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Deficiência Auditiva e AEE W B A 0 18 5 _ v1 .2 2/219 Deficiência Auditiva e AEE Autora: Gleidis Roberta Guerra Como citar este documento: GUERRA, Gleidis Roberta. Deficiência Auditiva. Valinhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos 05 Assista a suas aulas 28 Unidade 2: Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez 35 Assista suas aulas 57 Unidade 3: Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 64 Assista a suas aulas 81 Unidade 4: Atendimento educacional especializado para o estudante com surdez/DA e a interlocução desse atendimento com a sala de aula comum 88 Assista a suas aulas 111 2/220 3/2193 Unidade 5: Intervenção educacional, métodos, técnicas de ensino e avaliação 118 Assista a suas aulas 132 Unidade 6: Recursos tecnológicos e audiovisuais no ensino do estudante com surdez/deficiência auditiva 149 Assista a suas aulas 162 Unidade 7: O papel da Língua Brasileira de Sinais na educação dos surdos. Comunicação dos alunos com surdez: Língua Brasileira de Sinais – Libras, bilinguismo e a oralização 169 Assista a suas aulas 187 Unidade 8: Reflexões sobre propostas e práticas pedagógicas bilíngues na materialização da escola inclusiva 194 Assista a suas aulas 212 Sumário Deficiência Auditiva e AEE Autora: Gleidis Roberta Guerra Como citar este documento: GUERRA, Gleidis Roberta. Deficiência Auditiva. Valinhos: 2016. 4/219 Apresentação da Disciplina Olá, alunos! Bem-vindos à nossa disciplina de deficiência auditiva e AEE, que, com certeza, irá agregar conhecimentos importantes para sua atuação em sala de aula e em educação inclusiva de maneira geral. Entender a deficiência auditiva/surdez, sob seus diversos aspectos, irá levá-los a compreender o sujeito surdo de uma maneira diferente, a partir não apenas da deficiência, mas de toda sua história e cultura. A disciplina de deficiência auditiva e AEE tem como objetivo levar o aluno a compreender os conceitos referentes ao tema, abrangendo os diferentes aspectos que o envolve, tais como suas características, terminologia, história, entre outros. Além de conhecer a história da educação dos surdos, as características da perda auditiva e da surdez e de que maneira o docente pode atuar frente às necessidades dos alunos surdos é fundamental. Iremos ainda tratar do atendimento educacional especializado, direito dos alunos com deficiência e regulamentado pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e que, no caso do estudante surdo, deve ocorrer de três maneiras diferentes. As tecnologias assistivas (TA) também serão parte da nossa disciplina. Compreender o que significa esse termo e de que maneira as TAs poderão auxiliar no desenvolvimento e aprendizagem do nosso alunado influenciará em uma prática docente efetiva. 5/219 Unidade 1 Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos Objetivos O objetivo desta aula é o de apresentar os conceitos referentes à deficiência auditiva/surdez, bem como aspectos relativos à educação dos surdos: 1. Compreender a surdez e suas características; 2. Entender aspectos da história da educação dos surdos; 3. Conhecer as correntes comunicativas presentes na educação do surdo. Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos6/219 Introdução Vamos iniciar nossa aula conhecendo um pouco mais sobre a surdez, principalmente no nosso país. A surdez é muito mais comum do que se pensa. Sabemos que a cada grupo de 1.000 crianças nascidas vivas, 3 terão algum grau de perda auditiva. Se esse grupo for relativo a crianças nascidas prematuras, a probabilidade passa a ser de 6 crianças para cada 1.000 nascidas vivas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em seu Censo 2010, aponta que 5,8% da população brasileira possui algum grau de perda auditiva, o que equivale a mais de 9 milhões de pessoas (BRASIL, 2010). A Organização Mundial da Saúde (OMS) determina como idade ideal para o diagnóstico da surdez até os 6 meses de idade, pois assim a criança poderia se desenvolver adequadamente. Afirma ainda que 60% dos casos poderiam ser prevenidos, com programas de imunização e de saúde para mães e filhos (SÃO PAULO, 2012). As principais causas da surdez, como verificado acima, poderiam então ser prevenidas, visto que estão ligadas a doenças que ocorrem durante o período de gestação (rubéola, toxoplasmose, entre outras) e doenças da infância (caxumba, sarampo etc.). Segundo o Comitê Brasileiro de Perdas Auditivas na Infância (CBPAI, 1999), são indicadores de risco para deficiência auditiva/surdez: Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos7/219 • História familiar de deficiência auditiva congênita; • infecções congênitas (sífilis, rubéola, toxoplasmose, herpes e citomegalovírus); • anomalias craniofaciais (malformações de orelha); • peso baixo ao nascimento (inferior a 1.500 gramas); • hiperbilirrubinemia (necessitando de transfusão sanguínea); • uso de medicação ototóxica; • meningite bacteriana; • boletim Apgar 0 a 4 no primeiro minuto ou 0 a 6 no quinto minuto; • ventilação mecânica por mais de 5 dias; • síndromes associadas à deficiência auditiva. Avançando na compreensão da surdez/ deficiência auditiva, vamos compreender agora os tipos de perda auditiva existentes, bem como os graus e suas consequências para o desenvolvimento de fala e escolar. Veja na figura a seguir uma representação da orelha humana e observe que ela é dividida em teres partes: orelha externa, orelha média e orelha interna. Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos8/219 Figura 1 -ESTRUTURA DA ORELHA HUMANA Fonte: www.sobiologia.com.br A orelha externa é formada pelo pavilhão auricular (ou o que chamamos de orelha) e pelo conduto auditivo externo, e é responsável por conduzir as ondas sonoras até a membrana timpânica (tímpano). www.sobiologia.com.br Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos9/219 Já a orelha média, formada pela membrana timpânica e pelos três menores ossos do corpo humano (martelo, bigorna e estribo), que formam a cadeia ossicular, transforma as ondas sonoras recebidas em energia mecânica, que será transmitida para a orelha interna. Ao chegar à orelha interna, formada pela cóclea (principal órgão da audição humana), o som é transformado em energia elétrica e transmitido pelas células ciliadas para o nervo auditivo, que então chega ao cérebro, onde é decodificado. Conhecendo as estruturas da orelha humana, vamos entender como funciona a transmissão das ondas sonoras, desde sua entrada pelo pavilhão auricular até sua interpretação no cérebro: O som, ao ser captado pelo pavilhão auricular, caminha pelo conduto auditivo externo, chegando até à membrana timpânica. Ao chegar, faz com que ela vibre, movimentando a cadeia ossicular. O estribo, dentro de um orifício denominado janela oval, movimenta-se, movimentando o líquido que ali está (endolinfa), que, por sua vez, movimenta os cílios das células ciliadas, gerando energia elétrica que será conduzida pelo nervo auditivo até o cérebro, local que o som será interpretado. Para saber mais Para conhecer o funcionamento da orelha humana assista ao vídeo no link: <https://www. youtube.com/watch?v=Vfp0waljpXc>. Acesso em: 24 set. 2016. https://www.youtube.com/watch?v=Vfp0waljpXchttps://www.youtube.com/watch?v=Vfp0waljpXc Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos10/219 Tendo essa noção geral das estruturas e funcionamento da orelha humana, vamos ver os tipos e graus de perda auditiva, para assim entendermos melhor a surdez. Em relação aos tipos, as perdas auditivas podem ser classificadas em condutivas, neurossensoriais e mistas. As perdas condutivas são relacionadas a problemas que ocorrem na orelha externa e/ou orelha média. São reversíveis, ou seja, podem ser tratados com procedimentos cirúrgicos e/ou medicamentos. Exemplos de perdas auditivas condutivas: excesso de cerúmen, lesão da membrana timpânica, otites (infecções de ouvido etc.). As perdas neurossensoriais são aquelas que acometem a orelha interna, portanto são irreversíveis, decorrendo de lesões na cóclea, principalmente nas células ciliadas, ou mesmo problemas no nervo auditivo. Podem ser causadas por infecções congênitas ou doenças da infância. Algumas perdas auditivas podem ocorrer pelo excesso de exposição a ruídos: são as chamadas perdas auditivas induzidas pelo ruído (PAIR) e geralmente acometem pessoas que trabalham em locais ruidosos. O terceiro tipo de perda auditiva, a perda mista, ocorre quando a pessoa possui uma somatória das perdas condutivas e neurossensoriais. A medida do som é o decibel (dB). Vamos entender a quanto equivale essa medida para depois entrarmos nos graus das perdas auditivas. Portanto, vamos imaginar Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos11/219 algumas situações do nosso dia e compará-las com as medidas em decibéis. Veja a figura a seguir. Tendo esses valores em mente, veremos como dividimos as perdas: Figura 2 - IMAGENS X DECIBÉIS Fonte: https://fernandosantosfilho.wordpress.com Por volta de 15 dB, temos um parque silencioso, em que escutamos o farfalhar das árvores. Por volta de 40 dB, uma biblioteca. Já um escritório, com computadores e máquinas https://fernandosantosfilho.wordpress.com Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos12/219 O valor em decibel apontado em cada grau de perda auditiva corresponde ao valor mínimo necessário para que a pessoa consiga ouvir, ou seja, uma pessoa com perda auditiva severa não é capaz de ouvir nenhum som que tenha menos do que 70 dB, o profundo, nada que tenha menos do que 90 dB, e assim consecutivamente. copiadoras, o som do local está por volta de 70 dB. Uma britadeira emite o som de aproximadamente 100 dB, e a turbina de uma avião pode chegar a 140 dB. Tendo como base as medidas acima, vamos ver como as perdas auditivas podem ser classificadas considerando o grau. Para isso, iremos considerar a classificação de Davis e Silverman (1970): Audição normal – 0 a 25 dB. Perda leve – 26 a 40 dB. Perda moderada – 41 a 55 dB. Perda moderadamente severa – 56 a 70 dB. Perda severa – 71 a 90 dB. Perda profunda – Acima de 91 dB. Para saber mais Para saber mais sobre os decibéis, clique no link a seguir: <http://www.hear-it.org/pt/Teste- auditivo-online>. Acesso em: 24 set 2016. Mais do que conhecer sobre os graus das perdas auditivas, é importante que saibamos o que esperar auditiva e http://www.hear-it.org/pt/Teste-auditivo-online http://www.hear-it.org/pt/Teste-auditivo-online Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos13/219 linguisticamente do sujeito surdo, como ele se desenvolve em relação à sua fala, compreensão, aprendizagem. As perdas auditivas leves são de difícil percepção. A criança apresentará uma dificuldade em compreender a fala a certa distância, mas geralmente fala corretamente, e na escola não irá apresentar muitas dificuldades. Pode, no entanto, ter algumas trocas de fonemas (fala) e de grafemas (escrita). No caso das perdas auditivas moderadas, a detecção precoce ainda é difícil. Ela será uma criança que tem maior dificuldade em compreender, pode olhar mais para o rosto de quem fala ou aumentar o volume da TV. Sua fala, geralmente, apresenta algumas omissões e substituições, e na escola pode passar por uma criança desatenta, com aprendizado mais lento. Já as perdas moderadamente severas vão mais facilmente levar a família a uma suspeita, pois será uma criança que terá dificuldade em escutar, necessitando de um nível mais elevado de voz. Além disso, tende a apresentar distúrbio articulatório importante, e às vezes não é possível compreender sua fala. Na escola, terá mais dificuldades e necessitará de apoio terapêutico para conseguir se desenvolver. As perdas severas e profundas são as de mais fácil detecção. Principalmente nas profundas, geralmente a família suspeita antes de um ano de idade, mas ainda Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos14/219 assim o processo de diagnóstico pode levar mais tempo. Isso ocorre devido ao sistema de saúde, que não acolhe a queixa da família imediatamente, e também gera dificuldades na marcação de consulta com especialistas e mesmo de exames de alta complexidade, como o BERA, que é necessário para este diagnóstico. As crianças com surdez severa ou profunda terão necessidade de apoio de pistas visuais para compensar a perda auditiva, apresentarão, provavelmente, importante atraso no desenvolvimento da linguagem e da fala, podendo chegar a não desenvolvê-la. Para poderem acompanhar a escola, necessitarão do uso de recursos e estratégias diferenciadas, e a intervenção precoce será importante para este desenvolvimento. Observe a figura a seguir que trata das manifestações dos diferentes graus de perda auditiva/surdez. Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos15/219 Quadro 1 - GRAU DE SURDEZ E SUA RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO Fonte: Adaptado de http://neoclinicajau.com.br/atuacao_audiologia.php. Antes de passarmos para a parte histórica, gostaria de deixar claro para vocês alguns conceitos terminológicos. No decorrer deste texto, observaram que utilizamos os termos deficiência auditiva e surdez, mas será que eles têm o mesmo significado? http://neoclinicajau.com.br/atuacao_audiologia.php Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos16/219 Há duas maneiras de pensarmos essa questão terminológica. A primeira é do ponto de vista médico. Se assim pensarmos, usaremos o termo deficiência auditiva para os casos em que a pessoa consegue ouvir a voz, ou seja, para as perdas auditivas leves e moderadas, chegando à moderadamente severa se considerarmos o uso de aparelho auditivo, e surdo para aqueles que, mesmo com o uso de aparelho auditivo, não são capazes de perceber a voz, os severos e profundos. Por outro lado, se pensarmos do ponto de vista socioantropológico, entenderemos como surdo aquele que assim se define, por entender que faz parte de uma cultura, que tem uma língua diferente da dos ouvintes. Nesse caso, o grau da perda auditiva não é levado em consideração, mas sim a sua participação nesta comunidade. Esse surdo faz parte de um povo e constrói sua identidade a partir da língua de sinais. Já que tratamos de terminologia, vamos aproveitar para compreender o termo usado, séculos atrás, e que não deveria mais ser usado hoje: o termo surdo-mudo. O fato de uma pessoa ser surda não determina que também seja muda, o que seria outra deficiência. Podemos dizer que uma pessoa é muda se ela não for capaz, por um problema nas pregas vocais, de produzir nenhum tipo de som. Não é o que ocorre com a maioria dos surdos. Assim, osurdo que se expressa oralmente deve ser Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos17/219 denominado surdo oralizado, enquanto que aquele que se comunica através da língua de sinais, é surdo não oralizado. Feitos esses esclarecimentos, a partir de agora este texto adotará o termo surdo / surdez, por ter um compromisso com a valorização da língua de sinais e da comunidade e cultura surda. 1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO SURDO Já conhecemos um pouco sobre a surdez, suas causas, tipos e graus, seus conceitos e terminologia. Agora, vamos nos debruçar na história. Entender o passado é um passo importante para compreendermos o presente. Começaremos esta nossa jornada pela Antiguidade. Honora (2009) relata que, nesse período, os surdos não tinham direito nem à vida, quanto mais à educação. As pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência eram exterminadas, por ser consideradas um peso para a sociedade. Pereira (2011) conta que só podemos começar a falar de educação do surdo a partir do século XVI. Nessa época, as famílias ricas que tinham filhos surdos contratavam tutores, que geralmente eram médicos ou padres, que iam até suas fazendas e desenvolviam um trabalho visando, principalmente, à fala. Isso ocorria, pois, nessa época, as pessoas que não falavam (e só era considerada a linguagem oral) eram consideradas Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos18/219 pessoas sem razão. Vivia-se sobre a máxima “não fala, não pensa”. Por serem consideradas sem razão, não humanos, essas pessoas também não tinham direito a nada da vida cidadã. Não tinham direito à herança, à escritura, a nada. Dentre esses tutores, um que se destacou foi um abade chamado Pedro Ponce de Leon, que acabou por ser considerado o pai da educação dos surdos. Esse título foi lhe dado por ter unido dois sistemas de sinais, os utilizados pelos monges beneditinos, que viviam sob voto de silêncio, e também os usados por uma família, família Velasco, que, por possuir muitos surdos, também havia criado uma forma de comunicação. Dessa união desses dois sistemas, nasceram os primórdios do que se tornaria depois a língua francesa de sinais (PEREIRA, 2011). As primeiras escolas para surdos só surgem no século XVIII, primeiro na Europa. Na França, Charles Michel de L’epée criou o método que chamou de sinalização metódica, que utilizava a língua francesa de sinais. Seu método consistia em ensinar a leitura, a sinalização e o alfabeto digital. Embora não reconhecesse a língua de sinais como uma língua completa, divulgou-a e valorizou-a, mostrando que os surdos, mesmo sem falar, eram humanos. Ainda segundo a autora, na Alemanha havia uma escola para surdos, Samuel Heinecke, que criou o método oral. Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos19/219 Heinecke argumentava que utilizar a língua de sinais impediria a fala, defendendo que a única ferramenta que deveria ser utilizada na educação dos surdos era a fala. Já na Inglaterra, Thomas Braidwood criou um método que usava a escrita e o alfabeto digital. Aprendiam primeiro escrevendo, depois articulando letras e depois palavras inteiras (PEREIRA, 2011). Depois desses, muitos outros apareceram, como Jean Itard e Auguste Bébian, cada um com sua metodologia e sua maneira de ensinar. Nos Estados Unidos, e também no Brasil, as primeiras escolas para surdos surgiram no século XIX. É importante destacar que a língua de sinais foi se modificando conforme se espalhava pelo mundo, e, em meados de 1870, uma grande polêmica em torno da educação do surdo surge. O que é melhor para o surdo, língua de sinais ou fala? Honora (2009) relata que, em 1880, aconteceu na cidade de Milão, na Itália, o II Congresso Internacional de Educação dos Surdos, que ficou conhecido como Congresso de Milão. Esse congresso reuniu representantes da educação do surdo do mundo inteiro, com o objetivo de debater a educação dos surdos. Professores surdos foram proibidos de participar, e os poucos que conseguiram ir foram impedidos de votar. Assim, por uma decisão muito mais política e religiosa do que propriamente educacional, Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos20/219 o congresso de Milão decide-se pela proibição da língua de sinais, e inicia-se o oralismo como única forma de educação de surdos em todo o mundo, com exceção dos Estados Unidos, que votou contra. Para saber mais Acesse o link <https://culturasurda.net/ congresso-de-milao/> e conheça as resoluções deste congresso e seus reais motivos. 2. CORRENTES COMUNICATIVAS Veremos a partir desse tópico as correntes comunicativas que fizeram parte da educação do surdo, começando pelo oralismo, que teve início após o Congresso de Milão, em 1880. O oralismo nasce da crença que a única maneira de se educar o surdo deveria ser através da língua oral, proibindo a língua de sinais. Nessa perspectiva, a surdez era vista como uma doença, que precisava ser curada, e acreditava-se que a cura seria a fala. A educação passa a ter como principal objetivo “dar ao aluno o que lhe faltava”: a fala. Esse período caracteriza-se pela ênfase na amplificação sonora e trabalho intensivo de estimulação da oralidade. Os pais têm papel fundamental nesse processo, sendo orientados a não deixar os filhos usarem sinais e não terem contato com outros surdos. https://culturasurda.net/congresso-de-milao/ https://culturasurda.net/congresso-de-milao/ Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos21/219 A corrente do oralismo busca a normalização a partir da fala. Desmutizar, hominizar, transformar a criança surda em adulto ouvinte eram termos utilizados na época, que mantinham a ideia de que a falta da fala caracterizava a falta do pensamento, da inteligência. Essa maneira de se entender o surdo e sua língua começa a se modificar a partir da década de 1960. Willian Stokoe, linguista, estudou a língua americana de sinais e comprovou que essa é uma língua completa, com todos os componentes que possui uma língua oral, começando a modificar o que pensava sobre a educação do surdo. Por outro lado, estudos realizados com crianças surdas filhas de pais surdos, que tinham a língua de sinais como língua materna, comprovaram que essas aprendiam com mais eficiência do que as filhas de pais ouvintes, que não podiam aprender essa língua. Assim, surge a segunda corrente comunicativa na educação do surdo, a comunicação total, alcançando o Brasil por volta da década de 1990. A comunicação total surge como uma filosofia que busca a efetividade da comunicação do surdo. A partir dela, o uso de sinais é liberado nas escolas. É uma corrente que reconhece as necessidades de comunicação das crianças surdas e trabalha com a estimulação de todas as modalidades sensoriais. Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos22/219 qualidade do ensino para o surdo, por tratar a língua de sinais como apoio e ainda ter o foco na aquisição da fala, surge uma nova proposta, dessa vez nascida das comunidades surdas: o bilinguismo. Na perspectiva do bilinguismo, o surdo aprende duas línguas, denominadas L1 e L2. A primeira língua (L1) deve ser sempre a de sinais, visto que essa é considerada a língua natural dos surdos, a que aprende espontaneamente e com mais facilidade. A segunda língua (L2) deve ser a língua escrita do seu país. Nessa visão, a surdez deixa de ser vista como uma doença, passando a ser considerada como uma diferença que deve ser respeitada.A fala é uma oportunidade Nas escolas, os professores que trabalhavam com comunicação total utilizavam sinais e fala simultaneamente, acreditando que isso garantiria a compreensão do aluno surdo. Porém, observou-se que, pelo fato de cada língua ter sua própria gramática, privilegiava-se a gramática da língua oral em detrimento da gramática da língua de sinais, o que a descaracteriza como língua e dificultava a compreensão da mensagem. Esse período também ficou conhecido como bimodalismo, e a língua de sinais utilizada conjuntamente com a língua portuguesa como português sinalizado. Com a percepção de que essa forma de educação não havia melhorado a Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos23/219 e não mais uma obrigação. O surdo reivindica o seu direito a uma cultura própria, e o contato das crianças surdas com outros surdos é fundamental. A proposta de escolarização é de uma escola bilíngue, que respeite e valorize a diferença do surdo no aprender. É importante a presença de professores surdos, que sirvam de modelo para a criança, e que métodos e estratégias utilizadas levem em consideração o modo do surdo de pensar e se expressar. Assim, finalizamos nossa viagem pelo tempo, sabendo que o Brasil, desde 2002, assume a abordagem bilíngue de educação dos surdos. Essa proposta não privilegia uma língua, mas busca dar condições às crianças surdas de se desenvolverem em Libras e posteriormente na língua portuguesa. Contudo, temos que entender que o bilinguismo requer uma posição política, para dar suporte a essa minoria linguística. Para saber mais Sugestão de filme para assistir, que retrata a criança sendo educada em escola oralista e posteriormente aprendendo os sinais: Seu nome é Jonas. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=jPHlDcPxjx8>. Acesso em: 9 dez. 2016. https://www.youtube.com/watch?v=jPHlDcPxjx8 https://www.youtube.com/watch?v=jPHlDcPxjx8 Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos24/219 Glossário Ototóxico: qualidade do que é tóxico ao ouvido. Medicamentos, geralmente antibióticos que precisam ser administrados, mas podem prejudicar a audição. Hiperbilirrubinemia: excesso de bilirrubina no sangue, conhecido como icterícia. APGAR: primeiro exame do bebê. Avalia cinco sinais no primeiro e no quinto minuto de nascimento: frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele. A partir dessa avaliação, é atribuída uma nota de 0 a 10. https://pt.wikipedia.org/wiki/Frequ%C3%AAncia_card%C3%ADaca https://pt.wikipedia.org/wiki/Respira%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%B3nus_muscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Pele Questão reflexão ? para 25/219 Tendo conhecido um pouco mais sobre a surdez, de que maneira vê a corrente do oralismo, que proíbe a língua de sinais e obriga o surdo a falar? Como educador qual acha que é a melhor maneira de ensinar o surdo? 26/219 Considerações Finais • A principal causa das deficiências auditivas / surdez relaciona-se a problemas que ocorrem na gestação e parto, ou doenças da infância, o que poderia ser prevenido; • Os tipos de perda auditiva são: condutiva (orelha externa e média, reversível), neurossensorial (orelha interna, irreversível) e mista (somatória das outras duas); • O congresso de milão (1880) determina que a única maneira possível de educar os surdos é através da fala. As línguas de sinais ficam proibidas no mundo todo, com exceção dos estados unidos, que votou contra, e assim começa o oralismo; • Depois de quase um século de proibição das línguas de sinais, surge a comunicação total, liberando os sinais. A corrente comunicativa que prevalece hoje é o bilinguismo, que propõe que o surdo aprenda duas línguas, sendo l1 – língua de sinais, l2 – língua do seu país (escrita). Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos27/219 Referências BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/ estatistica/populacao/censo2010/>. Acesso em: 11 set. 2016. CBPAI. Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância. Resolução 01/99 [periódico on- line] Disponível em: <http://www.gatanu.org/secoes/gatanu/itens/conquistas/sub-itens/cbpai>. Acesso em: 11 set. 2016. DAVIS, H; SILVERMAN, S. R. Hearing and hearing loss. 3.. ed. New York: Holt Rinehart e Winston, 1970. HONORA, Márcia et al. LIVRO ILUSTRADO DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: Desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009. SÃO PAULO. Relatório Mundial sobre a deficiência. World Health Organization, The World Bank. Tradução deLexicus Serviços Linguísticos. São Paulo, 2012. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/ http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/ http://www.gatanu.org/secoes/gatanu/itens/conquistas/sub-itens/cbpai 28/219 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos - Bloco I Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d21e- 13dc02d11f62e293cd3aecd099f7>. Aula 1 - Tema: Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos - Bloco II Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/95ba- 22b6eb278487279f11513577a003>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d21e13dc02d11f62e293cd3aecd099f7 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d21e13dc02d11f62e293cd3aecd099f7 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d21e13dc02d11f62e293cd3aecd099f7 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/95ba22b6eb278487279f11513577a003 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/95ba22b6eb278487279f11513577a003 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/95ba22b6eb278487279f11513577a003 29/219 1. Em relação às causas das deficiências auditivas / surdez na infância, podemos afirmar que, em sua maioria, são: a) Hereditárias. b) Acidentais. c) Neurológicas. d) Doenças. e) Diversas. Questão 1 30/219 2. Em relação ao seu tipo, as perdas auditivas podem ocorrer na orelha externa, média ou interna, o que determinará sua reversibilidade. O surdo que irá usar a Libras como forma de comunicação é aquele que possui perdas auditivas irreversíveis, classificadas como: a) Neurossensorial. b) Condutiva. c) Mista. d) Especial. e) Neural. Questão 2 31/219 3. O Congresso de Milão é um marco importante na história da educação do surdo. Considerado comum momento de grande violência na vida do surdo, esse congresso determinou que: a) Os surdos fossem educados pela língua de sinais. b) As línguas de sinais fossem proibidas na educação. c) As línguas de sinais fossem liberadas na educação. d) A fala fosse substituída pelo uso de sinais nas escolas. e) Os surdos não precisavam desenvolver a sua oralidade. Questão 3 32/219 4. As três correntes comunicativas presentes na educação dos surdos, e que determinaram a forma como foram educados em cada período, são: a) Língua de sinais, bilinguismo, método misto. b) Oralismo, língua de sinais, bilinguismo. c) Oralismo, comunicação total e bilinguismo. d) Palavra falada, comunicação total, bilinguismo. e) Oralismo, alfabeto digital, bilinguismo. Questão 4 33/219 5. O bilinguismo propõe que a pessoa surda aprenda duas línguas,em momentos diferentes e ensinados por pessoas diferentes. Em relação ao que denominamos L1 e L2, assinale a alternativa correta: a) L1 – fala (língua do país), L2 – sinais. b) L1 – sinais, L2 – língua do país (fala). c) L1 – sinais, L2 – fala e escrita. d) L1 – fala e escrita, L2 – sinais. e) L1 – sinais, L2 – língua do país (escrita). Questão 5 34/219 Gabarito 1. Resposta: D. As perdas auditivas são causadas principalmente por doenças que ocorrem na gestação ou durante a infância. 2. Resposta: A. A perda auditiva irreversível, razão pela qual o surdo necessitará de Libras, é a perda neurossensorial. 3. Resposta: B. A partir do Congresso de Milão, as línguas de sinais foram proibidas na educação dos surdos. 4. Resposta: C. As correntes comunicativas presentes na educação do surdo são: oralismo, comunicação total e bilinguismo. 5. Resposta: E. O bilinguismo propõe que o surdo aprenda como L1 a língua de sinais e a L2 a língua do seu país, na modalidade escrita. 35/219 Unidade 2 Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez Objetivos O objetivo desta aula é que possamos conhecer as políticas públicas atuais de educação inclusiva, que nos é dada através da legislação pertinente à inclusão e à surdez. 1. Conhecer a legislação pertinente à educação inclusiva. 2. Conhecer a legislação pertinente à surdez. 3. Compreender as políticas públicas para a educação inclusiva e educação do surdo. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez36/219 Introdução A inclusão começa a ser discutida com veemência na década de 1990, desencadeada por movimentos que aconteceram mundialmente e que trouxeram à tona a necessidade de se rever a educação das pessoas com deficiência, que ocorriam em um sistema educacional à parte, portanto segregado em escolas ou classes especiais. Nasce da luta pelos direitos humanos, que considera que todas as pessoas tem o direito à escola, e podem se beneficiar de estar junto aos outros no processo de aprendizagem. A primeira grande conferência que debate as questões da inclusão ocorreu em 1990, na cidade de Jomtien na Tailândia, e se denominou como Conferência Educação para Todos. O documento que é produzido a partir dessa conferência traz os principais pontos: • A educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, do mundo todo; • a educação é um princípio fundamental para o desenvolvimento das pessoas e das sociedades, e é a partir dessa que podemos construir um mundo melhor. Após essa primeira iniciativa, a segunda grande conferência mundial para discussão das questões da inclusão de todos nos processos educacionais, e que pode ser considerada o marco inicial de todo esse movimento, foi o documento chamado Declaração de Salamanca. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez37/219 Esse documento foi publicado após uma reunião com representantes da educação de vários países, que ocorreu na Espanha, na cidade de Salamanca, em 1994. A partir desse documento, os países signatários, dentre eles o Brasil, assumem compromissos para que a inclusão de fato ocorra em seu país. Através dessa Declaração, é reafirmado o compromisso antes estabelecido com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e urgência de providenciar uma educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais1 dentro do sistema regular de ensino e reendossando a Estrutura de Ação em Educação Especial. Dentre os princípios fundamentais da Declaração de Salamanca, temos: Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, 1 O termo necessidades educacionais especiais não é mais utilizado, mas o era à época da publicação do documento. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez38/219 Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades, Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando- se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional (UNESCO, 1994, p. 1). Dentro da perspectiva inclusiva, acredita-se que as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez39/219 A Declaração de Salamanca também deixa claro que a inclusão não é apenas para as pessoas com deficiências, mas é de fato para todas as pessoas, quando proclama: Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados (UNESCO, 1994 p. 3). Sabemos que tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares, desafios esses que devem ser enfrentados a partir da implementação de políticas públicas que garantam não apenas o acesso, mas a permanência e a qualidade da educação para todas as crianças. Nesse sentido, a educação especial é parte fundamental do processo de educação inclusiva. Devemos entender que, a partir da inclusão, a educação especial deixa de ser um lugar, e passa a ser um serviço, que atende às demandas das pessoas com deficiência ofertando apoio dentro e fora da sala de aula, através do atendimento educacional especializado, por exemplo, que veremos posteriormente. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez40/219 Ainda dentro dos princípios da inclusão, a diversidade humana passa a ser vista como enriquecedora, e fica claro que é a escola que deve adaptar-se ao aluno, e não mais o aluno que se adapta à escola, como ocorria no período de integração escolar (classes especiais dentro das escolas regulares). Nesse sentido, devemos ter uma pedagogia que é centrada na criança. O princípio fundamental que rege esse sistema é o de que todas as crianças devem aprender juntas, independente de suas dificuldades ou diferenças, e que para isso devem receber qualquer suporte extra que se faça necessário para uma educação efetiva. Acredita-se ainda que as políticas educacionais devam levar em conta as especificidades de cada um, e, quando trata do aluno surdo, a Declaração de Salamanca destaca a importância da língua de sinais como meio de comunicação desta população: A importância da língua de sinais como meio de comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso a educação em sua língua nacional de signos (UNESCO, 1994, p. 7). Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez41/219 Como vimos, a Declaração de Salamanca estabelece princípios para a educação inclusiva, mas é um documento, não tem valor de lei. Assim, um dos compromissos assumidos pelospaíses signatários do documento é o de fazer leis, em seus países, que garantam o que nele foi designado. Para saber mais Conheça a Declaração de Salamanca na íntegra, acessando: <http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 2 out 2016. A partir de 1994, o Brasil publica diversas leis que garantem a acessibilidade e a inclusão das pessoas com deficiência, sendo que o último que trata da educação é a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008, que iremos conhecer. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez42/219 Veja nossa linha do tempo: Figura 3 - LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA Fonte: Arquivo Pessoal. Oficinas de formação de professores da PMM (OAEDI). Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez43/219 Continuando nossa discussão a respeito das políticas públicas de inclusão no nosso país, vamos conhecer a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. 1. POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA A Política Nacional de Educação especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é um documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 9 de outubro de 2007. Esse grupo, formado por uma equipe da Secretaria de Educação Especial e por professores de universidades federais que atuam na área, reúnem-se com o objetivo de estabelecer regras e diretrizes para a política nacional, que atenda aos alunos dentro de uma perspectiva inclusiva a partir dos preceitos já designados pela Declaração de Salamanca e outros já aprovados pelo Brasil. Assim, essa política traz como objetivo assegurar o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez44/219 Veja que a política deixa claro quem é seu público-alvo, e nesse público exclui as crianças com dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, incluindo apenas aqueles que possuem deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. Vamos entender, então, os conceitos referentes a esse público: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. Os estudantes com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo estudantes com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. Estudantes com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008). Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez45/219 Tendo claras essas definições, veremos quais diretrizes essa política estabelece para seu público-alvo, dentro das escolas regulares. As propostas da Política Nacional determinam que a educação especial deva trabalhar articulada com a proposta pedagógica da escola, fazendo parte dessa e, assim, promovendo o atendimento ao seu alunado público. O objetivo é o atendimento das necessidades dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades / superdotação. Assim, à educação especial cabe a organização dos sistemas de apoio, a formação continuada, a identificação dos serviços e dos recursos necessários e o desenvolvimento de práticas colaborativas. As diretrizes estabelecidas por essa política devem garantir a transversalidade da educação especial, que deve perpassar todos os níveis de escolaridade; o atendimento educacional especializado (AEE), que veremos mais detalhadamente no Tema 4; a formação de professores para a educação inclusiva; e a continuidade dos estudos nos níveis mais elevados de escolaridade. Deve ainda haver por garantia a participação da família e da comunidade, a acessibilidade física nas comunicações e informações (Libras e Braille) e a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez46/219 No que diz respeito especificamente ao surdo, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva determina para a inclusão dos alunos surdos na escola comum a educação bilíngue. Essa deve contar com o serviço de profissionais tradutor e intérprete de Libras (TILS), desenvolver o ensino escolar na língua portuguesa e na Língua Brasileira de Sinais, sendo a língua portuguesa na modalidade escrita considerada como segunda língua para os surdos, e ainda ensinar Libras para toda a comunidade escolar. Para saber mais Conheça a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva na íntegra. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=16690- politica-nacional-de-educacao-especial- na-perspectiva-da-educacao-inclusiva- 05122014&Itemid=30192>. Acesso em: 2 out. 2016. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez47/219 2. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PARA PESSOAS COM SURDEZ _ LEI DE Libras E DECRETO 5626/2005 Neste tópico, trataremos dos aspectos relacionados à legislação específica para as pessoas com surdez, destacando a lei de Libras 10.436/2002 e o decreto 5626/2005, que a regulamenta e dá outras providências. A Lei de Libras, Lei 10.436/2002, foi promulgada após muita luta das pessoas e comunidades surdas no Brasil. Essa lei, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial da pessoa surda, é uma conquista que traz diversos impactos na vida social e política de todos os brasileiros, mas, principalmente, traz significado especial para os surdos. A partir dessa legislação, o surdo2 passa a ter direitos básicos e fundamentais de acesso à sua língua, pois prevê provimentos de formaçãode instrutores e tradutores e intérpretes, bem como a presença desses profissionais em locais públicos e sua inserção em políticas que visam não apenas à educação, mas à saúde, ao trabalho, ao lazer, ao esporte e ao turismo (BRASIL, 2006). Além do reconhecimento da Libras como língua do surdo brasileiro, a lei também determina a obrigatoriedade 2 Surdo, escrito com a letra S em caixa alta, representa mais do que uma condição auditiva, mas um povo com sua cultura, sua língua, e que deve ser respeitado. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez48/219 dessa disciplina nos cursos que formam professores e nos cursos de fonoaudiologia, passando a ser optativa nos outros cursos de graduação. Para a regulamentação dessa lei, o decreto 5626 é assinado em 22 de dezembro de 2005, e considera como pessoa surda aquela que, por ter uma perda auditiva, compreende e interage com o mundo a partir de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente através da Língua Brasileira de Sinais (BRASIL, 2005). O decreto trata, além do reconhecimento da língua e da inclusão da Libras como disciplina obrigatória nos cursos de licenciatura e fonoaudiologia e optativa nos demais cursos de graduação, da formação de instrutores, professores e tradutores e intérpretes de Libras, do uso e da difusão da mesma na educação e na saúde, garantindo o acesso dos surdos a esses serviços. Em seu Capítulo IV, que trata do acesso da pessoa surda à educação, em seu art. 14 determina que: Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez49/219 As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. § 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem: I - promover cursos de formação de professores para: a) o ensino e uso da Libras; b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas; II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos; Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez50/219 III - prover as escolas com: a) professor de Libras ou instrutor de Libras; b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa; c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; (d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos (BRASIL, 2005, p. 1). Para saber mais Acesse o Decreto 5626/2005 na íntegra. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 2 out. 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez51/219 Finalizamos esta nossa aula propondo uma reflexão referente ao processo legislativo. Mais do que papéis, as leis são feitas por pessoas, e também são pessoas que serão por elas beneficiadas. Conhecer a legislação pertinente à nossa área de atuação é fundamental para que possamos compreender todo o processo de inclusão. Das lutas políticas às leis. Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez52/219 Glossário Signatário: país que assina um documento de conferência mundial, e se compromete com as diretrizes lá estabelecidas. Diretrizes: orientações que definem um plano, uma ação. Cultura surda: modo de ver, sentir e expressar do surdo, por meio de recursos visuais e línguas de sinais. Questão reflexão ? para 53/219 A partir do filme O poder da esperança, faça uma reflexão sobre as questões da inclusão e da legislação do ponto de vista de pessoas concretas. 54/219 Considerações Finais (1/2) • As discussões referentes à educação inclusiva iniciam na década de 1990, com a Conferência Mundial de Educação para Todos e a Declaração de Salamanca, frente à urgência de providenciar um sistema educacional que atendesse ao direito de todas as pessoas. • A Declaração de Salamanca tem como princípio fundamental o de que todas as crianças devem aprender juntas, independente de suas dificuldades. • A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva garante os apoios da educação especial que são necessários para o desenvolvimento do aluno com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. Dentre eles, o Atendimento Educacional Especializado (AEE). 55/219 • A legislação específica de Libras, Lei 10436/2002 e decreto 5626/2005, reconhece a Libras como língua oficial da comunidade surda brasileira e a estabelece como disciplina obrigatória nos cursos que formam professores e fonoaudiólogos, sendo optativa nos demais cursos de graduação. Dá ainda providências quanto ao acesso à saúde e à educação. Considerações Finais (2/2) Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez56/219 Referências BRASIL. Casa Civil. Lei número 10.436 de 24 de abril de 2002. Brasília, 2002. _______. Casa Civil. Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005. Brasília, 2005. _______. Senado Federal. Língua Brasileira de Sinais: Uma conquista histórica. Brasília: 2006. _______. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008 UNESCO. Conferência Mundial de Educação para Todos. Jomtien, 1990. _______. Declaração de Salamanca. Salamanca, 1994. 57/219 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez - Bloco I Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/208f- ca2998e3fd9f3ff03241557ed8ef>. Aula 2 - Tema: Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez - Bloco II Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 6d43560312072abb36cf6a686d4360f0>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/208fca2998e3fd9f3ff03241557ed8ef http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/208fca2998e3fd9f3ff03241557ed8ef http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/208fca2998e3fd9f3ff03241557ed8ef http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/6d43560312072abb36cf6a686d4360f0 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/6d43560312072abb36cf6a686d4360f0 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/6d43560312072abb36cf6a686d4360f0 58/219 1. O grande marco da educação inclusiva é a publicação de um documento denominado Declaração de Salamanca (1994), que traz, dentre os seus princípios, a prerrogativa que: a) As crianças, dependendo da característica que possuem, devem estudar separadas. b) As crianças que estudam nas classes comuns devem se adaptar ao sistema, sem modificá-lo. c) Todas as crianças, independente de suas características, devem aprender juntas. d) A escola deve ser em três níveis, sendo escola especial, classe especial e classe comum. e) As crianças com deficiência nãotêm capacidade para estudar junto às crianças sem defici- ência. Questão 1 59/219 2. A década de 1990 é marcada por discussões em torno da educação inclusiva. O documento mundial conhecido como marco inicial desta discussão, que surgiu em 1994, foi: Questão 2 a) Educação Para Todos. b) Declaração de Salamanca. c) Estatuto da Criança e do Adolescente. d) Estatuto da Pessoa com Deficiência. e) Lei de Acessibilidade. 60/219 3. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva torna a educação especial: Questão 3 a) Um serviço que presta apoio dentro e fora da sala de aula. b) Obsoleta, pois perde sua função primordial na escola. c) Uma escola para os alunos que não acompanham a sala. d) Extinta, visto que com a inclusão não é necessária. e) Segregadora, visto que atende às deficiências graves. 61/219 4. A Lei de Libras, Lei 10436/2002, determina que Libras deva ser disciplina: Questão 4 a) Obrigatória para todos os cursos de graduação. b) Optativa para todos os cursos de graduação. c) Optativa para as licenciaturas e fonoaudiologia. d) Obrigatória para as licenciaturas e fonoaudiologia. e) Não trata desse aspecto da Libras como disciplina. 62/219 5. A partir do decreto 5626/2005, a legislação brasileira determina que a educação para os surdos no Brasil deve seguir a filosofia educacional: Questão 5 a) Oralista. b) Bimodal. c) Comunicação total. d) Mista. e) Bilíngue. 63/219 Gabarito 1. Resposta: C. A Declaração de Salamanca tem como princípio que todas as crianças devem aprender juntas. 2. Resposta: B. O documento considerado como marco inicial da inclusão em todo o mundo é a Declaração de Salamanca. 3. Resposta: A. A educação especial deve ser um serviço que presta apoio dentro e fora da sala de aula, com articulação da proposta pedagógica. 4. Resposta: D. A Lei 10436/2002, conhecida como Lei de Libras, determina que a disciplina seja obrigatória para as licenciaturas e fonoaudiologia, e optativa para os outros cursos. 5. Resposta: E. O decreto 5626/2005 determina que a educação do surdo no Brasil deva ser na perspectiva bilíngue. 64/219 Unidade 3 Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos Objetivos O objetivo desta aula é conhecer como o surdo aprende para assim utilizarmos as estratégias educacionais adequadas ao seu desenvolvimento: 1. Conhecer as características de aprendizagem do aluno surdo. 2. Conhecer estratégias educacionais diferenciadas. 3. Compreender que a língua portuguesa é para o surdo sua segunda língua. Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 65/219 Introdução Iniciamos esta nossa aula compreendendo que a inclusão do surdo no sistema regular de ensino é hoje uma realidade, e que este aluno chega à escola com um grande desafio: aprender a gramática de uma língua que não é a dele, mas pela qual será alfabetizado. Precisamos ainda ter a clareza que muitas vezes esse aluno chega à escola sem uma língua definida: não aprendeu Libras, pois não foi lhe dada a oportunidade; não aprendeu o português por esse ser inacessível a ele. Antes de falarmos do aprendizado escolar propriamente dito, vamos compreender o desenvolvimento dessa criança, desde seus primeiros anos de idade. A surdez na infância gera um atraso no desenvolvimento da linguagem. No Brasil, o diagnóstico da surdez é tardio, por volta dos 3-4 anos de idade, o que faz com que medidas de estimulação da linguagem e mesmo a aprendizagem da língua de sinais ocorra depois dessa época. O atraso de linguagem só não irá ocorrer se a mesma for filha de pais surdos, pois, nesse caso, receberá os estímulos em língua de sinais e irá se desenvolver da mesma maneira que a criança ouvinte desenvolve a língua oral. O atraso no desenvolvimento da linguagem irá acarretar outros atrasos, como no desenvolvimento social, psíquico e educacional. A criança surda perderá informações importantes do ambiente, Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 66/219 terá dificuldade para interagir com seus pares e na escola sua aprendizagem será dificultada pelo não acesso a uma língua. Além disso, sabemos que é necessário o desenvolvimento de uma língua de base que dê estrutura ao pensamento, sem a qual não conseguirá desenvolver-se do ponto de vista cognitivo. Devemos ter claro que esta língua pode ser a língua de sinais; para o cérebro, não há diferença. Assim, podemos afirmar que a comunicação que a criança surda irá estabelecer com o mundo que a cerca será determinante para o seu desenvolvimento. Devemos lembrar que é através desse canal que valores, costumes, crenças e todo o conhecimento será transmitido. Entendendo esse processo de desenvolvimento da criança surda, podemos, então, nos ater agora ao desenvolvimento da leitura e da escrita. Santana (2007) discute a questão de ensinar a criança surda a ler e escrever. A primeira coisa a pensar é que não é possível ensinar a criança surda da mesma maneira que ensinamos a criança ouvinte, e que também não podemos comparar o desenvolvimento entre elas. Pensamos em um estrangeiro, falante de outra língua e que vem para o Brasil para ser alfabetizado. Podemos comparar o seu desenvolvimento com o de uma criança falante nativa do português? Com a criança surda é a mesma coisa. A primeira coisa em que temos de pensar é Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 67/219 que essa criança será alfabetizada em uma língua que não conhece, ou que conhece muito pouco. Se tiver acesso à língua de sinais, ainda será mais fácil; caso contrário, sua aprendizagem será muito mais difícil. Assim, o primeiro passo para pensarmos o aprendizado da criança surda é garantir que ela tenha uma língua de base, uma língua que lhe permita acessar o conhecimento. No caso, a língua de sinais. A língua de sinais é considerada a única língua natural do surdo, visto que é a única que pode ser aprendida de maneira espontânea. Para desenvolver a oralidade, uma criança surda passa cerca de 10 anos em terapia fonoaudiológica, e mesmo assim não há como garantir que ela irá desenvolver-se. Tendo, então, a língua de base, a qual deverá ser a mediadora do conhecimento, estar presente em todas as situações de aprendizagem da escrita. Atividades como ler para a criança, explicando o conteúdo em Libras, sensibilizá-la em relação à escrita através de atividades ricas e prazerosas e consolidar a língua de sinais, utilizando-a no dia a dia da escola e da família, são fundamentais para esse desenvolvimento. Para o aprendizado da criança surda, é fundamental que o professor conceba a escrita como uma atividade discursiva, não como um código que deva apenas ser decodificado, ou mesmo como uma mera transcrição da oralidade. Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 68/219 Essa visão de escrita como código que transcreve a língua oral é um equívoco, e faz com que o surdo não compreenda a importância dela, visto que, na maioria das vezes, ele não é capaz de fazer essa relação fala-escrita, tão comum para as crianças ouvintes. Houve um tempo, segundo Santana (2007), que se acreditava que os surdos deveriam aprender a falar para que conseguissem escrever. Essa é uma ideia ilusória, já que a escrita, no contexto da surdez, não se baseia na oralidade. Dessa forma, a melhor maneira de ensinarmos a leitura e a escritapara o aluno surdo é considerando que ele irá aprender essa como uma segunda língua, e que, para isso, necessitará de metodologias diferenciadas, próprias do ensino da segunda língua, sendo importante que se valorize a formação dos professores dentro dessa outra perspectiva de alfabetização. Se pensarmos como geralmente as crianças ouvintes são alfabetizadas, vamos perceber que sempre há uma relação entre a letra impressa e o som que ela representa. Ou ainda alfabetizamos através da compreensão das chamadas famílias silábicas. Será que para o surdo isso faz sentido? Quando relacionamos a letra impressa com o som da letra, ou mesmo utilizamos as sílabas como base da alfabetização, para o surdo não haverá significado. Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 69/219 Vamos entender melhor isso. Quando falo A de avião, ou mesmo coloco o alfabeto na sala de aula com a letra impressa, isso só faz sentido para a criança ouvinte. Para a criança surda, esta colocação não é significativa, visto que a figura e a letra em Libras considera o processo de alfabetização do ouvinte, que é auditivo, e não do surdo. Avião em Libras, por exemplo, é feito a partir da letra Y, e em nenhum momento se relaciona com a letra A. No caso das famílias silábicas, fica ainda mais difícil para o surdo compreender. Sinal não tem sílaba, e auditivamente a maioria dos surdos não percebe a divisão silábica das palavras faladas. O surdo, ao ler uma palavra, irá lhe atribuir um significado em sua língua, a língua de sinais. É isso que fará com que ler e escrever torne-se significativo para ele. O professor terá de estabelecer entre a criança e a leitura e escrita uma relação de interlocução, e, para isso, terá de se valer das experiências do construtivismo. O enfoque, então, do ensino deve ser textual. Lembre que o surdo aprende a partir da visão, e, quanto mais ele ver a palavra escrita, ou mesmo o texto, e puder relacionar com a língua que conhece, melhor irá se desenvolver. A palavra, para esse aluno, não terá uma imagem acústica, um som, mas será como um desenho simbólico, uma imagem gráfica, visual. Essa espécie de desenho mental que ele irá memorizar se traduzirá Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 70/219 em um símbolo mental, e é assim que ele irá aprender. Precisamos ainda pensar que os sistemas de representação do português e da Libras são diferentes. È como aprendermos os ideogramas chineses, em que não há letras, mas desenhos. Por isso, o uso de métodos arbitrários, que não consideram o fato da língua de sinais ser visuoespacial e de o surdo ser visual na sua aprendizagem, provavelmente não terá sucesso. Podemos ainda afirmar que o melhor ambiente para o aprendizado da criança surda é o ambiente bilíngue, ambiente esse em que as duas línguas _Libras e português_ convivem em harmonia, e são utilizados para o acesso ao conhecimento. Nesse ambiente, precisamos ter professor ouvintes fluentes em língua de sinais, professores surdos que sirvam de modelo para o aluno, e uma proposta pedagógica que vá de encontro a essas necessidades. Se não tivermos esses cuidados, muito provavelmente teremos crianças surdas que são excelentes copistas, mas que não produzem um texto espontaneamente, e não tem a compreensão da leitura que realizam. Ou, ainda, alunos surdos que desenvolvem a escrita, mas não conseguem compreender e utilizar a gramática da língua portuguesa, escrevendo como se escrevessem em Libras. Para a aprendizagem da criança surda, a leitura deve ser a base do ensino, não Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 71/219 a escrita. É a leitura que dará ao aluno surdo as informações que necessita para desenvolver a escrita, que poderá aparecer espontaneamente a partir dos estímulos adequados. Quando olhamos a escrita do aluno surdo, percebemos que os erros que ela comete estão muito mais relacionados à estrutura gramatical da Libras, ou mesmo à imagem visual da palavra. Para uma criança ouvinte em fase de alfabetização, é comum que cometa erros como /MININU/ no lugar de menino, ou mesmo /FUMIGA/ para escrever formiga. Esse tipo de erro mostra uma incorporação do auditivo, ou seja, a criança escreve da maneira que fala. Para a criança surda, o erro aparece de maneira diferente; ele tem características que são visuais. No caso da palavra menino, talvez escrevesse /NEMIMO/ ou para sapo pudesse grafar /PASO/, o que demonstra as características visuais da sua aprendizagem. Veja a figura a seguir, que apresenta uma criança surda em período de alfabetização: Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 72/219 Figura 4 – CRIANÇA SURDA EM PERÍODO DE ALFABETIZAÇÃO Fonte: Arquivo pessoal. Observem a escrita principalmente da palavra 3 e 4, que deixa nítida a troca visual realizada. Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 73/219 No caso do jovem surdo, que já é capaz de produzir texto, muitas vezes encontramos traços da gramática da Libras na sua escrita. Veja os exemplos: Figura 5 - MODELO DE ESCRITA DE ADOLESCENTE SURDO • Tenho mais ou menos 200 meus amigos surdos, pois não sou oralista. Só uso Libras para dar alegre, unir mais amigos surdos para comunicar muito gostoso. • Acho que Libras é muito importante, porque meus pais nao me explica direito das noticias, porisso nao deu desenvolvimento, entao, eu e irmao sempre usamos Libras para entender perfeitamente, porisso eu ajudo de ensinar todos surdos sobre noticias que conseguem entender Fonte: Arquivo pessoal. Escrita de surdos adolescentes. Observem que somos capazes de compreender o conteúdo, mas que a forma nos chama atenção. Guerra (2016) relata em sua pesquisa que o processo de aquisição de uma segunda língua, o português para o surdo ou uma língua estrangeira para o ouvinte, passa por diferentes estágios denominados interlíngua. No início da aprendizagem, o aluno surdo apresenta características que misturam a estrutura da primeira e da segunda língua. Ainda assim, a interlíngua não deve ser considerada como Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 74/219 confusa ou desorganizada, mas sim como parte do processo de aprendizagem, e esse processo é evidente na aprendizagem de alunos surdos fluentes em língua de sinais. Brochado (2003) apresenta os diferentes níveis de interlíngua pelo qual a criança surda passa até chegar à escrita formal do português. Para a autora, o estágio denominado interlíngua I caracteriza- se pelo uso de estratégias da Língua de Sinais (L1) para a escrita do português (L2), havendo, por exemplo, uso de verbos no infinitivo, omissão de artigos, preposições e outros conectivos, uso de construções de frases tipo tópico-comentário. No estágio Interlíngua II, observa-se que, embora ainda haja uma mescla das duas línguas, já é possível verificar alguns elementos da língua portuguesa, caracterizando uma justaposição entre L1 e L2. Já no estágio Interlíngua III, os alunos demonstram o uso predominante das estruturas da língua portuguesa (L2), estruturas frasais complexas, uso de artigos, preposições entre outros (BROCHADO, 2003). Compreendendo processo de aquisição da escrita pelo surdo a partir das características descritas acima,cabe ao professor estimular o aluno, para que ele possa passar de um estágio ao outro, e assim ser capaz de utilizar a escrita formal do português. Para isso, é importante o uso de recursos visuais e de recursos facilitadores do aprendizado. Precisamos entender que Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 75/219 as pessoas surdas percebem o mundo de maneira diferente, utilizam-se da visão. Dessa experiência visual, surge sua forma diferente de ser, de se expressar, de conhecer o mundo, e que está relacionada à sua língua e sua cultura. Enquanto os ouvintes pensam por palavras, os surdos pensam por imagens. E isso não quer dizer ter uma forma de pensar superior ou inferior, mas apenas uma forma diferente de penas. Assim, a utilização de imagens (fotos, figuras) que representem o tema da aula facilita a compreensão do aluno. Resumo da temática na lousa e uso de computadores, vídeos, cartazes e toda forma visual de aprendizagem são facilitadores para o aluno surdo. Trazer recursos visuais para a sala de aula provoca uma mudança na dimensão afetiva, social e cognitiva do aluno surdo, auxiliando na aquisição e desenvolvimento de conceitos, na ampliação do vocabulário. Os benefícios aparecem em um aluno que se torna mais independente e revela entusiasmo ao aprender. Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 76/219 Glossário Bilinguismo: filosofia que acredita que o surdo deve aprender primeiro a língua de sinais, para depois aprender o português escrito. Interlíngua: estágio de aprendizagem da língua estrangeira, em que há uma mistura das duas línguas. Interlocução: a escrita deve ser para a criança comunicação, e não apenas código. Questão reflexão ? para 77/219 Tendo em mente o que foi estudado nesta aula, pense em uma atividade de escrita para realizar com uma criança surda em período de alfabetização, em que considere a escrita como prática discursiva e as especificidades do surdo. 78/219 Considerações Finais (1/2) • O aluno surdo chega à escola com um grande desafio: aprender a escrever em uma língua que não conhece. Além disso, muitas vezes chega sem uma língua de base, não sabe Libras e não conhece o português oral. Para aprender a escrita, deve primeiro consolidar uma língua de base; • A surdez na infância gera um atraso importante no desenvolvimento de linguagem da criança. Esse atraso levará a dificuldades no seu desenvolvimento social, emocional e escolar. Se for filha de pais surdos, seu desenvolvimento em Libras se equivalerá ao de uma criança ouvinte na fala; • Precisamos entender que não é possível ensinar uma criança surda do mesmo jeito que ensinamos a ouvinte, nem comparar o desenvolvimento entre elas. A criança surda precisa aprender a escrita como segunda língua, como se fosse um estrangeiro em seu próprio país; 79/219 • O enfoque a ser dado na alfabetização da criança surda deve ser textual. Deve-se lembrar que a língua de sinais não tem sílabas e que comparar o som da letra com a palavra não faz sentido para o surdo. Há uma mudança no sistema de representação entre Libras e português. O professor terá de estabelecer entre a criança e a leitura e escrita uma relação de interlocução. Considerações Finais (2/2) Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos 80/219 Referências BROCHADO, S.M.D. A apropriação da escrita por crianças surdas usuárias da Língua Brasileira de Sinais. 2003. 431 f. Tese (Doutorado em Letras) – Programa de pós-graduação em Filologia e Linguística portuguesa. UNESP, Assis, 2004 GUERRA, G.R. Ensino do português como segunda língua para o aluno surdo. UNIARA, 2016. [TCC]. SANTANA, A.P. Surdez e Linguagem: aspectos e implicações neurolinguísticas. São Paulo: Plexus, 2007. 81/219 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendiza- gem da língua portuguesa (escrita) como se- gunda língua. Formação de conceitos. Bloco I Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dbce6c- c20a3fb1437e19711ed56d5a02>. Aula 3 - Tema: Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendiza- gem da língua portuguesa (escrita) como se- gunda língua. Formação de conceitos. Bloco II Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/17f4c- da76897bddd8d01e92a4b985de1>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dbce6cc20a3fb1437e19711ed56d5a02 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dbce6cc20a3fb1437e19711ed56d5a02 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dbce6cc20a3fb1437e19711ed56d5a02 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/17f4cda76897bddd8d01e92a4b985de1 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/17f4cda76897bddd8d01e92a4b985de1 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/17f4cda76897bddd8d01e92a4b985de1 82/219 1. Ao recebermos uma criança surda para alfabetização, que não conhece a Libras e não fala o português, qual deve ser o primeiro passo? a) Ensinar a fala, pois sem ela não irá aprender a escrita. b) Consolidar a Libras como sua primeira língua. c) Ensinar as famílias silábicas, pois assim escreverá. d) Encaminhá-la para escola especial para surdos. e) Afastá-la da escola até que desenvolva uma língua. Questão 1 83/219 2. Apenas 10% das crianças surdas são filhas de pais surdos. Nesses casos, e em relação ao desenvolvimento da linguagem, podemos afirmar que: a) Irão desenvolver a linguagem normalmente, em sinais. b) Irão desenvolver a linguagem normalmente, oralmente. c) Não terão desenvolvimento de linguagem adequado. d) Terão atraso de linguagem, visto que só farão sinais. e) Não podemos considerar a Libras como uma língua. Questão 2 84/219 3. A alfabetização da criança surda geralmente é um grande desafio para o professor, isso ocorre, pois: a) Ela irá se desenvolver da mesma maneira que a criança ouvinte, no mesmo ritmo. b) As metodologias utilizadas para o ouvinte podem ser utilizadas para o surdo. c) O professor terá de utilizar métodos diferentes, que considerem a escrita como discurso. d) O professor terá de utilizar métodos diferentes, que considerem a escrita como código. e) A escrita será inacessível para o surdo, visto que ele não desenvolveu a oralidade. Questão 3 85/219 4. O surdo precisa de um ambiente bilíngue para se desenvolver, e, nesse ambiente, são imprescindíveis: a) Surdos oralizados que sirvam de modelo de fala. b) Professores ouvintes que não saibam Libras. c) Professores sem nenhuma formação específica. d) Surdos e professores ouvintes fluentes em sinais. e) Apenas alunos surdos que saibam Libras. Questão 4 86/219 5. Para o bilinguismo, a melhor proposta para a educação do surdo é: a) Aprender o português oral antes da escrita. b) Aprender os sinais e o português oral. c) Aprender a escrita a partir do português oral. d) Aprender apenas o português oral. e) Aprender sinais e depois a escrita. Questão 5 87/219 Gabarito 1. Resposta: B. O professor deve auxiliar para que consolide a Libras como primeira língua. 2. Resposta: A. Irão desenvolver a linguagem normalmente, serão fluentes em Libras. 3. Resposta: C. O professor deverá utilizar métodos diferentes, que considerem a escrita como prática discursiva. 4. Resposta: D. Em um ambiente bilíngue, é imprescindível a presença de professores
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