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Aula 4: Formas de ocorrência de doenças nas populações Curso: Enfermagem Epidemiologia Sociedade Brasileira de Infectologia Distribuição e Frequência da Dengue A maior parte dos óbitos confirmados ocorreu no Nordeste – 32 casos, dos quais 20 no Ceará. Em seguida vêm as regiões Sudeste (27 casos confirmados, sendo 19 no Rio de Janeiro) e Norte (20 mortes por dengue, 12 delas no Amazonas). É importante destacar que, no momento, todas as regiões apresentam tendência de queda nas notificações. No Sudeste, a exceção é o município do Rio de Janeiro, ainda com tendência de aumento de casos. Os municípios com maiores números absolutos de casos são: Goiânia, seguido de Aparecida de Goiânia, Anápolis, Luziânia, Goianésia, Goiás, Jataí, Trindade, Rio Verde, Senador Canedo. Só na capital são 8.196 casos notificados. Os óbitos foram confirmados em Goiânia (um caso de FHD - Febre Hemorrágica da Dengue); dois em Luziânia e um na cidade de Goiás, causados por complicações da doença. Sociedade Brasileira de Infectologia GOIÁS DIVULGA NOVOS NÚMEROS DE DENGUE O processo epidêmico A forma como uma doença afeta ou possa vir a afetar uma determinada população, classifica-se em: Presente em nível endêmico Presente em nível epidêmico Presente em casos esporádicos Inexistente A instalação de uma destas formas de apresentação da doença irá depender da estrutura epidemiológica relacionada ao agente, ao ambiente e ao suscetível. O processo epidêmico Um elevado número de casos de uma doença em determinado lugar não indica, necessariamente a existência de uma epidemia. Ex: Coqueluche na Bahia Por outro lado, um único caso pode ser considerado epidêmico. Ex: Cólera no Ceará Distribuição pessoal da ocorrência de doenças •Existem diversas maneiras de classificar as características das pessoas. •Uma delas, agrupa-se segundo sua presença ao nascimento (sexo, etnia); •Características fato de adquiridas posteriormente (estado civil, imunidade e hábitos). Distribuição espacial da ocorrência de doenças Paisagem: indicador das características biogeográficas de uma região está associada à distribuição espacial dos agentes das doenças transmissíveis. Exemplo 1: risco de infecção ocorrência de grande número de casos de malária, na região Amazônica. Exemplo 2: risco de doenças não-infecciosas O bócio endêmico está relacionado ingestão inadequada de iodo na dieta, ocorrência mais frequente em áreas afastadas do litoral do país, nas quais é muito baixo o teor deste elemento. Ilha no Maranhão - Lençóis Distribuição espacial da ocorrência de doenças No entanto, nem sempre uma doença acompanha a distribuição geográfica de seu hospedeiro. Outros fatores podem limitar a sua ocorrência e ela pode estar ausente de sua área geográfica quando: 1.Uma parte da população hospedeira está protegida (imunização ou infecção prévia); 2.O agente foi erradicado (rubéola); 3.O próprio ambiente limita a sobrevivência do agente. Distribuição temporal da ocorrência de doenças O intervalo de tempo envolvido na manifestação da doença é uma informação valiosa sobre o processo saúde doença. A doença pode manter uma manifestação constante ou variar de acordo com a sazonalidade, com a época do mês, semana ou dia. Formas básicas de ocorrência de doenças em populações A doença está normalmente presente na população e os valores oscilam dentro de limites usuais esperados. O conceito de usual é estabelecido a partir de uma média da ocorrência do evento em momentos anteriores. Formas básicas de ocorrência de doenças em populações Endemia: presença constante de uma doença ou de um agente infeccioso em determinada área geográfica. A prevalência usual de uma doença nesta área. Endemeion “habitar o lugar”: instalação por um longo período de tempo. Exemplo: Malária Leishmaniose Febre amarela Formas básicas de ocorrência de doenças em populações Para afirmar que a doença ocorre de forma endêmica, o número de casos da doença deve estar próximo de uma média da frequência dos casos nos anos pregressos. Formas básicas de ocorrência de doenças em populações Uma endemia pode ocorrer em diversos níveis de frequência desde que dentro de uma regularidade previsível; Assim é possível verificar uma doença com alta, moderada ou baixa endemicidade (ou seja, uma doença que acometa uma elevada, moderada ou reduzida proporção de indivíduos do grupo de risco). Formas básicas de ocorrência de doenças em populações Epidemia: ocorrência, numa determinada região, de casos de uma mesma doença, em número que ultrapassa a incidência esperada. Ultrapassa os níveis endêmicos. Epidemeion “visitar”: caráter de temporalidade, provisório. Exemplo: Epidemia de dengue. Formas básicas de ocorrência de doenças em populações No caso da epidemia, ocorre uma elevação brusca, temporária e estatisticamente significante da frequência relativa dos casos notificados. Esta elevação ultrapassa o limite superior da faixa endêmica (frequência máxima). O termo epidemia pode ser substituído por surto epidêmico ou pandemia, dependendo, da extensão populacional e geográfica da ocorrência da doença. Cerca de 6% da população de Ribeirão Bonito, no interior de São Paulo, sofre com a conjuntivite. Já foram diagnosticados 700 casos da doença no município, que tem cerca de 12 mil habitantes. A rotina na cidade foi alterada. Crianças deixaram de ir à escola. Trabalhadores foram afastados do trabalho. Na Secretaria da Saúde, 14 funcionários foram afastados, incluindo a própria secretária da pasta. Para ajudar na prevenção, até um carro de som é usado para dar dicas aos moradores. Ele circula pelas ruas da cidade com informações úteis sobre a conjuntivite. Carro de som anuncia epidemia de conjuntivite em Ribeirão Bonito/SP Formas básicas de ocorrência de doenças em populações Surto Epidêmico: A frequência da doença aumenta de forma anormal, em uma população de uma área restrita, como uma escola. Pandemia: epidemia de grandes proporções, envolvendo extensas áreas e elevado número de pessoas. Geralmente aplica-se a doenças que passam de um continente para o outro. Exemplo: Gripe suína Formas básicas de ocorrência de doenças em populações As epidemias podem ocorrer de forma esporádica: a doença está ausente na área geográfica, mas pode ocorrer de forma imprevisível. Tendência da distribuição temporal das doenças As flutuações na ocorrência de doenças devem ser estudadas para que se possa conhecer os perfis mais encontrados na natureza. Tais variações podem ser classificadas como: Variações regulares ou endêmicas Tendência secular Variações periódicas: cíclicas e estacionais (sazonais) Variações irregulares ou epidêmicas Epidemias maciças ou em ponto Epidemias progressivas Tendência da distribuição temporal das doenças Tendência secular: está relacionado com a forma como se comporta a ocorrência da doença em um longo período de tempo. A tendência pode ser crescente, decrescente ou estável. A variação é lenta e gradual e pode estar associada a diversos fatores. A melhora na qualidade de vida, habitação, saneamento básico, aprimoramento dos recursos de terapêutica: tendência decrescente de doenças infecciosas. A vida moderna associada com estresse, competição e poluição: tendência crescente de doenças crônicas Tendência da distribuição temporal das doenças Variações cíclicas: flutuações no nível de ocorrência de uma doença de forma periódica e que se sucedem em intervalos regulares (geralmente superiores a 1 ano). São as flutuações que se repetem com certa regularidade.Tendência da distribuição temporal das doenças Variações estacionais/sazonais: variações periódicas da ocorrência da doença relacionados à fatores ambientais associados a uma determinada estação do ano, como o clima. A importância de estudar esse tipo de variação, reside em que as oscilações tendem a se repetir periodicamente. Se o ritmo é conhecido, pode-se prever a sua ocorrência, o que presta à adoção de medidas preventivas, em tempo hábil. Tendência da distribuição temporal das doenças Epidemia maciça/pontual: verificada quando um elevado número de indivíduos é exposto à infecção por uma fonte única, como água e alimento contaminado por agente infectante. Exemplo: toxinfecção alimentar Epidemia progressiva/propagada/de contato: possui uma evolução mais lenta, sugerindo a existência de casos iniciais que constituem fontes primárias de infecção a partir das quais o agente se transmitirá aos casos secundários. O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o Césio-137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapiasdas instalações de um hospital abandonado foi encontrado, na zona central de Goiânia, no estado de Goiás. A contaminação em Goiânia originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio - um sal obtido do radioisótopo 137 do elemento químico césio. A cápsula radioativa era parte de um equipamento radioterapêutico, e, dentro deste, encontrava-se revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar toda a população da região. No total 112.800 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo. Destas, 129 pessoas apresentaram contaminação corporal interna e externa concreta, vindo a desenvolver sintomas e foram apenas medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.
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