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Deficiência auditiva e AEE

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Deficiência Auditiva e AEE
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2/219
Deficiência Auditiva e AEE
Autora: Gleidis Roberta Guerra
Como citar este documento: GUERRA, Gleidis Roberta. Deficiência Auditiva. Valinhos: 2016.
Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. 
História da educação de surdos
05
Assista a suas aulas 28
Unidade 2: Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez 35
Assista suas aulas 57
Unidade 3: Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem 
da língua portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
64
Assista a suas aulas 81
Unidade 4: Atendimento educacional especializado para o estudante com surdez/DA e a 
interlocução desse atendimento com a sala de aula comum
88
Assista a suas aulas 111
2/220
3/2193
Unidade 5: Intervenção educacional, métodos, técnicas de ensino e avaliação 118
Assista a suas aulas 132
Unidade 6: Recursos tecnológicos e audiovisuais no ensino do estudante com surdez/deficiência 
auditiva
149
Assista a suas aulas 162
Unidade 7: O papel da Língua Brasileira de Sinais na educação dos surdos. Comunicação dos 
alunos com surdez: Língua Brasileira de Sinais – Libras, bilinguismo e a oralização
169
Assista a suas aulas 187
Unidade 8: Reflexões sobre propostas e práticas pedagógicas bilíngues na materialização da 
escola inclusiva
194
Assista a suas aulas 212
Sumário
Deficiência Auditiva e AEE
Autora: Gleidis Roberta Guerra
Como citar este documento: GUERRA, Gleidis Roberta. Deficiência Auditiva. Valinhos: 2016.
4/219
Apresentação da Disciplina
Olá, alunos! Bem-vindos à nossa disciplina de 
deficiência auditiva e AEE, que, com certeza, 
irá agregar conhecimentos importantes para 
sua atuação em sala de aula e em educação 
inclusiva de maneira geral.
Entender a deficiência auditiva/surdez, 
sob seus diversos aspectos, irá levá-los 
a compreender o sujeito surdo de uma 
maneira diferente, a partir não apenas 
da deficiência, mas de toda sua história e 
cultura.
A disciplina de deficiência auditiva e 
AEE tem como objetivo levar o aluno a 
compreender os conceitos referentes 
ao tema, abrangendo os diferentes 
aspectos que o envolve, tais como suas 
características, terminologia, história, entre 
outros. Além de conhecer a história da 
educação dos surdos, as características da 
perda auditiva e da surdez e de que maneira 
o docente pode atuar frente às necessidades 
dos alunos surdos é fundamental.
Iremos ainda tratar do atendimento 
educacional especializado, direito dos 
alunos com deficiência e regulamentado 
pela Política Nacional de Educação Especial 
na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) 
e que, no caso do estudante surdo, deve 
ocorrer de três maneiras diferentes.
As tecnologias assistivas (TA) também serão 
parte da nossa disciplina. Compreender o 
que significa esse termo e de que maneira 
as TAs poderão auxiliar no desenvolvimento 
e aprendizagem do nosso alunado 
influenciará em uma prática docente 
efetiva.
5/219
Unidade 1
Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História 
da educação de surdos
Objetivos
O objetivo desta aula é o de apresentar 
os conceitos referentes à deficiência 
auditiva/surdez, bem como aspectos 
relativos à educação dos surdos:
1. Compreender a surdez e suas 
características;
2. Entender aspectos da história da 
educação dos surdos;
3. Conhecer as correntes comunicativas 
presentes na educação do surdo.
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos6/219
Introdução 
Vamos iniciar nossa aula conhecendo um 
pouco mais sobre a surdez, principalmente 
no nosso país.
A surdez é muito mais comum do que se 
pensa. Sabemos que a cada grupo de 1.000 
crianças nascidas vivas, 3 terão algum 
grau de perda auditiva. Se esse grupo for 
relativo a crianças nascidas prematuras, 
a probabilidade passa a ser de 6 crianças 
para cada 1.000 nascidas vivas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), em seu Censo 2010, 
aponta que 5,8% da população brasileira 
possui algum grau de perda auditiva, o que 
equivale a mais de 9 milhões de pessoas 
(BRASIL, 2010).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) 
determina como idade ideal para o 
diagnóstico da surdez até os 6 meses 
de idade, pois assim a criança poderia 
se desenvolver adequadamente. Afirma 
ainda que 60% dos casos poderiam ser 
prevenidos, com programas de imunização 
e de saúde para mães e filhos (SÃO PAULO, 
2012).
As principais causas da surdez, como 
verificado acima, poderiam então ser 
prevenidas, visto que estão ligadas a 
doenças que ocorrem durante o período 
de gestação (rubéola, toxoplasmose, entre 
outras) e doenças da infância (caxumba, 
sarampo etc.).
Segundo o Comitê Brasileiro de Perdas 
Auditivas na Infância (CBPAI, 1999), são 
indicadores de risco para deficiência 
auditiva/surdez:
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos7/219
• História familiar de deficiência 
auditiva congênita;
• infecções congênitas (sífilis, 
rubéola, toxoplasmose, herpes e 
citomegalovírus);
• anomalias craniofaciais 
(malformações de orelha);
• peso baixo ao nascimento (inferior a 
1.500 gramas);
• hiperbilirrubinemia (necessitando de 
transfusão sanguínea);
• uso de medicação ototóxica;
• meningite bacteriana;
• boletim Apgar 0 a 4 no primeiro 
minuto ou 0 a 6 no quinto minuto;
• ventilação mecânica por mais de 5 
dias;
• síndromes associadas à deficiência 
auditiva.
Avançando na compreensão da surdez/
deficiência auditiva, vamos compreender 
agora os tipos de perda auditiva existentes, 
bem como os graus e suas consequências 
para o desenvolvimento de fala e escolar.
Veja na figura a seguir uma representação 
da orelha humana e observe que ela é 
dividida em teres partes: orelha externa, 
orelha média e orelha interna.
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos8/219
Figura 1 -ESTRUTURA DA ORELHA HUMANA
Fonte: www.sobiologia.com.br
A orelha externa é formada pelo pavilhão auricular (ou o que chamamos de orelha) e pelo 
conduto auditivo externo, e é responsável por conduzir as ondas sonoras até a membrana 
timpânica (tímpano).
www.sobiologia.com.br
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos9/219
Já a orelha média, formada pela membrana 
timpânica e pelos três menores ossos do 
corpo humano (martelo, bigorna e estribo), 
que formam a cadeia ossicular, transforma 
as ondas sonoras recebidas em energia 
mecânica, que será transmitida para a 
orelha interna.
Ao chegar à orelha interna, formada 
pela cóclea (principal órgão da audição 
humana), o som é transformado em 
energia elétrica e transmitido pelas células 
ciliadas para o nervo auditivo, que então 
chega ao cérebro, onde é decodificado.
Conhecendo as estruturas da orelha 
humana, vamos entender como funciona 
a transmissão das ondas sonoras, desde 
sua entrada pelo pavilhão auricular até sua 
interpretação no cérebro:
O som, ao ser captado pelo pavilhão 
auricular, caminha pelo conduto auditivo 
externo, chegando até à membrana 
timpânica. Ao chegar, faz com que ela 
vibre, movimentando a cadeia ossicular. O 
estribo, dentro de um orifício denominado 
janela oval, movimenta-se, movimentando 
o líquido que ali está (endolinfa), que, por 
sua vez, movimenta os cílios das células 
ciliadas, gerando energia elétrica que 
será conduzida pelo nervo auditivo até o 
cérebro, local que o som será interpretado.
Para saber mais
Para conhecer o funcionamento da orelha 
humana assista ao vídeo no link: <https://www.
youtube.com/watch?v=Vfp0waljpXc>. 
Acesso em: 24 set. 2016.
https://www.youtube.com/watch?v=Vfp0waljpXchttps://www.youtube.com/watch?v=Vfp0waljpXc
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos10/219
Tendo essa noção geral das estruturas e 
funcionamento da orelha humana, vamos 
ver os tipos e graus de perda auditiva, para 
assim entendermos melhor a surdez.
Em relação aos tipos, as perdas auditivas 
podem ser classificadas em condutivas, 
neurossensoriais e mistas.
As perdas condutivas são relacionadas a 
problemas que ocorrem na orelha externa 
e/ou orelha média. São reversíveis, ou seja, 
podem ser tratados com procedimentos 
cirúrgicos e/ou medicamentos. Exemplos 
de perdas auditivas condutivas: excesso de 
cerúmen, lesão da membrana timpânica, 
otites (infecções de ouvido etc.).
As perdas neurossensoriais são aquelas 
que acometem a orelha interna, portanto 
são irreversíveis, decorrendo de lesões 
na cóclea, principalmente nas células 
ciliadas, ou mesmo problemas no nervo 
auditivo. Podem ser causadas por infecções 
congênitas ou doenças da infância. 
Algumas perdas auditivas podem ocorrer 
pelo excesso de exposição a ruídos: são 
as chamadas perdas auditivas induzidas 
pelo ruído (PAIR) e geralmente acometem 
pessoas que trabalham em locais ruidosos.
O terceiro tipo de perda auditiva, a perda 
mista, ocorre quando a pessoa possui 
uma somatória das perdas condutivas e 
neurossensoriais.
A medida do som é o decibel (dB). Vamos 
entender a quanto equivale essa medida 
para depois entrarmos nos graus das 
perdas auditivas. Portanto, vamos imaginar 
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos11/219
algumas situações do nosso dia e compará-las com as medidas em decibéis. Veja a figura a 
seguir. Tendo esses valores em mente, veremos como dividimos as perdas:
Figura 2 - IMAGENS X DECIBÉIS
Fonte: https://fernandosantosfilho.wordpress.com
Por volta de 15 dB, temos um parque silencioso, em que escutamos o farfalhar das árvores. 
Por volta de 40 dB, uma biblioteca. Já um escritório, com computadores e máquinas 
https://fernandosantosfilho.wordpress.com
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos12/219
O valor em decibel apontado em cada 
grau de perda auditiva corresponde ao 
valor mínimo necessário para que a pessoa 
consiga ouvir, ou seja, uma pessoa com 
perda auditiva severa não é capaz de ouvir 
nenhum som que tenha menos do que 70 
dB, o profundo, nada que tenha menos do 
que 90 dB, e assim consecutivamente.
copiadoras, o som do local está por volta 
de 70 dB. Uma britadeira emite o som de 
aproximadamente 100 dB, e a turbina de 
uma avião pode chegar a 140 dB.
Tendo como base as medidas acima, vamos 
ver como as perdas auditivas podem ser 
classificadas considerando o grau. Para 
isso, iremos considerar a classificação de 
Davis e Silverman (1970):
Audição normal – 0 a 25 dB.
Perda leve – 26 a 40 dB.
Perda moderada – 41 a 55 dB.
Perda moderadamente severa – 56 a 70 dB.
Perda severa – 71 a 90 dB.
Perda profunda – Acima de 91 dB.
Para saber mais
Para saber mais sobre os decibéis, clique no link 
a seguir: <http://www.hear-it.org/pt/Teste-
auditivo-online>. Acesso em: 24 set 2016.
Mais do que conhecer sobre os graus 
das perdas auditivas, é importante 
que saibamos o que esperar auditiva e 
http://www.hear-it.org/pt/Teste-auditivo-online
http://www.hear-it.org/pt/Teste-auditivo-online
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos13/219
linguisticamente do sujeito surdo, como 
ele se desenvolve em relação à sua fala, 
compreensão, aprendizagem.
As perdas auditivas leves são de difícil 
percepção. A criança apresentará 
uma dificuldade em compreender a 
fala a certa distância, mas geralmente 
fala corretamente, e na escola não irá 
apresentar muitas dificuldades. Pode, no 
entanto, ter algumas trocas de fonemas 
(fala) e de grafemas (escrita).
No caso das perdas auditivas moderadas, 
a detecção precoce ainda é difícil. Ela será 
uma criança que tem maior dificuldade em 
compreender, pode olhar mais para o rosto 
de quem fala ou aumentar o volume da TV. 
Sua fala, geralmente, apresenta algumas 
omissões e substituições, e na escola pode 
passar por uma criança desatenta, com 
aprendizado mais lento.
Já as perdas moderadamente severas 
vão mais facilmente levar a família a uma 
suspeita, pois será uma criança que terá 
dificuldade em escutar, necessitando de 
um nível mais elevado de voz. Além disso, 
tende a apresentar distúrbio articulatório 
importante, e às vezes não é possível 
compreender sua fala. Na escola, terá 
mais dificuldades e necessitará de apoio 
terapêutico para conseguir se desenvolver.
As perdas severas e profundas são as de 
mais fácil detecção. Principalmente nas 
profundas, geralmente a família suspeita 
antes de um ano de idade, mas ainda 
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos14/219
assim o processo de diagnóstico pode 
levar mais tempo. Isso ocorre devido ao 
sistema de saúde, que não acolhe a queixa 
da família imediatamente, e também gera 
dificuldades na marcação de consulta 
com especialistas e mesmo de exames de 
alta complexidade, como o BERA, que é 
necessário para este diagnóstico.
As crianças com surdez severa ou 
profunda terão necessidade de apoio de 
pistas visuais para compensar a perda 
auditiva, apresentarão, provavelmente, 
importante atraso no desenvolvimento da 
linguagem e da fala, podendo chegar a não 
desenvolvê-la. Para poderem acompanhar 
a escola, necessitarão do uso de recursos e 
estratégias diferenciadas, e a intervenção 
precoce será importante para este 
desenvolvimento.
Observe a figura a seguir que trata das 
manifestações dos diferentes graus de 
perda auditiva/surdez.
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos15/219
Quadro 1 - GRAU DE SURDEZ E SUA RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO
Fonte: Adaptado de http://neoclinicajau.com.br/atuacao_audiologia.php.
Antes de passarmos para a parte histórica, gostaria de deixar claro para vocês alguns conceitos 
terminológicos. No decorrer deste texto, observaram que utilizamos os termos deficiência 
auditiva e surdez, mas será que eles têm o mesmo significado?
http://neoclinicajau.com.br/atuacao_audiologia.php
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos16/219
Há duas maneiras de pensarmos essa 
questão terminológica. A primeira é 
do ponto de vista médico. Se assim 
pensarmos, usaremos o termo deficiência 
auditiva para os casos em que a pessoa 
consegue ouvir a voz, ou seja, para as 
perdas auditivas leves e moderadas, 
chegando à moderadamente severa se 
considerarmos o uso de aparelho auditivo, 
e surdo para aqueles que, mesmo com o 
uso de aparelho auditivo, não são capazes 
de perceber a voz, os severos e profundos.
Por outro lado, se pensarmos do ponto de 
vista socioantropológico, entenderemos 
como surdo aquele que assim se define, por 
entender que faz parte de uma cultura, que 
tem uma língua diferente da dos ouvintes. 
Nesse caso, o grau da perda auditiva não 
é levado em consideração, mas sim a sua 
participação nesta comunidade. Esse 
surdo faz parte de um povo e constrói sua 
identidade a partir da língua de sinais.
Já que tratamos de terminologia, vamos 
aproveitar para compreender o termo 
usado, séculos atrás, e que não deveria 
mais ser usado hoje: o termo surdo-mudo. 
O fato de uma pessoa ser surda não 
determina que também seja muda, o que 
seria outra deficiência. Podemos dizer que 
uma pessoa é muda se ela não for capaz, 
por um problema nas pregas vocais, de 
produzir nenhum tipo de som. Não é o que 
ocorre com a maioria dos surdos. Assim, osurdo que se expressa oralmente deve ser 
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos17/219
denominado surdo oralizado, enquanto 
que aquele que se comunica através da 
língua de sinais, é surdo não oralizado.
Feitos esses esclarecimentos, a partir de 
agora este texto adotará o termo surdo 
/ surdez, por ter um compromisso com 
a valorização da língua de sinais e da 
comunidade e cultura surda.
1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO 
SURDO
Já conhecemos um pouco sobre a surdez, 
suas causas, tipos e graus, seus conceitos 
e terminologia. Agora, vamos nos debruçar 
na história. Entender o passado é um 
passo importante para compreendermos o 
presente.
Começaremos esta nossa jornada pela 
Antiguidade. Honora (2009) relata que, 
nesse período, os surdos não tinham direito 
nem à vida, quanto mais à educação. As 
pessoas que nasciam com algum tipo de 
deficiência eram exterminadas, por ser 
consideradas um peso para a sociedade.
Pereira (2011) conta que só podemos 
começar a falar de educação do surdo 
a partir do século XVI. Nessa época, as 
famílias ricas que tinham filhos surdos 
contratavam tutores, que geralmente 
eram médicos ou padres, que iam até suas 
fazendas e desenvolviam um trabalho 
visando, principalmente, à fala. Isso 
ocorria, pois, nessa época, as pessoas 
que não falavam (e só era considerada 
a linguagem oral) eram consideradas 
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos18/219
pessoas sem razão. Vivia-se sobre a 
máxima “não fala, não pensa”.
Por serem consideradas sem razão, não 
humanos, essas pessoas também não 
tinham direito a nada da vida cidadã. Não 
tinham direito à herança, à escritura, a 
nada.
Dentre esses tutores, um que se destacou 
foi um abade chamado Pedro Ponce de 
Leon, que acabou por ser considerado o pai 
da educação dos surdos. Esse título foi lhe 
dado por ter unido dois sistemas de sinais, 
os utilizados pelos monges beneditinos, 
que viviam sob voto de silêncio, e também 
os usados por uma família, família Velasco, 
que, por possuir muitos surdos, também 
havia criado uma forma de comunicação. 
Dessa união desses dois sistemas, 
nasceram os primórdios do que se tornaria 
depois a língua francesa de sinais (PEREIRA, 
2011).
As primeiras escolas para surdos só surgem 
no século XVIII, primeiro na Europa. Na 
França, Charles Michel de L’epée criou 
o método que chamou de sinalização 
metódica, que utilizava a língua francesa 
de sinais. Seu método consistia em ensinar 
a leitura, a sinalização e o alfabeto digital.
Embora não reconhecesse a língua 
de sinais como uma língua completa, 
divulgou-a e valorizou-a, mostrando que os 
surdos, mesmo sem falar, eram humanos.
Ainda segundo a autora, na Alemanha 
havia uma escola para surdos, Samuel 
Heinecke, que criou o método oral. 
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos19/219
Heinecke argumentava que utilizar a língua 
de sinais impediria a fala, defendendo 
que a única ferramenta que deveria ser 
utilizada na educação dos surdos era a fala.
Já na Inglaterra, Thomas Braidwood criou 
um método que usava a escrita e o alfabeto 
digital. Aprendiam primeiro escrevendo, 
depois articulando letras e depois palavras 
inteiras (PEREIRA, 2011).
Depois desses, muitos outros apareceram, 
como Jean Itard e Auguste Bébian, cada 
um com sua metodologia e sua maneira de 
ensinar.
Nos Estados Unidos, e também no Brasil, 
as primeiras escolas para surdos surgiram 
no século XIX. É importante destacar 
que a língua de sinais foi se modificando 
conforme se espalhava pelo mundo, e, em 
meados de 1870, uma grande polêmica em 
torno da educação do surdo surge. O que 
é melhor para o surdo, língua de sinais ou 
fala?
Honora (2009) relata que, em 1880, 
aconteceu na cidade de Milão, na Itália, 
o II Congresso Internacional de Educação 
dos Surdos, que ficou conhecido como 
Congresso de Milão. Esse congresso reuniu 
representantes da educação do surdo do 
mundo inteiro, com o objetivo de debater a 
educação dos surdos.
Professores surdos foram proibidos de 
participar, e os poucos que conseguiram 
ir foram impedidos de votar. Assim, 
por uma decisão muito mais política e 
religiosa do que propriamente educacional, 
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos20/219
o congresso de Milão decide-se pela 
proibição da língua de sinais, e inicia-se o 
oralismo como única forma de educação 
de surdos em todo o mundo, com exceção 
dos Estados Unidos, que votou contra.
Para saber mais
Acesse o link <https://culturasurda.net/
congresso-de-milao/> e conheça as 
resoluções deste congresso e seus reais motivos.
2. CORRENTES 
COMUNICATIVAS
Veremos a partir desse tópico as correntes 
comunicativas que fizeram parte da 
educação do surdo, começando pelo 
oralismo, que teve início após o Congresso 
de Milão, em 1880.
O oralismo nasce da crença que a única 
maneira de se educar o surdo deveria ser 
através da língua oral, proibindo a língua 
de sinais. Nessa perspectiva, a surdez era 
vista como uma doença, que precisava ser 
curada, e acreditava-se que a cura seria a 
fala. A educação passa a ter como principal 
objetivo “dar ao aluno o que lhe faltava”: a 
fala.
Esse período caracteriza-se pela ênfase na 
amplificação sonora e trabalho intensivo 
de estimulação da oralidade. Os pais têm 
papel fundamental nesse processo, sendo 
orientados a não deixar os filhos usarem 
sinais e não terem contato com outros 
surdos.
https://culturasurda.net/congresso-de-milao/
https://culturasurda.net/congresso-de-milao/
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos21/219
A corrente do oralismo busca a 
normalização a partir da fala. Desmutizar, 
hominizar, transformar a criança surda 
em adulto ouvinte eram termos utilizados 
na época, que mantinham a ideia de que 
a falta da fala caracterizava a falta do 
pensamento, da inteligência.
Essa maneira de se entender o surdo 
e sua língua começa a se modificar a 
partir da década de 1960. Willian Stokoe, 
linguista, estudou a língua americana de 
sinais e comprovou que essa é uma língua 
completa, com todos os componentes 
que possui uma língua oral, começando a 
modificar o que pensava sobre a educação 
do surdo.
Por outro lado, estudos realizados com 
crianças surdas filhas de pais surdos, 
que tinham a língua de sinais como 
língua materna, comprovaram que essas 
aprendiam com mais eficiência do que as 
filhas de pais ouvintes, que não podiam 
aprender essa língua.
Assim, surge a segunda corrente 
comunicativa na educação do surdo, a 
comunicação total, alcançando o Brasil 
por volta da década de 1990.
A comunicação total surge como uma 
filosofia que busca a efetividade da 
comunicação do surdo. A partir dela, o 
uso de sinais é liberado nas escolas. É uma 
corrente que reconhece as necessidades 
de comunicação das crianças surdas e 
trabalha com a estimulação de todas as 
modalidades sensoriais.
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos22/219
qualidade do ensino para o surdo, por 
tratar a língua de sinais como apoio e 
ainda ter o foco na aquisição da fala, surge 
uma nova proposta, dessa vez nascida das 
comunidades surdas: o bilinguismo.
Na perspectiva do bilinguismo, o surdo 
aprende duas línguas, denominadas L1 e 
L2. A primeira língua (L1) deve ser sempre 
a de sinais, visto que essa é considerada a 
língua natural dos surdos, a que aprende 
espontaneamente e com mais facilidade. 
A segunda língua (L2) deve ser a língua 
escrita do seu país.
Nessa visão, a surdez deixa de ser vista 
como uma doença, passando a ser 
considerada como uma diferença que deve 
ser respeitada.A fala é uma oportunidade 
Nas escolas, os professores que 
trabalhavam com comunicação total 
utilizavam sinais e fala simultaneamente, 
acreditando que isso garantiria a 
compreensão do aluno surdo. Porém, 
observou-se que, pelo fato de cada língua 
ter sua própria gramática, privilegiava-se 
a gramática da língua oral em detrimento 
da gramática da língua de sinais, o que a 
descaracteriza como língua e dificultava a 
compreensão da mensagem.
Esse período também ficou conhecido 
como bimodalismo, e a língua de sinais 
utilizada conjuntamente com a língua 
portuguesa como português sinalizado.
Com a percepção de que essa forma 
de educação não havia melhorado a 
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos23/219
e não mais uma obrigação. O surdo 
reivindica o seu direito a uma cultura 
própria, e o contato das crianças surdas 
com outros surdos é fundamental.
A proposta de escolarização é de uma 
escola bilíngue, que respeite e valorize 
a diferença do surdo no aprender. É 
importante a presença de professores 
surdos, que sirvam de modelo para a 
criança, e que métodos e estratégias 
utilizadas levem em consideração o modo 
do surdo de pensar e se expressar.
Assim, finalizamos nossa viagem pelo 
tempo, sabendo que o Brasil, desde 2002, 
assume a abordagem bilíngue de educação 
dos surdos. Essa proposta não privilegia 
uma língua, mas busca dar condições 
às crianças surdas de se desenvolverem 
em Libras e posteriormente na língua 
portuguesa. Contudo, temos que entender 
que o bilinguismo requer uma posição 
política, para dar suporte a essa minoria 
linguística.
Para saber mais
Sugestão de filme para assistir, que retrata a 
criança sendo educada em escola oralista e 
posteriormente aprendendo os sinais: Seu nome 
é Jonas. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=jPHlDcPxjx8>. Acesso em: 9 
dez. 2016.
https://www.youtube.com/watch?v=jPHlDcPxjx8
https://www.youtube.com/watch?v=jPHlDcPxjx8
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos24/219
Glossário
Ototóxico: qualidade do que é tóxico ao ouvido. Medicamentos, geralmente antibióticos que 
precisam ser administrados, mas podem prejudicar a audição.
Hiperbilirrubinemia: excesso de bilirrubina no sangue, conhecido como icterícia.
APGAR: primeiro exame do bebê. Avalia cinco sinais no primeiro e no quinto minuto de 
nascimento: frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele. 
A partir dessa avaliação, é atribuída uma nota de 0 a 10.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Frequ%C3%AAncia_card%C3%ADaca
https://pt.wikipedia.org/wiki/Respira%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%B3nus_muscular
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pele
Questão
reflexão
?
para
25/219
Tendo conhecido um pouco mais sobre a surdez, de que 
maneira vê a corrente do oralismo, que proíbe a língua 
de sinais e obriga o surdo a falar? Como educador qual 
acha que é a melhor maneira de ensinar o surdo?
26/219
Considerações Finais
• A principal causa das deficiências auditivas / surdez relaciona-se a 
problemas que ocorrem na gestação e parto, ou doenças da infância, o que 
poderia ser prevenido;
• Os tipos de perda auditiva são: condutiva (orelha externa e média, 
reversível), neurossensorial (orelha interna, irreversível) e mista (somatória 
das outras duas);
• O congresso de milão (1880) determina que a única maneira possível de 
educar os surdos é através da fala. As línguas de sinais ficam proibidas no 
mundo todo, com exceção dos estados unidos, que votou contra, e assim 
começa o oralismo;
• Depois de quase um século de proibição das línguas de sinais, surge a 
comunicação total, liberando os sinais. A corrente comunicativa que 
prevalece hoje é o bilinguismo, que propõe que o surdo aprenda duas 
línguas, sendo l1 – língua de sinais, l2 – língua do seu país (escrita).
Unidade 1 • Questões conceituais da deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. História da educação de surdos27/219
Referências
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/censo2010/>. Acesso em: 11 set. 2016.
CBPAI. Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância. Resolução 01/99 [periódico on-
line] Disponível em: <http://www.gatanu.org/secoes/gatanu/itens/conquistas/sub-itens/cbpai>. 
Acesso em: 11 set. 2016.
DAVIS, H; SILVERMAN, S. R. Hearing and hearing loss. 3.. ed. New York: Holt Rinehart e Winston, 
1970.
HONORA, Márcia et al. LIVRO ILUSTRADO DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: Desvendando a 
comunicação usada pelas pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.
SÃO PAULO. Relatório Mundial sobre a deficiência. World Health Organization, The World 
Bank. Tradução deLexicus Serviços Linguísticos. São Paulo, 2012.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/
http://www.gatanu.org/secoes/gatanu/itens/conquistas/sub-itens/cbpai
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Assista a suas aulas
Aula 1 - Tema: Questões conceituais da 
deficiência auditiva/surdez: conceito, etiologia 
e prevenção. História da educação de surdos - 
Bloco I
Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d21e-
13dc02d11f62e293cd3aecd099f7>.
Aula 1 - Tema: Questões conceituais da deficiência 
auditiva/surdez: conceito, etiologia e prevenção. 
História da educação de surdos - Bloco II
Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/95ba-
22b6eb278487279f11513577a003>.
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1. Em relação às causas das deficiências auditivas / surdez na infância, 
podemos afirmar que, em sua maioria, são:
a) Hereditárias.
b) Acidentais.
c) Neurológicas.
d) Doenças.
e) Diversas.
Questão 1
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2. Em relação ao seu tipo, as perdas auditivas podem ocorrer na orelha 
externa, média ou interna, o que determinará sua reversibilidade. O 
surdo que irá usar a Libras como forma de comunicação é aquele que 
possui perdas auditivas irreversíveis, classificadas como:
a) Neurossensorial.
b) Condutiva.
c) Mista.
d) Especial.
e) Neural.
Questão 2
31/219
3. O Congresso de Milão é um marco importante na história da educação 
do surdo. Considerado comum momento de grande violência na vida do 
surdo, esse congresso determinou que:
a) Os surdos fossem educados pela língua de sinais.
b) As línguas de sinais fossem proibidas na educação.
c) As línguas de sinais fossem liberadas na educação.
d) A fala fosse substituída pelo uso de sinais nas escolas.
e) Os surdos não precisavam desenvolver a sua oralidade.
Questão 3
32/219
4. As três correntes comunicativas presentes na educação dos surdos, e 
que determinaram a forma como foram educados em cada período, são:
a) Língua de sinais, bilinguismo, método misto.
b) Oralismo, língua de sinais, bilinguismo.
c) Oralismo, comunicação total e bilinguismo.
d) Palavra falada, comunicação total, bilinguismo.
e) Oralismo, alfabeto digital, bilinguismo.
Questão 4
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5. O bilinguismo propõe que a pessoa surda aprenda duas línguas,em 
momentos diferentes e ensinados por pessoas diferentes. Em relação ao 
que denominamos L1 e L2, assinale a alternativa correta:
a) L1 – fala (língua do país), L2 – sinais.
b) L1 – sinais, L2 – língua do país (fala).
c) L1 – sinais, L2 – fala e escrita.
d) L1 – fala e escrita, L2 – sinais.
e) L1 – sinais, L2 – língua do país (escrita).
Questão 5
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Gabarito
1. Resposta: D.
As perdas auditivas são causadas 
principalmente por doenças que ocorrem 
na gestação ou durante a infância.
2. Resposta: A.
A perda auditiva irreversível, razão pela 
qual o surdo necessitará de Libras, é a 
perda neurossensorial.
3. Resposta: B.
A partir do Congresso de Milão, as línguas 
de sinais foram proibidas na educação dos 
surdos.
4. Resposta: C.
As correntes comunicativas presentes 
na educação do surdo são: oralismo, 
comunicação total e bilinguismo.
5. Resposta: E.
O bilinguismo propõe que o surdo aprenda 
como L1 a língua de sinais e a L2 a língua 
do seu país, na modalidade escrita.
35/219
Unidade 2
Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez
Objetivos
O objetivo desta aula é que possamos 
conhecer as políticas públicas atuais de 
educação inclusiva, que nos é dada através 
da legislação pertinente à inclusão e à 
surdez.
1. Conhecer a legislação pertinente à 
educação inclusiva.
2. Conhecer a legislação pertinente à 
surdez.
3. Compreender as políticas públicas para a 
educação inclusiva e educação do surdo.
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez36/219
Introdução
A inclusão começa a ser discutida 
com veemência na década de 1990, 
desencadeada por movimentos que 
aconteceram mundialmente e que 
trouxeram à tona a necessidade de se rever 
a educação das pessoas com deficiência, 
que ocorriam em um sistema educacional 
à parte, portanto segregado em escolas ou 
classes especiais.
Nasce da luta pelos direitos humanos, 
que considera que todas as pessoas tem 
o direito à escola, e podem se beneficiar 
de estar junto aos outros no processo de 
aprendizagem.
A primeira grande conferência que debate 
as questões da inclusão ocorreu em 1990, 
na cidade de Jomtien na Tailândia, e se 
denominou como Conferência Educação 
para Todos. O documento que é produzido 
a partir dessa conferência traz os principais 
pontos:
• A educação é um direito fundamental 
de todos, mulheres e homens, de 
todas as idades, do mundo todo;
• a educação é um princípio 
fundamental para o desenvolvimento 
das pessoas e das sociedades, e é a 
partir dessa que podemos construir 
um mundo melhor.
Após essa primeira iniciativa, a segunda 
grande conferência mundial para discussão 
das questões da inclusão de todos nos 
processos educacionais, e que pode ser 
considerada o marco inicial de todo esse 
movimento, foi o documento chamado 
Declaração de Salamanca.
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez37/219
Esse documento foi publicado após uma reunião com representantes da educação de vários 
países, que ocorreu na Espanha, na cidade de Salamanca, em 1994.
A partir desse documento, os países signatários, dentre eles o Brasil, assumem compromissos 
para que a inclusão de fato ocorra em seu país.
Através dessa Declaração, é reafirmado o compromisso antes estabelecido com a Educação para 
Todos, reconhecendo a necessidade e urgência de providenciar uma educação para as crianças, 
jovens e adultos com necessidades educacionais especiais1 dentro do sistema regular de ensino 
e reendossando a Estrutura de Ação em Educação Especial.
Dentre os princípios fundamentais da Declaração de Salamanca, temos:
Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a 
oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, 
Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades 
de aprendizagem que são únicas, 
1 O termo necessidades educacionais especiais não é mais utilizado, mas o era à época da publicação do documento.
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez38/219
Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas 
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em 
conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, 
Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso 
à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia 
centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades,
Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os 
meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-
se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e 
alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma 
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, 
em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional 
(UNESCO, 1994, p. 1).
Dentro da perspectiva inclusiva, acredita-se que as escolas deveriam acomodar todas as 
crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, 
linguísticas ou outras. 
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez39/219
A Declaração de Salamanca também deixa claro que a inclusão não é apenas para as pessoas 
com deficiências, mas é de fato para todas as pessoas, quando proclama:
Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças 
de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população 
nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou 
culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados 
(UNESCO, 1994 p. 3).
Sabemos que tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas 
escolares, desafios esses que devem ser enfrentados a partir da implementação de políticas 
públicas que garantam não apenas o acesso, mas a permanência e a qualidade da educação 
para todas as crianças.
Nesse sentido, a educação especial é parte fundamental do processo de educação inclusiva. 
Devemos entender que, a partir da inclusão, a educação especial deixa de ser um lugar, e passa 
a ser um serviço, que atende às demandas das pessoas com deficiência ofertando apoio dentro 
e fora da sala de aula, através do atendimento educacional especializado, por exemplo, que 
veremos posteriormente.
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez40/219
Ainda dentro dos princípios da inclusão, a diversidade humana passa a ser vista como 
enriquecedora, e fica claro que é a escola que deve adaptar-se ao aluno, e não mais o aluno que 
se adapta à escola, como ocorria no período de integração escolar (classes especiais dentro das 
escolas regulares). Nesse sentido, devemos ter uma pedagogia que é centrada na criança.
O princípio fundamental que rege esse sistema é o de que todas as crianças devem aprender 
juntas, independente de suas dificuldades ou diferenças, e que para isso devem receber 
qualquer suporte extra que se faça necessário para uma educação efetiva.
Acredita-se ainda que as políticas educacionais devam levar em conta as especificidades de 
cada um, e, quando trata do aluno surdo, a Declaração de Salamanca destaca a importância da 
língua de sinais como meio de comunicação desta população:
A importância da língua de sinais como meio de comunicação entre os 
surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita 
no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso a 
educação em sua língua nacional de signos (UNESCO, 1994, p. 7).
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez41/219
Como vimos, a Declaração de Salamanca 
estabelece princípios para a educação 
inclusiva, mas é um documento, não tem 
valor de lei. Assim, um dos compromissos 
assumidos pelospaíses signatários do 
documento é o de fazer leis, em seus 
países, que garantam o que nele foi 
designado.
Para saber mais
Conheça a Declaração de Salamanca na íntegra, 
acessando: <http://portal.mec.gov.br/seesp/
arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 2 
out 2016.
A partir de 1994, o Brasil publica diversas 
leis que garantem a acessibilidade e a 
inclusão das pessoas com deficiência, 
sendo que o último que trata da educação 
é a Política Nacional de Educação Especial 
na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 
2008, que iremos conhecer.
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez42/219
Veja nossa linha do tempo:
Figura 3 - LEGISLAÇÃO EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Fonte: Arquivo Pessoal. Oficinas de formação de professores da PMM (OAEDI).
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez43/219
Continuando nossa discussão a respeito 
das políticas públicas de inclusão no nosso 
país, vamos conhecer a Política Nacional 
de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva.
1. POLÍTICA NACIONAL DE 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA 
PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA
A Política Nacional de Educação especial 
na Perspectiva da Educação Inclusiva é 
um documento elaborado pelo Grupo de 
Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial 
nº 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada 
pela Portaria nº 948, de 9 de outubro de 
2007.
Esse grupo, formado por uma equipe da 
Secretaria de Educação Especial e por 
professores de universidades federais que 
atuam na área, reúnem-se com o objetivo 
de estabelecer regras e diretrizes para a 
política nacional, que atenda aos alunos 
dentro de uma perspectiva inclusiva a 
partir dos preceitos já designados pela 
Declaração de Salamanca e outros já 
aprovados pelo Brasil.
Assim, essa política traz como objetivo 
assegurar o acesso, a participação e a 
aprendizagem dos alunos com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento 
e altas habilidades/superdotação nas 
escolas regulares, orientando os sistemas 
de ensino para promover respostas às 
necessidades educacionais.
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez44/219
Veja que a política deixa claro quem é seu público-alvo, e nesse público exclui as crianças 
com dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, incluindo apenas aqueles que possuem 
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.
Vamos entender, então, os conceitos referentes a esse público:
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo 
prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas 
barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e 
na sociedade. Os estudantes com transtornos globais do desenvolvimento 
são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais 
recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, 
estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo estudantes com autismo, 
síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. Estudantes com altas 
habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma 
das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, 
psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento 
na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008).
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez45/219
Tendo claras essas definições, veremos 
quais diretrizes essa política estabelece 
para seu público-alvo, dentro das escolas 
regulares.
As propostas da Política Nacional 
determinam que a educação especial 
deva trabalhar articulada com a proposta 
pedagógica da escola, fazendo parte dessa 
e, assim, promovendo o atendimento 
ao seu alunado público. O objetivo é o 
atendimento das necessidades dos alunos 
com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades / 
superdotação.
Assim, à educação especial cabe a 
organização dos sistemas de apoio, a 
formação continuada, a identificação dos 
serviços e dos recursos necessários e o 
desenvolvimento de práticas colaborativas. 
As diretrizes estabelecidas por essa política 
devem garantir a transversalidade da 
educação especial, que deve perpassar 
todos os níveis de escolaridade; o 
atendimento educacional especializado 
(AEE), que veremos mais detalhadamente 
no Tema 4; a formação de professores para 
a educação inclusiva; e a continuidade 
dos estudos nos níveis mais elevados de 
escolaridade.
Deve ainda haver por garantia a 
participação da família e da comunidade, 
a acessibilidade física nas comunicações 
e informações (Libras e Braille) e a 
articulação intersetorial na implementação 
das políticas públicas.
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez46/219
No que diz respeito especificamente ao 
surdo, a Política Nacional de Educação 
Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva determina para a inclusão 
dos alunos surdos na escola comum a 
educação bilíngue. Essa deve contar 
com o serviço de profissionais tradutor 
e intérprete de Libras (TILS), desenvolver 
o ensino escolar na língua portuguesa 
e na Língua Brasileira de Sinais, sendo a 
língua portuguesa na modalidade escrita 
considerada como segunda língua para os 
surdos, e ainda ensinar Libras para toda a 
comunidade escolar.
Para saber mais
Conheça a Política Nacional de Educação 
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 
na íntegra. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=16690-
politica-nacional-de-educacao-especial-
na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-
05122014&Itemid=30192>. Acesso em: 2 out. 
2016.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez47/219
2. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 
PARA PESSOAS COM SURDEZ 
_ LEI DE Libras E DECRETO 
5626/2005
Neste tópico, trataremos dos aspectos 
relacionados à legislação específica para 
as pessoas com surdez, destacando a 
lei de Libras 10.436/2002 e o decreto 
5626/2005, que a regulamenta e dá outras 
providências.
A Lei de Libras, Lei 10.436/2002, foi 
promulgada após muita luta das pessoas 
e comunidades surdas no Brasil. Essa lei, 
que reconhece a Língua Brasileira de Sinais 
como língua oficial da pessoa surda, é uma 
conquista que traz diversos impactos na 
vida social e política de todos os brasileiros, 
mas, principalmente, traz significado 
especial para os surdos.
A partir dessa legislação, o surdo2 passa 
a ter direitos básicos e fundamentais 
de acesso à sua língua, pois prevê 
provimentos de formaçãode instrutores 
e tradutores e intérpretes, bem como a 
presença desses profissionais em locais 
públicos e sua inserção em políticas que 
visam não apenas à educação, mas à 
saúde, ao trabalho, ao lazer, ao esporte e 
ao turismo (BRASIL, 2006).
Além do reconhecimento da Libras 
como língua do surdo brasileiro, a lei 
também determina a obrigatoriedade 
2 Surdo, escrito com a letra S em caixa alta, representa mais do que 
uma condição auditiva, mas um povo com sua cultura, sua língua, e 
que deve ser respeitado.
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez48/219
dessa disciplina nos cursos que formam 
professores e nos cursos de fonoaudiologia, 
passando a ser optativa nos outros cursos 
de graduação.
Para a regulamentação dessa lei, o decreto 
5626 é assinado em 22 de dezembro 
de 2005, e considera como pessoa 
surda aquela que, por ter uma perda 
auditiva, compreende e interage com o 
mundo a partir de experiências visuais, 
manifestando sua cultura principalmente 
através da Língua Brasileira de Sinais 
(BRASIL, 2005).
O decreto trata, além do reconhecimento 
da língua e da inclusão da Libras como 
disciplina obrigatória nos cursos de 
licenciatura e fonoaudiologia e optativa 
nos demais cursos de graduação, da 
formação de instrutores, professores e 
tradutores e intérpretes de Libras, do uso 
e da difusão da mesma na educação e na 
saúde, garantindo o acesso dos surdos a 
esses serviços.
Em seu Capítulo IV, que trata do acesso da 
pessoa surda à educação, em seu art. 14 
determina que:
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez49/219
As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas 
surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos 
seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos 
os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à 
superior.
 § 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto 
no caput, as instituições federais de ensino devem:
 I - promover cursos de formação de professores para:
 a) o ensino e uso da Libras;
 b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; 
 c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas 
surdas;
 II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras 
e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez50/219
 III - prover as escolas com:
 a) professor de Libras ou instrutor de Libras;
 b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa;
c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua 
para pessoas surdas; 
(d) professor regente de classe com conhecimento acerca da 
singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos (BRASIL, 2005, 
p. 1).
Para saber mais
Acesse o Decreto 5626/2005 na íntegra. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 2 out. 2016.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez51/219
Finalizamos esta nossa aula propondo uma reflexão referente 
ao processo legislativo. Mais do que papéis, as leis são feitas 
por pessoas, e também são pessoas que serão por elas 
beneficiadas. Conhecer a legislação pertinente à nossa área 
de atuação é fundamental para que possamos compreender 
todo o processo de inclusão. Das lutas políticas às leis.
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez52/219
Glossário
Signatário: país que assina um documento de conferência mundial, e se compromete com as 
diretrizes lá estabelecidas.
Diretrizes: orientações que definem um plano, uma ação.
Cultura surda: modo de ver, sentir e expressar do surdo, por meio de recursos visuais e línguas 
de sinais.
Questão
reflexão
?
para
53/219
A partir do filme O poder da esperança, faça uma 
reflexão sobre as questões da inclusão e da legislação 
do ponto de vista de pessoas concretas.
54/219
Considerações Finais (1/2)
• As discussões referentes à educação inclusiva iniciam na década 
de 1990, com a Conferência Mundial de Educação para Todos e a 
Declaração de Salamanca, frente à urgência de providenciar um 
sistema educacional que atendesse ao direito de todas as pessoas.
• A Declaração de Salamanca tem como princípio fundamental o de 
que todas as crianças devem aprender juntas, independente de suas 
dificuldades.
• A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva garante os apoios da educação especial que 
são necessários para o desenvolvimento do aluno com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades 
e superdotação. Dentre eles, o Atendimento Educacional 
Especializado (AEE).
55/219
• A legislação específica de Libras, Lei 10436/2002 e decreto 
5626/2005, reconhece a Libras como língua oficial da comunidade 
surda brasileira e a estabelece como disciplina obrigatória nos 
cursos que formam professores e fonoaudiólogos, sendo optativa 
nos demais cursos de graduação. Dá ainda providências quanto ao 
acesso à saúde e à educação.
Considerações Finais (2/2)
Unidade 2 • Análises das políticas atuais de educação inclusiva e suas implicações na área da surdez56/219
Referências 
BRASIL. Casa Civil. Lei número 10.436 de 24 de abril de 2002. Brasília, 2002.
_______. Casa Civil. Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005. Brasília, 2005.
_______. Senado Federal. Língua Brasileira de Sinais: Uma conquista histórica. Brasília: 2006.
_______. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva. Brasília, 2008
UNESCO. Conferência Mundial de Educação para Todos. Jomtien, 1990.
_______. Declaração de Salamanca. Salamanca, 1994.
57/219
Assista a suas aulas
Aula 2 - Tema: Análises das políticas atuais de 
educação inclusiva e suas implicações na área 
da surdez - Bloco I
Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/
embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/208f-
ca2998e3fd9f3ff03241557ed8ef>.
Aula 2 - Tema: Análises das políticas atuais de 
educação inclusiva e suas implicações na área 
da surdez - Bloco II
Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pA-
piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
6d43560312072abb36cf6a686d4360f0>.
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58/219
1. O grande marco da educação inclusiva é a publicação de um documento 
denominado Declaração de Salamanca (1994), que traz, dentre os seus 
princípios, a prerrogativa que:
a) As crianças, dependendo da característica que possuem, devem estudar separadas.
b) As crianças que estudam nas classes comuns devem se adaptar ao sistema, sem modificá-lo.
c) Todas as crianças, independente de suas características, devem aprender juntas.
d) A escola deve ser em três níveis, sendo escola especial, classe especial e classe comum.
e) As crianças com deficiência nãotêm capacidade para estudar junto às crianças sem defici-
ência.
Questão 1
59/219
2. A década de 1990 é marcada por discussões em torno da educação 
inclusiva. O documento mundial conhecido como marco inicial desta 
discussão, que surgiu em 1994, foi:
Questão 2
a) Educação Para Todos.
b) Declaração de Salamanca.
c) Estatuto da Criança e do Adolescente.
d) Estatuto da Pessoa com Deficiência.
e) Lei de Acessibilidade.
60/219
3. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva torna a educação especial:
Questão 3
a) Um serviço que presta apoio dentro e fora da sala de aula.
b) Obsoleta, pois perde sua função primordial na escola.
c) Uma escola para os alunos que não acompanham a sala.
d) Extinta, visto que com a inclusão não é necessária.
e) Segregadora, visto que atende às deficiências graves.
61/219
4. A Lei de Libras, Lei 10436/2002, determina que Libras deva ser disciplina:
Questão 4
a) Obrigatória para todos os cursos de graduação.
b) Optativa para todos os cursos de graduação.
c) Optativa para as licenciaturas e fonoaudiologia.
d) Obrigatória para as licenciaturas e fonoaudiologia.
e) Não trata desse aspecto da Libras como disciplina.
62/219
5. A partir do decreto 5626/2005, a legislação brasileira determina que a 
educação para os surdos no Brasil deve seguir a filosofia educacional:
Questão 5
a) Oralista.
b) Bimodal.
c) Comunicação total.
d) Mista.
e) Bilíngue.
63/219
Gabarito
1. Resposta: C.
A Declaração de Salamanca tem como 
princípio que todas as crianças devem 
aprender juntas.
2. Resposta: B.
O documento considerado como marco 
inicial da inclusão em todo o mundo é a 
Declaração de Salamanca.
3. Resposta: A.
A educação especial deve ser um serviço 
que presta apoio dentro e fora da sala 
de aula, com articulação da proposta 
pedagógica.
4. Resposta: D.
A Lei 10436/2002, conhecida como Lei 
de Libras, determina que a disciplina 
seja obrigatória para as licenciaturas e 
fonoaudiologia, e optativa para os outros 
cursos.
5. Resposta: E.
O decreto 5626/2005 determina que a 
educação do surdo no Brasil deva ser na 
perspectiva bilíngue.
64/219
Unidade 3
Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua 
portuguesa (escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
Objetivos
O objetivo desta aula é conhecer como o 
surdo aprende para assim utilizarmos as 
estratégias educacionais adequadas ao 
seu desenvolvimento:
1. Conhecer as características de 
aprendizagem do aluno surdo.
2. Conhecer estratégias educacionais 
diferenciadas.
3. Compreender que a língua portuguesa 
é para o surdo sua segunda língua.
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
65/219
Introdução
Iniciamos esta nossa aula compreendendo 
que a inclusão do surdo no sistema regular 
de ensino é hoje uma realidade, e que 
este aluno chega à escola com um grande 
desafio: aprender a gramática de uma 
língua que não é a dele, mas pela qual será 
alfabetizado.
Precisamos ainda ter a clareza que muitas 
vezes esse aluno chega à escola sem uma 
língua definida: não aprendeu Libras, 
pois não foi lhe dada a oportunidade; 
não aprendeu o português por esse ser 
inacessível a ele.
Antes de falarmos do aprendizado escolar 
propriamente dito, vamos compreender o 
desenvolvimento dessa criança, desde seus 
primeiros anos de idade.
A surdez na infância gera um atraso no 
desenvolvimento da linguagem. No Brasil, 
o diagnóstico da surdez é tardio, por volta 
dos 3-4 anos de idade, o que faz com que 
medidas de estimulação da linguagem e 
mesmo a aprendizagem da língua de sinais 
ocorra depois dessa época.
O atraso de linguagem só não irá ocorrer 
se a mesma for filha de pais surdos, pois, 
nesse caso, receberá os estímulos em 
língua de sinais e irá se desenvolver da 
mesma maneira que a criança ouvinte 
desenvolve a língua oral.
O atraso no desenvolvimento da 
linguagem irá acarretar outros atrasos, 
como no desenvolvimento social, psíquico 
e educacional. A criança surda perderá 
informações importantes do ambiente, 
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
66/219
terá dificuldade para interagir com seus 
pares e na escola sua aprendizagem será 
dificultada pelo não acesso a uma língua.
Além disso, sabemos que é necessário o 
desenvolvimento de uma língua de base 
que dê estrutura ao pensamento, sem a 
qual não conseguirá desenvolver-se do 
ponto de vista cognitivo. Devemos ter claro 
que esta língua pode ser a língua de sinais; 
para o cérebro, não há diferença.
Assim, podemos afirmar que a 
comunicação que a criança surda irá 
estabelecer com o mundo que a cerca será 
determinante para o seu desenvolvimento. 
Devemos lembrar que é através desse canal 
que valores, costumes, crenças e todo o 
conhecimento será transmitido.
Entendendo esse processo de 
desenvolvimento da criança surda, 
podemos, então, nos ater agora ao 
desenvolvimento da leitura e da escrita.
Santana (2007) discute a questão de 
ensinar a criança surda a ler e escrever. 
A primeira coisa a pensar é que não é 
possível ensinar a criança surda da mesma 
maneira que ensinamos a criança ouvinte, 
e que também não podemos comparar o 
desenvolvimento entre elas. Pensamos em 
um estrangeiro, falante de outra língua e 
que vem para o Brasil para ser alfabetizado. 
Podemos comparar o seu desenvolvimento 
com o de uma criança falante nativa do 
português?
Com a criança surda é a mesma coisa. A 
primeira coisa em que temos de pensar é 
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
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que essa criança será alfabetizada em uma 
língua que não conhece, ou que conhece 
muito pouco. Se tiver acesso à língua de 
sinais, ainda será mais fácil; caso contrário, 
sua aprendizagem será muito mais difícil.
Assim, o primeiro passo para pensarmos 
o aprendizado da criança surda é garantir 
que ela tenha uma língua de base, 
uma língua que lhe permita acessar o 
conhecimento. No caso, a língua de sinais.
A língua de sinais é considerada a única 
língua natural do surdo, visto que é a 
única que pode ser aprendida de maneira 
espontânea. Para desenvolver a oralidade, 
uma criança surda passa cerca de 10 anos 
em terapia fonoaudiológica, e mesmo 
assim não há como garantir que ela irá 
desenvolver-se.
Tendo, então, a língua de base, a qual 
deverá ser a mediadora do conhecimento, 
estar presente em todas as situações 
de aprendizagem da escrita. Atividades 
como ler para a criança, explicando o 
conteúdo em Libras, sensibilizá-la em 
relação à escrita através de atividades 
ricas e prazerosas e consolidar a língua de 
sinais, utilizando-a no dia a dia da escola 
e da família, são fundamentais para esse 
desenvolvimento.
Para o aprendizado da criança surda, é 
fundamental que o professor conceba a 
escrita como uma atividade discursiva, 
não como um código que deva apenas ser 
decodificado, ou mesmo como uma mera 
transcrição da oralidade.
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
68/219
Essa visão de escrita como código que 
transcreve a língua oral é um equívoco, e 
faz com que o surdo não compreenda a 
importância dela, visto que, na maioria das 
vezes, ele não é capaz de fazer essa relação 
fala-escrita, tão comum para as crianças 
ouvintes.
Houve um tempo, segundo Santana (2007), 
que se acreditava que os surdos deveriam 
aprender a falar para que conseguissem 
escrever. Essa é uma ideia ilusória, já que 
a escrita, no contexto da surdez, não se 
baseia na oralidade.
Dessa forma, a melhor maneira de 
ensinarmos a leitura e a escritapara o 
aluno surdo é considerando que ele irá 
aprender essa como uma segunda língua, e 
que, para isso, necessitará de metodologias 
diferenciadas, próprias do ensino da 
segunda língua, sendo importante que se 
valorize a formação dos professores dentro 
dessa outra perspectiva de alfabetização.
Se pensarmos como geralmente as 
crianças ouvintes são alfabetizadas, 
vamos perceber que sempre há uma 
relação entre a letra impressa e o som que 
ela representa. Ou ainda alfabetizamos 
através da compreensão das chamadas 
famílias silábicas. Será que para o surdo 
isso faz sentido?
Quando relacionamos a letra impressa 
com o som da letra, ou mesmo utilizamos 
as sílabas como base da alfabetização, 
para o surdo não haverá significado. 
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
69/219
Vamos entender melhor isso. Quando falo 
A de avião, ou mesmo coloco o alfabeto 
na sala de aula com a letra impressa, isso 
só faz sentido para a criança ouvinte. 
Para a criança surda, esta colocação não é 
significativa, visto que a figura e a letra em 
Libras considera o processo de alfabetização 
do ouvinte, que é auditivo, e não do surdo. 
Avião em Libras, por exemplo, é feito a 
partir da letra Y, e em nenhum momento se 
relaciona com a letra A.
No caso das famílias silábicas, fica ainda 
mais difícil para o surdo compreender. Sinal 
não tem sílaba, e auditivamente a maioria 
dos surdos não percebe a divisão silábica 
das palavras faladas.
O surdo, ao ler uma palavra, irá lhe atribuir 
um significado em sua língua, a língua 
de sinais. É isso que fará com que ler e 
escrever torne-se significativo para ele. 
O professor terá de estabelecer entre a 
criança e a leitura e escrita uma relação de 
interlocução, e, para isso, terá de se valer 
das experiências do construtivismo.
O enfoque, então, do ensino deve ser 
textual. Lembre que o surdo aprende a 
partir da visão, e, quanto mais ele ver a 
palavra escrita, ou mesmo o texto, e puder 
relacionar com a língua que conhece, 
melhor irá se desenvolver.
A palavra, para esse aluno, não terá uma 
imagem acústica, um som, mas será como 
um desenho simbólico, uma imagem 
gráfica, visual. Essa espécie de desenho 
mental que ele irá memorizar se traduzirá 
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
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em um símbolo mental, e é assim que ele 
irá aprender.
Precisamos ainda pensar que os sistemas 
de representação do português e da Libras 
são diferentes. È como aprendermos os 
ideogramas chineses, em que não há letras, 
mas desenhos. Por isso, o uso de métodos 
arbitrários, que não consideram o fato 
da língua de sinais ser visuoespacial e de 
o surdo ser visual na sua aprendizagem, 
provavelmente não terá sucesso.
Podemos ainda afirmar que o melhor 
ambiente para o aprendizado da criança 
surda é o ambiente bilíngue, ambiente 
esse em que as duas línguas _Libras e 
português_ convivem em harmonia, e são 
utilizados para o acesso ao conhecimento.
Nesse ambiente, precisamos ter professor 
ouvintes fluentes em língua de sinais, 
professores surdos que sirvam de modelo 
para o aluno, e uma proposta pedagógica 
que vá de encontro a essas necessidades.
Se não tivermos esses cuidados, muito 
provavelmente teremos crianças surdas 
que são excelentes copistas, mas que não 
produzem um texto espontaneamente, 
e não tem a compreensão da leitura 
que realizam. Ou, ainda, alunos surdos 
que desenvolvem a escrita, mas não 
conseguem compreender e utilizar 
a gramática da língua portuguesa, 
escrevendo como se escrevessem em 
Libras.
Para a aprendizagem da criança surda, 
a leitura deve ser a base do ensino, não 
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
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a escrita. É a leitura que dará ao aluno 
surdo as informações que necessita para 
desenvolver a escrita, que poderá aparecer 
espontaneamente a partir dos estímulos 
adequados.
Quando olhamos a escrita do aluno surdo, 
percebemos que os erros que ela comete 
estão muito mais relacionados à estrutura 
gramatical da Libras, ou mesmo à imagem 
visual da palavra.
Para uma criança ouvinte em fase de 
alfabetização, é comum que cometa erros 
como /MININU/ no lugar de menino, ou 
mesmo /FUMIGA/ para escrever formiga. 
Esse tipo de erro mostra uma incorporação 
do auditivo, ou seja, a criança escreve da 
maneira que fala.
Para a criança surda, o erro aparece de 
maneira diferente; ele tem características 
que são visuais. No caso da palavra 
menino, talvez escrevesse /NEMIMO/ ou 
para sapo pudesse grafar /PASO/, o que 
demonstra as características visuais da sua 
aprendizagem. Veja a figura a seguir, que 
apresenta uma criança surda em período 
de alfabetização:
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
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Figura 4 – CRIANÇA SURDA EM PERÍODO DE ALFABETIZAÇÃO 
Fonte: Arquivo pessoal.
Observem a escrita principalmente da palavra 3 e 4, que deixa nítida a troca visual realizada.
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
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No caso do jovem surdo, que já é capaz de produzir texto, muitas vezes encontramos traços da 
gramática da Libras na sua escrita. Veja os exemplos:
Figura 5 - MODELO DE ESCRITA DE ADOLESCENTE SURDO
• Tenho mais ou menos 200 meus amigos surdos, pois não sou oralista. Só uso Libras para 
dar alegre, unir mais amigos surdos para comunicar muito gostoso. 
• Acho que Libras é muito importante, porque meus pais nao me explica direito das 
noticias, porisso nao deu desenvolvimento, entao, eu e irmao sempre usamos Libras para 
entender perfeitamente, porisso eu ajudo de ensinar todos surdos sobre noticias que 
conseguem entender
Fonte: Arquivo pessoal. Escrita de surdos adolescentes.
Observem que somos capazes de compreender o conteúdo, mas que a forma nos chama 
atenção.
Guerra (2016) relata em sua pesquisa que o processo de aquisição de uma segunda língua, o 
português para o surdo ou uma língua estrangeira para o ouvinte, passa por diferentes estágios 
denominados interlíngua.
No início da aprendizagem, o aluno surdo apresenta características que misturam a estrutura 
da primeira e da segunda língua. Ainda assim, a interlíngua não deve ser considerada como 
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
74/219
confusa ou desorganizada, mas sim como 
parte do processo de aprendizagem, e esse 
processo é evidente na aprendizagem de 
alunos surdos fluentes em língua de sinais.
Brochado (2003) apresenta os diferentes 
níveis de interlíngua pelo qual a criança 
surda passa até chegar à escrita formal 
do português. Para a autora, o estágio 
denominado interlíngua I caracteriza-
se pelo uso de estratégias da Língua de 
Sinais (L1) para a escrita do português (L2), 
havendo, por exemplo, uso de verbos no 
infinitivo, omissão de artigos, preposições 
e outros conectivos, uso de construções de 
frases tipo tópico-comentário.
No estágio Interlíngua II, observa-se 
que, embora ainda haja uma mescla 
das duas línguas, já é possível verificar 
alguns elementos da língua portuguesa, 
caracterizando uma justaposição entre 
L1 e L2. Já no estágio Interlíngua III, os 
alunos demonstram o uso predominante 
das estruturas da língua portuguesa 
(L2), estruturas frasais complexas, uso 
de artigos, preposições entre outros 
(BROCHADO, 2003).
Compreendendo processo de aquisição 
da escrita pelo surdo a partir das 
características descritas acima,cabe ao 
professor estimular o aluno, para que ele 
possa passar de um estágio ao outro, e 
assim ser capaz de utilizar a escrita formal 
do português.
Para isso, é importante o uso de recursos 
visuais e de recursos facilitadores do 
aprendizado. Precisamos entender que 
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
75/219
as pessoas surdas percebem o mundo 
de maneira diferente, utilizam-se da 
visão. Dessa experiência visual, surge sua 
forma diferente de ser, de se expressar, de 
conhecer o mundo, e que está relacionada 
à sua língua e sua cultura.
Enquanto os ouvintes pensam por palavras, 
os surdos pensam por imagens. E isso 
não quer dizer ter uma forma de pensar 
superior ou inferior, mas apenas uma forma 
diferente de penas.
Assim, a utilização de imagens (fotos, 
figuras) que representem o tema da 
aula facilita a compreensão do aluno. 
Resumo da temática na lousa e uso 
de computadores, vídeos, cartazes e 
toda forma visual de aprendizagem são 
facilitadores para o aluno surdo.
Trazer recursos visuais para a sala de 
aula provoca uma mudança na dimensão 
afetiva, social e cognitiva do aluno surdo, 
auxiliando na aquisição e desenvolvimento 
de conceitos, na ampliação do vocabulário. 
Os benefícios aparecem em um aluno 
que se torna mais independente e revela 
entusiasmo ao aprender.
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
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Glossário
Bilinguismo: filosofia que acredita que o surdo deve aprender primeiro a língua de sinais, para 
depois aprender o português escrito.
Interlíngua: estágio de aprendizagem da língua estrangeira, em que há uma mistura das duas 
línguas.
Interlocução: a escrita deve ser para a criança comunicação, e não apenas código.
Questão
reflexão
?
para
77/219
Tendo em mente o que foi estudado nesta aula, 
pense em uma atividade de escrita para realizar com 
uma criança surda em período de alfabetização, em 
que considere a escrita como prática discursiva e as 
especificidades do surdo.
78/219
Considerações Finais (1/2)
• O aluno surdo chega à escola com um grande desafio: aprender a escrever 
em uma língua que não conhece. Além disso, muitas vezes chega sem 
uma língua de base, não sabe Libras e não conhece o português oral. Para 
aprender a escrita, deve primeiro consolidar uma língua de base;
• A surdez na infância gera um atraso importante no desenvolvimento 
de linguagem da criança. Esse atraso levará a dificuldades no seu 
desenvolvimento social, emocional e escolar. Se for filha de pais surdos, 
seu desenvolvimento em Libras se equivalerá ao de uma criança ouvinte na 
fala;
• Precisamos entender que não é possível ensinar uma criança surda do 
mesmo jeito que ensinamos a ouvinte, nem comparar o desenvolvimento 
entre elas. A criança surda precisa aprender a escrita como segunda língua, 
como se fosse um estrangeiro em seu próprio país;
79/219
• O enfoque a ser dado na alfabetização da criança surda deve ser textual. 
Deve-se lembrar que a língua de sinais não tem sílabas e que comparar o 
som da letra com a palavra não faz sentido para o surdo. Há uma mudança 
no sistema de representação entre Libras e português. O professor 
terá de estabelecer entre a criança e a leitura e escrita uma relação de 
interlocução.
Considerações Finais (2/2)
Unidade 3 • Características da aprendizagem do surdo. Estratégias educacionais. Aprendizagem da língua portuguesa 
(escrita) como segunda língua. Formação de conceitos
80/219
Referências 
BROCHADO, S.M.D. A apropriação da escrita por crianças surdas usuárias da Língua 
Brasileira de Sinais. 2003. 431 f. Tese (Doutorado em Letras) – Programa de pós-graduação em 
Filologia e Linguística portuguesa. UNESP, Assis, 2004
GUERRA, G.R. Ensino do português como segunda língua para o aluno surdo. UNIARA, 2016. 
[TCC].
SANTANA, A.P. Surdez e Linguagem: aspectos e implicações neurolinguísticas. São Paulo: 
Plexus, 2007.
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Aula 3 - Tema: Características da aprendizagem 
do surdo. Estratégias educacionais. Aprendiza-
gem da língua portuguesa (escrita) como se-
gunda língua. Formação de conceitos. Bloco I
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Aula 3 - Tema: Características da aprendizagem 
do surdo. Estratégias educacionais. Aprendiza-
gem da língua portuguesa (escrita) como se-
gunda língua. Formação de conceitos. Bloco II
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1. Ao recebermos uma criança surda para alfabetização, que não conhece a 
Libras e não fala o português, qual deve ser o primeiro passo?
a) Ensinar a fala, pois sem ela não irá aprender a escrita.
b) Consolidar a Libras como sua primeira língua.
c) Ensinar as famílias silábicas, pois assim escreverá.
d) Encaminhá-la para escola especial para surdos.
e) Afastá-la da escola até que desenvolva uma língua.
Questão 1
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2. Apenas 10% das crianças surdas são filhas de pais surdos. Nesses casos, e 
em relação ao desenvolvimento da linguagem, podemos afirmar que:
a) Irão desenvolver a linguagem normalmente, em sinais.
b) Irão desenvolver a linguagem normalmente, oralmente.
c) Não terão desenvolvimento de linguagem adequado.
d) Terão atraso de linguagem, visto que só farão sinais.
e) Não podemos considerar a Libras como uma língua.
Questão 2
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3. A alfabetização da criança surda geralmente é um grande desafio para o 
professor, isso ocorre, pois:
a) Ela irá se desenvolver da mesma maneira que a criança ouvinte, no mesmo ritmo.
b) As metodologias utilizadas para o ouvinte podem ser utilizadas para o surdo.
c) O professor terá de utilizar métodos diferentes, que considerem a escrita como discurso.
d) O professor terá de utilizar métodos diferentes, que considerem a escrita como código.
e) A escrita será inacessível para o surdo, visto que ele não desenvolveu a oralidade.
Questão 3
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4. O surdo precisa de um ambiente bilíngue para se desenvolver, e, nesse 
ambiente, são imprescindíveis:
a) Surdos oralizados que sirvam de modelo de fala.
b) Professores ouvintes que não saibam Libras.
c) Professores sem nenhuma formação específica.
d) Surdos e professores ouvintes fluentes em sinais.
e) Apenas alunos surdos que saibam Libras.
Questão 4
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5. Para o bilinguismo, a melhor proposta para a educação do surdo é:
a) Aprender o português oral antes da escrita.
b) Aprender os sinais e o português oral.
c) Aprender a escrita a partir do português oral.
d) Aprender apenas o português oral.
e) Aprender sinais e depois a escrita.
Questão 5
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Gabarito
1. Resposta: B.
O professor deve auxiliar para que 
consolide a Libras como primeira língua.
2. Resposta: A. 
Irão desenvolver a linguagem 
normalmente, serão fluentes em Libras.
3. Resposta: C.
O professor deverá utilizar métodos 
diferentes, que considerem a escrita como 
prática discursiva.
4. Resposta: D.
Em um ambiente bilíngue, é imprescindível 
a presença de professores

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