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Fundamentos da qualidade de serviço Luis Fernando Conduta Introdução Para saber o que é qualidade, primeiramente você precisa saber que ela é apresentada sob diferentes olhares pelos autores que se propõem a estudá-la. A qualidade depende do conceito que cada indivíduo atribui a ela, sendo que vários fatores influenciam nessa visão, como a cultura do grupo, por exemplo. O termo qualidade é utilizado para especificar diversas situações. Existe qualidade de vida, qualidade de ensino e qualidade do serviço, que será o foco nesta aula. Podemos dizer que as definições de qualidade de serviço sempre vão depender de pessoas e de fatores, que, se forem alterados, podem provocar uma percepção diferente do serviço. Ao final desta aula você será capaz de: • compreender o conceito de qualidade; • entender os aspectos que influenciam a satisfação do cliente. 1 Compreendendo o conceito de qualidade 1.1 Contextualização do termo: qualidade Em primeiro lugar, é importante conhecermos a contextualização que abarca o termo qua- lidade. Saiba que qualidade advém de fazer de modo correto e com sustentação determinada tarefa. A ideia de qualidade vem sendo disseminada ao longo dos anos. No sentido do Marketing, os autores Costa et. al (2015, p. 1334) nos ajudam a entender que: [...]qualidade indica a capacidade que as características de um produto, processo ou siste- ma tem em atender às [sic] necessidades dos clientes. A partir dessa definição, pode-se resumir gestão da qualidade, portanto, como a forma de gestão de uma organização, definida pela alta direção, tendo como base as necessidades dos seus clientes, baseada na identificação de requisitos de qualidade do produto ou serviço, no estabelecimento de um planejamento para que esse padrão seja atingido e na constante busca pela melhoria, em todos os seus aspectos, visando à satisfação dos clientes e a eficácia da organização. SAIBA MAIS! Com o propósito de ampliar seus conhecimentos a respeito da qualidade, sugerimos a leitura do artigo “A qualidade em serviços no contexto da competitividade”, do professor André Luís Policani Freitas. O texto está disponível em: <https:// producaoonline.org.br/rpo/article/download/321/418>. Como mencionamos, a definição de qualidade varia de acordo com o emprego do termo, ou seja, de como o utilizamos. Machado, Queiroz e Martins (2006) nos ajudam a entender que qualidade é uma das principais formas de uma empresa ser diferente no amplo mercado. A quali- dade de serviços, então, surge como uma contribuição que impulsiona o Marketing a entender seu consumidor. Essa evolução traz um novo paradigma à área, uma vez que sendo individual esse julgamento, torna-se mais difícil de ser mensurado. Podemos dizer, portanto, que para um serviço obter sempre a mesma qualidade é necessário que ele siga sempre o mesmo padrão, desempenho e conformidade. 1.2 Elementos básicos da percepção da qualidade de serviços Vamos nos aprofundar um pouco em como o cliente entende e percebe a qualidade de servi- ços, procurando verificar o comportamento do consumidor. Para isso, estudaremos as cinco dimen- sões que fazem parte da percepção da qualidade, conforme Spiller (2011, p. 21). Acompanhem. • Credibilidade: é a capacidade de realizar e prestar o serviço prometido, de modo que seja confiável e preciso, adotando a filosofia de erro zero, acertar logo da primeira vez. Esse é o critério mais importante que os clientes julgam, a qualidade de serviço. • Tangibilidade: é a aparência física das instalações, dos funcionários e colaboradores, dos equipamentos e do material de comunicação. • Prestatividade/proatividade: é a disponibilidade apresentada a ajudar o cliente e a per- cepção em antecipar aos problemas, trabalhando em função de evitar que ocorram. • Segurança: é o oferecimento de cortesia, competência, que auxiliam na capacidade de inspirar confiança e credibilidade. • Empatia: dispensar atenção ao cliente; colocar-se no lugar dele e procurar assumir seu ponto de vista. FIQUE ATENTO! Saiba que autores podem incluir mais ou menos itens entre os critérios de avalia- ção da qualidade dos serviços. Para Gianesi e Corrêa (1994), por exemplo, essa avaliação envolve os seguintes aspectos: consistência, velocidade de atendimento, atendimento em si, atmosfera, acesso, custo, tangibilidade, credibilidade/seguran- ça, competência e flexibilidade. Figura 1 – Selo de qualidade garantida Fonte: Lovin/shutterstock.com Como você pode ver, empresas que valorizam a qualidade dos serviços valorizam a si pró- prias, pois enxergam a possibilidade de agregar valor real a sua organização. 2 Momentos da verdade 2.1 No que a qualidade de serviços se baseia Podemos perceber até aqui que o nível de satisfação do cliente é constituído de detalhes que ele obtém no momento da experiência com o serviço prestado. A esses acontecimentos damos o nome de momentos da verdade (ALMEIDA, 1995). Segundo o autor, é o momento em que o cliente entra em contato com algum setor ou pessoa da empresa, e esse contato torna-se parte integrante do seu processo de formação de opinião sobre a qualidade do serviço. EXEMPLO No caso de um produto como um notebook, o processo de fabricação pode ser controlado, por meio da checagem da produção de cada um dos componentes, e o produto completo inspecionado após sair da fábrica e testado no momento da ven- da. No caso de um serviço há uma variabilidade muito grande. Podemos citar como exemplo de serviço o corte de cabelo em um salão de beleza. Vários fatores podem influenciar, tais como: clima, iluminação e foco por parte do prestador de serviço. Figura 2 – Momento da verdade em salões de cabeleireiro Fonte: Tyler Olson. Shutterstock.com Em geral, o cliente vai com a elevada expectativa de que será bem tratado e de que rece- berá um bom serviço. Durante a entrega dos serviços, o cliente se baseia em ter ou não suas expectativas iniciais atendidas e, então, julga a qualidade do serviço de acordo com seus critérios para avaliação. FIQUE ATENTO! Lembre-se de que desde o primeiro momento, de chegada do cliente à empresa com a finalidade de obter algum produto ou serviço, ele já começa seu julgamento pessoal, comparando aquilo que é oferecido ao que ele gostaria de receber. 2.2 Por quais motivos os “momentos da verdade” são importantes? É necessário entender que o ciclo de serviços é formado a partir dos momentos da verdade, uma vez que podem se iniciar a partir do momento do próprio anúncio do produto/serviço. Logo, a percepção de qualidade de serviços é fruto de vários contatos com a empresa (momentos da verdade), e não apenas do recebimento, do ato da prestação do serviço em si (ALMEIDA, 1995). Nos momentos da verdade o cliente avalia o serviço por si como negativo ou positivo. Esse momento da verdade é avaliado tendo como base todo o contexto em que o sujeito está inserido, não considerando apenas o serviço tomado. Algumas empresas não consideram ou não sabem trabalhar os momentos da verdade em seu negócio. SAIBA MAIS! A aplicação do conceito de momentos da verdade de um serviço que exige contato deve ser clara a todos os colaboradores da empresa, uma vez que cada funcionário em contato com o cliente representa e pode administrar o seu próprio momento da verdade, na medida em que controla o seu comportamento perante o consumidor. Temos que nos lembrar que é impossível atingir o nível de total excelência em todas as intera- ções. Porém, a partir do momento em que o fornecedor consegue mapear todos os momentos da verdade pelos quais o cliente pode passar, isso ajuda na elaboração de estratégias e medidas que evitem uma avaliação negativa. Logo, chega-se a um grau de percepção inesquecível. Consegue- -se cativar o cliente, o que contribui de forma decisória para sua lealdade e fidelização. 3 Ciclo dos serviços 3.1 O que são os ciclos de serviços Você pôde compreender até aqui o que significa qualidade de serviçose no que ela se baseia (em momentos da verdade). Agora veremos que o ciclo de serviços é um mapeamento dos momentos da verdade vivenciados pelos clientes para receber o serviço (ALMEIDA, 1995). A análise desse mapa é uma forma de garantir a satisfação do cliente, uma vez que ajuda na identi- ficação e diminuição de possível falhas que ocorrem ou possam vir a ocorrer. Em geral, os momentos da verdade não acontecem de forma aleatória, mas sim em uma sequência lógica e possível de ser mensurada. FIQUE ATENTO! Cada momento tem uma natureza diferente, e então, será avaliado com critérios di- ferentes pelo cliente, tais como credibilidade, segurança, dentre outros, porém o que valerá será toda a experiência durante a prestação do serviço (COSTA et. al, 2015). 3.2 Como o ciclo de serviços funciona Podemos pensar o ciclo de serviços como uma corrente, em que cada momento da verdade é representado por um elo. Pensando assim, podemos dizer que o acontecimento de um momento da verdade ruim pode vir a comprometer todo o ciclo. Figura 3 – Ciclo de serviços em supermercado Fonte: Pixfly/Shutterstock.com EXEMPLO Para que fique mais clara a explicação sobre ciclo de serviço, vamos a um exemplo prático. Um cliente vai ao supermercado para adquirir algumas mercadorias. Pri- meiramente ele deixa o veículo no estacionamento do supermercado e, após, cami- nha pela entrada e cruza com o segurança do estabelecimento, que o cumprimenta. Na sequência o cliente segue as placas de orientação dispostas para localização dos produtos. Chegando à gôndola o cliente se depara com uma variedade de mar- cas e, assim, opta por algumas. Na sequência ele se dirige ao caixa para passar suas aquisições e é bem recebido pelo funcionário, que soma e cobra os valores das compras e depois embrulha a mercadoria. O cliente sai satisfeito com o atendi- mento e com a variedade de produtos disponível no estabelecimento. Podemos visualizar com maior facilidade o processo de ciclo de serviço por meio da figura apresentada a seguir. Figura 4 – Exemplo de ciclo de serviço em uma clínica médica 1 Entrar no estacionamento 2 Achar vaga 3 Entrar na clínica 4 Ser atendido 6 Entregar documentos 7 Assinar formulários 8 Preencher histórico 9 Exames preliminares 10 Peso e altura 11 Esperar a vez 12 Consulta médica 13 Exames clínicos 14 Análise de exames 15 Orientação 16 Prescrição 17 Sair 5 Obter informações Fonte: Gianesi e Correia (1996) apud Spiller et al. (2011, p. 20). A partir dessas concepções o ciclo de serviços deve ser montado em ordem cronológica, respeitando os acontecimentos, mantendo uma ordem, mostrando que cada momento da verdade está inteiramente ligado ao seguinte e ao anterior. Fechamento Em nossos estudos conhecemos o conceito de qualidade e o quanto ela é subjetiva. Para conseguir mensurá-la, temos à disposição técnicas que nos ajudam a evitar falhas e é preciso, ainda, conhecer o serviço sob a ótica do cliente. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer o que são os momentos da verdade, onde entendemos que cada interação do cliente com os processos da empresa representa uma experiência para ele; • entender que os ciclos de serviço são uma técnica utilizada para mapear momentos da verdade; • saber que os momentos da verdade ajudam no conhecimento dos processos do ser- viço e em meios de identifi car e minorar falhas. Referências ALMEIDA, Sergio. Cliente – Eu não vivo sem você. São Paulo: Saraiva, 1995. FREITAS, André Luis Policani. A qualidade em serviços no contexto da competitividade. Revista Produção on line. Universidade Federal de Santa Catarina, v. 5, n. 1, março 2005. GIANESI, Irineu G. N.; CORRÊA, Henrique L. Administração estratégica de serviços: operações para a satisfação do cliente. São Paulo: Atlas, 1994. COSTA, Magno Ramon dos Santos; CORREIA, Ana Maria Magalhães; SILVA, Rosa Adeyse; SILVA, Armistrong Martins da. Avaliação da qualidade dos serviços: Estudo sobre as expectativas e percepções dos clientes de uma empresa de motopeças. Revista Eletrônica Gestão e Serviços, v. 6, n. 2, p. 1333-1358, julho/dezembro 2015. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/ revistas-ims/index.php/REGS/article/view/5645/5099. Acesso em: 12 dez, 2016. MACHADO, Melise Dantas; QUEIROZ, Timóteo Ramos; MARTINS, Manoel Fernando. Mensuração da qualidade de serviço em empresas de fast food. Gest. Prod., São Carlos, v. 13, n. 2, p. 261- 270, maio, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 530X2006000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 2 nov. 2016. SPILLER, Eduardo Santiago; PIÁ, Daniel; LUZ, João Ferreira da; SÁ, Patrícia Riccelli Galante. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: FGV, 2011.
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