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14 [R HIGGS] Como Franklin Roosevelt piorou a Depressão (IMB)

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Franklin Delano Roosevelt "realmente nos 
tirou da Depressão", disse o líder republicano 
Newt Gingrich a um grupo de republicanos após 
as eleições parlamentares de 1994, e isso faz de 
FDR "a maior figura do século XX". Como retórica 
política, seria mais provável que a declaração 
acima tivesse vindo de alguém que não apóia a 
economia de mercado. Afinal, o New Deal 
representou a maior expansão do poder do 
governo federal em tempos de paz em todo o 
século XX. Mais ainda, a visão de Gingrich de que 
FDR salvou os EUA da Depressão é indefensável; 
as políticas de Roosevelt prolongaram e 
aprofundaram a depressão. 
Não há duvidas de que Roosevelt mudou as 
feições do governo americano - para pior. Muitas 
das reformas da década de 1930 permanecem 
entranhadas nas políticas atuais: distribuição 
arbitrária de terras, subvenção de preços e 
controles de mercado para a agricultura, ampla 
regulação de títulos privados, intromissão federal 
sobre as relações entre sindicatos e 
empregadores, governo fazendo empréstimos e 
atividades seguradoras, o salário mínimo, seguro-
 
 
desemprego nacional, Previdência Social e 
pagamentos assistencialistas, produção e venda 
de energia elétrica pelo governo federal, papel-
moeda de curso forçado - a lista é infindável. 
A revolução de Roosevelt começou já com 
seu discurso de inauguração, que não deixou 
dúvidas sobre suas intenções de se aproveitar e se 
apoderar do momento para proveito próprio. 
Sempre lembrado por sua evidentemente falsa 
declaração de que "a única coisa da qual devemos 
ter medo é o próprio medo", Roosevelt também, 
nesse discurso, já clamava por extraordinários 
poderes governamentais que ele considerava 
emergenciais. 
No dia seguinte à posse de FDR, ele emitiu 
uma proclamação na qual convocava o Congresso 
para uma sessão extraordinária. Antes que essa 
sessão ocorresse, ele decretou um feriado 
bancário nacional - uma atitude que ele se 
recusou a endossar quando Hoover a havia 
sugerido apenas três dias antes. 
Invocando o decreto Trading with the 
Enemy[1], de 1917, Roosevelt declarou que "todas 
as transações bancárias deveriam ser suspensas". 
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=130#Parte1
 
 
Os bancos só poderiam reabrir após uma 
minuciosa inspeção seguida de uma aprovação do 
governo, um procedimento que se arrastava por 
meses. Essa ação intensificou no público a 
sensação de crise e permitiu que Roosevelt 
ignorasse as tradicionais restrições sobre o poder 
do governo central. 
Roosevelt e seus assessores econômicos 
entenderam a Depressão de maneira 
completamente equivocada, invertendo as 
relações de causa e efeito. Eles não entenderam 
que os preços haviam caído por causa da 
Depressão; eles acreditavam que a Depressão era 
o resultado da queda dos preços. Assim sendo, o 
remédio óbvio - pensaram eles - seria aumentar 
os preços, o que eles decidiram fazer através da 
criação artificial de escassez em vários setores da 
economia. Consequentemente, um compêndio de 
políticas malucas foi surgindo com o intuito de 
curar a Depressão através da redução da 
produção. O esquema era tão evidentemente 
auto-destrutivo que é difícil crer que alguém 
acreditava piamente que ele iria funcionar. 
A aplicação mais idiota da teoria tinha a ver 
com o preço do ouro. Começando com o feriado 
 
 
bancário e prosseguindo até um maciço 
programa de compra de ouro, Roosevelt 
abandonou o padrão-ouro, que é a base 
fundamental para se restringir a inflação e o 
crescimento estatal. Ele nacionalizou o estoque 
monetário de ouro, proibiu sua posse privada 
(exceto para jóias, para uso científico e industrial, 
e para pagamentos externos), e anulou todos os 
contratos - públicos ou privados, antigos ou 
futuros - que demandavam pagamento em ouro. 
Além de ser um roubo simples e direto, o 
confisco do ouro não funcionou. Seu preço 
aumentou de $20,67 para $35 por onça, um 
aumento de 69%, mas o nível dos preços 
domésticos aumentou apenas 7% entre 1933 e 
1934; e até o final da década o nível de preços 
sequer chegou a aumentar. A desvalorização 
provocada por FDR levou a retaliações por parte 
dos outros países, sufocando ainda mais o 
comércio internacional, intensificando a 
depressão nas economias ao redor do mundo. 
Após ter aleijado o sistema bancário e 
destruído o padrão-ouro, Roosevelt voltou-se 
para a agricultura. Trabalhando com o 
politicamente influente Farm Bureau[2] e com a 
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=130#Parte2
 
 
gangue de Bernard Baruch[3], Roosevelt decretou 
o Agricultural Adjustment Act, em 1933. Ele 
estipulava controles sobre a produção e sobre o 
tamanho das terras, restringia acordos até então 
feitos livremente no mercado e regulamentava 
licenças para produtores e negociantes com o 
objetivo de "eliminar práticas e custos injustos"; 
autorizava novos empréstimos governamentais, 
taxava processadores de commodities agrícolas e 
recompensava agricultores que reduzissem a 
produção. 
O objetivo era aumentar os preços das 
commodities agrícolas até que eles atingissem 
um nível de "paridade" muito maior. Os milhões 
que mal podiam alimentar e vestir suas famílias 
devem ser perdoados por questionarem a 
nobreza de um programa planejado para tornar 
os alimentos e os produtos têxteis mais caros. 
Apesar de essa ter sido chamada de "medida de 
emergência", nenhum presidente americano 
desde então resolveu declarar que a emergência 
está findada. 
A indústria foi praticamente nacionalizada 
pelo decreto National Industrial Recovery Act, 
assinado por Roosevelt em 1933. Como a maioria 
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=130#Parte3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultural_Adjustment_Administration
http://en.wikipedia.org/wiki/National_Industrial_Recovery_Act
 
 
das legislações do New Deal, esse decreto foi o 
resultado de um acordo conciliatório entre vários 
grupos de interesses: empresários querendo 
preços mais altos e mais barreiras à concorrência, 
sindicalistas buscando proteção e patrocínio 
governamental, assistentes sociais querendo 
controlar as condições de trabalho e proibir o 
trabalho infantil, e os habituais proponentes de 
gastos maciços em obras públicas. 
A legislação permitiu que o presidente 
Roosevelt tivesse a autoridade para licenciar 
empresas ou controlar importações com o intuito 
de atingir objetivos vagamente definidos pelo 
decreto. Todas as indústrias tinham de seguir 
normas de "concorrência justa". Essas normas 
continham cláusulas que determinavam as horas 
máximas de trabalho, o salário mínimo e as 
condições "decentes" de trabalho. Toda a política 
se baseava na dúbia noção de que tudo o que o 
país mais precisava eram cartéis, preços altos, 
menos trabalho e custos trabalhistas 
exorbitantes. 
Para administrar esse decreto, Roosevelt 
criou a National Recovery Administration e 
indicou o General Hugh Johnson, um amigo 
http://pt.wikipedia.org/wiki/National_Recovery_Administrationíntimo de Baruch e um ex-recrutador militar, 
como diretor. Johnson adotou o famoso emblema 
da "Águia Azul" e obrigou todos os 
estabelecimentos a exibi-lo, bem como a aceitar 
as leis e regulamentos da NRA. Havia desfiles, 
cartazes, pôsteres, outdoors, bottons e anúncios 
de rádio, todos feitos para silenciar aqueles que 
questionavam as políticas adotadas. Desde a 
Primeira Guerra Mundial não havia nada 
parecido com essa efusão de publicidade 
espalhafatosa e coerção. Diminuir preços foi 
considerado "trapaça", algo equivalente a uma 
traição. Toda essa política foi reforçada por um 
vasto sistema de agentes e informantes. 
No final, a NRA aprovou 557 leis básicas e 
189 suplementares, cobrindo quase 95% de todos 
os empregados industriais. Grandes empresários 
controlavam a criação e a execução dos 
documentos. Eles geralmente almejavam 
suprimir a concorrência. Figurando 
proeminentemente nesse empenho estavam 
quesitos como preços mínimos aceitáveis, 
conluio de preços oligopolísticos, padronização 
de produtos e serviços, e notificação antecipada 
de intenção de se alterar preços. Tendo ganho o 
 
 
comprometimento do governo em pacificar a 
concorrência, os magnatas simplesmente se 
puseram a desfrutar de um sossego lucrativo. 
Mas o entusiasmo inicial se evaporou 
quando a NRA não cumpriu sua promessa, e por 
razões óbvias. Mesmo seus apoiadores do mundo 
corporativo começaram a se opor aos maciços 
controles governamentais que ela requeria. Já em 
1935, quando a Suprema Corte invalidou todo o 
empreendimento, a maioria dos defensores da 
NRA já tinha perdido o ânimo com a empreitada. 
Ao revogar a NRA, o juiz da Suprema Corte 
Evans Hughes escreveu que "condições 
extraordinárias não criam ou ampliam poderes 
constitucionais". O Congresso "não pode delegar 
poder legislativo ao Presidente de modo que ele 
tenha irrestrita liberdade de ação para criar 
quaisquer leis que pense ser necessárias". 
Apesar dessa decisão judicial, o "método 
NRA" não desapareceu por completo. Uma 
enxurrada de decretos intervencionistas surgiu 
logo após sua extinção. Por exemplo, a lógica 
econômica da NRA reapareceu no National Labor 
Relations Act, de 1935, restabelecendo privilégios 
http://en.wikipedia.org/wiki/National_Labor_Relations_Act
http://en.wikipedia.org/wiki/National_Labor_Relations_Act
 
 
sindicais, e no Fair Labor Standards Act, de 1938, 
estipulando regulamentações para salários e 
horas de trabalho. O Bituminous Coal Act, de 
1937, reinstalou leis típicas da NRA para a 
indústria carvoeira, incluindo congelamento de 
preços. A Works Progress 
Administration transformou o governo no 
empregador de última instância. Utilizando 
o Connally Act, de 1935, Roosevelt cartelizou a 
indústria petrolífera. No fim, é claro, a Suprema 
Corte acabou mudando de idéia e se integrou ao 
jeito Roosevelt de pensar. 
Mesmo depois de tudo isso, a grande 
promessa do fim do sofrimento nunca se 
concretizou. À medida que o setor estatal foi 
drenando o setor privado, controlando-o em 
detalhes alarmantemente minuciosos, a 
economia foi chafurdando na depressão. O 
impacto conjunto das intervenções de Herbert 
Hoover e de Roosevelt sobre a economia foi fatal, 
pois o governo em momento algum deixou o 
mercado se corrigir a si próprio. Longe de ter 
tirado os EUA da Depressão, FDR não só a 
prolongou como também a aprofundou, levando 
um sofrimento desnecessário para milhões. 
http://en.wikipedia.org/wiki/Fair_Labor_Standards_Act
http://en.wikipedia.org/wiki/Works_Progress_Administration
http://en.wikipedia.org/wiki/Works_Progress_Administration
http://en.wikipedia.org/wiki/Connally_Hot_Oil_Act_of_1935
 
 
Ainda mais trágico é o duradouro legado de 
Roosevelt. O comprometimento que tanto as 
massas como as elites tinham com o 
individualismo, o livre mercado e um governo 
limitado sofreu um golpe súbito na década de 
1930, golpe do qual o país ainda tem que se 
recuperar por completo. A teoria da economia 
mista, na qual o estado controla a economia de 
mercado, ainda é a ideologia dominante que 
sustenta todas as políticas governamentais. Em 
lugar da velha crença na liberdade, temos hoje 
uma tolerância maior com - e até mesmo uma 
demanda por - esquemas coletivistas que 
prometem seguridade social, proteção contra os 
rigores da concorrência de mercado e alguma 
coisa em troca de nada. 
"Nunca é possível estudar Franklin Delano 
Roosevelt em excesso", disse Gingrich. Mas se 
estudarmos FDR com reverência, a lição que 
aprenderemos será essa: o governo é um meio 
imensamente útil para quem quiser atingir suas 
aspirações particulares, e recorrer a esse 
reservatório de benefícios potencialmente 
apropriáveis é perfeitamente legítimo. 
 
 
Uma coisa que devemos definitivamente 
temer é o político que acredita nisso. 
_______________________________ 
[1] Lei federal para restringir o comércio dos 
EUA com países que lhes são hostis. Essa lei dá ao 
presidente americano o poder para supervisionar 
ou restringir todas as transações comerciais entre 
os EUA e países inimigos em tempos de guerra. 
[N. do T.] 
[2] Organização lobista que representa os 
agricultores e fazendeiros dos EUA. [N. do T.] 
[3] Bernard Baruch foi um financista, 
especulador da bolsa, ocupante de cargos 
públicos e conselheiro presidencial. Foi após ter 
obtido sucesso nos negócios que ele se tornou o 
mentor de presidentes democratas - como 
Woodrow Wilson, além do próprio Roosevelt - 
para assuntos econômicos. Foi um dos criadores 
da idéia de que, durante uma guerra, o estado 
deve controlar todos os aspectos da economia, e 
pouco espaço deve ser dado à iniciativa privada. 
[N. do T.]

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