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PRODUÇÃO TEXTUAL AULA 2 Prof. Eugênio Vinci de Moraes 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo à aula a de Produção Textual. Nosso objetivo é levar o aluno a identificar os aspectos macro e microestruturais que envolvem a escrita. Para tanto, vamos: Refletir sobre a concepção de texto jornalístico, pensando nos seus contextos de produção e recepção Refletir sobre a noção de pragmática enquanto elemento fundamental da prática jornalística Desenvolver a noção prática de objetividade na escrita Compreender os diferentes estágios de desenvolvimento do texto Compreender a noção de parágrafo como unidade de sentido dentro de um texto CONTEXTUALIZANDO Para entendermos o contexto de cada tema de estudo desta aula, vamos explicar data um em detalhes. Acompanhe a seguir! No tema 1, tratar abordar a leitura como pilar central do jornalismo. Como lidar com os textos jornalísticos, do ponto de vista da leitura e da escrita, pensada, por sua vez, para um determinado público leitor. No tema 2 vamos responder à pergunta: O que é a pragmática e como sua fundamentação teórica pode ajudar na prática jornalística? Essa é a questão central na aula, fundamental para que possamos desenvolver os textos como parte de um processo muito maior. No tema 3 questionaremos se a objetividade é uma amarra ou uma meta a ser alcançada? Você acha possível escrever um texto completamente objetivo? Se sim, como fazer para conciliar as diferentes subjetividades envolvidas na reconstrução jornalística de um relato? Levantaremos questões que deverão acompanhar o jornalista profissional por toda sua carreira. No tema 4, depois de refletir sobre os pressupostos fundamentais da prática textual, vamos ver como estruturar um relato jornalístico e discutir a conceituação de lide e pirâmide invertida. 3 Por fim, no tema 5, vamos observar o parágrafo, que é a medida central na articulação de ideias, para o jornalista. Um texto é uma coleção de parágrafos, mas como eles se constituem e se organizam? Vamos entender, então, esta lógica própria de cada bloco de palavras. TEMA 1: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JORNALÍSTICO Neste tema vamos discutir um dos fundamentos do jornalismo: a leitura. Afinal, o jornalista não pode se dar ao luxo de escrever apenas para si, ou mesmo para seus colegas de profissão, somente. Um dos critérios mais básicos da escrita jornalística envolve sua acessibilidade para qualquer tipo de leitor, que deverá encontrar as informações elementares mesmo em uma passada de olho rápida e superficial do texto. Para começar, indico a leitura do Capítulo 7, páginas 137 a 156, do livro Técnicas de Codificação em Jornalismo. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. É preciso levar em conta que o leitor de um jornal não pretende, geralmente, fazer um mergulho profundo no texto, como é de se esperar com a literatura, por exemplo. Cada reportagem compete pela atenção do leitor com diversos outros componentes externos. Por isso, o texto jornalístico precisa sempre ser leve e direto, de forma que as informações básicas possam ser encontradas e reencontradas em caso de distração. Ao mesmo tempo, é preciso que a escrita seja elegante o suficiente para que a atenção seja capturada. Afinal, o objetivo de todo jornal é que os artigos sejam lidos na íntegra. Um projeto gráfico atraente e o uso de imagens (como discutiremos mais à frente) são muito importantes. Mas prender o leitor implica, em primeiro lugar, na escolha dos temas que serão abordados em cada edição. Claro, é preciso que se equilibrem pautas de interesse do público, aquelas que atraem leitores pelo apelo intrínseco ao tema (temas da moda, celebridades, etc.), e pautas de interesse público, aquelas que abordam questões sensíveis para o estado de direito democrático. 4 O jornal ideal é o que consegue fazer com que todos os artigos combinem estes dois aspectos. Mas, não custa lembrar, isso também exige leitores ideais, e, portanto, está mais próximo da utopia do que da realidade. Atividade Acesse o site da Gazeta do Povo (gazetadopovo.com.br) e discuta com seus colegas sobre a inclinação de cada matéria em relação a serem de interesse público ou atenderem ao interesse do público. A apresentação visual e o tema são responsáveis por atrair o leitor para a matéria, mas é a articulação do texto que irá garantir sua permanência na página, questão ainda mais importante na era do jornalismo digital. A quantidade de cliques segue como a questão central para definir o sucesso de um site, mas apenas se vier associada a uma taxa de rejeição baixa, o que se define pela qualidade do texto. A escrita jornalística precisa ser simples e direta, sem ser simplista, evitando o didatismo, que pode infantilizar o leitor. Ninguém gosta de se sentir menosprezado, afinal. Isso não quer dizer que o texto deverá ter apenas frases curtas em ordem direta >>> sujeito-verbo- predicado. Significa que, ao se optar por uma construção mais complexa, deve- se considerar, primeiro, se esta é a melhor forma de se expressar determinada ideia, e, segundo, se a pontuação está bem colocada, evitando sentidos diferentes dos pretendidos originalmente. Erbolato nos mostra uma mesma frase pontuada de duas formas diferentes: "Maria, tomando banho na água quente, sua mãe, por obséquio diz: traz água fria". "Maria, tomando banho na água quente, sua. Mãe! Por obséquio - diz - traz água fria". As frases, mesmo tendo as mesmas palavras, na mesma ordem, são completamente diferentes em seus sentidos, o que é alcançado pelo deslocamento do sujeito ("mãe", na primeira, e "Maria", na segunda), e de uma relação de duplo-sentido com a palavra "sua", que se alterna entre pronome 5 possessivo e verbo conjugado. Palavras com sentidos diferentes, mas escritas da mesma forma, são sempre problemáticas. Erbolato lembra a seguinte: "Um navio brasileiro entrava no porto um navio português". Você conseguiu entender? "Entrava" pode ser lido como a conjugação do verbo "entrar" ou como a do verbo "entravar", esta última, a pretendida por quem escreveu. Nesses casos, a leitura fica prejudicada, mas é possível encontrar o sentido pretendido. O problema é que há uma interrupção no fluxo de leitura, o que é um pecado grave no texto jornalístico. Na Prática Tente reescrever as seguintes frases de forma a resolver o duplo sentido: “A mãe encontrou o filho em seu quarto.” >>> O quarto era da mãe ou do filho? “Este líder dirigiu bem sua nação.” >>> Minha nação ou a nação dele? “A mãe pediu para o filho dirigir seu carro.” >>> Carro da mãe ou do filho? “Nós vimos o incêndio do prédio.” >>> Estávamos no prédio ou o prédio pegou fogo? Respostas possíveis "A mãe entrou em seu quarto e lá encontrou o filho." "A nação deste líder foi por ele bem dirigida." "A mãe pediu que seu carro fosse dirigido pelo filho." "Do prédio nós vimos o incêndio." Outra questão a ser evitada: a cacofonia. Trata-se da tendência de que o final de uma palavra se junte com o começo de outra gerando uma terceira palavra, em geral, criando um sentido engraçado. Um dos mais famosos entre 6 estudantes é "o bum da comunicação", que cria, quando lida, o sinônimo chulo de "glúteos". Para não cair nesta armadilha, recomenda-se reler os textos em voz alta, buscando encontrar o efeito cacofônico. Mais exemplos: ela tinha >>> é latinha vez passada >>> vespa assada Cada um desses casos abordados implica em uma espécie de quebra- molas metafórico para o percurso da leitura. O que deveria fluir segue sendo interrompido por forçar que o leitor decodifique ativamente o texto. Mas, evitar esses erros, é apenas o começo. A convenção jornalística prega algumas regras gerais para facilitar a leitura do texto jornalístico. Todo jornalistadeve ter estas questões em mente quando for redigir uma matéria: Dividir bem os assuntos em parágrafos Evitar frases na voz passiva, o abuso de adjetivos e as repetições de palavras Quando necessário usar palavras técnicas ou em outras línguas, elas deverão vir seguidas de sua explicação Por fim, gostaríamos de mencionar um aspecto importante relacionado ao processo de leitura de uma forma geral. Do ponto de vista cognitivo, a leitura se dá a partir de um processo de encaixe entre o texto e a mente do leitor. Ou seja, deve haver pontos de contato entre o que o leitor sabe sobre o mundo e o conteúdo do texto para que ele possa ser compreendido. Imagine um leitor que não sabe absolutamente nada sobre política brasileira – alguém que morava em outro país e não tinha internet, por exemplo. Esse leitor, ao se deparar com a manchete “O que esperar da Lava-Jato em 2016” saberá do que se trata? Certamente não, pois não é possível inferir o significado da expressão “lava-jato” apenas a partir do título. Imagine, por exemplo, que você recebesse um texto com o seguinte título: “Aspectos práticos das descobertas de drogas para moléculas pequenas 7 – a interface entre biologia, química e farmacologia”. Será que seria uma leitura fácil para você? Haveria muitos pontos de contato entre seu conhecimento de mundo e as informações que o texto traz? Isso quer dizer que o jornalista, quando escreve um texto, deve ter em mente o volume de “novidade” que ele colocará diante do leitor. As informações apresentadas são suficientes para a compreensão do texto? O vocabulário exige conhecimento contextual que não está explícito na matéria? Naturalmente, os textos já partem do princípio de que os leitores sabem alguma coisa sobre o assunto. Quem escreve sobre o campeonato brasileiro de futebol não precisará explicar ao leitor o que é “Flamengo”, certo? Mas, ainda assim, é importante ter em mente essa característica fundamental do processo de leitura, pois, do contrário, você poderá escrever textos que deixarão lacunas de compreensão. Para saber mais Acesse Comunicação e análise do discurso, de Roseli Figaro. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. Acesse A Coerência Textual, Ingedore G. Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. TEMA 2: TEXTO E PRAGMÁTICA Agora, vamos discutir a questão da pragmática e como ela se articula com o relato jornalístico. Por isso, antes de qualquer coisa, vamos tentar entender o que significa pragmática, o que já é um desafio em si. Afinal, como nos lembra o linguista José Borges Neto, no texto De que trata a pragmática?, um dos poucos consensos entre pragmaticistas é que "a pragmática é uma área de estudos de limites indefinidos". Leia o capítulo 4, A gramática da notícia, da obra Estrutura da Notícia, de Nilson Lage. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. 8 Na linguagem coloquial, quando dizemos que uma pessoa é pragmática, estamos, na verdade, a chamando de prática. O problema é que isso não nos ajuda muito a entender o significado da palavra, do ponto de vista linguístico, que é, em parte, o ponto de vista do fazer científico. O texto de Borges Neto (você pode pesquisa-lo na internet) é bastante interessante para nos ajudar a entender o que é a pragmática. Para o autor, esse conceito se refere a uma forma particular de olhar para o que ele chama de "enunciado linguístico real". Grosso modo, se a semântica vai se deter sobre as significações de um texto por si só, a pragmática se interessa por todo o processo que circunda esse mesmo texto, determinante para sua compreensão. Nesse sentido, a pragmática está ligada ao “processo de encaixe” do qual falamos na aula passada: o conteúdo de um texto deve ter pontos de contato com o conhecimento de mundo do leitor. Isso quer dizer que a pragmática considera não apenas o texto em si, mas também seu contexto e as intenções do enunciador. Um texto é colocado em perspectiva, como parte de um processo sócio-político-cultural, e não fechado em si mesmo, como seria a lógica da semântica. Importante, também, repetir a ressalva que Borges Neto faz com tanto cuidado. A pragmática não se opõe à semântica, uma começando do ponto em que a outra se encerra. Ao contrário, já há uma série de sobreposições resultantes ao se pensar um texto de forma pragmática ou semântica. Ao mesmo tempo, esta é uma forma de enxergar a pragmática, como deixa clara a outra ressalva de Borges Neto. Um mesmo objeto pode ser visto por diferentes ângulos e luzes, revelando diversas possibilidades. A ideia de colocar o texto como parte de um processo maior, que envolve seu contexto de produção e recepção, é a que nos interessa quando estudamos o jornalismo. Mas está longe de ser a única possível. Jornalismo e pragmática 9 O tema do jornalismo é a vida. O relato jornalístico busca se aproximar do real ao se apresentar como representação. O paradoxo está no fato de que a vida é muito maior e mais dinâmica do que o jornalismo jamais conseguirá abarcar. Por isso, todo texto jornalístico nunca encerrará em si mesmo toda a realidade objetiva de um fato, que será sempre colocado em perspectiva. O texto é apenas um fragmento de um processo que segue em andamento. Tomemos como exemplo uma cobertura longa de algum tema, como uma eleição presidencial. Para contar a história de como cada candidato decidiu concorrer e convenceu seus respectivos partidos, de como todos eles se enfrentaram e do resultado decorrente dessa disputa, seria necessário um livro bastante extenso. Por mais completa que fosse a pesquisa para este livro, no momento de sua publicação ele já poderia estar defasado, pois acontecimentos posteriores poderiam mudar a perspectiva de como foi a eleição. O fato é que a cobertura jornalística acompanha o "tempo real", publicando desenvolvimentos na medida em que os fatos acontecem. Não há espaço, também, para recapitular toda a história a cada novo desenvolvimento. Por isso, cada texto depende de que o leitor tenha um mínimo de conhecimento sobre o assunto, já que precisa de contexto para ser lido. O que torna o relato jornalístico um prato cheio para a análise da pragmática. É o caso da “Lava-jato” que mencionamos anteriormente: os jornalistas que cobrem o desenvolvimento da investigação não podem, a cada novo texto, explicar o que é a “Lava-jato” partindo do pressuposto de que o leitor nunca ouviu falar nisso. Eles simplesmente seguem o desenrolar dos fatos a partir do presente, e pressupõem que o leitor conheça os fatos anteriores que são necessários para a interpretação do novo texto. Mas isso não quer dizer que o texto jornalístico prescinda de qualquer contextualização, podendo confiar cegamente na capacidade do leitor de colocar as informações em perspectiva. No seu "Páginas Ampliadas", Edvaldo Pereira Lima retoma a hipótese para o surgimento da reportagem como pensaram Cremilda Medina e Paulo Roberto Leandro nos anos 1970. 10 Leia o capítulo 4 (pag. 18 a 25) do livro Páginas ampliadas: o livro- reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. O dilema do jornalismo nas primeiras décadas do século XX foi o seguinte: leitores simplesmente não conseguiram conectar fatos noticiados separadamente (disputa territorial da Alsácia-Lorena; assassinato do Príncipe Francisco Ferdinando; etc.) com a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Era preciso que surgisse uma nova forma de trabalhar a informação em perspectiva, reunindo diferentes fatos. Surge, então, a reportagem, já bastante próxima do que se pratica hoje, que busca relatar os fatos fazendo conexões entre eles, oferecendo uma clara perspectiva de interpretação ao leitor.Mesmo a reportagem mais completa, mesmo um livro-reportagem (como pensa Pereira de Lima), não terá como ser um relato total de algum fato. Sempre é exigido do leitor algum conhecimento prévio que preencha lacunas e amplie os sentidos do texto. Cabe, portanto, ao jornalista calcular o ponto exato desse equilíbrio entre informações novas e conhecimento de contexto necessário ao entendimento do texto. TEMA 3: TEXTO E OBJETIVIDADE Agora, vamos discutir uma das questões mais centrais do jornalismo contemporâneo: a objetividade. A questão já foi abordada de forma tangencial na aula passada, quando discutimos a pragmática aplicada ao jornalismo e sua relação com a construção do relato da realidade. Leia o capítulo “O texto jornalístico” do livro A arte de escrever bem – um guia para jornalistas e profissionais do texto, de Dad Squarisi e Arlete Salvador. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. Podemos pensar na noção de objetividade sob dois aspectos: o linguístico e o conceitual. Vamos ver em detalhes cada um deles. Acompanhe! a) Aspecto linguístico da subjetividade 11 O texto objetivo depende de um estilo de escrita que preza pela clareza, por ser direto e relatar os fatos sem emitir opinião sobre eles. Veja a seguir duas formas de se relatar uma mesma notícia. Qual delas é objetiva? 1. A Secretaria da Fazenda do Paraná informa que o pagamento do IPVA, relativo ao exercício de 2016, começa nesta quinta-feira (21) para os veículos com os finais de placas 1 e 2. A data é a mesma para quem vai pagar o imposto à vista e para os proprietários que vão parcelar em três vezes. O Estado concede desconto de 3% aos contribuintes que optarem pela quitação em parcela única. Os donos de veículos com outros finais de placas devem ficar atentos ao calendário de pagamentos. A Secretaria da Fazenda informa que quem que não pagar o imposto nos prazos definidos pela legislação terá multa de 10% e os valores sofrerão acréscimo de juros e atualização pela variação da taxa Selic. 2. Foi informado pela Secretaria da Fazenda do Paraná que o pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), relativo ao exercício de 2016, começa nesta quinta-feira (21) para os veículos com os finais de placas 1 e 2. Independentemente do fato de o contribuinte decidir pagar à vista ou não, a data de início do pagamento é a mesma. O desconto concedido para quem optar pelo pagamento à vista será de míseros 3%, o que não chega a ser nem um pouco atraente. Os donos de veículos com outros finais de placas devem ficar atentos ao calendário de pagamentos. A Secretaria da Fazenda informa ainda que quem que não pagar o imposto nos prazos definidos pela legislação terá multa de 10%. Além disso, os valores sofrerão acréscimo de juros e atualização pela variação da taxa Selic - portanto, não adianta chorar, pode preparar o bolso já em janeiro. b) Aspecto conceitual da subjetividade Representa a objetividade enquanto abordagem do assunto a partir de um ponto de vista equilibrado, sem tendências ou paixões. Aqui, estamos falando mais das decisões do jornalista antes mesmo de escrever o texto do que do próprio texto em si, ainda que, naturalmente, a questão da postura se reflita diretamente no texto. 12 Há uma clara diferença de tom entre as duas opções, não é mesmo? Enquanto na opção A as informações estão todas escritas em frases curtas, em ordem direta, e sem o uso de adjetivos que emitem um julgamento sobre elas, na opção B o que acontece é o oposto. A comparação entre essas duas versões do mesmo texto deixa muito claro o que significa ser objetivo do ponto de vista linguístico. O conceito de objetividade jornalística surge a partir da compreensão de que seria possível fazer a apreensão “dos fatos do mundo” por meio de um relato narrativo preciso. De certa forma, é uma herança do positivismo de Auguste Comte, que pregava a observação de fenômenos socais e a produção de verdades científicas. Nesta perspectiva, o jornalismo seria capaz de produzir um relato que não sofresse qualquer tipo de interferência cultural, simbólica ou ideológica de quem o produz. Como se fosse possível atingir a "verdade" por meio de um método de observação testado e aprovado. Hoje sabemos que não é bem assim. Todos nós falamos a partir de um ponto de vista pessoal que carrega nossas crenças, nossos desejos e nossa história particular, e que qualquer apreensão da “realidade” é, ao menos de certa forma, parcial. O princípio da objetividade impacta desde a escolha do que será noticiado até a noção de hierarquização das informações dentro de uma matéria (pirâmide invertida, noção que será abordada mais adiante, nas próximas aulas), passando pelas relações de poder entre jornalistas e fontes. Há uma confusão natural no jornalismo que coloca a objetividade em pé de igualdade com a imparcialidade. Ou ainda, o entendimento de que uma decorre da outra, diretamente. O conceito surgiria, então, como um pacto entre o jornalista e o leitor, que pode acreditar no que está publicado em um jornal por que o jornalista não tem interesse no assunto, sendo imparcial, portanto. Isso, em tese, gera um relato objetivo da realidade. Mas esse “pacto da objetividade” pode, na verdade, ser usado para enganar o leitor. Os jornalistas podem empregar recursos e estratégias linguísticas com o objetivo de dar a impressão de que o texto foi escrito de forma isenta, quando, na verdade, fizeram escolhas claramente tendenciosas. O leitor estaria, então, sendo levado a acreditar que a "verdade dos fatos" estaria representada nas publicações. A objetividade seria, dessa forma, um 13 instrumento de manipulação dos veículos que empurrariam quase que subliminarmente a sua própria interpretação dos fatos para os leitores. Esse pensamento levou a uma certa crise da objetividade em decorrência da constatação de que o relato jornalístico: não dá conta da realidade dificilmente é totalmente desprovido de paixões fica patente, pela comparação entre diversos veículos, que há a defesa de interesses corporativistas por trás dos textos Com a crise da objetividade, cabe questionar: sem objetividade, é possível fazer jornalismo? Não há resposta simples para esta questão. Simplesmente abraçar a subjetividade intrínseca de cada jornalista e redação de jornal, deixando claro ao leitor com uma série de ressalvas que o texto pode conter algum tipo de interferência, não resolve a questão. A outra possibilidade é demolir a fronteira entre o jornalismo objetivo e o jornalismo de opinião. Os jornais e revistas se tornariam uma coleção de artigos em que os pensamentos de cada autor, articulados ou não com outros textos ou depoimentos de pessoas, estariam à frente de qualquer conjunto de normas e práticas de redação. Muitos jornais vêm adotando essa postura, mesclando artigos escritos com “objetividade”, como pregam os manuais de jornalismo, com textos de opinião. Alguns desses até escritos por jornalistas cujo nome e conhecimento em uma determinada área tenha se tornado notório de alguma forma. Dois veículos relativamente jovens em nosso país, o El País Brasil e o Huffpost Brasil, usam essa técnica. Curiosamente, ambos são veículos estrangeiros que vieram ao Brasil montar novas redações. Um bom exemplo desse balanço é a coluna de Eliane Brum para o El País Brasil. A jornalista se tornou notória ao escrever uma série de livros de não- ficção, o que gerou convites para assumir a coluna semanal em que debate questões ligadas à política e à sociedade brasileira. Seus textos longos misturam a opinião da autora, embasada pela experiência e pela articulação com pensamentos de cientistas sociais, com dados estatísticos e depoimentos. Se essa postura ajuda os veículos como um todo, oferecendo ao leitor diversos 14 pontos de vista articulados,ainda resta ao jornalista a solução de seu dilema. Sem um valor como o a objetividade a própria prática jornalística corre o risco de perder sua função social. Para muitos pesquisadores, a saída está em abraçar a lógica da intersubjetividade. A função do jornalista seria, então, buscar conciliar diferentes pontos de vista - diferentes subjetividades - de forma a criar um relato que irá se aproximar ao máximo de uma realidade objetiva. O foco na objetividade como um ideal final a ser alcançado se desloca para o processo de apuração e redação. Um dos pontos de vista que deverá invariavelmente ser articulado é o do próprio jornalista, que deverá se mostrar consciente de seu papel no processo de mediação destes diferentes relatos colhidos. TEMA 4: A ORDEM DO TEXTO: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO Agora, faremos um mergulho na estrutura de um texto jornalístico. Como o título diz, iremos compreender que tipo de informação está em sua introdução, desenvolvimento e conclusão. Como vimos nas últimas aulas, o texto jornalístico é fruto de um processo técnico que envolve a captação de informações brutas e sua articulação de forma que o leitor melhor as compreenda. Exploramos também as questões da pragmática e da objetividade como possibilidades de pressupostos conceituais para o jornalista durante seu processo de apuração e redação. Chega, agora, a hora de colocar a mão na massa. Como ordenar as ideias? Leia Como Ordenar as Ideias, Edivaldo Boaventura. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. O livro de Boaventura já abre com uma lição exemplar: é preciso planejar o texto. Define-se o ponto de partida e o de chegada para, depois, se considerar o que é necessário para ir de um ao outro. Ou seja, o desenvolvimento é a ponte entre a introdução e a conclusão. Então, vamos por partes. A introdução de um texto funciona como um convite à leitura. Já adianta, em si, boa parte do que será exposto ao longo da escrita, mas não tudo. É uma apresentação do objeto que será examinado, já considerando algumas abordagens que deverão ser ampliadas adiante. É, também, onde deverá vir boa parte da contextualização, 15 situando o tema do ponto de vista temporal e espacial, apontando para a abordagem que virá a seguir. A partir de agora, incluiremos trechos do texto Ministro da justiça liga videogames à violência. Pesquisas parecem sugerir outra coisa, publicado no jornal online “nexo”. Observe o exemplo a seguir: Na quinta-feira (14), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou em conferência na OEA (Organização dos Estados Americanos) em Washington que a "exaltação da violência" em esportes e videogames incentiva a violência no Brasil. Em entrevista à BBC, o ministro alegou que videogames e esportes estariam banalizando a violência. O desenvolvimento deverá ser dividido em partes. Parágrafos em um texto curto, subtítulos em um texto longo, capítulos em um livro. Cada uma dessas partes deverá ser pensada como uma forma de se aproximar mais e mais do objeto que está no centro da análise. Cada momento enfoca um ponto de vista ou um passo do caminho que deverá levar à conclusão. A relação estabelecida por Cardozo não é nova. Na verdade, ela foi estabelecida em pesquisas há quase três décadas. O “Massacre de Columbine” em 1999 serviu como exemplo para diversas correlações entre videogames e violência. Na época, as investigações sobre o ataque levantaram a possibilidade de que os atiradores teriam agido também inspirados pelo game “Doom”. Esse foi um argumento que fez com que pais das vítimas entrassem com uma ação contra as empresas de games. (...) O psicólogo Christopher J. Ferguson, doutor em psicologia clínica e professor de ciências aplicadas e comportamentais da Texas A&M International University, fez uma científica sobre o tema. Ao analisar não apenas a violência, mas agressão e redes de sociabilidade, o pesquisador reconhece que a agressividade é um comportamento aprendido, mas conclui que os videogames podem ter impactos positivos e negativos e que o efeito que pode ser, efetivamente, medido é muito baixo: ele é observado em menos de 2,5% dos casos. Para o psicólogo, há uma desproporção entre como o tema reverbera no debate público e sua relevância estatística. 16 Segundo Boaventura, a conclusão é um resumo marcante. Os temas da introdução deverão ser retomados à luz do que foi exposto ao longo do desenvolvimento fazendo as amarrações finais. Se ainda há questões a serem respondidas, elas deverão ser feitas (ou refeitas) neste momento, apontando caminhos para outros textos no futuro. O Brasil é um país violento. Em 2014, morreram, em média, 154 pessoas por dia. Ao todo, foram 56.337 pessoas que perderam a vida assassinadas, 7% a mais do que em 2011, segundo o Mapa da Violência. O número coloca o país como o sétimo lugar no ranking de nações com maior número de homicídios. No Brasil, esse tipo de violência está ligado à chamada criminalidade urbana, e se explica mais em função dos dados de contexto socioeconômico, cultural e histórico do país do que por traços individuais de comportamento. Em um relatório global de 2011, o Banco Mundial reitera essa interpretação apontando como causas da violência um conjunto de fatores. Entre eles estão a pobreza e desigualdade, a urbanização rápida e não planejada, o desemprego, o fácil acesso a armas de fogo, tráfico de drogas e a própria cultura da violência entre outros. O texto jornalístico possui algumas especificidades pelo seu modo industrial de produção. As regras gerais de Boaventura se aplicam, claro, mas com algumas ressalvas, começando pela noção de "lide". A definição do que seja uma lide varia de autor para autor. Para alguns é a primeira frase, para outros é o primeiro parágrafo. Há alguns que pensam nele mais ou menos como Boaventura pensa a introdução. Ou seja, o começo de um texto. Leia o capítulo 5, páginas 28 a 42, do livro Estrutura da Notícia, de Nilson Lage. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. Independente de qual seja o recorte que defina uma lide, todos os pesquisadores concordam que ele deverá obrigatoriamente responder às seguintes questões: Quem fez o que A quem Quando 17 Onde Como Por que Para quê Ou seja, todas as questões centrais abordadas no texto deverão vir respondidas já nas primeiras frases. Depois da lide, o texto deverá trabalhar no sentido de explicar e contextualizar essas questões iniciais. Então, diferente da proposição de Boaventura, o texto jornalístico não caminha para uma conclusão, mas, ao contrário, se desenvolve a partir de um postulado. Isso envolve uma questão prática de outra ordem: a relação com o espaço da página, uma herança do jornalismo impresso. Dessa forma, uma matéria que precisasse ceder espaço para outra mais urgente e importante deveria ser cortada. Mas onde cortar? O clichê jornalístico prega que sempre se deve "cortar pelo pé". Ou seja, os últimos parágrafos são progressivamente menos importantes. Ou, pelo menos, devem ser. É quando entra em cena uma outra técnica clássica do jornalismo. A pirâmide invertida. Leia "A Pirâmide Invertida", páginas 15 a 19, do livro A Arte de Escrever Bem, de Dad Squarisi e Arlete Salvador. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. A pirâmide invertida é uma imagem mental que ajuda a visualizar como o texto será organizado. No topo, ou seja, na lide, as informações mais importantes e centrais. A partir dele vão sendo trabalhadas questões que vão reduzindo em importância até chegar ao fim. Por isso, se necessitar cortar, os últimos parágrafos serão os sacrificados. A lógica da lide e da pirâmide invertida são pontos de partida para a construção de um texto. Mas não devem ser amarras. Diversos modelos surgiram para questionaresses formatos e apresentar outras possibilidades. Entre elas estão o jornalismo literário e o new-journalism, que incorporam elementos da literatura no texto jornalístico. A aproximação ou rejeição com a literatura dependem da inclinação de cada jornal e de um certo contexto cultural. No final dos anos 90 os editores não pensariam duas vezes para cortar uma abertura mais literária em uma matéria (nariz de cera, no jargão). 18 Hoje, é possível que um texto que comece direto na lide seja devolvido ao jornalista para que ele dê uma trabalhada na apresentação, deixando as informações para o segundo ou terceiro parágrafo, buscando fisgar o leitor pelo clima de mistério de uma abertura mais policialesca, por exemplo. Leia o capítulo 4, " Ganchos para agarrar o leitor ", do livro Técnicas de comunicação escrita, de Izidoro Blikstein. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. TEMA 5: O PARÁGRAFO Agora, vamos discutir como se estrutura um parágrafo. Como vimos anteriormente, se o desenvolvimento de um texto é a ligação entre a introdução e a conclusão, e se esse mesmo desenvolvimento é composto por partes, cada parte é um parágrafo, ou é integrada por parágrafos. Mas como cada uma dessas unidades essenciais pode ser mais bem estruturada? Leia o capítulo “Tópico e parágrafo”, pag. 68, do livro É possível facilitar a leitura – um guia para escrever claro, de Yara Liberato e Lúcia Fulgêncio. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. Um parágrafo começa com um tópico frasal, que é a oração que introduz a ideia central que será trabalhada ao longo das próximas linhas. Dessa forma, cada parágrafo se comporta como um mini texto fechado em si mesmo, com introdução, desenvolvimento e conclusão, que pode ou não dar abertura para o próximo tópico frasal do próximo parágrafo. O tópico frasal é construído a partir de uma ideia-núcleo, que é a parte do objeto de análise do texto como um todo que será examinada naquele parágrafo de maneira particular. Essa ideia-núcleo é seguida de ideias secundárias, que desenvolvem o conceito original, e de uma conclusão, reafirmando a ideia básica. Não custa notar, porém, que em um parágrafo curto, a conclusão não é exatamente obrigatória. Um bom parágrafo é, essencialmente, monotemático e com início, meio e fim. Se duas abordagens diferentes do mesmo tema estiverem em um mesmo parágrafo, o resultado é pura confusão, o que é o contrário do que pretende um 19 texto jornalístico. Novamente, o conceito de ideia-núcleo, ideias secundárias e conclusão é apenas um norteador. Observe como o repórter da Vice, revista conhecida pelos textos descontraídos sobre comportamento moderno, articula um parágrafo: Porém, para mim, a estatística mais reveladora surgiu algum tempo atrás, quando uma pesquisa sugeriu que 72% dos trabalhadores britânicos acumulam dez horas extras de trabalho não remunerado por semana. Se eu acredito nos resultados desse estudo? Não, ele foi realizado pela Travelodge. Mas aí vi outro estudo realizado pelo ligeiramente mais confiável Trade Union Congress, segundo o qual o trabalhador britânico médio – tenha isso em mente, o trabalhador britânico médio – faz sete horas e 18 minutos extras de trabalho não remunerado toda semana. Essa sim é uma estatística aterrorizante, que sugere que aceitamos um código secreto de conduta para o trabalho diário: trabalhar por muito mais tempo do que se deveria, por muito menos, com menos vantagens – e sendo obrigado a repetir o mantra da empresa. Este é um parágrafo bem pouco convencional dentro do que vimos exposto nesta aula. Mas, ainda assim, respeita parte das prerrogativas. Fica claro que é um texto sobre as relações de trabalho e que os dados de duas pesquisas diferentes irão ser articuladas para corroborar a mesma ideia-núcleo: a maioria dos britânicos trabalham quase 10 horas a mais por semana. Note ainda como a última frase busca resumir e contextualizar as informações expostas. Essas sete horas e 18 minutos são uma coisa se você é empreendedor, advogado de direitos humanos ou fotógrafo freelance de street style. Quem entra para uma dessas profissões sabe que não vai poder (não todos os dias) ir para casa ou para o bar assim que der seis da tarde. No entanto, considerando que a maioria das pessoas na Inglaterra pós-Thatcher trabalha na indústria de serviços ou em escritórios de administração, o que diabos estamos fazendo? Terminando tabelas na nossa própria cozinha? Fazendo "pub office"? Cobrando dos filhos a fatura pelos serviços prestados? A ideia-núcleo já não é a mesma. O autor reflete que há casos em que é possível trabalhar horas-extras e se sentir recompensado não-materialmente, 20 mas só para depois reforçar que essa não é a maioria dos casos. Ele, por fim, retoma a questão com uma série de perguntas de ordem retórica, reforçando seu pensamento sobre o assunto. Estes dois parágrafos estão no meio do texto. Ambos falam sobre o mesmo assunto, emprego na contemporaneidade e a quebra do acordo entre empregadores e empregados. Mas cada um desenvolve o assunto sob um aspecto ligeiramente diferente que serão determinantes para a construção da argumentação que o autor propõe. Leia o capítulo 3 “O parágrafo padrão”, pag. 68, do livro Redação Acadêmica, de Daniela Duarte Illesca et al. Para tanto, acesse a Biblioteca Virtual, pelo UNICO, e pesquise. TROCANDO IDEIAS Que tal explorarmos um pouco mais a questão dos contextos envolvidos em matérias e reportagens? Formem grupos, você e seus colegas (4 a 6 pessoas), escolham um texto de um assunto que lhes interessa – cada um deve escolher um assunto diferente (economia, esporte, cultura, política, mundo, tecnologia, cidades etc.). Depois, individualmente, publique seu texto no blog (link) e comente que tipo de conhecimento contextual é necessário ao leitor para que ele entenda o texto. Será que todas as pessoas do grupo são capazes de compreender todas as referências necessárias à compreensão do texto? Identifiquem problemas de compreensão e possíveis soluções para a redação dos textos. NA PRÁTICA Não tema 3 desta aula, vimos como a objetividade pode se manifestar enquanto construção estilística do texto – frases em ordem direta, fugir do uso da voz passiva, evitar comentários às informações, adjetivos etc. Além disso, discutimos a objetividade enquanto compromisso com a imparcialidade. Agora, faremos um exercício de escrita que pretende levar você a explorar esse aspecto. Acesse o Google e pesquise pela seguinte matéria: Amarrado em uma cruz, empresário protesta no centro de Curitiba. 21 Do ponto de vista linguístico, o texto segue os princípios da objetividade: frases curtas, ordem direta e imparcialidade. Produza duas novas versões para esse texto, uma que expresse uma visão positiva sobre a atitude do personagem, e outra em que se posiciona negativamente diante dela. Para isso, pode excluir informações ou alterar sua ordem no texto. Deve também inserir comentários próprios. Após escrever suas versões, compartilhe-as com colegas. SÍNTESE Nesta unidade fizemos um mergulho no texto jornalístico, do ponto de vista de sua técnica, ética e estética. A abordagem inicial foi em relação a uma questão que diferencia a escrita jornalística da maioria das outras: a preocupação com o leitor. O texto precisa ser compreendido mesmo na mais superficial das leituras. Em seguida, tivemos contato com duas abordagens possíveis para a escrita. Ou ainda, duas posturas a serem adotadas pelo jornalista diante da feitura de um texto: a pragmática e a objetividade. Nenhuma das duas pode ser tratada como uma diretriz totalizante e fechada em si mesma, mas antes como possibilidades durante a confecção de um texto. A pragmática nos leva a refletir sobre o texto como parte de um processosócio-político-cultural muito mais amplo do que a sintaxe, o que é determinante para um artigo publicado em um veículo. A objetividade, por outro lado, evoca a distância radical que há entre um fato e sua representação, e que o dever do jornalista é conciliar uma boa parte dessas subjetividades de forma a criar um relato que busque a aproximação. REFERÊNCIAS BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de Comunicação Escrita. São Paulo: Contexto, 2016. BOAVENTURA, Edvaldo. Como Ordenar as Ideias. Série Princípios. 9 ed. 3ª imp. São Paulo: Ática, 2010. ERBOLATO, Mário L. Técnicas de Codificação em Jornalismo. Série Fundamentos. 5 ed. 8ª imp. São Paulo: Ática, 2008. 22 FIGARO, Roseli; et al. Comunicação e análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2012. FULGÊNCIO, Lúcia e LIBERATO, Yara. É possível facilitar a leitura – um guia para escrever claro. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2009. KOCH, Ingedore G. V.; TRAVAGLIA, Luiz C. A Coerência Textual. 18 ed. São Paulo: Contexto, 2010. LAGE, Nilson. Estrutura da Notícia. 6 ed. São Paulo: Ática, 2006. LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 4 ed. Ver. e Ampl. São Paulo: Manole, 2009. MIGUEL, Éverton. Observatório da Imprensa. Crítica ao desconstrucionismo da objetividade jornalística. 2016. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/critica-ao- desconstrucionismo-da-objetividade-jornalistica/>. Acesso em: 09 maio 2016. MOTTA, Luiz Gonzaga. A Análise Pragmática da Narrativa Jornalística. Disponível em: <http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/105768052842738740828590501726 523142462.pdf>. Acesso em: 09 maio 2016. SALVADOR, Arlete; SQUARISI, Dad. A arte de escrever bem – um guia para jornalistas e profissionais do texto. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2009.
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