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a historia da psicopedagogia

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Psicopedagogia como 
Campo Teórico e de 
Atuação Profissional
A História da Psicopedagogia e seus Fundamentos
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Laura Marisa Carnielo Calejon
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• A Constituição da Psicopedagogia 
como Campo Teórico;
• Psicopedagogia e Dificuldades de 
Aprendizagem, Hiperatividade 
e Analfabetismo Funcional.
Fonte: iStock/Getty Im
ages
Objetivos
• Compreender a história de constituição da psicopedagogia como campo teórico e seus 
fundamentos epistemológicos, assim como os fenômenos de dificuldades de aprendiza-
gem do analfabetismo funcional e da hiperatividade.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o 
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
A História da Psicopedagogia e seus Fundamentos
UNIDADE 
A História da Psicopedagogia e seus Fundamentos
Contextualização
Para dar início a esta unidade, vamos assistir ao vídeo “Educação e Diversidade”, 
que apresenta elementos a serem refletidos, que vai em direção a uma escola inclu-
siva e potencializadora dos saberes veiculados nas ciências e na sociedade. 
Educação e Diversidade. Disponível em: https://youtu.be/dPoSbnqngag.
6
7
A Constituição da Psicopedagogia 
como Campo Teórico
Nossos estudos indicam que a Psicopedagogia é originaria da Europa, pois o interes-
se pelos problemas da aprendizagem surgiu ainda no século XIX enquanto preocupação 
de filósofos, médicos e educadores (Bossa, 2007). A preocupação com as dificuldades 
de aprendizagem surgiu, nessa época, em decorrência delas interferirem na produtivida-
de que passou a ser um objetivo perseguido e valorizado na era industrial e se traduziu 
em tentativas de organizar novos métodos para a educação. 
O movimento europeu que originou a Psicopedagogia acreditava que os problemas 
de aprendizagem não tinham somente causas orgânicas, como era o pensamento vi-
gente nos Estados Unidos na mesma época, onde a ênfase dada aos estudos se referia 
ao caráter biológico, gerando influências na psicologia escolar.
Os centros psicopedagógicos que foram fundados na Europa, a partir da segunda 
metade do século XX, objetivavam atender crianças ou adolescentes que tinham difi-
culdades de aprendizagem, apesar de não apresentarem déficits intelectuais.
De acordo com Janine Mery (1985), o primeiro centro psicopedagógico que se 
tem notícia foi fundado em 1946 por George Mauco e J. Boutonier, reunindo co-
nhecimentos médicos e pedagógicos das seguintes áreas: medicina, psicanálise, psi-
cologia e pedagogia, para tratar dificuldades de aprendizagem e comportamentos 
socialmente inadequados tanto no lar quanto na escola, tendo como objetivo a sua 
readaptação, visando à melhoria da convivência da criança em seu meio, bem como 
a melhoria das possibilidades de aprendizagem. Tinha como objetivo primordial ad-
quirir um conhecimento total do meio onde a criança vive para compreender o que 
estava ocorrendo com ela e organizar uma ação reeducadora orientada para a solu-
ção dos problemas observados.
Segundo Janine Mery, não podemos nos esquecer dos pesquisadores que inicia-
ram estudos preocupados com as crianças que apresentavam dificuldades de apren-
dizagem, dificuldades estas oriundas de deficiências sensoriais, debilidade mental 
e outros problemas de origem física. Lembramos de Jean Marc Gaspard Itard que 
desenvolveu um programa para a reeducação de uma criança selvagem “enfant 
sauvage” chamado Victor de Aveyron. Através de um método intuitivo e natural, 
Itard procurou estimular a percepção em busca das possibilidades de aprendizagem, 
pois a existência de uma criança criada nos campos dos arredores de Paris, com os 
animais e sem ter sido introduzida na cultura dos homens, representava um choque 
para o ideal romântico Rousseauniano.
Assista ao vídeo “menino selvagem”, acessando o link: https://youtu.be/b5CKltq3Uf4.
Qual seria a diferença entre um ser selvagem e um ser humano?
7
UNIDADE 
A História da Psicopedagogia e seus Fundamentos
Com a mesma inspiração, Pestalozzi fundou na Suíça um centro de educação atra-
vés do trabalho que abrigava crianças pobres de todas as idades, procurando integrá-
-las na sociedade dos humanos. Destacam-se ainda os trabalhos de Séguin, que fundou 
na França, em (1837), a primeira escola para a reeducação das crianças com deficiên-
cia mental, por rejeitar a ideia de incurabilidade ou de que eles não poderiam aprender, 
experimentando durante muitos anos o método fisiológico de educação que utilizava 
como técnica o treinamento dos sentidos e dos músculos e que ainda é utilizado atu-
almente. Séguin imigrou para os Estados Unidos, em 1848, onde suas ideais foram 
amplamente aceitas e tiveram muita repercussão. (Bossa, 2007, p. 39 e 40)
Esses educadores são considerados, por Jeanine Mery, pioneiros no tratamento 
dos problemas de aprendizagem, mas não podemos deixar de destacar que eles se 
preocupavam mais com as deficiências sensoriais e debilidade mental do que com a 
desadaptação e a dificuldade de aprender. 
Maria Montessori, no final do século XIX e começo do século XX, primeira mulher 
a se formar em medicina e psiquiatria infantil, criou um método de aprendizagem des-
tinado inicialmente às crianças retardadas e depois estendido para as demais crianças, 
método este que continua sendo utilizado até hoje e cuja principal preocupação está na 
educação da vontade e na alfabetização por meio da estimulação dos órgãos do sentido, 
sendo classificado como método sensorial.
Na Europa e nos Estados Unidos crescem o número de escolas particulares e de 
ensino especializado para crianças com aprendizagem lenta e surgem na França os 
primeiros centros de orientação da educação das crianças. 
Desde o seu início, o primeiro centro psicopedagógico, fundado em 1946 em Paris, 
tinha múltipla orientação, médica e pedagógica, de seus fundadores que reuniram à 
sua volta médicos, psicólogos, psicanalistas e educadores. Essa cooperação objetivava 
adquirir conhecimento total da criança e do seu meio, o que tornaria possível a com-
preensão do caso e possibilitaria a elaboração de uma ação reeducadora que poderia 
ser determinada e prevista de acordo com a orientação e a gravidade dos distúrbios da 
criança. De acordo com Bossa (2007), essa pedagogia curativa definida por Debesse 
como terapêutica para atender crianças e adolescentes desadaptados que embora inte-
ligentes tivessem maus resultados escolares, que foi introduzida no centro psicopeda-
gógico francês, poderia ser conduzida individualmente ou em grupos, sendo entendida 
como um método que favorecia a readaptação pedagógica do aluno, visando auxiliá-lo 
a adquirir conhecimentos e a desenvolver sua personalidade. Para Debesse apud (Bos-
sa, 2007), essa forma se aproxima muito da psicopedagogia que é desenvolvida nos 
dias de hoje. 
Mas nem todos os psicopedagogos argentinos concordam com isso. Sara Pain 
(1985) nos afirma que o tratamento psicopedagógico visa o desaparecimento do sin-
toma e apossibilidade de o sujeito aprender normalmente em melhores condições, 
enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito 
seja agente da sua própria aprendizagem e que se aproprie do conhecimento.
8
9
Já Alicia Fernandez, outra psicopedagoga argentina que muito influenciou a histó-
ria da Psicopedagogia no Brasil, enfatiza a importância do trabalho de autoanálise das 
próprias dificuldades e possibilidade de aprendizagem para a formação do psicope-
dagogo e também requer um espaço para a construção de um olhar e de uma escuta 
psicopedagógica, fundamentada na Psicanálise, a partir do seu próprio aprender.
A história da Psicopedagogia no Brasil é marcada por forte influência da Psico-
pedagogia Argentina, pois a proximidade geográfica do Rio Grande do Sul (estado 
onde surgiu o primeiro curso de Psicopedagogia no Brasil) com a Argentina facilitou a 
migração das ideais e dos conhecimentos, sendo que muitos dos primeiros psicopeda-
gogos brasileiros se formaram em cursos ministrados e dirigidos pelos psicopedagogos 
argentinos, tanto na Argentina como no Brasil. 
É importante enfatizar que a Psicopedagogia Brasileira inicialmente adotou a in-
terpretação organicista e patologizante para os problemas de aprendizagem (Lefèvre, 
1968, 1975, 1981; Grünspun, 1990 e Kiguel 1991) apud (Bossa, 2007). Essa inter-
pretação visava um trabalho de reeducação. Ainda em Bossa (2007), a incorporação 
rápida desta perspectiva pelos brasileiros se deve, especialmente, ao fato dela propor-
cionar uma explicação mais ingênua para o sistema brasileiro de ensino. 
Nas décadas de 60/70 do século passado, as dificuldades de aprendizagem, no 
Brasil, eram sempre associadas à DCM (Disfunção Cerebral Mínima), uma disfunção 
neurológica cuja atribuição da causa ajudou a camuflar muitas causas sociais e peda-
gógicas. Tal concepção contribui para o grande contingente de fracassos escolares 
atribuídos aos alunos na década de 80. 
Segundo Bossa (2007), “A partir de 1970, iniciam-se os cursos de formação de es-
pecialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico Pedagógica em Porto Alegre, com 
a duração de 2 anos”. Os primeiros cursos objetivavam complementar a formação de 
psicólogos e educadores. 
Muitos profissionais argentinos influenciaram a visão profissional da Psicopeda-
gogia aqui no Brasil: Sara Pain, Alicia Fernandez, Jacob Feldman, Ana Maria Muniz 
e Jorge Visca, dentre outros. Jorge Visca foi um dos grandes contribuidores, tendo 
criado a Epistemologia Convergente, que propõe um trabalho com a aprendizagem 
utilizando-se os princípios teóricos da teoria psicogenética de Piaget, da escola psica-
nalítica de Freud e da psicologia social de Pichon Rivieré, com a teoria do vínculo e as 
relações interpessoais vinculares em grupos sociais e a EOCA (Entrevista Operativa 
Centrada na Aprendizagem), um instrumento do diagnóstico operativo. 
Em 1972 passou a funcionar o primeiro curso com nível de especialização na Ponti-
fícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, o primeiro curso regular de especialização em Psicopedagogia 
teve início, em 1979, no Instituto Sedes Sapientiae, por iniciativa de Maria Lucia 
Vassimon, pedagoga e psicodramatista, e Madre Cristina Sodré Dória, diretora do 
mencionado Instituto. Esse curso buscava a perspectiva do homem global com refe-
rências: afetivas, intelectuais e corporais, fortalecendo a atuação na área educacional 
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UNIDADE 
A História da Psicopedagogia e seus Fundamentos
e a valorização do educador. A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo é con-
siderada também uma instituição pioneira na instalação do curso de especialização 
em Psicopedagogia. Lá o curso foi fundado sob coordenação da prof.ª Genny Golubi 
de Moraes. A partir da década de 80, a visão para a interpretação dos problemas de 
aprendizagem começa a se ampliar. Busca-se o entendimento das relações envolvi-
das no processo: indivíduo/família/sociedade, visando a eliminação do sintoma e a 
criação e/ou potencialização das possibilidades de aprender. No decorrer da década 
de 90, foram instalados inúmeros cursos de especialização lato sensu em Instituições 
públicas e particulares em várias cidades brasileiras. Tais cursos se fizeram necessários 
devido à grande demanda originária da necessidade de contribuir com as questões re-
lacionadas aos problemas de aprendizagem e ao fracasso escolar. Cabe ressaltar nesta 
trajetória histórica a contribuição de Patto (2015), com a análise da complexidade do 
fracasso escolar e do reducionista das interpretações feitas nas décadas de 1990 pela 
Psicologia Escolar da época.
A insatisfação de alguns psicólogos com esta situação foi uma força para o fortaleci-
mento da psicopedagogia no Brasil. Atualmente a psicopedagogia é um curso de espe-
cialização para educadores, pedagogos e psicólogos, como área interdisciplinar que toma 
a aprendizagem como seu objeto de estudo, busca encontrar, nas diferentes teorias sobre 
aprendizagem e desenvolvimento humano, aquela que pode oferecer uma compreensão 
mais abrangente das múltiplas determinações do seu objeto de estudo. Observamos na 
constituição deste campo a influência da Psicanálise e das ideias de Piaget, assim como de 
concepções sobre o não aprender que enfatizavam os aspectos biológicos.
O desempenho escolar dos nossos estudantes tem desafiado educadores e legisla-
dores a lutar por uma educação de maior qualidade, ainda que os projetos educativos 
e a legislação propostos nem sempre demonstrem possibilidade de alcançar tal obje-
tivo. O aumento de crianças consideradas hiperativas, incluídas no espectro autista, 
que apresentam desempenho escolar insatisfatório, que terminam o ensino funda-
mental e médio, chegando à Universidade como analfabetos funcionais, são indica-
dores da urgência de melhoria da qualidade do nosso sistema educacional, desafiando 
a reflexão dos psicopedagogos.
“Rumos da Psicopedagogia Brasileira”. Disponível em: https://goo.gl/ndF1uX.
Psicopedagogia e Dificuldades de 
Aprendizagem, Hiperatividade 
e Analfabetismo Funcional
A psicopedagogia como campo inter e transdisciplinar considera a aprendizagem 
como seu objeto de estudo, buscando compreender as condições de normalidade e as 
alterações deste processo. A aprendizagem é uma característica importante nos seres 
humanos, presente desde o nascimento até o final da vida, assegurando a flexibilida-
de e adequação do comportamento do homem, a possibilidade de desenvolvimento 
das funções psíquicas superiores, tais como o pensamento abstrato e generalizador, a 
imaginação criadora, o domínio da própria conduta, a atenção voluntária e a memória 
lógica, assim como o exercício da cidadania.
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11
Encontramos na literatura certa confusão entre conceitos como distúrbio de apren-
dizagem, transtornos de aprendizagem, problemas de aprendizagem e dificuldades de 
aprendizagem. Distúrbios de aprendizagem estão relacionados à capacidade da crian-
ça de processar, analisar, armazenar a informação. Entre os distúrbios encontramos 
relacionados na literatura: a dislexia, a discalculia, o Transtorno de Déficit de Atenção 
e Hiperatividade (TDAH), entre outros.
O conceito de transtorno, por sua vez, foi usado para evitar a conotação de doença 
ou enfermidade e a prevalência dos fatores biológicos na compreensão do problema.
De Mattos Pereira Mano e Dos Santos Marchello (2015) analisaram as concepções 
de professores das séries iniciais do Ensino Fundamental sobre distúrbios e dificuldades 
de aprendizagem, focalizando a dislexia e TDAH. A pesquisa usou como instrumento de 
coleta de dados um questionário que perguntava sobre a formação inicial dos professores, 
o tempo de exercício da docência nas séries iniciais, o que sabem sobre dificuldade de 
aprendizagem, distúrbio de aprendizagem, dislexia e TDAH. Os resultados da pesquisa 
indicam que os participantes (15) tinham formação em Pedagogia, um deles não sabia 
responder, 4 apresentavam definições mais adequadas e 10 apresentavam definiçõesmenos adequadas. Os dados sinalizam para a importância da formação inicial e con-
tinuada dos professores e demonstram uma vez mais as confusões sobre os conceitos 
mencionados. Considerando a frequência com que estes termos aparecem na literatura, 
as recentes discussões sobre a medicalização do fracasso escolar e o papel do psicopeda-
gogo, enquanto especialista, ampliam a reflexão e mostra-se importante. Santana Brito 
e Calejon (2017) demonstram, estudando egressos do curso de Pedagogia, a precarie-
dade da constituição dos conceitos sobre aprendizagem e desenvolvimento humano na 
formação inicial dos futuros professores, na medida em que os conceitos eram tratados 
de modo aligeirado, com pequena reflexão e buscando as convergências mais do que as 
divergências entre eles. 
O que você pensa sobre a medicalização na Educação? Assista ao vídeo: Um panorama da 
medicalização na infância. Disponível em: https://youtu.be/3Q5eRulKwS0. 
Siso (2007), apud De Mattos Pereira Mano e Dos Santos Marchello (2015), de-
monstra que em 1988 o National Joint Committee of Learning Disabilities (NJCLD) 
publicou que as dificuldades estão ligadas a um conjunto de transtornos que se manifes-
tam por meio de problemas na escrita e na matemática e que podem ocorrer em pesso-
as com inteligência normal. Observamos na definição o uso do conceito de transtornos 
e a indicação de que as dificuldades não se relacionam com déficits da inteligência. 
Muitas vezes, na tentativa de diferenciar distúrbio de aprendizagem da dificuldade 
de aprendizagem, observamos que, na literatura, o termo distúrbio de aprendizagem 
aparece como sinônimo de dificuldade de aprendizagem, problema de aprendizagem 
ou dificuldade de aprendizagem.
Carvalho, Crenitte, Ciasca (2007) apud De Mattos Pereira Mano e Dos Santos 
Marchello (2015) apontam para a tradução errônea do conceito learning desabilities 
proposto pelo NJCLD. Apesar das questões de tradução, Sisto (2007), Martinelle 
(2007), Tacca (2004), Siqueira e Gurgel (2011) apud (DE Mattos Pereira Mano e 
Dos Santos Marchelo A.M. 2015) são categóricos em afirmar que as dificuldades de 
aprendizagem não estão ligadas a nenhuma questão de caráter orgânico, enquanto 
nos distúrbios incidem estes aspectos.
11
UNIDADE 
A História da Psicopedagogia e seus Fundamentos
Os últimos autores destacam o valor cultural da aprendizagem em nossa socieda-
de, uma vez que o bom desempenho escolar é indicativo e está associado ao futuro 
sucesso social. Destacam que os problemas de ordem pedagógica estão relacionados 
com o desempenho escolar.
Observamos na diversidade de concepções apresentadas na literatura a dificuldade 
de articular em uma definição a multiplicidade de fatores e condições que estão presen-
tes na explicação do desenvolvimento humano, da aprendizagem e do desempenho 
escolar. Entendemos que a dificuldade reflete a diversidade de teorias que procuram 
explicar a aprendizagem e o desenvolvimento humano e, a partir desta diversidade, 
considerar o papel da educação. A superação da questão está em uma análise crítica 
das explicações produzidas até o momento, buscando explicações mais integradoras e 
abarcadoras da multideterminação desses processos.
A dislexia configura-se como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na escri-
ta e soletração, segundo Luz (2010) apud (De Mattos Pereira Mano A e Dos Santos 
Marchello A.M. 2015). Os últimos autores alertam para o cuidado com trocas de 
letras como T e D e entre F e V foneticamente semelhantes. Trocas desta ordem e 
a junção das letras de forma aleatória podem ser consideradas normais no processo 
de alfabetização. A diferença entre o aluno com dificuldades normais e o disléxico 
está no tempo de manifestação da dificuldade e, acreditamos, na concepção que o 
avaliador ou professor ou o psicopedagogo tenha elaborado sobre dislexia. Siquei-
ra; Gurgel, (2011) apud (De Mattos Pereira Man A e Dos Santos Marchello A. M., 
2015) demostram que a característica essencial é a presença do padrão persistente 
de desatenção. O distúrbio, segundo os autores, possui uma base neurológica e forte 
hereditariedade. Os sintomas têm início entre 3 e 7 anos, persistindo na adolescência 
e vida adulta em mais da metade dos casos. O TDAH aparece associado e relacionado 
com um desempenho escolar ruim, principalmente na matemática.
Chama nossa atenção a associação da dislexia com a desatenção, consequente-
mente com o TDAH e a consideração destes quadros como distúrbios. A idade de 
surgimento dos sintomas nos leva a pensar na qualidade da educação infantil e como 
esta etapa prepara o sujeito para os desafios do ensino fundamental e do processo 
de alfabetização. Se aceitamos a lógica de Piaget em que o desenvolvimento prece-
de a aprendizagem, sendo condição necessária para esta, torna-se mais plausível a 
questão da determinação biológica do problema. Se entendermos a lógica proposta 
por Vygotsky, em que a aprendizagem promove o desenvolvimento, torna-se neces-
sário considerar a qualidade da educação infantil e consequentemente reconsiderar 
o peso dos fatores biológicos na medida em que o Enfoque Histórico-Cultural nos 
oferece outra compreensão sobre os fatores biológicos e os fatores sociais e culturais 
na produção das funções psíquicas superiores.
A atenção voluntária, como função psíquica superior, não depende apenas da 
maturidade do sistema nervoso, mas também das condições educacionais, da regu-
laridade das atividades propostas às crianças e da qualidade das relações interpes-
soais. O desenvolvimento da função simbólica e o reconhecimento da palavra como 
12
13
símbolo que denomina ou qualifica objetos e situações, assim como o reconheci-
mento da sonoridade das palavras e a relação entre os sons e as letras, reduzem a 
possibilidade de trocas de letras e ampliam o sentido da escrita e da alfabetização, 
como demonstrado pelos trabalhos realizados pela Cátedra Vygotsky, da Univer-
sidade de Havana, pelo Centro de Referência Latino-americano para a Educação 
Pré-escolar (CELEP) e pelos pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Pessoal 
e Profissional (CEDEPP) em São Paulo.
É importante considerar os riscos do aumento da medicalização nos casos de hipe-
ratividade que com uma frequência cada vez maior tem sido identificado nas escolas. 
Os fóruns de medicalização do fracasso escolar têm feito uma análise crítica importan-
te deste fenômeno.
A atuação do psicopedagogo não se limita ao Ensino Fundamental ou a Educa-
ção Infantil. Encontramos trabalhos relacionados à compreensão das dificuldades de 
aprendizagem e do desempenho acadêmico na Universidade, como resultado da qua-
lidade da educação pública. Este segmento da escolarização vem se constituindo em 
foco de atenção de psicopedagogos.
13
UNIDADE 
A História da Psicopedagogia e seus Fundamentos
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Sala de Visitas | Medicalização da Educação
https://youtu.be/Lgo-jtcksDY
 Leitura
O garoto selvagem: a importância das relações sociais e da educação no processo de de-
senvolvimento humano
DOS ANJOS PEREIRA, Tatiane Marina; GALUCH, Maria Terezinha Bellanda. O ga-
roto selvagem: a importância das relações sociais e da educação no processo de 
desenvolvimento humano. Perspectiva, v. 30, n. 2, p. 553-571, 2012.
https://goo.gl/z9thG6
Distúrbios de aprendizagem na visão do professor
CARVALHO, Fabrícia Bignotto de; CRENITTE, Patrícia Abreu Pinheiro; CIASCA, Sylvia 
Maria. Distúrbios de aprendizagem na visão do professor. Revista Psicopedagogia, v. 24, 
n. 75, p. 229-239, 2007. 
https://goo.gl/ESrLbd
Dislexia-dificuldades específicas nos processamentos da linguagem
LUZ, M. A. P. C. Dislexia-dificuldades específicas nos processamentos da lingua-
gem. São Paulo, 2010.
https://goo.gl/e7dKua
Dificuldades de aprendizagem no ensino superior: reflexões a partir da perspectiva piagetiana
SARAVALI, Eliane Giachetto. Dificuldades de aprendizagem no ensino superior: refle-
xões a partirda perspectiva piagetiana. ETD: Educaçao Temática Digital, v. 6, n. 2, 
p. 99-127, 2005. 
https://goo.gl/LGFnJV
14
15
Referências
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 
3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
CALEJON L. M. C; BRITO S. A. Formação Inicial de Professores Polivalentes e os jogos 
Digitais. In: BEATÓN G. A.; ELEJALDE M. F.; CALEJON L. M. C. Educacion, Cultura y 
Desarrollo desde el Enfoque Histórico-Cultural. São Paulo: Terracota Editora, 2017. 
(Série Ecos)
MANO, Amanda de Mattos Pereira; MARCHELLO, Angela Maria dos Santos. Dificul-
dades e distúrbios de aprendizagem na concepção de professores de séries iniciais 
do ensino fundamental. 2015.
MERY, Jeanine. Pedagogia Curativa, escolar e Psicanálise. Porto Alegre: Artmed, 1985.
PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: 
Artes médicas, 1985.
PATTO, M. H. S. A Produção do Fracasso Escolar: história de submissão e rebel-
dia. 4. ed. revista e aumentada. São Paulo: Intermeios, 2015.
15

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