Prévia do material em texto
A partir do século XVI, os países da Europa Ocidental começaram a impor as suas formas de organização social para os demais povos da Terra, em um sistema de exploração colonial. Porém, outras transformações ocorreram também nos campos político, religioso, artístico e cultural. No campo político, tivemos o fim do Império Bizantino com a queda de Constantinopla. No campo religioso, a Reforma Protestante, simbolizada pelos líderes Martinho Lutero e João Calvino, rompeu com a autoridade do papa em todos os países europeus, autoridade mantida apenas nos países da Europa no qual a Reforma não prosperou, como nas penínsulas ibérica e itálica. Nas áreas técnicas e científicas ocorreram mudanças significativas, como no campo da navegação, o processo de manufatura e industrialização da produção, a substituição do trabalho servil pelo trabalho assalariado, a troca natural e escambo pelo comércio financeiro, a gradual migração para as cidades da população que residia no campo. Outras consequências podem ser deduzidas ainda, como a confecção das bíblias que foram utilizadas na difusão da Reforma Protestante, agora traduzidas e impressas fora dos domínios católicos. Por outro lado, logo a prensa foi utilizada na emissão de notas bancárias, cédulas, cartas de crédito, normas, leis, salvo condutos, entre outros. A forma das autoridades civis eclesiásticas lidarem com os livros também foi sendo alterada. Isto porque a difusão de conhecimento proporcionada através dos livros poderia abalar os pilares ideológicos da sociedade ocidental. Instrumentos organizacionais de censura foram desenvolvidos nas diversas monarquias. Este órgão em Portugal tivera o nome de Mesa de Consciência e Ordens, e visava impedir a publicação ou circulação de livros subversivos à ordem pública tanto no reino quanto nas colônias. A resposta da Igreja Católica diante do movimento de impressão de livros e compêndios fora de seu controle foi lançar mão de algumas estratégias de censura que visavam impedir a publicação e a circulação de livros considerados subversivos aos dogmas religiosos e à ordem pública. A Reforma Protestante foi um movimento religioso que ocorreu na Europa do século XVI. Para melhor compreendermos este evento ligado às questões da fé, devemos compreender o contexto social que possibilitou a alteração das ideias dos indivíduos em relação às suas crenças. As principais questões conjunturais ocorreram décadas anteriores. a Descoberta da América, o que possibilitou aos europeus uma nova consciência em relação a sua presença no mundo. Começando nossa narrativa pelos reformadores, Martinho Lutero foi o principal líder a iniciar o movimento. Sua principal proposição teológica está exposta no pequeno livro Da Liberdade Cristã (LUTERO, 2001). Sua principal formulação foi a denominada teologia da predestinação. Por ela Calvino afirmou que alguns cristãos foram escolhidos por Deus para a salvação, devido a Deus tudo conhecer. O movimento de reforma cristã teve um profundo impacto na história e na filosofia da educação. Isto porque a teologia da infalibilidade bíblica e do sacerdócio universal, além da ampla divulgação das sagradas escrituras gerou um impulso por alfabetização nos países europeus que aderiram à Reforma. As principais articulações da relação entre fé e educação estavam ligadas às ordens religiosas, pois foram as ordens dos agostinianos, beneditinos, franciscanos, dominicanos e jesuítas as principais divulgadoras dos ideais religiosos católicos ao redor do mundo nos séculos subsequentes ao Concílio Tridentino, os jesuítas, ordem fundada por Santo Inácio de Loyola, com grande destaque na América Portuguesa, em especial na catequização dos Indígenas. A principal cidade brasileira, São Paulo, surgiu como um colégio jesuítico fundado para catequizar os indígenas. Não apenas na América Portuguesa os Jesuítas tiveram grande destaque na educação. Também grande parte da elite dos países europeus tivera educação jesuítica Ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII surgiram novas ordens religiosas na Europa. Algumas, como reformulação de antigas ordens, como os capuchinhos, reformadores da ordem franciscana, e os agostinianos recoletos , reformadoras da Ordem de Santo Agostinho. Também é deste período a Ordem do Oratório. Religião. Pertencente, relativo ou que se refere à ordem reformada de São Francisco ou de Santo Agostinho. adjetivo, substantivo masculinoDiz-se de ou pessoa adepta dessas ordens. [Por Extensão] Diz-se de ou pessoa que se entrega ao recolhimento ou à austeridade como estilo de vida. Durante os séculos XV a XVIII, a humanidade passou por uma verdadeira revolução do conhecimento, pois, em grande parte, os principais paradigmas que o homem do Ocidente medieval se utilizava como verdades absolutas foram desmentidos. Uma visão mítica do mundo se transformou de uma visão teocêntrica em uma visão antropocêntrica. Isto é, ao invés de enxergar a presença divina em todos os campos de atuação humana, os pensadores passaram a considerar apenas a razão como forma máxima de se alcançar a verdade dos fatos. A ciência moderna se desenvolveu e consolidou ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX, tratou-se de um conhecimento obtido de forma natural, independente e desarticulado das dimensões sobrenaturais, mitológicas, mágicas e fantásticas da realidade. É quando se acentua o distanciamento entre o campo da fé, do espiritual, do religioso, do sagrado e do eterno (poder invisível) e o campo do temporal, do método, do racional, do profano e do leigo (poder visível). A ciência acabou por se tornar uma ideologia dominante – o cientificismo, uma forma de saber superior, criada pelo positivismo no século XIX. A ciência resumia-se na busca pela verdade a qualquer custo, almejava extrair todos os segredos que houvesse na natureza, e para tanto deveria proceder a uma rigorosa observação empírica, lançando mão da imaginação, dos sentimentos e das emoções quando investigava tanto os seres da natureza como os fatos e acontecimentos humanos. Alguns movimentos sociais, políticos e religiosos foram responsáveis pela valorização da educação no mundo ocidental. Entre estes, já abordamos a Reforma Protestante. Outro movimento que motivou alterações sociais e educacionais foi o Iluminismo. De maneira geral, o Iluminismo, ou século das luzes ou da ilustração, foi um movimento intelectual e cultural do século XVIII, que almejava libertar o homem das crenças mitológicas e de toda herança dogmática da época medieval. Defendia os princípios da razão crítica, do progresso, da autonomia dos indivíduos e da liberdade de pensamento. O Iluminismo não foi uma invenção da sociedade de sua época propriamente dita, sustentava-se em bases teóricas que já haviam sido defendidas ainda na Antiguidade e também na época da Renascença, porém encontrou no século XVIII o melhor momento de alcance e amplitude. Em relação às questões ligadas à educação, podemos compreender que o autor que possuiu maior destaque dentre os filósofos iluministas foi Rousseau. A finalidade da educação moderna esteve centrada na construção de sujeitos livres, autônomos e responsáveis, com plena capacidade de poder escolher racionalmente os fins adequados e de forma livre e consciente, submeter-se aos mesmos. Nas concepções modernas de educação, a busca da autonomia seria o objetivo máximo da educação, e esta deveria ser fundamentada na razão. Um dos mitos criados ao redor dos cientistas dos séculos XVI, XVII e XVIII é que eles fossem ateístas. O que podemos observar nos seus escritos e nas suas ações sociais é que possuíam profunda fé em Deus e em geral eram cristãos convictos. A que por vezes se opuseram foi contra o obscurantismo das elites eclesiásticas, universitárias e políticas, que enxergavam nas descobertas do processo de funcionamento do corpo humano ou da natureza que os circundava uma oposição ou mesmo um risco ao poder que possuíam. Estas mesmas elites eclesiásticas eram capazes de condenar diversaspessoas à pena de morte por motivos fúteis, como se apresentou em muitos autos de fé da Santa Inquisição. Muitos outros homens e mulheres foram acusados de bruxarias ou de práticas diabólicas, mas se tratavam apenas de pessoas com pensamento distinto do que os dispositivos de poder ensinavam como correto. Entre os principais conceitos defendidos pelos pensadores modernos pode-se relacionar a razão matemática, na condição de proporção e da relação das grandezas entre si; a visão científica e mecanicista do mundo. Entre as preocupaçõesdos pensadores da época moderna estava a ideia de como conhecemos as coisas, a realidade e o mundo; e, por sua vez, o limite das faculdades e sentidos humanos, que poderia ser sanado com o uso de métodos rigorosos e a razão no campo do raciocínio explicativo, que foram consolidados por meio das escolas filosóficas do empirismo e do racionalismo. A Idade Moderna foi o momento histórico de muitas transformações no que diz respeito ao cenário político, econômico, científico, intelectual e educacional. Em meio a este contexto as primeiras escolas de alfabetização e educação primária, que eram novidade no cenário educacional europeu, não passaram ilesas. As primeiras escolas, nas quais a maior parte da elite europeia se alfabetizou, contavam com preceptores, que supervisionavam, orientavam e acompanhavam as atividades escolares. As suas reflexões sobre educação são marcadas por sua perspicácia em relação ao amadurecimento dos seres humanos. Seus principais livros foram Pródomus da Pansofia, no qual propunha a organização e ampliação do acesso ao ensino como um modo de pôr fim às guerras. Em Porta aberta às línguas, propôs uma inovadora metodologia para o ensino do latim. Burg, Fronza e Silva (2013) explicam que os manuais de etiqueta, as dietas e cardápios variados e refinados representam uma novidade aos homens do Renascimento, mas a partir de então fazem parte das preocupações da vida pública e privada da sociedade ocidental até os dias atuais. Por meio das expressões, comportamentos e posturas nos momentos festivos, em meios aos baquetes e no cotidiano no interior dos palácios, as elites econômicas e políticas afirmavam-se por meio da emonstração de modos refinados, sofisticados e elegantes. Burg, Fronza e Silva (2013) explicam que foi nas confrarias duelistas, que funcionavam nos castelos e palácios da nobreza, que as regras de etiqueta e bons costumes eram aprendidas; destinavam-se especialmente aos integrantes da elites e nobres praticantes de esgrima. Além das atividades de esgrima, a montaria representava outra atividade, quem quisesse se distinguir deveria apresentar conhecimentos e demostrar habilidade. Com a implantação do Estado moderno se instaurou todo um contexto de políticas de fomento à popularização da arte e da cultura, que estas fossem de fácil assimilação, circulação e consumo, bem como democratizar os espaços de arte e cultura, museus, galerias, exposições, no sentido de aproximar o público dos artistas, os produtores dos consumidores, ou oportunizar que a arte e a cultura fossem de acesso ao maior número possível de indivíduos. Durante o século XVII, coleções de curiosidade, difundidas por toda a Europa, receberam espaços em museus, gabinetes ou câmaras de curiosidades. Um dos principais sinais do processo de laicidade da formação dos sistemas educacionais das diferentes nacionalidades foi a exclusão de intelectuais ligados diretamente a igrejas cristãs. Como afirmamos, temos a presença de intelectuais leigos, isto é, não sacerdotes, porém, muitos dos pensadores da educação nos séculos XIX e XX eram pessoas que tinham fé cristã. O fato de não serem sacerdotes possibilitou a eles uma maior liberdade, por poderem inovar em matéria educacional sem o perigo de sofrerem punições pelas hierarquias eclesiásticas das igrejas que professavam suas crenças. Podemos compreender o surgimento de intelectuais que trabalharam com temas educacionais como um indício da emergência histórica do laicismo, de uma separação radical entre as questões da fé e as questões da política. Os intelectuais a seguir citados não são gênios isolados, mas professores que souberam adequar a tarefa educacional aos desafios de suas épocas. Ao longo dos séculos XIX e XX, muitos intelectuais refletiram sobre as transformações que a sociedade estava passando. Alguns destes pensadores refletiram, sobre a importância da educação se adequar à nova sociedade que estava sendo formada após as grandes transformações simbolizadas pela Revolução Industrial e Francesa. Froebel foi um dos importantes teóricos da educação moderna. As suas ideias tiveram reflexos até o presente no que se concebe sobre as políticas educacionais do ocidente. Froebel partiu do princípio que todo o ser humano nos primeiros anos de vida é uma semente, que deve ser regada e fortificada para poder crescer e ser um bom indivíduo. Por isso, ele foi o criador dos jardins de infância, as unidades de educação infantil no qual as crianças têm a possibilidade de serem socializadas protegidas pelos adultos, sem interferências do mundo externo, que poderiam ser a elas uma má influência. Assim, o jardim de infância é uma das principais ferramentas para a construção de um futuro melhor para toda a sociedade, ao proteger as crianças das influências maléficas e possibilitar a formação de pessoas com melhor saúde, caráter e inteligência. Outro importante intelectual da educação do século XIX foi Pestalozzi, educador suíço de grande destaque entre os intelectuais da educação. Uma importância da revolução que Pestalozzi produziu na história da pedagogia foi sua insistência em afirmar que mais importante que a acumulação de conhecimentos, a educação deve ser capaz de formar indivíduos de forte caráter. O espírito é o absoluto, o complemento de todas as coisas, o ponto extremo de síntese para a qual tende toda filosofia, ciência, religião e cultura. O espírito não é transcendente em relação ao mundo, mas constitui seu complemento interno e sua essência que é a liberdade. A partir da época moderna, a ciência alcançou uma autonomia e emancipação nunca observadas em outros tempos históricos. As revelações, verdades e metáforas religiosas, ou de senso comum ou mitologias e folclores quedesfrutavam de prestígio e autoridade no interior das sociedades, passam a ser abordadas a partir do princípio da dúvida, do questionamento e das hipóteses formuladas no campo da ciência e da racionalidade. O percurso metodológico foi instaurado como o único procedimento básico para alcançar a verdade, ou seja, o caminho do laboratório, da observação, da análise, da descrição, da dedução, da comparação, da interpretação, da síntese, da antítese e da tese seria o garantidor da veracidade dos novos conhecimentos que estavam sendo produzidos. Os testes, os experimentos, tratamentos e medicamentos preventivos, simulações, supervisionamentos, monitoramento, o isolamento e o controle em laboratório, as cirurgias, as amputações, as incisões, as transfusões, as combinações, os enxertos, os hibridismos, a criação de ambientes artificiais, as induções, o uso de paliativos, isto tudo foi possível a partir da ciência moderna e possibilitou a verificação específica, profunda e restrita tanto de objetos, fatos e fenômenos. As interpretações estatísticas e demográficas foram responsáveis por servir de base de dados e desencadear ações e práticas aos estados em termos de saneamento básico, como oferecer água encanada, canalização de esgotos, controle de epidemias e doenças, construção de hospitais, laboratórios, escolas, orfanatos, asilos, cemitérios, entre outros. O desenvolvimento de ciências auxiliares para a educação foi um dos sinais que ganhou importância e prestígio social, em especial no final do século XIX e na primeira metade do século XX. Duas delas são de importância incalculável para o desenvolvimento de melhores formas de educar os jovens: a sociologia e a psicologia da educação. O termo “ciências auxiliares”,por vezes, é criticado, pois alguns autores observam que existe uma multiplicidade de temas educacionais e que somente uma abordagem interdisciplinar poderia realmente ser capaz de vencer os diferentes desafios da educação na contemporaneidade. Todavia, o que se pretende ao ainda utilizarmos o conceito “ciências auxiliares”, é observar a importância da educação como forma de estudo para diferentes áreas das ciências humanas e sociais. O surgimento da sociologia enquanto ciência ocorreu no século XIX. Augusto Comte, formulador da filosofia positivista, foi o autor da ideia de uma nova ciência de estudar a sociedade, o “sócio-logos”, que em sua origem etimológica define sua função, pois logos, no grego, quer dizer justamente conhecimento, estudo ou ciência sobre algum tema. O conhecimento positivo se caracterizou pela previsibilidade; o “ver para prever” que funcionou como lema da ciência positiva. A previsibilidade científica permitiria o desenvolvimento da técnica e, assim, o Estado corresponderia ao pleno desenvolvimento industrial, no sentido de exploração da matéria-prima (recursos naturais) e do trabalho do homem. Neste estado, Comte determinou que o poder do conhecimento passaria para os sábios e cientistas e o poder material para as indústrias e os industriais, configurando assim o desenvolvimento científico e tecnológico. No pensamento positivista de Comte, a civilização material só poderia se desenvolver se cada geração produzisse mais do que o necessário para sua sobrevivência, transmitindo assim à geração seguinte um estoque de riqueza maior do que o recebido da geração anterior. Comte foi um organizador que desejava manter a propriedade privada e transformar seu sentido, para que, embora exercida por alguns indivíduos, tivesse também uma função social (catolicismo social). O marxismo inspirou grandes pedagogos em diversos lugares no mundo. No caso específico do Brasil, podemos citar os nomes de Paulo Freire e Darcy Ribeiro, como profissionais da educação influenciados pelo ideal do denominado materialismo dialético. A principal ideia de Marx é que a história humana se transforma através da luta de classes. No tocante à educação, a ideia de que a educação escolar nos países capitalistas está a serviço do poder político-econômico foi a grande denúncia marxista em relação à área educacional (GADOTTI, s.d). Para o autor, o indivíduo na fase da infância nada mais é do que uma tábula rasa e diante disto a escola, as instituições de ensino e o sistema educacional devem atuar no sentido de preencher aquela criança de forma adequada ao convívio em sociedade de forma mais integrada e adequada possível. Estudiosos analisam estas ideias de Durkheim e o nominam de conservador, no ponto em que compreendia a escola como simplesmente uma instituição de ajuste e não de transformação da sociedade. A disciplina de sociologia da educação tem contribuído de forma significativa no sentido do reconhecimento e da importância do fazer educacional. Os estudiosos da sociologia se esforçam em fazer análises e trabalhos críticos que indicam os limites e impasses no campo educacional. Na atualidade têm-se os trabalhos do estudioso argelino Pierre Bourdieu, que se dedica a denunciar os mecanismos e modelos de ensino que tendem a tornar a escola um mero local reprodução dos conteúdos A psicologia e a psicanálise, enquanto ciências surgiram num contexto semelhante ao da sociologia, dentro os teóricos que foram responsáveis por formular o estatuto, o campo de estudos, de pesquisa e de atuação destas ciências foram Sigmund Freud e Jacques Lacan. Estes autores se preocuparam em pensar o ser humano, na dimensão de seu comportamento, atitudes, sentimentos e as estruturas psíquicas tendo como referência métodos e procedimentos científicos e não mais a moral religiosa cristã. Freud, que é considerado o pai da psicanálise foi responsável por escrever "O mal-estar da Civilização" e a "Interpretação dos sonhos". Um dos temas em que se debruçou foi a pulsão sexual, que é fundamental no sentido de compreender a construção da personalidade das pessoas. No que diz respeito à psicologia da educação, os principais teóricos que teceram teses e estudos aos temas pertinentes foram Vygotsky e Piaget. Os dois autores pesquisaram a capacidade de abstração e pensamento especulativo, primordial ao desenvolvimento humano. O Romantismo, ao se expressar, utilizou-se de metáforas que eram oriundas do campo da natureza, da poesia, do fantástico e do encantado, do folclore e do místico. Com estes recursos procurava denunciar o rigor da razão, do academicismo, do classicismo, dos regulamentos, normas, condutas, das demais regras e imposições que vinham ganhando espaço desde o Iluminismo e a Revolução Industrial. A produção capitalista, que introduziu a máquina a vapor, e a modernização dos métodos de produção desintegraram costumes e introduziram novas formas de organização da vida social: a transição da produção artesanal para a manufatureira e desta para a produção fabril; a migração do campo para a cidade; o fim da servidão; o desmantelamento da família patriarcal; a introdução do trabalho feminino e infantil. O crescimento demográfico das cidades sem a devida infraestrutura básica (cortiços, favelas, entre outros) proporcionou o aumento da prostituição, o suicídio, o alcoolismo, a violência, as epidemias etc. As manifestações de revolta dos trabalhadores foram da destruição das máquinas, sabotagem, explosão de algumas oficinas, roubos e crimes, formação de sindicatos. Nesta trajetória, produziram jornais e literatura, exercendo a crítica à sociedade capitalista e inclinando-se para o socialismo como alternativa de mudança. A tarefa dos pensadores deste período foi a de racionalizar a nova ordem, encontrando soluções para o estado de ‘desorganização’ existente, conhecendo as leis que regem os fatos sociais. Portanto, algumas profissões tradicionais existiam, como as de sapateiros, relojoeiros, carpinteiros etc. Com o incremento da produção industrial destes objetos fabricados por estes artífices citados, como sapatos, relógios e móveis para o lar, o aprendizado para o ingresso em uma indústria passa a ser realizado não em corporações, nas quais aprendizes aprendiam com mestres mais antigos no ofício, até que se especializavam e, deixando de ser aprendizes, se tornavam oficiais e posteriormente mestres A formação necessária à preparação do trabalhador da indústria solicitava a realização em escola técnica, na qual o aluno aprende as rotinas industriais, até ser capaz de atuar como técnico qualificado para determinada função, pois a mecanização da produção é uma tendência constante no capitalismo, sendo assim presente a necessidade de técnicos que cuidem das máquinas, que substituíram a tração animal ou o braço humano na confecção dos mais distintos produtos. Em geral, o ensino técnico é voltado para as camadas mais baixas da população dos diferentes países industrializados, pois muitos observam no trabalho industrial especializado uma chance de ascensão para a classe média. O ensino superior sempre representou um ponto de grande disputa entre os mais diferentes indivíduos da sociedade, por ser uma das condições pelas quais o indivíduo consegue galgar outras posições sociais. Em especial, quando os índices de abandono escolar são registrados no ensino médio, e quando o ensino médio é concluído de forma satisfatória mediante de custeio familiar. Outro fator agravante reside no fato de que os estudos universitários são oferecidos em horários como o matutino e vespertino o que inviabiliza que trabalhadores os frequentem. Diante disto, eis que o ensino superior acaba sendo uma condição acessada somente por pessoas oriundas de grupos sociais abastados. Diante da necessidade de especialização da mão de obra no interior das fábricas e indústrias, em especial nas áreas da engenharia, surgem núcleos de inovação e desenvolvimento tecnológico. O século XX foi marcado por inúmeras situaçõesque colocaram em xeque o processo de desenvolvimento que se havia alcançado, entre elas encontram-se as guerras mundiais e as péssimas condições de vida das populações em determinadas regiões do mundo. As dificuldades também alcançaram as instâncias políticas e econômicas, em que diversas crises abalaram governos e sociedades inteiras. Os modelos de política e sociedade autoritários acabaram se aproveitando do contexto de crise de determinados países de se instalar e para se manter no poder se utilizaram de estratégias que restringiam o acesso às informações, em especial alterando as formas de ensinar e censurando conteúdos de disciplinas que possuíam potencial crítico-reflexivo diante da realidade. Os modelos de política e sociedade autoritários acabaram se aproveitando do contexto de crise de determinados países de se instalar e para se manter no poder se utilizaram de estratégias que restringiam o acesso às informações, em especial alterando as formas de ensinar e censurando conteúdos de disciplinas que possuíam potencial crítico-reflexivo diante da realidade.