Buscar

A VERACIDADE DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO INDÍGENA BRASILEIRA


Prévia do material em texto

UNICE – ENSINO SUPERIOR 
IESF – INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE FORTALEZA ACEP – 
INSTITUTO DE ENSINO VISION 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A VERACIDADE DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO INDÍGENA 
BRASILEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manaus – AM 
2019.2 
 
 
 
 
MAIZA DE NAZARÉ MARTINS DE SOUZA 
MARIA ROSÁLIA MARQUES SAMPAIO 
PRÍSCILA MARIA SAMPAIO ALCÂNTARA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A VERACIDADE DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO INDÍGENA 
BRASILEIRA 
 
 
 
Artigo Científico apresentado à IESF – 
Instituto de Ensino Superior de Fortaleza / 
ACEP – Associação Cearense de Estudos e 
Pesquisas como requisito parcial para 
obtenção do título de Especialista em Saúde 
Indígena, sob a orientação da Profª. Dra. 
Fabiane Veloso Soares 
 
 
 
 
 
 
 
Manaus – AM 
2019.2 
3 
 
 
 
A VERACIDADE DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO INDÍGENA 
BRASILEIRA 
 
Maiza De Nazaré Martins De Souza 
Graduada em Serviço Social pela Universidade Paulista do Amazonas 
Pós-graduando em Saúde Indígena pelo (IEV) 
Maria Rosália Marques Sampaio 
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estácio do Amazonas 
Especialista em Urgência e Emergência pelo Instituto Educacional (LÍDER) 
Especialista em Saúde Pública com Ênfase em Estratégia e Saúde da Família pelo Instituto 
Educacional (GIGA) 
Pós-graduando em Saúde Indígena pelo (IEV) 
Príscila Maria Sampaio Alcântara 
Graduada em Enfermagem pela Universidade Paulista do Amazonas 
Pós-graduando em Saúde Indígena pela (IEV) 
 
RESUMO 
A tuberculose (TB) constitui uma endemia de alta relevância que acomete os indígenas e esse grupo 
é considerado vulnerável a essa doença. O norte do Brasil é a região que mais produz notificações de 
tuberculose. O objetivo deste estudo investigar na literatura a susceptibilidade dos indígenas perante 
a tuberculose. Tendo como metodologia adotada um estudo descritivo que utilizou os métodos da 
Revisão Integrativa da Literatura. O resultado da pesquisa foi que a disseminação da tuberculose não 
é homogênea, sendo vigorosamente influenciada por fatores socioeconômicos, e a população menos 
favorecida são às que tem a maior vulnerabilidade à tuberculose. Diante disso concluiu-se que estudo 
corrobora a desigualdade da incidência da tuberculose entre indígenas e não indígenas. 
 Palavras-chave: Tuberculose; Indígenas; Vulnerabilidade. 
 
INTRODUÇÃO 
 Cerca de um terço da população mundial, mais de 2 bilhões de 
pessoas, estão infectadas com o Mycobacterium tuberculosis. Apesar de estes 
apresentarem risco de desenvolver a doença, apenas 5% a 15% evoluem para 
doença ativa. Anualmente, ocorrem em torno de oito milhões de casos novos e 
quase 3 milhões de mortes por tuberculose. 
 O Brasil ocupa o 15º lugar no ranking mundial da tuberculose e notifica 
anualmente cerca de 85.000 novos casos da doença. Em conjunto com outros 21 
países em desenvolvimento, o Brasil é signatário de acordo internacional, no qual se 
compromete a curar 85% dos casos novos de tuberculose que iniciam o tratamento 
a cada ano, diagnosticar 70% dos casos estimados na população e implementar a 
estratégia do tratamento diretamente observado (DOTS) nos casos pulmonares 
bacilíferos. 
4 
 
 
 
 O Norte do Brasil é a região que se destaca no caso de notificações de 
tuberculose, tendo apresentado um alto coeficiente de incidência. E o estado do 
Amazonas tem uma considerável contribuição neste quadro. 
 A tuberculose é uma doença das mais antigas de que se tem registro 
na história da humanidade, é uma doença infectocontagiosa provocada pelo 
Mycobacterium tuberculosis e ainda que curável, quando empregado o tratamento 
adequado, ainda pode causar um grave problema de saúde pública. E os povos 
indígenas em diversos países independentemente se são de primeiro mundo ou 
países emergentes estes possuem uma elevada e desproporcionalidade na 
incidência de tuberculose. 
 A tuberculose classifica-se como uma endemia de alta relevância que 
acomete os indígenas. De acordo com o PNCT (Programa Nacional de Controle da 
Tuberculose), a população indígena é considerada altamente vulnerável a essa 
doença, alcançando números com uma disparidade desproporcionais em relação ao 
encontrado na população brasileira geral. 
 A justificativa a para realização deste estudo se dá pela relevância da 
orientação, organização, planejamento e a melhoria da qualidade dos serviços de 
assistência à saúde desses indígenas. 
 Diante do exposto, a pesquisa tem como objetivo investigar na 
literatura científica a susceptibilidade dos indígenas perante a tuberculose. 
1. POPULAÇÃO INDÍGENA BRASILEIRA 
 A população indígena do Brasil representa um grande número de 
etnias indígenas que, por todos os anos, gerou uma considerável diminuição, seja 
por extermínio, seja por doenças trazidas pelos colonizadores. Esses povos já 
viviam no território brasileiro anteriormente a chegada dos portugueses e estão 
distribuídos em diversas regiões do país1. 
 A Constituição Federal do Brasil de 1824 não agraciava a existência 
dos povos indígenas, fundamentando, assim, que a sociedade brasileira fosse 
homogênea. Já a Constituição Federal de 1988 passou a considerar a diversidade 
 
1 Ministério da Saúde (BR); Disponível http://portalfns.saude.gov.br/. acesso em 10 set. 2019 
. 
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/constituicao-1824.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/a-constituicao-1988.htm
http://portalfns.saude.gov.br/
5 
 
 
 
étnica como direito, mostrando a questão da proteção às comunidades indígenas e 
estabelecendo prazo para que suas terras fossem demarcadas. 
 A criação do Serviço de Proteção ao Índio em 1910, sendo o órgão 
federal responsável pela política indigenista. Já em 1967, foi criado a Fundação 
Nacional do Índio (Funai), cuja incumbências está relacionada à delimitação, à 
demarcação, à regularização e o registro das terras indígenas, além da 
responsabilidade de coordenar e implantar políticas de amparo aos povos 
indígenas.2 
 A população indígena no país sofreu uma enorme diminuição, entre o 
século XVI e o século XX, passando de milhões para a casa dos milhares. 
Extermínios, epidemias e também escravidão foram os principais motivos dessa 
redução. 
 De acordo com a Funai essas populações têm sofrido, diversas 
transformações sociais, buscam alternativas para sobreviverem física e 
culturalmente diante às influências acarretadas pelo restante da população nacional. 
Os territórios têm sofrido diversas invasões, muitos indígenas sofrem exploração 
sexual e exploração do trabalho, inclusive o infantil. Inúmeros indígenas que deixam 
suas terras passam a viver em situação de miséria e marginalizados nas grandes 
cidades. 
2. DISTRITOS SANITÁRIOS ESPECIAIS INDÍGENAS - DSEIs 
 Segundo Mendes, A atenção à saúde indígena no Brasil se iniciou de 
forma desestruturada e desorganizada, porem com a criação do Serviço de Proteção 
ao Índio (SPI), através da Lei 8.072 de 20 de junho de 1910. O SPI se inseria entre a 
população indígena em diferentes formatos, ao passo que apoiava nas “frentes de 
expansão”, iniciando um processo de “civilização” ou “integração pacífica” das 
populações indígenas encontradas e atuava de forma precária e descontínua na 
assistência à saúde. 3 
 Em 1988 com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a 
constituição federal garantiu às organizações socioculturais dos povos indígenas a 
 
2 Ministério da Justiça (BR). Fundação Nacional do Índio. Povos e terras indígenas [acesso em1 out. 
2019]. disponível a partir de: http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao. 
3 MENDES, A. P. M. Situação Epidemiológica da Tuberculose na População Idígena do Rio Grande 
do Sul: Uma Análise a partir dos dados do SINSN entre 2003 e 2012. Universidade Federal de 
Santa Catarina, 2014. 
6 
 
 
 
capacidade civil plena e estabeleceu a competência privativa da União para legislar 
e tratar sobre a questãoindígena. Ocorreram conferências Nacionais de Saúde, 
formando a estruturação de um modelo de atenção diferenciada, como forma de 
garantir aos povos indígenas o direito ao acesso universal e integral a saúde, 
baseado na estratégia de Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), sendo 
base da organização dos serviços de saúde4. 
 Com o objetivo de levar ações básicas de saúde a essas populações 
de difícil acesso, voltadas para vacinação, atendimento odontológico, controle de 
tuberculose e outras doenças transmissíveis, foi criado o Serviço de Unidades 
Sanitárias Aéreas. 
 De Acordo com Nogueira, foi com a aprovação da Lei nº 9.836/1999, 
denominada Lei Arouca, que representou um marco na política da saúde indígena, é 
que foi criado no âmbito do SUS os DSEIs.5 
 Existe uma grande organização pública para a atenção da saúde dos 
povos indígenas, mas há muitas dificuldades encontrados para a efetivação desses 
serviços; aumentando a possibilidade acometimentos endêmicos acontecerem, 
como é o caso da Tuberculose. 
 Segunda a FUNASA (2002), A fraca cobertura sanitária das 
comunidades indígenas, a deterioração de suas condições de vida em decorrência 
do contato com os brancos, a ausência de um sistema de busca ativa dos casos 
infecciosos, os problemas de acessibilidade aos centros de saúde, a falta de 
supervisão dos doentes em regime ambulatorial e o abandono frequente pelos 
acometidos do tratamento favorecem a manutenção da endemia de tuberculose 
entre as populações indígenas do Brasil.6 
3. A TUBERCULOSE NOS INDÍGENAS BRASILEIROS 
 A tuberculose apresenta um motivo de preocupação não somente pela 
sua alta prevalência na população indígena, mas pelas suas consequências, pois 
ainda é uma das causas de morte dessa população. 
 
4 Ministério da Saúde (BR). Política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas. 2ª ed. Brasília: 
Ministério da Saúde; 2002. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil. acesso em 5 out. 2019. 
5 NOGUEIRA, L.M.V. A magnitude da tuberculose e os itinerários terapêuticos dos Munduruku do 
Pará na Amazônia brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011. Acesso: 28 ago 2019. 
6 FUNASA. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção 
dos Povos Indígenas. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Acesso: 28 ago 2019. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil
7 
 
 
 
 Para YUHARA, 
A incidência da tuberculose entre os indígenas brasileiros é 
consideravelmente maior que a encontrada na população não 
indígena devido à sucessiva integração entre as duas populações. O 
impacto dessa endemia sobre as populações indígenas tem sido de 
grande intensidade, de acordo com alguns estudos realizados nas 
regiões Norte.7 
 
 As peculiaridades culturais dos indígenas exigem que as terapêuticas 
para a tuberculose nessas populações precisem de cuidados especiais, além doo 
risco elevado de abandono e, resultando no aumento das taxas de prevalência da 
doença de surgimento de casos de tuberculose multirresistente. 
 O estudo da tuberculose em áreas indígenas foi realizado inicialmente 
por Noel Nutels (1952), que explorou a influência do contato Inter étnico na 
disseminação da tuberculose entre os índios, resultando em altas taxas de 
morbimortalidade, no qual destacou a necessidade proteger os índios contra a 
tuberculose e outras doenças infecciosas. 
 Ainda que essa população represente apenas 0,4% da população 
brasileira, no ano de 2014 foram responsáveis por aproximadamente 1,1% do total 
de casos novos de tuberculose. 
 Inexistem informações confiáveis sobre as verdadeiras condições de 
saúde dos nossos índios. Os dados disponíveis por alguns órgãos como a Fundação 
Nacional do Índio (FUNAI), a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a Secretaria 
Especial de Saúde Indígena (SESAI) e organizações não governamentais, 
demonstram elevadas taxas de morbidade e mortalidade nos povos indígenas, 
frequentemente superiores às encontradas na população brasileira. 
3.1 Susceptibilidade dos Índígenas Perante a tuberculose 
 A susceptibilidade está diretamente conectada ao baixo índice de 
desenvolvimento humano (IDH), caracterizado pelas condições sociais e 
econômicas nefasta, baixo nível de escolaridade precariedade de habitação e 
saúde. Informações disponíveis explicitam que nos indígenas a taxa de incidência de 
tuberculose no ano de 2013 (95,6/100.000 pessoas) foi quase três vezes superior à 
 
7 YUHARA, L.S. Papel da quimioprofilaxia na prevenção da tuberculose na população indígena. 
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Dourados, 2012. 
8 
 
 
 
taxa de incidência achada na população geral para o mesmo período (35,4/100.000 
pessoas). 
 Indicativos científicas demonstram que a ocorrência de tuberculose nas 
populações indígenas é elevada, alcançando números superiores aos encontrados 
na população brasileira geral. 
 Para PAIVA, 
Essas ocorrências se dão pela fraca cobertura sanitária das 
comunidades indígenas, o agravamento de suas condições de vida 
em decorrência da proximidade com os brancos, a falta de um 
sistema de busca eficiente dos casos infecciosos, os problemas de 
acesso e acessibilidade aos centros de saúde.8 
 Todas os inconvenientes encontrados referentes à saúde indígena, 
colaboram com a descontinuidade das ações de saúde, aumentando a 
susceptibilidade desse povo, dentre esses podemos citar a dificuldade de acesso às 
comunidades indígenas brasileiras, que aliadas à carência de infraestrutura local e 
recursos. 
 Para ZOMBINI, 
Essa doença continua sendo um grande infortúnio para a saúde 
pública, principalmente nos países emergentes. A degeneração da 
situação socioeconômica com o crescimento da pobreza e 
agrupamento, o aumento de populações marginalizadas, a 
dificuldade de acesso aos serviços de saúde com prejuízo na 
descoberta de novos casos da doença, os movimentos migratórios, o 
envelhecimento da população, o avanço do número de casos de 
AIDS com sua estreita ligação com a tuberculose e o aparecimento 
de germes multirresistentes fazem com que este agravo esteja longe 
de ser eliminado.9 
 As crianças e adolescentes mostram algumas particularidades em 
relação à doença. Esta é constantemente mais grave do que em adultos e, 
comparativamente, ocorre maior proporção de acometimento extrapulmonar e 
formas disseminadas. A identificação do bacilo por meio de bacterioscopia e cultura 
de escarro são prejudicadas pela dificuldade técnica em se obter material nas 
crianças por meio de escarro e também pelas lesões. 
 
8 PAIVA, B. L. Distribuição Espacial de Tuberculose nas Populações Indígenas e não Indígenas do 
Estado do Pará, Brasil, 2005-2013. Escola Anna Nery, v. 21, n. 4, 2017. 
9 ZOMBINI, E. V. Perfil Clinico-Epidemiológico da Tuberculose na Infância e Adoloescência. Journal 
of Human Growth and Developmen, v. 23, n. 1, p. 52–57, 2013 
9 
 
 
 
 Existe uma enorme preocupação na tuberculose incidindo sobre 
crianças e adolescentes indígenas, nessa fase o diagnóstico bacteriológico é mais 
complicado, baseado, na maioria das vezes, somente em sinais clínicos e 
radiológicos. A presença da tuberculose nessas crianças e adolescentes indica 
transmissão decorrente de contato com adultos doentes. 
 Encontrou-se um percentual demasiadamente elevado de casos de 
tuberculose em menores de 15 anos, tanto no grupo da população em geral, quanto 
no grupo de indígenas. Esses achados diferem da população geral do Brasil, onde 
ocorre uma concentração maior de casos da doença na faixa etária de 20 a 49 anos, 
ficando os pacientes menores de 15 anos, em média, com 15% do total de casos. 
 A legislação brasileira preconiza que toda criança ou adolescente com 
suspeita clínica de tuberculose seja avaliada por meio de sistema de pontuação e 
presume que a análise combinada de achados clínico-radiológicos, a interpretação 
do teste tuberculínico, o acompanhamento da situação vacinal com BCG, o estado 
nutricional,e a história de contato com adultos doente de tuberculose. 
3.1. Controle da tuberculose 
 O Programa Nacional de Controle da tuberculose tem atuado no 
fortalecimento das ações de controle específicas para a população indígena, tais 
como: visitas de monitoramento e avaliação nos estados e municípios prioritários; 
incremento das ações de controle nos Distritos Sanitários Indígena; oferta do Teste 
Rápido Molecular para tuberculose e maior adesão ao Tratamento Diretamente 
Observado. 
 Para o controle efetivo dessa doença infecciosa, deve-se ter como 
referência o diagnóstico precoce, acurado e adequado das mesmas, o que propicia 
seu tratamento especifico resultando na cura. O objetivo não se limita em livrar o 
indivíduo da sua moléstia, trata-se também, na maioria das vezes, de interromper a 
cadeia de transmissão.10 
 A execuções de ações de atenção básica à saúde indígena, o 
empoderamento da cobertura sanitária, melhoria da acessibilidade aos centros de 
saúde, rastreamento dos casos infecciosos, supervisão terapêutica em regime 
 
10 FOCACCIA, Rl. Veronesi: Tratado de Infectologia. 4 ed. Ver, e atual. São Paulo: Atheneu, 2009. 
10 
 
 
 
ambulatorial e busca ativa pelos índios que abandonam tratamento são providências 
capazes de reduzir as graves consequências que esta enfermidade pode causar. 
 Uma das melhores formas de tratamentos contra a tuberculose, é a 
prevenção feita por meio do BCG, prioritário em crianças até os 4 anos de idade, 
impossibilitando que se infectado o indivíduo não evolua para as formas agravantes 
da doença, especialmente a meningoencefalite por tuberculose. Outra medida para 
a prevenção é a quimioprofilaxia com o uso deisoniazida. Esta inibi o 
estabelecimento da infecção ou que a infecção latente avance para a doença 
clinicamente ativa. 
 Há uma grande organização pública para a atenção da saúde dos 
povos indígenas, mas há muitas dificuldades encontrados para a efetivação desses 
serviços; aumentando a possibilidade acometimentos endêmicos acontecerem, 
como é o caso da Tuberculose. 
 Analisar a tuberculose nos indígenas brasileiros é um grande desafio 
devido sua extensão territorial. Com isso, realizou-se a análise de diversos estudos 
referente ao tema, o que permitiu boa observação do fenômeno estudado. Os 
resultados deste estudo mostram a relevância e elevadas incidências de tuberculose 
na população indígena brasileira. 
 Segundo Rios e colaboradores 2014, tanto em países desenvolvidos 
quanto nos subdesenvolvidos, a disseminação da tuberculose não é homogênea, 
sendo vigorosamente influenciada por fatores socioeconômicos, e a população 
menos favorecida são às que tem a maior vulnerabilidade à tuberculose, havendo 
concentração maior em grupos como: moradores de rua, presidiários e minorias 
étnicas os quais destacam-se os indígenas11. 
 A enfraquecida assistência sanitária nas comunidades indígenas, a 
difícil condições de vida resultante do contato com os brancos, a inexistência de um 
sistema de busca ativa dos casos infecciosos, os problemas de acessibilidade 
(geográfica, econômica, linguística e cultural) aos centros de saúde, precariedade e 
falta de supervisão dos doentes em regime ambulatorial e o abandono frequente 
pelos acometidos do tratamento influenciam na continuidade da tuberculose entre os 
indígenas. 
 
11 RIOS, M. C.; CARVALHO, R. G. B.; RIOS, P. S. DE S. Avaliação da adesão farmacoterapêutica em 
pacientes atendidas em um programa assistencial ao idoso. Revista Brasileira de Farmácia, v. 95, 
n. 1, p. 544 – 560, 2014. 
11 
 
 
 
 Já Resende e colaboradores 2014, dizem que o cuidado a saúde está 
concentrado nos grandes centros urbanos, o que se torna um fator dificultador, pois 
os profissionais da saúde tendem a se deslocar para as comunidades. Diante desse 
agravo eles esbarram com uma realidade completamente diferente, com dificuldades 
de campo e socialização com os indígenas.12 
 Quando se fala em região amazônica mesmo com altos atendimentos 
vacinais pela BCG, a ocorrência da doença é muito eminente e a prevalência de 
infecção é muito superior, com cerca de 1/3 dos grupos apresentando fortes reações 
à Prova Tuberculínica. O perfil epidemiológico dos indígenas fica demostrado por 
altas taxas de incidência e de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias, 
com destaque para infecções respiratórias, diarreia, malária e tuberculose. 
 Segundo Ocampos 2019, mesmo perante todas as formas de controle 
da tuberculose, como os recursos da medicina, com diversos medicamentos, 
exames de radiodiagnóstico e baciloscopia, não é possível alcançar a extinção 
dessa patologia. Além disso a TB, ainda pode estar relacionada a outros agravos, 
como o HIV, ou com o aumento de cepas devido a maior resistência com 
propagação na população, dificultando assim as diversas condutas de tratamento 
propostas.13 
 Um dos métodos para prevenir contra a tuberculose em suas formas 
mais graves é a vacina BCG sendo indicada para crianças de 0 a 4 anos, com 
obrigatoriedade para menores de 1 ano, como dispõe a Portaria nº 452, de 6 de 
dezembro de 1976, do Ministério da Saúde, e a Portaria nº 3.030, de 28 de outubro 
de 2010, que institui em todo território nacional os calendários de vacinação do 
Ministério da Saúde. 
4. CONCLUSÃO 
 O presente estudo corrobora a desigualdade da incidência da 
tuberculose entre indígenas e não indígenas. Diante do exposto podemos concluir 
que a susceptibilidade dos indígenas perante a tuberculose se dá devido a fatores 
 
12 RESENDE, L. P.; RODRIGUES, L.; MENEGÓCIO, A. M. A Realidade da Tuberculose nos 
Indígenas Brasileiros com Diversidade de Etnias em Menores de 15 Anos de Idade. Ensaios Cienc., 
Cienc. Biol. Agrar. Saúde, v. 18, n. 2, p. 105–111, 2014. 
13 OCAMPOS, L. C. L. Tuberculose nas populações Residentes no Municípios de Campinápolis, Água 
Boa, Nova Xavante-MT Indígena e não indigena dos Anos de 2006 a 2017. Connectionline, v. 20, p. 
57–83, 2019. 
12 
 
 
 
como: condições sociais e econômicas desfavoráveis, fraca assistência sanitária nas 
comunidades indígenas, acesso e acessibilidade dentre outros. 
 Além disso existe um alto número de acometimentos em crianças e 
adolescentes, dado esse preocupante entre os indígenas brasileiros, sendo 
necessário que ações sejam tomadas para um melhor controle deste mal, o cuidado 
com a saúde dos pequenos indígenas. 
 Com isso se vê a necessidade de ações específicas para o combate à 
tuberculose, junto a essa população sendo estes bastante vulneráveis ao 
adoecimento. Para tanto, se torna necessário investimento para melhor estruturação 
dos serviços de saúde de modo a diagnosticar e tratar os casos de tuberculose 
existentes nas comunidades indígenas. 
BIBLIOGRAFIAS 
FERREIRA, TF, Santos, A.M., Oliveira, B.L.C.A. de, CALDAS, A.J.M.C. Tendência 
da tuberculose em indígenas no brasil no período de 2011-2017.CienSaudeColet 
2019. 
 
FILHO, A. C. M. Incidência da Tuberculose em Indígenas do Município de São 
Gabriel da Cachoeira , AM. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina 
Tropical, v. 41, n. 3, p. 243–246, 2008. 
 
FOCACCIA, R. Veronesi: Tratado de Infectologia. 4 ed. Ver, e atual. São Paulo: 
Atheneu, 2009. 
 
GUIMARÃES, M. D. Tuberculose pulmonar em indígenas brasileiros : um retrato 
desse contexto com base na radiografia. Radiol Bras, v. 48, n. 5, 2015. 
 
MARQUES, A. M. C. et al. Tuberculose em indígenas menores de 15 anos , no 
Estado de Mato Grosso do Sul. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina 
Tropical, v. 43, n. 6, p. 700–704, 2010. 
 
MARQUES, A.M.C.; CUNHA, R.V.A. Medicação assistida e os índices de cura de 
tuberculose e de abandono de tratamento na população indígena Guaraní-Kaiwá no 
Município de Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de 
Janeiro, 19(5):1405-1411, set-out, 2003. 
 
MENDES, A. P. M. Situação Epidemiológica da Tuberculose na População Idígena 
do Rio Grande do Sul:Uma Análise a partir dos dados do SINSN entre 2003 e 2012. 
Universidade Federal de Santa Catarina, 2014. 
 
NOGUEIRA, L.M.V. A magnitude da tuberculose e os itinerários terapêuticos dos 
Munduruku do Pará na Amazônia brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011. 
 
13 
 
 
 
OCAMPOS, L. C. L. Tuberculose nas populações Residentes no Municípios de 
Campinápolis, Água Boa, Nova Xavante-MT Indígena e não indigena dos Anos de 
2006 a 2017. Connectionline, v. 20, p. 57–83, 2019. 
 
OLIVEIRA, R. M. DE. Situação epidemiologica da Tuberculose e as Condições de 
Vida no Município de São Gabriel da Cachoeira - AM. FIOCRUZ Fundação 
Oswaldo Cruz, 2004. 
 
PAIVA, B. L. Distribuição Espacial de Tuberculose nas Populações Indígenas e não 
Indígenas do Estado do Pará, Brasil, 2005-2013. Escola Anna Nery, v. 21, n. 4, 
2017. 
 
RESENDE, L. P.; RODRIGUES, L.; MENEGÓCIO, A. M. A Realidade da 
Tuberculose nos Indígenas Brasileiros com Diversidade de Etnias em Menores de 
15 Anos de Idade. Ensaios Cienc., Cienc. Biol. Agrar. Saúde, v. 18, n. 2, p. 105–
111, 2014. 
 
RIOS, M. C.; CARVALHO, R. G. B.; RIOS, P. S. DE S. Avaliação da adesão 
farmacoterapêutica em pacientes atendidas em um programa assistencial ao idoso. 
Revista Brasileira de Farmácia, v. 95, n. 1, p. 544 – 560, 2014. 
 
YUHARA, L.S. Papel da quimioprofilaxia na prevenção da tuberculose na população 
indígena. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Dourados, 2012 
 
ZOMBINI, E. V. Perfil Clinico-Epidemiológico da Tuberculose na Infância e 
Adoloescência. Journal of Human Growth and Developmen, v. 23, n. 1, p. 52–57, 
2013. 
 
FONTES ON-LINE 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos 
Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Agenda nacional de 
prioridades de pesquisa em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil. acesso em 5 out. 2019. 
 
FUNASA. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Saúde. Política 
Nacional de Atenção dos Povos Indígenas. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 
Disponível http://portalfns.saude.gov.br/ Acesso: 25 set 2019. 
 
Ministério da Saúde (BR). Boletim epidemiológico. Brasília: Ministério da Saúde; 
2015. acesso em 10 set. 2019 
 
Ministério da Justiça (BR). Fundação Nacional do Índio. Povos e terras indígenas. 
disponível a partir de: http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao. 
acesso em1 out. 2019 
 
Ministério da Saúde (BR). Política nacional de atenção à saúde dos povos 
indígenas. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. Disponível: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil acesso em 1 out. 2019 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil
http://portalfns.saude.gov.br/
http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao
http://www.planalto.gov.br/ccivil

Continue navegando