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EPIDEMIOLOGIA UNIDADE DE APRENDIZAGEM - 02 ANA BEATRIZ VASCONCELOS MESTRE E DOUTORA EM SAÚDE COLETIVA O que é Epidemiologia • A ciência básica da Saúde Coletiva; • Tradicionalmente, a ciência que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações humanas; • Atualmente, principal ciência da informação em saúde; • “O estudo dos fatores que determinam a freqüência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas” IEA (1973). Epidemiologia Descritiva • É aplicada com objetivo de compreender o comportamento de um agravo à saúde em uma população. • Estuda a distribuição de frequência das doenças e dos agravos à saúde coletiva , em função de variáveis ligadas ao tempo, ao espaço e às pessoas possibilitando o detalhamento do perfil epidemiológico , com vistas ao aprimoramento da assistência e prevenção da doença e promoção da saúde. • Ela busca aprofundar o conhecimento sobre o problema respondendo as questões: quem ? Quando? Onde? Variáveis Epidemiológicas • Variáveis relacionadas ao tempo: a) Intervalo de tempo: quantidade de tempo transcorrido entre dois eventos sucessivos e tomados em consideração Ex: tempo de incubação: lapso transcorrido entre a exposição a dado fator de risco e a eclosão dos primeiros sintomas b) Intervalo Cronológico: é um intervalo de tempo datado e definido por marcos cronológicos tirados do calendário oficial . Ex: A incidência de pólio para o intervalo cronológico de 1979 a 1989. c) Período: são partes de tempo delimitadas , marcadas cronologicamente e especificadas Ex: a semana epidemiológica é um período do mês ; terça-feira é um período da semana. Distribuição cronológica Distribuição cronológica: é a relação entre as sequencias de marcos cronológicos sucessivos e uma variável de frequência de casos ou de óbitos. É o registro da história da doença. • Objetivos: 1. Exibir a ação da doença ou agravo à saúde coletiva , desde a atualidade , regredindo a um tempo passado 2. Mostrar o tipo de variação que caracteriza o processo estudado, se é cíclico ou errático, se sazonal ou não 3. Revelar a tendência secular do processo sob consideração 4. Manifestar o caráter endêmico ou epidêmico da doença A distribuição cronológica apresenta-se como: • Tendência secular: são as variações na incidência/prevalência ou mortalidade/letalidade de doenças observadas por um longo período de tempo, geralmente dez anos ou mais • Variação Atípica: Não é possível vislumbrar alguma coerência ou alguma lei geral de variação • Variação cíclica: Um dado padrão de variação é repetido de intervalo em intervalo . Alternam-se valores máximos e mínimo. • Variação Sazonal: Observa-se que o máximos e os mínimos ocorrem sempre no mesmo período , seja do ano, do mês , da semana ou do dia. Tendência Secular Variação Sazonal As Variáveis relacionadas ao ESPAÇO • VARIÁVEIS DE LUGAR ❑ Variáveis Geopolíticas ❑ Variáveis Político-administrativas ❑ Variáveis Geográficas Variáveis Geopolíticas • São utilizadas para compara grupos de países , de forma a identificar as eventuais variações. São estudos realizados em nível internacional • Dados sistemáticos, recolhidos e publicados como rotina permanente pelos órgãos de saúde. • Dados não-sistemáticos resultantes de inquéritos ou estudos especialmente delineados. Variáveis Político-Administrativas As Unidades Administrativas apresentam as seguintes características que interessam à tomada de decisões: • São utilizadas para fazer comparações dentro do território Nacional • sua área é de certa forma delimitada, permitindo que se possam distinguir quais eventos nela ocorrem. • dispõem de informações censitárias: população censitada e população projetada por idade e sexo, dentre outras variáveis (estes dados constituirão os denominadores no cálculo de coeficientes). • dispõem de dados sistemáticos referentes aos casos e aos óbitos registrados na área por eles abrangidos (estes valores serão tomados como numeradores, no cálculo de coeficientes). • dispõem de dados sobre as unidades de saúde, pessoal técnico, agentes de saúde e pacientes atendidos em hospital, em ambulatório e em campo. Variáveis Geográficas • São utilizadas na descrição do processo de geração de doenças segundo fatores geográficos. As variáveis geográficas presentes nos estudos epidemiológicos descritivos são de dois tipos : • Fatores Ambientais: são aqueles que contribuem na construção do ambiente físico-biológico no qual o homem está inserido • Fatores populacionais: estão ligados ao conjunto socialmente organizado, e não a características individuais que o compõem • Variação urbano-rural Variáveis relacionadas à pessoa • Características Gerais – idade e gênero. • Características Familiares – estado civil, idade dos pais, dimensão da família, posição na ordem de nascimento, privação de pais, morbidade familiar. • Características Étnicas – raça, cultura, religião, lugar de nascimento, grupo étnico. • Nível Sócio-econômico – ocupação, renda pessoal e familiar, nível de instrução, tipo e zona de residência. • Ocorrências durante a Vida Intra-uterina e ao Nascer – idade materna ao nascer, número de fetos gestados, ocorrências durante o parto, condições físicas da mãe e ocorrências durante a gestação, características endógenas da mãe, ocorrências acidentais vividas pela mãe, hábitos e atividades da mãe. Variáveis relacionadas à pessoa • Características Endógenas – constituição física, resistência individual, estado fisiológico, estado de nutrição, doenças intercorrentes, tipo de comportamento. • Ocorrências Acidentais – ocorrências estressantes, doenças sofridas, medicamentos eventualmente consumidos, acidentes sofridos. • Hábitos e Atividades – atividades ocupacionais, medicamentos usados com uma certa constância, uso ou abuso de inseticidas domésticos e agrícolas, abuso de drogas permitidas (fumo, álcool, medicamentos), uso de drogas ilícitas, comportamento alimentar, atividade física, repouso. Estudos Epidemiológicos Todo Estudo/Investigação em Epidemiologia terá atingido seus objetivos ao cumprir as seguintes etapas: • descobrimento/detecção do problema; • colocação do problema; • procura de conhecimentos; • tentativa de solução • invento de novas idéias; • obtenção de uma solução; • investigação das conseqüências; • prova (comprovação) da solução; • correção das hipóteses – começo de um novo ciclo de investigações. Na Epidemiologia, o problema tem origem quando doenças/agravos acometem grupos humanos, portanto, sua problemática é a necessidade de remover fatores ambientais, sociais, biológicos ou físico-químicos contrários à saúde, implicando na criação de condições que a promovam. Obtenção de dados: A) Investigação – qualquer estudo epidemiológico, descritivo ou analítico; B) Inquérito - estudo de uma amostra de indivíduos, com o objetivo de quantificar a magnitude e a distribuição de um evento na coletividade; C) Levantamento – estudo realizado com dados já existentes. Os estudos epidemiológicos servem para avaliação inicial de um problema, buscando o seu detalhamento através da observação de um indivíduo ou grupo com a mesma doença, sendo que, a partir da descrição dos casos, traça-se um perfil das características principais através de indicadores de saúde. Estes estudos são classificados quanto à presença de intervenção, em: estudos observacionais e estudos experimentais. Nos estudos observacionais o investigador mantém um posicionamento passivo, no qual somente observa os processos de doenças em populações, sem interferir. Nos estudos experimentais o investigador mantém um posicionamento ativo, onde, através de intervenção, são verificados os efeitos desta, comparando-se o grupo experimental (que sofre a intervenção) com o grupo controle (que não sofre a intervenção). Estudos Observacionais • Estudo de Casos/Série de Casos relato de um caso ou mais com detalhes de características clínicas e laboratoriais. • EstudoTransversal - (seccional, corte, corte-transversal,vertical, pontual ou prevalência) [causa e efeito] ou [exposição ao fator e doença] são investigados ao mesmo tempo. Na análise de dados é que se saberá quem são os “expostos” e “não-expostos” e quem são os “doentes” e sadios”. Estudos Observacionais • Estudos Ecológicos 1.A. Investigações de base territorial – utilizam-se de uma referência geográfica (bairro, distrito, município, estado, país ou continente). 1.B. Estudos agregados institucionais – utilizam-se de organizações coletivas (escolas, fábricas, prisões, unidades de saúde). 2.Estudos de Tendências ou Séries Temporais – Uma mesma área/população é investigada em momentos distintos no tempo. Ex.: análise da mortalidade em determinado período (de tanto a tanto). 3. Inquéritos ou Surveys – estudos epidemiológicos nos quais FATOR e EFEITO são observados num mesmo momento histórico. Ex.: estudo de grupos de tratamento; estudo em populações especiais: idosos, escolares; inquéritos domiciliares – “busca ativa” de casos. 5. Estudos de Caso-Controle - estudos retrospectivos. Do Efeito para a Causa. Em 2 grupos: Doentes e Não-Doentes, observam-se as diferenças. Estudos Observacionais 4.Estudos de Coorte – estudos prospectivos, pois, em sua maioria, partem da observação de grupos comprovadamente expostos a um fator de risco suposto como causa de doença ainda a ser detectada. observam-se situações na vida real - por exemplo - exercício físico e coronariopatia; dieta e coronariopatia, etc.. os grupos são acompanhadas por um determinado período de vida .Estudos prospectivos (dieta e coronariopatia) e retrospectivos (investigação de surtos) Da Causa para o Efeito. Ex.: efeitos da bomba atômica em seres humanos (2 grupos de expostos: os doentes e os não-doentes) 5. Estudos de Caso-Controle - estudos retrospectivos. pesquisa etiológica, retrospectiva, de trás para frente, após o fato consumado;as pessoas são escolhidas porque tem uma doença (os casos) e as pessoas comparáveis sem a doença (os controles) são investigadas para saber se foram expostas aos fatores de risco. Do Efeito para a Causa. Em 2 grupos: Doentes e Não-Doentes, observam-se as diferenças. Estudos de Intervenção/ Experimentais 6. Ensaios Comunitários – quando há alguma forma de intervenção. Ex.: implantação de sistema de abastecimento de água – conseqüências: redução das doenças diarréicas. 7. Ensaios Clínicos - Neste tipo de estudo, o investigador introduz algum elemento crucial para a transformação do estado de saúde dos indivíduos ou grupos, visando testar hipóteses etiológicas ou avaliar eficácia/efetividade de procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos. Tipos de Estudos Epidemiológicos
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