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extinção dos contratos

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EXTINÇÃO DO CONTRATO
1. MODO NORMAL DE EXTINÇÃO – com a execução (instantânea, diferida ou continuada)
2. EXTINÇÃO DO CONTRATO SEM CUMPRIMENTO – extinção anormal.
2.1. CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS AO CONTRATO
	DEFEITOS QUE CAUSEM A NULIDADE OU ANULABILIDADE (requisitos objetivos, subjetivos e formais): 
	Nulidade absoluta: decorre da ausência de elemento essencial do ato e tem efeito ex tunc, impedindo a produção de efeitos desde a formação. A nulidade pode ser requerida a qualquer tempo, declarada de ofício pelo juiz ou por promoção do MP.
	Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
		Nulidade parcial: não prejudica a parte válida e é possível conversão.
	Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
		Anulabilidade: decorre de imperfeição de vontade (relativamente incapaz não assistido ou vícios) - não extinguirá o contrato enquanto não se mover ação que a decrete, sendo ex nunc os efeitos da sentença. É eficaz até sua decretação pelo juiz. Não pode ser declarada de ofício.
	Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
	CLÁUSULA RESOLUTIVA EXPRESSA OU TÁCITA – o contratante tem direito à resolução do contrato ou Art. 497, CPC. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. execução específica, sendo cabível a indenização por perdas e danos.
Em ambos os casos, tanto no de cláusula resolutiva expressa ou convencional, como no de cláusula resolutiva tácita, a resolução deve ser judicial, ou seja, precisa ser judicialmente pronunciada. No primeiro, a sentença tem efeito meramente declaratório e ex tunc, pois a resolução dá-se automaticamente, no momento do inadimplemento; no segundo, tem efeito desconstitutivo, dependendo de interpelação judicial.
	Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
		Expressa: convencionada pelas partes. Se opera de pleno direito.
			Exceção: Súmula 369 STJ: No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora.
	ENUNCIADO 436 - “A cláusula resolutiva expressa produz efeitos extintivos independentemente de pronunciamento judicial.”
		Tácita: presumida em todos os contratos bilaterais. Autoriza o pedido de resolução no caso de inadimplemento de um dos contratantes.
		Adimplemento substancial – consiste em entendimento jurisprudencial baseado na boa-fé objetiva, preservação e função social dos contratos que tem por objetivo impedir a extinção do contrato por inadimplemento insignificante.
ENUNCIADO 361 - “O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.”
	EXERCÍCIO DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO CONVENCIONADO: o arrependimento autoriza qualquer das partes a rescindir o ajuste, mediante declaração unilateral da vontade, sujeitando-se à perda do sinal, ou à sua devolução em dobro, sem, no entanto, pagar indenização suplementar.
2.2. CAUSAS SUPERVENIENTES
	RESOLUÇÃO – meio judicial de rompimento contratual.
		INEXECUÇÃO VOLUNTÁRIA: decorre de comportamento culposo de um dos contraentes, com prejuízo ao outro. Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigando a restituições recíprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal.
	Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
			Trato sucessivo: efeito ex nunc – não há restituição das prestações já cumpridas.
		EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO:
	Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
Qualquer dos contratantes pode, ao ser demandado pelo outro, utilizar-se de uma defesa denominada exceptio non adimpleti contractus ou exceção do contrato não cumprido, para recusar a sua prestação, ao fundamento de que o demandante não cumpriu a que lhe competia. Aquele que não satisfez a própria obrigação não pode exigir o implemento da do outro. Se o fizer, o último oporá, em defesa, a referida exceção, fundada na equidade, desde que as prestações sejam simultâneas.
			Exceção de contrato parcialmente cumprido – não pressupõe que o inadimplemento seja absoluto. Ocorre com o adimplemento parcial ou defeituoso.
	Solve et repete – o contratante se obriga a cumprir mesmo com o adimplemento, vindo a irresignar-se posteriormente.
	Adimplemento substancial – ver tópico anterior.
		INEXECUÇÃO INVOLUNTÁRIA: impossibilidade superveniente e objetiva, ou seja, não decorrente da pessoa do devedor. Deve ser total e definitiva. O inadimplente não fica, no caso de inexecução involuntária, responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a ressarcir – retorno ao estado anterior: resolução sem perdas e danos.
			Exceções:
	MORA: Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
				CLÁUSULA DE ASSUNÇÃO CONVENCIONAL: Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
				PREVISÃO LEGAL: Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.
 
		ONEROSIDADE EXCESSIVA: consiste basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita (não expressa) de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários, como uma guerra, por exemplo, que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente.
			Não se aplica aos contratos aleatórios. ENUNCIADO 365 e 366:
	A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental da alteração das circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena.
O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação.
		
	ENUNCIADO 175: A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às conseqüências que ele produz.
	Teoria da imprevisão– arts. 478.
	Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
		
	Revisão – arts. 479 e 480
	Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
	RESILIÇÃO – decorre da manifestação de vontade de um ou de ambos os contratantes. 
	DISTRATO – é a extinção que decorre de acordo de vontades. Qualquer contrato pode cessar pelo distrato. É necessário, todavia, que os efeitos não estejam exauridos, uma vez que o cumprimento é a via normal da extinção. Se, por exemplo, o contrato se deu por escritura pública, o distrato deverá se dar pela mesma forma.
	A mesma formalidade não é exigida em relação à quitação.
	Jurisprudência e doutrina – Enunciado 584: “Desde que não haja forma exigida para a substância do contrato, admite-se que o distrato seja pactuado por forma livre.” - a coincidência formal entre contrato e distrato nem sempre é obrigatória. Só o será nas hipóteses de contratos de forma especial. Nesse sentido, eventual distrato que tenha sido celebrado de forma tácita é plenamente eficaz mesmo que o contrato tenha tido forma escrita, desde que a forma escrita não seja exigida para o contrato. Se o chamado "princípio do consensualismo" corresponde à regra geral aplicável às relações contratuais, não há razão para um maior apego à forma, em relação ao distrato, quando a lei assim não o determina.
	Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
		DENÚNCIA - pode ocorrer somente nas obrigações duradouras, contra a sua renovação ou continuação, independentemente do não cumprimento da outra parte, nos casos permitidos na lei. A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc, não retroagindo. Para valer, deve ser notificada à outra parte, produzindo efeitos a partir do momento em que chega a seu conhecimento.
	Em regra, não precisa ser justificada, mas em certas hipóteses, a falta de justa causa pode ensejar o pagamento de perdas e danos. 
	Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
	MORTE – só acarreta a extinção de contratos personalíssimos.

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