Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo do livro “ O Capital 1” capítulo 11 e 12. CAP. 11 – COOPERAÇÃO “Como já vimos a produção capitalista só começa realmente quando um mesmo capital particular ocupa, de uma só vez, número considerável de trabalhadores, quando o processo de trabalho amplia sua escala e fornece produtos em maior quantidade” Assim, o emprego simultâneo de grande número de trabalhadores no mesmo local sob o comando de um mesmo capitalista é o ponto de início da produção capitalista.Marx demonstra como o dia coletivo de trabalho de grande número de trabalhadores simultaneamente empregados constitui uma jornada social media. “Suponhamos que o dia de cada uma seja de 12 horas. O dia de trabalho de 12 trabalhadores simultaneamente empregados constitui um dia de trabalho coletivo de 144 horas, e, embora o trabalho de cada um difira mais ou menos do trabalho social médio [...] possui o dia de trabalho individual, como 1/12 do dia de trabalho coletivo de 144 horas, a qualidade social media. [...] Se, todavia, os 12 trabalhadores foram divididos em 6 grupos de 2 e cada grupo for empregados por um pequeno patrão, será mera casualidade a produção do mesmo valor por cada um desses pequenos patrões, com a consequente realização da taxa geral da mais-valia.Ocorreriam diferenças individuais” . Estas diferenças ocorreriam mesmo pressupondo um mínimo de eficiência, que segundo Marx é medida pela produção capitalista. Deste modo, dos 6 pequenos patrões uns obteriam uma taxa de mais-valia superior à taxa geral da mais-valia, outros, inferior. “Para a sociedade, as diferenças se compensariam, mas não para cada um deles isoladamente. A lei da produção do valor só se realiza plenamente para o produtor individual quando produz como capitalista, empregando, ao mesmo tempo, muitos trabalhadores, pondo em movimento, desde o começo, trabalho social médio” Mesmo sem a alteração do método de trabalho, “o emprego simultâneo de grande número de trabalhadores opera uma revolução nas condições materiais do processo de trabalho” O valor dos meios de produção concentrados para o uso em comum e em larga escala não cresce na proporção em que aumenta seu tamanho e efeito útil . “Um local onde trabalham 20 tecelões com 20 tares deve ser bem maior do que o local ocupado por um tecelão independente com dois companheiros. Mas custa menos trabalho construir uma oficina para 20 pessoas do que 10 oficinas, cada uma com capacidade para duas pessoas [...] ” Os meios de produção usados em comum transferem menos valor ao produto gerado pois, produzem mais bens,repartindo seu valor por maior quantidade de produto, e por entrarem no processo de produção, com valor relativo menor. Por isso, diminui a porção do capital constante que se transfere a cada produto, e, na proporção dessa queda, cai o preço final da mercadoria. A economia dos meios de produção implica: 1. Barateamento das mercadorias, e, portanto, da força de trabalho; e 2. Altera a relação entre mais-valia e o capital total adiantado. “Chama-se cooperação a forma de trabalho em que muitos trabalham juntos, de acordo com um plano, no mesmo processo de produção ou em processos de produção diferentes mas conexos” . A cooperação cria uma força produtiva nova, a força coletiva. Esta é superior à soma das forças de trabalho individuais. A produção de 12 trabalhadores empregados simultaneamente durante jornada de 12 horas é superior à soma d a produção de cada um deles empregados individualmente , ou do que um empregado produziria em 12 dias.Para Marx o homem é um ser social. Sobre a força coletiva afirma: “O poder de ataque de um esquadrão de cavalaria ou o poder de resistência de um regimento de infantaria diferem essencialmente da soma das forças individuais de cada cavalariano ou de cada infante” “Para levantar uma tonelada, um homem não tem força suficiente, 10 homens precisam fazer força e 100 homens conseguem fazê-lo com um dedo apenas” , Os trabalhadores,individualmente, podem representar diferentes fases do processo de trabalho, que será executado mais rapidamente em razão da cooperação. Ou podem realizar a mesma tarefa sendo que cada um faz uma parte diferente do produto. Exemplos: Trabalhadores em uma fila para transportar tijolos. Pedreiros que executam o mesmo serviço em lados opostos de uma construção. A cooperação simples ocorre quando os trabalhadores se completam mutuamente, fazendo a mesma tarefa ou tarefas da mesma espécie. Existem alguns ramos de produção que, pela própria natureza do processo de trabalho, há um limite de tempo para que este seja executado. Neste caso, o único modo de se compensar a limitação do período de trabalho é pela elevação da quantidade de trabalho a ser empregado simultaneamente. A cooperação permite ampliar o espaço no qual se realiza o trabalho, bem como, em razão da sua escala, permite a ampliação da eficácia e a redução de custos. A jornada coletiva tem essa maior produtividade por: 1. Elevação da potência mecânica do tra balho – homens levantando uma tonelada, por exemplo; 2. Ampliação do espaço que se executa o trabalho – construção de estradas, por exemplo; 3. Reduzido o espaço em relação à escala de produção – uso de menos acres de terra com maior intensidade,por exemplo; 4. Por mobilizar muito trabalho no momento crítico – como no momento da colheita para não perder a produção; 5. Por despertar a competição entre os indivíduos e animá-los; 6. Por imprimir às tarefas semelhantes de muitos o cunho de continuidade e da multiformidade; 7. Por realizar diversas operações ao mesmo tempo; 8. Por poupar os meios de produção em virtude de seu uso em comum; 9. Por emprestar ao trabalho individual o caráter de trabalho social médio. A origem da maior produtividade está na própria cooperação. Esta desfaz os limites do trabalho individual e desenvolve a capacidade dos trabalhadores. Mas para existir cooperação, o mesmo capitalista precisa empregar simultaneamente os trabalhadores.“Por isso, o número de trabalhadores que cooperam ou a escala d e cooperação depende, de início, da magnitude do capital que cada capitalista pode comprar da força de trabalho, isto é, da proporção em que cada capitalista dispõe dos meios de subsistência de numerosos trabalhadores” Assim como o capital variável sobe com o emprego de muitos trabalhadores, o mesmo ocorre com o capital constante. As matéria-primas aumentam na mesma proporção, e o instrumental de trabalho utilizado em comum não aumenta na mesma proporção, mas eleva-se consideravelmente .“A concentração de grandes quantidades de meios de produção em mãos de cada capitalista é, portanto,condição material para a cooperação dos assalariados, e extensão da cooperação ou escala da produção dependem da amplitude dessa concentração. [...] Com a cooperação de muito s assalariados, o domínio do capital torna-se uma exigência para a execução do próprio processo de trabalho, uma condição necessária para a produção. O comando do capitalista no campo da produção torna-se então tão necessário quanto o comando de um general no campo de batalha” Quando o trabalho passa a ser cooperativo o capital assume a função de dirigir este trabalho com o objetivo de obter a maior mais-valia possível, e, portanto, a maior exploração possível da força de trabalho. “Com a quantidade dos trabalhadores simultaneamente empregados, cresce sua resistência, e com ela,necessariamente, a pressão do capital para dominar essa resistência. A direção exercida pelo capitalista [...] destina a explorar um processo de trabalho social, e, por isso, tem por condição o antagonismo inevitável entre o explorador e a matéria-prima da exploração” Ou seja, quanto mais trabalhadores explorados simultaneamente pelo capitalista, mas est es terão força de se rebelar quanto esta exploração. A cooperação imposta pelo capital, mostrou a estes trabalhadores o quão forte são unidos,e assim como se unem para executar tarefas, podem se unir contra o capitalista que os explora. Este antagonismo é criado pelo próprio sistema capitalista que busca através d a cooperação ampliar a mais-valia relativa.A direção capitalista é despótica (autoritária e tirânica), mas conforme desenvolve-se o capitalismo essa direção assume formas peculiares.No início do capitalismo o capitalista é liberado do trabalho manual quando se atinge um volume mínimo de produção que inicia a produção capitalista propriamente dita . Com o desenvolvimento do capitalismo o capitalista liberta-se da função de supervisão direta e contínua dos trabalhadores empregado um assalariado para exercer tal função. O trabalho de supervisão é convertido em função específica necessária ao comando do trabalho coletivo empregado na produção capitalista.O trabalhador é proprietário de sua força individual de trabalho, e só pode vender o que possui, essa força individual de trabalho. O capitalista que contratar 100 trabalhadores, pagam a cada um destes sua força individual de trabalho, mas não paga a força combinada dos 100.A cooperação dos trabalhadores só começa depois de entrarem no processo de trabalho,mas neste momento deixam de pertencer a si mesmo, passando a pertencer ao comprador de sua força de trabalho. “Quando cooperam, ao serem membros de um organismo que trabalha, representam apenas uma forma especial de existência do capital. [...] A força produtiva do trabalho coletivo desenvolve-se gratuitamente quando os trabalhadores são colocados em determinadas condições, e o capital coloca-os nessas condições.Nada custando ao capital a força produtiva do trabalho coletivo, não sendo ela, por outro lado, desenvolvida pelo trabalhador antes de seu trabalho pertencer ao capital,fica parecendo que ela é força produtiva natural e imanente do capital” . Antes do sistema capitalista existia cooperação 1 no processo de trabalho, contudo esta fundamentava-se na propriedade comum dos meios de produção ou a ligação desse indivíduo à sua tribo ou à sua comunidade. O emprego em larga escala da cooperação n a Idade mé dia e nas colônias modernas, para Marx, baseia-se em uma relação de servidão ou escravidão. A cooperação capitalista , baseia-se no trabalho assalariado livre. A cooperação constitui “forma histórica peculiar do processo d e produção capitalista, como forma histórica que o distingue especificamente. [...] Se a força produtiva social desenvolvida pela cooperação aparece como força produtiva do capital, a cooperação aparece como forma específica do processo de produção capitalista” A primeira transformação resultante do processo de produção capitalista foi a do trabalho individual em cooperativo. “A transformação que torna cooperativo o processo de trabalho é a primeira que esse processo experimenta realmente ao subordinar- se ao capital. Essa transformação se opera naturalmente. Seu pressuposto, o emprego simultâneo de numerosos assalariados no mesmo processo de trabalho, constitui o ponto de partida da produção capitalista. Esse ponto de partida marca a existência do próprio capital” Para Marx, a cooperação simples é mais importante em alguns processos de produção em grande escala do que a divisão do trabalho e do que a maquinaria. Como na agricultura. “Na sua feição simples, constitui o germe de espécies mais desenvolvidas de cooperação, e continua a existir ao lado delas” CAP.12: DIVISÃO DO TRABALHO E MANUFATURA; A MAQUINARIA E A INDÚSTRIA MODERNA. 1. Dupla origem da manufatura A divisão do trabalho é originada na manufatura, de forma artesanal, predominando como forma característica do processo de produção capitalista durante os séculos XVI ao XVIII. A manufatura nasce de dois modos: quando são concentradas numa oficina sob o comando do mesmo capitalista, diversos trabalhadores de especializações diferentes onde um produto para ser fabricado deve passar nas mãos destes até ser finalizado, ou a manufatura pode ter origem oposta, o mesmo capital reúne diversos trabalhadores que fazem a mesma espécie de trabalho, e posteriormente, de forma acidental, acabam por dividir o trabalho, devido à circunstâncias externas. Portanto, a manufatura ora introduz a divisão do trabalho num processo de produção ou a aperfeiçoa, ora combina ofícios anteriormente distintos. Indiferente do seu ponto de partida, seu resultado final é um mecanismo de produção cujos órgãos são seres humanos. 2. O trabalhador parcial e sua ferramenta O trabalhador parcial e sua ferramenta constituem os elementos simples da manufatura. O trabalhador coletivo que constitui o mecanismo vivo das manufaturas consiste de trabalhadores parciais que durante a vida inteira, executa uma única operação de forma limitada, fazendo com que a manufatura produza em menos tempo ou eleve a força produtiva do trabalho. A manufatura se caracteriza pela diferenciação das ferramentas, imprimindo aos instrumentos formas diferenciadas para cada emprego ou trabalhador específico. Isso faz com que as ferramentas se tornem simples e aperfeiçoadas, adaptando-se as funções exclusivas de cada trabalhador, criando assim, uma condição para o surgimento da maquinaria que consiste numa combinação de instrumentos simples. 3. As duas formas fundamentais da manufatura: heterogênea e orgânica A manufatura heterogênea é o processo de produção faz com que juntem numa mesma oficina diversos trabalhadores com trabalhos diferentes e específicos independentes entre si. No entanto, alguns processos nem sempre são feitos na própria manufatura. O fracionamento da produção em processos heterogêneos pouco permite o emprego do instrumental evitando assim as despesas para o capitalista. A fase da manufatura orgânica produz artigos que percorrem fases de produção associadas, com processos gradativos, em que cada trabalhador realiza uma tarefa específica, reduzindo assim, o tempo gasto ao passar de um estágio para outro, em que a matéria-prima se encontra ao mesmo tempo em todas as fases de produção, a organização deixa o trabalhador aprisionado a uma única fração de ofício. 4. Divisão do trabalho na manufatura e divisão do trabalho na sociedade A divisão do trabalho é a diferenciação dos grandes ramos (indústrias, comércios) em espécies e variedades de divisão do trabalho em particular (sexo, idade). A divisão do trabalho social surge através da troca entre ramos de produção que são originalmente diversos e independentes entre si. Mas quando a divisão do trabalho constitui o ponto de partida, os órgãos particulares se desprendem sob a influência das trocas de mercadorias, tendo como fundamento a separação entre a cidade e o campo. A divisão do trabalho na sociedade se processa através da compra e venda dos produtos dos diferentes ramos de trabalho, a conexão, dentro da manufatura, dos trabalhos parciais se realiza através da venda de diferentes forças de trabalho coletiva. 5. Caráter capitalista da manufatura A manufatura se submete à disciplina do capital, criando uma hierarquia também entre os trabalhadores. Na manufatura, o enriquecimento do trabalhador coletivo e do capital, em forças produtivas sociais, realiza-se à custa do empobrecimento do trabalhador em forças produtivas individuais. A cooperação baseada na divisão do trabalho, é uma criação natural, espontânea, tornando-se uma forma consciente, metódica e sistemática do modo de produção capitalista. A economia políticaobserva a divisão social do trabalho em geral do ponto de vista exclusivo da divisão manufatureira do trabalho e vê nela apenas o meio de produzir com a mesma quantidade de trabalho mais mercadorias, barateando-as e apresentando assim a acumulação do capital. Com a divisão do trabalho melhoram, portanto, o produto e o produtor. Como obra de arte econômica atingiu seu apogeu apoiada na extensa base constituída pelos ofícios das cidades e pela indústria domestica rural. Mas, seu estreito fundamento técnico ao atingir ela certo estagia de desenvolvimento, entrou em conflito com as necessidades de produção que ela mesma criou. A divisão manufatureira do trabalho produziu as máquinas, eliminando o oficio manual como principio regulador da produção social. Assim, não há mais necessidade técnica de fixar o trabalhador a uma operação parcial, caindo às barreiras ao domínio do capital. Desenvolvimento da maquinaria O capital quando emprega maquinaria tem por fim baratear as mercadorias, encurtar a parte do dia de trabalho pela qual preciso o trabalhador para si mesmo, para ampliar a outra parte que ele dá gratuitamente ao capitalista. A maquinaria é o meio de produzir mais valia. Toda maquinaria desenvolvida consiste em três partes: o motor, a transmissão e a máquina-ferramenta ou máquina de trabalho. O motor e a transmissão existem apenas para transmitir movimento à máquina-ferramenta que se apodera do objeto de trabalho e o transforma de acordo com o fim desejado. A revolução industrial apodera-se das mãos humanas e deixam-o no começo, a função de força motriz e ao mesmo tempo, a função de vigiar a máquina e corrigir a mão seus erros. No entanto, mais tarde, a forca motriz é aplicada com animais, vento e água. A máquina a vapor inventada no fim do século XVII não provocou nenhuma revolução industrial, ao contrário, a criação da máquina-ferramenta que tornou necessária uma revolução na máquina a vapor. A máquina da qual parte a revolução industrial substitui o trabalhador que maneja uma única ferramenta por um mecanismo que ao mesmo tempo opera com certo número de ferramentas idênticas, acionado por uma única força motriz. Temos então que distinguir a cooperação de muitas máquinas da mesma espécie, do sistema de máquinas. No primeiro caso, o produto é feito por uma máquina que executa diversas operações que eram realizadas por um artesão com sua ferramenta. No segundo caso, um verdadeiro sistema de máquinas só toma lugar das máquinas independentes quando o objeto de trabalho percorre diversos processos parciais conexos levados a cabo por um conjunto de máquina-ferramenta de diferentes espécies, mas que se completam reciprocamente. A divisão do trabalho agora consiste de combinação de máquina-ferramenta parcial complementares. Cada máquina parcial fornece matéria-prima à máquina seguinte, funcionando todas ao mesmo tempo. A maquinaria só funciona por meio de trabalho diretamente coletivizado ou comum. O caráter cooperativo do processo de trabalho torna-se uma necessidade técnica imposta pela natureza do próprio instrumental de trabalho.
Compartilhar