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Nefríte lúpica Julia Muniz 101 introdução · O lúpus é uma doença em que todos os padrões podem estar presentes na nefrite lúpica, a diferença é que o paciente tem dx de lúpus eritematoso sistêmico · Atenção o QC do paciente será determinado pelas lesões renais que ele apresenta, lembrando que: · Lesões proliferativas estão associadas a Sd nefrítica · Alterações na membrana de filtração glomerular estão associadas a sd. nedrófica ou proteinúria na faixa nefrótica lúpus · Definição de LES: Doença auto-imune sistêmica cuja etiologia é desconhecida e a patogênese ainda não é completamente compreendida. Mas sabe-se que ocorre formação de auto-anticorpos contra antígenos nucleares, principalmente, que formam IC e se depositam em múltiplos órgãos, como rins, articulações, SNC, membranas serosas e pele, causando lesões pela ativação da reação inflamatória · 50% dos pacientes com LES desenvolvem Nefrite lúpica A teoria mais aceita para a patogênese do LES é que a apoptose desregulada e a inadequada remoção de restos celulares, principalmente nucleares podem contribuir para autoimunidade em função da exposição prolongada do sistema imune a componentes do núcleo e da membrana celular · Um dos critérios dx de LES é: Anti-DNA +, quadro clínico renal, e Bx renal apresentando características morfológicas da NL PatogÊnese da nefrite lúpica · Ocorre pela deposição de IC no glomérulo, os quais podem ser formados: · O depósito de IC pode ser mesangial, subendotelial e subepitelial, sendo que o local de deposição de IC esta diretamente relacionado com o tipo de padrão morfológico que vai se desenvolver. A definição de qual será o local de depósito do IC esta relacionado as características do AC e antígeno, sendo que: · Grandes complexos imunes estáveis ou antígenos aniônicos: Se depositam no mesângio e espaço subendotelial, já que não são capazes de ultrapassar a MBG(carga negativa) · Pequenos complexos imunes instáveis ou antígenos catiônios: Se depositam na região subepitelial · A partir da deposição dos IC ocorrerá: · · Devido a presença de necrose dos vasos capilares pode haver formação das rescentes celulares e desenvolvimento de um quadro clínico de GNRP padrões morfológicos da nefrite lúpica · A nefrite lúpica pode ter diferentes tipos de lesões glomerulares presentes e a realização da bx renal tem como objetivo: · Determinar a classe da nefrite lúpica · Predizer resposta ao tratamento e, a partir disso, dar um prognóstico para a lesão renal. Esse prognóstico tem relação com a atividade da lesão, já que as lesões ativas, tem melhor resposta ao tratamento e as lesões crônicas, tem pouca resposta ao tratamento (atividade inflamatória e grau de cronicidade) · Complicações as bx: sangramento, infecções locais, fistulas... · A definição do que é uma lesão em atividade e uma lesão crônica no laudo anatomopatológico é avaliado pela presença de determinadas alterações · Para cada lesão é dada uma pontuação de no máximo 3 (leve, moderado e acentuado), sendo assim no laudo anátomo-patológico vira uma pontuação de no máximo 24 para atividade e no máximo 12 para cronicidade Não precisa saber graduar, mas precisa saber quais são as lesões que indicam atividade e cronicidade · A bx renal sozinha não da dx de NL, ele só consegue indicar qual padrão morfológico da lesão renal classe 1 · Também chamada de NL mesangial mínima · QC: Paciente com EAS normal, ou apresentando hematúria muito discreta, proteinúria ausente ou mínina e creatinina normal · Normalmente não é dx pois não é feita bx renal nesse estágio · MO: Glomérulo normal · Glomérulo normal (PAS): · Células mesangiais (2 setas) sem proliferação · Podócito(1 seta) sem proliferação · Membrana basal tubulo(cabeça de seta) sem espessamento ou enrugamento(atrofia tubular) · Intersticio tubular sem fibrose (túbulos um grudado no outro) · · IMF: Depósitos imunes granulares mesangiais classe 2 · Também chamada de NL proliferativa mesangial · Paciente com proteinúria discreta a moderada · Patogênese: IC são depositados no mesângio pois são estáveis e de tamanho intermediário, sendo removidos da luz capilar e degradados no mesângio. Esse depósito estimula produção de fatores de crescimento que levarão a proliferação mesangial, entretanto, não há ativação de RI. · MO: Proliferação mesangial e de matriz mesangial com distribuição difusa · Coloração com prata mostrando proliferação mesangial e aumento mínimo da matriz mesangial Coloração PAS mostrando áreas de proliferação mesangial · IMF: Depósito granular de IC no mesângio · ME: Depósitos eletrodensos no mesangio · classe 3 · A sua principal característica é a presença de lesões focais, por isso é chamado de nefrite lúpica focal, pois acomete menos de 50% dos glomérulos · Quadro clínico: Hematúria, proteinúria moderada a acentuada e diminuição da função renal · Patogênese: Depósitos de IC mesangiais e subendoteliais e ativação de RI · MO: As lesões glomerulares podem ser segmentares ou globais e proliferativas (atividade) ou esclerosantes(crônicas) · Tem que treinar o olho e a atenção, se eu vejo um glomérulo com lesões proliferativas mesangiais e esclerose segmentar e no caso clínico ela me fala que estava acometendo poucos glomérulos, provavelmente, esse paciente tem NL classe III · Como reconhecer que é uma NL classe III? Paciente com LES apresentando QUALQUER TIPO DE LESÃO GLOMERULAR de forma FOCAL · Existem também subclasses da doença de classe III que são determinadas pela atividade inflamatória (ou cronicidade) das lesões: · Classe III (A), que é a doença de classe III com lesões ativas. Isso também é chamado de nefrite lúpica proliferativa focal. · Classe III (A / C), associada a lesões ativas e crônicas. Isto é referido como nefrite lúpica proliferativa e esclerosante focal · Classe III (C), na qual lesões inativas crônicas com cicatrização são observadas. Isso também é chamado de nefrite lúpica esclerosante focal · Classificada em global (G>50% do tufo capilar), segmentar (S <50% do tufo capilar), aguda (A), crônica (C) ou ambas (A/C) classe 4 · A sua principal característica é a presença de lesões difusas, por isso é chamado de Nefrite lúpica difusa, pois mais de 50% dos glomérulos estão afetados · É o padrão histológico mais comum e a NL mais grave · Quadro clínico: Sd. nefrótico-nefrítica, hipocomplementemia, anti DNA + · Patogênese: Depósitos de IC mesangiais e subendoteliais e ativação de RI · Como a ativação da RI pode dar necrose dos capilares e saída de fibrina para o espaço urinário, essa é a classe que tem maior chance de desenvolvimento de crescente celular e GNRP · MO: Assim como na anterior as lesões podem ser segmentares e focais e indicativas de atividade ou cronicidade · Parece com a glomerulonefrite membrano-proliferativa · Micro: · Hipercelularidade mesangial e endotelial · Lesão em alça de arame: Deposito de IC na região subendotelial que na coloração com HE fica como depósito eosinofílico · Presença de corpos hematoxifilicos (apoptose) · Espessamento da MBG · Infiltrado inflamatório de neutrófilos · · Coloração HE, para mostrar as lesões em alças de arame(seta) · · IMF: Depósitos granulares do tipo ‘’full-house’’(depósitos de IgA, IgG, IgM, C3, C1q) · Depósito de C1q, apesar de não ser patognomônico é muito sugestivo de NL · ME: Depósitos eletro-densos subendoteliais e mesangiais · Como reconhecer NL classe IV? Paciente com LES, apresentando sd nefrítica-nefrótica e bx renal mostrando padrão membrano-proliferativo difuso, com presença de lesões em alça de arame · Existem também subclasses de doença de classe IV que são determinadas pelo envolvimento dos glomérulos segmentar (S) ou globalmente (G) e pela atividade inflamatória (ou cronicidade) das lesões: · Classe IV-S (A), que é classe IV-S com lesões ativas. Isso também é chamado de nefrite proliferativa segmentar difusa · Classe IV-G (A), classe IV-G associada a lesões ativas. Isto também é referido como nefrite proliferativa global difusa · Classe IV-S (A / C), que está associada a lesões ativas e crônicas. Issotambém é chamado de nefrite proliferativa segmentar difusa e esclerosante · Classe IV-G (A / C), classe IV-G, com lesões ativas e crônicas. Isso também é chamado de nefrite proliferativa global proliferativa e esclerosante · Classe IV-S (C), que está associada a lesões inativas crônicas com cicatrizes. Isto também é referido como nefrite lúpica esclerosante segmentar difusa · Classe IV-G (C), classe IV-G, com lesões inativas crônicas com cicatrizes. Isso também é chamado de nefrite lúpica esclerosante global difusa classe 5 · Igual a glomérulo nefrite membranosa, por isso é chamada de NL membranosa · Quadro clínico: Sd. nefrótica com manutenção da função renal · Patogênese: Depósito de IC subepiteliais e ativação da RI · MO: HE e PAS Espessamento difuso da MBG; Tricrômio de Masson e prataPresença de SPIKES · · IMF: Depósitos granulares de IC subepiteliais · ME: Depósitos eletrodensos subepiteliais · Como reconhecer NL classe V? Paciente com LES, apresentando sd nefrótica e bx renal mostrando padrão membranoso classe 6 · Pacientes com IRC · MO: Esclerose global de mais de 90% dos glomérulos, não havendo glomerulonefrite ativa · Uma característica interessante da LES nos rins é que ela pode ter depósitos imunes extraglomerulares, como nas membranas basais tubulares, interstício e vasos sanguíneos (vasculite secundário ao LES) · Outras lesões renais que podem estar presentes na NL: Necrose de alça e fibrose intersticial e atrofia tubular
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