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CSTPA PM-SP Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais da Polícia Militar Volume I EDITAL DEC-16/23/18 JL049-A-2018 DADOS DA OBRA Título da obra: Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais da Polícia Militar - CSTPA PM-SP Cargo: Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais da Polícia Militar Volume I • História do Brasil • Atualidades • Língua Portuguesa • Matemática • Direito Constitucional • Direito Penal e Direito Processual Penal • Direito Penal Militar e Processo Penal Militar • Direito Administrativo • Legislação Complementar Volume I • Legislação de Interesse Policial Militar • Normas Administrativas de Interesse Policial Militar Autores Jaqueline Lima Letícia Veloso Gestão de Conteúdos Emanuela Amaral de Souza Diagramação/ Editoração Eletrônica Elaine Cristina Igor de Oliveira Thais Regis Ana Luiza Cesário Produção Editoral Suelen Domenica Pereira Julia Antoneli Leandro Filho Capa Joel Ferreira dos Santos APRESENTAÇÃO CURSO ONLINE PARABÉNS! 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SUMÁRIO História do Brasil História do Brasil: .....................................................................................................................................................................................................01 O Primeiro Reinado (1822-1831): a consolidação da Independência, a Constituição de 1824, a Confederação do Equador, a abdicação de Dom Pedro I; ..................................................................................................................................................... 01 A Regência (1831-1840): as reformas institucionais, as revoltas provinciais, a política no período regencial; ............. 05 O Segundo Reinado (1840-1889): o “Regresso”, a luta contra o Império centralizado, o acordo das elites e o “parlamentarismo”, os partidos: semelhanças e diferenças, a preservação da unidade territorial, a estrutura sócioeconômica e a escravidão, a Guerra do Paraguai, a crise do Segundo Reinado; ........................................................... 13 A Primeira República (1889-1930): a primeira Constituição republicana, o Encilhamento, Deodoro na presidência, Floriano Peixoto, a Revolução Federalista, Prudente de Morais, Campos Sales, características políticas da Primeira República, o Estado e a burguesia do café, principais mudanças socioeconômicas - 1890 a 1930, os movimentos sociais, o processo político nos anos 20, a Revolução de 1930; ...................................................................................................... 25 O Estado Getulista (1930-1945): a colaboração entre o Estado e a Igreja, a centralização, a política do café, a política trabalhista, a educação, o processo político (1930-1934), a gestação do Estado Novo, o Estado Novo, as mudanças ocorridas no Brasil entre 1920 e 1940; ......................................................................................................................................................41 O Período Democrático (1945-1964): a eleição de Dutra, a Constituição de 1946, o governo Dutra, o novo governo Vargas, a eleição de Juscelino Kubitschek, o governo JK, a sucessão presidencial, o governo Jânio Quadros, a sucessão de Jânio, o governo João Goulart; ............................................................................................................................................................... 51 O Regime Militar (1964-1985): o governo Castelo Branco, o governo Costa e Silva, a junta militar, o governo Médici, o governo Geisel, o governo Figueiredo, caracterização Geral do Regime Militar, morte de Tancredo Neves; .......... 60 Completa-se a Transição: o Governo Sarney (1985-1989): política econômica, o Plano Cruzado, as eleições de 1986, a Assembleia Nacional Constituinte, a transição avaliada; ................................................................................................................63 Principais Mudanças Ocorridas no Brasil entre 1950 e 1980: população, economia, indicadores Sociais; .................... 73 Modernização pela Via Democrática: o Breve Mandato de Fernando Collor, o Governo Itamar Franco, Governo FHC, Os Governos de Lula; ........................................................................................................................................................................................ 77 História da Polícia Militar: .....................................................................................................................................................................................80 Marcos históricos da PMESP: ........................................................................................................................................................................80 Fundação da Polícia Militar (15 de dezembro de 1831); ...............................................................................................................80 Guerra dos Farrapos (1835 - 1845); ....................................................................................................................................................... 84 Campos das Palmas (1839); ...................................................................................................................................................................... 85 Guerra do Paraguai (1865 - 1870); ......................................................................................................................................................... 86 Revolta Armada e Revolução Federalista (1893); ............................................................................................................................. 88 Questão dos protocolos (1896); ............................................................................................................................................................. 88 Campanha de Canudos (1897); ............................................................................................................................................................... 91 Revolta da Vacina (1904); ........................................................................................................................................................................... 93 Revolta do Marinheiro João Cândido (1910); .................................................................................................................................... 94 Greve Operária em São Paulo (1917); ...................................................................................................................................................95 Os 18 do Forte de Copacabana e a Sedição de Mato Grosso (1922); .....................................................................................98 Revolução de São Paulo e Campanha do Sul (1924 - 1925); .......................................................................................................99 Campanhas do Nordeste e Goiás (1926);..........................................................................................................................................101 Revolução Outubrista de Getúlio Vargas (1930);............................................................................................................................101 Revolução Constitucionalista (1932); ..................................................................................................................................................102 Movimentos Extremistas (1935 - 1938); ............................................................................................................................................103 Segunda Guerra Mundial (1942 - 1945); ...........................................................................................................................................104 Revolução de Março (1964); ...................................................................................................................................................................108 Campanha do Vale do Paraíba - Martírio do Tenente Alberto Mendes Júnior (1970); ...................................................109 A Canção da PM; ..............................................................................................................................................................................................110 A unificação da Guarda Civil e da Força Pública. .................................................................................................................................112 Atualidades: .............................................................................................................................................................................................................113 questões relacionadas a atualidades e à Segurança e Ordem Pública, ocorridas a partir de 1º de janeiro de 2018. ........113 SUMÁRIO Atualidades Questões relacionadas a atualidades e à Segurança e Ordem Pública, ocorridas a partir de 1º de janeiro de 2018 ..... 01 Língua Portuguesa Distinção entre variedades da língua portuguesa; ..................................................................................................................................... 01 Norma ortográfica; ..................................................................................................................................................................................................05 Morfossintaxe das classes de palavras: ...........................................................................................................................................................08 Flexão nominal; .........................................................................................................................................................................................................08 Flexão verbal: expressão de tempo, modo, aspectos e voz; correlação de tempos e modos;.................................................. 08 Formação de palavras; ...........................................................................................................................................................................................08 Concordância nominal e verbal; ........................................................................................................................................................................08 Regência nominal e verbal; ..................................................................................................................................................................................08 Pronomes; ...................................................................................................................................................................................................................08 Advérbios; ...................................................................................................................................................................................................................08 Conectivos: função sintática e valores lógico-semânticos; .....................................................................................................................08 Processos de coordenação e subordinação; .................................................................................................................................................08 Reorganização de orações e períodos; paragrafação; ..............................................................................................................................08 Citação de discursos: direto, indireto e indireto livre. ...............................................................................................................................60 Organização do texto:............................................................................................................................................................................................61 Dissertação: fato e demonstração/argumento e interferência/relações lógicas; ...........................................................................61 Narração: sequenciação de eventos/ temporalidade; ...............................................................................................................................61 Descrição: simultaneidade/espacialidade na ordenação dos elementos descritores. ..................................................................61 Elementos de composição: ..................................................................................................................................................................................77 Recursos expressivos; estratégias de articulação do texto; ..................................................................................................................... 77 Poema: sonoridade, ritmo, verso, imagens.................................................................................................................................................... 77 Relação do texto com outros textos (intertextualidade); diversidade de tratamento de um tema; ....................................... 79 Relação do texto com a obra em que se insere ou com o conjunto da obra de um autor; ...................................................... 84 Relação do texto com seu contexto histórico e cultural; .........................................................................................................................84 Literatura: ..................................................................................................................................................................................................................100 Literatura brasileira, desde as origens até a atualidade; ........................................................................................................................100 Os textos ou fragmentos de textos que servirão de base às questões de literatura serão extraídos das obras de escritores representativos dos diferentes períodos das literaturas portuguesa e brasileira, devendo o candidato ter conhecimento do teor das seguintes obras: .............................................................................................................................................................................102 Camões - Poesia Épica: episódios de Inês de Castro (III, 118-135) e do Velho do Rastelo (IV, 90-104), de Os Lusía- das; ..........................................................................................................................................................................................................102 José de Alencar - O Guarani; .............................................................................................................................................................................104 Álvares de Azevedo - Lira dos Vinte Anos; ..................................................................................................................................................105 Eça de Queirós - A Ilustre Casa de Ramires; ...............................................................................................................................................107 Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas; .....................................................................................................................107 Mário de Andrade - Macunaíma; ....................................................................................................................................................................108 Carlos Drummond de Andrade - Alguma Poesia; .....................................................................................................................................109 Graciliano Ramos - Vidas Secas; ......................................................................................................................................................................110 João Guimarães Rosa - Primeiras Estórias; ..................................................................................................................................................111 João Cabral de Melo Neto - Morte e Vida Severina. ...............................................................................................................................112 Matemática Temas básicos de aritmética e álgebra: conjunto dos números reais, equações e inequações de 1º grau, polinômios, porcentagem; ............................................................................................................................................................................................................01 Temas básicos de geometria plana: ângulos e polígonos, congruência de triângulos, relação entre proporção e geome- tria, circunferência e círculo, cálculo de áreas; .............................................................................................................................................26 SUMÁRIO Estatística: noções de estatística, medidas estatísticas; ............................................................................................................................41 Sequencias numéricas: sequencias, progressão aritmética, progressão geométrica; ..................................................................47 Análise combinatória: princípios da análise combinatória. ..................................................................................................................... 51 Direito Constitucional Constituição Federal: ..............................................................................................................................................................................................01 Dos Princípios Fundamentais; .............................................................................................................................................................................01 Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; ........................................................................................................................................... 05 Da Administração Pública; ...................................................................................................................................................................................38 Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; ..........................................................................................................38 Dos Tribunais e juízes dos Estados; ..................................................................................................................................................................61 Da Segurança Pública. ...........................................................................................................................................................................................66 Constituição do Estado de São Paulo: .............................................................................................................................................................67 Dos Fundamentos do Estado; .............................................................................................................................................................................67 Da Justiça Militar do Estado; ...............................................................................................................................................................................67 Da Administração Pública; ...................................................................................................................................................................................67 Dos Servidores Públicos Militares; ....................................................................................................................................................................67 Da Segurança Pública. ...........................................................................................................................................................................................67 Direito Penal e Direito Processual Penal Direito Penal: .............................................................................................................................................................................................................01 Da aplicação da lei penal; .....................................................................................................................................................................................01 Do crime; .....................................................................................................................................................................................................................05 Da imputabilidade penal; .....................................................................................................................................................................................16 Do concurso de pessoas; ......................................................................................................................................................................................17 Das espécies das penas; ........................................................................................................................................................................................19 Dos efeitos da condenação; ................................................................................................................................................................................19 Da ação penal; ..........................................................................................................................................................................................................29 Da extinção da punibilidade; ...............................................................................................................................................................................31 Dos crimes contra a pessoa; ................................................................................................................................................................................31 Dos crimes contra o patrimônio; .......................................................................................................................................................................38 Dos crimes contra a dignidade sexual; ............................................................................................................................................................49Dos crimes contra a Administração Pública. .................................................................................................................................................52 Direito Processual Penal: .......................................................................................................................................................................................59 Do Inquérito Policial; ..............................................................................................................................................................................................59 Da ação penal; ..........................................................................................................................................................................................................63 Da Prova; .....................................................................................................................................................................................................................64 Da prisão e da liberdade provisória (com alterações introduzidas pela Lei Federal 12.403/11); ............................................. 70 Dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, nos termos da Lei Federal 9.099/95. ............................................................................83 Direito Penal Militar e Processo Penal Militar Direito Penal Militar: ...............................................................................................................................................................................................01 Da aplicação da lei penal militar; ....................................................................................................................................................................... 01 Do crime; .....................................................................................................................................................................................................................13 Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar; ...............................................................................................................................13 Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar; ............................................................................................................................... 15 Dos crimes contra a Administração Militar. .................................................................................................................................................. 15 Direito Processual Penal Militar: ........................................................................................................................................................................ 17 Da Polícia Judiciária Militar; .................................................................................................................................................................................17 Do Inquérito policial militar; ................................................................................................................................................................................19 SUMÁRIO Da ação policial militar e do seu exercício; ....................................................................................................................................................21 Das medidas preventivas e assecuratórias; ...................................................................................................................................................21 Processo Especial - Deserção, complementado pela Portaria CORREGPM-1/310/16 (Bol G PM 221/16), que estabelece a rotina de procedimentos para os casos de deserção; ...........................................................................................................................23 Resolução 42/2016, do TJM. Dispõe sobre a audiência de custódia e procedimentos de polícia judiciária militar; ........ 27 Provimento 3/05-CGer do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo e Bol G PM 230/05 (item 24) - Crime militar decorrente de acidente de trânsito - instauração do adequado procedimento de polícia judiciária militar - Ato do Subcmt PM; .........................................................................................................................................................................................................30 Resolução 009/12 - Institui o Regimento Interno de Execução Penal do Presídio Militar Romão Gomes. .......................... 30 Direito Administrativo Princípios constitucionais e infraconstitucionais da Administração Pública; ................................................................................... 01 Poderes Administrativos; ......................................................................................................................................................................................03 Atos Administrativos - requisitos (elementos) e atributos; .....................................................................................................................08 Responsabilidade administrativa, penal e civil dos militares do Estado. ...........................................................................................22 Legislação Complementar BRASIL. Lei 4.898/65. Regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade; ................................................................................................................................................................. 01 Lei 8.069/90. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências (Arts. 1º ao 4º; 103 ao 128 e 228 ao 244-B); .......................................................................................................................................................................................................03 Lei 8.429/92. Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exer- cício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências; .....................................................................................................................................................................................................07 Lei 8.666/93. Regulamenta o Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências; .......................................................................................................................................12 Lei 9.455/97. Define os crimes de tortura e dá outras providências; ..................................................................................................49 Lei 10.520/02. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências; ................................................................................................................................................................................................52 Lei 10.826/03. Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - Sinarm, define crimes e dá outras providências; .................................................................................................................54 Lei 12.850/13. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; ...........................................................................................................................61 Decreto Federal5.123/04. Regulamenta a Lei n o 10.826/03, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e define crimes. .................................................... 65 HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: .....................................................................................................................................................................................................01 O Primeiro Reinado (1822-1831): a consolidação da Independência, a Constituição de 1824, a Confederação do Equador, a abdicação de Dom Pedro I; ..................................................................................................................................................... 01 A Regência (1831-1840): as reformas institucionais, as revoltas provinciais, a política no período regencial; ............. 05 O Segundo Reinado (1840-1889): o “Regresso”, a luta contra o Império centralizado, o acordo das elites e o “parlamentarismo”, os partidos: semelhanças e diferenças, a preservação da unidade territorial, a estrutura sócioeconômica e a escravidão, a Guerra do Paraguai, a crise do Segundo Reinado; ........................................................... 13 A Primeira República (1889-1930): a primeira Constituição republicana, o Encilhamento, Deodoro na presidência, Floriano Peixoto, a Revolução Federalista, Prudente de Morais, Campos Sales, características políticas da Primeira República, o Estado e a burguesia do café, principais mudanças socioeconômicas - 1890 a 1930, os movimentos sociais, o processo político nos anos 20, a Revolução de 1930; ...................................................................................................... 25 O Estado Getulista (1930-1945): a colaboração entre o Estado e a Igreja, a centralização, a política do café, a política trabalhista, a educação, o processo político (1930-1934), a gestação do Estado Novo, o Estado Novo, as mudanças ocorridas no Brasil entre 1920 e 1940; ...................................................................................................................................................... 41 O Período Democrático (1945-1964): a eleição de Dutra, a Constituição de 1946, o governo Dutra, o novo governo Vargas, a eleição de Juscelino Kubitschek, o governo JK, a sucessão presidencial, o governo Jânio Quadros, a sucessão de Jânio, o governo João Goulart; ............................................................................................................................................................... 51 O Regime Militar (1964-1985): o governo Castelo Branco, o governo Costa e Silva, a junta militar, o governo Médici, o governo Geisel, o governo Figueiredo, caracterização Geral do Regime Militar, morte de Tancredo Neves; .......... 60 Completa-se a Transição: o Governo Sarney (1985-1989): política econômica, o Plano Cruzado, as eleições de 1986, a Assembleia Nacional Constituinte, a transição avaliada; ................................................................................................................ 63 Principais Mudanças Ocorridas no Brasil entre 1950 e 1980: população, economia, indicadores Sociais; .................... 73 Modernização pela Via Democrática: o Breve Mandato de Fernando Collor, o Governo Itamar Franco, Governo FHC, Os Governos de Lula; ........................................................................................................................................................................................ 77 História da Polícia Militar: .....................................................................................................................................................................................80 Marcos históricos da PMESP: ........................................................................................................................................................................ 80 Fundação da Polícia Militar (15 de dezembro de 1831); ............................................................................................................... 80 Guerra dos Farrapos (1835 - 1845); ....................................................................................................................................................... 84 Campos das Palmas (1839); ...................................................................................................................................................................... 85 Guerra do Paraguai (1865 - 1870); ......................................................................................................................................................... 86 Revolta Armada e Revolução Federalista (1893); ............................................................................................................................. 88 Questão dos protocolos (1896); ............................................................................................................................................................. 88 Campanha de Canudos (1897); ............................................................................................................................................................... 91 Revolta da Vacina (1904); ........................................................................................................................................................................... 93 Revolta do Marinheiro João Cândido (1910); .................................................................................................................................... 94 Greve Operária em São Paulo (1917); ................................................................................................................................................... 95 Os 18 do Forte de Copacabana e a Sedição de Mato Grosso (1922); ..................................................................................... 98 Revolução de São Paulo e Campanha do Sul (1924 - 1925); ....................................................................................................... 99 Campanhas do Nordeste e Goiás (1926);..........................................................................................................................................101 Revolução Outubrista de Getúlio Vargas (1930);............................................................................................................................101 Revolução Constitucionalista (1932); ..................................................................................................................................................102 Movimentos Extremistas (1935 - 1938); ............................................................................................................................................103 Segunda Guerra Mundial (1942 - 1945); ...........................................................................................................................................104 Revolução de Março (1964); ...................................................................................................................................................................108 Campanha do Vale do Paraíba - Martírio do Tenente Alberto Mendes Júnior (1970); ...................................................109 A Canção da PM; ..............................................................................................................................................................................................110 A unificação da Guarda Civil e da Força Pública. .................................................................................................................................112 Atualidades: .............................................................................................................................................................................................................113questões relacionadas a atualidades e à Segurança e Ordem Pública, ocorridas a partir de 1º de janeiro de 2018. ........113 1 HISTÓRIA DO BRASIL HISTÓRIA DO BRASIL: O PRIMEIRO REINADO (1822-1831): O PRI- MEIRO REINADO (1822-1831): A CONSOLIDA- ÇÃO DA INDEPENDÊNCIA, A CONSTITUIÇÃO DE 1824, A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR, A ABDICAÇÃO DE DOM PEDRO I; De início, o Império teve que combater as províncias contrárias à Independência. Tratava-se de províncias com uma forte presença portuguesa ou com forte aproximação com a metrópole Portugal. Províncias como a Bahia, Piauí, Pará, Maranhão e a Província Cisplatina (atual Uruguai) fo- ram combatidas pelas forças imperiais e por mercenários estrangeiros (como são exemplos o Inglês Cochrane e o francês Labatut) forçando-se a integração com o Império que nascia. Controlando as províncias pró-lusitanas e ob- tendo aos poucos o reconhecimento externo da indepen- dência, o Império necessitava agora de uma Constituição para legitimar sua existência. Prevendo isto, mesmo antes da independência, em junho de 1822, foi convocada uma Assembléia Nacional Constituinte. A Constituição da Mandioca – 1823 A Assembléia Constituinte, composta pelos grandes proprietários e liderada por Antônio Carlos Andrada apre- sentou, em 1823, uma proposta constitucional que apre- sentava os seguintes pontos: - Fortalecimento do poder legislativo; - Aversão aos estrangeiros, sobretudo portugueses; - Voto censitário (votavam apenas indivíduos com ren- dimento superior a 150 alqueires de mandioca por ano). Constituição de 1824 Não contente com a proposta da “Constituição da Mandioca”, D. Pedro nomeou um Conselho de Estado que redigiu a nova 1ª carta constitucional do Brasil, que foi ou- torgada pelo Imperador. Características: - Centralização do poder; - Monarquia hereditária; - Religião Católica ligada ao estado; - Voto censitário; - 04 poderes: executivo, legislativo, judiciário e Mode- rador. O poder Moderador servia como uma espécie de árbi- tro dos três poderes. O Rei podia, através das atribuições do moderador, dissolver a Câmara dos Deputados e con- vocar novas eleições; escolher os senadores (cargo vitalí- cio) através de um lista dos eleitos. Foi o exagero do poder moderador, junto com a cen- tralização administrativa, que causou uma série de críticas à Constituição de 1824. Confederação do Equador (1824) Em Pernambuco iniciou um movimento contra o auto- ritarismo de D. Pedro I, devido à excessiva centralização do poder em suas mãos e a outorga da Constituição de 1824. Logo outras províncias se juntaram a Pernambuco, como o Rio grande do Norte, o Ceará, a Paraíba e Alagoas. A revolta iniciou quando D. Pedro nomeou um novo pre- sidente para Pernambuco, destituindo Paes de Andrade, representante das forças políticas locais. Entre os planos dos revoltosos estava: - Formar um novo Estado reunindo as províncias do Nordeste; - Montar uma República federalista; - Inspirava-se no modelo de república dos EUA. Todavia, um projeto de Pais de Andrade abolindo o tráfico negreiro em recife arrefeceu o ânimo revolucioná- rio da classe dominante. Além disso, a participação popu- lar no levante, através de brigadas próprias, atemorizou as elites regionais, temerosas de comoções sociais mais pro- fundas, especialmente as que envolvessem negros, como ocorrera no Haiti. A Guerra da Cisplatina (1825-28) Em 1816, em meio às lutas de independência do vice-reino do Prata (colônias espanholas), D. João VI invadiu a região do atual Uruguai, anexando ao território brasileiro a região que passou a se chamar Província Cisplatina. Em 1825, sob a influên- cia da Argentina, e com a liderança de Lavalleja, os uru- guaios iniciaram sua luta para se tornarem independentes do Brasil. O conflito teve fim apenas em 1828, causando um grande gasto ao Império Brasileiro que não conse- guiu manter esta área sob sua influência. Sob mediação 2 HISTÓRIA DO BRASIL da Inglaterra, potência com interesses na região platina, foram feitos tratados e acordos que levaram à criação da República Oriental do Uruguai. A Crise do 1º Reinado O primeiro reinado foi marcado pelo autoritarismo de D. Pedro I e pela impopularidade do imperador. Uma série de fatores levaram o rei a abdicar ao trono em 1831. Eis alguns desses principais fatores: - Estilo autoritário de D. Pedro I; - Violências nas repressões políticas, como foi o caso da Confederação do Equador; - O fracasso da política militar externa e os altos gastos da Guerra da Cisplatina; - Hiato Intercíclico – Crise econômica decorrente da falta de um grande produto de exportação (o café só apa- receria como grande produto mais tarde) - Ingerência de D. Pedro nos assuntos portugueses. D. Pedro I era filho mais velho de D. João VI e, com a morte de seu pai, em 1826, tornou-se o legítimo herdeiro do trono português. Mas os políticos liberais brasileiros não queriam que D. Pedro I fosse imperador do Brasil e ao mes- mo tempo rei de Portugal. Por isso ele renunciou ao trono português, em favor de sua filha Maria da Glória. Como ela era menor de idade, o trono ficou sob regência do irmão de D. Pedro I, D. Miguel, que em 1828, por meio de um gol- pe de Estado, proclamou-se rei de Portugal. A atitude de D. Miguel revoltou o Imperador brasileiro, que elaborou pla- nos militares para reconquistar o território herdado por sua filha. Os políticos liberais brasileiros temiam uma possível união entre Brasil e Portugal, caso D. Pedro I conseguisse reconquistar o trono para Maria da Glória. A consolidação da Independência, A consolidação da Independência ocorreu em pou- cos anos, mas foi marcada por conflitos militares re- lativamente graves. Os brasileiros que eram favoráveis à Independência reuniram forças para lutar contras às tropas portuguesas que estavam no Brasil desde 1808. Os conflitos mais importantes ocorreram no Sul do país e na Bahia, onde movimentos separatistas e conflitos com os portugueses causaram algumas disputas violentas. Aclamação de Dom Pedro I no campo de Santana Mas entre os brasileiros favoráveis à Independência existiam grandes divergências: a aristocracia rural defendia um regime monárquico centralizado e as camadas médias urbanas pregavam um regime democrático, com restrições ao poder do imperador. No plano internacional, os Estados Unidos reconhe- ceram a Independência em maio de 1824, mas, infor- malmente, ela já era reconhecida pela Inglaterra, que era grande interessada em garantir a ordem e a ligação econô- mica com o Brasil. O reconhecimento formal inglês tardou a acontecer porque os ingleses tentaram conseguir do Bra- sil a imediata extinção do tráfico de escravos. Ainda assim, a Inglaterra esteve presente no processo de consolidação da Independência, servindo também de mediador no reco- nhecimento da nova nação por Portugal. O reconhecimento formal da Independência aconte- ceu apenas em agosto de 1825, através de um tratado em que o Brasil concordou em compensar a Metrópole em 2 milhões de libras pela perda da Colônia. Esta indenização foi paga com empréstimo inglês. Por conta dessas dificul- dades no processo de consolidação da Independência, alguns historiadores têm feito objeções à famosa tese de que o processo de Independência foi fácil. Esses críticos defendem que a emancipação sob a forma de união em torno do Rio de Janeiro resultou de uma luta e não de um consenso geral. As críticas à famosa tese têm o mérito de ressaltar o fato de que a Independência não correspondeu a uma pas- sagem pacífica. Mas, ainda assim, não se pode deixar de lado a constatação de que, admitindo-se o uso da força e as mortes resultantes, a consolidação da Independência se fez em poucos anos e sem grandes desgastes. Além disso, a emancipação do Brasil não engendrou maiores altera- ções na ordem econômica e social, tendo sido mantido no país o regime político imposto pela metrópole portuguesa. Assim, após 1822, o Brasil continuou sendo uma mo- narquiaencabeçada por um português e os anos seguintes à Independência até 1840 foram marcados por enorme flu- tuação política, por rebeliões em todo o país e por tentati- vas contrastantes de organizar o poder. A Constituição de 1824, Dom Pedro I, por graça de Deus, e unânime aclamação dos Povos, Imperador Constitucional, e defensor perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os nossos súditos, que tendo-nos requerido os Povos deste Império, juntos em câ- maras, que nós quanto antes jurássemos e fizessemos jurar o Projeto de Constituição que havíamos oferecido às suas observações para serem depois presentes a nova Assem- bléia Constituinte; mostrando o grande desejo, que tinham, de que ele se observasse já como Constituição do Império, por lhes merecer a mais plena aprovação, e dele esperarem a sua individual, e geral felicidade Política: Nós juramos o sobredito projeto para observarmos e fazermos observar, como Constituição, que d’ora em diante fica sendo deste Império; a qual é do teor seguinte: 3 HISTÓRIA DO BRASIL ORGANIZAÇÃO O Império do Brasil e a associação Política de todos os cidadãos brasileiros. Eles formam uma Nação livre, e inde- pendente, que não admite com qualquer outro laço algum de união, ou federação que se oponha à sua independên- cia. O seu território é dividido em províncias na forma em que atualmente se acha, as quais poderão ser subdivididas, como pedir o bem do Estado. O governo é Monárquico he- reditário, Constitucional, e representativo. A dinastia impe- rante é a do senhor Dom Pedro Primeiro, atual Imperador, e defensor perpétuo do Brasil (artigos: 1º - 2º - 3º - 4º). PODERES Os poderes políticos reconhecidos pela Constituição do Império do Brasil são quatro: O Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo e o poder Judicial. A divisão e harmonia dos poderes políticos e o princípio con- servador dos direitos dos cidadãos, é o mais seguro meio de fazer efetivas as garantias, que a Constituição oferece. RELIGIÃO A religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão per- mitidas com seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo. 1ª = O primeiro projeto de Constituição no Brasil, foi em 1823, mas não foi levado a efeito, tendo em vista que Dom Pedro Primeiro achou que o projeto era muito libe- ral, razão pela qual, ordenou ao Exército para dissolver a Assembléia Constituinte e prender vários deputados (12 de Novembro), por interesses portugueses no Brasil, e por estar sendo elaborada uma Constituição que não lhe dava todos os poderes que desejava (a idéia de convocar uma Assembléia Constituinte para dotar o Brasil independente de uma Constituição vinha da França revolucionária). 2ª = A Constituição outorgada por Dom Pedro I, es- tabelecia que a Câmara dos Deputados era temporária; o Senado vitalício; para ser deputado, além de outras exigên- cias, tinha que possuir uma renda líquida de 200 mil-réis anuais e para ser Senador 800 mil-réis. Eleições indiretas. Anunciava a liberdade de pensamento e de imprensa, sem censura e o sigilo da correspondência. Afirmava que o País é a Nação livre e independente. 3ª = O Poder Moderador e o Poder Executivo foram deferidos ao Imperador. O primeiro reconhecido como a chave de toda Organização Política, foi delegado privati- vamente ao Monarca, para que, mediante o seu exercício, velasse sobre a preservação da independência e a manu- tenção do equilíbrio e harmonia dos três outros poderes políticos. O exercício do Poder Moderador legitimava a intervenção do Imperador na esfera do Legislativo (no- meando senadores, dissolvendo a Câmara dos Deputados, convocando extraordinariamente a Assembléia Geral, san- cionando e vetando as proposições Legislativas), do Exe- cutivo (nomeando e exonerando os Ministros de Estado) e o Judiciário (suspendendo os magistrados, exercendo a clemência soberana em relação aos réus condenados por sentença). 4ª = O Imperador também chefiava o Poder Executivo, que exercia pelos seus Ministros de Estado. Estes eram res- ponsáveis pelo desempenho de suas atribuições. A pessoa do Monarca, contudo, era inviolável e sagrada, não estan- do ele sujeito a responsabilidade alguma. 5ª = A alteração mais significativa na Constituição de 1824 decorreu do ato Adicional de 1834, que exprimia al- gumas das aspirações liberais. No centro das reivindica- ções da época se encontravam a descentralização política, problema que permaneceu até o fim do segundo reinado e a supressão do Poder Moderador, do Conselho e do cará- ter vitalício do Senado. RESUMINDO A Constituição outorgada por Dom Pedro I (em 1824), estabelecia um governo Monárquico, hereditário e consti- tucional representativo. O Imperador era inviolável e sagra- do. Não estava sujeito a responsabilidade alguma. Exercia o 4o Poder chamado de poder moderador, que era a chave de toda a organização política. Escolhia os Senadores através de listas tríplices de elei- tos, convocava a Assembléia Geral das Províncias quando julgava conveniente, aprovava ou suspendia as decisões dos conselhos provinciais, suspendia magistrados contra os quais julgava haver queixas fundadas, perdoava ou mo- derava as penas e concedia anistia. Por ser também o Chefe do Poder Executivo, nomea- va ministros, magistrados, bispo, provia empregos, dirigia a política externa e as Forças Armadas. Dom Pedro e sua família tinham assegurado: palácios, dotes pelo Tesouro Público e a manutenção. A Câmara dos Deputados era temporária e o Senado vitalício. Para ser eleitor era preciso não ser trabalhador, salvo exceções expressas. Para ser Deputados ou Senado- res, além de uma série de exigências, era necessário possuir renda anual líquida de 200 e 800 mil-réis, respectivamente. As eleições eram indiretas A Constituição mantinha no seu texto, além do que vimos nas observações, a proibição das corporações de ofício, seus juízes, escrivães e mestres, que caracterizavam os costumes feudais remanescentes e tolia a liberdade de produção, como também as proibições do açoite, da tor- tura, da marca de ferro quente e de todas as outras penas cruéis. Finalmente, garantia o direito de propriedade em toda a sua plenitude. A Confederação do Equador, A Confederação do Equador foi uma das muitas revol- tas ocorridas no Brasil Imperial. Ocorreu no ano de 1824 na província de Pernambuco como um movimento de resistência ao governo e às medidas do Imperador D. Pedro I. Também tinha, entre seus objetivos, a intenção de separar-se efetiva- mente do território brasileiro, constituindo nova república. 4 HISTÓRIA DO BRASIL A raiz da revolta pode ser explicada por vários fatores. Um deles era a clara divisão econômica e espacial de Per- nambuco à época. A Província tinha em si um contraste en- tre um norte que se dedicou à multicultura, principalmente de algodão e açúcar, gerando uma economia diversificada, cidades populosas e economia mais robusta; e um sul mo- nocultor açucareiro, com economia mais simples e nume- rosas pequenas vilas. Assim como em todo o resto do Brasil, em Pernambu- co crescia a influência do pensamento liberal. Esses ideais encontravam um espaço de divulgação e debate em jornais de duas personalidades da região. O jornal Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco de Cipriano Barata (baiano e notável jornalista e defensor das classes baixas) e a publicação Tífis Pernambuco de Frei Caneca (Discípulo de Cipriano) inseriam Pernambuco no debate político na- cional. Em 1823, percebe-se o avanço das ideias republicanas liberais como resposta a uma tendência conservadora e au- toritária de D. Pedro I, expressas na Constituição outorgada em 1824. Pernambuco não aceita essa Constituição e Manuel de Carvalho Pais de Andrade, presidente da província, pro- clama a Confederação do Equador, que unia Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. Os idealizadores do novo Estado optam pelaadoção da Constituição colombiana. O objetivo central era a criação de um Estado soberano sepa- rado do Império, com soberania e autonomia das provín- cias confederadas. O Governo central, no Rio de Janeiro, observava com atenção do desenrolar da revolta e preparava desde o co- meço a repressão. Para esse intento, se utilizaram de uma força militar, organizada e liderada pelo brigadeiro Francis- co de Lima e Silva, que chefiava as forças terrestres e o Lord Cochrane, mercenário inglês que estruturou e comandou a ofensiva naval. Em 1824, forças governistas tomam dos rebeldes os dois maiores centros de resistência, Recife e Olinda. Dois meses depois, a ofensiva toma o Ceará. Os revoltosos são presos e recebem severas punições, sem direito a clemên- cia do Imperador. Frei Caneca foi condenado à forca, mas diante da recusa do carrasco em executar a pena, acaba por ser fuzilado. Muitos outros rebeldes receberam a mes- ma pena, outros, poucos, fugiram. O fim da revolta não representa o fim do desconten- tamento com o Imperador. O Jornal Aurora Fluminense de Evaristo Veiga era a voz da oposição, representado por seu líder, Bernardo Pereira de Vasconcelos. Através desse veículo, uma parcela da sociedade fazia a defesa da mo- narquia constitucional, críticas à autocracia do Imperador e ao favorecimento à aristocracia na distribuição de cargos públicos, uma vez que pregavam a conquista de cargos por mérito. A Confederação do Equador, portanto, é parte do his- tórico de movimentos conflituosos de reivindicação social no período imperial do Brasil, semeando as condições para que movimentos futuros pudessem lutar por seus direitos. A abdicação de Dom Pedro I; A abdicação de Dom Pedro I ocorreu em 7 de abril de 1831, sendo forçado a deixar o trono em favor de seu fi- lho, Dom Pedro II, então com cinco anos de idade. Tal fato ocorreu por conta de diversos fatores, que demonstram uma instabilidade do império no contexto do período. Se em 1824, data da constituição imperial, Dom Pedro I tinha plenos poderes, os anos seguintes mostram que aos poucos seu poder foi diminuindo. Um dos principais fato- res dessa desestabilização se deu por conta da guerra entre Brasil e Buenos Aires. As disputas se deram a partir de 1825 com uma rebelião regional que proclamou a separação do Brasil. A disputa ficou conhecida como Guerra da Cisplati- na, em que o Império Brasileiro entrou em conflito com as Províncias Unidas do Rio da Prata. A Guerra da Cisplatina foi uma catástrofe tanto para os militares brasileiros, como financeiramente para o Im- pério. Os brasileiros foram vencidos em 1827 e a paz só veio por meio da interferência inglesa que tinha interesses comerciais. A Inglaterra precisava refazer as transações co- merciais que foram rompidas com o conflito. O tratado de paz findou o conflito em 1828 e o Brasil perdeu o territó- rio da Província da Cisplatina, garantindo o surgimento do Uruguai como país independente e a navegação livre no rio da Prata. Mesmo com o alto preço do território, tanto Brasil como Inglaterra tinham interesses comerciais na na- vegação do rio. Um dos graves problemas da guerra foi o recrutamen- to forçado para brasileiros que gerou muito descontenta- mento e a contratação por parte do rei de tropas estrangei- ras. Estas pessoas pobres do continente europeu aceitavam a condição na esperança de tornarem-se proprietários de terras no Brasil, mas não tinham experiência militar que pu- desse ser útil no conflito. Assim, os gastos militares pioraram a situação já pro- blemática da economia nacional. As rendas que depen- diam dos impostos sobre as importações eram insuficien- tes e, além disso, os preços dos produtos nacionais caíram, gerando pouco lucro. O Banco do Brasil, criado em 1808 passava por sérias dificuldades. O aumento do custo de vida nas cidades e a desvalorização da moeda brasileira os réis em relação à libra inglesa foram fatores decisivos na crise que se instau- rava no país à época. Mesmo as exportações sendo favore- cidas, as importações de bens de consumo ficaram muito caras, não atendendo às demandas das novas camadas médias urbanas e das elites. Todos esses fatores levaram a descontentamento tanto de brasileiros como de portu- gueses. Entre as elites políticas a divisão era bem evidente. De um lado os absolutistas, que defendiam a ordem e a pro- priedade privada, mas também o imperador e seus abusos contrários à legalidade, e de outro os liberais, que, embora também defendessem a ordem e a propriedade privada, defendiam a liberdade constitucional. Inicialmente muitos membros da elite nacional se co- locaram ao lado de D. Pedro I, especialmente porque pas- saram a ocupar cargos administrativos e receber títulos 5 HISTÓRIA DO BRASIL honoríficos. Mas, com o passar do tempo, os brasileiros foram passando para o lado dos liberais, e os portugue- ses saíam em defesa do imperador. Entre a população ur- bana e o exército o sentimento contrário aos portugueses era bastante comum. Assim, o exército foi se afastando do imperador, tendo em vista que sua base era composta de pessoas pobres dos centros urbanos e as condições de tra- balho não eram das melhores. O atraso no pagamento e a disciplina eram traços marcantes da atividade no exército. Em março de 1831 o Imperador retorna de uma via- gem à Minas Gerais, onde não foi bem recebido. Os por- tugueses decidem promover festejos em sua homenagem, demonstrando apoio. Os brasileiros então reagiram e os conflitos nas ruas duraram poucos dias. Em um deles um evento conhecido como noite das garrafadas aconteceu. Brasileiros atacaram casas de portugueses, que responde- ram com garrafas e cacos de vidro. Iniciaram-se assim as manifestações contrárias ao im- perador, com os comandantes aderindo à revolta. Com a situação cada vez mais insustentável, D. Pedro I se viu obri- gado a abdicar do trono em abril de 1831. Texto adaptado de BUSSUNDA. A REGÊNCIA (1831-1840): AS REFORMAS INSTITUCIONAIS, AS REVOLTAS PROVIN- CIAIS, A POLÍTICA NO PERÍODO REGENCIAL; Chamamos de período regencial o período entre a ab- dicação de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono do Brasil, compreendendo os anos de 1831 a 1840. Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assumiria o trono seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a idade de D. Pedro II, ainda criança à época não obedecia as deter- minações de maioridade da Constituição. Nesse sentido, se tornou clara a necessidade da Regência, um governo de transição que administraria o país enquanto o impe- rador ainda não tivesse idade suficiente para governas. A regência seria trina, a princípio, formada por membros da Assembléia Geral (Senado e Câmara dos deputados). Nesse sentido e diante da situação do país, a adoção da regência provisória era questão de urgência. O período regencial foi dividido em duas partes: Re- gência Trina (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840). Naquele momento, a Assembléia possuía três grupos: Mo- derados (maioria, representavam a elite e era defensores da centralização), Restauradores (defendiam a restauração do Imperador D. Pedro I) e Exaltados (defendiam a descen- tralização do poder). A Regência Trina provisória governa de abril a julho, sendo composta pelos senadores José Joaquim Carneiro Campos, representante da ala dos restauradores, Nicolau de Campos Vergueiro, representando os liberais modera- dos e o brigadeiro Francisco de Lima e Silva que represen- tava os setores mais conservadores dos militares, sobretu- do no Exército. Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Re- gência Trina Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831 pela Assembléia Geral. Era composta pelo já integrante da Regência Provisória, Francisco de Lima e Silva, o deputado moderado José da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz. Com isso, finda a provisoriedade da regência. Nesse go- verno, como ministro da Justiça é nomeado o padre Diogo Antônio Feijó. No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda en- frentasérios problemas de governabilidade. A oposição entre restauradores e exaltados de um lado e os regentes do outro torna o cenário político bastante delicado. Por segurança con- tra os excessos, Diogo Feijó cria a Guarda Nacional, em 1831, arregimentando filhos de aristocratas em sua formação. A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos in- ternos, muitos separatistas, eclodem pelo país. A Cabana- gem, no Pará dá início à onda. Seguem-se a Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul, a Sabinada e a Revolta dos Malês, na Bahia, e a Balaiada no Maranhão. No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cená- rio político. A assembléia passa a abrigar a disputa entre progressistas defensores do diálogo com os revoltosos e regressistas, adeptos da repressão às mesmas revoltas. Um novo documento é assinado em 12 de agosto de 1834. Por esse documento, denominado Ato Adicional, conquista-se um avanço liberal, substituindo a Regência Trina pela Regência Una. Os candidatos favoritos para essa eleição eram Antô- nio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conservador) e padre Diogo Antônio Feijó (liberal). Este último venceu a disputa por apertada margem de votos. Feijó sobe ao poder em 1835, mas tem governo breve, deixando o poder em 1837, ainda que eleito para o período de 4 anos, moti- vado pelos problemas com separatistas, falta de recursos e isolamento político. A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada por Pedro de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos li- berais e se elege Regente Uno em 19 de setembro de 1837 fortalecimento da centralização política. A disputa com os liberais gera, entre outras medidas, a Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, que é respondida com o chamado golpe da maioridade. A contenda entre liberais e conservadores traz descon- fiança para a elite, que prefere centralizar o poder, apoian- do a posse de D. Pedro II. Os Liberais criam o Clube da Maioridade e fazem propaganda pela maioridade anteci- pada de D Pedro II. A opinião pública, influenciada pelos liberais, contraria a Constituição e aprova a Declaração de Maioridade em 1840, quando D. Pedro II tem apenas 14 anos de idade. Após a decisão, o jogo político tem como objetivo, para conservadores e liberais, controlar D. Pedro II em pro- veito próprio garantindo assim seus privilégios As reformas institucionais, A Constituição de 1988 determinou a realização de um plebiscito em 1993 sobre o sistema de governo. Os brasileiros dirão se desejam manter o presidencialismo 6 HISTÓRIA DO BRASIL ou substituí-lo pelo parlamentarismo. Após o plebiscito, o Congresso Nacional assumirá poderes constitucionais, sendo-lhe facultado modificar a Carta por maioria absoluta dos seus membros em sessão unicameral. A prefixação do plebiscito e a reabertura do processo constituinte foram atos de prudência política por parte dos legisladores de 1988; dando-se conta das inadequações da estrutura po- lítica do país, eles reconheceram, ao mesmo tempo, que a base consensual presidencialista obtida naquele momento os impedia de vincular constitucionalmente, nessa matéria, as gerações futuras. O Collorgate deu razão a eles, confir- mando de modo inequívoco a necessidade de reforma. A probabilidade de que ela realmente ocorra é hoje muito alta; as pesquisas de opinião revelam uma fone preferên- cia pelo parlamentarismo entre os parlamentares e uma maioria parlamentarista entre os eleitores1. As lideranças políticas também se apercebem de que a reforma deve ser sistemática: a mudança do sistema de governo associa-se a alterações da legislação relativa aos partidos, ao sistema eleitoral, à representação estadual no Congresso, à admi- nistração pública e a outros assuntos. Não nos deve escapar a excepcionalidade do processo que se anuncia. A experiência histórica nos mostra que al- terações globais do sistema institucional produzem-se nor- malmente por colapso (violento ou não) das bases políticas e sociais do regime anterior rediscutindo-se, ou impondo- -se, uma nova ordem constitucional em seu conjunto ou como resultado de uma série de reformas parciais que se acumulam, passo a passo, em prazos seculares. O que se propõe no Brasil é um macro-empreendimento de enge- nharia institucional no âmbito de uma ordem sócio-política estabelecida, nos termos da Constituição em vigor e das regras democráticas. A expressão ordem política estabele- cida refere-se a um amplo consenso nacional sobre a base capitalista do desenvolvimento e sobre a intocabilidade dos princípios democráticos (submetendo-se todos, portanto, aos procedimentos de decisão negociada e à incerteza dos resultados). Admite-se também que a reforma institucional pode ser realizada sem pôr em risco esses dois elementos do consenso nacional sem que isso implique, é claro, con- senso sobre os conteúdos específicos das reformas. É notável também a emergência de disposições refor- mistas generalizadas num contexto político tradicional- mente conservador nessa matéria. A constituição profunda do Estado varguista tem resistido por décadas a toda sorte de vicissitudes políticas inclusive vinte anos de ditadura mi- litar e a intensas transformações sócio-econômicas. Isso se explica politicamente pela adoção, por parte das principais forças políticas, de estratégias de cooperação conservado- ra em matéria institucional: o presidencialismo brasileiro instituiu um jogo em que as oligarquias tradicionais do- minariam os estados, os partidos e o Congresso; as forças nacionaldesenvolvimentistas fariam do poder presidencial seu principal instrumento de poder. Estimo que o presente ânimo reformista reflete a falên- cia do presidencialismo no país. Estruturalmente, a falência explica-se por dois processos de longo prazo: o esgota- mento do nacional-desenvolvimentismo como estratégia econômica viável e o fortalecimento das organizações autônomas da sociedade. Os pré-requisitos históricos do presidencialismo no Brasil altas taxas de crescimento do PIB e baixo grau de autonomia social já não se verificam. De um outro ângulo, contudo, a falência do presidencialis- mo apresenta-se como causa da crise estrutural: o sistema político atual padece de um duplo déficit de capacidade de governo e de representação. Esse é o ângulo que me inte- ressa aqui. A reiteração do jogo presidencialista no plano político parece ter convencido um número crescente de atores dos seus efeitos ruinosos em outros planos da vida social. Em particular, ele bloqueia a ação desenvolvimentis- ta do Estado e não permite uma administração adequada do contencioso nacional. Daí uma provável inversão de es- tratégia por parte dos principais atores. Eles substituirão, ao que tudo indica, uma estratégia de colaboração con- servadora em matéria institucional por uma colaboração reformista. A reforma deverá ocorrer, portanto, num contexto de pronunciado envelhecimento das instituições políticas e de recessão prolongada. Seu impacto sobre os elementos desse contexto não é direto, mas os legisladores deverão tomá-los como parâmetros na definição do conteúdo e da profundidade das suas decisões. Esboçamos, assim, um cenário de decisão política de amplo alcance em que as lideranças do país deverão as- sumir as responsabilidades e os riscos a ela corresponden- tes. O alcance é revolucionário. Não se trata, porém, nesse processo de reconstituição política do país, de reordenar, como na conhecida análise arendtiana, uma desordem re- volucionária anterior. Daí decorre o caráter das responsa- bilidades e dos riscos inerentes a ela. Uma revolução vio- lenta inverte os princípios constitutivos da ordem anterior, fixando, nessa inversão, os seus próprios objetivos. As li- deranças brasileiras não se beneficiarão dessa certeza, ou dessa clareza programática. Há vários desenlaces possíveis. Sua tarefa consiste, precisamente, em gerar, por meio de negociação um consenso sobre os objetivos: em inventar politicamente o futuro. A refundação constitucionaldo Es- tado brasileiro, nesse contexto, não formaliza uma ruptura anterior ela própria surge como ruptura com a velha or- dem, sob a forma de uma ruptura pactada. A amplitude da reforma recomenda uma ampla dis- cussão dos seus fundamentos político-constitucionais. No que segue, limito-me a apontar algumas dimensões dessa discussão e alguns possíveis dilemas com que a reforma pode defrontar-se. Parece-me útil distinguir, de início, entre democracia como pacto constitucional e democracia como exercício do poder de governo. Essa distinção procede da oposição entre Estado de Direito e democracia, mas não se confunde com ela. Democracia como pacto constitucional Não utilizo a expressão no sentido de pacto originário. Refiro-me à adesão efetiva e durável das principais forças políticas a certas normas básicas da vida em comum no mundo moderno. O primeiro elemento do pacto é o es- tado de direito, objeto tradicional do constitucionalismo 7 HISTÓRIA DO BRASIL liberal. Aludo às normas de controle do poder público ou, mais precisamente, às estruturas jurídico-institucionais do poder negativo que tem a sociedade de limitar o poder de governo. São as normas que, por um lado, reconhecem e garantem os direitos fundamentais dos indivíduos (direi- tos humanos, sociais e políticos) e, por outro, consagram a divisão e a autonomia dos poderes. A igualdade de todos perante a lei e o governo segundo leis são as duas faces do estado de direito.. O segundo elemento do pacto constitucional são as re- gras mínimas de operação do sistema democrático. Esse ele- mento não se inclui, tradicionalmente, entre as normas que instituem o poder negativo de limitar o governo. É possível sustentar, contudo, que essas regras mínimas do jogo de- mocrático têm uma função mais negativa que positiva: seu principal efeito é o de limitar e controlar o poder e não o de dispor sobre o exercício positivo desse poder. Refi- ro-me, aqui, às regras que dispõem sobre a constituição eleitoral da autoridade pública, sobre o pluralismo políti- co e sobre a periodicidade dos mandatos. Não há duvida de que, num contexto como o brasileiro, elas funcionam muito mais como meios de proteção contra a ditadura que como normas que garantem o bom funcionamento do go- verno democrático. Democracia como exercício do poder de governo Esse conceito refere-se ao poder positivo de agir que se confere ao governo em sintonia com a vontade da maio- ria. Na primeira fase do seu desenvolvimento, a democracia como exercício do poder positivo manifestou-se no fortale- cimento da representação nacional no Parlamento, ou seja, no poder de legislar e, no limite, de modificar a Constitui- ção. Nesse quadro, o legislativo e o executivo, bem como as formas de expressão de suas decisões (leis e decretos, respectivamente) permaneciam bem separados. Moderna- mente, o poder democrático manifesta-se no fortalecimen- to do poder executivo sustentado pela opinião pública e pela maioria parlamentar. O Parlamento envolve-se direta- mente no governo, garantindo-lhe condições de exercício e controlando-o através da sua bancada oposicionista. A articulação entre os poderes, assim, é hoje muito mais pro- nunciada, e a vontade executiva traduz-se com freqüência em ação legislativa: em boa parte, governa-se por meio de leis, e não apenas nos termos da lei. É conveniente analisar a democracia como exercício governamental de dois ângulos. O primeiro é o ângulo da governabilidade, O problema, aqui, é o de dotar o sis- tema político dos recursos institucionais que garantam o bom andamento do processo decisório e a implementa- ção eficaz das decisões. Dizendo de outra forma, trata-se de fortalecer a autoridade democrática em grau suficiente para que ela possa atender eficientemente às demandas provenientes da sociedade e do próprio sistema político. Esse problema ganha relevância em face do rápido cres- cimento dessas demandas nas democracias contemporâ- neas, tanto quantitativamente como em sua diversidade. O segundo ângulo diz respeito à maximização da de- mocracia, ou seja, à qualidade das decisões, (e não me- ramente à capacidade governamental de decidir). O bom governo é o governo não-arbitrário. O poder democrático é, pois, axiomaticamente, o poder de produzir boas políti- cas. Estabelecemos, assim, uma correlação positiva entre a taxa de democracia e a qualidade das decisões, e supera- mos, no mesmo passo, a questão de saber se a democra- cia é o instrumento para a consecução de certos objetivos (o desenvolvimento econômico, a estabilidade política, a justiça social etc.) ou se é um fim em si mesma. A ordem democrática passa a ser, ela própria, um valor a maximizar, quaisquer que sejam as metas substantivas politicamente definidas. Ora, a ordem democrática só pode evoluir a par- tir de si própria; é um sistema que se democratiza exerci- tando seus próprios poderes. Tratamos aqui, portanto, de uma modalidade de ordenação política cuja lei de desen- volvimento é a auto-reinvenção permanente por referência à idéia reguladora da soberania popular. Visto pelo avesso, trata-se de um processo auto-referido de redução da opo- sição entre sociedade e Estado, do qual o aperfeiçoamento da representação é um aspecto central. A relevância prática dessa discussão é muito clara. Em todos os países democráticos a democratização da demo- cracia é um ponto permanente da agenda política, sempre reposto por setores sociais descontentes com seu lugar no ordenamento vigente. Sabemos quais são, nos países mo- dernos, as principais linhas de maximizaçao democrática: a universalização do eleitorado, a participação eleitoral cres- cente, a ampliação das possibilidades de escolha (incluin- do-se aqui a apresentação de propostas alternativas, a boa fundamentação das propostas, acesso igual dos candida- tos ao eleitorado, acesso igual de todos os eleitores às pro- postas), a ampliação da participação entre as eleições (in- cluindo-se todas as modalidades de influência no processo decisório), a utilização complementar de instrumentos de democracia direta, a ampliação do controle sobre os atos do governo, a ampliação da accountability, a ampliação da capacidade de negociação no processo decisório, a des- centralização do poder de governo, o aumento da adesão dos cidadãos aos valores democráticos e outras. Natural- mente, o ritmo e o grau de democratização submetem-se, historicamente, às restrições políticas, econômicas, cultu- rais etc. atuantes nos vários países e épocas. OS DILEMAS CONSTITUCIONAIS CLÁSSICOS A literatura e a experiência histórica permite-nos iden- tificar três dilemas com que, aparentemente, deve defron- tar-se a reforma institucional. O primeiro pode ser deno- minado (a) o dilema liberale se refere à opção entre as grandes dimensões da democracia: o pacto constitucional e o exercício de governo; (b) o dilema madisoniano, em seguida, diz respeito aos elementos da primeira dimensão; (c) o dilema de Weimar, enfim, diz respeito aos elementos da segunda. O dilema liberal consiste, classicamente, na impossibi- lidade de maximizar ao mesmo tempo as duas dimensões fundamentais da democracia moderna: o pacto constitu- cional que, nos termos do liberalismo, limita o poder de governo pela garantia legal dos direitos individuais (ou seja, de modo mais geral, pelo estabelecimento de poderes 8 HISTÓRIA DO BRASIL externos ao poder de governo), e a democracia como exer- cício da autoridade pública, que amplia o poder de governo em termos de eficiência e qualidade das decisões. O dilema tem origem na atitude básica do liberalismo com respeito ao poder: todo poder é suspeito e tem de ser restringido. Historicamente, a questão se colocou como opção entre o valor básico do rule of law e as pressões democráticas no sentido de aumentar a capacidade de governo. A superação do dilema no âmbito da teoria política passa pela modificação dos seus termos e da articulação entre eles. O controle do poder não mais se limita