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OS EFEITOS NEGATIVOS DAS MAQUINAS AGRICOLAS NO SOLO

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OS EFEITOS NEGATIVOS DAS MAQUINAS AGRICOLAS NO SOLO
A adequação das terras para o uso de máquinas pode ser considerado o maior efeito ambiental da construção de um agroecossistema. No modelo atual de produção agrícola a mecanização impõe um nível de simplificação que fragiliza o equilíbrio ambiental do sistema. O problema se agrava em sistemas convencionais, com a mobilização de terras em áreas naturalmente suscetíveis, planas ou declivosas. A relação entre as chuvas torrenciais e a mobilização do solo resulta invariavelmente em erosão. Com menor ou maior intensidade, mas sempre resulta em erosão. A exposição do solo ao Sol resulta num aquecimento que compromete a biodiversidade superficial. Desagregação e altas temperaturas resultam em uma irreversível perda da capacidade produtiva em função da redução da atividade biológica diversificada.
O principal efeito mecânico de máquinas é sobre a estrutura do solo, seja mobilizando ou compactando. A mobilização intensa sempre gera uma parcela de finos no solo, provocando um caminhamento dessas partículas para as camadas mais profundas, dando origem à compactação e ao empoçamento. A estrutura é fragilizada pela quebra ou compactação dos agregados. Como consequência ocorre a diminuição da porosidade e a redução da velocidade de infiltração da água no solo. Com a diminuição da porosidade natural acelera-se a probabilidade de causar uma doença momentânea, denominada anaerose, que é uma síncope respiratória das plantas em função da interrupção respiratória das raízes pela baixa porosidade ou ocupação dos poros do solo por água empoçada na superfície. Além do mais, o excesso de água provoca uma oxidação intensa no solo gerando compostos químicos tóxicos, provocando na planta um desconforto fisiológico que resulta na baixa produtividade.
A compactação não é causada pelas máquinas, mas causada pela falta de informação do agricultor. Naturalmente, para que não haja compactação, é indicado que toda máquina só deva ser utilizada com material orgânico associado.
A intensidade de agressão dos solos por máquinas está sempre associada ao manejo adotado e ao bom senso do agricultor. Adotar o Sistema Plantio Direto na Palha como manejo é a principal recomendação. É evidente que no sistema plantio direto os efeitos da mecanização são mitigados. À luz do momento tecnológico “não existem máquinas ruins para o solo, existem máquinas mal manejadas”. O uso contínuo de matéria orgânica no sistema diminui consideravelmente os efeitos negativos da mecanização. Em solos muito mineralizados, os efeitos negativos da mecanização são potencializados. Adotando o sistema plantio direto, investindo em qualidade da cobertura do solo e na rotação de culturas, o agricultor promove melhores condições para o enraizamento da planta cultivada provocando constante aumento na infiltração da água. A construção de “ambientes de infiltração” é seguramente a melhor medida conservacionista perenizando a produtividade. Aumentar a infiltração, a retenção de água e a cobertura são três medidas fundamentais para conservar e “construir” solos produtivos.
A característica mais prejudicial da mecanização agrícola é um usuário despreparado (proprietário, administrador, gerente e operador). E dentre estes, os resistentes, que são os piores, pois acreditam que força, tecnologia e recursos financeiros superam uma boa gestão do solo. Não se deixam formar e produzem ambientes degradados. Não é possível ser indiferente com o atual ritmo de degradação dos solos brasileiros. Podemos combater isso com valorização da pesquisa e difusão, com investimento maciço em formação profissional, com boas reportagens e com repórteres sensíveis ao problema.

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