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ADOÇÃO POR CASAIS HOMOAFETIVOS

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ADOÇÃO POR CASAIS HOMOAFETIVOS 
Ofir Silva [footnoteRef:1] [1: ofirjsilva@hotmail.com. Acadêmico 1° período da Faculdade de Direito do Instituto Machadense de Ensino Superior (IMES), mantido pela Fundação Machadense de Comunicação (FUMESC)- Machado - MG. ] 
Eliana Mara Manso[footnoteRef:2] [2: elianamanso@fumesc.com.br. Titular da cadeira de Metodologia da Faculdade de Direito do IMES/FUMESC – Machado – MG.] 
RESUMO – Esse trabalho busca uma melhor compreensão do instituto da adoção por casais do mesmo sexo, observando o histórico do instituto adoção para que assim compreenda-se o que se vive hoje em matéria do tema. muitos são os empecilhos apresentados para adoção por casais do mesmo sexo. A adoção tem se tornando cada vez mais frequente, e como pertencente ao direito de família que passou e passa por profundas alterações em seu conceito, bem como as adaptações necessárias. O novo conceito de família após a decisão do Supremo Tribunal Federal que veio reconhecer a união estável entre casais homossexuais trouxe equiparação de família a aqueles que constituem união homo afetiva, sendo assim, igualando para todos os efeitos jurídicos os institutos. E como a família convencional tem direito a adoção não há como esse direito ser negado as famílias formadas por casais homossexuais.
Palavras-chave: Casais do mesmo sexo. Família. Direito. 
INTRODUÇÃO
O Presente trabalho pretende analisar um dos temas mais intrigantes do direito, o qual a adoção. Esse instituto e um dos mais antigos do direito com origem no direito de família.
Sob a perspectiva social, a adoção traz inúmeras discussões, sendo, não muito raro esse tema ser debatido em programas televisivos entre outros. Recentemente uma decisão inovadora do Supremo Tribunal Federal trouxe em tela, a discussão da família formada com base em uma união homo afetiva. 
Nessa decisão a corte superior decidiu por unanimidade que casais do mesmo sexo poderiam ter reconhecimento de união estável. Ainda sob essa óptica analisa-se adoção com novos conceitos observando sempre o que diz nossa legislação, em especial, legislação civil e constitucional.
Esse trabalho busca uma melhor compreensão do instituto da adoção por casais do mesmo sexo, observando o histórico do instituto adoção para que assim compreenda-se o que se vive hoje em matéria do tema. 
A justificativa da escolha do tema, por ser um assunto bastante polêmico, não apenas para a sociedade, mas também no âmbito acadêmico, pois apesar de se aceitar na atualidade a união de pessoas do mesmo sexo, ainda o assunto é envolto por preconceitos e discriminações.
Assim, muitos são os empecilhos apresentados para adoção por casais do mesmo sexo.
A adoção tem se tornando cada vez mais frequente, e como pertencente ao direito de família que passou e passa por profundas alterações em seu conceito, bem como as adaptações necessárias.
O novo conceito de família após a decisão do Supremo Tribunal Federal que veio reconhecer a união estável entre casais homossexuais trouxe equiparação de família a aqueles que constituem união homo afetiva, sendo assim, igualando para todos os efeitos jurídicos os institutos. E como a família convencional tem direito a adoção não há como esse direito ser negado as famílias formadas por casais homossexuais. 
Neste trabalho a metodologia aplicada foi baseada em materiais como páginas onlines, jurisprudências, matérias bibliográficos, dentre outros até que fosse possível alcançar os objetivos propostos. 
A pesquisa desenvolvida foi a bibliográfica e a maneira de abordagem do problema foi a qualitativa.
1 DA ADOÇÃO 
1.1 Definição e apresentação jurídica 
A adoção segundo Gonçalves (2009: 341) “é o ato jurídico solene pelo qual alguém recebe em sua família, na qualidade de filho, pessoa estranha.” Assim por essa definição doutrinaria aponta-se também não só aos pais receber os filhos como também os irmãos já existentes, pois a adoção é feita por toda a família.
O vínculo paterno depois da constituição de 1988 segundo Azevedo, Villela, Amorim, Fonseca, Garcez, Barros (2012: 57) é assim definido: Com a igualdade de filiação instituída pela Constituição Federal de 1988, foi garantido também o direito a paternidade real, seja ela biológica ou sócio-afetiva. 
Com essas aspirações após a criação da carta magna de 1988 o legislador criou o estatuto da criança e adolescente lei nº8069/90 que trata da adoção a partir do artigo 39 que tem a seguinte redação:
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
 § 1o  A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei
§ 2o  É vedada a adoção por procuração.
Assim, com a instituição do estatuto da criança e adolescente (ECA) o código civil teve uma participação subsidiária ao tema, sendo, portanto, tal estatuto a legislação mais moderna no direito pátrio referente à adoção.
1.2 Conceito e natureza jurídica 
Adoção e acolhimento de pessoa estranha com filho legítimo com iguais direitos e obrigações aos filhos consanguíneos.
A adoção atribui situação de filho ao adotado, de modo que o desliga de qualquer vínculo com os pais e parentes consanguíneos, salvo os impedimentos para o casamento como dispõe: o art. 41 do Estatuto da Criança e Adolescente. Assim a morte do adotante não restaura o poder familiar do pai natural, devendo o adotado ser posto em tutela, como dispõe o art. 49 do Estatuto.
O moderno estatuto traz a confirmação de princípios constitucionais referentes à pessoa humana trazendo a segurança jurídica ao adotado.
Gonçalves (2009) dispõe ainda o conceito de adoção que adoção e ato jurídico e solene que alguém recebe pessoa estranha ao seu vínculo sanguíneo como se filho fosse sendo certo que tem os mesmo direitos dos filhos biológicos.
Destaca-se ainda que com o advento da Constituição da República no ano de 1988 (CF/88) e posteriormente com a instituição do Código Civil e também o Estatuto da Criança e Adolescente, pois se fim ao caráter contratualista que era atribuído a esse instituto anteriormente.
1.3 Evolução histórica
Para a compreensão do tema adoção e importantíssimo a compreensão do instituto família e sua evolução histórica, as referencias sobre família, apontadas acima faz um caminho como um prima para chegar ao estudo do tema desse trabalho.
Após a as concepções históricas sobre o direito de família esse estudo traz as acepções históricas do instituto que essa pesquisa desenvolve-se. Segundo 
Instituto da adoção é conhecido e usado desde os tempos antigos. Como importante referência à origem do instituto da adoção, destaca-se o Código de Hamurabi, que traz o nome do rei da Babilônia, Hamurabi (1750-1685a.C). Tal Código teve importante relevância na história da humanidade, pois é considerado a primeira codificação jurídica de que se tem notícia. O Código de Hamurabi trazia uma visão da sociedade da época; as classes sociais existentes, as profissões, a situação da mulher na sociedade e os crimes que eram cometidos. Apresentava 282 dispositivos, dentre os quais nove referiam-se à adoção (185 a 193), como o exemplo expresso no artigo 185: “Se alguém toma em adoção uma criança ou a educa, esta não pode ser reclamada.” Outro marco importante no que tange ao surgimento da adoção diz respeito à Bíblia, que traz indicações da existência da adoção entre os hebreus. Nesse contexto, temos a passagem da Bíblia, em Gênesis (XVI, 1 e 2; XXX,1e 3) onde a mulher estéril poderia adotar os filhos da serva que ela havia conduzido ao tálamo de seu marido. Ainda, com relação à Bíblia, tem-se a história de Moisés que, encontrado em um cesto às margens do Rio Nilo, foi adotado por Termulus, filha do Faraó. Na França, a adoção surgiu como uma instituição de caridade; era favorável aos menores abandonados que não tinham oportunidade de conviver em uma relação familiar, desprovidos do vínculo pai – mãe – filho .Mas, foi em Romaque a adoção mais se desenvolveu da forma como é utilizada até os tempos atuais. A evolução do instituto da adoção ocorreu pela necessidade da perpetuação do culto doméstico e para dar continuidade à família, principalmente àquelas nas quais, por um motivo, ou outro, era impossível a concepção biológica de uma criança.Com relação ao culto doméstico, segundo escreve Aulo Gério (1999, p. 67),em “Noites Atiças”: “o morto em sua tumba, tinha um relacionamento com seus parentes vivos”. O morto passa a ser um deus familiar que, ao vivo, competia cultuar; era o culto dos antepassados e ancestrais (SILVA JUNIOR, 2006).
No direito brasileiro a evolução do instituto da adoção no Brasil e essencial para a compreensão da adoção por casais homossexuais.
Segundo Prado (2006) a adoção teve a seguinte evolução histórica:
A adoção foi inserida no direito brasileiro com as características presentes no direito português, devido ao fato das Ordenações do Reino continuar a vigorar no Brasil, mesmo após a sua independência, até a entrada em vigor do Primeiro Código Civil, em 1917.
A primeira lei concernente à adoção foi datada de 22.09.1828, que transferida Mesa do Desembargo do Paço para os juízes de primeira instância, a competência para a expedição da “carta de perfilhamento.” Foi o Código Civil, instituído pela Lei 3.071, de 01.01.1916, que sistematizou o instituto da adoção em sua Parte Especial, livro I (Direito de Família), Capítulo V, emdez artigos (arts. 368 à 378).
Estabelecia o artigo 368 do Código Civil de1916 que somente os maiores de 50 anos, sem prole legítima ou legitimada, poderiam usufruir do instituto da adoção. As exigências feitas pelo legislador notoriamente desestimulavam a prática da adoção, eis que os maiores de 50 anos, geralmente não mais se interessavam pela adoção de crianças, pois não tinham tempo, nem paciência para assumirem os deveres de pais .Ainda em análise ao Código Civil de 1916, dá-se ênfase ao artigo 1.605, que discriminava o filho adotivo na questão sucessória, fato que demonstrava claramente desigualdade jurídica entre os filhos adotivos e os naturais. O surgimento da Lei 3.133, de 08 de maio de 1957, trouxe importantes alterações às regras do Código Civil de 1916, modificando a redação dos artigos386, 369, 372, 374, 377; dentre eles, no que tange ao instituto da adoção, que passou a ter caráter assistencialista. Também a intenção do legislador passou a ser um incentivo à pratica da adoção, como por exemplo, a idade mínima para adotar, de cinquenta anos foi diminuída para trinta anos. A diferença etária entre adotante e adotado passou a ser de dezesseis anos de idade e não mais de dezoito anos, como no Código anterior. Importante modificação inserida pela Lei 3.133/57 foi o fato de se exigir, explicitamente, o consentimento do adotado e, no caso de incapaz ou nascituro, de seu representante legal. Posteriormente, surgiu a Lei 4.665, de 02 de junho de 1965, criando-se a denominada “legitimação adotiva”, a qual só poderia ser definida quando o menor até sete anos de idade fosse abandonado, ou órfão não reclamado por qualquer parente por mais de um ano, ou, ainda, cujos pais tivessem sido destituídos do pátrio poder, e também na hipótese de filho natural, reconhecido apenas pela mãe, impossibilidade prover a sua criação. Após a idade de sete anos, permitia-se a legitimação adotiva, se comprovada guarda anterior à época que o menor tivesse completado essa idade. Tal Lei estabeleceu a irrevogabilidade da legitimação adotiva.
Ressalta-se que o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n. 8.609/90, sofreu inspiração do artigo 227 da Lei Maior (CF/88), que objetiva a proteção integral do menor de forma geral, e não especificamente daqueles que se encontravam em situação irregular.
No ECA a idade para que se possa adotar um menor é vinte e um ano, contudo, para que seja aceita a adoção o adotante deverá ter uma diferença de idade de dezesseis anos do adotado. Imprescindível destacar que a idade máxima para ser adotado é dezoito anos.
Nota-se que por sofre inspiração da CF/88, o ECA fez a inserção de direitos e deveres no seu arcabouço, colocando os adotados em pé de igualde com os filhos naturais, pregoando o princípio da igualdade jurídica entre os filhos, conforme previsão do artigo 227, § 6° da CF/88.
O ECA dispôs acerca do direito da criança à convivência familiar e sua inserção na família que vai adotar o menor.
O diploma civil, Lei n. 10.406/2002, trouxe em seu conteúdo a alteração no que tange a maioridade , nos termos do seu artigo 5°.
Assim sendo, alterou-se também a idade mínima para o adotante, ficando a mesma fixada em dezoito anos. Desta forma, a idade mínima antes traçada fica alterada, por conta da revogação do dispositivo. Porém não se modificou os critérios para adoção, discorrido pelo ECA.
2 ADOÇÃO HOMOAFETIVA 
2.1 Igualdade no direito de família
O capítulo anterior apresentou um aspecto histórico do instituto da família e da adoção.
Esse novo capítulo faz-se a abordagem do tema principal deste trabalho, adoção por casais do mesmo sexo, ou seja, adoção por casais homossexual.
Importante destacar que no Brasil, adoção por casais tradicionais, ”casados”, ou por casais etéreos em regime de união estável ou ainda por pessoas solteiras foi permitido na vigência do ainda código civil de 1916.
A dificuldade do reconhecimento da adoção entre casais formados pelo mesmo sexo está na base conservadora e inflexível de nossa sociedade.
Com advento da Constituição brasileira de 1988, essa sociedade conservadora e inflexível mostrou estar ultrapassada pelos rumos tomados por nossos congressistas constituintes, que no poder constituinte atribuído pelo povo aos parlamentares, espelharam-se em princípios constitucionais cada vez mais distantes de uma família onde existe um poder pátrio poder soberano, ampliando assim horizontes para a construção de novos conceitos familiares (MORAES, 2009, p. 114).
Em sua obra Wilson Donizetti Liberati (2012, p. 58) transcreve que:
Vale lembrar que o Código Civil no repete, no art. 1622 as disposições constantes do § 5 do art. 226 da CF, § 1º do art. 41 e § 2º do art.42 do ECA, referente à adoção conjunta deferida a um homem e uma mulher. Diz o art.1622”niguém pode ser adotado por duas ou mais pessoas, salvo se forem marido e mulher “A discussão que se faz nesse caso, e a possibilidade ou não de adoção por casais homossexuais . Tem-se como certo que a família recebeu nova identificação a partir da leitura do § 4º do art.226 da CF.
A dificuldade reside, no entanto, nos posicionamentos morais costumeiros de nossa sociedade, que recém-saída de um sistema patriarcal, vê-se cercada de constantes inovações nas relações afetivas, como é o caso da relações homossexuais.
Vê-se pela citação acima que o tema ainda desperta desconfiança por aqueles que matem como costume e tradição regras de uma sociedade patriarcal. Essa sociedade patriarca ficou minorizada no Brasil com o artigo 5º da constituição brasileira já tratado anteriormente.
Neste contesto, merece destaque a igualdade de todas perante a lei sem distinção de qualquer natureza. Esse texto por sua vez inclui também a igualdade entre pessoas que relacionam afetivamente com o mesmo sexo.
Para Liberati (2012, p 58): “Deve-se, entretanto recorrer ao princípio de igualdades de direitos consagrado na lei maior para concordar com a adoção de homossexuais em conjunto”.
Com reforço a queda da sociedade patriarcal destaque a obras de Maria Helena Diniz:
Princípio da igualdade dos cônjuges e dos companheiros, no que atina a seus direitos e deveres, que revolucionou o governo da família organizada sobre a base patriarcal. Com esse princípio desaparece o poder marital, e a autocracia do chefe da família é substituída por um sistemas em que as decisões devem ser tomadas de comum acordo entre convinientes ou entre marido e mulher, pois os tempos atuais requerem que a mulher e marido tenham os mesmos direitos e deveres referentes à sociedade convivencial ou conjugal.
2.2 Adoção por casaishomossexuais
A legislação brasileira permite a adoção por pessoas solteira, observa-se assim o artigo 42 do ECA: “Podem adotar os maiores de 18 anos independente do estado civil”. (DINIZ, 2011, p.60 )
Esse dispositivo, portanto, permite na prática que pessoas que vivem em união homossexual de fato adotem criança, pois apenas um dos companheiros adota legalmente a criança. O exemplo está o caso citado acima neste trabalhado onde Lídia Guterres e Luciana Reis Maidana adotaram na prática duas crianças.
Neste caso exposição apenas Luciana tinha o poder familiar sobre as crianças sob o aspecto jurídico, mas na prática ambas as companheiras eram responsáveis pela educação das crianças.
Segundo Gonçalves (2010, p. 117) a família e a base nuclear de uma sociedade. Nestes termos pouco importa a relação jurídica família mas sim os aspecto sociológico prático, o que importar uma proibição jurídica de adoção por casais homossexuais conjuntamente se na prática isso não torna-se real.
Seguindo o raciocínio do melhor interesse da criança, há de observar-se que, quando uma criança e adotada por um pessoa solteira avulsamente, e esta pessoa solteira juridicamente viva de fato uma união homossexual esse principio estaria em contradição, pois, de fato essa criança tem “dois pais ou duas mães” mas não tem o proteção legal como se fosse pois essa criança não teria direitos sucessórios, alimentares entre outras direitos civil daquela pessoa que a educou por muito anos justamente por não ter uma relação jurídica reconhecida.
O STF julgou no dia 05 de maio de 2011 a ação direta de constitucionalidade nº 4.277-DF conjuntamente com Arguição de descumprimento de preceito fundamental nº 132-RG.
Essa data foi marcada historicamente na vida de pessoas homossexuais, pois por unanimidade os onze ministros do Supremo Tribunal Federal reconheceram o direito jurídico dessas pessoas se constituírem em união estável na forma do artigo 1.723 do Código Civil Brasileiro, além de proibiram a discriminação sexual de qualquer natureza.
Observa-se a decisão abaixo: 
1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF).
PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO. Encampação dos fundamentos da ADPF nº 132-RJ pela ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir "interpretação conforme à Constituição" ao art. 1.723 do Código Civil. Atendimento das condições da ação.
2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em sentido contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz do inciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de "promover o bem de todos". Silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos como saque da kelseniana "norma geral negativa", segundo a qual "o que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido". Reconhecimento do direito à preferência sexual como direta emanação do princípio da "dignidade da pessoa humana": direito a auto-estima no mais elevado ponto da consciência do indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo da proibição
do preconceito para a proclamação do direito à liberdade sexual. O concreto uso da sexualidade faz parte da autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos da intimidade e da privacidade constitucionalmente tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula pétrea.
Com esse contexto reconhecendo o Supremo Tribunal Federal o Direito de pessoas do mesmo sexo terem o reconhecimento de união estável que é um instituto comparado a familiar, fica mais que evidente a possibilidade jurídica de adoção por casais homossexuais conjuntamente .
2.3 Da possibilidade jurídica 
O livro a possibilidade jurídica de adoção por casais homossexuais traz em uns dos seus capítulos um que merece destaque.
Proteção jurídica do afeto a livre orientação sexual como direito fundamental 
As atuais discussões e concepções jurídico-doutrinárias sobre constitucionalismo e direitos humanos encontram-se no pluralismo traços relevantes do estado democrático, sintonizando com princípio do respeito à dignidade da pessoa humana-um dos seus eixos de sustentação. Sem duvida,
 
A grande novidade do paradigma do Estado Democrático de direito é justamente a noção do pluralismo a qual tem por pressuposto a admissão, de respeito e proteção, projetos de vida distintos daqueles considerados como padrão pela maioria da sociedade. È pois, uma proposta superar uma visão de mundo etnocêntrica, ao reconhecer o direito a projetos da vida alternativos(SOUZA, 2003, p. 96).
Os bens ou traços subjetivos, considerados fundamentais à existência das pessoas, por isso, foram inseridos no sistema de proteção internacional- na declaração universal dos direitos humanos, em 1948 e nas constituições democráticas – a exemplo da lei Magna Brasileira de 1988.Entre tais bens, pode-se mencionar a vida, a liberdade, as integridades física e psíquica, as orientações políticas, religiosas e afetivo-sexuais. No que concerne a estas últimas (as variantes do desejo em especial), por se referirem a manifestações dos foros íntimos (afetivo, psíquico, emocional), observa-se a proibição legal à discriminação ou a tratamento preconceituoso, que pode se verificar, nos ordenamentos, de modo explicito (através da expressão “orientação sexual” prevista, por exemplo, na seção 8, n.2 da constituição da África do Sul pós-apartheid de 1996, a primeira a consagrar claramente , proteção ao direito ao livre direcionamento afetivo) ou de forma implícita, como se interpreta a vedação do tratamento diferenciado com base no “sexo” das pessoas e a proibição a qualquer forma de discriminação segundo a Constituição Brasileira de 1988, em seu art. 3, inc.IV.
	Afirmando nesse sentido a igualdade, como “o signo fundamental da democracia” o professor Silva (2000,p.214) ratifica que a lei Maior Brasileira tutela o livre exercício da sexualidade, sem discriminação de orientação sexual, reconhecendo(...) não apenas a igualdade, mas igualmente, a liberdade de pessoas de ambos os sexos adotarem a orientação sexual, que quiserem. 
CONCLUSÃO
Com o passar dos anos a sociedade patriarca foi perdendo força com isso alguns reflexos jurídicos começaram a aparecer do mundo social.
Com o advento a constituição de 1988 que trouxe um ideal humanístico, baseado em princípios como da igualdade, liberdade, fraternidade, dignidade da pessoa humana entre outros explícitos e implícitos a sociedade patriarcal perdeu sua força jurídica, mas, ainda não sua força sociológica.
A carta republicana 1988 repleta de valores humanos trouxe uma concepção jurídica para a sociedade que fizesse com que houvesse uma reflexão do homem quanto homem. E numa tentativa infinita de acabar com preconceitos de todas as formas de forma a coibir qualquer natureza discriminatória de homem para homem, mas principalmente do estado para como o homem.
Diante desta nova visão pós-ditadura o estado brasileiro viu-se pela primeira vez em um estado, neoliberal de fato, onde o estado deve intervir minimamente na construção do homem e a família tornou-se uma instituição cada vez mais independente.
A importância deste instituto vez com que o povo através de seu poder constituinte atribuísse à nova constituiçãoum capítulo destinado à família, capitulo esse como dito anteriormente repleto de valores humanos constitucionais.
Esse Capitulo, Constitucional revoga todos os pontos discriminatórios do código civil de 1916, pois como sabe-se uma constituição tem hierarquia sobre normas que a contrariem no que refere-se a restrição de direitos.
Em 1990 o Estatuto da Criança e Adolesce passou a tratar do assunto adoção refletindo nele sempre o principio do melhor interesse da criança, principio esse não originário da eca mais sim do ordenamento constitucional de forma implícita.
Já em 2002 foi criado o atual código civil, totalmente modelo aos termos da constituição, a família foi tratada juridicamente não como a propriedade de um senhor mais com direitos e deveres iguais entre os cônjuges, também pudera, pois o que é o Direito? se não para o social, há anos a criação desse instituto a família perdeu sem caráter convencional de pai, mãe, e filhos. Há anos existem famílias que são formadas somente por pai filhos, mãe e filhos, em outras ocasiões avós e netos.
A sociedade nas ultimas décadas mudou muito, e muito rápido o que fez com o legislador ficasse atrasado frente a essas evoluções e especial no que diz respeito a normas infraconstitucionais, pois as normas constitucionais foram feitas com égides tão brilhantes que dão margem para interpretações sociais futuras além daqueles explicitas em um documento formal.
Com relação ao tema deste trabalho a possibilidade jurídica de adoção por casais homossexuais a constituição a legislação brasileira é omissa até por data vênia ser um assunto espinho para o legislador. adentrar nesse tema, pois no Brasil existe um grade números de eleitores conservadores e uma participação muito grande de políticos ligados a movimentos religiosos, que em bom número são contra esse tipo de adoção.
E de se destacar que o estado federal é interligado pelo sistema de freios e contrapesos que permitem a atuação de cada poder além de suas funções típicas e nesse caso em espécie cabe ao judiciário esclarecer tal questão. E de se destacar que não um texto legal que proíba a adoção por casais homossexuais e nem poderia, pois caso houvesse estará afrontando o principio da igualdade e da dignidade da pessoa humana em todo a sua essência.
Em destarte há isso o tribunal de justiça do Rio Grande do Sul no ano de 2005 concedeu direito há um casal homossexual de adotarem conjuntamente duas crianças. Esse decisão foi alvo de recurso do ministério publico estadual que propôs o recurso perante ao superior tribunal de justiça que foi negado provimento sedo portanto, determinado pela primeira vez no Brasil que um casal homossexual tivesse direto de adotarem crianças.
Já no ano de 2011 o Supremo Tribunal Federal reconheceu a validade do artigo 1723 do código civil com relação a casais homo afetivo, dando assim equiparação de família para aqueles que vivem em união estável sob tais condições.
Portanto sob a luz jurídica confirmada pela maior corte suprema do pais o principio da igualdade e dignidade da pessoa humana prevaleceram
A partir dessa óptica jurídica destaca-se que no estado jurídico brasileiro e perfeitamente possível a adoção conjunta por casais do mesmo sexo.
Observando esse tema por uma visão constitucional que o prisma das normas jurídicas conclui-se que nesse estado democrático de direito vigora os princípios constitucionais, sendo que estes tem suas forças além das normas escritas, mas sim, se transcendendo a mais que isso tendo como certo que esses princípios vigoram não em apenas nas paginas constitucionais mais e principalmente estão enraizados na sociedade e implícitos dentro desse estado e automaticamente dentro do povo, por que o povo e elemento constitutivo do estado.
	Em seu voto citado nesse trabalho reconhecendo à união estável homoafetiva a ministra Carmem Lucia destaca que a constituição deverá ser interpretada por um conjunto harmônico de normas no qual, se põe uma finalidade voltada a concretização de valores nela adotada com princípios.
Portanto diante desse trabalha resta a conclusão que a pessoa humana citada na constituição tem seus direitos acima de suas escolhas ou orientação sexual e que por isso deve ser respeitado o direto de adoção por casais homossexuais, visto que nosso sistema vigora o principio da liberdade, e ainda como objetivo fundamental de nossa constituição o repudio de qualquer forma discriminatória.
REFERÊNCIAS
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______. Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Lei 8069 de 13 de julho de 1990 Vade Mecum 13. ed. São Paulo Saraiva 2012.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 10 . ed. São Paulo Saraiva 2010.
GALIA, Rodrigo. A família e o afeto. Direito Net. Maio 2003. Direito Net. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1080/A-Familia-e-o-Afeto> Acesso em 22 mar. 2013.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 6. ed. São Paulo Saraiva, 2009. 
LIBERATI, Donizeti Wilson, Direito da criança e adolescente. 2. ed. São Paulo Rideel, 2012.
LÔBO, Paulo. Família. São Paulo: Saraiva, 2008.
MENDES, Gilmar Ferreira Mendes. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo Saraiva 2009.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Boletim do IBDFAM, Belo Horizonte, jul./ago. 2005.
PRADO, Rodrigues Maria. O Processo de Adoção No Brasil. Presidente Prudente,2006. Scribd. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/57941943/3/Origem-da-Adocao acessado em 15 maio de 2013
SILVA JUNIOR, Deus Enézio. A possibilidade júridica de adoção por casais homossexuais. 5. ed. Juriã: Curitiba, 2006.
SIQUEIRA , Marques Alexandro. O conceito de família ao longo da história e obrigação alimentar. 2010 Jus Navigandi. Disponível: http://jus.com.br/revista/texto/17628/o-conceito-de-familia-ao-longo-da-historia-e-a-obrigacao-alimentar Acesso em 15 mar. 2013.

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