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A Função do Psicopedagogo

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42
RESUMO
Este trabalho visa mostrar o papel do psicopedagogo nas instituições educacionais e as práticas pedagógicas de aprendizagem sob o enfoque psicopedagógico. A escola deve se preparar para lidar com as dificuldades de aprendizagem e o psicopedagogo institucional atua no sentido de evitar a rotulação precoce de crianças com problemas de aprendizagem, sem negligenciar os alunos que podem, de fato, apresentar transtornos que precisem de intervenção. Cotidianamente, este profissional presta consultoria e auxílio aos demais que trabalham na instituição de ensino visando proporcionar melhores condições para a realização do processo ensino-aprendizagem. Este estudo baseou-se na revisão de literatura de artigos e livros de autores referência no assunto, como por exemplo: Libâneo, Scoz, Pain, Freire, Rubinstein, entre outros. Conclui-se, que o psicopedagogo poderá contribuir, dentro do âmbito escolar, no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não têm como causa apenas deficiências do aluno, mas que são consequências de problemas escolares. É função e dever de cada escola possibilitar a melhor aprendizagem possível de cada criança, entendendo ser necessária criar uma mentalidade critica com base nas reflexões sobre os assuntos que permeiam a Educação.
Palavras-chave: Desenvolvimento; Educação; Ensino-aprendizagem; Psicopedagogia; Psicopedagogo.
ABSTRACT
This work aims to show the role of psych pedagogue in educational institutions and pedagogical practices of learning under the psych pedagogical approach. The school should prepare to deal with learning difficulties and institutional psych pedagogue acts to avoid the early labeling of children with learning problems, without neglecting students who may, in fact, present disorders that need intervention. On a daily basis, this professional provides advice and assistance to others who work at the educational institution in order to provide better conditions for the realization of the teaching-learning process. This study was based on the literature review of articles and books by authors referring to the subject, such as: Lebanese, Scoz, Pain, Freire, Rubinstein, among others. It is concluded that psych pedagogue can contribute, within the school level, to clarify learning difficulties that do not have as cause only deficiencies of the student, but which are consequences of school problems. It is the function and duty of each school to enable the best possible learning of each child, understanding that it is necessary to create a critical mentality based on reflections on the subjects that permeate Education.
Keywords: Development; Education; Teaching-learning; Psych pedagogy; Psych pedagogue.
Lista de abreviaturas e siglas 
CEB – Conselho de Educação Brasileira.
CNE – Conselho Nacional de Educação.
DCNEI – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
INEP – Instituto de Estudos e Pesquisas do Ministério da Educação.
LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional.
NEE – Necessidades Educativas Especiais.
RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
	
sumário
INTRODUÇÃO	11
Metodologia	12
1DESENVOLVIMENTO.	13
1.1.Surgimento da psicopedagogia	13
1.2.Trajeto histórico da psicopedagogia	15
1.3.Objeto de estudo.	17 
1.4. Campo de atuação e código de ética..................................................................................19
2.FORMAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO................................................................................22
2.1.Psicopedagogia clínica........................................................................................................22
2.2.Psicopedagogia institucional...............................................................................................23
3.A ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA...............................................................................26
3.1.O trabalho do psicopedagogo na visão dos educandos.......................................................28
3.2. Família e Escola.................................................................................................................29
3.3.O educador e o educando: a prática docente sobre o olhar psicopedagógico.....................31
4. A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO PARA A INSTITUIÇÃO ESCOLAR...........33
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................39
INTRODUÇÃO
Atualmente, com o aumento significativo do fracasso escolar por diversos motivos, como: sociocultural, conflitos familiares, sistemas pedagógicos, deficiência intelectual e inibição intelectual, as escolas e as famílias têm buscado na Psicopedagogia a resolução para problemas de alunos com dificuldades de aprendizagem nas diferentes áreas do desenvolvimento.
A Psicopedagogia é um campo de atuação que possui uma história recente no Brasil. Nos últimos anos, os psicopedagogos vêm buscando uma definição para a sua formação, atuação e identidade.
 
Vários teóricos, a exemplo de Scozet al. (2011), Bossa (2007), Visca (2006) e Rubinstein (2008), afirmam que o psicopedagogo é o profissional capaz de reformar o sistema educacional brasileiro. 
Scozet al. (2011) justifica que isto é possível porque o psicopedagogo possui uma formação e uma prática que se baseiam em conhecimentos multidisciplinares, que permitem a esse profissional uma análise e intervenção no projeto educacional brasileiro, a partir de uma visão integral do aluno. 
A função do psicopedagogo é de ser um profissional que pode auxiliar os alunos a lidarem com suas dificuldades circunstanciais de aprendizagem, a compreenderem o processo escolar e a descobrirem (ou redescobrirem) seus potenciais. 
Além do mais, o psicopedagogo pode oferecer a estes alunos a possibilidade de resgatar a própria autoestima e a motivação para a aprendizagem, bem como ajudá-los a acreditar que através de seu próprio esforço e capacidade podem aprender e se desenvolver com prazer. 
11
A atuação do psicopedagogo não somente se limita ao contexto escolar. Ele também atua na parte clínica, dando uma significativa contribuição ao processo de desenvolvimento da criança como um todo. Nessa área, o profissional da psicopedagogia atua, principalmente, 
em clínicas especializadas, voltadas para a promoção do desenvolvimento da criança com retardo mental, síndrome de Down, Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. (Scozet al., 2011). 
No entanto o objeto central de estudo da psicopedagogia encontra-se estruturado em torno do processo de aprendizagem humana, focalizando também seus padrões evolutivos normais e patológicos, sem, contudo, esquecer a influência do meio, que é produzida pela família, pela escola e pela sociedade, no seu desenvolvimento do ser humano como um todo. 
Amparado em vários pressupostos teóricos, o psicopedagogo procura desenvolver o seu foco de atenção na reação do sujeito diante das tarefas, levando consideração os seguintes registros: bloqueios, hesitações, lapsos, repetição, resistências e sentimentos de angustias (Bossa, 2007). 
Fundamentado em vários teóricos, o presente trabalho, de natureza bibliográfica, teve por objetivo analisar o papel exercido pelo psicopedagogo no contexto atual na Educação Infantil.
Metodologia 
Para a elaboração do presente trabalho, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica onde foram consultadas várias literaturas relativas ao assunto em estudo, artigos, dissertações, monografias, revistas, publicados na internet e que possibilitaram que este trabalho tomasse forma para ser fundamentado. 
Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com todo o material escrito sobre umdeterminado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro passo de toda a pesquisa científica.
12
 15
1. 
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. O surgimento da Psicopedagogia
O histórico da Psicopedagogia A Psicopedagogia surgiu na França na primeira metade do século XX. Seu primeiro escopo foi um centro psicopedagógico composto por médicos, psicólogos e pedagogos com foco no estudo do comportamento de crianças com dificuldades de aprendizagem. Na época, sob a perspectiva clínica médica dos desvios de aprendizagem, buscava-se explicar as causas desses desvios no corpo físico, conforme relatado por Côrtes e Raush (2009), que revelaram, ainda, que a união de esforços entre o psiquiatra Esquirol e o educador Seguin contribuíram para a diferenciação clínica das enfermidades que afetavam o desempenho dos alunos. Diversas ciências vieram agregar conhecimentos à nova área, contribuindo para que ela viesse utilizar desses conhecimentos para erguer a sua própria linha de pensamento e de trabalho, conforme reiterado por Pinto: 
Os “Centros Psicopedagógicos” na França se multiplicaram até o início dos anos 60. Este sucesso, dentre outros fatores, foi atribuído à equipe de trabalho que era composta por médicos, psicólogos, pedagogos, psicanalistas e reeducadores de psicomotricidade e da escrita. (Pinto, 2007, p.13).
A Psicopedagogia que surgiu na Europa através da junção de ciências como a Psicologia e a Medicina e tinha como objetivo a reabilitação de crianças com baixo desempenho, hoje vem atuar como uma forma interdisciplinar, buscando desenvolver seu próprio campo de conhecimento e atuando sobre as dificuldades de aprendizagens e distúrbios que podem e devem ser prevenidos e remediados. Podemos encontrá-la em diversas instituições, tais como: escola, hospital e empresa.
13
 3
A convergência dos saberes médicos e educacionais deu origem ao diagnóstico clínico na Educação, tornando-o fator determinante na elaboração do plano de ações educativas que melhor se equivaliam aos níveis de inteligência apontados nos resultados dos testes. Nesse ponto, a neuropsiquiatria infantil assume relevância nas relações entre problemas neurológicos e aprendizagem. Também na primeira metade do século XX, a psiquiatra italiana Maria Montessori, desenvolveu um método de educação destinado a crianças com deficiência intelectual, que, posteriormente, passou a ser utilizado a todas as 
crianças com dificuldades de aprendizagem (Côrtes; Raush, 2009), inclusive aquelas com dificuldades visuais (Paton, 1915). 
A especialização em Psicopedagogia vem se expandindo no Brasil desde a década de 1970. De acordo com Bossa (2000), o psicopedagogo é o profissional que auxilia na identificação e na resolução dos processos envolvidos no aprender. Historicamente, a psicopedagogia nasceu para entender a patologia da aprendizagem, suas causas, efeitos e a resolução dos problemas encontrados, com o objetivo de contribuir na dinâmica do processo de ensino–aprendizagem, reconhecendo a contribuição da família, da escola e da sociedade para o desenvolvimento da aprendizagem escolar. Em outras palavras, a Psicopedagogia nasceu para contribuir na busca de compreensões e soluções para a questão dos problemas de aprendizagem. 
“A Psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber fazer, às condições subjetivas e relacionais – em especial familiares e escolares – às inibições, atrasos, desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O conhecimento psicopedagógico não se cristaliza numa delimitação fixa, nem nos déficit e alterações subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva de saber e fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito” (BOSSA, 2000, p. 127).
	O Quadro apresenta tais enfoques, bem como suas descrições, possibilitando, assim, um melhor entendimento. 
	Enfoques
	Descrição
	
Enfoque preventivo
	Considera o objeto de estudo da psicopedagogia a ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do aprender, num sentindo amplo.
	
Enfoque terapêutico
	Considera o objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem.
 Fonte: Golbert (2005), adaptado.
	
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A psicopedagogia preventiva refere-se a assessoria e o acompanhamento junto a pedagogos, orientadores e professores. Sua função é trabalhar todas as questões ligadas a relação professor - aluno e redefinir procedimentos pedagógicos, integrando sempre o cognitivo e o afetivo.
Ela tem como meta desenvolver projetos pedagógicos educacionais, enriquecendo os processos de sala de aula, como: metodologia, planejamento, avaliação.
“Há diferentes níveis de prevenção. No primeiro nível, o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de diminuir a freqüência dos problemas de aprendizagem. Seu trabalho incide nas questões didático-metológicas, bem como a formação e orientação dos professores, além de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível, o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico da realidade institucional e elaboram-se planos de intervenção baseados neste diagnóstico, a partir do qual se procura avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros” (Bossa, 1994, p.102).
Desta forma, pode-se dizer que a psicopedagogia possui seu foco de atenção voltado para a compreensão do processo de aprendizagem, procurando entender a relação que o aprendiz estabelece com essa atividade. 
2.2. Trajeto Histórico da Psicopedagogia
Verifica-se no trajeto histórico brasileiro, que a Psicopedagogia surge como uma proposta que parte da premissa de responder ao problema do fracasso escolar. A principal preocupação da Psicopedagogia eram os sintomas apresentados quanto às dificuldades de aprendizagem. Tais dificuldades eram concebidas como um produto a ser tratado, desconsiderando sua preocupação com o processo de ensino aprendizagem. Seu objeto de estudo, segundo MARQUES (2003), era remediar esses sintomas. Isso se revelou insuficiente para o êxito escolar. Ainda, de acordo com o referido autor, a percurso psicopedagógico vai-se consolidando à medida que a Psicopedagogia ruma a uma autonomia enquanto área de conhecimento. Isto se dá na década de 80. A partir desse ponto, o enfoque passou a ser mais abrangente, considerando o sujeito epistêmico com suas capacidades e habilidades e, acima de tudo, portador de uma história que merecia relevância e que possuía particularidades.
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Em linhas gerais, a Psicopedagogia nasce da necessidade de contribuir na busca de alternativas para solucionar questões referentes a problemas de aprendizagem. Contudo, é complexa a diversidade de fatores que interferem no processo de aprendizagem. A Psicopedagogia, como área do conhecimento, vem caminhando no sentido de contribuir para a melhor compreensão desse processo. Historicamente, segundo BOSSA (2000, p. 36), os	primórdios da Psicopedagogia ocorreram na Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela preocupação com	os problemas	de aprendizagem na área médica. Na época acreditava-se, que os comprometimentos na área escolar eram provenientes de causas orgânicas, pois se procurava identificar no físico as determinantes das dificuldades do aprendente. Com isto, constituiu-se orgânico da Psicopedagogia.
De acordo com BOSSA (2000, p. 48), a crença de que os problemas de aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos e determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem recentemente.
Nas décadas de 40 a 60, na França, ação do pedagogo era vinculada à do médico. No ano de 1946, em Paris foi criadoo primeiro centro psicopedagógico. O trabalho cooperativo entre médico e pedagogo era destinado a crianças com problemas escolares ou de comportamento e eram definidas como aquelas que apresentavam doenças crônicas com diabetes, tuberculose, cegueira, surdez ou problemas motores. A denominação "Psicopedagógico" foi escolhida, em detrimento de "Médico Pedagógico", porque se acreditava que os pais enviariam seus filhos com mais facilidade.
Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação professor-aluno. Nas décadas de 50 e 60 a categoria profissional dos psicopedagogos organizou-se no país, com a divulgação da abordagem psico- neurológica do desenvolvimento humano.
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A Psicopedagogia sofreu muitas influências, em decorrência de novas descobertas científicas e movimentos sociais. Pois se verifica que, inicialmente, a Psicopedagogia foi 
estudada pela Medicina e Pedagogia, sendo hoje estruturada também a partir das contribuições de diversas ciências. Uma vez que, segundo Barone (1987 apud Scoz, 1987), a prática educativa da Psicopedagogia é esclarecida e enriquecida por diferentes áreas do conhecimento. São claras as contribuições dadas pela filosofia, sociologia, psicologia, ciências médicas e pela psicolinguística. Reconhece-se que as grandes contribuições de Piaget e colaboradores trouxeram aperfeiçoamento na ação educativa. Também são significativas as contribuições da psicanálise no entendimento das motivações inconscientes e no entendimento das relações estabelecidas entre professor, aluno e conhecimento. 
Pode-se afirmar, através de diversos autores, que a Psicopedagogia tem caráter interdisciplinar. Confirma Bossa (2000, p. 17) quando diz “reconhecer tal caráter significa admitir a especificidade enquanto área de estudos, uma vez que, buscando conhecimentos em outros campos, cria o seu próprio objeto, condição essencial da interdisciplinaridade”. Entretanto, conceituar o termo psicopedagogia é algo complexo e difícil de conseguir clareza (Neves, 1992 apud Bossa 2000).
De semelhante modo, Parizzi (2000),através de um levantamento histórico da Psicopedagogia, afirma que a mesma não nasceu de uma área específica, uma vez que a neurologia, a psiquiatria, a educação e a psicologia tecem todo esse pensar. No entanto, atualmente, busca definir a sua identidade e também o seu campo de atuação.
2.3. Objeto de estudo
Segundo BOSSA (2000, p. 21), a Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda - o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia - e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática.
De acordo com Neves (1991 apud Bossa, 2000), a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, considerando os aspectos externos e internos da aprendizagem.
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Para Scoz (1992), a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, a qual se integra e sintetizam-se diversos campos do conhecimento.
Conforme os autores destacados, o termo psicopedagogia produz um estado de confusão. Todavia, a indefinição do termo psicopedagogia comprova que não temos respostas únicas e acabadas e sim, uma variedade de respostas, devido também à natureza interdisciplinar da Psicopedagogia. Vejamos a definição do objeto de estudo segundo alguns teóricos da área. Em suma, a psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem do ser humano, ocupando-se dos problemas do processo de aprendizagem. Em relação à concepção de aprendizagem
Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposição afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio. (BOSSA, 2000, p.22)
Logo, o psicopedagogo há de estar ciente que o seu sujeito, indivíduo com dificuldades de aprendizagem, apresenta, quase sempre, um quadro de comprometimentos que extrapola o campo da ação específico de diferentes profissionais, envolvendo dificuldades cognitivas, instrumentais e afetivas (Scoz, 1991 apud Bossa, 2000).
É válido ressaltar que a forma de abordar o objeto de estudo pode variar em função da modalidade da psicopedagogia: clínica ou institucional.
O psicopedagogo clínico é aquele que atua no aspecto clínico/terapêutico de maneira que seu trabalho se constitui em:
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· Avaliar e diagnosticar as condições da aprendizagem, identificando as áreas de competência e de insucesso do aprendente. De acordo com BOSSA (2000, p. 102), em geral, no diagnóstico clínico, ademais de entrevistas e anamnese, utilizam-se provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas pedagógicas, provas de 
· percepção, provas projetivas e outras, conforme o referencial teórico adotado pelo profissional;
· Realizar devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o aprendente;
· Atender o aprendente, estabelecendo um processo corretor psicopedagógico com o objetivo de superar as dificuldades encontradas na avaliação;
· Orientar os pais quanto a suas atitudes para com seus filhos, bem como professores para com seus alunos;
· Pesquisar e conhecer a etiologia ou a patologia do aprendente, com profundidade.
No entanto, neste presente trabalho, interessa-nos abordar a psicopedagogia institucional/preventiva. Uma vez que, como já foi dito, historicamente, a Psicopedagogia surgiu para atender a patologia da aprendizagem, mas ela se tem voltado cada vez mais para uma ação preventiva, crendo que muitos problemas de aprendizagem se devem à inadequada Pedagogia institucional e familiar. A proposta da Psicopedagogia, numa ação preventiva, é adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, numa concepção mais totalizante, visando propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógicas nas escolas.
O psicopedagogo, no Brasil, é atribuido-lhe atividades relacionadas à apropriação de conteúdos escolares, orientação de estudos, desenvolvimento de raciocínio e atendimento de crianças, de maneira que as funções não são excludentes entre si e nem em relação a outras. (MACESO, 1990 apud BOSSA, 2000)
2.4. Campo de atuação e código de ética
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Coll (1996 apud SOLÉ 2001) caracteriza o campo profissional da psicopedagogia como aquele para o qual conflui um conjunto de profissionais – basicamente psicólogos e pedagogos – cuja atividade fundamental tem a ver com a maneira como as pessoas aprendem e se desenvolvem, com as dificuldades e os problemas que encontram quando levam a cabo novas aprendizagens, com as intervenções dirigidas a ajudá-las a superar estas dificuldades e, em geral, com as atividades especialmente pensadas, planejadas e executadas para que elas aprendam mais e melhor. De um ponto de vista genérico, pode-se dizer que o trabalho 
psicopedagógico está intimamente vinculado à análise, planejamento, ao desenvolvimento e à modificação de processos educacionais.
A Psicopedagogia enquanto área de atuação é fundamentada por referenciais teóricos, ou seja, ela é uma práxis psicopedagógica, a qual é reconhecida no meio acadêmico através das produções científicas produzidas em teses, publicações e reuniões científicas organizadas pela Associação Brasileira de Psicopedagogia e por outros órgãos representados por áreas afins. A formação do psicopedagogo é realizada em cursos de especialização em instituições de ensino superior. (RUBINSTEIN, 2004).
É relevante destacar que, ainda segundo Rubinstein (2004, p. 226), a psicopedagogia tem contribuído para a integração de crianças, adolescentes e adultos que por diferentes razões estão desarticulados do sistema escolar. “Disciplinarmente a Psicopedagogia tem na sua origema interdisciplinaridade”. 
Atualmente, ela é entendida como um campo de atuação que se encontra entre a Pedagogia e a Psicologia ou Psicanálise, a qual, de um modo geral, está voltada para a aprendizagem. 
No entanto, faz-se necessário considerar que surgiu para 	atender, principalmente, crianças e adolescentes com problemas de aprendizagem escolar. Mas, isto não impede que a intervenção psicopedagógica ocorra fora do contexto escolar, uma vez, que inicialmente, caracterizava-se somente no aspecto clínico. Contudo, hoje pode ser aplicado além do segmento escolar, conhecida como Institucional, também em segmentos hospitalares, empresariais e em organizações que aconteça a gestão de pessoas.
De acordo com Kiguel (1987 apud SCOZ1987) a Psicopedagogia Clínica é um campo que surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a qual visa a integração das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica e pscicolinguística para uma compreensão mais integradora do fenômeno de aprendizagem humana.
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A Psicopedagogia Clínica tem como missão, retirar as pessoas da sua condição inadequada de aprendizagem, dotando-as de sentimentos de alta auto- estima, fazendo-as 
perceber suas potencialidades, recuperando desta forma, seus processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos: cognitivo, afetivo- emocional e de conteúdos acadêmicos (SCHROEDER, M.M, s/d). O aspecto clínico é realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas Psicopedagógicas e as atividades ocorrem geralmente de forma individual.
O aspecto institucional, como já mencionado, acontecerá em organizações e está mais voltada para a prevenção dos insucessos interpessoais e de aprendizagem e à manutenção de um ambiente harmonioso, se bem que muitas vezes, deve-se considerar a prática terapêutica nas organizações como necessária.
É possível perceber que a Psicopedagogia também tem papel importante em relação à inserção/inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) no ensino regular.
Entende-se que colocar o aluno com NEE em sala de aula e não criar estratégias para a sua permanência e sucesso escolar, inviabiliza todo o movimento nas escolas. Faz-se premente a necessidade de um acompanhamento e estimulação dos alunos com NEE para que as suas aprendizagens sejam efetivas (SCHROEDER, M.M, s/d).
É importante destacar que os psicopedagogos devem seguir certos princípios éticos que estão condensados no Código de Ética1, devidamente aprovado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia, no ano de 1996.
O Código de Ética regulamenta as seguintes situações:
os princípios da Psicopedagogia;
as responsabilidades dos psicopedagogos;
as relações com outras profissões;
o sigilo;
as publicações científicas;
a publicidade profissional;
os honorários;
as relações com a educação e saúde;
a observância e cumprimento do código de ética; e· as disposições gerais.
3. FORMAÇÂO DO PSICOPEDAGOGO
A formação do psicopedagogo vem se expandindo no Brasil desde a década de 70. O curso de especialização em psicopedagogia deve atender algumas exigências mínimas como: carga horária, critérios de avaliação, estágio supervisionado, corpo docente, entre outras.
É importante ressaltar que não há normas e critérios para a estrutura curricular, o que pode levar há uma grande diversidade na formação, embora esta formação só se dá mediante ao término de um curso de graduação.
De acordo com BOSSA (2000, p.73) O psicopedagogo é o profissional que auxilia na identificação e resolução dos processos de aprender. Historicamente falando a psicopedagogia nasceu para entender a patologia da aprendizagem, suas causas, efeitos e resolução destes problemas levantados.
O curso de especialização em psicopedagogia tem como finalidade, formar profissionais habitados para atuar na área Clínica e Institucional que dão suporte para trabalhar em clínicas psicológicas, escolas e empresas.
Para SCOZ (1992) A psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem, em uma ação global, envolve vários campos do conhecimento. Essa é a verdadeira formação de interagir o psicopedagogo em suas ações.
Portanto a psicopedagogia é uma área inovadora que veio com o objetivo de contribuir na dinâmica do processo ensino aprendizagem, caracterizando todos os aspectos: família, escola e sociedade onde todos fazem parte do desenvolvimento da aprendizagem.
3.1. Psicopedagogia Clinica 
21
22
A psicopedagogia clinica é realizada terapeuticamente. O psicopedagogo que atende em clinica se concentra em descobrir o porquê o sujeito não aprende, para auxiliá-lo (BOSSA, 
2000). Com o desenvolvimento do trabalho o psicopedagogo colabora na construção da autoestima, que se desfez na trajetória estudantil. Dessa forma o sujeito é conduzido a descobrir suas competências e aptidões, construindo seu saber. O atendimento clinico é praticado em centros de saúde e clinicas e normalmente os atendimentos são feitos individualmente (VERCELLI, 2012, p.73). 
A avaliação psicopedagógica é um processo que o psicopedagogo deve cumprir e têm que envolver diferentes atividades, é nesse momento que o psicopedagogo decide quais serão as estratégias de intervenção. Na avaliação psicopedagógica é feita uma análise sobre a aprendizagem do sujeito tentando compreender como e quando começou o problema. Para fazer uma avaliação é preciso que sejam realizados alguns procedimentos como uma entrevista inicial, com o motivo da queixa, análise do material escolar, diversos modelos de atividades em diferentes disciplinas, testes que verificam o nível de desenvolvimento e sondagens (MORAES, 2010, p.4).
 O psicopedagogo precisa estar atualizado e ciente de todos os problemas que possam servir de obstáculos, Gamba e Trento corroboram a ideia aos indicarem que: 
Para que o trabalho em uma clinica de Psicopedagogia seja realizado com sucesso, o envolvimento dos profissionais que ali atuam é de extrema importância. O psicopedagogo precisa estar atento às inúmeras possibilidades de intervenção, levando em conta as dificuldades apresentadas pelos clientes que buscam sua ajuda, bem como a própria disponibilidade frente a novos aprendizados demonstrados por este (2009, p.2)
Ter ciência das possibilidades do aluno é o primeiro passo para que o psicopedagogo possa a refletir em intervir. A escolha do material de trabalho vai variar de acordo com as necessidades do sujeito, e a adaptação é feita constantemente (GAMBA e TRENTO, 2009, p. 3).
3.2. Psicopedagogia Institucional
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 A psicopedagogia pode ser clínica ou institucional. A diferença se dá em relação à metodologia e ao espaço onde o trabalho é desenvolvido. A primeira acontece de forma individual ou grupal, em consultórios, com o intuito de reconhecer as causas internas que interferem na aprendizagem. A institucional tem um caráter preventivo e acontecem nas instituições escolares, empresas, creches e organizações assistenciais. Ela tem como objetivo 
reduzir a “frequência dos problemas de aprendizagem”, sendo realizado um trabalho didático e pedagógico. 
Geralmente, quando um estudante não está apresentando o rendimento esperado, as instituições de ensino apresentam uma queixa de caráter pedagógico ou comportamental às famílias e recomendam que busquem profissionais habilitados para tratar os problemas de aprendizagem.
 Nesse contexto, necessitamos diferenciar dificuldades e distúrbios ou transtornos de aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem estão relacionadas às questões momentâneas, podem ser primárias (quando são ocasionadas a problemas emocionais) ou secundárias (em decorrência de paralisia cerebral ou outras questões, que podem comprometer o sistema orgânico e assim dificultar a aprendizagem). Os distúrbios estão relacionados às características intrínsecas, resultando em uma inabilidade específica. É um conceito muito associado à psiquiatria e encontra-se listado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) (RELVAS, 2010).
 Segundo Neto et al. (2015), desde 2000, há um aumento no número de queixas relacionadas à dificuldadede aprendizagem. Ele ressalta que algumas questões poderiam ser abordadas e enfrentadas pela própria escola, evitando assim rotular as crianças e indicar medicamentos desnecessários, pois, na maioria das vezes, as dificuldades acontecem devido às práticas pedagógicas inadequadas.
Bossa (2007) afirma que a prática da psicopedagogia na instituição escolar também é clínica se analisarmos apenas a semântica original da palavra de observação e investigação, já que na instituição o profissional será um observador e investigador das dificuldades de aprendizagem. 
Weiss (2001) menciona casos de crianças com idade inadequadas para a alfabetização que foram encaminhadas para clínicas de psicopedagogia. Contudo, nesses casos, constatou-se que houve uma má condução no processo de ensino. A autora afirma que: 
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Qualquer escola precisa ser organizada sempre em função da melhor possibilidade de ensino e ser permanentemente questionada para que os conflitos, não resolvidos, 
não apareçam nas salas de aula sob forma de distorções do próprio ensino. (WEISS, 2001)
Abordarmos algumas questões levantadas por Cazella (2010 apud WEISS, 1994, p.14) sobre a condução do ensino nas instituições escolares. “[...] será o problema da não aprendizagem apenas do aluno? [...] A atualização da escola apenas em metodologias de ensino não poderia estar deixando de lado as questões de aprendizagem? ’’ Outras perguntas também devem ser feitas: será que todas as queixas de aprendizagem encaminhadas pela escola são analisadas dentro da instituição? Qual é a metodologia usada pelos professores? Será que ela atende às diferentes formas de aprender e estimula as diferentes competências e habilidades? Há conflitos entre professor e aluno que estão interferindo na aprendizagem? São questões que deverão ser levantadas dentro da instituição, antes de encaminhar os educandos para um psicopedagogo clínico. 
Em muitas escolas, o quadro de funcionários para trabalhar diretamente com os processos de ensino-aprendizagem é preenchido por pedagogos e licenciados. As instituições de educação básica, das Redes Municipal e Estadual de ensino, localizadas em Salvador, não apresentam psicopedagogos. Há professores com pós-graduação na área, mas que não exercem a função e nem têm vínculo como psicopedagogo (a), porque até o momento não teve concurso para o cargo. Na Rede Particular, algumas escolas afirmam que possuem profissionais como psicólogos e psicopedagogos, mas não sabemos como acontece a atuação deles nas instituições. Em geral, os trabalhos acadêmicos envolvendo as práticas de psicopedagogia relatam as experiências desenvolvidas em instituições públicas.
 A presença de psicopedagogo é de fundamental importância para as instituições escolares. Eles auxiliam os docentes no reconhecimento de fatores emocionais ou orgânicos que estejam interferindo no processo de aprendizagem dos educandos. Com base nesse contexto e com a intenção de abordar as atribuições e atividades que podem ser realizadas por um psicopedagogo institucional, o presente estudo tem como objetivo compreender como docentes e discentes percebem a importância de um psicopedagogo no ambiente escolar.
4. A ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia (código de ética daABPp, 1996).
A Psicopedagogia, área de conhecimento interdisciplinar, tem como objeto de estudo a aprendizagem humana. É papel fundamental do psicopedagogo potencializá-la e atender as necessidades individuais, no decorrer do processo.
O trabalho psicopedagógico pode adquirir caráter preventivo, clínico, terapêutico ou de treinamento, o que amplia sua área de atuação, seja ela escolar - orientando professores, realizando diagnósticos, facilitando o processo de aprendizagem, trabalhando as diversas relações humanas que existem nesse espaço; empresarial – realizando trabalhos de treinamento de pessoal e melhorando as relações interpessoais na empresa; clínica - esclarecendo e atenuando problemas; ou hospitalar - atuando junto à equipe multidisciplinar no pós-operatório de cirurgias ou tratamentos que afetem a aprendizagem. É importante salientar que a Psicopedagogia é uma área que vem para somar, trabalhando em parceria com os diversos profissionais que atuam em sua área de abrangência. (BEYER, 2003, p.1)
O psicopedagogo realiza diagnóstico e intervenção psicopedagógica, utilizando métodos, instrumentos e técnicas da Psicopedagogia. Orienta, coordena e supervisiona cursos de Especialização. Atua na prevenção dos problemas de aprendizagem. Com um campo de atuação amplo, o psicopedagogo dentre suas funções, tem a função de intervir no âmbito escolar, conforme acima citado, facilitando o processo de aprendizagem, trabalhando as diversas relações humanas que existem nesse espaço. Relações estas que diversas vezes tem seu início no cerne familiar, no que tange as dificuldades de aprendizagem.
A aprendizagem é um processo que vai muito além do âmbito escolar. Ela começa no seio da família, nos modelos de aprendizagem, absorvidos nas relações familiares e, se estende, por todas as relações do indivíduo (FERNÁNDEZ apud FRANCO, 2012, p. 8).
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Segue abaixo um exemplo de intervenção psicopedagógica em criança da educação infantil, onde a criança na verdade não tinha nenhum problema de aprendizagem, o que aconteceu é que por desconhecer o que sua filha era capaz de produzir em seus 3 anos de idade, o pai agiu de forma incorreta quanto ao desenho, e, provavelmente a escola também e com isto a filha começou a não querer mais desenhar.
Bons pais atendem, dentro das suas condições, os desejos dos seus filhos. Fazem festas de aniversário, compram tênis, roupas, produtos eletrônicos, proporcionam viagens. Pais brilhantes dão algo incomparavelmente mais valioso aos filhos. Algo que todo o dinheiro do mundo não pode comprar: o seu ser, a sua história, as suas experiências, as suas lágrimas, o seu tempo (CURY, 2003, p. 9).
A escola mandou o livro com atividade de casa, onde nesta atividade, era pedido que a criança desenhasse a sua própria casa, porém, na página anterior havia uma casa desenhada. A criança em questão sentiu-se inibida em desenhar, pois havia ali um modelo a ser seguido. O pai, que no momento estava fazendo a atividade com a criança, insistiu que a mesma desenhasse e lhe mostrava a figura da casa na página anterior. A filha, desmotivada, disse que não sabia. O pai, que desconhecia as etapas de desenvolvimento que necessariamente a criança tem que passar, segurou na mão da filha e desenhou uma casa nos moldes tradicionais. A partir deste dia, a criança recusava-se a desenhar, mesmo que fosse de brincadeira. Como a mãe, na época do acontecido, era estudante de psicopedagogia, conversou com seus professores que lhes sugeriram algumas “intervenções” a fim de ver a criança ter sua habilidade de desenho de volta. Então, com orientações ao esposo, e trabalhando em conjunto, a criança conseguiu tomar gosto novamente por desenhar.
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A partir daí, o casal passou a respeitar e a ter mais delicadeza no trato com a filha. Para que a mesma voltasse a ter gosto pela arte de desenhar, foi sugerido que se trabalhasse muito com giz no chão, deixando a criança explorar o espaço que estava tendo disponível; também foi mudada a forma como o seu desenho era tratado. Ao invés de lhe perguntar o que havia desenhado a pergunta que deveria ser feita era: “me conta a história do teu desenho?”; toda vez que trabalhavam o desenho com ela em casa, primeiro era contada uma história e depois “brincava-se de desenhar”, e na verdade, no desenho ela retratava a história, mas da sua forma. Então, se era para desenhar um leão, por exemplo, antes havia uma brincadeira de 
ir ao zoológico e depois “brincavam” de desenhar os animais. Com mudanças na conduta em casa e com conversacom a escola, a criança voltou a desenhar e não mais se intimidar com o que lhe era pedido nas atividades. Seus limites nos traços foram respeitados e a mesma sente prazer em desenhar.
São inúmeros pais que dizem querer cuidar da formação dos filhos, mas não se sentem capazes de fazê-los. Os futuros pais e mães, a fim de se tornarem capazes conscientes de seu papel na vida do filho, precisam preparar-se antes mesmo de a criança nascer (POLI, 2008, p. 57).
Assim como esse casal conseguiu perceber e trabalhar a dificuldade escolar da filha em parceria com a escola, outros poucos também o fazem. É grande a queixa dos professores da Educação Infantil quanto este tema. Os professores se queixam quanto às famílias especialmente por não entenderem sobre o trabalho feito nesta etapa da Educação Básica e também como este trabalho é executado. Os pais querem os filhos na escola, mas, não se interessam ao menos em saber sobre a metodologia da escola que matriculam seus filhos. Depois, quando se sentem prejudicados, vão à escola reclamar, mesmo sem entender a proposta da escola e se a mesma é coerente com a aprendizagem das crianças.
Neste caso, mais uma vez, se faz necessária a ação do psicopedagogo, para conversar com os pais a fim de saber o que estes sabem quanto à Educação Infantil, e também mediar este conflito entre pais e escola.
4.1. O trabalho do psicopedagogo na visão dos educandos
 Inicialmente apresentamos o roteiro de entrevistas, mas não foi possível entrevistar os estudantes da instituição. Por isso, nesta seção, iremos relatar a percepção de um educando, encaminhado para a sala do psicopedagogo pelos professores. 
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O educando entrevistado é do sexo masculino, tem dezoito anos, está no terceiro ano do ensino médio e é a primeira vez que estuda na instituição. Perguntamos a ele se já tinha 
consultado o psicopedagogo da escola, em qual situação, pedimos para ele explicar como aconteceu e explicar como o profissional pode auxiliar o seu desempenho na escola. 
O estudante, no seu discurso, mostrou-se acolhido pelo psicopedagogo e relatou que, em alguns momentos, ele se dirigia à sala para conversar e solicitar ajuda em algumas disciplinas. Ele faz um acompanhamento com fisioterapeuta e fonoaudiólogo, pois apresenta dificuldade motora. 
A maioria dos educandos eram encaminhados para uma conversa com o psicopedagogo devido à indisciplina ou então quando os professores observavam alguma dificuldade de aprendizagem.
4.2. Família e Escola
A família tem um papel importantíssimo além da educação de valores e culturas próprias, este papel estende-se à educação escolar, entendendo e apoiando o filho em seu ingresso na educação infantil. Portanto, faz-se necessário que a família esteja sempre em parceria com a escola nesta fase, para dar suporte aos seus filhos, porém o que se percebe na fala dos pais de filhos na educação infantil, que esta etapa é apenas de socialização e de brincadeiras, mas não entendem que esses e outros aspectos trabalhados na educação infantil têm papel relevante para as aprendizagens futuras das outras etapas da educação básica. Desconhece-se e desrespeita-se a importância do brincar, do desenhar, e de todas as habilidades trabalhadas no contexto da educação infantil.
A mudança de olhar para a infância é uma necessidade urgente, responsabilidade de todos aqueles envolvidos com o desenvolvimento da criança (ALEXANDROFF, 2010, p. 16).
	A partir desta constatação, pergunta-se: como a família pode contribuir para o pleno desenvolvimento do filho que cursa a educação infantil? De que forma os responsáveis podem atuar a fim de serem parceiros da escola?
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Para nortear este tema da relação entre a família e a escola, o referido capítulo contará com as contribuições de Cris Poli e Augusto Cury.
Cris Poli é argentina, formada em Magistério e em Educação na Língua Inglesa. Veio morar no Brasil em 1976 e atualmente trabalha com orientação às famílias brasileiras.
Para Poli (2008, p. 16) “... É preciso que pais e professores falem a mesma linguagem com a criança para que ela possa seguir na mesma direção, com o mesmo objetivo, tanto em casa como na escola”.
Há uma necessidade de se entender a importância deste processo e participar de forma consciente e ciente de como a criança representa suas potencialidades. Quando a fala dos pais/responsáveis e professores é a mesma, a criança é favorecida por esta singularidade, permitindo que as mesmas, tenham confiança e certeza do seu fazer.
Outro autor de grande renome no cenário da educação é Augusto Cury. Cury psiquiatra, pesquisador na área da educação e qualidade de vida, desenvolvimento da inteligência, dentre outros. Sua contribuição também gira em torno do tema em questão e em como as famílias podem lidar com a educação dos filhos.
... Educar é acreditar na vida, mesmo que derramemos lágrimas. Educar é ter esperança no futuro, mesmo que os jovens nos decepcionem no presente. Educar é semear com sabedoria e colher com paciência. Educar é ser um garimpeiro que procura os tesouros do coração. (CURY, 2003, p.5)
Pais e professores devem unir-se num esforço constante e diário para entender, compreender e respeitar a criança da Educação Infantil, possibilitando a elas que todas as suas potencialidades sejam preservadas e desenvolvidas dentro do que elas são capazes de oferecer. Portanto, mais uma vez reforça-se a necessidade de uma parceria entre a família e a escola, para que pais e professores tornem-se brilhantes e fascinantes na vida da criança.
4.3. O educador e o educando: a prática docente sobre o olhar Psicopedagógico
Cada criança tem o seu processo de desenvolvimento diferente, algumas aprendem com maior facilidade enquanto outras aprendem mais devagar. E nesse momento que é de fundamental importância que o professor analise individualmente cada criança para poder adequar os conteúdos conforme a necessidade de cada um. 
As mudanças de estratégias de ensino podem contribuir para que todos aprendam. Em alguns casos, as estratégias de ensino não estão de acordo com a realidade do aluno. A prática do professor em sala de aula é decisiva no processo de desenvolvimento dos educandos. Esse talvez seja o momento de o professor rever a metodologia utilizada para ensinar seu aluno, através de outros métodos ou atividades ele poderá detectar quem realmente está com dificuldade de aprendizagem, evitando os rótulos muitas vezes colocados erroneamente, que prejudicam a criança trazendo-lhe várias consequências, como a baixa estima e até mesmo o abandono escolar. “O que é ensinado e aprendido inconscientemente tem mais probabilidade de permanecer”. (COELHO, 1999 p. 12). 
Deve-se dessa forma, procurar propiciar um ambiente favorável à aprendizagem, ou seja, que sejam trabalhadas a autoestima, a confiança, o respeito mútuo e a valorização do aluno. 
Em seus estudos e relatos a Psicopedagogia, Alicia Fernández, percebe que, 
Ser ensinante significa abrir um espaço para aprender. Espaço objetivo e subjetivo em que se realizam dois trabalhos simultâneos: a construção de conhecimentos e a construção de si mesmo, como sujeito criativo e pensante (FERNÁNDEZ, 2001, p.30). 
Vislumbra-se desta forma, que, ensinar e aprender são processos interligados. Não se deve pensar em um, sem estar ligado ao outro. Fernández (2001, p.29), ainda comenta que “entre o ensinante e o aprendente, abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender”. Ensinantes são considerados os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais integrantes da família, como também, os professores e companheiros da escola. 
Em contra partida autores como Sena, Conceição e Vieira (2004), relatam que,
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o processo de ressignificação da prática pedagógica constrói-se por meio de um processo que se efetiva pela reflexão critico reflexiva do professor sobre seu próprio trabalho, isto é, a partir da base do contexto educativo real, nas necessidades reais dos sujeitos, nos problemas e dilemas relativos ao ensino e à aprendizagem.O professor não apenas transmiteos conhecimentos ou faz perguntas, mas também ouve o aluno, deve dar-lhe atenção e cuidar para que ele aprenda a expressar-se, a expor suas opiniões. 	
	
De acordo com Fermino (2001) 
“as evidências sugerem que um grande número de alunos possui características que requerem atenção educacional diferenciada. Neste sentido, um trabalho psicopedagógico pode contribuir muito, auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimentos sobre as teorias do ensino e aprendizagem e as recentes contribuições de diversas áreas do conhecimento, redefinindo-as e sintetizando-as numa ação educativa.”
Haja vista a formação inicial ser apenas o ponto de partida para o desenvolvimento desse profissional, a formação continuada surge como uma ferramenta que torna possível a discussão de novas abordagens teórico-práticas que colaborem com o cenário atual. 
Com o objetivo de trabalhar com os processos de aprendizagem e acolhendo as novas demandas, cabe a ele uma parcela significativa na responsabilidade de possibilitar a todos o direito à alteridade. Dessa forma, para se pensar a qualificação do psicopedagogo, é fato a afirmação de que, a cada dia, ela se faz mais necessária, para subsidiar a prática clínica na perspectiva da inclusão de todas e quaisquer diferenças. Essa é uma tendência inegável, que vem ganhando espaço em inúmeras instituições onde o fazer psicopedagógico visa a contribuir para a discussão da diversidade. 
Vivenciar processos de aprendência associando afeto e emoção no agir/fazer constrói pontes à autoria de pensamento [...]. É de grande valia referendar a imensa necessidade de criar perspectivas que ampliem as potencialidades presentes em cada um de nós, sujeitos cognoscentes e sempre desejosos de aprender. Neste movimento, o que precisamos sempre é de estarmos abertos aos novos olhares sobre o aprender, percebendo as limitações, mas colocando-as em um outro ponto de destaque, ou seja, sabendo que limites podem ser superados, desde que o desejo assim queira. Construir processos permanentes de promoção e elaboração de autoria de pensamento, [...] é desafio para que, efetivamente, aconteçam processos superiores de inclusão (BEUCLAIR, 2004, p. 07).
5. A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO PARA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
O que constitui a identidade da Psicopedagogia é o estudo e a intervenção dos processos de aprendizagem e define como objeto central da ação do psicopedagogo o resgate e a identificação com o conhecimento, com o prazer e a possibilidade de aprender.
Dessa forma, conforme Macedo (apud Scoz, 1991, p. 12):
Uma nova área não surge por acaso [...] representa o preenchimento de um vazio construído e determinado pelas outras áreas [...] e que seu desejo sincero e humilde, mas determinado e incessante é o mesmo que animam todas as outras [...] contribuir individual e coletivamente para uma vida [...] menos injusta, mais saudável [...].
Na tentativa de refletir sobre as questões ligadas às aprendizagens é que foi surgindo o espaço para um trabalho psicopedagógico na instituição escolar, espaço esse deixado pelos especialistas em educação e pela psicologia escolar, preocupados apenas com os campos restritos de atuação, deixando de lado questões mais amplas sobre a construção de conhecimento na escola.
Assim, a ação da Psicopedagogia Institucional busca a ressignificação das relações de aprendizagem na escola e o resgate da identidade da instituição com o conhecimento, tendo como foco a prevenção das dificuldades de aprendizagem, resgatando o prazer de aprender.
Esses aspectos fazem pensar como a escola está estruturada hoje e para quem ela serve, pois o contexto educacional brasileiro traz a marca do fracasso escolar, principalmente nas classes sociais mais desfavorecidas. 
Nesse sentido, a Psicopedagogia tem um compromisso social, uma vez que seu campo conceitual vem proporcionar uma nova possibilidade para que a escola reverta esse fracasso, pois aponta uma visão interdisciplinar que se constrói a partir do estudo dos atos de aprender e de ensinar, pensados em conjunto, considerando a realidade interna de cada sujeito quanto à realidade externa.
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Para Bossa (2000), o trabalho psicopedagógico institucional, na sua função preventiva, visa a detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem, investigar questões metodológicas, auxiliando o professor a perceber que nem sempre a sua maneira de ensinar é 
apropriada à forma de o aluno aprender, além de colaborar na elaboração do projeto pedagógico e orientar os professores no acompanhamento do aluno com dificuldade de aprendizagem, contribuindo para que a escola acompanhe o desenvolvimento da humanidade e se constitua num verdadeiro espaço de construção de conhecimento.
Segundo Escott (2001), o psicopedagogo institucional, através de uma fundamentação teórica consistente e de uma elaboração criteriosa de um diagnóstico, poderá instrumentalizar os educadores na criação de novos fazeres pedagógicos. Esse trabalho de construção consiste na leitura e na releitura do processo de aprendizagem e do processo da não aprendizagem, bem como a aplicabilidade e os conceitos teóricos que lhe dêem novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes e contribuindo para que o professor resgate o seu desejo de aprender, em um jogo de troca de lugares de quem ensina e de quem aprende, pois é o desejo que nos marca como seres humanos.
Talvez esse novo olhar que a Psicopedagogia lança sobre a instituição escolar, contribuindo para uma postura mais investigativa em relação às questões do aprender e do não aprender, permitirá ao educador redimensionar a sua prática, garantindo a aprendizagem e minimizando o fracasso escolar. Corrobora com essa afirmação Mendes (1996), quando aponta que:
[...] essa leitura do que falta e o que fazer para possibilitar que o sofrimento da falta seja substituído pela busca do prazer em querer mudar, para encontrar outras opções de ação pedagógica, é o campo da Psicopedagogia dentro da instituição escolar e um dos aspectos que a distingue da Pedagogia. (p. 10).
 Nessa busca, Scoz (1991) coloca o psicopedagogo como um dinamizador do processo de ensino e aprendizagem, uma vez que atua como:
[...] uma liderança competente capaz de atuar junto ao professor e de buscar, com ele, a sua revalorização. [...] um mediador capaz de integrar e sintetizar as várias áreas do conhecimento junto à equipe escolar [...]. É de fundamental importância instrumentalizar o professor para lidar com essa questão, tornando acessíveis os conhecimentos necessários para o trabalho com as dificuldades de aprendizagem (SCOZ, 1991, p. 3).
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Portanto, a presença do psicopedagogo na instituição não é inócua, pois nela se produzem fantasias das mais diversas. Alguns percebem a sua presença como um 
colaborador, para outros, é apenas mais uma exigência da escola; outros o enxergam como uma figura que vem julgar o trabalho docente, pois, para Butelman (1998, p. 144), “esse saber oculto que por momentos é adjudicado ao psicopedagogo pode promover, em algumas pessoas, a fantasia de que este soluciona magicamente os problemas, sem que o docente assuma a responsabilidade que tem frente a seu grupo”.
Para que isso não ocorra, é necessário que haja um enquadramento de trabalho claro, objetivando as funções do psicopedagogo, o que facilitará a sua inserção na instituição escolar, percebendo os mandatos míticos que transitam entre ensinantes e aprendentes, já que:
[...] a Psicopedagogia tem seu campo na instituição, à medida que consiga criar um espaço transicional para os ensinantes pensarem sobre a sua prática. Acredito que esse espaço irá lhes permitir mostrar o potencial escondido, excluindo o 'expiar', através de uma prática automatizada e sem sentido, para resgatar o seu potencial, ressignificando a sua identidade como aquele que ocupa o lugar de ensinar, dinamizando a aprendizagem de quem aprende e que também lhe possibilita aprender (MENDES, 1996, p. 75).
Este é um dos grandes desafios da Psicopedagogia, construir diferentes saberes, que possamser socializados, a partir da escuta e do olhar dos processos de ensino e de aprendizagem (Mendes, 1996), resgatando, assim, uma ação institucional politicamente comprometida e consciente. 
A proposta da Psicopedagogia Institucional passa prioritariamente por reflexões sobre as necessidades sociais de determinada instituição, centrando o olhar sobre a aprendizagem.
Dessa maneira, Barbosa (2001, p. 21) afirma que:
A Psicopedagogia na e para a escola, na verdade, é uma das contribuições para que os novos paradigmas da ciência possam se instalar no interior desta instituição, possibilitando uma visão e uma ação interdisciplinar, holística, sistêmica que permitam que o ser humano seja visto como inteiro, como alguém que pensa, sente, faz e compartilha, e que possibilite que a aprendizagem não fique restrita a um ato de simples acumulação de informações já pensadas e concluídas em tempos passados.
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Sendo assim, a psicopedagogia institucional auxilia na busca da qualidade do processo de ensino e aprendizagem a partir de um olhar investigativo e de escuta psicopedagógica, 
privilegiando o cruzamento de todos os fatores, buscando identificar as fraturas e incoerências de todo o processo e da dinâmica institucional.
	
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se então dizer que o pedagogo possui uma responsabilidade social, uma responsabilidade pedagógica, uma responsabilidade tecnológica, uma responsabilidade política e uma responsabilidade metodológica com cada um dos alunos que estão dentro da escola. 
Dizem que a educação é dever e direito de todos, mas, são a escola e a família as instituições a que esse processo é atribuído. Nessa ótica, concebida como o porto seguro da criança, a família é responsável por fornecer bases sólidas para que ela possa agir conforme as expectativas sociais. Assim, é muito importante que os familiares tenham subsídios, para lidar com a indisciplina infantil, tanto no ambiente familiar, bem como no ambiente escolar.
A indisciplina infantil é a transgressão cometida pela criança a regras e normas estabelecidas, em geral, por adultos. De alta incidência, o comportamento indisciplinado na infância repercute sobre os mais diversos segmentos sociais, tais como o contexto familiar, escolar, os diferentes espaços de convivência com outras crianças e os vários tipos de interação com adolescentes e adultos. 
Muito se discute sobre a que instituição cabe a responsabilidade de educar uma criança: a família ou a escola. No entanto, não há dúvidas de que o papel da família tem função crucial no processo educativo, uma vez que figuram como o alicerce sócio emocional da criança, que conta com eles para saber aonde e como ir, sanar suas angústias e ter segurança emocional.
Comportamentos e expectativas sociais estão estreitamente relacionados, de modo que a indisciplina infantil pode figurar como um relevante entrave durante a formação sócio emocional da criança e consequente constituição de sua personalidade. 
Por isso, a forma como a criança encara os vários regulamentos estabelecidos em sociedade costuma ser uma preocupação, sobretudo da família e de educadores. Dessa maneira, lidar com a indisciplina infantil tende a ser um grande desafio para os familiares e profissionais da educação. 
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Para ter condições de lidar satisfatoriamente com esse comportamento, é crucial que sejam entendidas suas causas e características, conhecidas as possibilidades de abordagem e compreendido o papel da família na condução da indisciplina quando ela ocorre.
Assim, é, no ambiente familiar, sobretudo, que os limites precisa ser colocados, a relação entre autoridade e permissividade equilibrada, bem como a educação democrática praticada e estimulada. A premissa geral é que a família coloque-se no papel de orientadora da conduta da criança, mostrando a ela tanto a existência como a importância de seguir regras. A convivência cotidiana e as relações afetivas, típicas dos laços familiares, aliadas a técnicas assertivas e coerentes são poderosos recursos para formar pessoas éticas.
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