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ARGUMENTAÇÃO JURIDICA

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ELEMENTOS DA ARGUMENTAÇÃO
O que é Retórica?
A técnica da retórica surgiu na Sicília, no século V a.C. e foi levada à Grécia pelo sofista Górgias, de Atenas, sendo aplicada entre políticos e jurídicos, ensinada que era para persuadir um público sobre os assuntos tratados.
Acabou por se tornar a arte da oratória através da obra “Retórica”, de Aristóteles, onde o filósofo estabeleceu as bases para seu estudo e aplicação e identificando-a como sendo um dos elementos chave da filosofia. Junto com a lógica e a dialética, a retórica tornou-se um dos pontos básicos dos grandes pensadores.
Época em que os grandes discursos eram a melhor maneira de expressar um ponto de vista, os espectadores da Grécia Antiga davam grande valor à postura, aos gestos e ao timbre de voz do orador, o que o tornava capaz de enfatizar alguma ideia, torná-la convincente e aceitável.
Quando se fala em retórica, uma das figuras ainda lembradas da Grécia Antiga é Demóstenes, considerado o maior orador daquele tempo. Conta a história que Demóstenes era gago e, para se aperfeiçoar, treinava seus discursos com pedras na boca, mostrando que a retórica é uma arte que pode ser desenvolvida e aperfeiçoada.
Ao longo do tempo a retórica foi sendo estudada e divulgada. Na Idade Média era uma das três artes liberais ensinadas em Universidades, constituindo o chamado “trivium” com a lógica e a gramática, a base dos estudos dos jovens universitários, tendo influência não só na política e na filosofia, como também na poesia e no teatro.
Ainda não totalmente considerada em sua vertente prática, isto é, na prática da oratória, a retórica era utilizada para o estudo de textos durante essa época da história. Foi a partir do Renascimento e do Barroco que ganhou preponderância no discurso literário, tornando-se elemento essencial no estudo das ciências de humanidades, como Filosofia e Gramática, entre outras.
O estudo da retórica sempre foi uma parte central na educação, mostrando a necessidade de treinar oradores e escritores com o objetivo de convencer a audiência mediante os argumentos utilizados. A técnica desenvolvida na retórica estabelece que o discurso, para ser um enunciado completo, precisa ter cinco partes, cruciais para seu entendimento:
• Invenção, que são os princípios a serem desenvolvidos em seu conteúdo;
• Disposição, onde se cria a estruturação das formas do conteúdo;
• Elocução, que é a expressão do que se explana, com um estilo apropriado às ideias expostas;
• Fixação, onde se trabalha na memorização do que foi colocado;
• Ação, que é o ato de proferir o discurso.
A retórica é uma ciência, quando se pensa em estudo estruturado, e uma arte, quando se refere à prática de sua utilização com técnica, e nos remete sempre a um orador que possa se comunicar com eloquência, com o objetivo de expressar ideias de maneira eficaz e atraente, com capacidade de persuasão.
Na retórica é essencial a capacidade mental do orador, que deve utilizar alguns elementos básicos, desde a época da Grécia Antiga, para convencer os ouvintes
• Ethos, que é a forma como pode convencer o público, utilizando elementos que mostrem a credibilidade do que fala;
• Pathos, quando utiliza apelos emocionais que alterem o julgamento do público, com a utilização de metáforas e figuras de retórica capazes de evocar emoções fortes na plateia;
• Logos, a utilização de elementos indutivos ou dedutivos, dentro do uso da razão e do raciocínio, trabalhando esses elementos com objetividade. O raciocínio indutivo utiliza exemplos e o dedutivo se baseia em proposições de onde se podem tirar conclusões expressivas.
A retórica também pode ser usada em sentido pejorativo, descrevendo uma discussão inútil ou que transmite presunção por parte de quem expressa uma opinião. Outra palavra utilizada nesse sentido é a falácia, termo que designa um orador que não convence.
Figuras da Argumentação
Geralmente, elas são tratadas como sendo o ornamento do texto argumentativo, aquilo a que Aristóteles chama de elocutio, mas, olhando sob outra perspectiva, podem ser tratadas como ferramentas cruciais para a persuasão, devido à sua capacidade de provocar emoções no auditório. De acordo com Trubilhano e Henriques (2010), Perelman e Tyteca, em seu Tratado da argumentação (1996), agruparam as diferentes figuras argumentativas em três grupos: figuras de escolha, figuras de presença e figuras de comunhão. 
Figuras de escolha
As figuras de escolha, nos estudos da argumentação, são vistas como os
elementos que irão “embelezar” o texto argumentativo, ou seja, são vistas como ornamento. Elas sugerem ou impõem uma escolha. Entre essas figuras estão: antonomásia, perífrase, ironia e metáfora.
• Antonomásia: é a substituição de um nome próprio por um nome comum ou expressão equivalente que apele para alguma característica daquilo que é nomeado. É o realce de uma característica específica que dá força argumentativa para esta figura, identificando o referente. Por exemplo, quando se faz referência a Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra do Reino Unido, pela alcunha “Dama de ferro”, há aí uma força argumentativa que reforça sua característica de ser autoritária e de ter implementado políticas econômicas consideradas severas.
• Perífrase: é similar à antonomásia, pois na perífrase também ocorre a substituição do nome próprio, porém, neste caso, o que substitui o nome próprio é um sintagma mais complexo. São exemplos de perífrase: cidade-luz (Paris), país do futebol (Brasil), a grande dama do teatro brasileiro (Fernanda Montenegro) etc. Veja que falar simplesmente Brasil e falar “o país do futebol” são coisas totalmente distintas, uma vez que, no segundo caso, se define uma perspectiva sobre o país, logo, argumenta-se que o Brasil é o lugar do futebol por excelência, devido à qualidade de seus jogadores, à paixão de seus torcedores etc.
Na realidade, a perífrase é toda reescrita de um elemento simples por um elemento composto ou mais extenso. Por exemplo, no português brasileiro, é comum no uso cotidiano da língua substituirmos os verbos flexionados no futuro pela perífrase ir + verbo no infinitivo: em vez de farei, dizemos vou fazer. A perífrase é chamada também de circunlóquio, e pode ser usada ou para atenuar um sentido ou para explicitá-lo.
•Ironia: é a forma pela qual se exprime o contrário do que se quer dizer. Olhando essa definição, a ironia parece ser algo complicado, mas não é, e a prova disso é que você utiliza e compreende essa figura argumentativa de forma natural, desde criança. Pense na seguinte situação: a mãe sai por uns instantes do quarto e, quando volta, surpreende seu filho rabiscando o espelho com um dos batons dela. No flagrante, a primeira coisa que ela diz é: “Bonito, hein?”. Você pode perceber que ela, quer dizer exatamente o contrário, que a atitude do filho é uma atitude “feia” ou “ruim”. Sendo assim, no caso, a mãe produz um enunciado irônico. Há diversos elementos que contribuem para a construção da ironia: o riso na enunciação de uma ironia, expressões já fixadas na língua (como ocorre na situação acima), tom de voz, gestos etc.
• Metáfora: é a figura por meio da qual se faz uma comparação entre dois elementos que apresentam pontos em comum, considerando que o termo utilizado na metáfora é usado em um campo semântico que não é o seu campo original ou habitual. Por exemplo, quando dizemos “suas mãos são uma seda”, utilizamos um termo do campo semântico dos tecidos (seda) para qualificar algo que está num outro campo semântico (partes do corpo). O ponto em comum entre mãos e seda, nesse caso, é a suavidade. Você pode pensar: “mas então por que não se diz simplesmente suas mãos são suaves?” porque é mais forte argumentativamente dizer que as mãos são uma seda do que dizer simplesmente que elas são suaves, levando em consideração que a seda é um tecido considerado luxuoso, glamoroso, desejado.
A metáfora é uma figura extremamente importante na comunicação humana, sendo bastante utilizada em textos argumentativos, literários e publicitários.
Figuras de presença
Figuras de presençaSegundo Trubilhano e Henriques (2010, p. 91), a finalidade desse tipo de figura argumentativa é “intensificar o sentimento de presença do objeto do discurso”, ou seja, tornar consciente ou sempre presente no ouvinte o assunto, tópico ou ideia sobre os quais se argumenta. Isso é feito essencialmente por meio da repetição, tendo em vista que ela facilita a atenção e a lembrança. Veja, a seguir, algumas figuras de presença: 
• Amplificação: por meio dessa figura, o orador faz um desenvolvimento pormenorizado de uma idéia, enumerando detalhes ou particularidades. A acumulação ou congérie é um tipo de amplificação que se dá pela enumeração. De acordo com o E-dicionário literário, a acumulação ou congérie “consiste na associação de diversos elementos linguísticos num mesmo enunciado, geralmente produzida pela enumeração (ou adição, adjectio) ordenada ou não de sentimentos, imagens, sujeitos ou fatos, que aparecem condensados” (Disponível em: . Acesso em: 28 abr. 2016.). Veja o exemplo de Vico, citado por Perelman e Tyteca (2005, p. 199): “Teus olhos são formados para a imprudência, o rosto para a audácia, a língua para os perjúrios, as mãos para as rapinas, o ventre para a glutonaria... os pés para a fuga: logo, tu és toda malignidade”. Observe que, devido à enumeração, a argumentação de que a pessoa de quem se fala é maligna ganha força.
• Congérie: é o termo utilizado para se referir à acumulação de coisas. Pode ser sinônimo de acervo, coleção e série. Em retórica, é a figura de linguagem a partir da qual se constrói uma enumeração com o objetivo de reforçar a argumentação.
 • Antítese: de acordo com o Dicionário Aulete Digital, esta figura “consiste em usar de modo simétrico palavras ou pensamentos de sentido oposto para intensificar-lhes o contraste”, sendo um importante recurso na argumentação, pois demonstra habilidade do orador em manipular a linguagem. É recorrente nos provérbios: “quem ama o feio, bonito lhe parece”, “quem ri por último ri melhor”, “as melhores essências estão nos menores perfumes”. 
• Clímax (gradação): é a intensificação de uma ideia para mais (clímax) ou para menos (anticlímax), por meio de uma gradação. Exemplo: “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato, grifos nossos). Observe no exemplo que cada oração traz uma qualificação ainda mais negativa que a anterior, reforçando a argumentação [pobre (-) > subalterno (- -) > nada (- - -)] por meio do anticlímax. 
• Polissíndeto: repetição de conectivos para acrescentar ideias ou ações, reforçando a argumentação. O contrário do polissíndeto é o assíndeto (ausência de conectivo), que também pode ser usado como recurso estilístico, especialmente para dar agilidade ou dinamicidade ao enunciado. 
Figuras de comunhão
São as figuras utilizadas pelo orador para criar ou confirmar a comunhão com o auditório, ou seja, se o auditório lhe é simpático, está disposto a ouvi-lo e se está aderindo à sua argumentação. Veja, a seguir, dois tipos de figuras de comunhão:
• Alusão: a alusão é uma menção a uma ideia ou a um ser conhecido do auditório, que é feita pelo orador para buscar a interação com este auditório ou realizar uma crítica. Essas referências culturais podem ser diretas ou indiretas, não importa. O importante é que elas constituam um conhecimento compartilhado entre orador e auditório.
• Apóstrofe: utilizando esta figura, o orador interrompe seu discurso ou raciocínio para se dirigir a um interlocutor, seja ele real ou fictício e esteja ele presente ou não. O objetivo é reforçar a argumentação, chamando a atenção do auditório. Na escrita, ela deve aparecer entre vírgulas. Já na oralidade, deve-se marcar uma pausa de alguma forma (alterando o tom de voz, fazendo um gesto ou mesmo anunciando um “parêntese” explicitamente).
REFERÊNCIAS:
TRUBILHANO, Fabio; HENRIQUES, Antonio. Linguagem jurídica e argumentação: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015
https://www.significadosbr.com.br/retorica

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