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6 - Melhoramento genético em suinocultura - Bruno Broggio

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06 Melhoramento genético em suinocultura
A demanda crescente por alimentos, em especial as proteínas de origem animal, é e continuará sendo fator determinante para a evolução e desenvolvimento técnico do setor de produção animal. Segundo o relatório de 2018 das Organizações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a produção de carnes aumentará em 20% até 2030, com grande participação das carnes de aves e suínos, sendo esta, atualmente, a carne mais consumida no mundo.
Nesse cenário, percebe-se a importância da suinocultura e também a sua amplitude, fato este que corrobora para a existência de produtores altamente tecnificados e informados e, por outro lado, outros que beiram a produção de subsistência. Porém, por ser um mercado muito competitivo, somente a tecnificação poderá fazer com que se produza em quantidade e qualidades requeridas. Além disso, a produção necessita ser economicamente viável, ou seja, precisa gerar lucro ao produtor. Para que isso ocorra, três aspectos principais da produção servem de base para qualquer suinocultura, são eles: genética, manejo e nutrição.
Dentre esses três, pode-se destacar o manejo e a nutrição como ferramentas possibilitadoras para que o animal expresse seu potencial genético em forma de resultados. Com isso, ambas devem disponibilizar ambiente e condições necessárias para a criação dos animais, tendo como princípio garantir sua saúde, bem-estar e nutrição.
Já a genética é o aspecto que faz com que o animal possua intrinsicamente potencial para desempenhar determinado resultado, em que algumas tecnologias permitiram um rápido avanço nessa área, exigindo que nutrição e manejo se desenvolvessem para garantir o máximo potencial dos animais. Percebe-se que a genética é a base para a produtividade e consequente rentabilidade do plantel.
Antes de mais nada, se faz necessário compreender o início do melhoramento genético nos suínos. Até a década de 1950, a seleção se fazia por aspectos visuais e era voltada para a produção de banha, pois, nesta época, além da carne, a banha era um produto bastante valorizado, já que era uma das principais formas de conservação da carne e também era utilizada na preparação dos alimentos, visto que não existiam óleos de origem vegetal. Assim, eram utilizadas principalmente raças europeias e asiáticas.
A partir de 1950, com o advento das tecnologias, como a refrigeração, por exemplo, e o início da produção de óleos vegetais, ocorreu o primeiro passo para a evolução genética da suinocultura, os produtores passaram a selecionar animais para a produção de carne com cada vez menos gordura. Mesmo que de forma simplicista iniciaram-se a utilização de índices de produção, como por exemplo: ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e espessura de toucinho (ET). Foi nesta época também que as raças utilizadas até hoje ganharam caracterização própria, como: Large White, Landrace, Duroc e Pietrain.
Em seguida, entre as décadas de 70 e 80 iniciou-se a utilização da inseminação artificial, até então os cruzamentos ocorriam através da monta natural. Como consequência disso, a relação macho-fêmea que era de 1-20 passou para 1-100 até 1-200 e posteriormente nos anos 2000, com a inseminação artificial pós-cervical chegou a 1-400 até 1-500. Tal fato possibilitou a otimização na utilização dos reprodutores, permitindo, assim, a utilização de reprodutores e consequente melhoria nos índices produtivos.
Além disso, também nas décadas de 70 a 80, o pesquisador Charles Henderson propôs a utilização do recurso matemático Best Linear Unbiasted Preditor, mais conhecido como BLUP, que é hoje o procedimento padrão de avaliação genética animal. Este modelo se baseia na estimação dos valores genéticos e na predição e correção dos efeitos fixos (ambientais), o qual possibilita incorporar informações sobre o animal, seus ancestrais, sua progênie, por levar em conta todas as relações de parentesco. Assim, facilita-se a remoção dos efeitos ambientais, o que permite aproximar-se do que realmente a genética influenciou para que o animal alcança-se determinado resultado.
Atualmente, os programas de melhoramento genético estão sendo realizados por grandes empresas multinacionais que trabalham com linhagens cruzadas como produto final. Dessa forma, raças puras são utilizadas apenas na formação dessas linhagens. No geral, as empresas possuem bem definidas uma linhagem macho, cujo o produto final serão os reprodutores; e a linhagem fêmea, cujo o produto final serão as matrizes.
No que tange à forma dessa estrutura nos diferentes estratos da produção, eles são classificados como pirâmide. Esta forma demonstra como os estratos são distribuídos, bem como o volume de animais em cada um deles e o fluxo de material genético.
Nesse contexto, a pirâmide é dividida em três estratos: rebanhos núcleos, rebanhos multiplicadores e rebanhos comerciais. Encontra-se, no topo da pirâmide os rebanhos núcleos, onde pode conter animais de raça pura ou cruzados, em menor número que os restantes, porém com maior valor genético. É aí também onde se aplicam os principais protocolos de avaliação genética, como o BLUP.
Já no estrato central, localiza-se os rebanhos multiplicadores, que recebem os animais do núcleo, realiza o cruzamento entre eles e o resultado desses cruzamentos vão para o estrato comercial. Um dos focos deste estrato é maximizar a heterose, de forma a realizar a complementariedade entre as raças e linhagens.
Logo após, na base da pirâmide está o estrato comercial, que recebe os animais das multiplicadoras e realizam seu cruzamento, sendo que o resultado deste cruzamento em geral são os animais que vão para o abate. Nota-se que todo o melhoramento genético deste estrato final da pirâmide é advindo das camadas superiores.
Dado o exposto, percebe-se o quanto a suinocultura evoluiu a partir do melhoramento genético e este é um processo constante, com a necessidade até de antever o futuro e as necessidades do mercado e buscar de fato melhorias genéticas que possibilitem atender as demandas mundiais do mercado, calcadas sempre em evolução dos resultados zootécnicos e aumento da rentabilidade do setor.

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