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AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 AVALIAÇÃO PRÉ E PÓS OPERATÓRIA Avaliação pré-operatória ● Anamnese É voltar atrás, refazer, rever os conceitos. É importante para fazer a avaliação médica e, a partir disso, pensar em tudo que essa avaliação pode causar problemas ou que precisa de preparo para a cirurgia. ● Exame f ísico ○ Exame geral ○ Clínico intra e extrabucal Observa-se o andar do paciente (detecção de síndromes, postura etc), o aspecto geral do paciente. Também se faz o exame da face e do rosto, tudo isso olhando com mais critério. ● Exame por imagem Sempre vai ter um exame por imagem, com poucas exceções. ● Exames laboratoriais Faz solicitação para os pacientes que associam tratamento médico com o odontológico. Sabe-se que pacientes jovens, com menos de 40 anos, com anamnese adequada, não é necessário solicitar estes exames, pois a chance de ocorrer um problema transcirúrgico ou pós-cirúrgico é muito pequena. ● Plano de tratamento Pensar no que vai fazer antes e nas condições que podem ocorrer durante o percurso (o que fazer?). Também é preciso se planejar em relação a realização de parecer médico, de exames etc. ANAMNESE É uma forma de questionário de saúde. ● Identificação (nome, endereço, idade, profissão, gênero, estado civil, cor da pele, naturalidade, nacionalidade). ● Queixa principal ● História da doença atual ● História patológica pregressa ● Revisão dos sistemas É IMPORTANTÍSSIMO PERGUNTAR: ● Internações prévias É importante para saber a gravidade de algum problema ou doença, por exemplo. ● Alergias Saber sobre o desenvolvimento dessa reação que pode ocorrer em vários graus, pois a depender do grau, o preparo e atendimento desse paciente deve ser diferente. ● Doenças sistêmicas ● Uso de medicamentos O uso de medicamentos não quer dizer que o paciente esteja compensado. ● Tratamentos médicos Avaliação dos sinais vitais É importante, pois avalia a condição do paciente naquele momento e compara com vários momentos diferentes na vida. ● Frequência e ritmo cardíaco ● Frequência respiratória ● Pressão sanguínea arterial ● Temperatura axilar 1) FREQUÊNCIA E RITMO CARDÍACO ● Utiliza os dedos médios e indicador ● Contar o número de pulsações em 1 minuto Pode-se utilizar o pulso radial e o pulso carotídeo, sendo que o melhor e mais importante em relação ao prognóstico do paciente é o carotídeo, pois é o mais próximo do coração e, por isso, é o último a ser AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 perdido no caso de uma parada cardíaca. O pulso radial, por exemplo, pode não ser audível ou palpável. ● avaliar frequência cardíaca (número de batimentos) no adulto: acima de 100 bpm = taquicardia abaixo de 50 bpm = bradicardia ● ritmo cardíaco ( regular ou irregular) um pulso descompassado pode significar alguma cardiopatia ● qualidade do pulso (forte/cheio ou fraco/tênue) um pulso fraco/tênue pode significar uma queda da pressão arterial e um pulso muito forte/cheio pode significar um pico hipertensivo A avaliação da frequência e ritmo cardíaco deve ser feita junto ao estado geral do paciente. Um paciente com hipertireoidismo, por exemplo, já possui uma frequência cardíaca mais elevada. Um atleta possui uma baixa frequência cardíaca, pois tem um grande condicionamento cardiovascular. 2) FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA Mede-se a partir da quantidade de elevações torácicas por minuto. Varia com a idade e em relação às lactentes, além de outros. 3) TEMPERATURA A temperatura deve ser tomada em qualquer paciente com suspeita de infecção. Considera-se uma temperatura alterada aquela superior à 37,8 ºC. CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL Normal PA < 120/80 mmHg Pré-hipertensão PA sistólica de 120 a 139 mmHg e diastólica de 80 a 89 mmHg Hipertensão PA > 140/90 mmHg EXAMES LABORATORIAIS ● Hemograma completo ● Coagulograma ● Bioquímica do sangue ● Urina 1) HEMOGRAMA ● Hemoglobina ● Hematócrito ● Leucometria ● Leucometria diferencial É importante para avaliar qual tipo de condição que esse paciente tem; um aumento de linfócitos pode significar uma infecção viral, o aumento de neutrófilos e monócitos pode significar uma infecção bacteriana; o aumento de eosinófilos pode significar infecções parasitárias ou alérgicas. 2) COAGULOGRAMA Pede-se, normalmente, no pré-operatório, em pacientes mais velhos ou pacientes que, durante a anamnese, relataram alguma informação que possa levar a alguma suspeita de problema de coagulação (p. ex. pacientes que apresentam hematomas frequentemente podem apresentar fragilidade capilar). Exames básicos que diagnosticam alguma alteração e, então, tendo essa alteração, encaminha-se o paciente para um especialista: ● Tempo de coagulação (TC) Não é específico, não dá indícios de quais são os problemas que podem estar associados a isso, ou seja, só avalia se a coagulação está alterada. AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 ● Tempo de sangramento (TS) Quanto tempo, clinicamente, inicia-se o processo de coagulação. Avalia-se a plaqueta e, isso significa que esse exame se apresentará alterado em pacientes com plaquetopenia ou alteração na qualidade dessa plaqueta (p. ex. usuário de AAS). ● Tempo de protrombina (TP) Avalia a via intrínseca e extrínseca da coagulação. ● Tempo de tromboplastina parcial Avalia a via intrínseca e extrínseca da coagulação. ● Contagem de plaquetas Prova do laço ou Teste de Rumpell-Leede É um teste que avalia se o paciente tem alguma fragilidade do vaso. Faz-se um torniquete e avalia se em X minutos se tem a formação de petéquias. O torniquete diminui o retorno venoso e aumenta a pressão naquele vaso e, por ter uma parede muito frágil, existem pequenos extravasamentos (p. ex. idosos,diabéticos etc). 3) BIOQUÍMICA DO SANGUE ● Glicose ● Uréia ● Creatinina 4) URINA Pede-se quando o paciente tem queixa de febre e ardência urinária ou em pré-operatório de paciente com mais de 40 anos e que se trata de uma cirurgia que dura mais de 3 horas, pois tem-se a necessidade de passar um cateter mais fazer esvaziamento da bexiga. 5) OUTROS EXAMES ● Radiografia de tórax Pede-se para pacientes que vão passar por uma cirurgia de porte maior. ● Eletrocardiograma ● Risco cirúrgico RISCO CIRÚRGICO O risco cirúrgico é um exame realizado pelo médico clínico, cardiologista e anestesista que diz se o paciente está apto para suportar o procedimento com segurança. Além disso, se existe um risco e qual é esse risco, se é necessário algum preparo pré-operatório e se a cirurgia deve ser feita em ambiente hospitalar ou em consultório. CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO (A.S.A) ASA I paciente saudável ASA II paciente com doença sistêmica leve ou fator de risco de saúde insignificante (p. ex. gestante, obeso, fumante) ASA III paciente com doença sistêmica grave mas não incapacitante ASA IV paciente com doença sistêmica grave com uma constante; ameaça a vida ASA V paciente moribundo com expectativa de vida menor que 24 horas com ou sem cirurgia ASA VI paciente com morte cerebral declarada e cujos órgãos estão sendo removidos com propósito de doação Geralmente os pacientes que são atendidos a nível ambulatorial são classificados em ASA I e ASA II. Pacientes ASA III e ASA IV geralmente são pacientes que devem ser atendidos a nível hospitalar. Pacientes ASA V e ASA VI nem são atendidos na odontologia. AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 A classificação de ASA é importante para avaliar os graus e os riscos de complicação pós-operatória. De acordo com o aumento da classificação (de I para V) se aumenta a taxa de complicação, bem como se o paciente tiver mais que 65 anos, essa taxa aumenta em mais de 20%. MANEJO DE PACIENTES COMPROMETIDOS SISTEMICAMENTE ● Hipertensão Arterial ● Diabetes Mellitus ● Doença Cardíaca Isquêmica ● Infarto Agudo do Miocárdio ● Hepatopatias ● Insuficiência Renal Crônica ● Coagulopatias ● Distúrbios Neurológicos ● Asma ● Hipertireoidismo ● Gestantes ● Idosos e Pediátricos PARECER MÉDICO Ao médico responsável, Paciente XXXXX, 70 anos, compareceu a esta clínica necessitando realizar exodontias. Durante anamnese e exame f ísico o paciente apresenta PA 170/100 mmHg. O paciente relata ainda medicação anti-hipertensiva associado à AAS diariamente. Solicito avaliação do paciente para realização do procedimento cirúrgico odontológico proposto. Estou a disposição para esclarecimentos necessários. Ass do dentista, PROTOCOLO DE REDUÇÃO DE ANSIEDADE A ansiedade pode causar transtornos f ísicos no paciente. É esperada na cirurgia. Métodos não-farmacológicos: ● conversação e distração ● evitar surpresas ● evitar barulho desnecessário ● manter instrumental fora de visão ● anestesia adequada ● instruções adequadas no pós ● analgesia eficiente no pós Métodos farmacológicos: ● sedação oral ● sedação venosa ● sedação inalatória (N2O + O2) 1) HIPERTENSÃO ARTERIAL A hipertensão está presente está em mais de 50% dos pacientes odontológico. Junto com a asma e a diabetes, a hipertensão arterial é uma doença de saúde pública. Fatores de risco: ● cardiovasculares ● arteriosclerose ● doença cérebro-vascular ● doença vascular periférica ● doença renal A hipertensão é uma doença que desencadeia outras doenças. Deve sempre solicitar avaliação. Nos casos de hipertensão leve e moderada, é possível realizar a cirurgia a nível ambulatorial, desde que o paciente esteja compensado. No caso de pacientes com hipertensão grave, somente em ambiente hospitalar. Outras recomendações: ● redução de ansiedade AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 ● monitorar sinais vitais ● limitar adrenalina (0,04 mg) A limitação da adrenalina ocorre por precaução. ANESTESIA LOCAL Para reduzir a toxicidade do AL, deve-se: ● usar menor volume de anestésico ● usar menor concentração possível ● usar vasoconstritor ● fazer aspiração ● injetar lentamente o anestésico O vasoconstritor é importante, pois: ● reduz absorção (maior tempo de ação) ● reduz toxicidade ● prolonga ação da droga ● uso de menor volume anestésico ● melhor eficácia anestésica DOSES MÁXIMAS RECOMENDADAS DE ADRENALINA Pacientes saudáveis Máximo de 200 μg de adrenalina Não chega a esse limite, pois para a concentração de vasoconstritor presente no tubete, para injetar 200 μg de adrenalina excederia a dose máxima recomendada do anestésico local. O que limita a dose, nesse caso, é o sal anestésico. Pacientes com doença cardiovascular Máximo de 40 μg de adrenalina O que limita a dose, nesse caso, é o vasoconstritor. NÍVEL SANGUÍNEO DAS CATECOLAMINAS adrenalina (μg/min) noradrenalina (μg/min) secreção da medula supra-renal em repouso 7 1,5 estresse 280 56 AL (adrenalina 1:50.000 em 1,8 ml) < 1 - O estresse gera mais produção de catecolamina endógena do que um tubete de anestésico. CONTRA-INDICAÇÃO PARA O USO DE VASOCONSTRITORES ● Hipertensão grave sistólica acima de 200 mmHg e diastólica acima de 115 mmHg ● Hipertireoidismo não controlado AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 ● Paciente com doença cardiovascular grave menos de 6 meses de infarto do miocárdio, AVE ou cirurgia de derivação da artéria coronária; angina pectoris instável; arritmias cardíacas não compensadas ● Pacientes que tomam β bloqueadores inespecíficos, inibidores da MAO ou antidepressivos tricíclicos nesses casos, pode-se diminuir a dose Em caso de contra-indicação para o uso de vasoconstritores adrenérgicos, utiliza-se: Prilocaína 3% com felipressina 0,03 UI/ml Mepivaína 3% sem vasoconstritor (para procedimentosde curta duração) No caso de hipertensos controlados, pode-se utilizar o vasoconstritor adrenalina, desde que respeita a dose máxima recomendada (40 μg - 2 tubetes). Caso haja a necessidade de utilizar mais anestésico, opta-se por utilizar um sem vasoconstritor. Na hipertensão arterial, o dentista não deve assumir a responsabilidade de prescrever medicamentos anti-hipertensivos na tentativa de regular a PA antes do tratamento odontológico. Em uma emergência, em que se tem uma crise hipertensiva, o que se usa é o captopril (VO). A nifedipina é contra-indicada, pois abaixa muito a pressão arterial e não é seguro no ponto de vista cardiovascular. Já foi utilizada. 2) ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Para o paciente que vem ao consultório com histórico de AVE, as recomendações são: ● parecer médico do paciente ● adiar tratamento eletivo por 6 meses após o último episódio de AVC ● em caso de urgência, o tratamento deve ser feito em ambiente hospitalar ● monitorar os sinais vitais ● protocolo de redução de ansiedade ● investigar o uso de anticoagulante 3) DOENÇA CARDÍACA ISQUÊMICA É a angina pectoris. Obstrução do suprimento arterial do miocárdio. Causa dor aguda e sensação de apertamento em região subesternal. Estável: ASA III O paciente tem um quadro anginoso quanto submetido à atividade f ísica, estresse, emoção etc. ● consultar cardiologista ● limitar uso de adrenalina (0,04 mg) ● protocolo de redução de ansiedade ● ter medicação de emergência disponível (vasodilatador coronariano: nitroglicerina oral e O2) ● fazer uma anestesia eficaz ● monitorizar sinais vitais Instável: ASA IV O paciente pode estar em repouso, sentado na cadeira, por exemplo, e ter um quadro de angina. Não é recomendado tratamento odontológico. 4) INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Existe estadiamento do infarto. Isso significa que dependendo do grau de lesão do miocárdio, o paciente vai ter maiores sequelas ou não. ● Solicitar parecer e avaliação médica A única pessoa que vai saber falar qual o estadiamento do infarto é o cardiologista, o paciente não sabe falar. AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 ● Verificar o uso de anticoagulantes ● Adiar cirurgia eletiva por 6 meses após o infarto Risco de novo infarto: 20 a 30% nos primeiros 3 meses, 10 a 15% entre o 4º e o 5º mês e 5% após 6 meses. ● Controle de ansiedade ● Limitar o uso de adrenalina (0,4 mg) ● Monitorar sinais vitais DOENÇAS CARDIOVASCULARES O tratamento odontológico ambulatorial só deverá ser realizado em pacientes com angina estável, IAM há mais de 6 meses e cirurgia de revascularização há pelo menos 3 meses. Deve-se fazer: ● protocolo de redução de ansiedade ● solicitar parecer médico ● respeitar dose máxima de adrenalina ● avaliar uso de anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários 5) DIABETES MELLITUS É uma das três doenças de saúde pública. Complicações do DM não controlado: ● periodontopatias ● imunossupressão Tem diminuição da ativação leucocitária. ● aumento do risco de infecção ● dificuldade de cicatrização Não tendo uma cicatrização eficiente, também se tem o aumento do risco de infecção. ● riscos de quadros hipoglicêmicos Em pacientes normais, ao ter pouca glicose no sangue, tem-se o impedimento da liberação de insulina. No entanto, diabéticos que geralmente tomam um regulador via oral ou insulina, precisam comer, pois sempre terá a liberação deste, causando um quadro de hipoglicemia. Co-morbidades associadas ao DM: ● hipertensão arterial A glicose é uma macromolécula e ela no sangue, por si só, consegue aumentar a pressão osmótica e levar a um quadro de hipertensão arterial. ● aterosclerose ● complicações vasculares ● complicações neuropáticas ● doença renal A macromolécula glicose causa danos ao rim e ele para de funcionar. DIABETES MELLITUS EM ODONTOLOGIA Características clínicas: ● xerostomia e disfunção glandular ● hálito cetônico ● doença periodontal ● estomatites e ulcerações ● queilite angular e candidíase ● queimação oral ● alteração cicatricial ● microanagiopatias Testes laboratoriais: ● glicemia em jejum ● teste oral de tolerância a glicose ● glicemia pós-prandial ● hemoglobina glicada e frutosamina Esse exame mostra o quanto a hemoglobina sofreu com alterações da glicemia durante 3 meses. ● dosagens urinárias (glicosúria) AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 Testes não laboratoriais: ● Teste de glicemia capilar TESTE DE GLICEMIA CAPILAR < 70 mg/dl adiar o procedimento odontológico e administrar carboidratos VO, pois o paciente já está entrando em um quadro de hipoglicemia > 200 mg/dl reavaliar (p. ex. perguntar se o paciente tomou um desjejum leve, pois essa glicemia não devia estar tão alterada), adiar o procedimento odontológico e encaminhar ao médico Quanto maior o índice de glicemia medido nesse aparelho, maior o risco de infecção. Para pacientes diabéticos, deve-se: ● adiar cirurgia até estar compensada Se for urgência, faz a nível hospitalar e faz a compensação no ato com soro glicosado na sedação. ● consulta pela manhã após desjejum Pela manhã tem-se um maior nível de cortisol. ● consultas curtas ● protocolo de redução da ansiedade ● estar atento aos sinais de hipoglicemia ● avaliar a utilização de medicamentos A ação hipoglicêmica das sulfoniluréias pode ser potencializada pelos AINES ● profilaxia antibiótica Deve-se avaliar o pico de ação da insulina (tem de ação rápida, curta e intermediária), para que esse não coincida com o horário do procedimento odontológico, pois também pode causar um quadro de hipoglicemia. EMERGÊNCIAS DIABÉTICAS ● Hiperglicemia e cetoacidose ● Hipoglicemia aguda HIPOGLICEMIA AGUDA De 10 a 15% dos diabéticos sofrem, rotineiramente, a hipoglicemia. Isso acontece, pois tem episódios repetidos de hipoglicemia e, os sinais e sintomas doestado, podem ser abolidos (ele não sente mais). Na hipoglicemia, tem-se um nível anormal de glicose sanguínea (< 40 mg/dl). SINAIS E SINTOMAS 1. estágio precoce (inicial) náusea, sensação de fome e diminuição da função cerebral 2. estágio avançado (sintomas adrenérgicos) sudorese, taquicardia, piloereção, aumento da ansiedade, alteração de comportamento e tremores 3. estágio tardio (neuroglicopênicos) inconsciência, convulsão, hipotensão e hipotermia O problema do diabético é não passar pelo estágio 1 e 2 e ir direito para a convulsão e perda de consciência. 6) HIPERTIREOIDISMO O paciente com hipertireoidismo não controlado não pode usar adrenérgico. No hipertireoidismo, tem-se o aumento da catecolamina endógena, então o risco desse paciente ter uma hipertensão, arritmia ou parada cardíaca é muito grande. AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 Na odontologia, só se atende o paciente com hipertireoidismo compensado e, ainda assim, limita o uso de adrenalina (0,04 mg) como precaução. 7) DOENÇA RENAL CRÔNICA O paciente que faz hemodiálise apresenta shunt arteriovenoso, pois o cirurgião vascular liga uma veia profunda/calibrosa e liga direto na artéria, fazendo com que ela fique mais superficial por ter um fluxo maior (tem-se uma drenagem mais rápida). Esse paciente tem um risco maior de ter trombose por conta de um fluxo turbilhonar, isso só não acontece, pois geralmente o paciente toma muito anticoagulante. Deve fazer profilaxia antibiótica, devido ao risco de fazer trombo e, a partir de uma bacteremia, levar ao desenvolvimento de uma endocardite bacteriana ou abscesso cerebral. Doenças associadas: ● hipertensão ● diabetes ● infecção - pielonefrite ● intoxicação renal medicamentosa ● doenças genéticas Indicadores laboratoriais: ● Uréia ● Creatinina ● Anemia ● TS aumentado (anticoagulado) HEMODIÁLISE Cuidados: ● evitar drogas nefrotóxicas ● ATB profilático ● programar a cirurgia 1 dia após a hemodiálise, para ter menos efeito das drogas anticoagulantes 8) TRANSPLANTE RENAL Para não ter rejeição do órgão, o paciente toma, para o resto da vida, um medicamento imunossupressor e um corticóide. O imunossupressor aumenta o risco de infecção e o corticóide restringe o eixo hipofisário da supra-renal, parando de produzir cortisol. Cuidados: ● profilaxia antibiótica ● ajuste da dose de esteróides CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS ● parecer do nefrologista ● avaliar doenças associadas ● avaliar sinais de uremia ● não usar o acesso da hemodiálise ● profilaxia antibiótica ● avaliar uréia, creatinina e eletrólitos ● avaliar anemia ● avaliar TS ● avaliar hepatite e HIV (transfusão) Sabendo que o paciente possui uma filtração glomerular deficiente por conta de um problema renal, deve-se ou diminuir a dosagem ou aumentar o intervalo da dose do medicamento, pois fica muito tempo na corrente sanguínea. Quem faz isso é o médico. 9) DOENÇAS HEPÁTICAS As funções mais importantes do f ígado são: metabolismo de toxinas/medicamentos e síntese de fatores de coagulação. O f ígado é responsável pela fosforilação final dos fatores de coagulação. Se o paciente tiver qualquer doença hepática, ele tem alteração da função e distúrbio de coagulação. Quando o paciente não tem uma boa metabolização, diminui-se a dose de drogas com metabolismo hepático. AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 10) DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO Coagulopatias hereditárias - hemofilia - doença de von willebrand Distúrbios de plaquetas - trombocitopenia - trombocitopatias Doenças hepáticas Má absorção - vitamina K Medicações anticoagulantes p. ex. GINKGO BILOBA medicação natural utilizado para melhor circulação cerebral inibe a agregação plaquetária p. ex. CASTANHA DA ÍNDIA 1. analisar risco 2. avaliar coagulograma pré-operatório 3. planejamento pré-operatório - transfusão de sangue - suspender medicação - comprar hemostático, etc. TERAPIA ANTICOAGULANTE AAS suspender a medicação pelo menos 7 dias antes WARFARIN suspender a medicação pelo menos 2-5 dias antes da cirurgia HEPARINA intervalo superior a 24 horas Reiniciar a medicação pelo menos 24 horas depois da cirurgia, no caso de um paciente sem sangramento. Quem determina a possibilidade dessa suspensão é o médico responsável. 11) ASMA ● avaliar fatores desencadeantes ● protocolo de redução de ansiedade ● evitar AINES e bissulfito ● na presença de infecção no trato respiratório ou sibilo, deve-se adiar o procedimento Drogas importantes para lidar com paciente asmáticos: ● broncodilatadores (bombinha) ● adrenalina 12) GESTANTES O objetivo é a prevenção do dano ao feto. Tudo o que pode atravessar a barreira placentária está proibido. Deve-se pedir avaliação médica e se tiver necessidade de realizar algum tratamento, que dê preferência ao 2º trimestre. prilocaína é contra-indicado pelo risco de metemoglobinemia felipressina é contra-indicado, pois sua estrutura é semelhante à ocitocina solução anestésica mais segura lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000 analgésico paracetamol (500 a 750 mg) ou codeína AINES é contra-indicado, devido possível estreitamento do ducto arterial fetal antibiótico optar por penicilina V ou amoxicilina AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 13) PÓS-PARTO E ALEITAMENTO Deve ter preocupação, pois a droga também pode passar pelo aleitamento, porém isso acontece em uma quantidade menor. PROFILAXIA ANTIBIÓTICA A única condição que a literatura científica consagra com unanimidade é a profilaxia da endocardite infecciosa. No entanto, toda doença que possui um grau de imunossupressão e predisposição à infecção, faz-se a profilaxia. ENDOCARDITE INFECCIOSA É uma infecção grave do endotélio valvar, mural ou de próteses cardíacas valvulares causado por bactérias e, menos comumente, por fungos, rickéttsias e clamídias. Alteraçõesvalvares: normalmente, o sangue passa do átrio para o ventrículo e a válvula deve fechar, impedindo o retorno do sangue. Quando se tem um prolapso de válvula, defeito significativo desses folhetos nela ou prótese cardíaca em que não se tem um endotélio valvar protegido, pode haver um refluxo de sangue, que gera o fluxo turbilhonar e, consequentemente, pequenas lesões na parede que, associado a uma bacteremia, essas bactérias podem se alojar no trombo, levando a uma endocardite. Isso é perigoso, pois quando se tem uma contaminação do coração, pode-se ter infecções na retina, na mucosa, na pele, no cérebro, no rim e no f ígado e esse paciente pode entrar em um quadro de sepse. INDICAÇÕES DE RISCO ELEVADO PARA PROFILAXIA PARA ENDOCARDITE 1) episódios prévios de endocardite infecciosa 2) válvulas protéticas cardíacas 3) transplantados cardíacos que desenvolveram valvulopatia cardíaca 4) cardiopatias congênitas a) cardiopatias congênitas cianóticas complexas não-reparadas com com shunts e condutos paliativos b) defeitos cardíacos congênitos totalmente reparados por cirurgia ou intervenção por cateter durante os primeiros 6 meses c) defeitos cardíacos congênitos residuais no sítio ou adjacente ao tecido protético ou aparato protético Pacientes que realizaram o Tratamento Trancateter da Válvula Aórtica (TAVI) que é uma cirurgia minimamente invasiva, feita por hemodinâmica, também merece uma atenção para o uso da profilaxia antibiótica. Pacientes que não participam mais do grupo de risco elevado para profilaxia: ● doença cardíaca reumática ● prolapso de válvula mitral com regurgitação valvar e/ou com folhetos espessados AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 CONTROLE PÓS-OPERATÓRIO Período que se estende desde o término do procedimento cirúrgico até o momento da alta do paciente. É importante para que o profissional veja tanto a cicatrização inicial da ferida, como também a evolução da cirurgia que ele fez. As orientações pós-operatórias devem ser feitas verbalmente e por escrito em uma linguagem simples. CONTROLE PÓS-OPERATÓRIO ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS avaliação de: sangramento dor edema equimose hematoma trismo infecção deixar bem claro: dieta higiene oral prescrição SANGRAMENTO O sangramento deve ser contido ainda na cadeira odontológica. O sangramento discreto é normal nas primeiras 24h. Hábitos como pressão negativa, sugar e cuspir, estimulam ainda mais o sangramento. DOR PÓS-OPERATÓRIA A dor pós-operatória tem seu pico máximo depois de 12 horas, mas depois de 48 horas não é normal sentir uma dor severa. A dor é subjetiva, quando depende do limiar de dor do paciente e objetiva, pois também está na dependência do trauma cirúrgico. Para a dor pós-operatória, faz-se a prescrição. Assim, impede a automedicação, é um instrumento legal e, legalmente, deve-se anexar uma cópia ao prontuários. PRESCRIÇÃO PÓS-OPERATÓRIA ANTI-INFLAMATÓRIO O período de utilização do anti-inflamatório corresponde ao período máximo de inflamação, ou seja, até 5 dias. Prescreve-se, em média, de 3 a 5 dias dependendo da magnitude do trauma cirúrgico. Diclofenaco sódico 50mg (Voltaren) _ 9 comp. Tomar 1 comp. de 8/8h por X dias Nimesulida 100mg (Nisulid) _______ 6 comp. Tomar 1 comp. de 12/12h por X dias Ibuprofeno 300mg ________________ 6 comp. Tomar 1 comp. de 8/8h por X dias. COLUTÓRIO O colutório utilizado no pós-operatório é a base de digluconato de clorexidina 0,12%. As desvantagens dela são: alteração no paladar, queimação na língua e pigmentação dentária e lingual. Todos eles passam ao parar de utilizar. EDEMA O edema é uma reação fisiológica normal frente a uma agressão. Tem um pico máximo em 48/72 horas. O edema e o hematoma exagerado tem relação com algum tipo de distúrbio desse pós-operatório. Para evitar o edema, deve-se: ● cirurgias menos traumáticas ● cirurgias mais rápidas ● compressa de gelo e repouso ○ 48h de gelo ○ aplicação externa ○ tem redução do sangramento e do fluxo sanguíneo AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 EQUIMOSE A equimose é o acúmulo de sangue intravascular pros espaços do tecido subcutâneo ou submucoso, sem formar lojas. HEMATOMA O hematoma é o acúmulo de sangue no tecido subcutâneo ou submucoso, de origem arterial ou venosa, com a formação de lojas. Muitas vezes precisa de intervenção. O hematoma de origem arterial é de rápida formação. EVOLUÇÃO DO HEMATOMA O hematoma evolui do roxo avermelhado ao amarelo arroxeado, dado pela degradação da hemoglobina em hemossiderina. O cuidado que se deve ter nessa fase é a exposição ao sol, pois a hemossiderina pode pigmentar o tecido e ficar com uma mancha de dif ícil tratamento. TRISMO O trismo é a inflamação dos músculos mastigatórios dado, normalmente, pelo trauma cirúrgico. Ele deve ser auto resolutivo, ou seja, a medida que a inflamação vai passando, deve ir melhorando com o decorrer dos dias. Trismos severos geralmente estão associados a uma infecção ou então a um trauma, como aquele dado pela agulha. Avaliar a causa, se for: infeccioso: tratar a infecção inflamatório: anti-inflamatório além disso, realizar: ● compressas de água morna ● uso de relaxantes musculares ● fisioterapia bucal DIETA, HIGIENE BUCAL E SUTURA A dieta deve ser pastosa, fria ou gelada, nas primeiras 48 horas. Para a higiene bucal, realizar uma escovação cuidadosa e bochechos com colutório (clorexidina). A remoção de sutura deve ser realizada entre 7 a 10 dias. Utiliza-se uma pinça clínica, tesoura e espelho bucal. COMPLICAÇÕES 1) ALVEOLITE Inflamação localizada no alvéolo dentário, dada pela lise do coágulo. Não adianta prescrever antibiótico (na seca, é uma inflamação!). O tratamento consisteem tratar o local e prescrever analgésico e anti-inflamatório. ALVEOLITE SECA Características clínicas: ● dor severa - 48/72h ● dor irradiada ● coágulo ausente ● halitose Tratamento: ● irrigação local - clorexidina 0,12% ● analgésico/medicações específicas ALVEOLITE GRANULOMATOSA Acontece muito com terceiros molares, quando forma aquele tecido inflamatório. Muitas vezes, esse tecido deve ser curetado, para que se tenha a formação de um novo coágulo organizado. Pode ser necessário o antibiótico quando se tem secreção purulenta. Características clínicas: ● dor severa - 5 a 7 dias ● tecido de granulação ● corpos estranhos ● halitose AULA 1 Manuella Soussa Braga CBMF II - 7º período - 2020/1 Tratamento: ● curetagem alveolar ● antibiótico ● analgésico/medicações específicas 2) INFECÇÃO PÓS-OPERATÓRIA Só começa a partir de 48 horas. A partir disso, tem-se o começo de sinais e sintomas. ● edema e eritema ● limitação de abertura bucal ● dificuldade de alimentação ● drenagem de secreção purulenta ● febre, mal estar geral, dor Pode-se ter infecções oportunistas, como a candidíase, com sintomas como a ardência e a dificuldade de alimentação. Além disso, tem-se a infecção pós-operatória. Trata-se essas infecções com manobras locais (drenagem) e sistêmicas (antibioticoterapia).
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