
 
 
Fuso Muscular, Orgão Tendinoso de Golgi e Mecanoreceptores I, II, III, VI: 
 
Fuso muscular, é o principal órgão sensitivo do músculo. O fuso identifica a 
alterações no comprimento do músculo e à velocidade de alteração deste. Quando 
ativados, criam uma resposta dinâmica, ou seja, quando o estiramento muscular 
ativa o reflexo do fuso, as fibras extrafusais contraem-se encurtando o músculo 
(FRONTERA et al., 2001). 
 
 
 
 
22 
Figura 7 - Fuso Muscular 
 
Órgão Tendinoso de Golgi (OTG), é um mecanoreceptor sensível à, a pequenas 
alterações na tensão do tendão e responde a tensão adicional tanto por estiramento 
passivo de um músculo como por contração muscular ativa (BANDY & SANDERS, 
2003; ALTER, 1999). São localizados nas aponeuroses, ou junções 
músculo-tendinosas, e não dentro dos tendões. 
A principal tarefa do OTG é impedir a atividade excessiva das fibras nervosas que 
inervam o músculo. 
Se os músculos forem alongados 
por 15 a 30 segundos em toda a 
sua extensão, acarreta em tensão 
no tendão. O OTG responde a 
essa tensão e pode sobrepor os 
impulsos provenientes do fuso 
muscular, acarretando em um 
relaxamento reflexo. 
Sendo assim, os músculos relaxam 
e conseguem alongar-se (Gordon 
& Ghez, 1991). 
 
Figura 8 - Orgão Tendinoso de Golgi (OTG) 
 
 
 
 
23 
Mecanorreceptores articulares: 
 
Nas articulações encontram-se quatro receptores de extremidades nervosas 
capazes de sentir forças mecânicas nas articulações, tais como pressão de 
alongamento e distensão. Eles podem ser classificados em quatro tipos: 
(Wyke, 1979; Alter, 1999). 
 
Receptores articulares do Tipo I, respondem a estresses mecânicos muito 
pequenos. Mesmo quando a articulação está imóvel, uma proporção desses 
receptores está sempre ativa. 
 
Receptores articulares do Tipo II, sua principal função é medir mudanças rápidas no 
movimento, como a aceleração e desaceleração. 
 
Receptores articulares do Tipo III, completamente inativos nas articulações imóveis. 
Respondem somente quando altas tensões são geradas nos ligamentos. Como os 
órgãos tendinosos de Golgi, comportam-se como mecanorreceptores de alto limiar 
que se adaptam lentamente. 
 
Receptores articulares do Tipo IV, constituem o sistema receptor de dor dos tecidos 
articulares, sendo chamados de nociceptores. Quando ocorre acentuada 
deformação mecânica ou irritação química, como por exemplo, ácido lático, íons 
potássio e histaminas, podendo aparecer em situações de isquemia (falta de 
sangue) e hipóxia (falta de oxigênio). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
9.2 - FENÔMENOS NEUROFISIOLÓGICOS 
Vantagens e desvantagens para o alongamento. 
Reflexo Miotático, Inibição Autógena, Inibição Reciproca, Coativação / Cocontração 
 
 
Fenômenos negativos para o alongamento: 
 
Reflexo miotático: 
Quando um músculo é alongado, o mecanismo reflexo de alongamento é iniciado. 
Os potenciais de ação são estimulados devido ao estiramento das fibras e fusos 
musculares, acarretando em uma contração reflexa. Ela é dividida em dois 
componentes: fásico e tônico. A resposta fásica é uma rápidatensão muscular, 
proporcional à velocidade de alongamento, como por exemplo, a contração do joelho 
ou reflexo patelar. Já a resposta tônica será uma fase posterior, uma estimulação 
lenta e persistente por toda a duração do alongamento, sendo proporcional a 
quantidade de alongamento. (ALTER, 1999). A contração reflexa do do músculo 
estirado dificulta o relaxamento durante o treino de alongamento. 
 
 
Coativação ou co-contração: 
A coativação ou co-contração é a contração de dois músculos opostos com um alto 
nível de atividade nos músculos agonistas, simultaneamente com um baixo nível de 
atividade no músculo antagonista da mesma articulação (Solomonow & D’Ambrosia, 
1991; Alter, 1999). Este fenômeno preserva a estabilidade articular, tendo o efeito 
mecânico de tornar a articulação mais rígida, tornando porém o movimento mais 
difícil (ENOKA, 1988). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
Fenômenos positivos para o alongamento: 
 
Inibição autógena: 
É o relaxamento neurológico de um músculo quando estimulado. Poderá ocorrer 
quando for ativado o OTG, gerando impulsos que irão proteger os músculos inibindo 
os neurônios motores α, relaxando os músculos (Gordon & Ghez, 1991; Andrews et 
al., 2005). 
 
Inibição recíproca: 
Inibe o músculo antagonista quando o músculo agonista move um membro na 
amplitude do movimento (BANDY & SANDERS, 2003). Ou seja: Os músculos 
geralmente atuam em pares, sendo que quando os agonistas contraem, os 
músculos opostos, relaxam (ALTER, 1999; ANDREWS et al., 2005). 
 
Quando os um músculo recebe impulsos para contração, o músculo oposto sofrem 
inibição, o que torna menos provável que eles sejam contraídos, facilitando o 
alongamento do ventre muscular. 
 
 
9.3 - FATORES LIMITANTES DA FLEXIBILIDADE 
 
Tecido elástico: 
Importante na determinação da amplitude possível de extensibilidade das células 
musculares, desenvolvendo uma variedade de funções, como disseminar estresses, 
aumentar a coordenação dos movimentos rítmicos, armazenar energia, mantendo a 
tonicidade durante o relaxamento dos elementos musculares, desenvolvendo defesa 
contra forças excessivas (Jenkins & Little, 1974). 
 
A elastina é uma estrutura complexa com propriedade mecânica elástica devido a 
sua composição e arranjo físico de suas moléculas. Com o envelhecimento, elas 
perdem a sua elasticidade, aumentam a sua rigidez e sofrem várias outras 
alterações, como fragmentação, desgaste, calcificação e outras mineralizações e um 
 
 
 
 
26 
grande número de ligações cruzadas (Gosline, 1976; Alter, 1999). O limite fisiológico 
de quebra da elastina, é alcançado em aproximadamente 150% de seu comprimento 
original (Bloom & Fawcett, 1986; Alter, 1999). 
 
Tendões: 
Os músculos são conectados aos ossos por cordões rígidos chamados tendões, 
tendo como principal função a transmissão da tensão do músculo para os ossos, 
produzindo o movimento (ALTER, 1999). Um estresse de aproximadamente 4% no 
tendão corresponde ao limite de elasticidade, nesse caso a ondulação da superfície 
do tendão desaparece e, se o alongamento continuar, pode resultar em lesão 
(CRISP, 1972). 
 
Ligamentos: 
Oficialmente, para o alongamento, os ligamentos impedem apenas deslocamentos 
ou poses extremas que exijam deformação ligamentar e óssea. Os ligamentos ligam 
osso com osso, tendo como principal função a sustentação de uma articulação. 
Sendo muito semelhantes aos tendões, porém os tendões são compostos de feixes 
de fibras colagenosas situadas em paralelo ou entrelaçadas umas com as outras, 
enquanto os ligamentos são encontrados como cordas, bandas ou folhas, sendo 
maleáveis e flexíveis com o intuito de dar liberdade ao movimento, porém fortes, 
inextensíveis e rígidos para não ceder facilmente às forças aplicadas (ALTER, 
1999). 
 
Fáscia: 
Toda estrutura conectiva fibrosa que varia em espessura e densidade de acordo 
com as exigências funcionais e encontra-se, geralmente, na forma de folhas 
membranosas. Tem como função, fornecer superfícies lubrificadas entre as fibras 
musculares e os feixes de fibra muscular permitindo que o músculo mude sua forma; 
assegura o alinhamento adequado das fibras musculares, vasos sanguíneos e 
nervos, (ALTER, 1999) 
 
 
 
 
 
 
27 
 
9.4 - Considerações sobre a morfofisiologia do alongamento: 
 
Existem fatores neurofisiológicos capazes de auxiliar ou dificultar o treinamento da 
flexibilidade. Entender o funcionamento dos principais mecanoreceptores 
relacionados, bem como os fatores limitantes da flexibilidade permite conhecer os 
limites do corpo e também, formas de burlá-los. 
 
A flexibilidade pode ser influenciada pelo nível de treinamento, histórico de lesão, 
reflexos espinhais, a temperatura e a composição do músculo. Os receptores 
articulares sentem forças mecânicas nas articulações como a pressão de 
alongamento e distensão. Dois mecanorreceptores importantes são os fusos 
musculares e os órgãos tendinosos de Golgi. A manipulação destes 
mecanoreceptores de forma correta pode gerar efeitos positivos para o treinamento. 
O tecido conjuntivo é influenciado pelo envelhecimento, pela imobilização, distúrbios 
metabólicos e deficiências nutricionais e é um dos componentes mais influentes na 
limitação da amplitude do movimento. Utilizando o conhecimento científico 
associado à prática, é possível desenvolver novos moldes hipotéticos de 
treinamentos otimizados para o aumento da flexibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
 
Contorcer-se é patrimônio cultural humano, presente na origem de diversas 
civilizações, porém, contorção não é apenas o ato de contorcer-se. Seja no circo​, ou 
em um show de variedades ou uma simples apresentação, contorção é uma 
demonstração virtuosa de alongamento e habilidade que se desenvolve em um 
palco, com o pretexto de encantar e impressionar a platéia, podendo adotar técnicas 
de diferentes áreas para o desenvolvimento de seu show. Yoga, assim como Ballet 
ou Ginástica Artística, Rítmica, etc, são práticas corporais em que se desenvolve a 
flexibilidade, fazendo dela um elemento de sua performance, porém 
desenvolvimento da flexibilidade destes artistas e atletas não faz deles, 
contorcionistas. 
 
Este texto apresentou a base da contorção, desde as suas origens até a teoria para 
o seu treinamento. Por mais que a arte da contorção seja milenar, a pesquisa e o 
estudo da arte ainda são recentes, tendo pouquíssimos estudos diretamente 
publicados sobre o assunto de contorção. 
 
A junção de todos os capítulos acima compõe material suficiente para iniciantes do 
estudo do alongamento e da contorção e o seu ensino básico na escola, como 
vivência circense. O difícil resgate histórico unifica o conhecimento de diferentes 
estudiosos e recria uma história de mais de 4 mil anos de práticas de alongamento e 
contorção. A compilação de termos busca iluminar o entendimento sobre o assunto 
para que os interessados da área possam “falar a mesma língua”. Apresentando os 
benefícios de flexibilidade, fatores que influenciam o alongamento e métodos de 
treino aceitospela literatura, o texto demonstra um molde hipotético de como 
desenvolver a flexibilidade. 
 
Para preservação dos conhecimentos e fomento da cultura circense, são 
necessárias mais pesquisas na área do circo e da contorção de forma a coletar e 
registrar a sua cultura e as suas práticas. 
 
 
 
 
29 
 
Este texto é apenas o início de um longo projeto. Com apoio de outros estudiosos do 
circo, tem-se como objetivo, elaborar mais pesquisas na área do alongamento e da 
contorção. Ainda faltam estudos quanto às peculiaridades do treino de contorção, 
diferentes tipos de treino pelo mundo, nomenclaturas de poses, movimentos e tipos 
de números, bem como registros dos mestres de contorção e contorcionistas no 
Brasil. 
 
Para muitos a contorção parece inalcançável, fruto de mutações genéticas ou obra 
do sobrenatural. De fato expor-se treinamentos intensivos, exercícios diários e poses 
não anatômicas é quase sobrenatural. Em todo caso, salvo raríssimas exceções, o 
cessar dos treinos contínuos logo nos devolve à condição de normais​. Talvez esteja 
estragando a fantasia de muitos, mas somos indivíduos comuns, capazes de 
transformar os nossos corpos quando entregues ao amor pela arte. Tornar-se um 
super-humano envolve anos de dedicação e tem por resultado, o sacrifício do estilo 
de vida convencional em prol de superar os próprios limites e apresentar ao mundo 
o impossível. 
 
Ao fechar as cortinas deste texto, já ansiamos por abri-las novamente. 
 
Assim como nos palcos, o show deve continuar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
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SUGESTÕES DE LEITURAS EXTRAS: 
 
Dedico um honesto agradecimento pelo conhecimento compartilhado de todos 
autores não citados nesta obra, que porém, foram cruciais para formação de ideias e 
desenvolvimento deste estudo. 
 
 
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