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Queijo Cheddar Disciplina: Ciência e Tecnologia de Queijos II Professor: José Manoel Martins Graduandos: Josemário Gonçalves da Silva Willian José de Faria Rio Pomba 2013 INTRODUÇÃO O queijo cheddar, de origem britânica, vem sendo fabricado há séculos naquele país, sua origem se deu na cidade de Somersetshire na Inglaterra. Devido a forte influência colonial da Inglaterra no século XVII e XIX, sua fabricação expandiu-se para os países sob influência britânica na época, como os Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Austrália. Hoje, tornou-se um queijo de renome mundial, que é fabricado, literalmente, em quase todos os países onde se fabrica queijos. Devido às suas características físico-químicas, sensoriais e também por sua durabilidade, o cheddar tornou-se a principal matéria prima para a elaboração de queijos processados e fundidos. Uma grande parte de sua fabricação não se destina ao seu consumo direto, a menos que seja utilizada como base em mistura de queijos fundidos e diferentes apresentação de sabores. O cheddar original, de longa maturação, apresenta um sabor típico pronunciado ligeiramente ácido. Nos Estados Unidos, onde é fabricado deste 1795, o cheddar é o queijo de maior consumo, ele é frequentemente chamado de queijo americano, possuindo diversas variedades. Em sua classificação geral, divide-se o cheddar em duas grandes categorias: O estilo “long-hold”, maturado por 1 ano ou mais, de umidade inferior a 36%, sabor mais forte, e o cheddar “short-hold”, maturado entre 1 a 6 meses, com umidade entre 37 a 39%, sabor mais suave e mais macio. Devido as características típicas de consumo do queijos nos Estados Unidos, o cheddar americano já não possui as mesmas características do original britânico. No Brasil, a fabricação de queijo cheddar é ainda é incipiente, mesmo para o uso como base em queijos processados. O consumo direto do queijo é de pouca relevância. Nos últimos anos, vem aumentando o interesse pelo queijo cheddar por parte das indústrias de laticínios, sobretudo devido a crescente produção de queijos processados destinados às cadeias de restaurantes “fast-food”. Procura-se elaborar um queijo com teor de umidade em torno de 38 a 39% cujo período de maturação em geral não ultrapasse 4 meses. De acordo com o Art. 626, do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, o Queijo tipo "Chedar" é o produto obtido do leite pasteurizado, de massa semicozida, prensado e devidamente maturado pelo espaço mínimo de 3 meses. Deve apresentar: 1- Formato: cilíndrico, bordos retos e faces planas formando ângulo vivo; 2- Peso: 7 a 8 kg (sete a oito quilogramas); 3- Crosta: fina, firme, meio rugosa, de cor amarelo-parda, untada de óleo vegetal, preferentemente revestido de parafina; 4- Consistência; dura, meio friável, de untura seca; 5- Textura: fechada, com olhos mecânicos, pouco numerosos; 6- Cor: amarelo-palha, homogênea, translúcida; 7- Odor e sabor: suaves, sendo o sabor tendente a picante adocicado. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO QUEIJO CHEDDAR PARÂMETRO ESTADOS UNIDOS REINO UNIDO Consistência Cerosa Mais quebradiça Sabor Levemente Ácido Mais acentuado Sal (%) 1,7 - 1,8 2,0 Acidez (%) 0,65 0,85 pH 5,2 4,8 - 5,1 Textura Fechada, com finas divisões mecânicas Fechada, com finas divisões mecânicas FONTE: FURTADO, 2013. COMPOSIÇÃO APROXIMADA DO QUEIJO CHEDDAR CURADO NOS ESTADOS UNIDOS Gordura (%) 32 GES (%, teor mínimo legal) 50 Umidade (%, teor médio) 36 - 37 Umidade (%, teor máximo legal) 39 Proteína (%) 25 Sal (%) 1,6 - 1,9 Sal na Umidade (%) 4,6 pH até 5,5 FONTE: FURTADO, 2013. FLUXOGRAMA TÍPICO DE FABRICAÇÃO O Cheddar é um queijo que requer uma progressiva acidificação no tanque, para se obter o adequado grau de desmineralização, que lhe confere a consistência cerosa típica e o sabor ligeiramente ácido tradicional. Por isso, a presença das bactérias mesofílicas é fundamental, sendo que a temperatura de cozimento (38ºC) se mantêm o tempo todo numa faixa que permite a fermentação dentro do grão. Assim, é um processo longo de trabalho, da massa no tanque, desde que se corta a coalhada até o ponto final e início da dessoragem (entre 110 a 130 minutos), como demonstrado no fluxograma abaixo. Utilizar leite pasteurizado com cerca de 3,5% de gordura Uso de fermento mesofílico tipo “O” contendo Lactococcus lactis subsp. lactis e Lactococcus lactis subsp. cremoris, contendo uma pequena porcentagem de Streptococcus thermophilus (para acelerar a acidificação em tanque. Cloreto de cálcio: adicionar 20g/100L Corante de Urucum: adicionar de 5 a 10 mL/100L (em função de sua concentração). Coalho na dose recomendada. Coagulação deve ocorrer em cerca de 30 a 40 minutos, a 32ºC. Cortar em grãos médios (grão de milho). Repouso por 5 minutos. Agitação lenta por 10 minutos Iniciar aquecimento indireto até 38ºC (o aquecimento deve ser lento, a base de 1ºC/3 minutos, ou seja, de 32 a 38ºC em cerca de 20 minutos). O tempo médio de início do aquecimento ao ponto será aproximadamente 90 minutos. O tempo total de elaboração (adição do coalho ao ponto) está entre 140 e 160 minutos. Dessoragem total com formação de caneletas e blocos de massa nas laterais do tanque em cerca de 30 minutos. Cortar a massa em blocos alongados. A fermentação (“cheddaring”) deverá ocorrer em cerca de 90 a 120 minutos até atingir pH 5,4 na massa ou que a acidez do soro esteja entre 55 e 60ºD. No período efetuar viragens regulares dos blocos e manter a massa entre 35 e 38ºC. Picagem da massa. Salga a seco, agregando Cloreto de Sódio a base de 2,7 kg/100 kg de massa e fazer a adição de sal fino em três etapas com 10 minutos de intervalo, durante 30 minutos e agitar bem. Enformagem em formas quadradas ou retangulares de 10 a 20 kg, forradas com pano. Prensagem por 30 minutos, com cerca de 35 libras/pol². Viragem e efetuar uma prensagem por 12 a 16 horas, com cerca de 50 libras/pol². Desenformar e embalar à vácuo. Curar a 8 – 10ºC, por períodos variados de 4 meses a 12 meses. EMBALAGEM E MATURAÇÃO Nos processos mais antigos do Cheddar, no estilo tradicional britânico, o queijo era embalado em panos, os quais se tratavam com óleo ou mesmo com banha para proteção da casca durante o longo período de cura. Nesses casos, o queijo perdia peso durante a cura e formava uma casca típica. O sabor também era mais acentuado. Atualmente o queijo é prensado em colunas ou torres de prensagem a vácuo e vai direto para a embalagem e daí para a cura. Pelo menos esse é o procedimento comum nos Estados Unidos, sendo que no Reino Unido muitas fábricas ainda fabricam o queijo com formato cilíndrico ou mesmo em blocos, mais o curam sem embalagem por um período, para melhorar o seu sabor e textura. Para o Cheddar curado à vácuo, desde o princípio, recomenda-se um teor máximo de 37% de umidade, para compensar a ausência de desidratação parcial na maturação. A cura pode durar até 12 meses, entre 4 a 10ºC, dependendo do sistema, da variedade de Cheddar e da intensidade de sabor desejada. O rendimento da fabricação (queijos com cerca de 37% de umidade, a partir de leite com 3,5% de gordura) varia de 9 a 9,8% (ou seja, de 10,2 a 11L/kg). PRINCIPAIS DEFEITOS E CORREÇÕES O queijo Cheddar possui um sistema peculiar de fabricação, o que o distancia bastante, por exemplo, de queijos semi-duros no estilo holandês e dinamarquês. Tem duas características marcantes, é um queijo bem mais ácido e é salgado na massa, o que faz com que o sal já se apresente uniformemente distribuído no queijo, desde o primeiro dia de maturação. Essas duas características lhe conferem proteção contra algumas fermentações indesejáveis, como por exemplo, Coliformes(estufamento precoce) e Bacilos Esporulados Butílicos (estufamento tardio), defeitos que não são comuns nesse queijo, ao contrário do que se observa em queijos semiduros de massa lavada, como o prato e o gouda, ou em queijos duros como o parmesão. No entanto, outros tipos de defeitos mais específicos, podem afetar o Cheddar e suas variedades. Relatam-se, a seguir, alguns dos principais problemas que podem afetar a qualidade do queijo Cheddar: Excesso de aberturas mecânicas Prensagem em temperaturas muito baixas; Falta de pressão na prensagem; Falta de acidez no momento de salgar a massa; Excesso de cozimento (alta temperatura, ressecamento da massa). Massa com manchas Má distribuição do sal; Sal de má qualidade; Grãos de tamanho irregular durante a mexedura (varia a umidade); Presença de bacteriófagos, mau desenvolvimento da acidez; Prensagem deficiente, na qual os grãos ficam mais úmidos que os outros. Queijo com gosto amargo Má qualidade do coalho (proteolítico demais); Excesso de fermento e/ou coalho; Alta temperatura de maturação; Queijo com baixo teor de gordura; Queijo com baixo teor de sal (causa principal); Leite de má qualidade bacteriológica (psicotróficos); Temperatura de pasteurização. Queijo tendendo a borrachento, sem consistência cerosa Falta de gordura; Enformagem em pH muito alto; Ponto muito seco, baixa umidade; Excesso de sal; Alto aquecimento durante o cozimento da massa; Temperatura muito baixa de maturação; Período muito curto de maturação. Queijo pastoso demais e ácido Excesso de umidade e acidez na massa.
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